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Conteúdo

1 Equações de Maxwell 3
1.1 Equações de Maxwell-forma diferencial e integral . . . . 3
1.2 Unificação do electromagnetismo . . . . . . . . . . . . . 4
1.3 Campos Induzidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.4 Corrente de deslocamento . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

2 Ondas Eletromagnêticas 7
2.1 Geração de uma Onda Eletromagnêtica . . . . . . . . . . 7
2.2 Onda Eletromagnética Progressiva . . . . . . . . . . . . . 8
2.3 Transporte de Energia e o Vetor de Poynting . . . . . . . 11
2.4 Pressão de Radiação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.5 Polarização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.6 Exercicios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

3 Ótica Fı́sica 19
3.1 Interferência e a Experiência de Young . . . . . . . . . . 19
3.2 Coerência e Interferência em Pelı́culas Finas . . . . . . . 26
3.3 Difração em Fenda Única, Orifı́cio Circular . . . . . . . . 28
3.4 Difração em Fenda Dupla . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.5 Difração em Fendas Múltiplas . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.6 Redes de Difração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.7 Dispersão e Poder de Resolução . . . . . . . . . . . . . . 38
3.8 A Experiência de Young . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.9 Coerência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.10 Interferência em Fenda Dupla . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.11 Intensidade de Interferência em Fenda Dupla . . . . . . . 44

1
2 CONTEÚDO

4 Teoria da Relatividade 45
4.1 Os Postulados da relatividade . . . . . . . . . . . . . . . 45
4.2 Medida de um evento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4.3 Relatividade da simultaneidade . . . . . . . . . . . . . . 47
4.4 A relatividade do tempo e do comprimento . . . . . . . . 48
4.5 Consequências das Transformações de Lorentz . . . . . . 51
4.5.1 O Limite de Pequenas Velocidades . . . . . . . . 51
4.5.2 O Limite v > c . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
4.5.3 A Limitação da Velocidade de Propagação do Sinal 52
4.6 Transformação das Velocidades . . . . . . . . . . . . . . 53
4.7 Efeito Doppler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
4.8 Invariantes Relativı́sticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.9 Dinâmica Relativı́stica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.10 Exercicios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

5 Fı́sica Quântica 63
5.1 O Efeito Fotoelétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
5.2 O Efeito Compton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
5.3 Modelo Atômico de Bohr . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
5.4 Postulado de De Broglie . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
5.5 Função de Onda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
5.6 Dualidade Onda-Partı́cula . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
5.7 Princı́pio de Incerteza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

6 Equação de Schrödinger para o Átomo de Hidrogênio 81


6.1 Equação de Schrödinger em Três Dimensões . . . . . . . 81
6.1.1 Solução da Equação de Schrödinger para o Es-
tado s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
6.2 Momento Magnêtico Orbital . . . . . . . . . . . . . . . . 88
6.3 A Experiência de Stern-Gerlach e o Spin do Elétron . . . 90
6.4 Teoria da Tabela Periódica . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
Capı́tulo 1

Equações de Maxwell

1.1 Equações de Maxwell-forma diferen-


cial e integral
Z
~ ~ ρ ~ 1 Z
1) ∇.E = −→ E.~n da = ρ dV
²0 S ²0 V

~ I Z ~
~ ~ ∂B ~ ∂B
2) ∇X E = − −→ E.d~s = − .~nda
∂t Γ S ∂t

Z
3) ~ B
∇. ~ = 0 −→ ~ n da = 0
B.~
S

~ ~ I Z Z ~
4) ~ B
c2 ∇X ~ = J + ∂ E −→ c2 ~ s= 1
B.d~ ~ nda + ∂ E .~nda
J.~
²0 ∂t Γ ²0 S S ∂t

onde c2 = 1/²0 µ0 .
A primeira equação, ou seja a lei de Gauss estabelece que o fluxo
do E~ através de qualquer superfı́cie fechada é proporcional a carga que
fica dentro da superfı́cie. A segunda que é a equação de Faraday que
estabelece a lei geral para um campo elétrico associado com um campo
magnético variável, isto é a fem em um circuito é igual a derivada
respeito ao tempo do fluxo magnético através do circuito.

3
4 CAPÍTULO 1. EQUAÇÕES DE MAXWELL

A terceira equação é a que corresponde a lei geral para campos


magnéticos, visto que não existem cargas magnéticas então o fluxo de B~
através de qualquer superfı́cie fechada é sempre zero. A última equação
estabelece que um campo magnético tanto pode ser produzido por uma
corrente estacionária quanto por uma corrente de deslocamento J~d .

1.2 Unificação do electromagnetismo


Vamos falar sobre história da fı́sica mas especificamente sobre o desen-
volvimento da fı́sica durante o século XIX (1860) quando J.C Maxwell
combinó as leis da eletricidade e as do magnetismo com as leis do com-
portamento da luz, como resultado as propriedades da luz foram de-
senredadas. Maxwell ao finalizar sua descoberta expresou-se “onde tem
eletricidade e magnetismo ai tem luz”.
As forzas elétrica e magnéticas diminuiam com com o quadrado
da distância. Maxwell ao tentar juntar as equações então conhecidas
descobrio que eram incompatı́beis, então teve que agregar outro término
as equações conhecidas, ao realizar isto ele descobrio que uma parte dos
campos elétrico e magnético diminuia mais lentamente com a distância
que o inverso do quadrado, isto é inversamente com a primeira poténcia
da distância. E de esta maneira pode-se predizer os efeitos básicos da
transmissão de rádio, radar e etc. Os campos elétricos e magnéticos
podem manter-se devido aos efeitos combinados da lei de Faraday

~
∂B
~ =−
∇X E ,
∂t
e ao termo de Maxwell
~
∂E
~ =
c2 ∇X B .
∂t
Suponha que o campo magnético desaparecera, então existiria um
campo magnético variável que producirı́a um campo elétrico e se o
campo elétrico desaparecer então o campo elétrico variável criaria no-
vamente um campo magnt́ico. Até os trabalhos de Maxwell as leis
conhecidas para o campo magnético de correntes estacionárias era
1.2. UNIFICAÇÃO DO ELECTROMAGNETISMO 5

~ B~ = J~
∇X ,
²0 c2

Maxwell observó que calculando a divergência da equação acima, o


primeiro termo é zero, visto que a divergência de um rotor é sempre
zero, pelo tanto esta equação requer que a divergência de J~ também
seja zero, embora o fluxo de corrente de uma superfı́cie fechada é a
diminuição de carga que tem dentro da superfı́cie e certamente não
pode ser zero.
A equação

~ J~ = − ∂ρ ,

∂t

expressa a lei da conservação da carga (qualquer fluxo de carga deve


vir de alguma fonte). Maxwell sanou esta dificulatade ao adicionar o
~
termo ∂ E/∂t, então a equação fica

~ ~
~ B
c2 ∇X ~ = J + ∂E .
²0 ∂t

Demonstremos que ∂ E/∂t~ é precisamente o termo que se necessita


para resolver este problema, então tomando a divergência de esta última
equação, obtemos

~ ~
~ J +∇
∇ ~ ∂E = 0 ,
²0 ∂t

invertamos a ordem das derivadas no segundo termo, então

~ J~ + ²0 ∂ ∇
∇ ~E ~ J~ + ∂ ρ = 0 −→ ∇
~ = 0 −→ ∇ ~ J~ = − ∂ ρ
∂t ∂t ∂t

e obtemos a lei da conservação da carga.


6 CAPÍTULO 1. EQUAÇÕES DE MAXWELL

1.3 Campos Induzidos


Se o fluxo magnético ΦB através de uma àrea limitada varia com o
tempo, uma corrente e uma força eletromotriz são produzidas na espira
~ I
~ ~ ∂B ~ s = − ∂ΦB
∇X E = − −→ E.d~
∂t Γ ∂t
onde E é o campo elétrico induzido em uma curva fechada pela variação
do fluxo magnético ΦB envolvido pela curva, o oposto também é válido
ou seja um fluxo elétrico variável pode induzir um campo magnético
I
~ s = µ0 ²0 ∂ΦE
B.d~
Γ ∂t
Como exemplo deste tipo de indução consideremos o carregamento
de um capacitor de placas paralelas com placas circulares através de
uma corrente constante i. O campo magnético B ~ é induzido ao longo
da curva, este campo magnético tem o mesmo módulo em todos os
pontos da circunferência.

1.4 Corrente de deslocamento


Vejamos a seguinte equação
I
~ s = µ0 ²0 ∂ΦE + µ0 ienv
B.d~
Γ ∂t
onde ienv é a corrente envolvida pela curva. Comparando os dois ter-
mos da seguinte equação vemos que o produto ²0 ∂ΦE /∂t tem dimensões
de corrente elétrica. Esta corrente é denominada corrente de desloca-
mento, então

∂ΦE ∂(EA) ∂E
i d = ²0 = ²0 = ²0 A ,
∂t ∂t ∂t
então a corrente de deslocamento para o caso de um capacitor que esta
sendo carregado, está associada a variação do campo E ~ e a corrente
real i de carregamento do capacitor é igual a corrente de deslocamento.
Capı́tulo 2

Ondas Eletromagnêticas

2.1 Geração de uma Onda Eletromagnêtica


Uma onda de luz tem três caracterı́sticas:
• A frequência que é o número de vibrações por segundo.
• A velocidade c.
• A direção de propagação.
Um feixe de luz é uma configuração de campos elétricos e magnéticos
que se propagam. A seguinte figura mostra o espectro completo das
ondas eletromagnéticas

Vamos ver agora como se gera uma onda eletromagnética, para esto
vamos nos restringir à região do espectro λ = 1 m (ondas de radio). A
seguinte figura mostra o esboço de um gerador de tais ondas. No seu
interior se têm um oscilador LC que estabelece uma frequência angular

7
8 CAPÍTULO 2. ONDAS ELETROMAGNÊTICAS

1
ω = √LC .
As cargas e correntes neste circuito variam senoidalmente com esta
frequência. Uma fonte de energia fornece a energia necessária para
compensar não só as perdas térmicas, mas também a energia que escapa
para o exterior transportada pela onda eletromagnêtica irradiada.
O oscilador LC está acoplado por meio de um transformador e de
uma linha de transmisão a uma antena, que consiste em dois condutores
retilı́neos dispostos como se vê na figura. Através desse acoplamento, a
corrente, que varia senoidalmente no oscilador, provoca uma oscilação
senoidal das cargas com a frequência angular ω do oscilador LC, ao
longo desses condutores. A antena equivale a um dipolo elétrico cuyo
momento de dipolo elétrico varia senoidalmente em módulo e sentido
ao longo do eixo da antena.

Uma vez que o momento de dipolo varia, o campo elétrico criado


por ele varia em módulo, direção e sentido. E uma vez que as correntes
variam, o campo magnético criado por elas varia em módulo, direção
e sentido. Entretanto, as variações dos campos elétrico e magnético
não aparecem instantaneamente em toda parte; mais exatamente, as
variações se propagam para fora da antena com a velocidade escalar da
luz c. A composição dos campos variantes forma uma onda eletro-
magnética que se afasta da antena com a velocidade escalar c. A
frequência angular dessa onda é ω, estabelecida pelo oscilador LC que
originou toda esta cadeia de eventos.

2.2 Onda Eletromagnética Progressiva


Consideremos agora um observador parado num determinado ponto P,
bastante distante da antena, de modo que as frentes de onda passando
2.2. ONDA ELETROMAGNÉTICA PROGRESSIVA 9

por ele sejam essencialmente planas, ver figura seguinte.


Observamos da figura que E ~ eB~ são perpendiculares à direção de
propagação da onda, isto significa que a onda eletromagnética é uma
onda transversal, notamos também que E ~ eB
~ são perpendiculares entre
si e que estão em fase, isto é, as dois componentes da onda alcançam
seus valores máximos e mı́nimos ao mesmo tempo. Então o observador
poderia quantificar o campo elétrico e magnético na forma

E = Em sen(kx − ωt)

B = Bm sen(kx − ωt),
onde x é a distância (medida a partir de qualquer origem conveniente)
ao longo da direção de propagação da onda, a velocidade escalar da
onda é c que é igual à c = ω/k e Em , Bm são as amplitudes (valores
máximos) dos campos elétrico e magnético.
As duas componentes de onda o elétrico e o magnético alimentan-
se mutuamente, a variação espacial de uma esta associada a variação
temporal da outra. Vamos escrever essas equações para uma onda
eletromagnética propagando-se no vacuo ou seja quando (q = 0, e i =
0), então
I
~ s = − ∂ΦB
E.d~
∂t
e
I
~ s = µ0 ²0 ∂ΦE .
B.d~
Γ ∂t
Em
Dá para mostrar que a equação B m
= c onde c = √µ10 ²0 é a ve-
locidade da luz, resultam das equações de Maxwell. Dividamos nossa
10 CAPÍTULO 2. ONDAS ELETROMAGNÊTICAS

prova em duas partes lidando tanto com o campo elétrico induzido


como com o campo magnético induzido. Vejamos primeiro o campo
elétrico induzido, para esto olhemos o retângulo por onde a onda passa
e apliquemos a lei de indução de Faraday
I
~ s = − ∂ΦB ,
E.d~
∂t

onde percorrendo o perı́metro do retângulo no sentido anti-horário


vemos que não há contribuição ao valor da integral, nos lados superior
e inferior do retângulo, devido a que E~ e d~s são perpendiculares entre
si, ainda mais temos
I
~ s = (E + dE)h − Eh = hdE
E.d~

.
O fluxo ΦB através do retângulo é igual a

ΦB = (B)(hdx),

~ dentro do retângulo e hdx é a área do retângulo.


onde B é o módulo de B
Derivando esta última equação em relação a t temos
dΦB dB
= hdx .
dt dt
Agora aplicando a lei de Faraday, obtemos
dB
hdE = −hdx
dt
ou
2.3. TRANSPORTE DE ENERGIA E O VETOR DE POYNTING11

dE dB
=−
dx dt
Mas as derivadas são parciais devido ao fato que tanto E quanto B
são funções de duas variáveis x e t, então
∂E ∂B
=− .
∂x ∂t
O sinal menos nesta equação é apropiado e necessário porque no
retângulo, embora E cresça com x, B diminui com t
∂E
= −kEm cos(kx − ωt)
∂x
e
∂B
= −ωBm cos(kx − ωt).
∂t
Então a equação (1) se reduz a

kEm cos(kx − ωt) = ωBm cos(kx − ωt)

Nós sabemos que ω/k = c, então


Em
=c
Bm
Exercicio Mostre a última equação para o caso do campo magnético
induzido.

2.3 Transporte de Energia e o Vetor de


Poynting
A taxa de energia transportada por unidade de tempo é descrita por um
~ chamado de vetor de Poynting em homenagem a J. H. Poynting
vetor S
~ é definido pela relação
(1852 − 1914), o vetor S

~ = 1 EX
S ~ B
~ .
µ0
12 CAPÍTULO 2. ONDAS ELETROMAGNÊTICAS

wats
A unidade no SI é metro 2 ~
2 (w/m ). A direção e o sentido de S em

qualquer ponto coincidem com a direção e o sentido do transporte de


energia naquele ponto.
Devido ao fato de E ~ e B ~ serem perpendiculares entre si na onda
eletromagnética progressiva, o módulo de EX ~ B ~ vale EB, portanto, o
módulo de S ~ é
1
S = EB
µ0
onde S, E e B são valores instantáneos. E e B são tão estreitamente
ligados que basta escolher um deles. Escolhemos E, porque a grande
maioria dos detectores de ondas eletromagnéticas são mais sensı́veis ao
componente elétrico que ao componente magnético da onda.
A relação Em /Bm = c é valida também para os valores instantáneos,
esto é
Em E
= =c
Bm B
então teremos para S = cµ10 E 2 que é o vetor de Poynting para o caso
especial da onda eletromagnética plana. Na prática o que nos interesa
é a intensidade (fluxo de energia) I da onda plana que é o valor médio
de S, ou seja
1 2 1 2
I=S= E = E sen2 (kx − wt) .
cµ0 cµ0 m

√ O valor médio do quadrado da função seno é 1/2, alem disso, Em =


2Erms onde Erms é o valor eficaz ou médio quadrático do campo
elétrico, então I fica
1 2
I=S= E .
cµ0 rms

2.4 Pressão de Radiação


Vamos agora mostrar que uma onda eletromagnética é portadora de
momento. Calcularemos o momento e a energia absorvidos da onda
por uma partı́cula carregada livre.
~
Póde-se ver da figura seguinte que a partı́cula sofre uma força q E
na direção y e é então acelerada pelo campo elétrico. Em qualquer
2.4. PRESSÃO DE RADIAÇÃO 13

instante t, a velocidade na direção y é vy = at = qE


m
t, num instante
qE
depois a carga adquiriu vy = at1 = m t1 , a energia adquirida pela carga
até o instante t1 é

1 1 q 2 E 2 t21
K = mvy2 = .
2 2 m

Quando a carga estiver em movimento na direção y, sobre ela atua


~ que é positiva na direção x (a direção da
uma força magnética q~v X B
propagação da onda). A força magnética em qualquer instante t é

q 2 EB
Fx = qvy B = t,
m
o impulso desta força é igual ao momento transferido pela onda para a
partı́cula
Z t1 Z t1 2
q EB 1 q 2 EB 2
px = Fx dt = tdt = t,
0 0 m 2 m 1
se fizermos B = E/c, a expressão fica
à !
1 1 q2E 2 2
px = t .
c 2 m 1

Então vemos que o momento adquirido pela carga na direção da


onda é igual à 1/c vezes a energia transportada pela onda

K
p=
c
Uma vez que a intensidade da onda é a energia por unidade de
tempo e por unidade de área, segue que a intensidade dividida por c é
14 CAPÍTULO 2. ONDAS ELETROMAGNÊTICAS

o momento transportado pela onda por unidade de tempo e por unidade


de área.
O momento trasportado por unidade de tempo corresponde a uma
força, e a força por unidade de área é a pressão de radiação Pr
I
Pr =
c
Podemos relacionar a pressão de radiação ao campo eleétrico ou
magnético, mediante
2
I Em Erms Brms
Pr = = 2
=
c 2µ0 c µ0 c

2.5 Polarização
Quando a gente fala sobre as ondas do som nós sempre temos em mente
as ondas longitudinais. isto é quando as partı́ıculas individuias do ar
moven-se para frente e para trás na direção da propagação da onda.
Agora quando tratamos de ondas tranversais, tais como as ondas numa
superı́cie de água, ondas da luz, neste caso a partı́cula vibra em ângulo
reto a direção de progação da onda.
O comportamento da onda aqui envolvida é a polarização. Este
comportamento não pode ser explicado pela teoria corpuscular, pois
se fosse uma partı́cula ela entraria ou seria refletida da superfı́cie da
placa de vidro. A onda eletromagnética transversal da figura seguinte é
plano polarizada na direção y, o que significa que as vibrações do vetor
campo elétrico são paralelas a essa direção em todos os pontos ao longo
da onda.

