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Assistência de Formação Shalom

Retiro da Grande Comunidade -2022


Shalom 40 anos

20.11 - A escuta

Moysés Azevedo
Mantido o tom coloquial

Bom dia! Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, para sempre seja louvado!

É distante, não é, aqui para vocês? Mas tem o telão. Eu acho que o telão nos aproxima um
pouco mais. Então, apenas não conseguimos ver muito bem, não vejo o rosto de vocês, mas espero
que vocês vejam o meu!

Como o Padre Sílvio disse, na verdade o quê que nós vamos tentar fazer nesse início aqui,
que estamos no início dessa manhã, nós estamos celebrando 40 anos, e eu pensei nessa manhã de
nós, à luz da Escuta, à luz das direções que o Papa Francisco nos deu quando nos encontramos com
ele nos 40 anos em Roma, e à luz também de algumas palavras de Dom José Antônio
especificamente para nós, como Comunidade, porque nós estamos na Comunidade de Fortaleza, nós
vamos procurar, assim, fazer uma primeira, uma leve, uma breve colocação de como nós
acreditamos que Deus nos chama nessa etapa da nossa vida missionária, nessa etapa da obra de
Deus.

A Comunidade celebra 40 anos, e exatamente por causa disso nós nos colocamos na Escuta
do Senhor, e por isso nesses dias vocês estão ouvindo, desde ontem nós tivemos a Dilce, que falou
da oferta, a Gabriela que falou da humildade, e nós, agora, que pegaremos alguns elementos da
Escuta e também procuraremos discernir e interpretar para esse momento da nossa vida.

Mas Deus nos fala! Deus nos fala como Comunidade, e nós devemos ter um coração muito
atento para ouvi-lo, especialmente a Comunidade de Fortaleza, porque a Comunidade Shalom de
Fortaleza, temos de entender, e isso é muito importante, Comunidade Shalom de Fortaleza! Entender
o nosso lugar e a nossa missão dentro da obra Shalom e dentro do carisma Shalom.

A Comunidade Shalom de Fortaleza, nós gostamos de dizer que é a Casa Mãe da


Comunidade, é a Comunidade mãe da Comunidade. Aqui Nosso Senhor fez brotar o carisma. Aqui
neste lugar, aqui nesta cidade, aqui nesta Arquidiocese, aqui nas nossas vidas, foi plantada a semente
da vocação Shalom. Aqui esta vocação foi desabrochando, foi se tornando uma planta, foi dando os
seus primeiros frutos. Daqui a Comunidade, seguindo a direção de Deus e a inspiração e a direção
dos nossos Bispos e da Igreja, a Comunidade foi se difundindo.

Foi se difundindo primeiro para algumas capitais do Nordeste do Brasil, para algumas
cidades também do interior do Estado. Depois para todo o Brasil, e depois para os outros países, e
continua se difundindo, não com um desejo simplesmente de domínio, expansão, mas com o desejo
de servir, de dar de graça o que de graça recebemos, e aqui nós recebemos muitas graças na história
da Comunidade. Mas a missão da Comunidade de Fortaleza não se esgota na sua origem.

Eu costumo dizer que quando Nosso Senhor quer fazer algo na Comunidade, no mundo
inteiro, normalmente, não obrigatoriamente, porque Ele é Deus e Ele faz do jeito que Ele quiser, Ele
começa por aqui, porque quando Deus realiza uma obra na Comunidade Shalom de Fortaleza, ela
automaticamente se difunde na Comunidade no mundo inteiro.

1
Isso é uma graça, mas isso é uma responsabilidade. Comunidade de Fortaleza, nós tivemos a
graça de acolher o carisma na primeira hora, e nós tivemos também a responsabilidade de acolher o
carisma na primeira hora. Imagina se nós não tivéssemos acolhido ou tivéssemos acolhido de
maneira menos generosa esse carisma? Ele não teria se difundido e alcançado tantos corações nesta
cidade e no mundo inteiro. Da mesma forma, Comunidade Shalom de Fortaleza, acolher as graças de
cada tempo que Deus nos dá como Comunidade é uma graça e uma responsabilidade no hoje da
Comunidade.

Um raciocínio muito errado seria dizer: “Não, a Comunidade já cresceu muito, e eu aqui e a
forma aqui, e a minha célula, ou a minha casa comunitária, ou eu sozinho, eu como consagrado sou
um grão de areia no meio de uma grande praia”. Enganamo-nos quando pensamos assim! E
especialmente com a vocação que a Comunidade de Fortaleza tem no interior de toda a Comunidade.

O que acontece aqui, no meio de nós, Comunidade Shalom de Fortaleza, é decisivo para a
Comunidade no mundo inteiro, e a maneira responsável e generosa que você acolhe a graça de Deus
na sua vida de consagrado, na sua célula, na sua casa comunitária, tem uma repercussão muito maior
do que nós podemos imaginar, porque misteriosamente e até podemos dizer dentro de uma
compreensão lógica, nós compreendemos que a fidelidade e a generosidade da Comunidade de
Fortaleza tem um impacto em toda a Comunidade no mundo inteiro! Isto é uma graça, e isto é uma
responsabilidade!

Diga para a pessoa que está do seu lado aí: “Olha, isso é uma graça e isso é uma
responsabilidade”. Diga aí! Atenção! A pessoa desviou o olho de você. Na hora da graça, ela sorriu,
da responsabilidade, ela abaixou o olhou. Diga de novo, olhando no olho dela: “Isso é uma graça e
uma responsabilidade!”. Não sei se foi você que abaixou os olhos. Pode ter sido você. Então, diga
para ela de novo: “Isso é uma graça e uma responsabilidade!”. Mais uma vez! Ouça você mesmo,
para o seu coração, para mim: “Isso é uma graça e uma responsabilidade!”, e diga se ouvindo! Isso é
uma graça e uma responsabilidade, Comunidade Shalom de Fortaleza!

A Comunidade Shalom de Fortaleza cresceu. Eu estava perguntando aqui, que nem eu sei
direito. Se eu disser qualquer coisa, a Nara está aqui e pode me corrigir. A Comunidade Shalom de
Fortaleza tem, até o final do ano, 31 centros de evangelização. Tem 28 e vai abrir 3 até o final do
ano. 31 centros de evangelização espalhados na cidade.

A Comunidade Shalom tem em Fortaleza 6 regionais. A Comunidade Shalom tem 103


células comunitárias da CAl. Pode bater palma, bata mais forte! Quem bateu palma, diga: “Graça e
responsabilidade!”.

