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Highlands
Lynsay Sands
Nkings, Magui
Sinopse
Outra batida soou, essa muito mais alta, mais insistente. Claray se obrigou a
endireitar-se e caminhar até a porta, alisando a saia do lindo vestido azul-claro que
usava, enquanto saía. Ela não ficou surpresa quando a abriu e viu seu tio Gilchrist,
emoldurado pelos dois homens que ele mantinha guardando sua porta nos últimos
três dias, desde sua chegada. Ela estava um pouco surpresa com a culpa que brilhou
brevemente em seu rosto, entretanto. Isso lhe deu um momento de esperança, mas
enquanto ela abriu a boca para implorar que não fizesse isso, Gilchrist Kerr ergueu
a mão para silenciá-la.
Claray fechou a boca e fez um aceno resignado, mas não resistiu a dizer: —
Esperemos, então, que você viva muito tempo para aproveitar, tio. Pois temo que
sua decisão certamente o colocará no inferno por toda a eternidade, depois.
O medo cruzou seu rosto com suas palavras. Foi seguido de perto pela raiva,
e a mão dele agarrou o braço dela em um aperto contundente. Arrastando-a para o
corredor, ele retrucou: — Você vai querer ficar de olho nessa língua com o
MacNaughton, garota. Caso contrário, você estará no inferno antes de mim.
Claray ergueu o queixo, olhando para frente enquanto ele a empurrava pelo
corredor em direção às escadas. —Não eu. Minha consciência está limpa. Eu posso
morrer primeiro, mas é no céu onde vou chegar. Diferente de você.
Claray olhou bruscamente para seu tio, para ver a expressão perplexa em seu
rosto e então examinou os três homens, novamente. Eles estavam no pátio agora e
cavalgando direto para eles, a meio galope ao invés de uma marcha, ela notou, um
pouco de seu desinteresse desaparecendo. Eram todos guerreiros grandes e
musculosos com cabelos compridos. Mas enquanto o homem à frente tinha cabelo
preto, o que estava atrás dele tinha castanho escuro, e o último era louro. Todos os
três eram bonitos, ou melhor, muito bonitos, ela decidiu quando eles se
aproximaram.
Claray não precisou perguntar quem era o Lobo, ou mesmo qual dos três
homens ele poderia ser. O guerreiro que atendia pelo apelido de “o Lobo” era o
assunto favorito dos trovadores ultimamente. Todas as músicas que eles cantavam
eram sobre ele, elogiando sua coragem e proezas na batalha, bem como seu belo
rosto e cabelo que era “preto como o pecado”. De acordo com essas canções, o Lobo
era um guerreiro considerado tão inteligente e terrível quanto o lobo que lhe deu o
nome. Mas ele era realmente um lobo solitário nessas músicas, porque falava pouco
e não se alinhava com nenhum clã em particular, oferecendo seu braço armado por
—Que diabos o Lobo está fazendo aqui? — seu tio murmurou agora.
Claray suspeitou que fosse uma pergunta retórica, então não se deu ao
trabalho de responder. Além disso, ela não tinha ideia do porquê o homem estava
aqui, mas estava grata por isso. Qualquer atraso para este casamento forçado era
apreciado, então ela simplesmente ficou ao lado de seu tio, esperando que os
homens os alcançassem.
—Laird Kerr, — o Lobo disse em saudação, enquanto freava diante deles. Ele
então enfiou a mão em seu plaid para recuperar um pergaminho. Segurando-o na
mão com o selo coberto, ele deixou seu olhar deslizar brevemente sobre Claray,
antes de voltar sua atenção para o tio dela. —Eu entendo que sua sobrinha, Claray
MacFarlane, está visitando. É ela?
Ela ouviu o grito de protesto de seu tio acima de seu próprio suspiro
assustado, e então ela estava no colo do homem e ele estava virando sua montaria
bruscamente e incitando-a a correr em direção aos portões.
Claray ficou tão atordoada com essa reviravolta que nem pensou em lutar.
Ela olhou para trás enquanto era carregada para fora do pátio. Ela viu os dois
homens que haviam chegado com o Lobo seguindo em seus calcanhares e, além
disso, o rosto vermelho de seu tio, quando ele começou a gritar ordens para que o
portão fosse fechado e a ponte levantada. Um rápido olhar para a frente mostrou os
homens na muralha lutando para seguir suas ordens, mas o portão foi liberado um
instante tarde demais. O fundo pontiagudo bateu no chão atrás do último cavalo e
não na frente deles, e enquanto a ponte começou a subir enquanto eles cavalgavam
por ela, era um processo lento e só havia se levantado talvez um ou dois metros do
chão, quando eles a cruzaram.
Ruborizando, Claray se virou para frente mais uma vez e tentou entender o
que estava acontecendo e como ela deveria se sentir sobre isso. No entanto, seus
processos de pensamento não estavam muito claros agora. Ela tinha comido pouco
nos últimos três dias, além do que Mairin tinha conseguido esgueirar para ela
naquela manhã, e ela não tinha dormido nada. Em vez disso, ela passou esse tempo
alternadamente andando de um lado para o outro, enquanto tentava encontrar uma
solução para sua situação, ou de joelhos, orando a Deus por Sua intervenção. Ela
estava exausta, confusa e, francamente, tudo o que sua mente parecia capaz de
entender naquele momento era que isso parecia ser uma resposta à sua oração. Ela
não se casaria com Maldouen MacNaughton hoje.
Alívio escorrendo por ela, Claray soltou a respiração que estava segurando e
se permitiu relaxar nos braços de seu captor.
Conall ergueu seu olhar da moça aninhada contra seu peito e espiou para
Roderick Sinclair, que havia emparelhado o cavalo à sua direita. O homem pareceu
ao mesmo tempo surpreso e divertido com a reação da mulher à situação em que se
encontrava. Conall apenas assentiu e voltou a olhar para a moça, mas também estava
um pouco surpreso.
Conall se enrijeceu com a sugestão, seu olhar se movendo sobre seu rosto. Ela
parecia pálida para ele, com hematomas escuros sob os olhos que sugeriam
exaustão. Preocupação agora deslizando através dele, ele mudou as rédeas de sua
montaria para a mão que tinha enrolado ao redor dela, para mantê-la em seu cavalo,
então usou as costas de sua mão agora livre para sentir sua testa. Para seu alívio, ela
não parecia muito quente. Mas seu toque aparentemente a despertou do sono. Suas
pálpebras se ergueram lentamente, longos cílios varrendo para cima para revelar
olhos azuis de uma manhã de primavera, e então ela piscou para ele antes de se
sentar abruptamente para olhar ao redor.
—Vamos parar? —Sua voz era suave e ainda rouca de sono, enquanto ela
observava os arredores.
Conall abriu a boca, pretendendo dizer: —Não, — mas o que saiu foi: — Você
precisa, moça? — quando ele percebeu que ela poderia querer se aliviar depois de
tanto tempo na sela. Na verdade, ele poderia fazer uma parada pelo mesmo motivo.
Claray deu um sorriso tímido para ele e assentiu com um embaraço óbvio.
— Na verdade, Laird Lobo, sim.
Conall piscou ante o nome pelo qual lutou nos últimos doze anos, surpreso
que ela soubesse tanto sobre quem ele era, mas então desviou o olhar para examinar
a paisagem ao redor deles. Ele vinha por ali muitas vezes e sabia exatamente onde
Assentindo, Conall apertou seu braço ao redor dela e incitou seu cavalo a
galopar, deixando os outros para trás. Momentos depois ele estava parando ao lado
de um rio que estava realmente a apenas um passo de ser um riacho borbulhante.
Claray parecia satisfeita, no entanto, e deu-lhe um sorriso antes de deslizar sob seu
braço, para descer de sua montaria. Ela fez isso tão rápido que Conall não teve a
chance de sequer tentar ajudá-la a descer, e então ele desmontou e se dirigiu para a
floresta do outro lado da clareira para se aliviar.
Quando ele voltou alguns momentos depois, foi para descobrir que os outros
os haviam alcançado. Roderick, Payton e o imediato de Conall, Hamish, estavam
esperando na pequena clareira, ao lado de sua montaria, enquanto o resto dos
homens se reunia na trilha ao lado dela, alguns desmontando para passear no
bosque do lado oposto da trilha para cuidar dos seus próprios assuntos, outros
cuidando dos cavalos.
—Sim, mas. . . — Payton fez uma careta e então perguntou: —E se ela tentar
escapar?
Foi Roderick quem disse: —Talvez. Mas você disse que não teve chance de
explicar, então ela não sabe disso. Ela pode fugir de medo do que você planeja fazer
com ela.
Conall franziu o cenho ante essas palavras, com som baixo e profundo, de
Roderick. O homem não era muito de falar. Por isso, quando falava, Conall, e
qualquer um que o conhecesse, escutava.
—Ela não parecia com medo, — Conall murmurou, seus olhos vasculhando a
floresta em que Claray tinha desaparecido. Ele agora estava preocupado com o fato
de que ela ainda não havia retornado, e se preocupando se ela não tinha disparado
em uma corrida quando saiu de vista e estava, agora mesmo, tentando abrir caminho
pela floresta.
—Não, ela não parecia com medo, — Payton concordou, mas parecia mais
incomodado com o conhecimento do que aliviado, antes de perguntar preocupado:
— Isso parece certo para você? Quero dizer, você acabou de pegá-la de seu tio e fugiu
com ela, momentos antes dela se casar com outro.
— Ela iria se casar com Maldouen MacNaughton, — lembrou-lhe Conall,
ainda desgostoso com a ideia. —O homem é um bastardo mentiroso, conspirador e
assassino.
Conall voltou a olhar para Claray ao ouvir essas palavras murmuradas. Tudo
o que ele podia ver eram as costas dela, mas não parecia haver ninguém na frente
dela com quem ela pudesse estar falando. Na verdade, ela estava ajoelhada na beira
do rio. Ela estava se confortando? Talvez estivesse doente e estivesse dizendo a si
mesma que tinha acabado?
Enquanto Conall murmurava uma desculpa por lhe dar um susto, ela se
levantou e se virou para encará-lo com um coelho nas mãos. Sua pele estava
molhada, não se movia e havia três feridas longas em seu lado. Conall o olhou
brevemente, perguntando-se como ela o havia matado. Ela não tinha arco e flecha,
então ele supôs que ela tinha usado seu sgian dubh para acabar com a vida do
bichinho. Era impressionante, e ele não ficou surpreso que ela estivesse com fome
depois de cavalgar o dia todo, mas...
Conall a olhou com incerteza. —Então por que você o matou, moça? É errado
matar um bichinho que você não planeja comer.
—Eu não o matei! — ela exclamou, olhando para a criatura peluda com
preocupação. —Eu lavei o sangue. . . e não está morto, apenas ferido. Acho que um
gavião ou falcão deve ter tentado carregá-lo e derrubou-o ou algo parecido. Tem
arranhões na lateral que podem ter sido de garras.
