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UNIVERSIDADE ROVUMA

FACULDADE DE ENGENHARIA E CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA

Curso de: Licenciatura Em Engenharia Mecânica


Menor: Concepção e fabrico
Cadeira: Ensaios Mecânicos

Mário Manuel Muacuelia

Tercio Belito Elias

Vasco António Soares Mahaua

TEMA: ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS (END)

 Ensaios de Ultrassom

 Ensaios de Radiografia

 Ensaios de Correntes Parasitas

Nampula

2023
Mário Manuel Muacuelia

Tercio Belito Elias

Vasco António Soares Mahaua

CURSO DE: LICENCIATURA EM ENGENHARIA MECÂNICA

(Ensaios Mecânicos)

TEMA: ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS (END)

 Ensaios de Ultrassom

 Ensaios de Radiografia

 Ensaios de Correntes Parasitas

O presente trabalho de pesquisa é de carácter


avaliativo a ser apresentado na cadeira de
Ensaios Mecânicos. Lecionado pelo Docente:
Eng. Milagre M. Inácio Salimo

Universidade Rovuma

Nampula

2023
Índice
CAPITULO I: INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS ..................................................................... 5

1. Introdução............................................................................................................................ 5

1.1. Objectivos do Trabalho ................................................................................................... 5

1.1.1. Objectivo geral ............................................................................................................. 5

1.1.2. Objectivos específicos ................................................................................................. 5

CAPITULO Ⅱ: REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................... 6

2. Referencial Teórico ............................................................................................................. 6

2.1. Ensaios Não Destrutivos .................................................................................................. 6

2.2. Tipos de Ensaios Não Destrutivos ................................................................................... 8

2.2.1. Ensaio por Ultrassom ................................................................................................... 8

2.2.1.1. Principais Aplicações dos Ensaios de Ultrassom Estruturas .................................... 8

2.2.1.2. Propagação do Ondas Ultrassônica ........................................................................ 10

2.2.1.3. Princípio Básico de Funcionamento ....................................................................... 11

2.2.1.4. Métodos de Inspeção .............................................................................................. 12

2.2.1.5. Técnica de Impulso-Eco ou Pulso-Eco .................................................................. 12

2.2.1.6. Técnica de Transparência ....................................................................................... 13

2.2.1.7. Técnica de Imersão................................................................................................. 13

2.2.1.8. Vantagens e Desvantagens dos Ensaios Ultrassônico ............................................ 14

2.2.2. Ensaio Por Radiografia .............................................................................................. 14

2.2.2.1. Princípios Básicos de Funcionamento ................................................................... 15

2.2.2.2. Raio X .................................................................................................................... 15

2.2.2.3. Raio Gama .............................................................................................................. 15

Princípios Básicos do Ensaio Radiográfico .............................................................................. 16

2.2.2.4. Vantagem e Desvantagem dos Ensaios por Radiografia ........................................ 17

2.2.3. Ensaio por Correntes Parasitas .................................................................................. 18


2.2.3.1. Vantagens e Desvantagens dos Ensaios por Correntes Parasitas ........................... 19

2.2.3.2. Aplicações dos Ensaios por Correntes Parasitas .................................................... 20

2.2.3.3. Técnicas e Limitações do Ensaio ........................................................................... 20

2.2.4. Ensaio Por Emissão Acústica .................................................................................... 21

2.2.4.1. Princípios Fundamentais dos Ensaios por Emissão Acústica ................................ 21

CAPITULO Ⅲ: CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 23

3. Conclusão .......................................................................................................................... 23

Bibliografia ............................................................................................................................... 24

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CAPITULO I: INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS

1. Introdução
Os Ensaios Não Destrutivos (END) são técnicas utilizadas na inspecção de materiais e
equipamentos sem danificá-los, sendo executadas nas etapas de fabricação, construção,
montagem e manutenção. Essas técnicas constituem uma das principais ferramentas do
controle da qualidade de materiais e produtos, contribuindo para garantir a qualidade,
reduzir os custos e aumentar a confiabilidade da inspecção. Diversas técnicas podem ser
aplicadas para detectar e dimensionar descontinuidades na superfície e no interior de um
material. Entretanto, na maioria das vezes um único ensaio não é 100% eficiente, seja
por restrição tecnológica ou mesmo por factores humanos.