Jivanilson, o Jivanilson sabe de tudo! Quantas casas comunitárias, incluindo a Diaconia, que
está dentro da Diocese, da CV, a Comunidade Shalom de Fortaleza tem? 20 casas comunitárias da
CV. Isso é o quê? Graça e responsabilidade! Graça e responsabilidade! 31 centros de evangelização,
103 células da CV e e CAl, 6 regionais. Quantos setores, Jivanilson? 10 setores da CAl.

A Comunidade cresceu. Isso pode nos dar duas reações, o crescimento da Comunidade. Por
um lado, os mais antigos ficam felizes com o crescimento e a difusão da Comunidade, mas de vez
em quando ouvimos assim um certo saudosismo: “Ai, mas bom mesmo é quando a Comunidade se
reunia lá na Casa Mãe de Deus, na sala 1”, e quem se lembra disso sabe o que estou falando. Bom
mesmo? Será que era bom mesmo? Isso é um saudosismo, voltado para o nosso umbigo, e não
voltado para a necessidade da Igreja e dos povos. Um certo saudosismo, achando que no passado era
melhor do que o presente.

Eu sou completamente, eu sou uma pessoa assim. Eu não consigo imaginar que a obra de
Deus, a ação do Espírito, ela nos coloca e nos congela no tempo e no esp0aço. Não! Eu sou, e nós
precisamos ser, homens e mulheres de esperança, e a esperança, virtude cristã, nos diz que o que há
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por vir, o futuro sempre é melhor do que o presente, porque no futuro é a vitória final de Cristo sobre
todo o mal.

Então, com certeza, o desenvolvimento e o crescimento da obra de Deus, o presente, é fruto


de um passado, é um fruto de um sim lá atrás, e ele é fecundo, e ele é generoso. Então, nós devemos
ter um olhar não saudosista, mas um olhar cheio de esperança no crescimento e nos frutos da
Comunidade.

Também podemos ter um outro risco com o crescimento da Comunidade. É um risco real. A
Comunidade vai ficando grande, tão grande, tão grande, que corremos o risco de perdermos a
identidade. Sim, porque ela vai ficando tão grande, tão grande, que podemos nos esconder no meio
da Comunidade.

Eu não sei se você já viveu experiências assim: “Não, a Comunidade está tão grande, não
precisa mais da minha oferta”, “a Comunidade já está muito grande, deixa para os novos, deixa para
os jovens. Eu já dei tudo que eu tinha de dar”, “a Comunidade está muito grande. Ninguém nem está
vendo aqui a minha infidelidade”. Isso também é um grave, um grave desafio para a Comunidade!

A Comunidade deve crescer em quantidade e em qualidade, e não há uma maneira da


Comunidade crescer em qualidade se nós, pessoalmente, cada um de nós, não formos generosos na
nossa resposta, e não nos empenharmos com todas as forças de viver a nossa identidade, não diluir o
carisma, não baratear o carisma, não adulterar o carisma. Este é um grande e outro problema.

A Comunidade vai crescendo e aí vamos começando a viver de uma forma disforme, sem
forma, sem a forma do carisma, e isso compromete a graça, e isso diz respeito a nossa
responsabilidade, de deixar que a nossa vida, independente ou, aliás, quanto mais cresce a
Comunidade, mais nós devemos ser ainda mais fiéis, com todo o nosso coração e com todo o nosso
empenho, ter resposta ainda mais generosa, para que a Comunidade e a minha vida de consagrado,
de discípulo, de postulante, e a Comunidade não cresça à sua forma, e não crescendo a sua forma
possa crescer em tudo, em graça e em santidade, para continuar dando frutos à Igreja e à
humanidade, porque o nosso carisma não foi dado para nós mesmos!

Podemos olhar aqui a Comunidade de Fortaleza. Quantos membros tem a Comunidade de


Fortaleza? E Vida? Soma aí! Mais de 4.031 membros! Somos mais de 4.031 membros da
Comunidade, fora grupos de oração e obra, mas é exatamente isso! Nós não podemos nos perder e
perder a forma, mas precisamos deixarmo-nos renovar continuamente, para que a Comunidade
possa, com graça e responsabilidade, continuar e crescer na sua missão, no coração desta cidade, no
coração da Igreja, e no coração do mundo!

A importância, a importância de não perdermos a nossa identidade, não nos deixarmos


influenciar por pensamentos estranhos, ideologias estranhas, filosofias estranhas, porque isso
compromete a graça e a responsabilidade de generosamente sermos fiéis à resposta, ao carisma que
Deus nos deu.

Por isso, nesses 40 anos de graça nós somos chamados a, como Comunidade, e na Escuta, e
nas palavras do Papa, e nas palavras do nosso Arcebispo, nós somos chamados como Comunidade a
crescer mais e mais na comunhão e na fidelidade ao carisma, na comunhão entre nós, e na comunhão
com a humanidade, porque continuamente na Escuta, na palavra do Papa e na palavra do nosso
Arcebispo nós somos convocados por Deus e pela Igreja para um novo envio missionário! Um novo
envio missionário!

Na Escuta Deus nos falou isso, falando dessa identidade, falando da qualidade da nossa
vocação, e vocês ouviram ontem quando Deus nos falou da oferta, a qualidade da nossa oferta de
vida.
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Nos falou também da humildade, porque não é com arroubos de arrogância que nós vamos
servir à Igreja e à humanidade, mas nos fazendo pequenos para Deus ser grande em nós e no meio de
nós! E nos falando da oferta, Deus nos falou também do fogo do céu, e eu gostaria de iniciar falando
sobre isso para nós.

Nesse novo tempo, nesta procissão que se chama Comunidade Shalom, aonde o Esposo
Eucarístico vai à frente, aonde a Virgem Maria Toda Pequena vai a um passo atrás, e aonde todos
nós vamos atrás, seguindo e distribuindo a caridade divina, indo aos 4 cantos da terra, é
indispensável que a nossa oferta atraia o fogo do céu! É indispensável que nós, como Comunidade,
possamos ser revisitados pelo fogo do céu! É indispensável que cada um que esteja aqui, e que não
esteja aqui, e que todo o corpo da Comunidade seja renovado no seu amor esponsal.