Focalizaremos nossa atenção sobre o campo elétrico, ao qual a maio-


ria dos detectores de radiação eletromagnética são sensı́veis. Nas fontes
2.5. POLARIZAÇÃO 15

comuns de luz tais como o sol ou uma lámpada fluorescente, os radi-


adores elementares que são os átomos constituentes da fonte, atuam
independentemente uns dos outros. Por causa disso a luz emitida con-
siste em muitas ondas independentes cuyos planos de vibração se acham
orientados, aleatoriamente, em torno da direção de propagação, como
a siguente figura mostra

tal luz é dita não polarizada. Podemos transformar luz original-


mente não polarizada em luz polarizada, fazendo-a passar por uma
placa polarizadora (polaroide), como mostra a figura anterior. No plano
da placa existe uma diereção de polarização indicada pelas linhas par-
alelas. A placa funciona de um modo muito simples.

Os componentes dos vetores elétricos paralelos à direção de polar-


ização (da placa), são transmitidos pela placa polarizadora. Os com-
ponentes perpendiculares à direção de polarização são absorvidos pela
placa, além disso, a intensidade da luz diminue ou seja a intensidade
transmitida é metade da intensidade original.

Na figura seguinte o polarizador está no plano da página e a direção


de propagação aponta para dentro da página. A seta E~ mostra o plano
de vibração de uma onda, escolhida ao acaso, movendo-se na direção
da placa, este vetor pode ser descomposto em dois componentes, Ez =
Esenθ e Ey = Ecosθ, somente Ey será transmitido, Ez será absorvido
pela placa.
16 CAPÍTULO 2. ONDAS ELETROMAGNÊTICAS

Lembrando que a intensidade de uma onda eletromagnética é pro-


porcional ao quadrado da amplitude, então teremos

I = Im cos2 θ

onde Im é o valor máximo da intensidade transmitida e isto acontece


quando θ = 0.

2.6 Exercicios
• 1) Um observador está a 1, 8 m de uma fonte luminosa puntiforme
cuya potência P é de 250 W. Calcule os valores eficazes (ou valores
médios quadráticos) dos campos elétrico e magnético na posição do
observador. Suponha que a fonte irradie uniformemente em todas as
direções.

A taxa na qual a energia da fonte é transportada através da unidade


de área a uma distância r da fonte é P/4πr2 , onde 4πr2 é a área de
uma esfera de raio r cujo centro é a fonte , mas essa taxa também é a
intensidade.
s
P 1 2 P cµ0
I= = E → Erms =
4πr2 cµ0 rms 4πr2

v
u
u (250W )(3.108 m/s)(4π.10−7 H/m)
t = 48V /m − − − (volt/metro)
2
(4π)(1, 8m)

o valor eficaz médio do campo magnético é

Erms 48V /m
Brms = = = 1, 6.10−7 T − − − (tesla)
c 3.108 m/s

Observe que Erms (= 48V /m), é apreciável em comparação com os


valores comuns de laboratório, enquanto que Brms = (1, 6.10−3 ) Gauss
é muito pequeno. Isso ayuda a explicar porque a maioria dos instrumen-
tos usados para deteção e medida de ondas eletromagnéticas respondem
2.6. EXERCICIOS 17

ao componente elétrico da onda. Contudo é um erro dizer que o compo-


nente elétrico de uma onda é mais forte que o componente magnético.
Não se pode comparar grandezas que são medidas em unidades difer-
entes.
• 2) Uma lámpada de 100 W emite ondas eletromagnéticas esféricas
uniformemente distribuidas em todas as direções. Achar a intensidade,
a pressão de radiação e os campos elétrico e magnético a uma distância
de 3 m da lámpada, admitindo que a radiação eletromagnética seja
portadora de 50 W de potência

A energia se distribue uniformemente sobre a área 4πr2 , achando a


intensidade temos
50W
I= = 0, 44W/m2
(4π)(3m)2

A pressão de radiação é igual à intensidade dividida pela velocidade


da luz
I 0, 44W/m2
Pr = = 8
= 1, 47.10−9 P a − − − (pascal)
c 3.10 m/s

Esta é uma pressão muito pequena comparada com a pressão at-


mosférica de 105 Pa

O valor máximo do campo magnético é

Bm2 q
Pr = → Bm = (2µ0 Pr ) = (2)(4π.10−7 )(1, 47.10−9 ) = 6, 08.10−8 T
2µ0

O valor máximo do campo elétrico então é

Em = cBm = (3.108 m/s)(6, 08.10−8 T ) = 18, 2V /m

• 3) O vetor campo elétrico de uma onda eletromagnética é dado


~
por E(x, t) = E0 sen(kx − wt)~j + E0 cos(kx − wt)~k, ache:
a) o campo magnético correspondente
~ B
b) calcule EX ~ e E.
~ B~
18 CAPÍTULO 2. ONDAS ELETROMAGNÊTICAS

• 4) Um astronauta está no espaço a 20 m da nave espacial que a


transporta, conduzindo um gerador de raio laser de 100 kW. A massa
do astronauta incluindo a roupa espacial e o gerador de laser é 95 kg.
Quanto tempo levará ao astronauta para chegar a nave espacial, se
apontar o gerador de laser na direção oposta á da nave e disparar o
raio?
• 5) A intensidade da radiação solar que atinge a atmosfera superior
da terra é de 1, 4kW/m2 . a) Supondo que a terra se comporte como
um disco chato perpendicular aos raios solares e que toda a energia
incidente seja absorvida, calcule a força sobre a Terra devida à pressão
de radiação.
b) Compare essa força com a força devida à atração gravitacional
do sol.
• 6) Uma rede de difração tem 105 ranhuras uniformemente espaçadas
ao longo de uma extensão L = 30 mm. A rede é iluminada sobre in-
cidência normal por luz de comprimento de onda 500 nm e 675 nm.
Sobre que ângulos ocorrem os máximos de segunda ordem desses com-
primentos de onda.
• 7) Duas placas polarizadoras têm suas direções de polarização par-
alelas de modo que a intensidade Im da luz transmitida é um máximo.
Em que ángulo se deve girar uma das placas a fim de que a intensidade
se reduza a metade?

Fazendo-se
Im Im 1
I= , temosque = Im cos2 θ → cos2 θ =
2 2 2

1 1
cosθ = √ → θ = cos−1 (± √ ) = ±450 e135
2 2
Capı́tulo 3

Ótica Fı́sica

3.1 Interferência e a Experiência de Young


Uma das grandes realizações de Newton (1670) em óptica foi a res-
olução da luz branca em suas cores por meio de um prisma, e a análise
do espectro levaram à convição da natureza corposcular da luz. O
renascimento da teoria ondulatória da luz é devido a Thomas Young
(1860) quem apresentou o princı́pio de interferência para explicar as
franjas de cores que Newton e outros tinham observado em camadas
finas de substâncias transparentes. A natureza das ondas são o resul-
tado de partı́culas individuais que executam oscilações periódicas sobre
as suas posições de equilibrio. O tempo que uma partı́cula requer para
fazer uma vibração para frente e para trás cháma-se perı́odo (T ) e o
número de vibrações por segundo chama-se frequência (ν). Agora a
distância de uma crista da onda para a próxima é chamada compri-
mento de onda e designada por λ e k como sendo o número de onda e
sendo igual à k = 2π λ
.
Para obter a interferência nós devemos preparar um raio de luz
por meios artificiais, pela refração ou reflexão em dois raios e depois
fazer com que eles cheguem juntos. Assim temos que nos pontos ande
as cristas e depressões de ambas se encontrem a elevação e depressão
é duas vezes maior, mas nos pontos onde a crista e a depressão se
encontrem elas se cancelarão, ver figura seguinte.
A luz visı́vel fica numa estreita região do espectro da luz, de 4.10−5

19
20 CAPÍTULO 3. ÓTICA FÍSICA

cm (violeta) até 8.10−5 cm (vermelho). Isto significa que a frequência


do violeta é
c 3.1010 cm 7, 5.1014
ν= = =
λ 4.10−5 cm.s s
isto é 750 trilhoes de vibrações por segundo. A vibração acústica mais
rápida que é ainda audible vibra em torno de 20.000 vezes por segundo.
A assombrosa precisão das medidas na interferência e difração reside
no comprimento de onda (λ) e frequência (ν) da luz.

Vejamos agora dois dipolos elétricos s1 e s2 que oscilam em fase na


direção z com momento de dipolo p = p0 cosωt

então o campo elétrico no ponto p é igual

E 0 = E1 + E2 = E1 cos(kr1 − ωt) + E2 cos(kr2 − ωt)


Ambos vetores E1 e E2 tem o mesmo comprimento, isto é E0 , então
o ângulo entre estes vetores é igual a diferença de fase dos campos isto

ϕ = (kr2 − ωt) − (kr1 − ωt) = k(r2 − r1 ) .
~1 e E
O vector E ~ 2 podemos escrever em forma complexa, isto é
3.1. INTERFERÊNCIA E A EXPERIÊNCIA DE YOUNG 21

~ i = Ei ei(kri −ωt) = Ei ( cos(kri − ωt) + isen(kri − ωt)) .


E

Então teremos
³ ´
E 0 = E1 ei(kr1 −ωt) + E2 ei(kr2 −ωt) = E1 eikr1 + E2 eikr2 e−iωt .

Quadrando teremos o seguinte


2
³ ´³ ´
E 0 = E1 eikr1 + E2 eikr2 E1 e−ikr1 + E2 e−ikr2 e−iωt e+iωt ,

2
E 0 = E12 eikr1 e−ikr1 + E22 eikr2 e−ikr2 + E1 E2 eik(r1 −r2 ) + E2 E1 eik(r2 −r1 ) ,

2
³ ´
E 0 = E12 + E22 + E1 E2 e−iϕ + e+iϕ ,

e−iϕ + e+iϕ = cosϕ + isenϕ + cosϕ − isenϕ = 2cosϕ

2
E 0 = E12 + E22 + 2E1 E2 cosk(r2 − r1 ) .

Colocando E1 = E2 = E0 e considerando que a intensidade é pro-


2
porcional ao quadrado do campo, isto é E 0 = I, temos

I = 2 I0 (1 + cos k(r2 − r1 )) .

Considerando agora que a diferença de percurso é r2 − r1 = dsenθ


e também que a distância da fenda ao anteparo é muito grande com-
parado com as dimensões da fenda (aproximação de Fraunhofer), temos

I = 2I0 [1 + cos(kdsenθ)] = 2I0 [1 + cosϕ]

ϕ ϕ
1 + cosϕ = 1 + cos(ϕ/2 + ϕ/2) = 1 + cos2 − sen2
2 2

ϕ ϕ ϕ
= 1 + cos2 − 1 + cos2 = 2cos2
2 2 2
22 CAPÍTULO 3. ÓTICA FÍSICA

Logo teremos que

ϕ
I = 4I0 cos2
2

Construindo o gráfico desta função temos que os máximos de inten-


sidade se obtém da condição

k(r2 − r1 ) = kd senθ = n2π → d senθ = nλ ,

considerando que λ = 2π/k, e os mı́nimos da condição seguinte

1
d senθ = (n + )λ
2

Isto significa que o máximo de intensidade ocorre quando a crista


de uma onda concide com a crista da outra, isto é quando a diferença
de percurso é igual a um número inteiro de comprimentos de onda,
agora se a diferença de percurso contém um número impar de meios
comprimentos de onda, isto é d senθ = (n + 1/2)λ, então a crista de
uma onda coincide com a depressão da outra, ver figura seguinte. Na
experiência de Young realizada em 1801 foi medido o comprimento da
luz por primeira vez. O valor obtido por Young foi de 570 nm e está
bem próximo do valor usado hoje que é de 555 nm.
3.1. INTERFERÊNCIA E A EXPERIÊNCIA DE YOUNG 23

• Qual é a distância na tela C entre dois máximos adjacentes perto


do centro da figura de interferência?. Dados: λ = 546 nm, d = 0, 12
mm, D = 55 cm.

θ pequeno tal que senθ ' tgθ. Achemos o máximo ym


ym
d senθ = mλ → d tgθ = mλ → d = mλ
D
Agora achemos o máximo ym+1
ym+1
d senθ = (m + 1)λ → d tgθ = (m + 1)λ → d = (m + 1)λ
D
Então a distância entre dois máximos adjacentes é
d d
(ym+1 − ym ) = (m + 1)λ − mλ → ∆y = λ
D D
então
(546.10−9 m)(55.10−2 m)
∆y = = 2, 5.10−3 m
0, 12.10−3 m
Isto mostra que a interferência independe de m, isto é o espaçamento
entre as franjas é constante.
• O dispositivo de fenda dupla é iluminado pela luz de uma lâmpada
de vapor de mercúrio, filtrada de forma que somente o atinja a intensa
raia verde (λ = 5460A0 ). As fendas distam entre si de 0, 10 mm, e o
anteparo onde aparece a figura de interferência encontra-se a 20 cm de
distância. Qual é a possição angular do primeiro mı́nimo? e do décimo
máximo?
Aplicando a fórmula
1
d senθ = (m + )λ
2
Primeiro mı́nimo m = 0
24 CAPÍTULO 3. ÓTICA FÍSICA

λ 546.10−9 m
senθ = = = 0, 0027
2d 2(0, 10.10−3 m)
logo
3.14 − − − 1800
0, 0027 − − − θ −→ θ ' 0, 160
No décimo máximo (não contando o central) temos m = 10
(10)(546.10−9 m)
d senθ = 10λ → senθ = ' 546.10−4
0, 10.10−3 m
logo
3.14 − − − 1800
0, 0546 − − − θ −→ θ ' 3, 130
• Na figura seguinte no ponto P , se encontra o contador de Geiger.
A amplitude de onda que atravessa a fenda A e chega ao ponto P, em
unidades condicionadas é igual à ψA = 4 e no caso da fenda B temos
ψB = 8. Se somente estiver aberta a fenda A, então no ponto P se
registra por segundo 100 elétrons.
a) Quantos elétrons se registram por segundo se somente estiver
aberta a fenda B.
ψA = 4 → ψA2 = 16 ψB = 8 → ψB2 = 64

ψB2 64
2
= = 4 → ψB2 = 4ψA2 = 400
ψA 16

b) Se ambas as fendas estiveram abertas e acontecer que a inter-


ferência é construtiva, quantos elétrons por segundo se registrariam
3.1. INTERFERÊNCIA E A EXPERIÊNCIA DE YOUNG 25

ψ 2 = (ψA + ψB )2 = ψA2 + ψB2 + 2ψA ψB = 16 + 64 + 2.4.8 = 144

ψ2 144
2
= = 9 → ψ 2 = 9ψA2 = 900
ψA 16

c) No caso da interferência destrutiva

ψ 2 = (ψA − ψB )2 = ψA2 + ψB2 − 2ψA ψB = 16 + 64 − 2.4.8 = 16

ψ2 16
2
= = 1 → ψ 2 = ψA2 = 100
ψA 16
• Qual será a distribuição de intensidade num experimento de in-
terferência com dois fendas, se a fenda B deixa passar 4 vezes mais
elétrons que a fenda A
a) No caso da interferência construtiva

ψ 2 = (ψA + ψB2 )2 = ψA2 + ψB2 + 2ψA ψB

ψB2 = 4ψA2 ψB = 2ψA

ψ 2 = ψA2 + 4ψA2 + 2ψA .2ψA = 9ψA2

b) No caso da interferência destrutiva

ψ 2 = (ψA − ψB )2 = ψA2 + 4ψA2 − 4ψA2 ψA2

Correspondentemente
Imax
=9
Imin
Logo a distribuição de intensidade se descreve através da expressão
26 CAPÍTULO 3. ÓTICA FÍSICA

I = IA [5 + 4cos k(rB − rA )]

onde rA e rB é a distância das fendas A e B até o anteparo


• Uma corda vibrante de 12 cm tem nós separados 4 cm. A veloci-
dade da onda é u = 30 m/s. Qual é a frequência de vibração?
O primeiro nó ocorre quando a diferença de percurso é λ/2, logo
λ/2 = 4 cm, então a distância entre os nós é 8 cm, consequentemente
obteremos
u 30 m/s
ν= = = 375 Hz
λ 0, 08 m