Busca-se, a partir do presente trabalho transmitir o conhecimento no meio académico e


técnico, pois entende-se, que a tecnologia de ensaios não destrutivos ‘’END’’ permite
uma melhor detecção das descontinuidades nos materiais, elevando a qualidade dos
produtos gerados nas indústrias.

Este trabalho de pesquisa está dividido em três capítulos. O primeiro capítulo trata da
introdução. No capítulo dois é apresentada uma revisão bibliográfica sobre os ensaios
não destrutivos, abordando as principais técnicas utilizadas, descrevendo seu princípio
de funcionamento. O terceiro capítulo apresenta as considerações finais dessa pesquisa.

1.1. Objectivos do Trabalho

1.1.1. Objectivo geral


 Analisar os ensaios não destrutivos de ultrassom, radiográfica e correntes
parasitas.

1.1.2. Objectivos específicos


 Contextualizar os ensaios mecânicos não destrutivos;

 Descrever as técnicas mais utilizadas para ensaios não destrutivos de ultrassom,


radiográfica e correntes parasitas;

 Apresentar as vantagens e desvantagens de cada método e suas devidas


aplicações.

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CAPITULO Ⅱ: REVISÃO DE LITERATURA

2. Referencial Teórico
Conforme o Instituto Britânico de Ensaios Não Destrutivos (BINDT), esses ensaios são
utilizados para detectar e avaliar falhas nos materiais. Geralmente, são caracterizadas
por trincas, inclusões de materiais no cordão de solda ou ainda variações nas
propriedades estruturais, que podem levar à perda da resistência e posteriormente à
falha do material. No entanto serão usadas as seguintes Obras Bibliográficas para a
descrição teórica: (ANDREUCCI, Ultrassom. [S.l.: s.n.] , 2008) (Pires de Matos, I &
Santos, 2010) (CAMERINI, 2012) (Tardioli, 2013) (ÇENGEL & BOLES, 2009)
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS E
INSPEÇÃOABENDI, 2018 ) (Arieiro, Corrêa, & Basto de Almeida, 2012) (Dias, 2003)

2.1. Ensaios Não Destrutivos


São considerados ensaios não destrutivos a aqueles que quando realizados em peças
acabadas ou semi-acabadas não interferem nem prejudicam seu uso futuro ou
processamento posterior. (ABENDI, 2018). Uma característica interessante dos ensaios
não destrutivos ‘’END’’ é que eles geralmente medem indirectamente a propriedade de
interesse.

Os END incluem métodos capazes de proporcionar informações a respeito do teor de


defeitos de um determinado produto, das características tecnológicas de um material, ou
ainda, da monitoração da degradação em serviço de componentes, equipamentos e
estruturas (SANTOS, 1999).

Eles são amplamente utilizados nos sectores de petróleo/petroquímico, químico,


aeroespacial, siderúrgico, naval, electromecânico, entre outros.

A Tabela a seguir apresenta um sinóptico sobre os END de ultrassom, radiográfica e


correntes parasitas. Usados comummente, cabendo ao inspector de qualidade conhecer
cada um deles e escolher qual o melhor para as suas peças, segundo critérios de custo
operacional e de investimento, aplicação das peças, valor agregado.

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Tabela 1. Principais características dos Ensaios Não Destrutivos de ultrassom, radografia e
correntes parasitas

Ensaios Material Defeitos Custo Custo


Não Destrutivos Inspeccionado Localizados de Equipamentos Operacional
Ultrassom Qualquer material
que conduza som Internos Médio a alto Médio
Praticamente
Radiográfica qualquer material Internos Alto Alto

Correntes Metais ferrosos e Superficiais Médio a alto Baixo


Parasitas não ferrosos
Fonte: REVISTA DO PARAFUSO (2009), adaptada pelos autores.