Dizia na Escuta, Nosso Senhor nos recordava, e a Dilce falou para vocês daquela passagem
de Elias1, e também, quando tivemos o Retiro da Escuta, aquela passagem de Elias, a oferta dos
profetas de Baal, o altar de Baal, que é o altar da retenção, e o altar do Senhor, que é o altar da
oferta, a oferta total, sem reservas. E nos recordava ali, não sei se ela recordou, mas agora eu
recordo, a figura de Elias.

Elias, quando Nosso Senhor pergunta: “O que tu estás fazendo aí no Horeb?”, Elias responde:
“Eu estou devorado pelo zelo do Senhor”2. Baal significa, nesse contexto também, um ídolo, que é
um ídolo de marido, é um ídolo esponsal. É como se o povo traísse o amor que é devido a Deus para
aquela idolatria, aplicasse o seu coração fora de Deus, aplicasse o seu coração fora da vocação,
aplicasse as suas forças e seus empenhos não para Deus, não para a Comunidade, não para a Igreja,
não para a humanidade, mas para si mesmo, para os seus pensamentos, para as suas ideias,
centralizar-se em si mesmo, nos vãs pensamentos, vãs concupiscências, vãs ideologias, e perdesse a
força e a potência de Deus.

Por isso Elias é profeta do amor esponsal, é profeta do Deus ciumento, o Deus ciumento que
nos quer todo Dele! Mas não é ciumento no sentido do vício, mas no sentido da virtude, porque Ele
sabe que só quando o nosso coração é inteiramente Dele nós somos plenamente nós mesmos, e nós
daremos os melhores frutos para a nossa vida, para a Igreja, para a humanidade! Nós seremos
plenamente felizes!

Por isso Elias é o profeta desse Deus ciumento, que nos chama e nos convoca, que não
permite nenhum outro deus e nenhum outro absoluto no nosso coração e na nossa vida. Ele é o
profeta consumido pelo amor do Senhor!

Recordando um pouco aquele altar da oferta na Escuta que Nosso Senhor nos falava, Ele
dizia: “O altar da oferta da Comunidade Shalom tem como escrito neste altar uma litania”, uma
litania é como se fosse uma ladainha, quando as pessoas vão repetindo em oração uma mesma frase.
Na Escuta, o Senhor nos mostrava que esse altar da oferta que impedia do nosso altar ser um altar
idolátrico e da retenção, mas no altar da oferta, estava escrito: “Um coração inflamado por este amor
tudo realiza e a tudo se dispõe!”.

Na imagem que o Senhor nos dava na Escuta dizia o seguinte, imagem do Shalom, de todo o
povo, toda a Comunidade, toda a obra, em torno do altar, com os corações abrasados, abrasados! Um
detalhe: os mais antigos acolhendo os mais jovens, e os colocando na frente. Todos com o coração
em chamas, e repetiam essa litania: “Um coração inflamado por este amor tudo realiza e a tudo se
dispõe!”.

1
1 Reis 18, 20-39.
2
1 Reis 19, 9b-10. “Que fazes aqui, Elias?" Ele respondeu: "Eu me consumo de ardente zelo por Iahweh dos Exércitos,
porque os filhos de Israel abandonaram tua aliança, derrubaram teus altares, e mataram teus profetas. Fiquei somente eu
e procuram tirar-me a vida."
4
Como está o seu coração, depois de X tempos de vida consagrada? Ou depois de X anos de
promessas definitivas, ou primeiras promessas? Como está o seu coração? Essa é uma pergunta
muito importante de ser feita, sabe por quê? Primeiro, porque ela diz respeito à sua salvação, à sua
santificação, e à sua vocação. É verdade. Mas também ela não diz respeito só a você.

A oferta da sua vida, o seu coração abrasado de amor, a chama do seu coração, não diz
respeito só a você! Quando é que nós vamos compreender isso mais profundamente, se o nosso
coração, se a nossa chama vai se apagando? Se a nossa brasa vai virando cinza? O calor e a
fecundidade ao seu redor, em todo o corpo da Comunidade vai se sentir. Não você só, não só você se
torna um tíbio, mas você compromete todo o corpo da Comunidade.

Por isso, meu irmão, para o seu bem, para o bem da Comunidade, para o bem da Igreja, para
o bem da Comunidade no mundo inteiro, em Fortaleza e no mundo inteiro, para o bem da
humanidade, deixe-se nesse tempo revisitar pelo amor esponsal! Deixe-se nesse tempo revisitar pelo
fogo do céu! Deixe-se nesse tempo a graça de Deus intervir na tua vida!

Não, não é com as tuas forças, mas é com a tua súplica humilde, o teu desejo sincero, que
Deus poderá fazer novas todas as coisas, inclusive a sua vocação! Está em jogo a sua vida, a sua
vocação, mas também a vida e a missão da Comunidade, e da humanidade!

“Um coração inflamado por este amor tudo realiza e a tudo se dispõe!”. Vamos repetir
comigo isso, mais uma vez? Não sei se tem uma melodia para colocar nisso aí. Vocês que têm o
coração abrasado, bota uma melodia nisso, para cantarmos juntos! Vamos colocar juntos uma
melodia, que seja bonita! É uma palavra profética!

Nós aprendemos a música, e agora vamos rezar com ela. Especialmente eu peço, em nome de
Jesus Cristo, em nome da Comunidade, em nome da Igreja, em nome dos jovens, das famílias, dos
pobres, em nome da humanidade necessitada, eu peço que você não transfira isso para ninguém, que
você peça com sinceridade uma visita do Espírito ao seu coração.

Deixe o som troar, com a visita do Espírito no seu coração, para que possa fazer o que você
não pode, para que possa renovar o primeiro amor na sua vocação cansada, para que possa renovar e
transformar a sua oferta de retenção em uma oferta total, para que lhe dê a feliz perseverança! Não
qualquer perseverança, a feliz perseverança, aquela que é inflamada do amor, que a tudo se dispõe e
que nos diz respeito só a si mesmo, mas diz respeito a esta cidade, diz respeito à Igreja, diz respeito à
humanidade, a toda a Comunidade Shalom dispersa no mundo inteiro, porque o fogo que arde no seu
coração aquece os nossos irmãos que estão lá nas Filipinas, aquece os nosso irmãos que estão sei lá
onde, na Europa, na África, em Madagascar, que estão no Norte da América, que estão na América
do Sul!

Sim, há uma comunhão misteriosa entre nós, porque somos parte de um mesmo corpo, e um
pé não pode dizer: “Ah, como eu não sou mão, então eu não sofro se a mão sofre, eu não sofro se o
olho sofre”. Se tu sofres o esfriamento na tua vocação, o corpo inteiro sofre!