Conall baixou o olhar para o coelho, fazendo uma leve careta quando viu uma
de suas longas orelhas se contrair. Estava vivo, e ele tinha um mau pressentimento
de que ela planejava. . .
—Vou levá-lo comigo. Não vai sobreviver aqui, ferido como está. Seria uma
presa fácil para a primeira raposa ou falcão que aparecesse.
Conall teve que apertar os lábios para calar seu protesto instintivo. Eles
estavam fugindo. Ele tinha que levá-la de volta para a segurança de MacFarlane e
seu pai, antes que os homens de MacNaughton — e possivelmente até mesmo de seu
tio — os alcançassem e tentassem roubá-la de volta, apesar do pergaminho que ele
entregou a Gilchrist Kerr. Era de seu pai, alegando que algo inesperado havia
ocorrido e ele precisava dela de volta para casa, e o Lobo e seus companheiros
deveriam escoltá-la de volta imediatamente.
Na verdade, a sorte estava com eles hoje. Ele estava preocupado que fosse
tarde demais quando ele entrou e viu a reunião ao redor da capela. Mas então ele viu
Kerr arrastando uma moça do castelo para a igreja, e percebeu que o momento de
sua chegada tinha sido perfeito.
Agora ele mal podia acreditar o quão fácil tinha sido e estava preocupado que
sua sorte não durasse. Conall não estava realmente preocupado em enfrentar os
homens de MacNaughton e Kerr. Seus guerreiros eram algumas das melhores
espadas de toda a Escócia e até da Inglaterra, mas ele não gostava da ideia de uma
batalha irromper, com a moça ali. Ela poderia se machucar ou até mesmo ser morta
Afastando seus pensamentos, Conall olhou para Claray, surpreso ao ver que
ela já estava voltando para a floresta por onde ele tinha vindo, deixando-o para trás.
O coelho ainda estava aninhado em seu peito.
Murmurando baixinho, ele a seguiu rapidamente, alcançando-a apenas
alguns metros dentro da cobertura das árvores. Ele a olhou de lado por um
momento, observando-a agitar e arrulhar para o coelho, e então limpou a garganta
e disse: — Moça, eu sei que você não faz ideia de quem eu sou, ou por que eu a levei
comigo, mas...
—Tecido? —ele repetiu, confuso com a mudança de assunto. —Não. Por quê?
—Eu realmente acho que seria melhor atar as feridas de Brodie, — ela
explicou.
—Milaird?
Conall baixou os olhos para ver que Claray havia voltado para seu lado e
agora o olhava com incerteza.
—Eu viajo com você de novo? Ou você trouxe uma égua para mim. . . Oh! —
ela ofegou com surpresa, quando ele se inclinou para pegá-la sob os braços e
levantá-la diante dele, coelho e tudo.
Colocando-a em seu colo novamente, ele incitou sua montaria a retornar à
trilha antes de perguntar: — Você pode montar, então?
Conall baixou o olhar, tentando ver sua expressão para determinar se ela o
estava provocando ou não. Parecia uma resposta sem sentido para ele. Mas ele só
podia ver o topo de sua cabeça, não sua expressão. Dando de ombros, ele deixou o
assunto de lado e se concentrou no caminho à frente, enquanto eles continuavam
sua jornada.
—Eu me distraí com o pequeno Brodie e esqueci... er... de cuidar dos assuntos
para os quais paramos, — ela desabafou, interrompendo-o antes que ele pudesse
perguntar o que estava errado.
Ela se virou e correu vários passos, antes de parar de repente. Girando, ela
correu de volta para empurrar o coelho para ele. — Você poderia...? Não posso
segurá-lo e...
Claray não terminou. Conall automaticamente pegou o coelho quando ela o
empurrou. No momento em que suas mãos se fecharam em torno dele, ela
interrompeu sua explicação e correu para a floresta.
—Ela se distraiu com o coelho na nossa última parada e não cuidou dos
assuntos, — ele rosnou quando eles levantaram as sobrancelhas interrogativas.
Os três homens trocaram olhares, e então Payton comentou: —Bem, vamos
torcer para que ela não esteja distraída por outro coelho desta vez, então.
—Você disse a ela que seu pai nos enviou para buscá-la? — Payton
perguntou, depois de vários minutos.
—Não, — Conall exclamou, seu olhar deslizando da floresta para o coelho que
segurava. Ele se sentiu tolo e desajeitado ali, segurando a maldita coisa. Não era
totalmente crescido, muito pequeno para fazer uma refeição, na verdade, mas era
macio e quente e trêmulo, algo feroz. Coelhos não eram conhecidos por lidar bem
com o estresse, e este estava obviamente angustiado. Provavelmente cairia morto
antes que chegassem a MacFarlane, pensou ele, e esperou que ela não o culpasse por
isso.
—Você não acha que ela pode estar fugindo, então? — Payton perguntou
depois que vários minutos se passaram. Quando Conall olhou para ele pedindo uma
sugestão, o jovem deu de ombros e apontou: —Ela parece estar demorando muito.
—Ele é tão pequeno que quase pisei nele antes de avistá-lo, — disse Claray
agora. —Havia um pouco de pelo marrom avermelhado e uma mancha de sangue
perto dele. Sua pobre mãe devia estar mudando-o para um novo ninho, quando foi
—Mas é apenas um bebê, milaird. Ainda está só com um olho aberto, então
não tem mais de cinco semanas. Ele morrerá se for deixado sozinho, — protestou
ela.
—Oh, sim, — ela murmurou, olhando para baixo com preocupação, e então
para sua surpresa, ela puxou a parte superior de seu vestido para longe de seu peito
e colocou a pequena criatura dentro para se aninhar entre seus seios. —Isso deve
ajudar a mantê-lo aquecido.
Conall ficou boquiaberto para ela, tão atordoado que nem sequer pensou em
ajudá-la a se levantar quando ela lutou para ficar de pé.
—Espere. Moça, você não pode. . .— Suas palavras morreram quando ela fez
uma pausa e se virou para sorrir para ele, a cabeça inclinada questionando. Ele ia
insistir que ela deixasse o arminho para trás, mas ela parecia tão malditamente doce.
. . cedendo com um suspiro resignado, ele perguntou em vez disso: —Você cuidou
de seus assuntos antes de encontrar a pequena besta, ou você precisa de mais um
minuto?
Conall só podia estar agradecido. Do jeito que as coisas estavam indo, se ela
já não tivesse realizado a ação e ainda precisasse se aliviar, ela provavelmente
tropeçaria no ninho com o resto dos arminhos órfãos e insistiria em trazê-los
também. A moça parecia ter um coração mole quando se tratava de criaturas
pequeninas. Era algo que ele teria que trabalhar com ela uma vez que a reivindicasse
como noiva, ele supôs. Mas por enquanto, Conall apenas assentiu solenemente, e
tomou seu braço para escoltá-la para fora da floresta e direto para seu cavalo.
Conall fez uma carranca no topo de sua cabeça, mas como ela não o podia ver,
no final ele apenas respondeu: —De seu pai.
Conall franziu ligeiramente a testa ao recordar que seu tio havia mencionado
há quatro anos que a mãe de Claray, Lady MacFarlane, havia falecido. Ele agora
Parando de acariciar o coelho, ela virou a cabeça para a direita, onde Payton
e Hamish estavam lado a lado, e disse a eles: —Isso foi muito corajoso da parte dela.
Meu tio tem os punhos soltos quando está com raiva e teria ficado muito irado se
descobrisse que ela vasculhava seus papéis pessoais.
Aparentemente satisfeita por ele ter entendido que os esforços de sua prima
não eram pouca coisa, Claray voltou sua atenção para seu coelho e continuou. —
Felizmente, Mairin encontrou as mensagens que ele tinha recebido, muito
rapidamente e conseguiu lê-las todas, devolvê-las ao lugar onde estavam e sair do
quarto do meu tio sem ser descoberta.
—De qualquer forma, — Claray continuou, —uma vez que eu chegasse a Kerr,
meu tio deveria mandar buscá-lo e ele viria, trazendo seu próprio padre. Eles me
forçariam a me casar com ele, e então os MacNaughton matariam toda a minha
família e meu tio poderia herdar MacFarlane e dobrar suas riquezas.
—O que?
—Claro que sim. Ele é um tolo ganancioso, — ela disse com irritação. —E
estúpido o suficiente para acreditar que MacNaughton o deixaria ficar com
MacFarlane.
—Você não acha que ele iria? — Conall perguntou baixinho. Ele tinha certeza
de que não teria sido o caso, se seus planos não tivessem sido interrompidos por ele
ter roubado Claray antes que MacNaughton pudesse se casar com ela, mas estava
curioso para ouvir suas opiniões sobre o assunto.
—Oh, seja lógico, — disse ela, parecendo exasperada. —Eu não sou uma
beleza delirante que um homem mataria para ganhar.
Conall franziu o cenho ante suas palavras, não gostando delas, embora não
soubesse por quê. Ele pensara a mesma coisa ao vê-la pela primeira vez. Antes que
ele pudesse considerar porque seu pensamento o aborreceu tanto, ela continuou.
—Além disso, uma vez que ele forçasse o casamento, assassinar minha
família teria sido desnecessário se ter a mim como esposa fosse tudo o que ele
queria, — ela apontou, e então assegurou a eles, —MacNaughton quer MacFarlane
para si mesmo e tendo o resto da minha família morta, eu certamente herdaria, não
meu tio. Ele não é um MacFarlane. Ele é apenas uma relação por casamento com
minha tia, que era irmã da minha mãe e uma Buchanan como ela.
— Sobre me forçar a casar com ele e matar minha família, o que não seria
necessário para me ganhar como esposa, se o casamento forçado já tivesse acabado?
— ela sugeriu secamente, cortando Payton. —Um casamento forçado que meu tio
ajudou a planejar, então dificilmente poderia ir chorar para o rei?
—As terras dos MacNaughton fazem fronteira com o Loch Awe de um lado,
as terras dos MacFarlane do outro e as terras dos Campbell tanto acima quanto
abaixo, — ressaltou. —É sem dúvida muito desconfortável ter os Campbell acima e
abaixo assim. Suspeito que MacNaughton teme que eles possam um dia acabar com
MacNaughton completamente, para fazer uma grande varredura na terra dos
Campbell. Sem dúvida, ele espera que ganhar as terras, soldados e riqueza de
MacFarlane impediria que isso acontecesse.
Conall reprimiu um sorriso ante suas palavras. Ela havia falado seus próprios
pensamentos em voz alta, e ele estava estranhamente orgulhoso dela poder ver a
estratégia no plano de MacNaughton. Na verdade, era muito bom.
—Então você acha que ele planejava se casar com você, matar seu pai e
parentes. . . e o quê? Apenas deixar seu tio apodrecer em sua indignação por não
conseguir MacFarlane como prometido? —Payton perguntou, e então apontou, —
Certamente ele teria que dar MacFarlane para seu tio para impedi-lo de contar a
todos que MacNaughton matara sua família.