A escolha da técnica e métodos mais adequados de Ensaios não Destrutivos requer um


conhecimento em geral dos métodos mais utilizadas pela indústria, bem como de vários
parâmetros do material ou do produto a analisar. Tais como:

 Características dos defeitos espectáveis (morfologia, dimensão e localização);

 O tipo de material a inspeccionar (condutor, isolante, homogéneo ou poroso);

 A acessibilidade e as condições de inspecção (nomeadamente possibilidade de


acoplamento de uma sonda, qual a temperatura de funcionamento do material,
qual a acessibilidade à zona a inspeccionar) (HELLIER, 2003);

O número de métodos de END que pode ser usado para inspecionar vários tipos de
materiais, equipamentos ou até mesmo para realizar medições é grande e continua a
crescer, pois investigadores continua a encontrar novas formas de aplicação da física e
outras disciplinas científicas para desenvolver sofisticados métodos de Ensaios Não
Destrutivos.

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2.2. Tipos de Ensaios Não Destrutivos

2.2.1. Ensaio por Ultrassom


Os aparelhos de teste por ultrassom tiveram seu uso iniciado na indústria por volta da
década de 60. No entanto, desde os anos 30, estudos a respeito dos fenômenos
ondulatórios, em materiais sólidos, tem sido aprofundado para a detecção de fissuras,
lacunas, porosidade, descontinuidades internas, medição de espessura e análise das
propriedades do material. A evolução da tecnologia ultrassônica como ensaio não
destrutivo acompanha em grande parte o desenvolvimento da eletrônica e
posteriormente dos computadores (STEIN, 2017).

Os primeiros trabalhos com ultrassom foram desenvolvidos em países europeus e nos


Estados Unidos e vem sendo aplicadas, com sucesso, em diversas áreas para testes e
exames de várias estruturas.

2.2.1.1. Principais Aplicações dos Ensaios de Ultrassom Estruturas


 Medições de distância;

 Espessuras;

 Verificação de descontinuidades;

 Corrosão de materiais;

 Determinação de falhas na geometria de um objecto, etc.

A onda ultrassônica ao incidir numa descontinuidade ou falha interna do meio elástico


irá reflectir. As ondas reflectidas advindas do interior da peça examinada serão
detectadas pelo transdutor, possibilitando dessa forma a localização e/ou a profundidade
das descontinuidades, como ilustra a Figura 1 (ANDREUCCI, 2008).

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Figura 1. inspecção de materiais por ultrassom. (a)Transmissão da onda ultrassônica e (b) sua
recepção. Fonte: ANDREUCCI (2008).

O som se origina da vibração de um material, podendo ser agudo ou grave com


frequências muito baixas, de 20 Hz (infra-som) ou com frequências muito altas, acima
de 20 kHz (ultrassom).

Quanto à natureza, as ondas podem ser classificadas em mecânicas, que precisam de um


meio material para se propagar, como o som de uma corda de violão que se propaga
através do ar, ou podem ser ondas electromagnéticas que não precisam de um meio para
se propagar, como raio X e ondas de rádio.

A velocidade de propagação das ondas sonoras nos materiais depende do meio condutor
e do sentido de vibração (ondas transversais e longitudinais). Na tabela abaixo (Tabela-
2), é possível observar valores de velocidade de propagação em diferentes meios
materiais.

Tabela 2 . Velocidade de propagação do som


Material Onda Longitudinal Onda Transversal
Alumínio 6300 3100
Chumbo 2160 700
Aço 5900 3250
Ferro fundido 3500 á 5600 2200 á 3200
Latão 3830 2050
Vidro 5570 3520
Acrílico 2730 1430

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2.2.1.2. Propagação do Ondas Ultrassônica
As ondas ultrassônica são ondas mecânicas que se propagam em meios elásticos, isto é,
em materiais com capacidade de se deformar ao sofrer um esforço e voltar à forma
original após o esforço ser retirado. A velocidade de propagação da onda depende do
meio em que a onda se propaga e elas podem ser classificadas em três categorias: Ondas
longitudinais, ondas transversais e ondas superficiais (SANTIN, 2003).