3.2 Coerência e Interferência em Pelı́culas


Finas
Uma condição fundamental para a existência das franjas de interferência
é que as ondas da luz sejam coherentes, isto é, tenham a mesma frequência
e uma diferença de fase fixa no tempo. Caso as ondas não sejam co-
herentes elas passariam de constutiva para destrutiva num intervalo de
nanosegundos o que tornaria impossı́vel a visualização das franjas a
olho nu.
A seguinte figura mostra um filme fino transparente de espesura
uniforme L e ı́ndice de refração n2 , iluminado por raios de luz quase
perpendiculares ao filme (θ ' 0), de comprimento de onda λ. A espes-
sura do filme é da mesma ordem de grandeza que o comprimento de
onda λ.
A luz incidente sobre a superfı́cie é refletida em a e o feixe refratado
chega a superfı́cie posterior no ponto b, onde ele sofrerá reflexão e
refração. O feixe refletido outra vez sofre reflexão e refração no ponto
c.
Se os raios luminosos r1 e r2 chegam ao olho do observador em
fase eles produzem um máximo de interferência, e a região ac parece
clara, agora se os raios chegam em fase opostas então eles produzem um
mı́nimo e a região ac parecerá oscura. Como θ ' 0 então a diferença
3.2. COERÊNCIA E INTERFERÊNCIA EM PELÍCULAS FINAS27

de percurso é 2L, agora para determinar a diferença de fase temos que


considerar três questões

1) O comprimento de onda quando a luz está atravessando o filme


é λn = nλ
2) A refração em uma interfaçe nunca muda a fase de uma onda,
mas a reflexão pode ou não mudar a fase dependendo dos ı́ndices de
refração dos lados da interfaçe.
Se n1 < n2 ocorre uma mudança de fase de π ou λ/2
Se n1 > n2 não ocorre mudança de fase
3) Como determinar se a interferência é construtiva ou destrutiva,
no caso de n1 (n3 ) < n2 o raio refletido no ponto a sofre uma defassagem
de meio comprimento de onda, e o raio refletido em b não sofre mudança
de fase (n2 > n3 ). Ou seja para que os raios r1 e r2 cheguem em fase
aos olhos do observador é necessário somar λ/2 a condição de máximos
ou seja
1 1
2L = (m + )λn → 2Ln = (m + )λ − −− > max
2 2
considerando que λ = nλn . De forma análoga para as ondas que chegam
em fase opostas, temos

2nL = mλ − −− > min

Exercicio Um feixe de luz branca com intensidade constante de


comprimento de onda λ = 430 − 730 nm, incide perpendicularmente
em um filme de agua com n2 = 1, 4 e espesura L = 380 nm. Para
28 CAPÍTULO 3. ÓTICA FÍSICA

que comprimento de onda λ a luz refletida pelo filme se apresenta mais


intensa a um observador?
Da fórmula para os máximos temos
1 2n2 L 1(1, 4)(380)nm 1064 nm
2n2 L = (m + )λ → λ = 1 = 1 =
2 m+ 2 m+ 2 m + 12
Para m = 0. λ = 2128 nm que está no infravermelho
m = 1, λ = 709 nm que está no espectro visı́vel
m = 2, λ = 425 nm que está no ultravioleta.
Logo a luz mais intensa que se apresenta ao observador é λ = 709
nm

3.3 Difração em Fenda Única, Orifı́cio Cir-


cular
Vamos considerar uma fenda estreita e supor que as ondas incidentes
são perpendiculares à fenda. Quando as ondas chegam a fenda, todos
os pontos de seu plano tornam-se fontes de ondas secundárias sı́ncronas
(princı́pio de Huygens), emitindo novas ondas, chamadas neste caso de
ondas difratadas (desviadas). Podemos então considerar cada uma das
bordas laterais da fenda como uma fonte pontual e a onda que passa
pelo centro da fenda, e que não sofreu nenhuma alteração, como sendo
uma terceira fonte pontual Para obtermos a figura de difração, somamos
a onda lateral à onda intacta, levando em conta que a distância entre
elas é a/2, então para a condição de mı́nimo teremos
a λ
senθ = → a senθ = λ
2 2
dividindo agora em 4 partes teremos
a λ
senθ = → a senθ = 2λ
4 2
em seis partes
a λ
senθ = → a senθ = 3λ .
6 2
3.3. DIFRAÇÃO EM FENDA ÚNICA, ORIFÍCIO CIRCULAR 29

Logo obtemos a condição de mı́nimo

a senθ = mλ → condição de mı́nimo.


E de forma análoga para condição de máximo
1
a senθ = (m + )λ → condição de máximo.
2
A intensidade para um ângulo qualquer θ se obtém como resultado
da soma das contribuições de todas as fontes secunárias. Todas estas
ondas possuem a mesma intensidade mais estão defassadas uma da
outra por φ. Usando o mesmo raciocı́nio da seção anterior obtemos um
polı́gono de n lados, O vetor An representa a soma vetorial das n fontes,
Φ é a diferença de fase entre a primeira e a última fonte e é igual à

Φ = ka senθ

A amplitude resultante An póde-se encontrar do triângulo retângulo


Φ An /2 Φ
sen = −→ An = 2R sen ,
2 R 2
considerando pequenos ângulos, ver figura anterior temos que R é igual
Φ A0 /2 Φ A0 A0
sen = → = →R= ,
2 R 2 2R Φ
logo

sen φ2
An = A0 Φ .
2
30 CAPÍTULO 3. ÓTICA FÍSICA

De aqui obtemos a distribuição de intensidade


à !2
sen Φ2
I = I0 Φ ,
2

onde Φ = kasenθ. Os mı́nimos se observam quando


ka 2π λ
Φ/2 = nπ → senθ = nπ → asenθ = nπ → senθmin = n .
2 2λ a
Os máximos se observam quando
Φ 1
= (n + )π .
2 2
É preciso destacar que o máximo central é mais largo que os máximos
secundários.
• Calcule aproximadamente as intensidades relativas dos máximos
secundários do espectro de difração em fenda única.
Usando a condição de máximo, temos
µ ¶
Φ 1
= n+ π.
2 2
Colocando isto na fórmula da intensidade
à !2
sen(n + 1/2)π
I = I0 .
(n + 1/2)π
Usando a fórmula trigonométrica

sen(α ± β) = senα cosβ ± cosα senβ ,

obtemos
I 1
= .
I0 (n + 1/2)2 π 2

I
n=1 → = 0, 045
I0
3.4. DIFRAÇÃO EM FENDA DUPLA 31

I
n=2 → = 0, 016
I0
I
n=3 → = 0.008
I0

A condição dos primeiros 4 mı́nimos (máximos) do espectro de


difração de uma abertura circular de diámetro d é dada por

n min max I (relativa)


1 1,22 1,64 0,0174
2 2,23 2,69 0,0041
3 3,24 3,72 0,0016
4 4,24 4,72 0,0008

O fator 1, 22(1, 64) para o primeiro mı́nimo (máximo) se obtém


quando se integram todos os irradiadores elementares (ondas secundárias)
da abertura subdividida.

3.4 Difração em Fenda Dupla


O espectro de interferência para uma fenda dupla é
ϕ
I = 2I0 (1 + cosϕ) = 4I0 cos2
2
si colocamos Im = 4I0 , então teremos que o espectro de interferência é
ϕ
I = Im cos2 onde ϕ = kd senθ
2
A intensidade da onda difratada de qualquer uma das fendas é dada
por
à !2
sen Φ2
I = I0 Φ onde Φ = ka senθ
2
32 CAPÍTULO 3. ÓTICA FÍSICA

Combinando ambos espectros, isto é tomando o produto, temos


µ ¶2 Ã !2
ϕ sen Φ2
I = I0 cos Φ
2 2

As figuras seguintes representam graficamente a equação anterior


para d = 50λ e para a = λ e a = 10λ. Para a = λ as franjas possuem
intensidades uniformes, a medida que as fendas se tornam mais largas,
as intensidades de interferência são cada vez mais moduladas pelo fator
de difração
à !2
sen Φ2
Φ
2

Pondo-se a = 0, se obtém Φ/2 = 0 e


sen Φ2 Φ
2
Φ = Φ =1,
2 2

logo a última equação se reduz à da intensidade de interferência pro-


duzida por fenda dupla cuja abertura tende para zero. Agora pondo-se
d = 0 na última equação, as duas fendas fundem-se em uma única de
largura a, mas d → 0 implica ϕ = 0 e cos2 ϕ2 = 1 e por conseguinte a
última equação se reduz à de difração de fenda única.
Exercicios
• Tomando-se como referência a curva da fig. (a). Qual a con-
sequência de a) Aumentar a largura da fenda , b) Aumentar a separação
entre as fendas e c) Aumentar o comprimento de onda?
3.4. DIFRAÇÃO EM FENDA DUPLA 33

a)
ym
a senθ = mλ → a = mλ
D
ym+1
a = (m + 1)λ
D
Substraindo a segunda da primeira, obtemos
a ∆y Dλ
(ym+1 − ym ) = λ → a = λ → ∆y =
D D a
Isto é aumentando-se a largura da fenda os máximos (mı́nimos)
ficam mais estreitos e a envolvente fica menor.
b) Da mesma forma obtem-se para a interferência

∆y = ,
d
ou seja aumentando o d as franjas aproximan-se uma das outras
c) Usando-se um λ maior a envolvente se alarga, enquanto as franjas
se afastam uma das outras

• Na difração de fenda dupla, qual será o espaçamento entre as fran-


jas produzidas em um anteparo colocado a 50 cm das fendas, quando
forem iluminadas por luz azul (λ = 4800A0 , sendo d = 0, 10 mm e
a = 0.02 mm?. Qual o afastamento linear entre o máximo central e o
primeiro mı́nimo da envolvente das franjas? e quantas franjas existem?
Usando a fórmula
λD (4, 8.10−5 cm)(50 cm)
∆y = = = 0, 24 cm .
d 10−2 cm
A distância ao primeiro mı́nimo da envolvente é determinada pelo
fator senΦ/2/Φ/2, e o primeiro mı́nimo deste fator ocorre para
Φ Φ
= nπ → = π
2 2

ka senθ λ 4, 8.10−5 cm
= π → senθmin = = −3
= 2, 4.10−2 = 0, 024
2 a 2.10 cm
34 CAPÍTULO 3. ÓTICA FÍSICA

O valor é tão pequeno que consideraremos θ = senθ = tgθ, logo


y
θ= → y = D θ = (50cm)(0, 024) = 1, 2 cm
D
Dividindo y pelo espaçamento das franjas, teremos o número de
franjas
y
=5,
∆y
logo existem 10 franjas.
• Que condições deve satisfazer o máximo central da envolvente do
espectro de fenda dupla para conter exatamente onze franjas? Será
necessário que o sexto mı́nimo do fator de interferência (cos2 ϕ/2) coin-
cida com o primeiro mı́nimo do fator de difração (senΦ/2/Φ/2)2
Da condição do mı́nimo para interferência, temos
ϕ 1 ϕ 11
= kd senθ = (n + )2π → = π
2 2 2 2
Obtem-se o primeiro mı́nimo do termo de difração quando Φ/2 =
ka senθ = π, dividindo as duas relações temos
ϕ
2 kd senθ d 11
Φ = = = .
2
ka senθ a 2

Esta proporção depende somente da geometria da fenda.

3.5 Difração em Fendas Múltiplas


Suponhamos que tenhamos n osciladores igualmente espaçados, com a
mesma amplitude mas diferentes um do outro na fase, sendo φ a de-
fasagem entre um oscilador e o seguinte. Especificamente φ = k(r2 −
r1 ) = kd senθ. Somemos todos os termos, faremos isto geometrica-
mente. O primeiro tem amplitude A e tem fase zero, o seguinte também
tem A e a fase igual à φ, o seguinte novamente tem A e a fase igual
à 2φ e assim sucesivamente. Pelo conseguinte nos estamos movendo
evidentemente ao redor de um polı́gono de n lados.
3.5. DIFRAÇÃO EM FENDAS MÚLTIPLAS 35

Agora todos os vértices estão sobre uma circunfereência e podemos


encontrar a amplitude resultante mais facilmente se encontrar-nos o raio
da circunferência. Suponhamos que Q seja o centro da circunferência.
Então sabemos que o ângulo OQA1 é justamente o ângulo de fase φ,
o ângulo 0QA2 é 2φ e assim teremos que o ângulo 0QT é igual à N φ,
logo usando o triângulo retângulo da figura anterior (a) temos

An φ
= R senN
2 2
e usando a fiugra (b) teremos

A1 φ
= R sen
2 2
Dividindo uma por outra, obteremos

An senN φ2
=
A1 sen φ2

Elevando ao quadrado ambos os lados, chegamos a

sen2 N (φ/2)
I = I0
sen2 (φ/2)
φ = kd senθ

onde I0 é a intensidade de uma única fonte. Esta distribuição de inten-


sidade esta representada na figura seguinte.
Notemos que quando φ → 0, senN (φ/2) → N (φ/2) e senφ/2 →
φ/2 de modo que a equação anterior torna-se
36 CAPÍTULO 3. ÓTICA FÍSICA

2
[N (φ/2)]2
I → I0 = N 2 I0 .
(φ/2

Desta forma a intensidade das ondas que se formam por estes N


osciladores resulta ser em N 2 vezes maior que a intensidade de um
oscilador isolado.

3.6 Redes de Difração


Se nós atingimos perpendicularmente uma rede de difrção com N fendas
(placa com número muito grande de fendas) com um feixe luminoso
monocromático vindo de uma fonte, então teremos N fontes que oscilam
em fase e neste caso a distribuição de intensidade é dado como no caso
de fendas múltiplas, isto é
sen2 N (φ/2)
I = I0 .
sen2 (φ/2)

A intensidade é igual à I = I0 N 2 , sempre que o denominador for


zero, ou quando
ϕn
= nπ → ϕn = 2nπ
2
3.6. REDES DE DIFRAÇÃO 37

logo
λ
kd senθn = 2nπ → senθn = n
d
Do disenho dá para ver que os feixes paralelos só se encontram
em fase se a diferença de percurso para cada par de feixes é igual à
d senθ = nλ, então para a primeira ordem teremos senθ = λ/d, para a
segunda ordem senθ = 2λ/d e assim sucessivamente.
Exemplos
• Supondo que nós olhemos através de uma rede de difração de
13400 fendas por 2,54 cm, e vejamos uma raia amarela (linha de sódio)
de λ = 5893A0 (A0 = 10−10 m). Sobre que ângulos pode ser vista esta
linha?
Usaremos senθ = nλ/d, então calcularemos d?
2, 54cm
d= = 1, 9.10−4 cm
13400
logo para n = 1 teremos
λ 5893.10−8 cm
senθ = = = 0, 31 → θ1 ' 180
d 1, 9.10−4 cm
para n = 2

senθ = = 0, 62 → θ2 ' 38, 30
d
• Uma rede de difração que tem 104 linhas por 2, 5 cm, é iluminada
com incidência normal por uma lámpada de sódio, a qual emite duas
raias muito próximas de comprimento de onda de 5890 A0 e 5895 A0
a) Em que ângulo aparecerá o máximo de primeira ordem para o
menor dos comprimentos de onda mencionados?
λ 5890.10−8 cm
senθ = = = 0, 235 → θ = 13, 4980
d 2, 5.10−4 cm
b) Qual é o afastamento angular entre os máximos de primeira or-
dem de cada um dos comprimentos de onda?
5895.10−8
senθ = = 0, 2358 → θ = 13, 5100
2, 5.10−4 cm
Então a diferença é 13, 510 − 13, 498 = 0, 00120
38 CAPÍTULO 3. ÓTICA FÍSICA

3.7 Dispersão e Poder de Resolução


A dispersão de uma rede serve como medida de afastamento angular
entre duas ondas monocromâticas incidentes, cujos comprimentos de
onda difirem entre si de um valor muito pequeno, para derivar temos
que considerar θ e λ como variáveis na fórmula de interferência, isto é
m
d senθ = mλ → senθ = λ
d
derivando com respeito a θ e a λ, temos
m dθ m
cosθdθ = dλ → D = =
d dλ d cosθ
Para distinguir entre si ondas luminosas, cujos comprimentos de
onda sejam muito próximos, o máximo principal deve ser o mais estreito
possı́vel. Dizendo de outra forma, será preciso que a rede tenha um alto
poder de resolução R, definido por
λ
R=
∆λ
onde λ é o comprimento de onda médio de duas rais espectrais, as quais
mal se podem reconhecer como sendo separadas e ∆λ é a diferença dos
comprimentos de onda entre elas. Quanto menor for ∆λ mais próximas
são as raias que podem ser resolvidas e portanto maior será o poder
de resolução da rede R. As redes de difração são construidas com
um número muito grande de linhas para conseguir um alto poder de
resolução, isto é

R = Nm

onde N é o número total de linhas da rede e m é a ordem do espectro,


como era de esperar o poder de resolução é nulo para o máximo principal
(m = 0).
Exemplos
• No exemplo anterior, qual deve ser o menor número de linhas que
uma rede deve possuir para que possa resolver o dubleto de sódio de
terceira ordem
3.7. DISPERSÃO E PODER DE RESOLUÇÃO 39

λ 5890A0
R= = = 1178
∆λ (5895 − 5890)A0
então
R 1178
N= = ' 390
m 3
• Uma rede de 8000 linhas por 2, 5 cm é iluminada pela luz pro-
duzida pela descarga de vapor de mercúrio
a) Qual deve ser a dispersão esperada, na terceira ordem, nas viz-
inhanças da raia verde intensa (λ = 5460A0 )
Da fórmula de dispersão
dθ m
D= =
dλ d cosθ
Encontremos d e o ângulo
2, 5 cm mλ 3(5460.10−8 )cm
d= = 3, 12.10−4 cm senθ = = = 0, 52 → arcsen(0, 52) = 30, 030
8000 d 3.12.10−4
Logo
m 3 3
D= = 0
= = 1, 1.104
d cosθ 3, 125(cos(30, 03) ) 2, 69.10−4

b) Usando a mesma rede, que poder se resolução, se deve esperar


na quinta ordem?