Então, por você mesmo e por todos, peçamos esta graça de renovação dessa experiência do
fogo do amor divino no nosso coração. Cantemos juntos, rezando. Não mais cantando somente, mas
pedindo com o coração sincero, não se esconda no meio da multidão, porque Deus te vê, como viu
Zaqueu. Exponha, exponha para Ele a tua necessidade de uma visita, de uma reinflamação do
coração neste tempo da sua caminhada. Erga os seus braços, e cantemos, juntos!

“Um coração inflamado por este amor tudo realiza e a tudo se dispõe!”. Peça! Peça!

5
Oração Moysés:

Senhor, nós Te pedimos, Tu que batizas no Espírito Santo, Tu que fazes o fogo do céu
descer, Jesus, nós não queremos mais reter a nossa oferta. Nós queremos, com toda a nossa pobreza,
com toda a nossa fraqueza, com as pedras, com areia, com os nossos pecados, nós queremos colocar
tudo no Teu altar, tudo no Teu altar! Para que o Teu fogo venha, incendeie, aqueça e transforme.

Por isso, ó Jesus, faz o que nós não podemos fazer: Visita-nos nesta manhã, a cada um, e a
todos nós, os que estão aqui e os que não estão aqui, porque somos um corpo, e pedimos por nós e
por todos, e por isso cantamos: “Um coração inflamado por este amor tudo realiza e a tudo se
dispõe!”.

Ore em línguas, ore livremente, ore fervorosamente! O Senhor me dá uma imagem de


querubins com flechas, com flechas de fogo, alcançando corações! Mas também o Senhor me dá
uma imagem de pessoas ainda indiferentes à ação de Deus, com o coração fechados impedem ser
alcançados por essas setas de amor divino.

Juntos, rezando por nós, mas rezando por todos, especialmente por aqueles que mais
resistem, pedindo ao Senhor a graça da rendição desses coração, nós, juntos, rezamos, no Espírito.
Faze, Senhor, aquilo que só Tu podes fazer! “Um coração inflamado por este amor tudo realiza e a
tudo se dispõe!”.

E na imagem, o que chama a tenção também, na palavra de sabedoria com a imagem, dizia o
seguinte, que os mais antigos, com seus corações em chamas, acolhiam os mais jovens e os
colocavam na frente, cantando esta litania.

Isso significa o quê? A vocação, meus irmãos, não é uma experiência intelectual que se
transmite. Também! Mas isso vem em suporte. A vocação não são simplesmente conhecimentos que
vamos adquirindo. Também! Mas isso não é o essencial, isso é suporte. A vocação se transmite, se
comunica entre as gerações através do incêndio de corações esponsais, que vão contagiando uns aos
outros.

É com vocações, é com as vocações mias maduras, vocações mais maduras ardorosas,
vocações mais maduras, e essa é a autêntica comunhão de gerações! Vocações mais maduras,
ardorosas, vão contagiando as mais novas com a oferta de vida total, com o amor inflamado nos
corações, com a vida vocacional que não é um bater ponto, mas é uma doção integral de vida.

Sim, assim é que se comunica. O amor se comunica entre as gerações, ao mais novos que vão
entrando na Comunidade e vão sendo contagiados pelos mais antigos e vão podendo transmitir para
os que virão, porque não nos esqueçamos! A tibieza é o veneno maior que pode existir no meio de
nós, e o fervor é o remédio maior, a graça a ser transmitida.

Dom José Antônio, quando nos visitou, nós tivemos a reunião do Conselho Geral na
Diaconia, e como ele estava com Covid quando celebramos os 40 anos, em julho, e ele não pode ir
participar da Celebração, eu o convidei para ir celebrar para o nosso Conselho, e os acompanhadores
regionais.

Dom José, então, foi, celebrou conosco, esteve conosco, fez uma homilia e depois deu-nos
uma palavra, uma própria unção e direção do Espírito para nós. Vou comentar mais na frente, mas
uma das coisas que ele nos disse foi: “A primeira geração vai passar. Virão outras que nós
precisamos transmitir a essas gerações a autêntica graça que recebemos”.

Gerações mais antigas, você considera que está transmitindo com a sua vida, não é só com as
suas palavras, não é só com as suas pregações, não é só com as suas formações, mas com a sua vida,

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você considera que está transmitindo para as novas gerações a mesma graça que você recebeu
quando você chegou no Shalom, quando você descobriu-se como graça e vocação na Comunidade?
Nós recebemos para encarnar na nossa vida e para, encarnando na nossa vida, nós passarmos para as
gerações futuras, mas para isso, o fogo, aliás! O fogo do seu coração não tem que estar o mesmo que
você recebeu mesmo não. Ele tem que estar mais forte! Ele tem que estar mais inflamado! Ele tem
que estar mais! Ele tem que ser maior! Porque a combustão na vida ordinária, vivida com
generosidade, na sua fraqueza, nos seus limites, mas vivida com generosidade, a oferta de vida faz
crescer o fogo! E transmitindo para as novas gerações, nós poderemos incendiar a face da terra!

Lembrando Garrigou-Lagrange: “Uma Comunidade religiosa entra em decadência quando o


número de tíbios começa a igual ao dos fervorosos”. Que não seja assim conosco, mas que o número
de fervorosos seja sempre maior, que você seja um fervoroso, um generoso na sua oferta e no seu
amor esponsal, em vista de você mesmo e das gerações que virão!

Por isso, na Escuta, o Senhor nos dava a imagem do Círio Pascal, que a cada ano é aceso e
nos dá um fogo novo, e esse fogo novo é para um tempo novo. E nos recordava, lá na Escuta, as
palavras da oração que o Bispo faz, pede corações inflamados de celestes e ardentes desejos. Vamos
repetir comigo? Repitam comigo: “Corações inflamados de celestes e ardentes desejos”. Quem ouvir
um negócio desses, nunca vai dizer que tem ardor e que tem coração inflamado, porque um negócio
mesmo frio. Vamos lá! De novo!

“Corações inflamados de celestes e ardentes desejos”. Isso o amor esponsal, isso o fogo do
céu quer produzir no nosso coração, e nós sabemos que ele não fará isso se nós não estivermos ao
lado da Virgem Maria! Ao lado da Virgem Maria!