De acordo com França (2015) as ondas ultrassônica são transferidas ao material através
de transdutores que, normalmente, são protegidos por material polimérico (sapatas).
Esse transdutor contém um cristal de material piezelétrico que tem a capacidade de se
contrair e se expandir continuamente quando submetido a uma DDP de fonte pulsada.

Existem três tipos usuais de transdutores: Reto ou Normal, o angular e o duplo-cristal.

Outro cabeçote bastante utilizado é o “Phased Array”. Suas características são


apresentadas no esquema abaixo.

Tabela 3. Tipos de Transdutores. Fonte: ANDREUCCI (2008),

Transdutor Normal ou Reto


Possui um cristal piezelétrico;
Geram ondas longitudinais
normais a superfície de
acoplamento;
Utilizado na inspecção de peças com
superfícies paralelas ou quando se deseja
detectar descontinuidades na direcção
perpendicular à superfície da peça.
Transdutor Angular
Possui um cristal piezelétrico;
Cristal piezelétrico forma um
determinado ângulo com a
superfície do material;
Utilizado na inspecção de soldas quando a
descontinuidade está orientada
perpendicularmente à superfície da peça

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Transdutor de Duplo-Cristal

Possui dois cristais piezelétricos,


um funcionando apenas como
receptor e o outro apenas como
emissor;
Geram ondas longitudinais
normais a superfície de
acoplamento;
Utilizado na detecção de descontinuidades
próximas da superfície e em medição de
espessura
Transdutor “PhasedArray”

Operam com dezenas de pequenos


cristais piezelétricos;
Podem gerar ondas
perpendiculares ao plano da
superfície ou uma frente de onda
angular à superfície;
Permite maior velocidade de inspecção,
principalmente em soldas.

2.2.1.3. Princípio Básico de Funcionamento


O princípio básico de funcionamento, está indicado na Figura 1.5, consiste na emissão
de uma onde mecânica por um transdutor

 (a), a partir do momento em que esta onda é emitida o aparelho começa a contar
o tempo. Ao incidir na descontinuidade ocorre uma reflexão da onda que retorna
ao transdutor;

 (b), e gera um sinal elétrico, que é processado e mostrado na tela do aparelho


de análise

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 (d), sendo a posição do eco proporcional ao caminho percorrido pelo som até a
descontinuidade da peça.

Figura 2.(a) Emissão do pulso de ultrassom; (b) eco gerado pelo reflexo da onda na
descontinuidade; (c) inspeção de peça por meio de ultrassom e (d) detalhe do gráfico formado
pela emissão e eco do ultrassom Fonte: (a) e (b) CTISM (c) http://www.kaiselemerca.com (d)
http://www.multiclad.com.br

2.2.1.4. Métodos de Inspeção


O ensaio de ultrassom pode ser realizado utilizando uma das três técnicas de inspecção.

2.2.1.5. Técnica de Impulso-Eco ou Pulso-Eco


Utiliza um único transdutor acoplado a um dos lados do material. É possível verificar a
dimensão, a localização e a profundidade da descontinuidade na peça.

Figura 3. Técnica de impulso-eco ou pulso-eco

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2.2.1.6. Técnica de Transparência
Um transdutor que emite e outro que recebe o sinal sonoro, acoplados perfeitamente e
alinhados em lados opostos da peça. Serve para identificar a presença da falha e é
indicada para peças de menor dimensão com acesso pelos dois lados.

Figura 4.Técnica de transparência

2.2.1.7. Técnica de Imersão


Transdutor de imersão à prova d’água para que a peça fique mergulhada no líquido,
permitindo um acoplamento completo com variações de distância e de direcção do feixe
de som.
Deve haver uma perfeita ligação entre o transdutor e a peça, evitando a presença de ar
responsável por impedância acústica, por isso usam-se líquidos acoplastes que reduzem
esse efeito indesejado. A escolha depende da rugosidade (acabamento), tipo e condições
técnicas da peça (material, forma, dimensões e posição da varredura).