—Veneno.
Claray assentiu, com a voz triste quando admitiu: — Meu noivo, Bryson
MacDonald, seus pais, Bean e Giorsal MacDonald, e a maioria de seu clã foram todos
assassinados por veneno quando eu tinha apenas alguns meses de idade. Foi apenas
um dia depois que meus pais saíram de uma visita a eles, onde organizaram e
assinaram nosso noivado. — Suspirando, ela balançou a cabeça. —Aparentemente,
meus pais tinham apenas um dia de viagem para casa em MacFarlane, quando um
mensageiro os pegou com a notícia. Eles voltaram e seguiram direto para MacKay.
Interrompendo sua história, ela explicou: —Ross MacKay era irmão de Giorsal, tio
de Bryson, o melhor amigo de Bean e seu vizinho mais próximo. O mensageiro veio
dele.
—Por que voltar? — perguntou Conall. Ele sabia a verdadeira razão, mas se
perguntava o que lhe tinha sido dito.
—Meus pais eram amigos de Giorsal e Bean, assim como os MacKays. É por
isso que o noivado fora contratado. Então, é claro, meu pai queria ajudar a enterrar
os corpos e descobrir quem os havia assassinado. Mas eles nunca conseguiram
resolver isso. — Ela afundou contra o peito dele, como se de repente estivesse
exausta. —Eu sei que meu pai ainda se preocupa com isso até hoje e tenta descobrir
em sua mente quem pode ter feito isso. Ele diz que Bean e Giorsal eram pessoas
maravilhosas e merecem justiça. Mesmo agora, todos esses anos depois, ele não
consegue deixar para lá. — Ela ficou em silêncio por um minuto, e então acrescentou
com uma voz triste e rouca: — Acho que é por isso que ele nunca arranjou outro
noivado para mim. Isso significaria admitir que eles estão mortos, e acho que isso
partiria seu coração.
Conall sabia que Payton estava olhando para ele. Seu primo, Payton MacKay,
queria que ele lhe dissesse que era Bryson MacDonald, filho de Bean e Giorsal
MacDonald, sobrinho de Ross e Annabel MacKay, e seu noivo. Mas ele não ia fazer
isso. Poucos conheciam sua verdadeira identidade e ela não estava entre esses
poucos por uma razão. Uma razão que não mudou. Além disso, ela tinha falado o
suficiente. Sua voz ficou rouca e áspera enquanto ela falava. Ela precisava descansar
e parecia estar fazendo isso agora, ele notou enquanto ela se movia contra seu peito,
com um pequeno suspiro. A moça estava dormindo e a percepção o fez sorrir. Ele
gostava que ela confiasse tanto nele. Ele também gostava do jeito que ela se
aconchegava nele como fazia. Ele gostava do calor do corpo dela contra o seu
Ele abaixou a cabeça até que seu nariz roçou o cabelo dela, inalou
profundamente e fechou os olhos, enquanto o aroma dela o dominava, doce e fresco,
apesar das horas de viagem. Ele queria passar as mãos pelos cabelos gloriosos dela
e enterrar o rosto nas mechas macias, enquanto inalava continuamente. No entanto,
a presença dos outros homens tornava isso impossível e ele relutantemente
levantou a cabeça e voltou seu olhar e atenção para o caminho à frente, enquanto
tentava ignorar a mulher suave e suspirante em seu colo.
Claray não se lembrava de ter adormecido, mas foi seu estômago que a
acordou. Gemendo com a dor em sua barriga, ela abriu olhos cansados e piscou,
então virou o rosto na roupa de cama, para se esconder da luz do sol que a agredia.
Só que não era roupa de cama, ela percebeu, quando o que ela pensou ser uma cama
saltou contra sua bochecha e uma risada atingiu seus ouvidos.
—Você fez pouco além de dormir desde que deixou Kerr, mas não parece
gostar muito da manhã, moça, — disse o Lobo com diversão suave.
Claray fez uma careta para sua provocação e se endireitou para olhar
carrancuda para o homem. Com a voz rouca, ela lhe assegurou: — Na verdade, eu
gosto da manhã como regra, mas não dormi nem comi o tempo todo que estive em
Kerr. Aparentemente, isso me deixa cansada e irritada.
—Isso é tudo o que passou? — ela perguntou cansada, sua voz pouco mais
que um sussurro. Sua garganta estava dolorida e seca e falar realmente doía.
—Não, eu acho que este pode ser o começo do quinto dia, — ele murmurou,
de repente levantando sua cabeça para olhar ao redor.
Claray fez uma careta com a afirmação, e então admitiu, —Mairin conseguiu
me roubar uma pequena côdea de pão e um pouco de queijo, enquanto ela estava
ajudando a me preparar para o casamento na última manhã, então eu não fiquei
completamente sem nada por tanto tempo.
As palavras a fizeram olhar para o vestido que ela usava. Na verdade, tinha
sido muito bonito quando eles o apresentaram a ela e a obrigaram a colocá-lo, mas
agora estava enrugado e coberto de poeira da viagem. Ela supôs que não deveria
realmente se importar. Afinal, este era o vestido com o qual ela deveria se casar com
MacNaughton. Como tal, ela provavelmente deveria querer removê-lo e queimá-lo
na primeira oportunidade. Mas parecia injusto culpar o vestido pelas intenções de
—Tome.
Roderick apenas deu de ombros e disse: —Há uma clareira a oeste daqui.
Poderíamos montar um acampamento por um pouco. Deixar os cavalos
descansarem, enquanto procuramos comida para ela.
—Eu, de alguma forma, não acho que ela ficaria feliz com isso, — Roderick
disse com diversão.
—Então?
Conall deixou o plaid cair sobre Claray novamente e olhou para Roderick. —
Sim. A clareira a oeste. Mostre o caminho, — ele disse, e o seguiu quando o homem
saiu na frente, para fazer exatamente isso.
Apesar de tudo isso, levou um momento inteiro para ela perceber que o calor
que a envolvia era o Lobo. Ela estava descansando em cima de seu peito; no entanto,
ela se contorcendo fez o homem rolar e agora ele era quem estava por cima. Bem,
mais ou menos, ela reconheceu ironicamente. Realmente, ele estava de lado ao lado
dela. Mas seu braço e perna estavam sobre ela e a aconchegando perto, enquanto
seus lábios estavam agora. . . bem, ela não tinha certeza do que os lábios dele
estavam fazendo, embora parecesse que ele estava mastigando levemente sua
orelha.
E por que isso estava enviando pequenas flechas de calor e formigamento
através de seu corpo?
Claray não fazia ideia, mas parecia-lhe que sair de debaixo do Lobo poderia
ser uma coisa boa. Especialmente porque ela tinha uma terrível necessidade de se
aliviar. Felizmente, esse era o único desconforto que ela estava sentindo no
momento.
Esta era a terceira vez que Claray acordava desde que pararam na clareira
mais bonita que ela já tinha visto. A primeira vez foi perto do meio-dia, e ela mal
abriu os olhos antes que o Lobo a enchesse de cerveja e hidromel. O suficiente para
quase afogá-la. Uma vez que ele decidiu que ela tinha líquidos suficientes, ele então
produziu um faisão inteiro para ela.
Agora, era a terceira vez que ela estava acordando, e parecia ser o raiar do
dia. O céu estava começando a clarear, a escuridão no alto se transformando em um
vermelho profundo que clareou para laranja e depois uma fina faixa amarela quando
atingiu o horizonte, mas ainda não havia sinal do sol.
Um olhar ao redor mostrou a ela que quase uma dúzia de fogueiras foram
construídas na grande e bonita clareira para os homens dormirem ao redor. Elas
estavam agora reduzidas a brasas, e os cerca de cem homens deitados ao redor delas
ainda dormiam. Havia também meia dúzia de homens sentados ou de pé,
obviamente montando guarda sobre os outros enquanto dormiam, mas ela não tinha
ideia de onde estava o resto dos homens. Ela tinha certeza, porém, de que havia mais
em algum lugar. Pareceu-lhe que pelo menos duzentos homens os estavam seguindo
quando ela acordou depois de deixar Kerr.
Claray voltou seu olhar para o Lobo novamente e mordeu o lábio enquanto
olhava para seu rosto adormecido. Ela pensou que ele era bonito na primeira vez
que o viu, mas agora, adormecido e com a severidade faltando em seu rosto, ele era
mais do que bonito. Ele era perfeito, com lábios cheios e carnudos, maçãs do rosto
salientes e um queixo forte. Claray pensou que poderia ficar olhando para ele por
horas se não precisasse muito, muito mesmo se levantar e se aliviar. O problema era
como escapar de debaixo do Lobo sem acordá-lo.
Depois de alguma consideração, parecia que a única coisa a fazer era deslizar
para o lado até que o braço e a perna dele não estivessem mais sobre ela. Inspirando
fundo e segurando o fôlego, ela começou sua manobra. Foi um processo muito lento,
e quando ela estava livre, Claray estava em perigo iminente de se molhar, o que seria
muito embaraçoso. Desesperada para evitar isso, ela se levantou e correu para a
floresta, pulando e saltando sobre os corpos estendidos ao redor da clareira, em vez
de perder tempo contornando-os. Ela provavelmente acordou um homem ou dois
A necessidade de Claray era tão grande que ela não fugiu para longe. Ela
entrou talvez três metros entre as árvores, antes de parar e se agachar. Ela mal teve
tempo de se certificar de que suas saias estavam fora do caminho antes que seu
corpo decidisse que tinha esperado tempo suficiente e começasse a fazer o que
desejava. A redução da pressão foi um alívio tão perturbador que não foi até que ela
terminou e se endireitou, que ela notou o calor se contorcendo entre seus seios.
Quando o bebê começou a chiar no que lhe parecia ser uma reclamação,
Claray sorriu levemente. Ela tinha esquecido completamente do arminho, e ele
quase poderia estar lhe dando um sermão sobre isso. Ou talvez ele estivesse
reclamando que estava com fome, ela pensou ao perceber que enquanto ela comia e
dormia, não comia desde que ela o colocou em seu vestido, na noite anterior. Não
era uma coisa boa para um bebê tão jovem. O problema era que ela não tinha nada
para dar. Nessa idade, poderia ser capaz de comer carne, embora geralmente a
comesse crua, e ainda precisaria de leite, mas ela não tinha nenhum para dar.
Mordendo o lábio, Claray acariciou a cabeça macia da pequena criatura e, em
seguida, beliscou suavemente o pelo solto em seu pescoço. Para sua surpresa, ele
imediatamente voltou ao lugar quando ela o soltou. Isso sugeria que estava bem
hidratado, apesar de não ter sido alimentado por mais de um dia. Claray deveria ter
ficado aliviada com isso, mas em vez disso estava apenas confusa. Ela também estava
preocupada, pois embora pudesse dar pedaços de carne cozida quando eles
comessem em seguida, ela não tinha como obter leite.
—Claray?