R = N m = 8000(5) = 4.104

Logo próximo de λ = 5460A0 se poderão distinguir raias cuja diferença


∆λ será
λ 5460A0
∆λ = = = 0, 14A0
R 4.104
A primeira pessoa a apresentar uma teoria ondulatória convincente
para a luz foi o fı́sico holandes Christian Huygens, seu princı́pio diz:
40 CAPÍTULO 3. ÓTICA FÍSICA

“todos os pontos de uma frente de onda funcionam como fontes pontuais


para ondas secundárias. Depois de um tempo t, a nova posição da
frente de onda será dada por uma superfı́cie tangente a essas ondas
secundárias

Nesta figura vemos que os pontos do plano ab funcionam como


fontes pontuais de ondas secundárias, depois de um tempo t, o raio
dessas ondas esféricas é ct, o plano tangente a essas esferas no tempo
t é o plano ld, este plano é a frente de onda da onda plana no tempo
t, ele é paralelo ao plano ab. Assim, as frentes de onda de uma onda
plana se propagam como planos com velocidade c.

Para comprender a interferência de duas ondas, precisamos com-


prender primeiramente a difração de ondas. Quando uma onda encon-
tra uma barreira que apresenta uma abertura de dimensões comparáveis
ao comprimento de onda, ela deixa de ser uma onda plana para se
tornar uma onda aproximadamente esférica. Este fenômeno chamado
de difração, se encaixa no espirito da expansão das ondas secundárias
do princı́pio de Huygens.

A figura seguinte mostra esquematicamente a situação para uma


onda plana incidente de comprimento de onda λ, encontrando uma
fenda de largura a = 6, 0λ; 3, 0λ; 1, 5λ, onde deixa de ser plana do outro
lado da fenda
3.8. A EXPERIÊNCIA DE YOUNG 41

A figura ilustra a principal caracterı́stica da difração; quanto mais


estreita a fenda maior a difração.

3.8 A Experiência de Young


Em 1801 Thomas Young ofereceu uma demonstração experimental de
que a luz é um fenômeno ondulatório, mostrando que duas ondas lumi-
nosas podem interferir uma com outra.
Esta experiência foi particularmente importante porque ele con-
seguiu calcular o comprimento de onda da luz. O valor obtido por
Young foi de 570 nm e está bem próximo do valor usado hoje que é
de 555 nm. Young Fez com que a luz solar atravessa-se um orificio S0
localizado em uma tela A.

Como se pode ver da figura a difração faz com que a luz se espalhe
e chegue aos orificios S1 e S2 da tela B. Uma nova difração ocorre
quando a luz atravessa esses orificios e duas ondas esféricas se propagam
simultaneamente no espaço a direita da tela B, onde podem interferir
uma com a outra.
Os pontos do espaço onde a interferência é construtiva (máximos de
interferência) estão indicados por pontos. Ligando estes pontos ate a
tela C podemos ver os máximos de interferência que são regiões claras,
estas regiões claras são separadas por regiões escuras, correspondentes
aos pontos onde a interferência é destrutiva (mı́nimos de interferência).
Tomadas em conjunto, as regiões claras e escuras formam uma figura
42 CAPÍTULO 3. ÓTICA FÍSICA

de interferência na tela C.

3.9 Coerência
Para que uma figura de interferência apareça na tela de observação C
da figura anterior é preciso que a diferença de fase φ entre as ondas que
chegam a um ponto qualquer P da tela não varie com o tempo. É o que
aconteçe no caso anteiror, porque os raios que passam pelas fendas S1
e S2 fazem parte da mesma onda. Como a diferença de fase permanece
constante em todos os pontos do espaço, dizemos que os raios que saem
das fendas S1 e S2 são totalmente coerentes.
Quando substituimos as fendas por duas fontes luminosas semel-
hantes mais independentes, como por exemplo dois fios incandescentes,
a diferença de fase entre as ondas emitidas pelas fontes passa a variar
rapidamente com o tempo e de forma aleatória. Isso aconteçe porque
a luz emitida pelos dois fios é produzida por um grande número de
átomos, que agem de forma independente e aleatória em uma escala
da ordem de nanosegundos. Em consequência, em qualquer ponto da
tela de observação a interferência varia de construtiva em um dado
momento para destrutiva no momento seguinte. Como o olho (e os de-
tectores óticos mais comúns) não conseguem acompanhar essas rápidas
mudanças, nenhuma figura de interferência é observada. Na verdade a
iluminação da tela parece uniforme. Dizemos então que os raios de luz
são totalmente incoerntes.
O que foi dito no parágrafo anterior não se aplica se as duas fontes
luminosas forem lasers. A luz emitida pelos átomos de um laser tem a
mesma fase e é portanto coerente. Além disso, a luz é quase monocromática
(de um único comprimento de onda). Quando as luzes produzidas por
dois lasers da mesma frequência se combinam, o fenômeno da inter-
ferência é observado como se as luzes partissem de uma fonte única.

3.10 Interferência em Fenda Dupla


A figura seguinte mostra os raios de luz que partem de duas fendas S1
e S2 localizadas em uma tela B e se encontram em um ponto qualquer
3.10. INTERFERÊNCIA EM FENDA DUPLA 43

P situado em uma tela de observação C.

Duas retas auxiliares tracejadas traçadas a partir do ponto médio


do segmento que liga as duas fendas, uma perpendicular aos planos
das telas e a outra ligando o ponto médio do segmento ao ponto P. O
ângulo entre as retas é θ e no triângulo formado com a tela C os catetos
adjacente e oposto são D e y respetivamente.
A onda luminosa que atravessa S2 esta em fase com a que atravessa
S1 , porque as duas fazem parte da mesma frente de onda que ilumina
a tela B. Por outro lado a onda que chega a P depois de passar por S2
pode não estar em fase com a onda que chega a P depois de passar por
S1 , porque a distância entre S1 e P é maior que a distância entre S2 e
P.
Para determinar essa diferença, encontramos um ponto b no raio
que parte de S1 , tal que a distância de b até P seja igual á distância de
S2 até P. Assim a diferença entre os dois percursos é igual a distância
entre S1 e b.
Vamos supor que a distância D entre as telas for muito maior que a
distância d entre as fendas, então neste caso os raios r1 e r2 são aproxi-
madamente paralelos e fazem um ângulo θ com uma reta perpendicular
aos planos das telas.
Podemos também aproximar o triângulo formado pelos pontos S1 ,
S2 e b por um triângulo retângulo, um dos ângulos internos desse
triângulo é θ. A diferença entre os percursos dos dois é dado nesse
caso por dsenθ
Para que haya interferência construtiva entre os raios que chegam
44 CAPÍTULO 3. ÓTICA FÍSICA

ao ponto P é preciso que a diferença entre os percursos dsenθ, seja igual


à zero ou a um número inteiro de comprimentos de onda.

dsenθ = mλ

para m= 0,1,2,3..... (máximos).


De acordo com a fórmula para m = 0 temos θ = 0, assim existe
uma franja clara no centro da tela de observação. Esse máximo central
corresponde ao ponto em que a diferença de fase entre os dois raios é
zero.
Para valores progressivamente maiores que m, a fórmula revela que
existem franjas claras para valores progressivamente maiores que θ,
tanto acima como abaixo do máximo central.
Para que haya interferência destrutiva entre os raios que chegam
ao ponto P, a diferença entre os percursos, dsenθ, deve ser igual a um
número ı́mpar de meios comprimentos de onda.

dsenθ = (m + 1/2)λ

para m=0,1,2..... (mı́nimos).


As primeiras franjas escuras correspondentes a m = 0 e a uma
diferença de fase de λ/2, ocorrem para um ângulo

λ
θ = sen−1 ( )
2d
acima e abaixo do ponto central.

3.11 Intensidade de Interferência em Fenda


Dupla
Vejamos agora a interferência desde o ponto de vista dos campos elétricos.
Capı́tulo 4

Teoria da Relatividade

4.1 Os Postulados da relatividade


Qualquer teoria da relatividade é sobre a relação entre diferentes con-
juntos de coordenadas, (números) que especificam a posição de um
ponto no espaço e tempo, e eventos fı́sicos que podem ser medidos. No
entanto para que estes números tenham algúm sentido nós devemos
especificar um sistema de referência.
A fı́sica clássica se apoia no princı́pio de Galileu da relatividade que
establece que as transformações das velocidades são aditivas e o tempo
é invariante entre dois sistemas de coordenadas, isto é

x0 = x−vt y0 = y z0 = z t0 = t . (1)

Agora a fı́sica moderna se apoia nos postulados de Einstein da teoria


da relitividade que toma em conta as velocidades altas, isto é v ' c. Os
dois postulados de Einstein se baseiam nas transformações de Lorentz,
quem estableceu que os intervalos do espaço e tempo, quando medidos
num dado referencial, aparecem contraidos quando comparados com as
mesmas medidas tomadas em outro referencial pelo fator que depende
das velocidades relativas entre ambos.
Postulado da relatividade
• Todos os sistemas inerciais de referência, (isto é aqueles que se
movem com velocidad constante um em relação ao outro) são equiva-
lentes para a observação e a formulação das leis fı́sicas.

45
46 CAPÍTULO 4. TEORIA DA RELATIVIDADE

Postulado da constância da luz


• A velocidade da luz não depende do movimento da fonte da luz e
é igual em todos os sistemas inerciais de referência.
Se o primeiro postulado representa uma generalização do princı́pio
da relatividade de Galileu sobre todos os fenômenos fı́sicos, o segundo
postulado está contido no primeiro, porquanto o processo de propagação
das ondas eletromagnêticas, de acordo com o primeiro princı́pio, deve
transcorrer igualmente em todos os sistemas inerciais de referência, no
entanto este segundo postulado que establece que a velocidade da luz
é independente da velocidade da fonte é totalmente alheio à nossa con-
cepção cotidiana. As transformações de Lorentz são.

0 0 0
x = γ(x − vt), y=y, z=z (2)

0 v 1
t = γ(t − x 2
) onde γ = q
c 1 − v 2 /c2

4.2 Medida de um evento

Na teoria clássica, espaço e tempo são totalmente separados mais na rel-


atividade especial eles são tratados conjuntamente e são misturados nas
transformações de Lorentz. Para visualizar eventos (pontos de espaço-
tempo) nós usamos diagramas de espaço-tempo. Para definir um evento
no espaço-tempo nós definimos quadri-vetores (ct, ~x) = (ct, x, y, z). A
quarta coordenada é a coordenada temporal multiplicada vezes c, para
dar uma distância equivalente.
4.3. RELATIVIDADE DA SIMULTANEIDADE 47

4.3 Relatividade da simultaneidade


Dois eventos que ocorrem ao mesmo tempo em lugares separados vis-
0
tos por um observador em Σ , não ocorrem ao mesmo tempo ao ser
observados por outro observador em Σ.
0
Suponhamos que um homen que se move numa nave espacial (Σ )
há colocado um relógio em cada extremo da nave e esta interesado em
asegurar-se que os dois relógios estem sincronizados. Para sincronizar
os relógios é necessário localizar o ponto médio exato entre os dois
relógios, logo emitimos desde ali um sinal luminoso que iria em ambas
direções com a mesma velocidade e evidentemente chegará a ambos
relógios ao mesmo tempo. Esta chegada simultánea das senhas pode-se
usar para sincronizar os relógios.
Vejamos agora, se um obsevador em Σ estaria de acordo em que os
dois relógios estariam sincronizados. O homen em Σ pensa da seguinte
forma, dado que a nave se move para frente o relógio na parte dianteira
ficaria mais longe do sinal luminoso, pelo tanto a luz tem que andar
mais que a metade do caminho para alcanzá-lo, no entanto o relógio
traseiro avança para encontrar o sinal luminoso, e consequentemente a
distância será mais curta. O sinal chega então primeiramente ao relógio
0
traseiro, a pesar de que o homen em Σ pensava que os sinais chegavam
simultaneamente.
Então usando as fórmulas (7), temos

0 0 0 0
x2 − x1 = γ[(x2 − x1 ) + v(t2 − t1 )]

0 0 v 0 0
t2 − t1 = γ[(t2 − t1 ) + 2
(x2 − x1 )] (3)
c
0
Considerando que no sistema Σ os eventos são simultáneos, isto é
0 0
t2 = t1 logo no sistema Σ de acordo com (8) obtemos
0 0
x2 − x1 = γ(x2 − x1 )

v 0 0
t2 − t1 = γ 2
(x2 − x1 )
c
48 CAPÍTULO 4. TEORIA DA RELATIVIDADE

de onde
v
t2 − t1 = (x2 − x1 ) 6= 0
c2
0
Desta forma os eventos simultáneos que ocorrem no sistema Σ não
são simultáneos no sistema Σ, isto é a simultaneidade de eventos es-
paciais é relativa. O tempo t2 − t1 cháma-se também tempo de desin-
cronização, ou seja eventos que estão sincronizados num sistema de
referência estão desincronizados num outro.

Exemplo Um vagão de 20 m de comprimento se desloca ao longo


do eixo x com velocidade de 200km/h = 55, 6m/seg. Na parte inicial
e final do vagão caem dois raios ao mesmo tempo vistos por um obser-
vador que está fora do vagão. Qual é a diferença de tempo entre os dois
raios desde o ponto de vista dos passageiros.
0 0 0
Nós temos que achar a diferença ti − tf onde ti = γ(ti − vxi /c2 ) e o
0
tempo inicial e tf = γ(tf − vxf /c2 ) e o tempo final.
Então,
0 0
(ti − tf ) = γ(ti − tf ) − γv/c2 (xi − xf ),
mais para o observador que esta fora do vagão ti − tf = 0, então:
0 0 γv 55, 6
ti − tf = − 2
L=− 20seg = −1, 24.10−14 seg
c (3.108 )2
0 0
o sinal negativo mostra que ti é menor que tf , ou seja o acontecimento
no ponto xi ocorreu antes que o acontecimento no ponto xf .

4.4 A relatividade do tempo e do compri-


mento
Vamos aplicar os dois postulados da relatividade a um par de relógios
de luz, sua construção é simples, consiste de dois espelhos os quais se
encontram paralelamente um a outro na distância D, estes dois espelhos
podem servir como relogios de luz se suas superficı́es fossem completa-
mente refletoras e o impulso de luz corre-se entre eles em sentido direto
e oposto
4.4. A RELATIVIDADE DO TEMPO E DO COMPRIMENTO 49

Seja τ o tempo que a luz percorre a distância D, os relógios fazem


tique-taque toda vez que a luz reflete sobre o espelho, supondo ainda
que o relógio B se movimenta com velocidade v com respeito ao relógio
A. Então de acordo com o observador que está no repouso em A, a
distância que a onda de luz percorrerá no relógio B de um extremo
para outro, terá um comprimento maior que aquele que a onda de luz
percorre no relógio A. Realmente como se vé no disenho a onda de
luz deve mover-se em diagonal e de acordo com o segundo postulado
este movimento deve acontecer com a mesma velocidade que a onda
de luz em A ou seja c. Consequentemente desde o ponto de vista
do observador em A, a onda de luz em B deve gastar mais tempo
para alcançar o extremo superior, que a onda em A. Designemos este
intervalo de tempo através de T , logo o comprimento da diagonal é cT ,
então aplicando o teorema de Pitágoras temos

c2 T 2 = v 2 T 2 + c2 τ 2 → T 2 (c2 − v 2 ) = c2 τ 2 → T 2 c2 (1 − v 2 /c2 ) = c2 τ 2

τ
T =q = γτ (4)
1 − v 2 /c2

onde γ = √ 1
e τ é chamado de tempo própio ou seja é o intervalo
1−v 2 /c2
de tempo medido no referencial no qual os eventos ocorrem no mesmo
local.

Um exemplo de dilatação do tempo com o movimento é dado pe-


los mésons µ, que são partı́culas que se desintegram espontaneamente
depois de um tempo medio de vida de 2, 2.10−6 seg. Estas partı́culas
chegam a terra nos raios cósmicos, mais também podem ser produzi-
dos artificialmente no laboratório, se nós calcularmos a distância que
ela percorre, supondo que estas partı́culas se movimentan com v = c,
temos que
m
d = 3.108 .2, 2.10−6 seg ∝ 660m
seg
Bom os muons se formam na parte superior da atmosfera a uns 10 kilo-
metros de altura, mais são detetados aqui na terra, como que isto pode
50 CAPÍTULO 4. TEORIA DA RELATIVIDADE

acontecer, a resposta é que os muons se movem com velocidade perto


da luz. Enquanto que desde o ponto de vista deles (tempo própio), eles
só vivem 2, 2.10−6 seg, desde nosso ponto de vista eles vivem mais, o su-
ficiente para que eles possam chegar a terra. Supondo que a velocidade
deles seja 0, 999 da luz, teremos

2, 2.10−6 2, 2.10−6
T = γτ = √ = = 69, 57.10−6 seg
1 − 0.999 0.03162

então

m
d = 3.108 .69, 57.10−6 seg = 20, 807km
seg

Agora vejamos a contração do comprimento. Supondo que se tenha


um objeto num sistema de referência Σ, liguemos com este objeto um
0
sistema de referência móvel Σ e suponhamos ainda que neste sistema
o objeto tenha um comprimento igual à l0 . No sistema Σ os momentos
de registro da posição das extremidades do objeto coincidem t2 = t1 ,
então devido a relatividade da simultaneidade dos eventos, no sistema
0
Σ estes instantes não coincidem, como consequência disto o resultado
da medição vai ser diferente que no sistema Σ. Desde o ponto de vista do
observador do sistema Σ o comprimento do objeto é igual à l = x2 − x1 ,
0 0
com a condição t2 = t1 , então de l0 = x2 − x1 temos de (6)

0 0
q
x2 − x1 = γ[(x2 − x1 ) − v(t2 − t1 )] → l0 = γl → l = l0 1 − v 2 /c2

Desta forma o objeto em movimento se contrae na direção do seu


movimento
Exemplo.- Uma linha métrica móve-se com velocidade que corre-
sponde a 60% da velocidade da luz. Qual será o comprimento que mede
esta linha um observador que esta no repouso.
q q
l = l0 1 − v 2 /c2 = 100cm 1 − 6/10 ' 63cm
4.5. CONSEQUÊNCIAS DAS TRANSFORMAÇÕES DE LORENTZ51

4.5 Consequências das Transformações de


Lorentz
4.5.1 O Limite de Pequenas Velocidades
No caso de pequenas velocidades (v ¿ c) as transformações de Lorentz
devem se converter nas transformações de Galileu, isto é fazendo uso
da expansão de Taylor

2
0 x 00 x
F (x) = F (0) + F +F + ....
1! 2!

para a função F (x) = (1 − x)−1/2 , temos

1 1 v2
γ=q '1+
1 − v 2 /c2 2 c2

obtemos

1 v2
x0 = (x − vt)(1 + 2
) = x − vt + 0(v 2 /c2 )
2c

e consequentemente
0 0 0 0 v
x = x − vt, y =y z =z t =t−x
c2

vemos que estas se diferenciam das transformações de Galileu no tempo,


no entanto para problemas fı́sicos reais as coordenadas espaciais pode-
mos considerar limitadas, por isso excluindo os pontos do infinito ter-
emos vx ¿ c2 t, isto é nós obtemos as transformações de Galileu, e é
neste sentido que as tranformações de Lorentz satisfazem o princı́pio
de correspondência, passando no limite de pequenas velocidades para
as equações de Galileu.
A realização do princı́pio de correspondência, é uma condição fun-
damental que qualquer nova teoria deve satisfazer, isto é passando para
a teoria velha em limites apropiados.
52 CAPÍTULO 4. TEORIA DA RELATIVIDADE

4.5.2 O Limite v > c


Neste limite v > c e consequentemente γ = (1 − v 2 /c2 )−1/2 é uma
0
grandeza imaginária e conjuntamente com ela as novas coordenadas x
0
e t também chegam a ser imaginárias, de outro lado qualquer medida
do espaço tempo se expressa em números reais por isso estas mesmas
coordenadas e o tempo perdem sentido fı́sico, por consiguente o sistema
de coordenadas que se move com maior velocidade que o da luz no
vácuo, no possue por enquanto significado fı́sico.
É até mesmo impossı́vel o uso de um referencial que se move com
uma velocidade igual ao da luz, pois neste caso γ = 01 ou seja o denom-
inador nas fórmulas seriam zero.