Na Escuta, Nosso Senhor nos lembrava que Nossa Senhora é como um para-raios do Espírito
santo. Aonde Ela está, o Espírito Santo como que se manifesta generosamente e poderosamente. Lá
na Anunciação3, com o Fiat Dela, com a oferta total Dela, a sombra do Altíssimo veio sobre Ela.

Na Visitação4, com o Magnificat, o Espírito de Deus tomou conta, vindo de Jesus no Seu
seio, ao seu cumprimento a Isabel, o Espírito de Deus tomou conta de São João Batista e de Isabel. E
aí a gente vai em toda a história de Nossa Senhora!

Nas Bodas de Caná5, o vinho novo! O vinho novo do amor esponsal, do fogo do Espírito! Na
cruz , em Pentecostes7, Ela é um para-raios!
6

Por isso, se você está precisando de visitas do Espírito Santo para inflamar o seu coração e
para dar ao seu coração, ser inflamado de celestes e ardentes desejos, peça a Ela! Fique ao lado Dela!
Busque o auxílio Dela! E Ela vai lhe dar! E Ela vai lhe dar!

Partilhe em dois em dois sobre essa introdução que fizemos, para entrar um pouco no que o
Papa nos falou.

E é nesse clima que chegamos, então, celebrando os nossos 40 anos em Roma. Você estava
lá! É, você! Você estava lá! Aqueles que estavam e aqueles que, aparentemente, não estavam, mas
estavam, porque todos nós estávamos lá! Você se lembra? Você estava lá, porque todos nós
estávamos lá! Nós estávamos lá!

3
Lc 1, 26-38.
4
Lc 1, 39-45.
5
Jo 2,1-12.
6
Jo 19,25.
7
Atos 2.
7
E aí, voltando. Como vocês viram e acompanharam na internet, aqueles que não estiveram
fisicamente lá, mas espiritualmente lá, vocês viram, não é? Eu não vou me deter muito no momento,
descrevendo, porque todo mundo viu, estava lá, e participou, quando o Papa entrou, quando ele, já
tendo recebido as perguntas que foram feitas para ele, ele foi respondendo, e quando, então ele
começou a falar para nós no que diz respeito a partir dos 40 anos a nossa dimensão, o que nos aponta
para o futuro, as orientações que ele nos dava para o futuro da Comunidade.

Há outras coisas muito importantes, mas para o dia de hoje eu peguei 3 pontos que ele falou.
O Papa nos convidou a um novo envio. Ele nos deu um novo envio, e ele nos lembrou quais são as
referências como Comunidade Shalom para este novo envio, que como Igreja o Papa nos dá.

Vamos ler juntos, essa primeira, a primeira referência: Cristo. Por favor, vamos ler com
coragem, todos, juntos: “O vosso nome é “Shalom”. Esta palavra não é um slogan, vem do
Evangelho, vem dos lábios e do coração de Jesus Ressuscitado, que aparecendo aos discípulos no
Cenáculo disse: «A paz esteja convosco» (Jo 20, 19.21.26). Isto é “Shalom”, a paz esteja convosco.
Aquela paz do coração que recebestes do vosso encontro pessoal com Jesus Ressuscitado e da
experiência do seu amor infinito. Esta paz reconciliou-vos com Deus, convosco mesmos e com os
outros, e agora procurais transmiti-la também a todas as pessoas que encontrais. A palavra “Shalom”
está também gravada no “Tau”, o crucifixo que usais ao pescoço, como sinal da eleição e da
chamada a ser discípulos de Jesus em toda a parte”8.

É o Papa! Não é um texto da Comunidade Shalom escrito por nós. É um texto do sucessor de
Pedro. É uma direção do Papa, do Espírito de Deus, que fala pelo sucessor de Pedro. Nós cremos na
Igreja. nós amamos os nossos pastores. Nós amamos o Papa e o reconhecemos como voz do Espírito
de Deus para a Igreja e o mundo de hoje, e ele nos diz, para nós, Shalom: “Vosso nome não é um
slogan. Vosso nome diz respeito aquele encontro pessoal com Jesus Ressuscitado e da experiência
do seu amor infinito”.

Foi assim que a nossa vocação nasceu, e é assim que nós vamos transmitir a nossa vocação.
Não é anunciando outra coisa. Não é testemunhando outra coisa. É a Jesus Cristo, o Ressuscitado
que passou pela cruz. Aí deve estar o nosso empenho. Aí deve estar o nosso esforço. Aí deve estar a
nossa oferta de vida. Essa é a nossa missão no coração da Igreja e no coração do mundo!

Reconciliar. Fomos reconciliados com Deus por Ele, fomos reconciliados conosco mesmos,
fomos reconciliados uns com os outros, isto é a paz! E que vocês, agora são chamados a transmitir a
todas as pessoas que encontrais, todas as pessoas!

Todas as pessoas são endereço para nós. Todas as pessoas, sem dividir as pessoas em classes,
sem dividir as pessoas em parte. Todas as pessoas são objetos do nosso amor, do nossos respeito, do
nosso carinho e da nossa evangelização. Todas as pessoas! Todas!

“A palavra “Shalom” está também gravada no “Tau”, o crucifixo que usais ao pescoço, como
sinal da eleição e da chamada a ser discípulos de Jesus em toda a parte”. Está gravado aqui Shalom,
porque precisa estar gravado dentro de nós!

Para fazer outras coisas, tem muita gente, mas tem algo que só nós, como Comunidade
Shalom, podemos fazer: sermos instrumentos do Shalom do Pai, darmos de graça o que de graça
recebemos, essa experiência viva com a pessoa de Jesus Cristo, misericordiosa, salvífica. Essa é a
missão maior da nossa vida, da nossa existência.

Nós somos testemunhas do Ressuscitado que passou pela cruz, testemunhas de Cristo, do
Evangelho, do carisma! Não de coisas estranhas a ele. Não são pensamentos humanos, não são
8
https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2022/september/documents/20220926-comunita-shalom.html

8
mundanidades, pensamentos mundanos. Não são filosofias, nem são ideologias, que nós somos
chamados a transmitir.

Aqui um parêntese rápido, não quero me deter muito nisso. Quero seguir em frente, mas é
importante falar nisso. O Cardeal Raniero Cantalamessa nos lembrava na Sexta-feira da Paixão de
2021, se não me engano. Ele dizia: “Qual é a causa mais comum das divisões entre os católicos?”, e
ele respondia: “É a opção política, quando ela se sobrepõe àquela religiosa e eclesial”9. A opção
política, quando ela se sobrepõe, se torna maior, abafa a nossa opção religiosa e eclesial. E como é
que ela faz isso? Continua o Cardeal: “Quando ela desposa uma ideologia, esquecendo
completamente o sentido e o dever da obediência à Igreja”.