Girando nos calcanhares, ela viu o Lobo se aproximar e ficou surpresa ao ver
preocupação em seu rosto.
—Leite? — ela perguntou finalmente, tropeçando atrás dele, antes que ele
chegasse muito longe.
Ele parou para permitir que ela o alcançasse. —Estamos nas terras de
Dougall, e há uma fazenda ou duas não muito longe da clareira. Ontem de manhã,
depois que paramos aqui, Hamish foi até a mais próxima delas e trocou lá por um
pouco de leite de cabra para o pequeno Squeak.
—Ah, não. Squeak é perfeito, — ela lhe assegurou, sorrindo para suas costas,
enquanto se apressava para alcançá-lo. —Ele parece chiar muito. E parece dirigido
a você — acrescentou ela, ao notar que Squeak se contorcia em sua mão até que
pudesse ver o Lobo e continuava a guinchar para ele, da maneira mais indignada.
O homem diminuiu a velocidade e olhou para o ser pequenino, para ver que
estava realmente guinchando em sua direção, e ela pensou ter visto seus lábios se
contorcendo, mas sua voz estava rouca quando ele disse: —Sim, bem, ele
provavelmente está exigindo seu café da manhã e desde que fui eu quem o alimentei,
a cada poucas horas ontem, ele gosta de pensar que é meu trabalho agora.
—Você o alimentou? — Claray perguntou com espanto. Era apenas algo que
ela não teria esperado. Na verdade, ela não conseguia nem imaginar o homem
O Lobo grunhiu e então murmurou, —Por nada, — e então pegou seu braço
para escoltá-la de volta ao acampamento.
Ela fez como instruído e pegou o peixe, mas ao invés de comer, ela observou
com curiosidade enquanto o Lobo colocava um pouco de leite em sua palma, e então
colocava Squeak em seus dedos. O pequeno bebê imediatamente rastejou para a
base de seus dedos e começou a lamber a poça de leite.
—Eu mandei metade dos homens acordar cedo para caçar e cozinhar mais
carne e peixe, para que pudéssemos comer antes de partirmos, — disse ele, sua
atenção em derramar mais leite na palma da mão, sem derrubar Squeak de seu
poleiro.
—Oh. — Isso explicava onde “o resto dos homens” estava quando ela se
levantou naquela manhã, e ela se perguntava onde eles tinham ido caçar e pescar.
—Há outra clareira não muito longe daqui, — o Lobo disse como se estivesse
lendo sua mente. —Eu os fiz acampar lá para que não incomodassem a todos quando
acordassem cedo, e para que não os perturbássemos quando fossem dormir cedo.
—Ah, — Claray repetiu, e então percebendo que ela estava apenas sentada
ali olhando para ele, ela se sacudiu e rapidamente começou a comer. Depois de uma
ou duas mordidas, ela perguntou com curiosidade: — Como você conseguiu chegar
a Kerr tão rapidamente?
—Tenho certeza de que sim, mas eu quis dizer. . .— Claray hesitou, alinhando
seus pensamentos, e então disse: —Mairin me disse que enviou sua mensagem para
Buchanan porque estava mais perto. Como meu pai e você acabaram recebendo a
notícia tão rapidamente?
—Porque ele sabia que eu estava lá, — o Lobo respondeu, e então fez uma
careta como se tivesse acabado de perceber o que dissera.
— Ele queria contatá-lo para alguma coisa antes de tudo isso acontecer? —
Claray perguntou, tentando entender.
O Lobo ficou em silêncio por um minuto e depois deu de ombros
desconfortavelmente. —Quem pode dizer. O mensageiro chegou antes que ele
—Com Allistair, — ele disse suavemente. —Ele cuida dos cavalos quando
viajamos e se ofereceu para cuidar do coelho enquanto você estava indisposta. Mas
eu vou buscá-la para você agora, se desejar.
—Brodie é uma ela, — ele disse, com diversão. —Pelo menos Allistair diz que
sim, e como ele entende mais de animais do que eu de guerra, estou acreditando
nele.
—Sim, eu sei disso, — ela lhe assegurou. —Mas Squeak é apenas um bebê, e
Brodie é muito grande.
—Uma vez eu vi um arminho atacar e matar um coelho com dez vezes seu
tamanho, moça. Eles são caçadores temíveis, e é o instinto deles. Você pode querer
mantê-los longe onde possa vê-los, quando os apresentar, em vez de colocá-los em
uma bolsa onde Squeak possa pular em Brodie e morder a nuca dela, ou Brodie pode
arrancar a cabeça de Squeak fora, por medo, — ele sugeriu, terminando com os nós
e depois dando um passo para trás.
Claray abriu a boca para dizer não, e então a fechou bruscamente, pensando
melhor. Tanto eles quanto os cavalos tiveram um descanso muito longo e ele
gostaria muito de viajar em velocidade, sem parar, para compensar o atraso que ela
lhes custou. Parecia inteligente para ela aproveitar esta oportunidade para se aliviar
agora, ao invés de arriscar irritá-lo mais tarde, então ela assentiu solenemente e foi
para a floresta.
— Quantos dias mais você acha que levará antes de chegarmos a MacFarlane?
Conall olhou ao redor com surpresa para aquela pergunta de Roderick. Eles
cavalgaram duro durante o dia, mas era noite novamente. Eles voltaram a andar
devagar, e o homem havia colocado sua montaria ao lado dele.
—Bem, parece que nós coletamos um novo animal para cada dia de viagem,
— ele disse, e então contou, —O coelho, o arminho e o filhote de raposa que ela
encontrou esta manhã. — Ele ergueu as sobrancelhas e apontou: —São três animais
em três dias.
A boca de Conall se abriu com desagrado com a contabilidade e ele olhou para
o bebê raposa embalado nos braços de uma Claray adormecida. Ele estava
definitivamente se arrependendo de ter perguntado se ela precisava se aliviar
novamente naquela manhã, antes de deixarem a clareira onde haviam descansado.
Tinha estado arrependido desde que ela regressara da sua viagem à floresta
carregando a nova besta — um filhote de raposa abandonado cuja mãe, ou alguma
outra criatura, por algum motivo, havia mastigado ambas as orelhas.
Conall gemeu alto quando a viu sair da floresta carregando o pequeno animal
peludo. Um olhar para o rosto encantado dela, enquanto arrulhava e acariciava a
criatura, lhe disse que teria uma luta nas mãos se tentasse fazê-la deixá-lo para trás.
Não querendo incomodá-la fazendo uma tentativa de convencê-la, ele simplesmente
montou e esperou em silêncio, enquanto Hamish forneceu a pomada e os tecidos
Conall os ignorou até que o riso sumiu e Payton disse: — Acho que ela vai
acrescentar pelo menos mais um animal antes de chegarmos. Ele fez uma breve
pausa e então disse: —O que eu estou querendo saber é o que vai ser.
Foi Hamish quem sugeriu: —Estou pensando que talvez um arganaz ou uma
marta ferida.
Conall estreitou os olhos com o que soou quase como uma reprimenda aos
seus ouvidos. Mas tudo o que ele disse foi: —É até nos casarmos.
—E quando será isso? — Roderick perguntou com interesse. Quando Conall
não respondeu de imediato, acrescentou: —Só pergunto por que tenho certeza de
que foi por isso que o pai dela foi até Buchanan para vê-lo, quando soube que Aulay
tinha você lá discutindo negócios. Você sabe que o homem está ficando impaciente
para ver o contrato cumprido e sua filha casada.
Quando Conall simplesmente fez uma careta para a possibilidade, ele disse:
— Ela tem vinte e dois agora, Bryson. A maioria das moças da idade dela está casada
há seis ou até oito anos e tem meia dúzia de meninos pendurados nas saias.
—Ela também não deveria estar solteira tão tarde na vida, — Roderick
respondeu bruscamente.
Conall encarou a sugestão. Claray não havia dito que ansiava por nada disso.
Mas ela parecia triste quando disse que não achava que seu pai substituiria seu
noivo. Ela pensou que era porque Gannon MacFarlane não podia admitir que seus
amigos estavam mortos, mas a verdade era que seu pai não podia fazer um novo
noivado, porque eles ainda estavam ligados pelo primeiro. O noivado entre ele e ela.
O pai de Claray era uma das poucas pessoas que sabiam quem ele realmente
era e que havia sobrevivido à tentativa de assassinato que tirou a vida de seus pais
e quase tirou a sua. As outras pessoas que sabiam incluíam seu tio, o rei, Artair
Sinclair e o filho de Artair, Campbell, assim como Roderick e Payton.
Artair e seu filho Campbell Sinclair sabiam por que o tio de Conall, Ross
MacKay, o havia enviado para morar em Sinclair na noite em que seus pais
morreram. Tinha sido uma tentativa desesperada de evitar que o assassino de seus
pais soubesse que eles falharam em matá-lo. Seu tio temia que, se soubessem que
ele ainda vivia, pudessem tentar terminar o que começaram. Por causa dessa
—Você não pode deixar a moça solta assim para sempre, — Roderick disse
solenemente. —Se por nada mais, seu pai não vai permitir isso. Suspeito que se não
a reivindicar logo, Laird MacFarlane irá ao rei para cancelar o noivado.
Engolindo em seco, ele olhou para onde ela estava aninhada contra seu peito,
o filhote de raposa enfaixado em seus braços. Era fácil imaginar que era um bebê
naquele cueiro em vez de uma raposa bebê. Sua criança. Mas mesmo enquanto
pensava nisso, sua última lembrança de seus pais surgiu em sua mente. Os dois
sentados à mesa. Seu pai se inclinando para o lado para beijar sua mãe. Então eles
se afastaram para sorrir um para o outro. . . até que a confusão, de repente, substituiu
o sorriso de sua mãe. Sua mão se moveu para seu estômago e se fechou enquanto
ela gritava de dor. Ele se lembrou da preocupação de seu pai, quando ela de repente
deslizou para o chão. Como ele caiu de joelhos para tentar ajudá-la, e então ele
enrijeceu, a dor enchendo seu próprio rosto. No momento seguinte, ambos estavam
convulsionando no chão . . . junto com todos os outros membros do clã à mesa,
naquela noite.
Ver seus pais morrerem foi a pior coisa que Conall experimentou em sua vida.
Ele nunca o esqueceria. E ele não podia esquecer que o assassino nunca havia sido
encontrado. Que ele ainda estava por aí em algum lugar, e que era apenas uma
questão de sorte que não tivesse morrido com seus pais. Ele estava destinado a isso.
Seu jantar também estava envenenado, mas ele não comeu. E se quem matou seus
pais tantos anos atrás e tentou matá-lo, ainda o quisesse morto? Quantos eles
matariam desta vez para ver sua tarefa terminada?
Por mais que ele não quisesse perder Claray para seu pai cancelando o
noivado, seria melhor do que vê-la morrer como seus pais. Na verdade, talvez fosse
melhor se ele dissesse a seu pai para ir em frente e rompesse o noivado e encontrar
outro marido para ela. Alguém que ninguém tentou matar e poderia tentar matar
novamente. Alguém com quem ela pudesse estar segura.