4.5.3 A Limitação da Velocidade de Propagação


do Sinal
As fórmulas (2) nos permitem fazer a siguente conclusão, a velocidade
de qualquer sinal, isto é a perturbação que leva informação, não pode
ser maior que a velocidade da luz. Supondo um sinal que se envia de
um ponto x1 no momento t1 , se recebe num ponto x2 no momento t2 ,
pode-se ver que o momento da emissão do sinal antecede a recepção,
isto é t1 < t2 e a velocidade do sinal é igual
x2 − x1
vs =
t2 − t1
0
Ao mesmo tempo no sistema Σ que se move com velocidade v,
temos
0 0 v vs v
t2 − t1 = γ[(t2 − t1 ) − 2 (x2 − x1 )] = γ[(t2 − t1 ) − 2 (t2 − t1 )]
c c

0 0 vs v
t2 − t1 = γ(t2 − t1 )[1 − ] (5)
c2
visto que para todos os sistemas reais de coordenadas de referência
v < c, então quando vs < c nós teremos que vvs < c2 , por isso de
0 0
(5) t1 < t2 , isto significa que a sucessão dos momentos da emissão e
recepção do sinal se conserva invariável em todos os sistemas inerciais
4.6. TRANSFORMAÇÃO DAS VELOCIDADES 53

de referência. No entanto se vs > c, então pode-se encontrar um sistema


de referência que satisfaça a condição
c v
< <1
vs c
0 0
para os quais vvs > c2 , por isso t2 < t1 , mas isto não está de acordo
com o princı́pio de causalidade, de acordo com este princı́pio qualquer
informação primeiramente se envia (causa) e depoóis se recebe (efeito),
logo de acordo com este princı́pio, nós nos vemos obrigados a reconhecer
que a velocidade de transmissão de informação não pode ser maior que
a velocidade da luz.

4.6 Transformação das Velocidades


0 0 0 0
Resolvendo as equações de Lorentz em função de x , y , z e t , obtemos
0 0
x = γ(x + vt )
0
y=y
0
z=z
0 0
t = γ(t + vx /c2 )

O resultado é interesante, já que nos diz como se vé um sistema


de coordenadas em repouso desde o ponto de vista de outro que está
se movendo, visto que os movimentos são relativos e de velocidade
uniforme, o homen que está se movendo pode falar que realmente a
outra pessoa que se move, enquanto ele está no repouso.
km
Supondo, que um objeto esteja se-movendo a 200.000 seg dentro de
km
uma nave espacial que a sua vez esteja se movendo a 200.000 seg , com
que velocidade move-se o objeto dentro da nave espacial desde o ponto
de vista de um observador que está fora?. Bom, nos gostaria falar
km
400.000 seg , que é maior que a velocidade da luz, mais esto é impossı́vel,
já que nós sabemos que nenhum objeto póde-se mover com velocidade
maior que a da luz.
Considerando agora, que o objeto dentro da nave se mova na direção
0
x , então a velocidade dele será vx0 e considerando que a nave tenha a
velocidade u com respeito a terra, então a posição e o tempo desde o
54 CAPÍTULO 4. TEORIA DA RELATIVIDADE

ponto de vista de um observador ubicado fora da nave são as relações


0 0
escritas acima, onde x = vx0 t é a coordenada do objeto, logo
0 0
x = γ(v
³ 0x t + ut )0
0
´
t = γ t + u(vx0 t )/c2

De aqui encontramos a velocidade resultante


0 0 0
x γ(vx0 t + ut ) u + vx
vx = = 0 0 2
=
t γ(t + uvx0 t /c 1 + uvx0 /c2

Então vemos que a soma das velocidades, não é simplesmente a soma al-
gebraica de duas velocidades, mais está corrigido por um termo 1+uv1 0 /c2 .
x
Então resolvendo o problema anterior teremos vx0 = 32 c e u = 23 c, de
onde
2/3c + 2/3c 4/3c 12
vx = 2 2
= = c
1 + 4c /9c 13/9 13

pelo tanto em relatividade 2/3 mais 2/3 não é 4/3 mais sim 12/13
Supondo agora que o homen estive-se observando a luz dentro da
nave espacial, ou seja vx0 = c, teremos para o homen que está na terra
u+c
v= =c
1 + uc/c2

4.7 Efeito Doppler


O fato que a frequência percebida de uma onda dependa tanto da
fonte como do observador, fue descoberta pelo fı́sico austrı́aco Chris-
tian Doppler em 1842. Ele havia notado que a frequência do apito de
uma locomotiva era maior quando um trem estava se aproximando de
um observador do que cuando estava se afastando. A luz, que também
é um fenômeno ondulatório, exibe igualmente um efeito Doppler. A
frequência da luz determina sua cor, a vibração rápida corresponde
a cor violeta do espectro enquanto a lenta corresponde ao vermelho.
Quando um objeto que está emitindo luz se afasta rapidamente de
um observador, os comprimentos de onda se tornam mais longos e são
4.7. EFEITO DOPPLER 55

desviados para a extremidade vermelha do espectro. Quando um ob-


jeto está se movendo na direção de um observador, os comprimentos de
onda se tornam mais curtos e o desvio é para o azul. As linhas da luz
das estrelas não coincidem exatamente com as correspondentes linhas
da terra porém exibem pequenos deslocamentos para o violeta ou para
o vermelho, dependendo se a terra na primeira metade do ano se move
em direção a estrela (sol) ou na segunda metade do ano se afasta dela.
Na figura seguinte mostra-se a fonte de luz B, o qual é registrado pelo
detector A. Supondo que A e B se afastem com a velocidade relativa v
e ainda que com A e B se liguem relógios iguais, os quais no instante
quando um passa ao lado do outro mostrem tempos iguais a zero.

Supondo que no tempo TB (pelas horas de B) a fonte B emita um


impulso de luz. Então calcularemos o tempo TA quando este impulso
0
chega ao detector A. De acordo com o observador em S o relogio em
A vai mais rápido que o B. De acordo com A suas horas mostram

tA = γTB

enquanto os relógios que se movem mostram o tempo TB , no entanto a


nós nos interesa saber o tempo quando a luz da fonte B chega em A.
0
No sistema ligado ao A, o tempo de propagação da luz é igual a x /c.
Então o instante quando o impulso de luz aparece em A (pelas horas
de A) é:
0
TA = tA + tempo de propagacao = TA = tA + x /c

substituindo tA por γTB e considerando que a distância percorrida


56 CAPÍTULO 4. TEORIA DA RELATIVIDADE

0
pela fonte B no tempo tA é x = vtA = v(γTB ), desta forma
γTB
TA = γTB + v = γ(1 + β)TB
c
onde β = v/c
O intervalo de tempo entre dois impulsos de luz consecutivos em A
se dá pela expressão
τA = γ(1 + β)τB
onde τB é o intervalo entre dois impulsos medidos na fonte B.
A frequência (número de impulsos por segundo) está ligada ao pe-
riodo τ pela relação ν = τ1 , então
s
1 1 νB 1−β
= γ(1 + β) → = νA → νA = νB
νA νB γ(1 + β) 1+β
Sendo νA o número de ondas que o detector registra por segundo e
νB número de ondas irradiadas por segundo pela fonte.
Da fórmula nós vemos que νA < νB , a frequência que se registra
diminue é dizer quando a fonte se afasta se observa o deslocamento
para vermelho, se a fonte se acerca ao detector então o sinal do β muda
e neste caso
q
νA = νB (1 + β)/(1 − β) − − − − − f onte − se − acerca
. Exercicio Nas linhas espectrais irradiadas pelos quasares, se ob-
serva o deslocamento para o vermelho que corresponde a três vezes a
diminuição da frequência. Com que velocidade o quaser se afasta.


1 1 1−β
νA = νB → = √ → 1 + β = 9(1 − β) → v = 0, 8c
3 3 1+β

4.8 Invariantes Relativı́sticos


O conjunto das quatro coordenadas de um evento (ct, x, y, z) pode
ser considerado como as componentes de um raio vetor em quatro di-
mensões no espaço quadri-dimensional. Suas componentes vamos des-
ignar por xi , onde o ı́ndice i toma os valores 0, 1, 2, 3, sendo que
4.8. INVARIANTES RELATIVÍSTICOS 57

x0 = ct, x1 = x, x2 = y x3 = z

O quadrado do comprimento do 4− raio vetor é um invariante (ao


igual que a velocidade da luz, a massa de repouso e etc.) e é represen-
tado pela expressão

c2 t2 − x2 − y 2 − z 2

Ele não varia sobre quaisquer rotação do sistema de coordenadas,


as quais, em particular, são as tranformações de Lorentz. Em geral
denomina-se quadrivetor Ai ao conjunto de quatro grandezas A0 , A1 , A2 , A3 ,
que se comportam nas transformações do sistema de coordenadas quadri-
mensional como as componentes do 4− raio vetor xi
O quadrado do 4 vetor se escreve na forma
3
X
Ai Ai = A0 A0 + A1 A1 + A2 A2 + A3 A3
i=0

onde as grandezas Ai chaman-se contravariantes enquanto que Ai são


as componentes covariantes do 4− vetor, ambas grandezas significam
que ambas partes de uma equação variam da mesma forma preservando
a validade da equação diferentemente dos invariantes que significa que
nada mudam, e os quais satisfazem

A0 = A0 , A1 = −A1 , A2 = −A2 , A3 = −A3

O produto escalar de dois vetores diferentes forma-se de um modo


análogo ao quadrado de um 4 vetor
3
X
Ai Bi = A0 B0 + A1 B1 + A2 B2 + A3 B3
i=0

É evidente que se pode representá-los tanto na forma Ai Bi como na


forma Ai B i , com isso o resultado não se altera. De um modo geral, em
qualquer par de ı́ndices mudos pode-se permutar o ı́ndice superior e o
ı́ndice inferior.
58 CAPÍTULO 4. TEORIA DA RELATIVIDADE

Exemplos de productos escalares, seja pµ = ( Ec , p~) = (p0 , p1 , p2 , p3 )


e xµ = (ct, ~r), calculemos os produtos escalares, considerando c = 1,
pµ xµ e pµ pµ

pµ xµ = Et − Px .x − py .y − pz .z = Et − p~.~x

pµ pµ ≡ p2 = E 2 − p~2

Para uma partı́cula libre nós temos pµ pµ = p2 = m2 , neste caso


dizemos que a partı́cula está na camada de massa.

4.9 Dinâmica Relativı́stica


As relações fundamentais da teoria da relatividade para partı́culas que
se movem libremente são

E 2 − p~2 c2 = m2 c4

(6)
~v E
p~ =
c2
onde E é a energia, p~ é o momento, m é a massa, e ~v é a velocidade
da partı́cula (sistema de partı́culas ou corpo). Devemos enfatizar que a
massa e a velocidade da partı́cula (corpo) são as mesmas quantidades
que nós tratamos na fı́sica Newtoniana. Tal como as componentes das
coordenadas t e ~r no espaço quadri-dimensional, a energia E e o mo-
mento p~ são os componentes de um vetor no espaço quadri-dimensional.
Eles mudam na transição de um sistema inercial a outro de acordo com
as transformações de Lorentz. A massa no entanto não muda, é um
invariante de Lorentz.
A difereença mais importante desta teoria com a mecânica não rel-
ativı́stica é que a energia de um corpo massivo não desaparece mesmo
quando o corpo está em repouso, isto é para ~v = 0 e p~ = 0. De acordo
com (6) a energia de repouso é proporcional a sua massa

E0 = mc2
4.9. DINÂMICA RELATIVÍSTICA 59

Uma notável propriedade da equação (6) é que elas descrevem o


movimento das partı́culas no intervalo completo das velocidades ou seja
0 ≤ v ≤ c. Em particular para v = c temos que

pc = E

Substituindo esta relação na primeira das equações de (6), nós vemos


que a partı́cula se movendo com esta velocidade tem massa igual a zero
e vice versa. Para uma partı́cula sem massa não existe um sistema
de coordenadas que esteja no repouso, Para partı́culas com massa a
energia e o momento podem ser expressas convenientemente em termos
das massas e suas velocidades, para isto nós substituimos a equação
segunda de (6) na primeira
à !
v2E 2 v2
E − 2 = E2 1 − 2
2
= m2 c4
c c

e tomando a raiz quadrada obtemos


à !−1/2
2 v2
E = mc 1− 2 = mc2 γ (7)
c

e substituindo esta ultima equação na segunda equação de (6),


temos que
à !−1/2
v2
p~ = m~v 1 − 2 = m~v γ , (8)
c
−1/2
onde γ = (1 − β 2 ) , com β = vc .
É obvio que de (7) e (8), que o corpo com massa (m 6= 0) não pode
movimentar-se com velocidade igual a da luz, visto que neste caso a
energia e o momento serão infinitos.
Nós definimos a energia cinética como a diferença entre a energia
total e a energia de repouso, isto é

Ekin = E − E0 = mc2 (γ − 1) . (9)

No limite v/c ¿ 1, nós obtemos as equações de Newton


60 CAPÍTULO 4. TEORIA DA RELATIVIDADE

p~ = m~v

p~2 m~v 2
Ekin = =
2m 2
A última equação se obtém usando

1 1 v2
γ=q '1+
1 − v 2 /c2 2 c2

então
à !
2 2 1 v2 mv 2
Ekin = E − E0 = mc (γ − 1) = mc 1+ 2 −1 =
2c 2

logo

p~2 m~v 2
Ekin = =
2m 2
Exercicios
• Qual é a energia que contém 1 g. de areia?. Compare com as 7000
calorias que se recebem quando se esquenta 1 g. de carbono (1cal =
4, 18 Joules)

E = (10−3 Kg)(3.108 m/s)2 = 9.1013 Joules


Agora a energia quando se esquenta 1 g. de carbono é igual

(7000cal)(4, 18Joules/cal) = 2, 9.104 Joules

Desta forma a energia de repouso da areia é ∝ 3.109 vezes maior que a


energia a quı́mica.

• A energia cinética da partı́cula é igual a sua energia de repouso,


qual é a velocidade da partı́cula
4.10. EXERCICIOS 61

1
K = mc2 [(1−v 2 /c2 )−1/2 −1] = mc2 → (1−v 2 /c2 )−1/2 = 2 → 1−v 2 /c2 =
4

q
v/c = 3/4 → v = 0, 866c

• No acelerador TEVATRON, os prótons chegam a uma energia de


900 vezes da energia do repouso. Qual é a velocidade dos prótons?