Figura 5.Técnica de imersão

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2.2.1.8. Vantagens e Desvantagens dos Ensaios Ultrassônico
De acordo com a ABENDI (2018) o ensaio por ultrassom apresenta vantagens e
desvantagens, quando comparado aos outros ensaios não destrutivos. A baixo estão
ilustradas as vantagens e desvantagens de ensaio:

Vantagens Desvantagens
Custo relativamente alto.
Fácil utilização.
Detecta descontinuidades internas no Exige superfície previamente preparada
material.
Rapidez na execução do exame. Não é possível manter um registro das
falhas encontradas
Não requer medidas especiais de Dificuldade de aplicação em alguns
segurança materiais
Uma boa sensibilidade na detecção de Requer elevado grau de conhecimento
descontinuidades internas para a execução e para a análise dos
resultados
Não necessita de revelação de um filme Não detecta descontinuidades paralelas à
para obter os resultados direcção do feixe sónico

2.2.2. Ensaio Por Radiografia


A radiografia é um método de ensaio não destrutivo que tem por objetivo realizar um
registro de imagem obtido através da penetração da radiação, quando atravessa um
material e atinge um filme fotográfico (LEITE, 1996).

De acordo com ANDREUCCI-2009 o ensaio radiográfico baseia-se na absorção


diferenciada da radiação pela matéria. Consiste basicamente, em fazer passar um feixe
de radiação X, radiação gama ou neutrões através do objeto em estudo e registrar as
características da radiação emergente do objeto utilizando um meio adequado, como
um filme radiográfico, uma tela fluorescente ou dispositivos eletrônicos de deteção de
imagem radiográfica.

Dependendo das características do objeto em exame, como a sua geometria e o tipo de


descontinuidades apresentadas pelo mesmo, o feixe de radiação sofrerá uma maior ou

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menor absorção, sensibilizando em menor ou maior grau o meio utilizado para o
registro da imagem radiográfica (ANDREUCCI, 2009).

A radiografia industrial utilizada na detecção de falhas segue o mesmo princípio da


radiografia clínica usada nos seres humanos, porém com doses de radiação 10 vezes
maiores, o que exige um nível de segurança elevado.

2.2.2.1.Princípios Básicos de Funcionamento


Consiste em emitir os raios (X ou gama), sendo que uma parte é absorvida pelo
material e a outra parte irá atravessá-lo sensibilizando o filme e produzindo uma
imagem. O ensaio que utiliza raios X é chamado de radiografia, e o ensaio que utiliza
raios gama é chamado de gamagrafia, e exige maiores cuidados, pois uma vez ativado
emitem radiação constantemente.

2.2.2.2. Raio X
O Raio X é produzido acelerando, por meio de uma diferença de potencial, entre um
ânodo e um cátodo, partículas (elétrons) que, ao colidirem em alta velocidade com o
metal do alvo (ânodo), causam instabilidade na eletrosfera liberando calor e ondas
eletromagnéticas (os raios X). Os raios X de uso industrial são gerados numa ampola de
vidro denominada tubo de Coolidge.

Figura 6. (a) Esquema de funcionamento de um (b) tubo de Coolidge Fonte: (a) CTISM (b)
http://www.amber-ambre-inclusions.info

2.2.2.3. Raio Gama


O raio gama é obtido a partir de um isótopo radioativo que emite partículas e radiações
eletromagnéticas de três tipos: alfa (α), beta (β) e gama (γ).

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As partículas alfa e beta possuem cargas elétricas que podem ser desviadas por um
campo magnético, já as radiações eletromagnéticas gama, de natureza ondulatórias, são
de alto poder de penetração. Os isótopos mais usados são o irídio 192, o césio 137, o
túlio 170 e o cobalto 60.

Na Figura a seguir temos o aparelho gerador de raios gama (a), o seu princípio de
funcionamento (b), e a leitura realizada pelo aparelho impressa em um filme (c).