Ele mal tinha pensado quando uma gota de água fria caiu em seu nariz.
Enrijecendo-se na sela, Conall ergueu o olhar para o céu, surpreso ao ver que,
enquanto estava distraído com seus pensamentos, nuvens se moviam em cima —
nuvens escuras, pesadas de chuva, que bloqueavam o luar. Logo quando ele fez essa
descoberta, os céus se abriram e começaram a derramar água sobre eles.
Amaldiçoando, Conall baixou a cabeça bem a tempo de ver Squeak descer por
seu peito até Claray e correr de volta para a segurança de seu vestido. Invejando o
pequeno bebê, Conall olhou para Hamish. Antes que ele pudesse pedir o plaid
sobressalente com o qual a cobriu após o incidente de asfixia, o homem o pegou e o
estava entregando.
Murmurando um obrigado, Conall rapidamente o sacudiu e abriu e então o
jogou sobre os ombros, antes de puxá-lo na frente, para cobrir tanto ele quanto
—Oh céus. — Claray levantou um pouco as saias para dar uma olhada em
seus pés. Ela acordara alguns momentos atrás com uma bela manhã ensolarada, um
bando de homens mal-humorados e uma terrível necessidade de se aliviar. O Lobo
não ficou satisfeito com a necessidade de parar. Ele não disse isso, mas sua
expressão sombria quando ela passou para ele o filhote de raposa e a funda do
coelho, antes de escorregar de sua montaria, junto com a ordem afiada que deu a ela
para —faça isso rápido— enquanto ela se apressava para a floresta, tinha deixado
isso claro.
Claray ficara tão abalada com a atitude abrupta dele que ficara em algum
estado de nervos e não prestara muita atenção ao que a cercava. Ela simplesmente
se afundou o suficiente na floresta para ter certeza de que não poderia ser vista pelos
homens, cuidou dos assuntos e então correu de volta pelo caminho de onde veio.
Infelizmente, ela parecia ter se virado de alguma forma e tinha ido na direção
errada. Claray só havia percebido que, quando se viu caminhando por um trecho de
terreno pantanoso, teve certeza de que não havia passado por ele na saída. No
entanto, ela correu uma boa distância pela área alagada, antes que o líquido tivesse
encharcado seus sapatos para lhe dizer que havia errado em algum lugar.
Claray fez uma pausa para realmente dar uma boa olhada em seus arredores.
Foi só então que ela percebeu que deveria ter chovido em algum momento durante
a noite, e muito forte também, pela aparência das coisas. Ela estava a vários metros
de distância, em uma grande poça que poderia ter passado por um pequeno lago
raso ou lagoa, se não fossem as árvores em todos os lugares.
Segurando as saias para mantê-las a salvo da lama, Claray colocou todo o seu
peso no pé esquerdo e tentou puxar o pé direito para fora da lama. Foi ridiculamente
difícil de fazer, no entanto. Seu pé não parecia se mover, então ela ficou grata quando
ouviu o que ela tinha certeza de que era o Lobo chamando seu nome.
—Aqui! — Claray gritou, tão aliviada que a ajuda estava chegando que ela
nem se importou se essa ajuda viesse na forma de um homem mal-humorado.
Claray olhou por cima do ombro para ver o Lobo olhando para ela a uns três
metros de distância. Seu olhar estava fixo em suas pernas com uma espécie de
interesse acalorado que a fez olhar para baixo. Foi só então que ela percebeu que
estava segurando as saias bem altas. Na verdade, eles estavam a meio caminho entre
os joelhos e a região inferior, deixando uma quantidade indecente de perna à vista.
Gemendo, Claray rapidamente os deixou cair até que estivessem apenas uma
polegada acima da lama e tentou não corar quando se virou para vê-lo, finalmente,
arrastar o olhar para o rosto dela.
—Eu acho que você está presa na lama, — ele disse depois de um momento,
e começou a avançar novamente.
—Sim, — ela murmurou, olhando para seus pés para ver que eles, felizmente,
só tinham afundado um pouco mais na lama desde que ela percebeu que estava
presa. —Parece que choveu enquanto eu dormia.
—Oh, sim, choveu, — ele assegurou secamente. —Muito forte e por muito
tempo. Nossos plaids evitaram o pior para nós, mas os cavalos não tiveram a mesma
sorte. Além de ficarem encharcados, a tempestade deixou alguns deles ansiosos.
Infelizmente, não havia cobertura por perto ou eu teria interrompido nossa jornada
até que a tempestade terminasse.
Ele parou ao lado dela, agarrou-a pela cintura e levantou-a, seus olhos
arregalados de surpresa quando nada aconteceu.
Ao ouvi-la gritar quando ela perdeu a batalha e começou a cair para trás, ele
a agarrou, tropeçou no pé que ainda estava preso na lama e os dois caíram na poça.
Ela estava fazendo uma careta sobre isso quando um rangido irado chegou a
seu ouvido. Levantando a cabeça da lama para olhar o peito, Claray se viu cara a cara
com Squeak. Ela tinha esquecido que o arminho estava dormindo, aninhado entre
seus seios. Aparentemente, a queda acordou a pequena criatura, e enquanto ele não
parecia estar ferido, ele estava definitivamente irado por ser perturbado. Pelo
menos era o que Claray estava adivinhando pela forma como o pequeno bebê estava
guinchando e tentando subir em seu rosto. Por outro lado, ela não falava arminho,
então ele poderia facilmente estar exclamando sobre sua queda e verificando se ela
estava bem.
Quando uma risada assustada escapou de seus lábios com as palavras dele,
Claray instintivamente cobriu a boca com a mão para silenciá-la, com medo de
perturbá-lo. Infelizmente, sua mão pousou na lama e sua ação jogou lama em seu
rosto e dentro de sua própria boca. O gosto era tão nojento quanto o cheiro e Claray
olhou por cima da mão, com os olhos arregalados de horror.
— Cuspa — disse ele imediatamente, afastando a mão dela da boca e
puxando-a enquanto acrescentava: — Vamos, role para o lado e cuspa, moça. É
nojento.
Desesperada para remover o gosto horrível, Claray fez o que ele disse e rolou
em direção a ele para cuspir o máximo de lama da boca que pôde, no pequeno
pedaço livre de lama entre eles. Muito consciente de que as damas não cuspiam, ela
—Cale a boca, MacKay, e me ajude, — o Lobo rosnou. — Juro que não sei por
que sofri sua presença por tantos anos.
—Porque eu sou seu primo e meu pai criou você, — Payton disse com uma
risada, enquanto caminhava para a beira do lago de lama e estendia a mão para o
Lobo.
Claray olhou para os homens com silenciosa surpresa. Ela tinha ouvido os
outros homens chamarem o louro Payton. Era a única razão pela qual ela conhecia
seu primeiro nome. Mas agora foi dado o nome de seu clã e ficou um pouco chocada
com isso. Payton Mac Kay.
—Moça?
Claray afastou seus pensamentos e olhou para o Lobo. Ele estava fora da lama
e de pé agora. Ele também estava parado onde Payton esteve um momento antes,
dobrado na cintura e com sua mão estendida em direção a ela.
— Sim — disse o Lobo com resignação, e então pegou o braço de Claray para
escoltá-la de volta ao cavalo, mas as costas de seu vestido estavam pesadas e
molhadas de lama, e seus pés estavam descalços. Depois de meia dúzia de passos
trôpegos, ele simplesmente a pegou em seus braços. No momento em que o fez,
Squeak desceu de seu corpo até o dela e desapareceu dentro de seu vestido
novamente. Ela o sentiu se contorcer entre seus seios, encontrando um lugar
confortável, e então olhou para cima para ver Payton andando ao lado deles, olhando
com os olhos arregalados para onde o arminho havia desaparecido.
Pegando seu olhar, ele sorriu. —Eu me perguntava onde você o manteve
escondido o tempo todo. Agora eu sei.
—Sim, agora você sabe, — o Lobo rosnou com irritação. —Então você pode
parar de cobiçar a moça. Ela está noiva de outro.
Claray virou-se para ele com surpresa. —Não. Eu não estou. Lembra? Eu lhe
disse. Eu estava noiva de Bryson MacDonald, mas ele e seus pais foram assassinados
enquanto eu ainda era um bebê. Eu não tenho nenhum noivo agora.
Felizmente, ela não precisou dizer nada afinal, já que o Lobo de repente
começou a se mover muito mais rapidamente, deixando o outro homem para trás.
Ela poderia jurar que o ouviu grunhir quando ele fez isso, também. Mas talvez ela
tivesse imaginado isso, decidiu Claray quando chegaram a sua montaria e ele a
colocou no chão, enquanto subia na sela e depois a puxava para cima novamente. Ele
estava incitando a montaria a se mover, antes que os outros homens as alcançassem
ou montassem.
Para grande alívio de Claray, Roderick estava certo e eles chegaram a uma
clareira na beira de um rio, cerca de trinta minutos depois. Ela não achava que
poderia ter resistido ao fedor combinado por muito mais tempo. Verdadeiramente,
ambos cheiravam tão mal que seu estômago se revirou uma ou duas vezes, enquanto
cavalgavam.
—Não, milaird. Você não pode. . . —Ahhh! — ela gritou, seus braços
apertando em volta do pescoço dele enquanto ela se puxava para cima, enrolando-
se ao redor de sua cabeça em um esforço para escapar da água fria, quando ele caiu
para se sentar nela.
Claray apenas balançou a cabeça diante do raciocínio dele, pensando que era
loucura. Ele obviamente não tinha ideia de quão pesado e complicado era um vestido
quando molhado. Ela teria sorte se não se afogasse nela. Embora fosse muito
provável que ela congelasse até a morte primeiro, a água estava muito fria, ela
pensou sombriamente.
Claray apenas enterrou o rosto em seu pescoço e esperou o que ele prometeu
que aconteceria. Ela estava tão distraída com o frio que levou vários minutos para
perceber que ele estava passando as mãos pelas costas dela, raspando o pior da
sujeira na água e deixando o rio levá-la embora. Infelizmente, enquanto a lama tinha
secado e descascado de seus rostos enquanto viajavam até aqui, isso foi tudo o que
aconteceu. Cavalgando como eles tinham feito com as costas enlameadas e seu peito
enlameado, não havia secado lá em nenhum deles, pelo menos não onde seus corpos
se encontraram, e havia uma boa parte ainda cobrindo seu vestido.
Seu peito também, ela percebeu, olhando para baixo entre eles. A lama tinha
uma boa polegada de espessura em sua camisa e plaid e Claray fez uma careta
quando percebeu que estava cobrindo toda a frente de seu vestido, pressionada
contra ele como estava.