E = 900mc2 = mc2 (1 − v 2 /c2 )−1/2 → 1 − v 2 /c2 = 1/9002

s
v 1 √
= 1− ' 0.999998765 → v = 0, 9999993827c
c 810000

4.10 Exercicios
• 1) Os pions se movimentam com velocidade v = 0.99c
a) Em quantas vezes aumenta a meia-vida dos pions que é medido
no sistema de laboratório. Meia vida dos pions τ = 1, 8x10−8 seg
b) Qual é a distância que eles percorrem durante este tempo
• 2) Um vagão de 20 m de comprimento se desloca ao longo do eixo
km
x com velocidade de 3600 seg . Na parte inicial e final caem dois raios ao
mesmo tempo vistos por um observador que está fora do vagão. Qual
é a diferença de tempo entre os dois raios desde o ponto de vista dos
passageiros.
02 2
• 3) Mostre que c2 t2 − ~r2 = c2 t − r~0 .
• 4) A produção de energia elétrica no Brasil é de 9.1018 joules, qual
é a massa que corresponde a esta energia.
• 5) A massa do próton no repouso é mp ∝ 1 GeV. Nos raios
cósmicos se pode encontrar prótons até com energia de 107 GeV. Con-
sideremos que o próton com tal energia atravessa a galaxia pelo diâmetro.
Este diâmetro é igual à 105 anos luz. Quanto tempo leva o próton nesta
viagem desde o ponto de vista dele?
• 6) Mostre que a energia de repouso do elétron é me c2 ∝ 0, 51 Mev.
62 CAPÍTULO 4. TEORIA DA RELATIVIDADE
Capı́tulo 5

Fı́sica Quântica

5.1 O Efeito Fotoelétrico


Em 1905 Einstein de forma contundente provó a teoria de Planck, de
acordo com a hipótese dele, a luz é constituida por quanta (fótons) de
energia hν que se propagam no espaço como um chumaço de projéties
com a velocidade da luz.
Arrojada, como a primeira vista parece ser esta hipótese, há não
obstante uma série completa de experiências que não podem se explicar
pela teoria ondulatória e sim usando a hipótese do fóton como partı́cula.
Citemos algumas experiências como prova da hipótese de Einstein.
A transformação mais direta da luz em energia mecânica ocorre no
efeito fotoelétrico (Hertz (1887), Hallwacks, Elster,..), se sobre uma
superfı́cie metálica (metais alcalinos) e num vácuo de grau elevado, in-
cide luz de pequeno comprimento de onda (ultravioleta). Se observa
em primeiro lugar que a superfı́cie se carrega positivamente o que sig-
nifica que perdeu electricidade negativa ou seja elétrons foram ejectados
do metal, logo de aqui podemos medir a corrente total que sai da su-
perfı́cie metálica e por outro lado determinar a velocidade dos elétrons
mediante um campo retardador. Experiências demonstraram que a
velocidade dos elétrons emergentes não depende da intensidade da luz
(número de fótons incidentes), porém o número desses elétrons aumenta
quando a luz é mais energética. Ainda demonstrou-se que a velocidade
dos fotoelétrons só depende da frequência ν da luz e se encontrou a

63
64 CAPÍTULO 5. FÍSICA QUÂNTICA

seguinte relação para a energia dos elétrons

E = hν − A

onde A é uma constante caracterı́stica do metal.


Sobre o ponto de vista da hipótese de Einstein, cada fótons de luz
que incide no metal e colide com um dos respectivos elétrons, comunica
toda sua energia ao elétron e desta forma o retira do metal, contudo
o elétron antes de sair perde uma parte desta energia igual ao trablho
A, requerido para abandonar o metal, ou seja para vencer a energia
de ligaçã do elétron mais afastado do núcleo no metal, Se a frequência
da luz for menor que a requerida então nenhum eletron irá escapar,
quando a frequência é aumentada então os eletrons serão ejetados com
energias cada vez maiores, ver figura

Si se parte da hipótese de que a luz incidente representa um campo


eletromagnêtico, pode-se deduzir o tempo que deve decorrer até que
uma partı́cula do metal possa tomar deste campo, por absorção a quan-
tidade de energia requerida para a libertação de um elétron, estes tem-
pos são da ordem de grandeza de alguns minutos, mas a experiência
provou que a emissão de fotoelétrons se desencadeia logo após o começo
da irradiação, logo a hipótese está errada
5.1. O EFEITO FOTOELÉTRICO 65

Exercı́cios
• Calcule a energia dos fótons visiveis (400 à 700 nm)

400nm < λ < 700nm


A energia do fóton com λ = 400 nm é
hc (4, 14.10−15 eV.s)(3.108 m/s) 12, 42.10−7 eV
E= = = = 3, 1eV
λ 400.10−9 m 4.10−7
A energia do fóton com λ = 700 nm é
hc 12, 42.10−7 eV
E= = = 1, 8eV
λ 7.10−7 m
Logo o rango de enrgia dos fótons visı́veis é de 1, 8 à 3, 1 eV

• Se incide sobre uma superfı́cie de chumbo com radiação eletro-


magnética. Qual é o comprimento de onda máximo da radiação que
causa a ejeção dos elétrons da superfı́cie do chumbo. Achumbo = 4, 3 eV

A condição é
hc hc
>A→λ<
λ A
Logo o comprimento de onda máximo é
hc 1242eV.nm
λ= = = 290nm
A 4, 3eV
• Se incide com radiação ultravioleta com um comprimento de onda
de 100 nm sobre um cátodo de aluminio. Quanto deve ser a voltagem
necessária para parar os elétrons?. AAl = 4, 3 eV

A relação da voltagem necessária para parar os elétrons e a energia


cinética máxima dos elétrons ejetados é
max hc
qV = EK = hν − A → −A
λ
Mas hc/λ é a energia do fóton e no caso de q = e, logo
à ! µ ¶
E max 1 hc 1 1242eV.nm
V = K = −A = − 4, 3eV = 8, 12V
e e λ e 100nm
66 CAPÍTULO 5. FÍSICA QUÂNTICA

5.2 O Efeito Compton


Compton (1922 − 1923) estudou o espalhamento dos raios X sobre um
bloco de parafina e verificou que a radiação espalhada possuia um com-
primento de onda diferente que a radiação primária, de modo que o
0
ν da onda espalhada é diferente do ν da radiação incidente, este ex-
perimento entra em contradição com a predição da teoria clássica, de
acordo com a teoria clássica do espalhamneto dos raios X por elétrons,
a radiação difundida tem sempre a mesma frequência ν que a radiação
primária, porque o elétron vibra ao mesmo ritmo que o vetor elétrico
da onda incidente e, como qualquer dipolo oscilante, gera uma onda
secundária de igual frequência.
Voltando para o resultado da experiência, este pode explicar-se
adoptando-se o ponto de vista corpuscular, isto é, se nós tratásemos
o fenômeno como um processo de choque elástico entre duas partı́culas,
o elétron e o fóton γ + e → γ + e. Sendo o momento do fóton p~
v
p= E
c2
e visto que o fóton se move com velocidade v = c, temos
E
p=
c
e como para o fóton E = hν, temos
hν h
p= =
c λ
visto que o fóton possue momento logo ele encontrando um obstáculo
vai experimentar uma pressão sobre este obstáculo, e o qual chamare-
mos pressão de radiação.
Na figura seguinte dá para ver que quando o fóton atinge o elétron,
o fóton comunı́ca-le energia cinética a custa de sua própia energia, o
fóton espalhado terá portanto uma energia menor
O cálculo exato da perda de energia desenvolve-se como no caso
do choque entre duas esferas elásticas, a quantidade de movimento to-
tal assim como a energia total devem ser as mesmas antes e depóis
do choque, isto é baseiam-se nos teoremas da conservação da energia
5.2. O EFEITO COMPTON 67

e da quantidade de movimento. A energia do fóton antes do choque


é hν e sua quantidade de movimento é é hν/c, as quantidades após o
0 0
choque são hν e hν /c. Considerando o elétron no repouso temos que
sua energia é igual à mc2 , onde m é a massa de repouso e sua quan-
tidade de movimento será igual a zero. Seja v a velocidade do elétron
depóis do choque, sua energia total, sua energia cinética e quantidade
de movimento serão mc2 γ, mc2 (γ −1) e mvγ, enquanto antes do choque
a energia cinética é nula.
Por conseguinte se ϕ for o ângulo de desvio do fóton e ψ o do elétron,
os teoremas de conservação da energia e da quantidade de movimento
serão, ver figuras

Antes da colisão Depois da colisão

A conservação da energia dá

0
hν + mc2 = hν + mc2 γ

e a conservação da quantidade de movimento, consequentemente


68 CAPÍTULO 5. FÍSICA QUÂNTICA

0
hν hν
= cos ϕ + mv cosψ
c c
0

0= sen ϕ − mv sen ψ
c
Fazendo algumas transformações com a primeira fórmula de p, obter-
emos
0 h
∆λ = λ − λ = (1 − cos ϕ)
mc
1−cos ϕ
usando 2
= sen2 ϕ2
0 h ϕ
∆λ = λ − λ = 2 sen2
mc 2
h
onde λ0 = mc = 0.0242A0 = 2, 42.10−3 nm, é o comprimento de onda
Compton.
Desta fórmula se vé que para ϕ = 0 nós temos ∆λ = 0, para
ϕ = 900 , ∆λ = 2λ0 ( √12 )2 = λ0 e para ϕ = 1800 nós temos ∆λ = 2λ0 .
De acordo com esta fórmula a variação do comprimento de onda
é independente do própio comprimento de onda e depende exclusiva-
mente do ângulo de espalhamento ϕ.
É preciso ainda salientar que o efeito Compton acontece para os
elétrons quasi livres ou seja para os átomos não pesados ou para os
elétrons periféricos dos átomos pesados, neste caso a energia de ligação
do elétron com o átomo é da ordem de elétrons-volts o que é muito
pouco em comparação com a energia dos fótons dos raios X. Para
átomos pesados os elétrons internos estão ligados fortemente com o
núcleo, neste caso não acontece o efeito Compton ou seja a frequência
do fóton espalhado é igual a frequência do fóton incidente.

Exercicios
• Calcule o comprimento de onda de Compton do elétron

h hc (4, 136.10−15 eV.s)(3.1017 nm/s)


λ0 = = =
me c me c2 0, 511.106 eV
5.3. MODELO ATÔMICO DE BOHR 69

1240eV.nm
λ0 = = 0.00242 nm
0, 511.106 eV

• O compriemnto de onda dos raios X que Compton usou em seus


experimentos foi de λ = 0.0711 nm, calcule sua energia

hc 1240 eV. nm
E = pc = = = 17440 eV
λ 0, 0711 nm

• Um raio X com um compriemto de onda de 0, 0062 nm incide


sobre um elétron no repouso. Supondo que o elétron recua com uma
0
energia cinética de 60 keV, calcule a energia do raio γ espalhado e
determine a direção com que é espalhado

5.3 Modelo Atômico de Bohr


Bohr em 1913 fornulou os fundamentos da mecânica quântica, ao esta-
belecer seus dois postulados, postulado sobre a existência dos estados
estacionários e o postulado das frequências

• Os átomos e os sistemas atômicos somente podem estar por muito


tiempo, em estados definidos (estados estacionários), nas quais as partı́culas
carregadas apesar delas estar se movendo, não irradiam ou absorvem
energia. Nestes estados os sistemas atômicos possuem energia que for-
mam uma série discreta: E1 , E2 , ...., En . O estado destas se caracteriza
pela sua estabilidade, qualquer mudança de energia como resultado da
absorção ou emissão da radiação eletromagnêtica ou como resultado da
colisão, pode acontecer somente quando ele pula de um estado para
outro

• Quando ele faz a transição de um estado estacionário para outro os


átomos absorvem ou emitem radiação, somente numa frequência bem
definida. A radiação que é emitida ou absorvida quando se transita
70 CAPÍTULO 5. FÍSICA QUÂNTICA

de um estado Em para outro En , é monocromâtica e sua frequência se


define pela ondição

hν = Em − En

Ambos estes potulados contradizem fortemente a eletrodinâmica


clássica, visto que pelo primeiro postulado os átomos não irradiam, ape-
sar que seus elétrons realizam movimento acelerado e no segundo pos-
tulado as frequências emitidas não tem nada a ver com as frequências
dos movimentos periôdicos dos elétrons.
Ao mesmo tempo que os postulados de Bohr exigem a existência
de uma consequência discreta de nı́veis de energia que correspondem a
órbitas quantizadas no átomo, a mecância clássica leva a uma quanti-
dade contı́nuia de órbitas. Isto significa que os fenômenos que acon-
tecem no mundo atômico se revela a discontinuidade, que é carac-
terizada pela constante de Planck, enquanto os fenômenos do mundo
macroscópico se caracterizam pela sua continuidade. Nós chegamos
então a conclusão de que a mecânica clássica com suas grandezas que
mudam continuamente não se pode aplicar a os fenômenos atômicos.
Bohr ao fazer estas hipóteses já tinha conhecimento do experimento
de Rutherford e dos resultados espectroscópicos de Balmer, então ele
usando todo isto e ainda o postulado de Planck sobre os osciladores
lineares, ele formnulou seus postulados, de acordo com o postulado de
Planck, de todos os possı́veis estados do oscilador linear somente se
realizam aqueles cujas energias são iguais

En = nhν

rescrevendo na forma E/ν = nh, então vemos que é igual a um múltiplo


de h.

5.4 Postulado de De Broglie


Em 1923 de De-Broglie apresentou sua corajosa hipótese e a qual estab-
elece que as partı́culas materiais, tais como os fótons, podem ter um as-
pecto de onda. Ele derivó as regras de quantização de Bohr-Sommerfeld
5.4. POSTULADO DE DE BROGLIE 71

como uma consequência de sua hipóteses, mais tarde Davisson and Ger-
mer (1927) confirmaram a existência do aspecto ondulatório na matéria,
mostrando através da difração de elétrons.
Admitindo desta forma que as partı́culas materiais possuem tanto
propriedades ondulatórias como corpusculares, de De-Broglie trans-
portou para o caso das partı́culas materiais a regra de transição de
uma forma para outra.
Supondo que nós tenhamos uma partı́cula material (elétron) com
massa m e que se move na ausência de um campo, isto é uniformemente
com velocidade v. Na forma corpuscular nós atribuimos a partı́cula a
energia E e o momento p, na forma ondulatória nós teremos correspon-
dentemente a frequência ν e o comprimento de onda λ, se estas ambas
formas representam diferentes aspectos de um mesmo objeto, então a
relação entre estas grandezas se estabelece através das relações

E = hν = h̄ω (3)

h
p = h̄~k = (4)
λ

onde λ = 2π/|~k| e h̄ = h/2π é a constante de Planck.


No caso de fenômenos ópticos nós usamos a relação (4) para definir
o momento do fóton, a qual representa uma partı́cula de massa de
repouso nula e a qual se move com a velocidade da luz, para partı́culas
materiais esta mesma relação dá o comprimento de onda

h
λ=
p

no caso de partı́culas com massa de repouso diferente de zero e pequenas


velocidades temos p = mv, e para partı́culas relativı́sticas p = mvγ,
logo

h
λ=
mvγ

Exercicios
72 CAPÍTULO 5. FÍSICA QUÂNTICA

1) Qual é o comprimento de onda de De-Broglie de uma partı́cula


que tem um momento de 1 keV/c
h hc 1240eV.nm
λ= = = = 1, 24 nm
p pc 103 eV

2) Calcule o comprimento de onda de uma bola de futebol de 0, 8


kg e de uma velocidade de 10m/s

p = mv = (0.8 kg)(10 m/s) = 8 kg.m/s

h 6, 6.10−34 J.s
λ= = = 8, 25.10−35 m
p 8 kg.m/s
3) Estime o comprimento de onda de De-Broglie de uma bola de
futebol que tem uma velocidade de uma distância atômica por mil anos
d 10−10 m
v= = 3 = 3.10−21 m/s
t 10 3.107 s
então o comprimento de onda é
h 6, 6.1034 J.s
λ= = −21
= 2, 75.10−12 m
p(= mv) 2, 4.10 kg.m/s

4) Sabemos que a velocidade do elétron no estado fundamental (livre


de qualquer perturbação) do átomo de hidrogênio é v = α c = c/137,
calcule o comprimento de onda.

p = mvγ = α mc

h hc hc 1240 eV.nm
λ= = = 2
= 1 = 0, 33 nm
p pc α mc ( 137 )(5.105 eV )
então temos que o comprimento de onda do elétron dentro do átomo
de hidrogênio é aproximadamente igual ao tamanho do átomo.
5) Elétrons de energia cinética K = 200 MeV são espalhados por
um alvo, cujos núcleos possuem uma distribuição de carga de raio R,
produzindo uma figura de difração onde a separação média entre os
mı́nimos é de θ ' 300 , avalie R.
5.5. FUNÇÃO DE ONDA 73

5.5 Função de Onda


A mecânica quântica é totalmente diferente da mecânica clássica, por
exemplo se conhecêssemos todas as forçãs que atuam sobre uma bola de
futebol poderiamos calcular precisamente seu percurso quando voasse
pelo ar. Na mecânica quântica nada de parecido é possı́vel, em qualquer
momento haverá certa probabilidade do elétron no átomo estar em certo
lugar como também certa probabilidade de estar em outro.
Na mecânica quântica os elétrons deixam de ter órbitas. Em vez de
isso formam nuvems de probabilidade de diferentes tamanhos e formas,
estas configurações são conhecidas como estados quânticos. Quando
ocorre um salto quântico, o elétron não passa de uma órbita para outra,
o que faz é uma transição entre dois estados diferentes. Como estados
diferentes estão associados a energias diferentes, os saltos quânticos
ainda produzem a emissão ou absorção de luz. A função de onda de
Shcrödinger associa com cada ponto no espaço tempo dois números, a
amplitude e a fase. De forma geral a fase da onda corresponde a posição
no ciclo com respeito a um ponto arbitrário de referência. Em outras
palavras é a medida de quão longe está da crista ou da depressão. A
fase é geralmente expressa através de um ângulo. Em contraste com a
amplitude que está relacionada com a probabilidade, a fase no pode ser
observada, somente diferenças de fase são observables, apresentemos a
seguinte formulação para a função de onda:
• Nós devemos substituir o conceito clássico de trajetoria pelo con-
ceito de estado que varia com o tempo, isto é o estado quântico de
uma partı́cula, por exemplo o elétron é caraterizado pela função de
onda ψ(r, t), que contém toda a informação possı́vel sobre a partı́cula
• ψ(r, t) é interpretado como a amplitude de probabilidade da ex-
istência da partı́cula e

dP (r, t) = C |ψ(r, t)|2 d 3 r

é interpretado como a probabilidade infinitesimal da partı́cula estar no


tempo t e no elemento de volume d3 r, |ψ(r, t)|2 é a correspondente
densidade de probabilidade e C é a constante de normalização, que tem
como efeito fixar a amplitude, visto que a linearidade da equação de
Schrödinger permite que uma função de onda seja multiplicada por uma
74 CAPÍTULO 5. FÍSICA QUÂNTICA

constante de valor arbitrário e ainda assim continue sendo uma solução


da equação.