Figura 7. (a) Irradiador gama para fontes radioativas; (b) utilização do irradiador gama e (c)
foto produzida pela radiação Fonte: (a) http://www.sentinelndt.com (b) CTISM (c) Andreucci,
2009

Tabela 4. Ilustração das radiografias (Raio X e Gama) Fonte: PEREIRA (2013).

Princípios Básicos do Ensaio Radiográfico


1-Muitos elementos exibem uma
propriedade chamada radioatividade, esta
característica é causada pela instabilidade
da complexa estrutura destes elementos,
Fontes de radiação (Raio-X e Gama) sobre a ação de forças elétricas,
magnéticas e gravitacionais;
2-Criando assim um feixe de radiação
capaz de penetrar em vários tipos de
materiais

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1-Quando um feixe de radiação incide
num material, parte é absorvida ou
Absorção da radiação pela matéria dispersada e uma parte transmitida;
2-A radiação transmitida é a parte do feixe
utilizada para detectar as
descontinuidades.
1-Como num filme fotográfico que é
sensibilizado pela luz, o filme radiográfico
será sensibilizado não somente pela luz,
Exposição do filme mas também pela radiação;
2- As áreas escuras observadas num filme
radiográfico indicam que uma maior
quantidade de radiação passou por aquela
região correspondente na peça ensaiada

2.2.2.4. Vantagem e Desvantagem dos Ensaios por Radiografia

Vantagem Desvantagem

 Deteta descontinuidade interna no  Custo relativamente alto


material  Difícil utilização
 Não requer preparo da superfície.  O tempo envolvido no exame é
 Permite registro permanente das relativamente longo.
falhas encontradas.  Requer grau de conhecimento
 Pode ser aplicado em qualquer maior na execução e interpretação
material dos resultados.
 Exige medidas de segurança  Não deteta descontinuidades planas
rígidas na sua execução. perpendiculares à direção da
radiação.

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2.2.3. Ensaio por Correntes Parasitas
O ensaio não destrutivo de correntes parasitas teve sua origem em 1831 quando Michael
Faraday demonstrou a indução eletromagnética e formulou experimentalmente as leis da
indução. Em 1879, um cientista chamado Hughes registrou mudanças na propriedade de
uma bobina quando colocada em contato com metais de diferentes condutividades e
permeabilidades (MARQUES, 2017).

Correntes parasitas são correntes elétricas induzidas em um condutor elétrico através


da reação com um campo magnético alternado. As correntes parasitas são circulares e
perpendiculares à direção do campo magnético aplicado. A condutividade elétrica,
permeabilidade magnética, geometria e homogeneidade do material analisado afetam
as correntes induzidas (Khan et al., 2008).

Figura 8. Princípio do ensaio por correntes parasitas: a) campo magnético primário; b)


correntes induzidas no material condutor; c) campo magnético secundário gerado na peça.
Fonte: NELLIGAN e CALDERWOOD (2013).

A variação do campo magnético gera por indução eletromagnética, correntes que ao


atravessarem uma massa metálica, aumentam a temperatura do corpo. Análise dessas
correntes origina uma técnica de inspeção não destrutiva chamada de correntes
parasitas. Mesmo correntes parasitas podem ser produzidas intencionalmente, por
exemplo, em fogões de indução, mas também podem ser indesejadas, nos núcleos de
aço dos transformadores, para diminuir o seu efeito: de aquecimento, são construídos
por lâminas e não maciços, possibilitando maior resistência ao surgimento dessas
correntes.

Outra aplicação importante é como método de identificação de defeitos em materiais. É


possível citar a capacidade de detectar falta de homogeneidade tais como trincas,

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deformações, inclusões, variações de espessura, medir espessura ou variação de
espessura de camada de recobrimento, localizar variações associadas à condutividade do
material, falta de homogeneidade em ligas, superaquecimento local, erros de tratamento
térmico e também detectar variações associadas à permeabilidade magnética através de
medição da intensidade dos campos magnéticos. Essas correntes parasitas no inglês
Eddy currents, também são chamadas de Correntes de Foucault e são responsáveis pelo
aquecimento do material.