Inclinando-se um pouco para trás, ela começou a fazer por ele o que ele
estava fazendo por ela e começou a passar as mãos sobre sua camisa e plaid,
raspando grandes pedaços da lama fedorenta. Eles trabalharam em silêncio por
vários minutos, até que Claray percebeu que o Lobo havia parado, suas mãos
descansando em sua cintura, imóveis.
Ela olhou para cima com curiosidade, e seus olhos se arregalaram quando ela
viu sua expressão. Confusa com o calor e a intensidade nos olhos dele, Claray baixou
o olhar para as mãos e percebeu que havia descido pelo peito dele até o baixo-ventre,
voltando a ficar no colo dele. Seus dedos estavam agora roçando, perigosamente,
perto de partes que ela não deveria roçar.
Claray se acalmou, mas depois não soube o que fazer e simplesmente ficou
ali, olhando para seus dedos imóveis. Ela ficou assim até que uma de suas mãos
deixou suas costas e subiu para seu pescoço. Quando os dedos dele deslizaram em
Apesar de ver isso acontecer, o primeiro roçar de seus lábios nos dela foi
surpreendente. Claray fechou os olhos quando um frisson de consciência a
percorreu e instintivamente inclinou a cabeça para cima, para facilitar para ele,
enquanto seus lábios se moviam sobre os dela novamente. Mas ela ofegou, com
surpresa, quando ele beliscou seu lábio inferior e então o chupou em sua boca
brevemente. Parecia a coisa mais estranha a fazer, e ainda assim era tão bom, ela
pensou fracamente, antes que ele deixasse escapar sua boca e passasse a língua ao
longo da costura de seus lábios.
Sem saber o que ele estava fazendo e se isso era parte do beijo, ela começou
a se afastar e abriu a boca para perguntar se era, apenas para ofegar quando ele a
seguiu e aproveitou sua tentativa de falar, deslizando a língua para dentro. Claray se
acalmou novamente, em choque, quando a língua dele a explorou de uma maneira
que ela nunca tinha previsto, e então uma série de sentimentos que ela nunca tinha
experimentado surgiram dentro dela e ela se derreteu contra ele.
Quando sua mão livre deslizou de repente entre eles para cobrir um seio e
amassar a carne excitada, através do tecido de seu vestido, ela interrompeu o beijo
com um suspiro, e jogou a cabeça para trás para sugar o ar em pulmões subitamente
famintos. Desprovido de sua boca, o Lobo imediatamente arrastou beijos em sua
garganta e Claray estremeceu e gemeu, seus dedos deslizando em seu cabelo para
segurar sua cabeça, enquanto isso desencadeava uma nova rodada de excitação e
desejo dentro dela.
Ela sentiu as mãos dele puxando o topo de seu vestido, sentiu-o afrouxar, e
então ele estendeu a mão para segurar sua cabeça novamente, puxando-a de volta
para que ele pudesse cobrir sua boca com a sua, mais uma vez. Desta vez, Claray
retribuiu o beijo. Sem saber direito o que estava fazendo, ela simplesmente imitou
suas ações, permitindo que sua língua se enredasse com a dele. Isso trouxe um
grunhido de sua garganta que a fez estremecer, e então seu beijo se tornou mais
Claray rompeu o beijo com um grito, ao seu toque, suas mãos agarrando seus
braços e depois descendo para seus pulsos, incentivando-o. Ela olhou para baixo
então para ver que o tecido fino de sua camiseta tinha ficado quase transparente. Ela
podia ver o rosa de seus seios e o rosa mais escuro de seus mamilos, ofegou
enquanto seus dedos apertavam os globos cheios e seus polegares corriam para
frente e para trás sobre seus mamilos duros e excitados.
Distraindo-a com beijos, o Lobo a arrastou para mais perto da margem até
que sua cabeça estava fora da água e então interrompeu o beijo para se levantar.
Ajoelhando-se com as pernas uma de cada lado dela, ele então deixou seus olhos
deslizarem sobre ela, quentes e famintos.
Com o vestido molhado enrolado na cintura e nos quadris, Claray sabia que a
parte superior do corpo estava nua, os seios visíveis através do tecido fino e úmido.
Ao invés de ficar envergonhada, ela se viu excitada pela expressão dele, e arqueou-
se convidativamente, seus braços estendendo-se para ele em um convite silencioso.
Claray queria seus beijos novamente. Ela queria que ele a tocasse e acariciasse. Ela
nunca experimentara antes disso a excitação que ele estava despertando nela e ela
queria mais.
Quando ele se moveu contra ela através do tecido de seu vestido, ela gritou
em sua boca e puxou os joelhos para cima em cada lado de seus quadris para se
erguer na carícia. Ela estava quase louca de desejo, e não protestou quando o sentiu
puxar seu vestido sobre seus quadris e empurrá-lo para baixo de suas pernas.
Quando uma mão a agarrou por trás e a manteve no lugar, enquanto ele se
movia contra ela novamente, ela enrolou as pernas ao redor dele e gemeu. O Lobo
apertou a bochecha de seu traseiro quase dolorosamente em resposta, e deslizou a
mão entre eles para levantar a bainha de sua camiseta até a cintura. Quando a mão
dele deslizou entre as pernas dela para tocá-la, desimpedida do tecido, Claray
congelou em choque. Suas pernas instintivamente tentaram fechar, mas os quadris
dele as mantinham abertas e então seus dedos começaram a se mover.
Para Claray, foi como se um balde de água fria tivesse sido derramado sobre
ela. Medo e desânimo imediatamente afastaram todos os outros pensamentos e
sensações de sua mente. Mesmo quando ela sentiu algo tentando entrar nela, ela
deixou seus quadris caírem de volta para o leito do rio, virou a cabeça para
interromper o beijo e ofegou um incerto, —Milaird Lobo?
Ele parou de uma vez e congelou acima dela, seus olhos arregalados com o
que parecia ser compreensão, e então ele gemeu e deixou sua cabeça cair para
descansar na curva de seu pescoço. Eles ficaram assim por um momento, ambos
respirando pesadamente, e então ele deu um beijo no pescoço dela, empurrou-se
para fora dela e saiu da água, rosnando, —Eu vou deixar você sozinha para se limpar.
Claray ficou imóvel por um momento enquanto ouvia o barulho das botas
molhadas do Lobo se afastando, e então soltou a respiração lentamente e sentou-se.
Puxando os joelhos até o peito, ela colocou os braços ao redor das pernas e abaixou
a cabeça para descansar nelas brevemente. Seu corpo ainda estava zumbindo, mas
sua mente estava inundada de confusão. Ela estava arrependida por ele ter parado
e imensamente grata ao mesmo tempo. Ela também estava envergonhada de si
mesma, por agir tão desenfreadamente com ele. Não foi assim que ela fora criada
para se comportar e ela nunca foi tão livre com seu corpo antes. Na verdade, ele foi
o primeiro homem a beijá-la.
Gemendo, ela enfiou os dedos em seu cabelo úmido e fez uma careta quando
sentiu a lama acumulada presa nos fios na parte de trás de sua cabeça. Ela
definitivamente tinha alguma limpeza para fazer.
Suspirando, ela começou a se levantar, mas parou para pegar seu vestido que
flutuava ao lado dela. Levando-o com ela, Claray então se moveu para o rio até a água
ficar na altura dos joelhos novamente. Ela não iria mais fundo; a água estava se
movendo rapidamente, mesmo neste ponto raso e ela não tinha certeza se era
seguro ir mais longe. Então ela se ajoelhou na água, notando que ela não estava mais
fria para ela. Isso era algo pelo menos, ela pensou, enquanto começava a esfregar o
resto da lama de seu vestido. Parecia estar saindo rápida e facilmente, observou
Claray, e só desejava poder lavar a lembrança do que acabara de acontecer de sua
mente, com a mesma facilidade.
Foi esse nome, em uma voz trêmula de medo e incerteza que perfurou sua
ânsia de empurrar dentro dela. Milaird Lobo.
Ela nem sequer sabia seu maldito nome, o que já era bastante ruim, mas o
medo e a incerteza que ele tinha ouvido em sua voz fizeram Conall congelar, então
recuar, para olhar para ela. Ele a encontrou olhando de volta, o canto do lábio
inferior preso entre os dentes, os olhos arregalados e cheios de trepidação em um
rosto pálido. Foi então que Conall percebeu o que estava fazendo e para quem. Ele
havia tirado o vestido dela e estava prestes a tirar sua inocência ali na margem do
rio como uma prostituta, e Claray definitivamente não era nenhuma prostituta.
Suspirando, ele passou a mão pelo cabelo úmido e balançou a cabeça. Ele
definitivamente perdera a cabeça.
—Você sabe que a metade inferior do seu plaid ainda está coberta de lama,
não é? — Payton perguntou, aparentemente ainda o seguindo.
—Ela não vai fugir, — ele assegurou, cansado da sugestão. —Se ela fosse fazer
isso, ela já teria corrido para isso. Além disso, ela sabe que seu pai nos enviou atrás
dela, — ele apontou.
—Sim, — Payton concordou, mas agora parecia mais irritado do que aliviado.
—Mas você a deixou sozinha em um rio onde as correntes são fortes. Ninguém deve
ser deixado sozinho para nadar aqui.
—O inferno que você vai! — Conall rugiu, virando-se para pegar o braço do
homem e fazendo-o parar. —Leve meu cavalo para Allistair e peça a ele para limpar
a sela. Então veja se Hamish tem algo para ela usar enquanto o vestido seca. Eu vou
voltar e observá-la.
Sem esperar por uma resposta, Conall então caminhou rapidamente de volta
pelo caminho que tinha vindo, sua velocidade aumentando a cada passo enquanto
ele tinha visões de Claray sendo pega em uma corrente e arrastada para baixo e
cuspida rio abaixo, pálida e sem vida.
Cristo, ele tinha enlouquecido, pensou Conall com desgosto. Ele sabia sobre
as correntes aqui e como elas podiam ser perigosas. No entanto, ele se afastou e a
deixou lá na água sozinha, quando ela provavelmente não tinha ideia de quão
perigoso era ir muito longe no rio aqui.
Conall estava correndo quando fez a última curva antes do ponto onde
deixara Claray. Ao vê-la na água, ele diminuiu a velocidade e parou para
simplesmente olhar para ela. Ela estava ajoelhada no rio, esfregando o vestido, a
água não alcançando mais do que a cintura, apesar de estar de joelhos.
Suspirando seu alívio, Conall hesitou, sem saber o que fazer. Ele suspeitava
que ela ficaria desconfortável se soubesse que ele estava lá, mas ele não queria
deixá-la sozinha. Tudo estava bem agora, mas isso poderia mudar rapidamente e ele
queria estar por perto para ajudar, se ela precisasse. Depois de um momento para
debater suas opções, ele se moveu entre as árvores antes de continuar em frente, até
que ele estava com ela. Parando ali, ele se inclinou contra uma árvore e observou
silenciosamente, enquanto ela trabalhava.