Ao dizer isso, meu irmão, eu quero dizer: você pode e você deve, não só pode, deve! Você
pode e você deve ter a sua convicção política, porque nós somos cristãos, construtores da sociedade.
Você pode e você deve ter a sua convicção política! A Comunidade respeita a sua convicção
política, mas, como Comunidade, eu lhe peço: não permita que sua convicção política vire uma
ideologia, porque a ideologia joga fora o Evangelho, joga fora a vocação, põe uma lente e tudo na
sua vida você começa a olhar e ver a partir dessa lente dessa ideologia, seja de direita, seja de
esquerda. Não estou falando em nenhuma das partes. Estou falando de ideologia! Ideologia!

Não permita que sua convicção política vire uma adesão passional a uma ideologia, que nos
transforma de irmãos em inimigos. Não permita! Não permita! Seja de um lado, seja do outro, e não
é para palmas, é para conversão! Não bata palmas. Converta-se! Porque atrás das nossas palmas
também pode ter ideologia. Não permita!

A ideologia traz um grande mal. Ela coloca o mal a ser combatido fora de nós, o inimigo está
fora de nós, não dentro do nosso coração. É muito mais fácil. Há 40 anos nós tivemos que lidar
também com ideologias, que diziam que o mal do mundo estava nas estruturas da sociedade, e nós
continuávamos insistindo, e dizendo que a conversão e a transformação do mundo passavam pelo
coração do homem, pela conversão do coração do homem. Do mesmo jeito hoje e sempre.

São Francisco de Assis nos ensina muito bem sobre isso. São Francisco estava ouvindo uma
homilia de Inocêncio III, e o Papa Inocêncio III convocava a uma grande cruzada, uma grande
cruzada contra os inimigos da Igreja, e São Francisco tomou uma decisão de fazer uma grande
cruzada contra o maior inimigo, que era o seu próprio coração, e resolveu fazer uma cruzada interior,
a conversão do coração.

Nós somos discípulos dele. Nossa missão é anunciar a Cristo e ao Seu Evangelho,
transformar o mundo, transformando o nosso coração primeiro, e o coração dos homens, com o
poder da Misericórdia Divina, não olhando para ninguém com outra lente a não ser a lente do
Evangelho, como dizia São Paulo: “Já não conheço ninguém segundo a carne”10, porque o seu olhar
era a partir: “Eu, que fui misericordiado devo ter um grande olhar de misericórdia sobre tudo e sobre
todos”.

Essa é a nossa missão: anunciar a Cristo e o Seu Evangelho, transformar o mundo,


transformando o nosso coração e o coração dos homens, pelo poder da Misericórdia Divina. Agora
você pode bater palmas! Todo mundo pode bater palmas, sim! Agora bata forte! Aderindo de
coração, não simplesmente a qualquer pensamento, mas ao pensamento do Evangelho! Anunciar a
Cristo! Anunciar a partir da Igreja!

9
https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2021-04/raniero-cantalamessa-sexta-feira-santa-pregacao-texto-
integral.html
10
2 Cor 5, 16.
9
Outra frase muito bonita do nosso querido Papa para nós. Vamos ler juntos, forte: “A vossa
Comunidade também é católica porque caminhou sempre lado a lado com os pastores da Igreja. Foi
o então Arcebispo de Fortaleza, D. Aloísio Lorscheider, que sugeriu a Moysés que oferecesse algo a
São João Paulo II, em representação de todos os jovens. E o Espírito Santo inspirou Moysés a
oferecer a sua vida. Foi o próprio Bispo Lorscheider, franciscano, que orientou a identidade
espiritual da jovem comunidade, recomendando os escritos de Santa Teresa de Ávila. São Francisco
e Santa Teresa são os inspiradores do vosso caminho espiritual. Muitos outros pastores vos ajudaram
e apoiaram. Conservai sempre este espírito de obediência filial, de afeto e proximidade com os
vossos pastores. Isto é muito importante. Não vos afasteis dos pastores. Onde há um pastor, há Jesus.
Aliás, nós como pastores de Jesus”.

A Comunidade nasceu no coração da Igreja. a Comunidade é Igreja. A Comunidade ama a


Igreja. A Comunidade ama os nossos Bispos. A Comunidade ama os nossos queridos Papas. Nasceu
sob a sombra de São João Paulo II, aos pés de São João Paulo II, e ama, tem devoção filial a São
João Paulo II.

Foi reconhecida como Associação Internacional de Fiéis sob o pontificado de Bento XVI,
ama e tem um amor filial, devoção filial ao Papa Bento XVI.

É acolhida, amada, animada pelo nosso querido e amado Papa Francisco. A Comunidade
ama, tem um amor e uma devoção filial ao Papa Francisco, um Papa que nos acolhe, nos entende,
nos incentiva e nos anima!

A Comunidade ama os nossos Bispos, tem uma gratidão profunda, profunda, vocês não
sabem o tamanho da gratidão que podemos ter pelo nosso querido Dom José Antônio, um Bispo que
compreendeu a Comunidade, que do seu jeito e da sua forma sustentou e apoiou a Comunidade em
todos os momentos porque isso é um sinal, reconhecendo como um dom do Espírito, e nós vivemos
nascemos na Igreja, vivemos na Igreja, e damos a nossa vida pela Igreja! Esse é o Espírito da
Comunidade Shalom! Qualquer outro é estranho a ela, porque a Igreja é a esposa de Cristo.

Sempre este espírito de obediência filial, de afeto e proximidade com os nossos pastores,
porque eles serão força para nós na missão, onde quer que estejamos! Onde a Comunidade Shalom
está é característico estar em torno do Bispo, estar em torno do pastor, estar lá na Missa, nos Tríduos,
nas Catedrais, Tríduos Pascais, se coloca generosamente a serviço da Igreja para junto com o seu
carisma evangelizar o mundo de hoje. Isto é Comunidade Shalom!

E pelo nosso amor à nossa querida Igreja, pelo nosso amor aos nossos pastores, ao nosso
Bispo Dom José Antônio, nosso Arcebispo e ao nosso querido Papa Francisco, vamos dar uma salva
de palmas por essa realidade, essa verdade de ser Igreja!