2.2.3.1. Vantagens e Desvantagens dos Ensaios por Correntes Parasitas


A principal vantagem do método é a sensibilidade a diversas variáveis, tais como
condutividade e espessura do material, dimensões dos defeitos superficiais e
subsuperficiais, camadas de revestimento ou cladeamento no metal de base,
espaçamento entre a bobina e a peça (lift-off), variações de permeabilidade, etc. Isso
também pode ser considerada a principal desvantagem da técnica, uma vez que a
resposta dessas variáveis é vectorialmente somada e a bobina leitora deteta mais de uma
variável ao mesmo tempo, ficando difícil de interpretar separadamente cada variável
presente.

Uma correta interpretação das variáveis separadamente depende de conhecimento e


treinamento avançados por parte do usuário da técnica (HELLIER, 2001).

Figura 9. (a) Inspeção por correntes parasitas em fuselagem de avião; (b) gráfico formado no
visor do aparelho detetor e (c) princípio da detecção por correntes parasitas
Fonte: (a) http://www.jetsun.com (b) http://www.polimeter.com.br (c) CTISM

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2.2.3.2. Aplicações dos Ensaios por Correntes Parasitas
O ensaio é aplicado em produtos siderúrgicos (barras, tubos, perfis), peças e elementos
mecânicos (eixos, parafusos, componentes automotivos), entre outros; na indústria
aeronáutica e nos componentes de trocadores de calor para identificarem falhas por
corrosão ou fadiga. Os resultados, após o seu processamento pelo aparelho são
mostrados na tela, Figura anterior(b), exigindo do operador bom conhecimento. É um
ensaio rápido (velocidade de inspeção), limpo, com baixo custo operacional, além de
possibilitar automatização do processo de inspeção. Além de uma vasta área de
aplicações, o ensaio por correntes parasitas ainda oferece uma série de vantagens tais
como: a possibilidade de produtos (materiais) siderúrgicos serem ensaiados diretamente,
mesmo ainda quentes. Esse ensaio não causa nenhum dano à superfície de produtos
lapidados ou polidos, nem objetos (peças, obras) de arte ou de arqueologia. Não existe
risco algum durante a operação de inspeção, uma vez que a sonda não entra em contato
com a superfície.

2.2.3.3. Técnicas e Limitações do Ensaio


As técnicas variam de acordo com os materiais ensaiados, com o modo do ensaio
(manual ou automático) e, principalmente, com o tipo e localização das falhas que se
deseja verificar. Entre outras, temos as seguintes técnicas de ensaio:

I. Magnetização DC – inspeção de materiais ferromagnéticos.


II. Campo remoto – inspeção de materiais ferromagnéticos ou não.
III. Multifrequência com mistura de sinais – inspeção próxima ou sob placas
suportes ou chicanas.
IV. Controle remoto – em geradores de vapor de centrais nucleares.
V. Sondas rotativas e/ou do tipo pancake – inspeção em caldeiras e trocadores de
calor.
VI. Sonda rotativa – inspeção em material aeronáutico.
A grande limitação desse método de ensaio é o fato de que somente materiais
eletricamente condutores podem ser inspecionados.
Também devemos considerar as limitações ligadas às propriedades e
características do material ensaiado.

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VII. O alcance de penetração das correntes parasitas pode ser reduzido a milímetro
nos materiais de maior condutividade, como é o caso do cobre, ligas de alumínio
e outros.
VIII. Os materiais ferromagnéticos apresentam dificuldade maior para identificar e
avaliar descontinuidades devido à variação de permeabilidade magnética.

A qualidade da inspeção também depende do conhecimento que o operador possui do


ensaio, além da necessidade de seguir padrões para calibrar o aparelho.