5.6 Dualidade Onda-Partı́cula

Agora vejamos a parte mais intrigante da dualidade onda-partı́cula. Ve-


jamos a distribuição da intensidade condicionada pelos fótons os quais
atravssam as fendas A e B. Fechando a fenda B, nós obtemos a dis-
tribuição da intensidade que corresponde a fenda A. Para registrar os
fótons separadamente, quando eles batem no anteparo, póde-se usar
o contador de Geiger. A mesma figura se obtém, somente um pouco
deslocada, se fecharmos somente a fenda A.

Agora quando ambas fendas são abertas, a distribuicão da intensi-


dade não será a soma das intensidades de ambas fendas em separado,
porém é obtida a figura da interferência de Young de dois fendas. Desta
forma chegamos a um paradoxo, a luz possue propriedades tanto de
onda como de partı́cula (efeito fotoeletrico, Compton).

Em 1927, por causa da observação de propriedades ondulatórias


dos elétrons (difração de elétrons no cristal), este paradoxo chegou a
ser mais significativo.
5.6. DUALIDADE ONDA-PARTÍCULA 75

Cada elétron isolado deverá atravessar uma das fendas, consequente-


mente a distribuição dos elétrons no anteparo deverá ser a soma das
distribuições para cada fenda em separado, porém no lugar disto nós
observamos a figura de interferência de Young para dois fendas.
Agora vejamos a figura seguinte e suponhamos que quando a fenda
A está fechada 100 elétrons por segundo atravessam a fenda B, e quando
B está fechada 100 elétrons por segundo atravessam a fenda A
Supondo que detrás do anteparo é colocado um contador de Geiger
e este registra por segundo 100 elétrons, quando é aberta qualquer uma
das fendas. Logo no ponto p1 parece que 100 + 100 é igual a zero,
isto é quando ambas fendas estão abertas ao mesmo tempo o contador
deixa de registrar os elétrons. Isto significa que no ponto p1 se tem um
mı́nimo de interferência. Se nós abrirmos a fenda A e gradualmente
abrirmos a fenda B, então nós esperamos que a medida que é feita a
abertura da fenda B, a contagem do número de elétrons por segundo
deveria aumentar pouco a pouco de 100 até 200 elétrons por segundo,
no entanto em lugar disto nós observamos que o número de elétrons
diminue de 100 até zero no ponto p1 .

De que forma a abertura da fenda B pode influir sobre os elétrons,


que antes da abertura atravessavam a fenda A?. é preciso ainda assi-
nalar que a ideia clássica de que as condições iniciais vão a determinar
76 CAPÍTULO 5. FÍSICA QUÂNTICA

completamente o subsequente movimento da partı́cula, é destruida.


Agora se nós colocasemos o contador de Geiger no ponto p2 , então a
medida que é feita a abertura, a velocidade da contagem irá aumentar
de 100 elétrons até 400 elétrons por segundo, desta forma 100 + 100 =
400.
O formalismo matemâtico com a qual se resolve este paradoxo,
coloca em correspondência a cada partı́cula uma amplitude de prob-
abilidade E(x, y, z, t) e a qual representa uma função do espaço tempo.
A probabilidade de localizar a partı́cula em um momento arbitrário t e
em qualquer ponto (x, y, z) é proporcional à |E(x, y, z, t)|2 . O quadrado
do módulo se usa porque em geral E é uma função complexa. For-
malmente ela possue propriedades das ondas clássicas e por isso são
chamadas de funções de onda.
Se os eventos podem ocorrer de tal forma que eles se excluam mutu-
amente, isto é quando as partı́culas possam atravessar ou a fenda A ou
a fenda B, então a amplitude de probabilidade deste evento representa
a soma das amplitudes de probabilidade de cada um deles.

E = E1 + E2
onde E1 descreve a onda que atravessa a fenda A e E2 a onda que
atravessa a fenda B. No anteparo ambas funções se cobrem e recebemos
a figura clássica de interferência de duas fendas. Este formalismo coloca
as bases da mecânica ondulatória ou mecânica quântica.
Exercicios

1) Na figura seguinte no ponto P , se encontra o contador de Geiger.


A amplitude de onda que atravessa a fenda A e chega ao ponto P, em
unidades condicionadas é igual à EA = 2 e no caso da fenda B temos
EB = 4. Se somente estiver aberta a fenda A, então no ponto P se
registra por segundo 1000 elétrons.
a) Quantos elétrons se registram por segundo se somente estiver
aberta a fenda B.

b) Se ambas as fendas estiveram abertas e acontecer que a inter-


ferência é construtiva, quantos elétrons por segundo se registrariam?

c) E no caso da interferência destrutiva?


5.7. PRINCÍPIO DE INCERTEZA 77

5.7 Princı́pio de Incerteza


Heisenberg tomo como ponto de partida o estado quântico de um sis-
tema (elétron, átomo, molécula, etc) e arguiu que para formular a
mecânica do sistema é necessário o ato da observação. Aqui por ob-
servação estamos nos referindo a interação do sistema com a luz. Na
ausência da interação o sistema estaria totalmente isolado del mundo
exterior e então seria totalmente irrelevante. Somente por alguma forma
de interação ou obervação o sistema existiria em um estado definido.
O princı́pio de incerteza de Heisenberg resulta da realização, que
qualquer ato de observação sobre o sistema quântico irá perturbar-lo,
isto é, negando o conhecimento preciso do sistema ao obervador. Isto
pode ser ilustrado pela análises da observação sobre o espalhamento
de um fóton sobre um elétron num estado atómico. O comprimento de
onda do fóton está relacionado com seu momento pela seguinte equação
h
λ= .
p
Isto significa que quanto maior é o momento do fóton menor é seu
comprimento de onda e vice-versa, ver figura seguinte

Logo, se nós quiser-mos determinar a posição do elétron tão preciso


quanto possı́vel, nós devemos usar o fóton com o maior momento o
que significa menores comprimentos de onda. No entanto usando o
fóton com momento alto, embora se ganhe uma boa estimativa sobre
a posição do elétron no instante da medida o elétron será perturbado
violentamente pelo momento alto do fóton e desta forma o momento
será muito incerto. Esto é expresso matematicamente pelo produto das
78 CAPÍTULO 5. FÍSICA QUÂNTICA

incertezas de dois parâmetros conjugados que deve ser maior ou igual


a constante de Planck, isto é

∆x ∆p ≥ h .

Colocando agora p = mv, então de ∆p = m∆v, teremos


h
∆v = (8)
m∆x
onde ∆v depende de h e m. A dizer verdade a relação de incerteza
deverá servir para qualquer massa. Supondo agora que nós tenhamos
um corpo com massa m = 1 gr e suponhamos que a incerteza ∆x não
deve superar 10−4 cm, neste caso
6, 67.10−27
∆v = −4
= 6, 67.10−23
10
ou seja a incerteza da velocidade está longe de poder ser medida. Como
era de se esperar a relação de incerteza para os corpos macroscópicos
practicamente não tem nenhuma importância.
No entanto se a relação de incerteza aplicar-mos para o elétron então
o resultado será diferente. A massa do elétron é igual à 9.10−28 gr, isto
é da mesma ordem de grandeza que h. Neste caso a ordem de grandeza
de ∆v evidentemente depende da precisão da definição da posição, isto
é de ∆x. Supondo por exemplo que se queira estabelecer que um elétron
pertença a um àtomo, neste caso a precisão da posição deverá ser no
mı́nimo ∆x = 10−9 cm, visto que a dimensão do átomo é da ordem de
10−8 cm, logo teremos
6, 67.10−27
∆v = = 7, 3.109 cm/s
0, 9.10−27 .10−9
De outro lado nós sabemos que a velocidade do elétron no átomo é
da ordem de 108 cm/s. Então nós vemos que neste caso a incerteza da
velocidade do elétron é maior em quasi duas ordens de grandeza que a
velocidade própia do elétron no átomo. Isto mostra que nos sistemas
microscópicos a relação de incerteza joga um papel decisivo.
Por outro lado é conhecido se a partı́cula ficar no repouso, então
a incerteza no momento é ∆p = 0. De aqui póde-se pensar que com
5.7. PRINCÍPIO DE INCERTEZA 79

ayuda de um microscópio é possı́vel definir a posição de uma partı́cula


e ao mesmo tempo violar a relação de incerteza. O microscópio permite
definir a posição da partı́cula no melhor dos casos, com uma precisão
de comprimento de onda da luz usado por ele, logo ∆x = λ, visto que
∆p = 0 então ∆x ∆p = 0, consequentemente o princı́pio de incerteza é
violado.
Mais da teoria quântica nós sabemos que a luz é composta de fótons
com momento p = h/λ. Para observar a partı́cula, o fóton que é
pego pela lente deve espalhar-se ou absorver-se. Consequentemente
será transmitido a partı́cula um momento que é igual à h/λ. Desta
forma no momento da observação da posição da partı́cula com uma
precisão ∆x = λ a incerteza no momento é ∆p ≥ h/λ, logo temos
h
∆x ∆px ≥ λ =h.
λ

Exercicios
1) Estime a energia cinética mı́nima de uma bola de futebol confi-
nada em uma caixa de zapatos de 50 cm

∆x = 0, 5 m m = 0, 8 kg

Então a energia cinética mı́nima é


h2 (6, 6.10−34 J.s)2
< EK >min = 2
= 2
= 6, 6.10−67 J = 6, 6.10−48 eV
2m(∆x) 2(0, 8 kg)(0, 5 m)

2) Estime a energia cinética mı́nima de um elétron confinado pela


força eletromagnêtica a estar dentro do átomo

A incerteza na posição do elétron é aproximadamente igual ao raio


atômico ∆x ' 0, 1 nm e a massa do elétron é m = 0, 5 M eV /c2 , logo a
energia cinética meia do elétron é
h2 c2 (1240 eV.nm)2
< EK >min = = = 1, 24 eV
2mc2 (∆x)2 2(5.105 eV )(0, 1 nm)2
80 CAPÍTULO 5. FÍSICA QUÂNTICA
Capı́tulo 6

Equação de Schrödinger para


o Átomo de Hidrogênio

6.1 Equação de Schrödinger em Três Di-


mensões
O universo atualmente está constituido de 75% de Hidrogênio e 24, 999%
de Hélio, todos os demais elementos existem apenas em quantidades
relativamente pequenas e o assunto de este capı́tulo é sobre o átomo
de Hidrogênio. A teoria de Schrödinger do átomo de um elétron é
de grande importância prática, porque fornece os fundamentos para o
tratamento quântico dos átomos de muitos electrons como também para
as moléculas e núcleos, é preciso assinalar que o átomo de um elétron
é o sistema ligado mais simples da natureza e sobre o qual trataremos
em seguida.
Consideremos um elétron que se move sobre a ação do potencial
coulombiano

KZe2
V = V (x, y, z) = − √
x2 + y 2 + z 2
1
sendo que K = 4πε 0
= 8, 99.109 newton metro2 /coulomb2 é a constante
de força elétrica na lei de Coulomb, que nós colocaremos K = 1, e x, y
e z são coordenadas retangulares do elétron de carga -e.

81
82CAPÍTULO 6. EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER PARA O ÁTOMO DE HIDROGE

Em relação ao núcleo fixo na origem, a raiz quadrada no denomi-


nador é a distância r que separa o elétron do núcleo. A carga nuclear é
+Ze (Z = 1 para o átomo de higrogênio, Z = 2 para o hélio, etc).
Agora escrevamos a equação de Schrödinger para este sistema tridi-
mensional, para isto escrevamos a expressão clássica para a energia
total do sistema
p2x + p2y + p2z
E= + V (x, y, z)
2m
substituindo as grandezas dinâmicas px , py , pz e E pelos operadores
diferencias associados ou seja
∂ ∂
px j ↔ −ih̄ , j = x, y, z, E ↔ ih̄
∂xj ∂t
obtemos
h̄2 ∂ 2 ∂2 ∂2 ∂
− ( 2 + 2 + 2 ) + V (x, y, z) = ih̄
2m ∂x ∂y ∂z ∂t
Agora operando cada termo na função de onda ψ = ψ(x, y, z, t)
obtemos a equação de Schrödinger em coordenadas cartesianas
" #
h̄2 ∂ 2 ψ(x, y, z) ∂ 2 ψ(x, y, z) ∂ 2 ψ(x, y, z)
− + + +V (x, y, z)ψ(x, y, z, t)
2m ∂x2 ∂y 2 ∂z 2

∂ψ(x, y, z, t)
= ih̄
∂t
ou também
h̄2 2 ∂ψ
− ∇ ψ + V ψ = ih̄
2m ∂t
onde
∂2 ∂2 ∂2
∇2 = + +
∂x2 ∂y 2 ∂z 2
é chamado operador Laplaciano. Usando esta equação de onda Schrödinger
mostro que a função de onda do elétron pode assumir somente valores
discretos de energia e que esta equação que governa a esta função de-
onda pode predizer o comportamento do sistema.
6.1. EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER EM TRÊS DIMENSÕES 83

6.1.1 Solução da Equação de Schrödinger para o


Estado s
Procuremos agora a solução para o estado fundamental do átomo de
um elétron caracterizado pelo número quântico l = 0 ou seja o estado
s. Este estado possue simetria esférica e esto implica que a função de
onda ψ somente depende do raio r ou seja para qualquer valor de θ e ϕ a
função de onda é a mesma, logo ψ(r, θ, ϕ) → ψ(r) e consequentemente

h̄2 2
− ∇ ψ(r, θ, ϕ) + V (r)ψ(r, θ, ϕ) = Eψ(r, θ, ϕ)
2m

à ! à !
1 d 2 dψ(r) 2m Ze2 2m
2
r − 2 − ψ(r) + 2 Eψ(r) = 0
r dr dr h̄ r h̄

à !
1 d 2 dψ 2m Ze2
r + (E + )ψ = 0
r2 dr dr h̄2 r

à ! à !
2
1 dψ 2d ψ 2m Ze2
2r + r + 2 E+ ψ=0
r2 dr dr2 h̄ r
ou
d2 ψ 2 dψ 2a
2
+ + (λ + )ψ = 0 (1)
dr r dr r
onde por simplicidade tomamos K = 1, ainda substituimos λ = E 2m h̄2
e
mZe2 −εr
a = h̄2 . A solução mais simples desta equação é ψ = e , visto que
é finita para r = 0 e é zero para r → ∞. Efetivamente derivando ate
segunda ordem, temos

= −εe−εr
dr

d2 ψ
2
= ε2 e−εr
dr
84CAPÍTULO 6. EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER PARA O ÁTOMO DE HIDROGE

colocando estas expressões em (1), obtemos


2 2a
ε2 e−εr − εe−εr + λe−εr + e−εr =0
r r
ou
1
(ε2 + λ) + (−2ε + 2a) = 0
r
Esta relação deve valer para quaisquer r, por isso os termos que
estão entre parentêsis devem ser iguais a zero, ou seja

ε2 = −λ ε=a

Tomando en conta os valores de λ e a, temos


mZe2 2 m2 Z 2 e4 2m mZ 2 e4
ε= →ε = = −E 2 → E = −
h̄2 h̄4 h̄ 2h̄2
2 4
Se nós comparamos com a fórmula de Bohr En = − mZ e
2n2 h̄2
, então
nós vemos que o resultado obtido é para o primeiro nı́vel do átomo de
Hidrogênio ou seja n = 1, logo nosso estado s será caracterizado pelos
números quânticos n = 1 e l = 0.
Colocando Z = 1, nós obtemos a energia para o átomo de hidrogênio
no estado fundamental ou se nós trocamos o sinal nós obteremos a
energia de ionização respectivamente .
me4
I = −E1 = = 13, 6eV
2h̄2
este valor coincide com o valor experimental. Agora calculemos a prob-
abilidade de encontrar um elétron em um elemento de volume dτ

P (r)dτ = |N |2 ψ 2 dτ = |N |2 e−2εr r2 senθ dθ dϕ dr

A probabilidade de encontrar um elétron entre r e r+dr do núcleo


em qualquer direção, encontra-se através da integração de (2) sobre os
ângulos
Z 2π Z π
P (r)dr = |N |2 r2 e−2εr dr dϕ senθdθ = |N |2 4πr2 e−2εr dr
0 0
6.1. EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER EM TRÊS DIMENSÕES 85

De aqui dá para ver do exponente que a constante ε tem a dimensão


de diastância−1 = a−1 , logo a probabilidade P (r) é zero quando r = 0
e vai assimptoticamte a zero quando r → ∞. Encontremos a distância
para a qual a probabilidade têm um máximo, para isto diferenciando a
última expressão em r e colocando o resultado igual a zero, obtemos

4π|N |2 (2re−2εr − 2εr2 e−2εr ) = 0

1 1 h̄2
(r − r2 ε) = 0 → r = = = (2)
ε a me2
2
onde nós denotamos a distância 1ε = r = a1 = me h̄
2 , e ele depende de

constantes universais e, m e h̄ e é chamado de raio de Bohr.