Falando nisso, algumas palavras desse encontro que o nosso querido Arcebispo teve com a
Comunidade. Ele disse: “Jesus disse: “Pelo fruto se conhece a árvore”11. Eu reconheço pelo menos
três frutos abundantes na Comunidade Shalom”, não obstante os limites, as fragilidades, as
fraquezas, nos lembram que nós somos humanos e frágeis, mas esses três frutos, entre outros, os
frutos mostram que a seiva é divina, que a obra é de Deus.

Ele dizia, primeiro: “Quantas pessoas encontraram, estão encontrando, os jovens, como foi a
vossa primeira inspiração, estão encontrando o caminho de Deus. Por meio da ação evangelizadora
da Comunidade muitas pessoas, especialmente jovens, estão encontrando o caminho de Deus, e
realmente encontram com Deus, isso é maravilhoso! É vivo na Igreja! A própria Igreja na sua
dimensão universal tem pedido isso a vocês. Como a Igreja percebe sinais de Deus e pensa que esses
frutos não podem ser guardados só para vocês, mas tem que ser dados ao mundo!”.

11
Lc 6,44.
10
Primeiro: o encontro das pessoas, dos jovens, com Jesus Cristo.

Segunda coisa que ele dizia: “Eu vejo a beleza das vocações que tem surgido no meio de
vocês, não só ao sacerdócio, mas famílias, celibatários, a beleza das vocações, a abundância das
vocações. Não só as sacerdotais, porque eu toco diretamente e que para mim é um privilégio enorme,
mas as vocações, a Comunidade que gera vocações para a Igreja”.

E a terceira coisa, dizia o nosso Arcebispo: “A expansão missionária que vocês estão tendo é
admirável, a difusão missionária que a Comunidade tem é admirável, porque não são só sacerdotes
missionários, são famílias, são consagrados, são jovens, nas situações mais diversas e adversas, em
culturas diferentes, em línguas diferentes. É o Espírito Santo que faz falar coisas lindas!”.

E ele finalizava com uma coisa, atenção! É muito importante! “Recordando o que eu disse a
vocês na homília, eu digo de novo”, são palavras do nosso Arcebispo, como bençãos para nós.
Escutem! “Crescei e multiplicai-vos, e invadi a terra! Crescei e multiplicai-vos, e invadi a terra! Para
que nós sejamos instrumentos da Igreja para o bem da Comunidade”.

A Igreja nos envia, a Igreja de Fortaleza nos envia pela boca do seu Bispo. A Igreja, na sua
dimensão universal, pelo Papa Francisco veremos e estamos finalizando, nos envia! E que palavra,
diz o nosso Arcebispo: “Crescei e multiplicai-vos, e invadi a terra!”

Comunidade Shalom, crescei e multiplicai-vos, e invadi a terra! Invadir está cidade, invadir o
mundo inteiro! Não para a nossa glória, mas para a glória de Deus, a edificação da Igreja, e o bem da
humanidade. Quem confirma isso, pode aplaudir!

Finalmente, o Papa Francisco nos recorda, em fidelidade a Cristo, em fidelidade à Igreja, em


fidelidade ao carisma. Vamos ler juntos essa parte do discurso do Papa: “A vossa Comunidade
caracteriza-se desde o início pela coragem criativa, pelo acolhimento e por um grande impulso
missionário. Corajosos. Naquele tempo Moysés era jovem; agora pobrezinho está velhinho,
velhinho. Estes traços distintivos podem ainda hoje ser encontrados nas iniciativas que levais a cabo
em vários países, isto é coragem criativa, acolhimento, impulso missionário. Este trabalho que
realizais em vários países, ao longo dos anos, deu vida a uma realidade eclesial que agora inclui não
só jovens, mas também famílias, celibatários comprometidos na missão, sacerdotes. Tantas coisas.
Bendigo o Senhor convosco por isto, e digo-vos: com a graça de Deus mantende vivos estes dons,
coragem criativa, acolhimento e impulso missionário. Por favor: não vão ao museu, não! Não sois
pessoas de museu, mas que caminham com coragem criativa, com acolhimento e impulso
missionário.”

A Igreja, por meio da boca do Papa Francisco, do sucessor de Pedro, nos chama a atenção das
nossas origens, como nós nascemos, e é assim que a Igreja nos quer, é assim que a Igreja precisa de
nós, é assim que a humanidade precisa de nós, Comunidade Shalom, com coragem criativa, coragem
criativa! Vamos aplicar isso a nossa cidade de Fortaleza! Coragem criativa!

A Comunidade nasceu com o Espírito de Deus gerando criatividade na nossa forma de ser e
na nossa forma de evangelizar. Nós ainda estamos no caminho fundacional, nos lembrava também o
Papa. Coragem criativa! Precisamos continuar com a nossa vida, ofertando, gerando, entregando,
nos doando, nos comprometendo, com a sabedoria de Deus para testemunharmos o Evangelho no
coração dessa cidade, com as iniciativas da nossa forma de ser como Comunidade, e da nossa forma
de agir na evangelização.

Coragem criativa! Assim nós nascemos, e assim nós somos animados a continuar, com
acolhimento, acolhendo a todos, amando a todos, usando de misericórdia com todos, não rotulando
ninguém, mas usando o Evangelho da misericórdia! Foi assim que nós fomos alcançados!
Acolhendo a todos, evangelizando a todos, convidando a todos ao arrependimento, à conversão, à
11
misericórdia, mas fazendo em primeiro lugar experimentar o amor infinito de Cristo, o amor
misericordioso de Cristo!

Mantendo a nossa unidade. O tripé da nossa vocação, qual é? Contemplação, unidade e


evangelização. Contemplação, a experiência com Cristo, que se encarna na nossa unidade, que é
mola propulsora para a nossa evangelização, por que se nós não vivermos essa dimensão de unidade
no meio de nós? “Pai, que eles sejam perfeitos na unidade, para que o mundo creia que Tu me
enviaste”12. A nossa evangelização ficará comprometida. A caridade, a misericórdia, devem reinar
no meio de nós, em vista da evangelização, em vista da conversão do mundo!

E o impulso missionário. Vejam! A Escuta fala de um novo envio. O nosso Arcebispo mostra
a dimensão missionária como uma das características, um dos frutos principais que o Espírito nos dá,
e nos envia a invadir a face da terra! E o nosso querido Papa Francisco nos fala também desse
impulso missionário, como uma das características essenciais do nosso carisma, e que a Igreja
espera, deseja e precisa, e a humanidade precisa da nossa parte.