2.2.4. Ensaio Por Emissão Acústica


De acordo com Ness et. al., (1996) o método por emissão acústica (EA) tem a finalidade
de monitorar a integridade de uma estrutura, além de detectar a presença de
descontinuidades, sejam essas passantes ou não. Este método possui a capacidade de
fornecer informações sobre a origem de uma descontinuidade, bem como a respeito da
expansão da mesma durante a operação de um maquinário (HELLIER, 2001).

De acordo com Mix (2005) o ensaio por emissão acústica pode ser empregado em
diferentes aplicações. Destacam-se as inspeções em vasos de pressão para detectar e
localizar descontinuidades, além de monitorar a integridade de soldas durante a
fabricação de peças e equipamentos.

2.2.4.1. Princípios Fundamentais dos Ensaios por Emissão Acústica


O princípio básico, no qual a técnica está fundamentada, é a detecção de ondas
transientes geradas pelo processo de degradação do material. Esses sinais, ou ondas de
tensão, são gerados quando o material é submetido a tensões mecânicas (HELLIER,
2001). As duas principais contribuições da técnica de EA são a possibilidade de
monitorar uma estrutura de forma global e não intrusiva e localizar regiões específicas
na estrutura onde se encontram as anomalias como a presença de trincas.

O método é baseado na detecção de ondas acústicas emitidas por um material quando


sujeito a uma força ou deformação que revela a qualidade desse material. Qualquer
falha (trinca, descontinuidade ou defeito) altera o perfil de propagação da onda acústica.
Esse fato localiza a imperfeição.

21
A vantagem de se efetuar uma inspeção global, de forma não intrusiva, representa um
monitoramento completo de uma só vez sem interferência significativa na operação,
evitando-se interrupções desnecessárias na produção.

O ensaio não identifica as falhas ou descontinuidades que não interferem na estrutura da


peça, assim como também não indica a sua morfologia ou dimensão. Há, portanto, a
necessidade de ensaios complementares de ultrassom e partículas magnéticas. A
combinação desses ensaios é boa alternativa de avaliação da integridade de um
equipamento.

A figura a seguir mostra o funcionamento de um sensor de emissão acústica. Esse


ensaio produz os seguintes benefícios diretos:

 Redução das áreas de inspeção e consequentemente do tempo de ensaio.


 Detecção e localização de descontinuidades significativas para as condições de
carregamento estrutural durante o próprio ensaio.
 Avaliação de locais com geometrias complexas, com dificuldades de utilização
de outros Ensaio Não Destrutivo (END).
 Realização do ensaio em operação ou durante resfriamento da unidade.

Figura 10. (a) Inspeção por emissão acústica; (b) aparelho utilizado nas inspeções por
emissões acústicas e (c) princípio da detecção de falhas por emissões acústicas
Fonte: (a) http://mm04.nasaimagens.org (b) http://wins-ndt.com (c) CTISM

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CAPITULO Ⅲ: CONSIDERAÇÕES FINAIS

3. Conclusão
O conhecimento dos ensaios não destrutivos é fundamental para o profissional de
manutenção industrial. Conhecer seus tipos e características ajuda no momento da
escolha do melhor procedimento a ser adotado na manutenção de um equipamento ou
na automação da verificação da qualidade de um trabalho ou produto. A ultrassom,
radiografia, emissão acústica ou correntes parasitas, indica a qualidade e o nível de
nossa avaliação. Cada um deles com suas particularidades e características determinam
a sua empregabilidade no processo de controle e avaliação de um equipamento
industrial.

Nesse contexto, as inspeções internas e externas impostas pela NR 13 necessitam, em


alguns casos, de ensaios não destrutivos como auxiliar para detecção de possíveis falhas
que a olho nó seriam impossíveis de serem detectadas, aumentando assim a
confiabilidade e segurança .Após a leitura desse trabalho, fica evidente que a escolha de
um determinado ensaio não destrutivo não é tão simples, pois tem que se levar em conta
diversos fatores como por exemplo, custo do equipamento, custo de insumo, custo
operacional, material a ser inspecionado, tipos de defeitos/descontinuidades, entre
outros.

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Bibliografia

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