Balançando a cabeça, ele cruzou os braços sobre o peito e viu quando Claray
de repente se levantou e levou o vestido para a margem, torcendo-o enquanto
andava. Aparentemente, ela terminou de limpá-lo, ele decidiu quando ela parou ao
lado de uma grande pedra, terminou de torcer o vestido e depois o estendeu sobre
a grande pedra antes de se virar para caminhar de volta para a água.
Era a coisa mais sexy que Conall já tinha visto. Enquanto seu vestido tinha
escondido a maior parte dela quando ela o carregou para fora da água, e ela se virou
rapidamente depois de colocá-lo sobre a pedra, não havia nada escondendo seus
bens agora. Sua camiseta era tão boa quanto inútil, o material quase transparente
agarrado a suas curvas enquanto sua posição empurrava seus seios para o ar. Seus
mamilos eram pequenos seixos pontiagudos no tecido. Eles pareciam estar tão
duros como quando ele a acariciou e agora ele se perguntava se tinha sido ele ou o
frio que trouxe aquele resultado mais cedo.
O estalo de um galho virou sua cabeça e ele se endireitou quando viu Payton
se aproximando por entre as árvores. Seu primo estava caminhando em sua direção,
mas seus olhos estavam fixos em Claray com um interesse e admiração que a Conall
não agradavam.
Conall grunhiu ante a afirmação, sabendo que era verdade. Hamish sempre
dava o melhor de si, e verdade seja dita, ele estava surpreso que o homem pudesse
fornecer a camisa e dois plaids. A maioria dos homens não carregava muito com eles
no caminho. Uma espada, um pouco de aveia e um sgian dubh era tudo com que
muitos se incomodavam. Hamish era a exceção, é claro, mas até ele tinha seus
limites. Conall não esperava que ele tivesse um vestido nem nada.
—Acho que vou voltar, — disse Payton, assim que Conall pegou os itens de
roupa.
—Alguém como você? — Conall sugeriu, sua ira aumentando com o simples
pensamento de Payton, ou qualquer outra pessoa, ter o direito de tocar Claray do
jeito que ele fez.
—Talvez, — ele disse, e então se virou para olhar para ela novamente. —
Como eu disse a ela, eu não sou comprometido. E não seria difícil encher sua barriga
com um bebê ou nove. . . Sim, sem dificuldade nenhuma — disse ele solenemente,
enquanto Claray terminava de pentear o cabelo, se levantava e se virava para
caminhar novamente até a margem, a camisola de linho transparente colada às
curvas.
Seus seios eram cheios e altos, seus quadris curvilíneos, e o triângulo de
cabelo loiro morango encaracolado na junção de suas coxas era tão visível quanto
seus mamilos, rosa escuros.
Conall ouviu Payton se afastar, mas não tirou os olhos de Claray. Ela era uma
visão para dar água na boca de um homem e fazer seu pênis saltar, pronto para a
ação, e ele estava experimentando ambos naquele momento. Ele queria provar
aqueles mamilos escuros em vez de apenas tocá-los, e ele queria enterrar o rosto
entre as pernas dela e provar sua doçura.
Mas ele também não podia fazer isso, ele se lembrou com firmeza, e respirou
fundo algumas vezes antes de sair da floresta para dar a ela a camisa e um dos plaids.
Claray parou ao pé da pedra e olhou para seu vestido com uma pequena
carranca. Ela realmente não tinha nenhum desejo de colocá-lo de volta. Estaria frio
e úmido, difícil de vestir e desconfortável de usar. A própria ideia era tão atraente
quanto a de deixar o ferreiro arrancar um dente. Mas ela realmente não tinha muita
escolha. Era tudo o que ela tinha para vestir.
—Você não pode usar isso. Você vai pegar um resfriado e adoecer, antes de
voltarmos para MacFarlane.
Ele sorriu torto para a ação, e colocou a pilha de material que ele segurava na
pedra onde o vestido dela estava um momento atrás. —Hamish conseguiu me
Claray sabia que deveria se virar, mas não conseguia fazer isso, quando seus
olhos deslizaram sobre suas costas largas e musculosas e depois para as curvas
arredondadas de seu traseiro. Eles pararam ali, brevemente, antes de passar para
suas coxas fortes e panturrilhas bem torneadas. Claray nunca tinha pensado que ela
chamaria um homem de bonito, mas Conall era, e ela se viu fascinada pelo jogo dos
músculos de suas costas, nádegas e pernas, enquanto ele se movia.
Claray continuou a olhar fixamente até que ele parou de andar e se sentou na
água. Quando ele jogou a camisa por cima do ombro e começou a limpar o plaid, ela
soltou um suspiro trêmulo e se virou para a roupa na pedra. O plaid de cima era uma
mistura de azuis, verdes e vermelhos, o de baixo, de azuis, vermelhos e amarelos.
Claray pegou o de cima, a camisa e a corda. Ela então jogou seu vestido molhado
sobre a pedra ao lado do plaid restante, antes de correr para as árvores para se
vestir.
Não era a primeira vez que Claray via o violino de um macho. Ela tinha um
irmãozinho que ela ajudava a dar banho e cuidar quando criança, então é claro que
tinha visto seu violino várias vezes quando ele era jovem. Ela achou engraçado então,
mas desde que os homens pareciam tão orgulhosos do apêndice, ela assumiu que ele
crescia com alguma dignidade num homem mais velho. Não. Francamente, ela não
tinha ideia do que eles estavam tão orgulhosos.
Ele mal olhou para ela, apenas acenou com a cabeça e pegou seu braço para
escoltá-la de volta para onde os homens estavam esperando. Ele obviamente ainda
estava desgostoso com ela, ela supôs, e não podia culpá-lo. Seu comportamento tinha
sido muito vergonhoso. Ainda mais vergonhoso foi o fato de que seu leve toque em
seu braço foi suficiente para causar formigamento lá, e ela desejou que ele a beijasse
Embora ele ainda pudesse causar problemas para suas irmãs, ela considerou,
e franziu a testa sobre isso. Ela não gostaria que suas irmãs se encontrassem no
mesmo lugar em que ela estava. Mas se ela fizesse os votos e se tornasse freira,
Claray tinha certeza de que seu pai finalmente concordaria em permitir que suas
irmãs se casassem com seus prometidos maridos. . . pelo menos ela esperava que ele
o fizesse. Querer que ela, como a mais velha, se casasse primeiro, era a única razão
que tinha sido capaz de pensar para que seu pai não tivesse concordado que suas
irmãs mais novas se casassem. Certamente o futuro marido de Allissaid havia
solicitado duas vezes que o casamento acontecesse agora, mas seu pai
aparentemente recusou ambas as vezes. E o noivo de Annis o tinha visitado no ano
passado, embora Claray não soubesse se ele também havia pedido que o casamento
acontecesse ou não. Seu pai se recusou a falar sobre isso com elas. Não que ela o
tivesse pressionado muito sobre o assunto. A única vez que ela perguntou se ele
pretendia fazer um novo contrato de casamento para ela, desde que seu noivo estava
morto, ele reagiu tão mal e foi tão curto com ela que ela nunca ousou tocar no
assunto do casamento novamente. Não o dela, e não o de suas irmãs. Mas
certamente, se ela fizesse os votos, ele permitiria que Allissaid e Annis se casassem?
—Você está suspirando uma tempestade, Lady Claray. — A voz provocadora
de Payton a tirou de seus pensamentos. —O que você está pensando tanto?
—Fugindo para um convento e fazendo os votos, — ela admitiu
distraidamente, sua atenção no fato de que eles chegaram à clareira e aos homens
que esperavam. O amigo louro de Conall estava bem na frente do resto do grupo
montado, segurando as rédeas de seu cavalo e o de Conall. Parecia que eles iriam
embora imediatamente.
—O que? — Payton perguntou com assombro, enquanto Conall rugia ao lado
dela.
—Um prazer para mim, — respondeu o homem, o que ela tinha certeza de
que era uma mentira educada, já que ele imediatamente se inclinou para passar o
filhote de raposa enfaixado para ela. No mesmo instante, Squeak, que estava sentado
em seu ombro, desceu correndo por seu braço, atravessando a raposa enfaixada e
pulando no ombro de Claray.
Ignorando a forma como o pequeno arminho estava tagarelando para ela,
como se estivesse dando um inferno por abandoná-lo por tanto tempo, Claray sorriu
para Hamish, disse: —Obrigada, — novamente e então perguntou: —Você acha
que eu poderia cavalgar com você a partir de agora, bom senhor?
Hamish congelou no ato de soltar a tipoia do coelho do pescoço e desviou os
olhos arregalados e chocados para ela. Soando quase horrorizado, o homem
perguntou: —Cavalgar comigo? — como se ele pensasse que não poderia tê-la
ouvido direito.
—Sim. Eu... Ah! —Claray ofegou quando foi pega por trás e se viu levantada e
arrastada para se sentar de lado, no colo de Conall. Parecia que ele havia montado
enquanto ela pegava a raposa de Hamish. Também parecia que ele tinha acabado de
dar a ela a resposta para sua pergunta.
—Mantenha o coelho com você, — Conall rosnou a ordem para Hamish, e
então virou sua montaria e a incitou a passar pelos outros e sair da clareira.
Sem outra escolha, Claray se acomodou contra o peito de Conall com um bufo
insatisfeito e verificou a raposa, enquanto Squeak descia para ficar confortável
dentro de sua manta.
— Por que você pediu para ir com Hamish? —Conall rosnou quando ela
decidiu que o bebê raposa estava bem e o deixou dormir. —Você não gosta de
cavalgar comigo?
Claray pensou em inventar algo que fosse menos embaraçoso para ela, mas
sentiu que seu comportamento anterior já havia colocado sua alma em perigo.
Mentir não parecia a maneira de ajudar a salvá-la. Por mais humilhante que fosse,
ela supôs que teria que lhe dizer a verdade.
O pensamento o fez olhar para ela. Ela estava sentada em seu colo, sua cabeça
contra seu peito, deixando-lhe uma visão clara de seu corpo. Enrolada um pouco
como estava, a frente do xadrez se afrouxou e se abriu, revelando a camisa de linho
por baixo. Ele podia ver seus mamilos pressionando contra o tecido, formando
pequenos picos, e seus dedos coçavam para tocá-los e beliscá-los.
—O que houve com seu noivo? — ele rosnou, indignado com o pensamento
de que ela iria deixar seu contrato de noivado de lado, para se juntar a um convento.
—Ele está morto, — ela assinalou com um pequeno suspiro, e então balançou
a cabeça. —Eu me pergunto agora se ele vivesse e se casasse comigo. . . talvez eu
nunca o tivesse conhecido e colocado minha alma em perigo. Certamente, ninguém
mais me fez me sentir assim.
Esse comentário tirou sua confiança e o fez olhar carrancudo para ela.
—Eu não acho que o MacNaughton teria esse efeito, no entanto, — ela
acrescentou pensativa. —As poucas vezes que ele esteve em MacFarlane para
abordar meu pai sobre se casar comigo, eu me encontrei com a pele arrepiada em
sua presença. Fiquei mais aliviada quando meu pai disse não, todas as vezes.