O impulso missionário! Reavivar o ardor missionário no meio de nós, reavivar o ardor


evangelizador no meio de nós! Canalizar a nossa potência para a evangelização! Talvez nos últimos
tempos a potência da nossa vida, dos nossos esforços, tenha sido canalizada para tanta coisa que
passa, porque tudo passa, mas não está talvez tão canalizada para o eterno, o que fica, o que
permanece para sempre: o anúncio de Jesus Cristo e do Seu Evangelho! Isso é que nos faz ser
Shalom! Um novo envio!

Do altar da oferta total, do fogo do céu que desce, tudo isso em vista de um novo envio, um
novo envio na cidade de Fortaleza, um novo envio no Brasil, um novo envio no mundo! Depois
deste tempo da pandemia, ainda estamos sofrendo suas consequências, mas em novas perspectivas a
Comunidade é convidada toda para um novo envio, para um novo tempo missionário! Um novo
tempo missionário na Comunidade de Fortaleza e um novo tempo missionário no mundo inteiro!

Para ir em busca de quem? De pessoas que, pela Escuta, Nosso Senhor nos dizia que
precisam de recriações, serem recriadas. Se olhamos para a humanidade, se olhamos para o homem
do nosso tempo, se olhamos e vemos feridas enormes, se olhamos e ficamos preocupados com o
futuro, se olhamos e temos ansiedade de como serão os próximos anos, a nossa situação, seja
espiritual, seja humana, seja social, não! Nós temos de ter o olhar da esperança! A esperança
daqueles que são testemunhas de Cristo!

Por mais difícil que possa se apresentar o cenário humano, global, sim no meio de desafios,
no meio de desafios de guerra, no meio de desafios sociais, mas nós somos portadores da esperança,
testemunhas a esperança, testemunhas da vitória de Cristo sobre todo o mal!

Por isso na Escuta o Senhor nos mostrava aquela imagem de pessoas sendo carregadas pelos
braços para dentro da Igreja do Ressuscitado que passou pela cruz, ou seja, para dentro da
Comunidade, e ali uma grande manifestação da glória de Deus, recriando essas pessoas, e de
situações complicadas, difíceis, de recriações e de resgates impossíveis, novas vocações surgiam
com odor, perfume de santidade!

Meus queridos irmãos, essa é a nossa missão, essa é a nossa identidade! Aí deve ser o nosso
foco! Não percamos o foco! Nestes 40 anos sigamos o Esposo Eucarístico! Lembrem! Como o Papa
dizia, vocês não vão a museu, vocês não são gente de museu, vocês não são para ficar congelados no
passado! Vocês não são pessoas de visão ou compreensão da vida, da Igreja, do mundo, da
humanidade, da evangelização, retrógradas! Nós não somos isso! Nós não somos de museu! Nós não
somos!

12
Jo 17, 23.
12
Nós somos quem? Nós somos homens e mulheres com coragem criativa, com acolhimento e
impulso missionário! Não é que você não vai a museu, mas você não é museu. Você é Shalom, e
Shalom é? Quem é da minha idade, quer dizer, bem jovenzinho, apesar do Papa ter dito que eu era
velhinho, velhinho, mas quem é da minha idade, tinha uns negocinhos que tinha assim: “Amar é...”,
e aí diziam umas coisinhas. Aí agora podemos dizer: “Shalom é... Coragem criativa! Acolhimento!
Impulso missionário!”. É isso? É isso! Essa é a nossa missão!

“Ah Moysés, mas nós temos os nossos desafios, a Comunidade tem seus problemas”, tem,
tem sim, é verdade! “Ah, mas tem os problemas comunitários”, tem! “Tem os problemas eclesiais,
tem os problemas sociais e políticos”, tem! “Tem os problemas da humanidade”, tem! Mas é
exatamente por causa deles que nós existimos! Não para ficar retidos nele, mas para poder, no meio
dessa circunstância que se chama o tempo de hoje, nós darmos de graça o que de graça nós
recebemos, não outra coisam o nosso carisma! Com coragem criativa, com acolhimento, e com
impulso missionário!

E se você se sente amedrontado diante das circunstâncias da sua vida, na Escuta Nosso
Senhor nos lembrou o encontro daquele indiozinho, São Juan Diego, com a Virgem de Guadalupe,
onde ele dizia para Ela: “Ah, mas não é melhor que a Senhora mande outra pessoa mesmo? Será que
o Bispo acreditará em mim? Não será melhor uma pessoa mais capacitada?”. E Ela dizia: “Não tenha
medo, pequeno, não tenha medo! Eu não sou a Tua Mãe? Eu estou contigo! Não tenha medo! Não
tenha medo! Eu não sou a Tua Mãe?”.

Ela está conosco. Ela é aquela que está a um passo atrás do Esposo Eucarístico, e seguindo a
Ele, no ritmo Dela, na forma Dela, no jeito Dela, que o Senhor nos dê a graça de cumprirmos a nossa
missão neste tempo dos 40 anos da Comunidade!

Encerro com a invocação do Espírito Santo, que o Papa Francisco rezou, não no nosso
encontro, em outra oportunidade, mas que eu quero rezar com vocês nesta manhã. Vamos cantar o
refrão de novo? Vamos?

“Um coração inflamado por este amor tudo realiza e a tudo se dispõe!”. Feche os seus olhos
e abra o seu coração, e acompanhe esta minha oração: “Vinde, Espírito Santo! Vós que suscitais
línguas novas e colocais nos lábios palavras de vida, livrai-nos de nos tornarmos uma Igreja de
museu, bela, mas muda, com tanto passado e pouco futuro. Vinde estar conosco, para que não nos
deixemos dominar pelo desencanto, não debilitemos a profecia, não acabemos por reduzir tudo a
discussões estéreis. Vinde, Espírito Santo de amor, e abri os nossos corações para a escuta. Vinde,
Espírito de santidade, e renovai o santo Povo fiel de Deus. Vinde, Espírito Criador, e renovai a face
da terra. Amém”13.

“Um coração inflamado por este amor tudo realiza e a tudo se dispõe!”. E erguendo os
nossos braços, cantemos! Ave-Maria...

13
Papa Francisco, 09/10/21, Sessão de abertura do processo sinodal 2021-2023.

13

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