Temos que tomar em conta que o estado 1s tem simetria esférica
de tal forma que a distribuição de probabilidade deve representar uma
nuve esférica.
Densidade de Probabilidade

Calculemos agora o fator de normalização, para isto vamos nor-


malizar a um nossa função de probabilidade
Z Z ∞ Z π Z 2π
1 = |N |2 ψ ∗ ψdτ = |N |2 e−2r/a1 r2 dr senθ dθ dϕ
0 0 0

Z ∞
2
= |N | 4π r2 e−2r/a1 dr
0

Usando a integral
Z ∞
n!
In = rn e−δr dr =
0 δ n+1
onde δ = 2/a1 e considerando que nossa integral é de segunda ordem,
temos que
Z ∞
2 2a31 a31
I2 = r2 e−2r/a1 dr = = =
0 δ3 23 4
Logo
86CAPÍTULO 6. EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER PARA O ÁTOMO DE HIDROGE

1
1 = |N |2 πa31 → N = 3/2
π 1/2 a1
Desta forma nossa autofunção fica
1
ψ= 3/2
e−r/a1
π 1/2 a1
Esta função nós usaremos para calcular os valores esperados. Cal-
culemos o valor esperado da coordenada
Z
1 Z 2π Z π Z ∞
r= ψ ∗ rψdτ = dϕ senθ dθ re−2r/a1 r2 dr
πa31 0 0 0

4 Z ∞ 3 −2r/a1
= 3 r e dr
a1 0
onde
Z ∞
3.2 6a41 3 4
I3 = r3 e−2r/a1 dr = = = a
0 δ4 24 8 1
então o valor esperado para a coordenada é
4 3 4 3
r= a = a1
a31 8 1 2
Calculemos agora o valor esperado da energia potencial
µ ¶
2 1
U = −e
r
onde
µ ¶ Z ∞
1 1 1 4 Z ∞ −2r/a1
= 3 4π e−2r/a1 r2 dr = 3 e rdr
r πa1 0 r a1 0
e nosso I1
Z ∞
1 a2
I1 = e−2r/a1 rdr = = 21
0 ε 2
6.1. EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER EM TRÊS DIMENSÕES 87
³ ´
1
cosequentemente nossa expressão r
fica

1 4 a2 1
( )= 3 1 =
r a1 4 a1
Logo o valor esperado da energia potencial é

e2
U =−
a1

Desta forma U é mesmo a energia potencial do elétron na distância


a1 , considerando o valor de a1 nós encontramos
2
me me4
U 1s = −e2 2 =− 2
h̄ h̄
logo encontramos que o valor esperado da energia potencial é duas
vezes a energia total (U 1s = 2E1 ), agora o valor esperado para a energia
cinética nós obtemos de T + U = E
me4 me4 me4
T =− + = + (2, 1)
2h̄2 h̄2 2h̄2
que é igual a energia total com sinal trocado.
Exercicios
• Prove que a densidade de probabilidade ψ ∗ (x, t)ψ(x, t) é neces-
sariamente real, positiva ou nula.

Qualquer função complexa ψ(x, t) pode ser escrita como

ψ(x, t) = R(x, t) + iI(x, t)

onde R(x, t) e I(x, t) são funções reais.


O complexo conjugado de ψ(x, t) é definido como

ψ ∗ (x, t) = R(x, t) − iI(x, t)

Multiplicando as duas, obtemos

ψ ∗ ψ = (R − iI)(R + iI) = R2 − i2 I 2 = R2 + I 2
88CAPÍTULO 6. EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER PARA O ÁTOMO DE HIDROGE

Portanto a densidade de probabilidade é igual a soma de dois quadra-


dos de duas funções reais, de aqui ψ ∗ (x, t)ψ(x, t) deve ser real positiva
ou nula.

• Se

ψ = ei(kr−wt) + ei(kr+wt)

calcule a densidade de probabilidade ψ ∗ ψ

• Verifique que a equação de Schrödinger é linear em relação a


função de onda ψ(x, t), isto é péde-se mostrar que se ψ1 (x, t) e ψ2 (x, t),
são duas soluções da equação de Schrödinger para um dado V (x, t)
particular, então

ψ(x, t) = c1 ψ1 (x, t) + c2 ψ2 (x, t)

também é uma solução para a mesma equação.

Escrevendo a equação de Schrödinger na forma seguinte

h̄2 ∂ 2 ψ ∂ψ
− 2
+ V ψ − ih̄ =0
2m ∂x ∂t
e substituindo na condição de linearidade, teremos
" # " #
h̄2 ∂ 2 ψ1 ∂ψ1 h̄2 ∂ 2 ψ2 ∂ψ2
c1 − 2
+ V ψ1 − ih̄ + c2 − 2
+ V ψ2 − ih̄ =0
2m ∂x ∂t 2m ∂x ∂t
visto que c1 e c2 são arbitrários, então cada corchete é zero e conse-
quentemente ψ1 e ψ2 são soluções desta equação para o mesmo V.
• Mostre que a probabilidade do elétron encontrar-se tanto em r = 0
como em r → ∞ é P (r) = 0

6.2 Momento Magnêtico Orbital


Introduzamos a energia de interação magnêtica, como sendo

~
W = −~µB (1)
6.2. MOMENTO MAGNÊTICO ORBITAL 89

onde ~µ é o momento magnêtico de dipolo e que está relacionada com


a circulação de cargas ao redor do núcleo e B é o campo magnêtico
aplicado. O vector do momento magnêtico parametriza a estrutura
magnêtica do àtomo e o campo magnêtico externo actua identificando
esta estrutura. Nós tomamos B como constante no espaço e tempo e
observamos da equação (1) que a energia é mı́nima quando µ está alin-
hada a B. Visto que o momento magnêtico do àtomo está directamente
relacionado com o momento angular então nós estudaremos a relação
entre estas duas quantidades para o caso de àtomos de um elétron.
A magnitude do momento magnêtico é igual ao produto da corrente
eletrônica eν vezes a àrea percorrida πr2 , logo

µ = πr2 eν

Classicamente o momento orbital do elétron é igual à

L = mvr = 2πr2 mν

onde v = 2πνr. Logo de estas duas relações vemos que µ e L contêm o


fator cinemâtico r2 ν e que a relação entre ambas magnitudes depende
somente de constantes fundamentais, ou seja
µ e
=
L 2m
ou na representação vetorial
e ~
~µ = − L
2m
onde nós consideramos que os vetores ~µ e L ~ tem direções opostas para
uma partı́cula negativa orbitando ao redor do núcleo, ainda é preciso
assinalar que este resultado é válido tanto para órbitas circulares como
para elı́pticas. Ver figura seguinte
A proporcionalidade entre ~µ e L ~ é uma propriedade geral de uma
distribuição de cargas rodando. O momento magnêtico e o momento
angular de um corpo arbitrârio rodando com massa M e carga Q sempre
satisfazem a relação
Q ~
~µ = g L
2M
90CAPÍTULO 6. EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER PARA O ÁTOMO DE HIDROGE

onde g é chamado de fator-g orbital, que depende da distribuição que


circula e que para o elétron é igual a um
Escolhendo a componente z do momento angular e tomando Lz = h̄,
então teremos
eh̄
µB =
2m
onde µB é conhecido como o magnetón de Bohr
• Exemplo.- Calcule o valor numérico do magnetón de Bohr.
m
eh̄ (1, 602.10−19 C)(1, 055.10−34 J.s) −24 C.kg.m. s2 .s C
µB = = −31
= 9, 27.10 = 9, 27.10−24
2m 2(9, 11.10 Kg) Kg s

µB = 9, 27.10−24 A.m2

6.3 A Experiência de Stern-Gerlach e o


Spin do Elétron
De acordo com o modelo de Bohr devia existir somente uma linha es-
pectral para o átomo de hidrogênio no estado s, mais apareciam duas
linhas quase juntas então os fı́sicos Sam Goudsmit and George Uhlen-
beck propuseram que o elétron girava sobre seu própio eixo enquanto
ele orbita ao redor do núcleo (da mesma forma que a terra gira ao redor
do eixo norte-sul enaquanto ela orbita ao redor do sol).
A separação das linhas espectrais é explicado pela existência de
efeitos magnéticos dentro do átomo. O elétron orbita ao redor do núcleo
e forma uma corrente circular, que a sua vez gera um campo magnético.
O giro (spin) do elétron ao redor de seu própio eixo forma uma corrente
circular ainda menor e esta corrente gera outro campo magnético, este
momento magnético do elétron pode somar ou substrair do momento
magnético principal do átomo, dependendo da forma que o elétron gira.
Isto levará à pequenas diferenças de energia para a órbita eletrônica e
resultará na separação das linhas espectrais associadas com a órbita de
Bohr.
Agora vamos mostrar a existência do spin do elétron através do
experimento de Stern-Gerlach. Para isto vamos usar àtomos de um
6.3. A EXPERIÊNCIA DE STERN-GERLACH E O SPIN DO ELÉTRON91

elétron, cuyos estados não excitados são do tipo s ou seja l = 0. Quando


o experimento mostre que o àtomo possue um momento mecânico e
magnêtico, então nós devemos atribuir estas propriedades ao elétron de
valência

A figura mostra a trajetória do àtomo de um elétron emitido de um


forno de alta temperatura, os àtomos que estão no forno atravessam
a abertura do forno em linha reta; a fenda colimada F seleciona tais
àtomos cuyas velocidades são paralelas a direção escolhida (eixo 0y),
depóis estes àtomos são desviados pelo gradiente do campo magnêtico
criado pelo eletromagneto e concentrados sobre N da placa P.
Agora o campo magnêtico não pode ser homogêneo (constante),
caso fosse homogêneo a ação deste campo sobre um dipolo magnêtico,
(pois uma corrente circular possue um momento magnêtico, por isso,
o mesmo se comporta como um dipolo magnêtico na presença de um
campo magnêtico), atuará sobre este com um par de forças iguais e em
sentido contrário.

Agora quando atua um campo não homogêneo então ele atuará com
diferentes intensidades sobre os polos e fará com que um deles se desvie.
Calculemos esta força, para isto introduzamos a energia de interação
92CAPÍTULO 6. EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER PARA O ÁTOMO DE HIDROGE

magnêtica,
~
W = −~µB
onde ~µ é o momento magnêtico de dipolo e B é o campo magnêtico
aplicado. Logo a força exercida sobre o àtomo é

~ = µx ∂Bx ∂By ∂Bz


F = −∇W = +∇(~µB) + µy + µz
∂x ∂y ∂z

Devido a que o àtomo pode ser representado por um pião, (o elétron


gira ao redor do núcleo e ao redor de si mesmo, logo é um pião), então
aparecem precessões na direção do campo, pois o campo está na direção
z, logo nós assumimos relacionada a esta precessão, que as proyeções de
µ com respeito aos eixos x e y tomam alternadamente valores positivos
e negativos e são na média igual a zero. A proyeção sobre o eixo z é
constante e o valor médio da força que atua sobre o dipolo é

∂Bz
F = µz
∂z
A componente z do momento magnêtico é proporcional ao momento
mecânico o qual somente admite um número limitado de valores discre-
tos. Cosequentemente a linha espectral se divide pela ação do campo
magnêtico em tantas linhas espectrais individuais quanto o valor de Lz
forneçer.
O experimento mostrou que no caso do àtomo de hidrogênio, litio,
prata e metais alcalinos apareçem duas faixas simétricas. Isto mostra
que a linha se divide em duas partes pela ação do campo magnêtico,
que tem a mesma intensidade e estão em sentidos opostos.
Para poder comprender o conteúdo deste resultado é necessário lem-
brar que o estado de energia mais baixo dos àtomos de hidrogênio, litio
e prata é o estado s.
A divisão observada está condicionada ao fato que além do momento
angular que é caracterizado através do número quântico l, o elétron
possue ainda um momento própio (intrı́nseco), é dizer o momento de
spin. O fato que para l = 0 se possam obter duas faixas e não três
ou mais prova diretamente que a proyeção do spin sobre a direção do
campo somente admite dois valores
6.3. A EXPERIÊNCIA DE STERN-GERLACH E O SPIN DO ELÉTRON93

Logo para caraterizar este momento angular nós introduzimos um


novo número quântico denominado spin s. O momento angular se cal-
cula através das leis da mecânica quântica, isto é
q
S = h̄ s(s + 1)
as proyeções sobre o eixo z pode tomar 2s + 1 valores diferentes em
unidades de h̄, ou seja Sz = ms h̄
Agora nós devemos explicar com ayuda desse número quântico,
porque cada nı́vel se divide em dois subnı́veis, logo de aqui, nós nos
vemos obrigados a atribuir o valor 12 para o número quântico de spin,
porque somente neste caso o número de divisões 2s+1 fornecerá o valor
2, realmente

2s + 1 = 2(1/2) + 1 = 2
q
Logo temos que o valor do momento de spin é igual à S = h̄ 34 e a
proyeção sobre um eixo somente pode admitir dois valores + h̄2 e − h̄2 de
aqui ms = + 21 , − 12 .
No capı́tulo anterior nós vimos que entre o momento magnêtico e o
momento angular existe a relação
e
µ= Lz
2m
onde nós tomamos a componente z do momento angular e colocamos
Lz = 1h̄, logo obtivemos o magneton de Bohr, ou seja
eh̄
µ= = µB
2m
Supondo que a mesma relação serva para o spin, então o momento
magnêtico seria igual a metade do magneton de Bohr, visto que Sz = 12 ,
logo para sanar isto coloquemos o momento magnêtico de spin igual à
e
µs = 2 Sz
2m
e de aqui vemos que o fator orbital g, agora chamado de fator g de spin
é igual a 2 (g = 2) e consequentemente
e
µs = g Sz
2m
94CAPÍTULO 6. EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER PARA O ÁTOMO DE HIDROGE

6.4 Teoria da Tabela Periódica


Esta teoria se baseia nos dois seguintes princı́pios
• Números Quânticos .- O estado energêtico de um elétron no
átomo é caracterizado por quatro números quânticos n, l, ml , ms .
• Princı́pio de Pauli .- Em um átomo somente pode existir um
elétron em um estado descrito pelos quatro números quânticos, isto
é, dois elétrons que estão ligados em um átomo podem no mı́nimo
diferenciar-se através de um número quântico.
O número total de elétrons que um átomo possue póde-se calcular
da seguinte forma : para um dado valor de n os elétrons podem-se
diferenciar através do número quântico l, que pode tomar n valores
0, 1, ..(n−1), agora quando se fixa o n e l no átomo podem encontrar-se
2(2l + 1) elétrons, isto é quando l = 0, o átomo pode ter dois s-elétrons,
quando l = 1, o átomo pode ter seis p elétrons e assim adiante, logo o
número total de elétrons no átomo com um mesmo n pode ser expresso
através da soma
n−1
X
2(2l + 1) = 2(1 + 3 + 5 + ....) = 2n2
l=0

Na seguinte tabela são dados os números máximos de elétrons que


cada nı́vel possue

n l= s(0) p(1) d(2) f(3) g(4) elétrons


1 2 2
2 2 +6 8
3 2 +6 +10 18
4 2 +6 +10 +14 32
5 2 +6 +10 +14 +18 50
O número total de elétrons com um mesmo número quântico princi-
pal forma uma camada, para diferentes valores de n as camadas podem
ser designadas através das letras

n 1 2 3 4 5
capa K L M N O
6.4. TEORIA DA TABELA PERIÓDICA 95

Nós veremos que para construir a tabela periódica real algumas


etapas serão violadas e isto devido a que nós consideramos que cada
elétron está se movendo em um potencial central e que a interação entre
eles é nula.
Primeiro vem o átomo de hidrogênio com o elétron estando no estado
1s, isto é n = 1 e l = 0, depóis o hélio com seus dois elétrons ligados no
estado 1s de acordo com o princı́pio de Pauli, logo vem o átomo de lı́tio
cujo terceiro elétron não pode encontrar-se mais no estado 1s, visto
que a camada K(n = 1) já foi completada, o próximo estado energêtico
possı́vel é o estado 2s (n = 2, l = 0), o elétron de valência do lı́tio
certamente estará ligado a este estado.
O quarto elétron do berilio estará também ligado ao estado 2s, o
quinto elétron do boro não pode ocupar o estado 2s, visto que a sub-
camada já foi prenchida (n = 2, l = 0), o quinto elétron deve ocupar
então um estado com um l mais alto ou seja n = 2, l = 1, por isso ele
ocupará o estado 2p. Os outros elétrons até o décimo (neon) ocuparão o
mesmo estado, visto que a subcamada n = 2, l = 1 possue seis lugares,
logo teremos para o neon a configuração 1s2 2s2 2p6 onde os exponentes
indicam os números dos elétrons, ver tabela

2p ↑
2s ↑ ↑↓ ↑↓
1s ↑ ↑↓ ↑↓ ↑↓ ↑↓
átomo H He Li Be B

Visto que o décimo elétron do neon fecha a camada L, o décimo


primeiro elétron do sódio ocupará o estado (n = 3, l = 0) e assim
continuará até o argonio (Z = 18) na qual a subcamada 3p será fechada.
O décimo nono elétron do potássio (19 K) deve ocupar o estado 3d de
acordo com o esquema ideal, mais visto que o estado 3d está mais baixo
que o estado 4s (ou seja ao estado 3d le corresponde uma maior energia
que o estado 4s), então o décimo nono elétron deve incorporar-se ao
estado 4s, visto que os elétrons vão a prencher as camadas ocupando
as de menor energia ate as de maior energia. O vigésimo elétron do
96CAPÍTULO 6. EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER PARA O ÁTOMO DE HIDROGE

cálcio igualmente ocupará o estado 4s. Só com o escándio (21 Sc) será
retomada a ocupação normal da subcamada 3d.
Uma interrupção análoga da ocupação normal acontecerá com o
rubidio (37 Rb), seu trigésimo sétimo elétron ocupará não o estado 4d,
mais o estado 5s. O trigésimo oitavo elétron do strónio (38 Sr) ocupará
também o estado 5s, mais do elemento itrium (39 Y ) até o paládio (46 P d)
a capa 4d será ocupada.
Esta interrupção também aconteçe nas terras raras. Com o quintu-
plo oitavo elétron do cério (58 Ce) começará a prencher-se a subcamada
4f que vai até o lutério (71 Lu). E no último grupo depóis do actinio
(89 Ac) está o segundo grupo de terras raras que começa com o tório
(90 T h).

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