—Bem, talvez seja só você que me deixa toda quente e agitada, — disse ela,
virando a cabeça para explicar com seriedade. —Talvez os beijos de Laird Payton só
me afetariam um pouco, ou nada. Se fosse esse o caso, então eu poderia fazer duas
ou três semanas de penitência por meu comportamento e pela maneira como você
me faz sentir. Então eu poderia me casar com Payton e ter filhos e uma família como
eu costumava sonhar, antes de perceber que meu pai não tinha intenção de
encontrar um substituto para meu noivo.
Conall sentiu sua raiva diminuir quando percebeu que ela estava pensando
em se casar com Payton porque esperava que ele não a agitasse do jeito que ele
próprio fazia. Ele guardou essa informação para considerar mais tarde, mas
perguntou: —Você sonhava em se casar e ter filhos, não é?
Ela sorriu torto com a pergunta. —Não o faz toda moça? É para isso que
somos treinadas desde o nascimento: crescer, casar, ter nossa própria família e
administrar nossa própria casa.
Conall baixou os olhos para o rosto dela brevemente e então não pôde resistir
a reclamar aquele sorriso triste com um beijo. Para seu prazer, Claray não se afastou,
mas respondeu imediatamente, abrindo a boca quando ele exigiu entrada. O
pequeno gemido que ela soltou em sua boca o fez sorrir e beijá-la mais
profundamente. Depois de vários momentos, ele passou as rédeas de sua montaria
para a mão esquerda, para liberar a direita para acariciá-la. Seus dedos ansiosos
foram diretos para seu seio, para amassar brevemente, antes de se concentrar em
seu mamilo.
Ela foi tão malditamente receptiva a ele que o fez doer, e se não fosse pelo
fato de que ele tinha Payton, Roderick, Hamish e duzentos guerreiros em suas costas,
ele teria cavalgado para a floresta, arrastado ela para o chão, levantado suas saias e
se afundado nela. Como Payton havia dito, ir para a cama com ela todas as noites e
encher sua barriga com um ou nove filhos não seria nada difícil, e onde antes Conall
pensava que não se importaria se o pai dela decidisse romper o noivado e encontrar
outra pessoa para ela se casar, a ideia agora era um anátema para ele. Ele a queria
para si. Ele queria afundar em seu calor úmido e ficar lá por uma semana. A única
maneira de fazer isso, porém, era a reivindicar e se casar com ela. Curiosamente, isso
de repente não parecia uma má ideia.
Para seu alívio, Roderick, Payton e Hamish estavam cavalgando uns bons dez
metros para trás com o resto dos homens atrás deles e não tinham visto nada. Mal
conseguindo acreditar que não havia pensado nisso antes, ele se virou para ver que
Claray ainda estava encostada fracamente em seu peito, mas ela parecia estar
recuperando o fôlego.
Sorrindo levemente, ele não resistiu e deu um beijo na testa dela. Quando ela
abriu os olhos e olhou para ele solenemente, ele se viu anunciando: —Você não vai
se casar com Payton, ou fugir para um convento, moça.
Ela reagiu como se ele a tivesse esfaqueado no traseiro com seu sgian dubh.
Empurrando-se para cima, ela ficou boquiaberta para ele, com os olhos arregalados
e ofegou: —O quê?
Claray ficou imóvel contra o peito de Conall por muito tempo, as palavras dele
ecoando em sua cabeça. Ele era seu noivo, Bryson MacDonald. Seu pai sabia disso e
sabia também que ele não tinha morrido. E ele a estava reivindicando como esposa.
Sua mente estava tendo problemas para aceitar essa informação. Ela não via
nenhuma razão para o homem mentir. Não era como se ele estivesse tentando fugir
com ela e fazê-la se casar com ele, em algum lugar distante entre estranhos. Ele disse
que eles estavam a caminho de MacFarlane e seu pai sabia quem ele era.
Por outro lado, Claray achava difícil acreditar que seus pais teriam mentido
para ela por todos esses anos. Eles disseram a ela, quando tinha. . . bem, ela não
conseguia se lembrar de quando lhe disseram que um noivado havia sido contratado
depois que ela nasceu, mas que seu noivo morreu pouco depois e ela estava sem. No
entanto, ela sabia disso desde que podia se lembrar, então deve ter sido jovem.
Ela não sabia o que pensar. . . exceto que seria melhor para sua alma se ele
estivesse mentindo. Porque então seu pai esclareceria tudo e mandaria o homem
embora como o mentiroso que era. Mas se ele estava dizendo a verdade. Querido
Deus, a essa altura, ela estaria de joelhos por um mês ou mais, fazendo penitência
pelo modo como ele a fazia se sentir e pelo que ela o deixara fazer no rio e agora
mesmo. Se ela fosse forçada a se casar com o homem e sofrer esse tipo de prazer
avassalador e entorpecente todas as noites. . .
Claray estremeceu com o pensamento. Parte de sua reação foi de alarme por
sua pobre alma. Mas uma boa parte não tinha nada a ver com sua alma, e tudo a ver
com a resposta de seu corpo ao homem. Apenas o pensamento de beijá-la e tocá-la
todas as noites enviou arrepios, correndo por seu corpo, que a fez desejar que ele a
beijasse e acariciasse novamente.
Roderick balançou a cabeça. —Eu acho que é o que ela queria que você
pensasse, mas ela estava fazendo caras e caretas por um bom tempo. Deve estar se
preocupando com alguma coisa.
—Sim.
Conall assentiu.
Alguns lutaram para continuar nas terras de MacDonald, mas se viram alvos
de bandidos ou ataques de outros clãs, que sabiam que não tinham proteção. Com
suas colheitas e animais constantemente roubados ou destruídos, os homens mais
jovens e até alguns mais velhos que Conall, se voltaram para o trabalho mercenário
para sobreviver. Ele contratou todos os que teve conhecimento e os adicionou às
suas fileiras, treinando e pagando bem para trabalhar com ele.
Conall nunca lhes havia dito que era Bryson MacDonald, filho de seu laird e
lady assassinados, e herdeiro de MacDonald, mas não ficaria surpreso ao verificar
que a maioria sabia, ou pelo menos suspeitava disso. O fato de Campbell escorregar
e chamá-lo de Bryson na frente deles, mais de uma vez ou duas, ajudou nisso. Mas
Conall sabia que ele se parecia muito com seu pai, e notou um ou dois soldados mais
velhos olhando para ele com um certo olhar de reconhecimento. Ninguém tinha dito
nada embora. Pelo menos não para ele.
Afora isso, porém, Conall nunca havia considerado como seus homens se
sentiam sobre a vida que todos eles tinham sido forçados a viver — constantemente
lutando por dinheiro, passando meses e às vezes mais, longe, em batalhas com
apenas visitas muito curtas a suas famílias e entes queridos entre elas. A maioria de
suas famílias estava abrigada com sogros, em suas casas em terras que não
MacDonald, ele sabia. Mas a principal preocupação de Conall era ganhar o dinheiro
necessário para devolver MacDonald à sua antiga glória e apoiar a todos por um ano
ou dois, até que os campos estivessem produzindo e sustentassem seu povo.
Pelo menos, foi o que ele disse a si mesmo. Embora, para ser honesto, Conall
já tinha o suficiente para isso agora. Talvez até mais do que suficiente, mas ele
pretendia trabalhar mais um ano ou dois. E o inferno era que ele não sabia dizer por
quê. Conall não tinha ideia de porque estava tão relutante em reivindicar sua
Conall sabia que esse arrastar estava irritando o pai dela, que Gannon
MacFarlane estava perdendo a paciência e pronto para quebrar o contrato e
encontrar outro marido para ela. Ele realmente não se importava com isso. Mas isso
foi antes dele provar a paixão dela no rio. E quando ela disse que se juntaria a um
convento ou possivelmente se casaria com Payton, se os beijos de seu primo não
despertassem nela o que os dele fizeram. . .
Apenas a lembrança dela dizendo isso o fez ranger os dentes. Não havia
nenhuma maneira na terra de Deus que ele permitiria que ela se casasse com seu
primo. Isso significaria o fim de seu relacionamento. Conall não ousaria arriscar
estar perto da moça novamente, depois do que aconteceu no rio, se ela se casasse
com Payton. Aquele pequeno episódio tinha despertado nele uma sede por ela que
era difícil de ignorar. O fato dela estar casada com seu primo não saciaria essa sede.
Se ela fosse casada com Payton, ele teria que evitar os dois para evitar trair sua
família e seu próprio código de honra.
Quanto a ela ir para um convento e tornar-se freira, isso seria um crime
contra o próprio Deus. Claray não fora feita para ser obrigada a passar a vida de
joelhos em oração. A moça tinha muita paixão nela para isso. Assim, ele se casaria
com ela, reivindicaria seu nome, título e lar e começaria a trabalhar enchendo sua
barriga de filhos.
Foi o ruído surdo dos cascos dos cavalos na ponte levadiça que acordou
Claray. Abrindo os olhos sonolentos, ela olhou ao redor com confusão, lenta para
entender as formas que a cercavam. Era tarde. Ela não tinha ideia de que horas, mas
a luz de várias fogueiras iluminava a noite. Claray reconheceu a muralha familiar de
MacFarlane, que se estendia ao longe e notou a multidão de soldados reunidos em
torno de fogueiras em frente ao fosso.
Com os olhos arregalados, ela olhou por cima do ombro de Conall e viu que
enquanto Roderick, Payton e Hamish os seguiam, o resto dos guerreiros se separava
para se juntar aos soldados que já cercavam sua casa. Sem dúvida, eles fariam suas
próprias fogueiras enquanto montavam acampamento.
—Parece que meu pai tem companhia, — ela murmurou, virando o rosto para
frente, enquanto eles cavalgavam sob o barbacã. (NT. muro dentro da muralha)
Ela não podia dizer pelo grunhido de Conall se isso era novidade para ele ou
não, e se pegou acrescentando: —Mamãe disse que eles eram todos muito próximos
enquanto cresciam, mas ela e a esposa de tio Odart, tia Seona, se davam muito bem
e tornaram-se as melhores amigas. Felizmente, papai também gostava do tio Odart,
e costumávamos ir e vir com frequência. MacFarlane está na fronteira norte de
Buchanan, tão perto quanto pode ser para viajar, — ela apontou, e então
acrescentou, —Esta é a única razão pela qual meu pai concordou em participar da
celebração do casamento. Mamãe estava doente na época, sabe, — ela explicou, para
que ele não pensasse algo desagradável sobre seu pai. —Ela estava tossindo e
chiando um pouco, com uma queixa pulmonar e estávamos preocupados com a
viagem dela, mas ela insistiu. Mamãe gostava demais de meus primos. Aulay
especialmente. Ela estava feliz por ele ter encontrado um par no amor.
Claray fez uma breve pausa e depois acrescentou com tristeza: —Foi a última
celebração a que ela pôde comparecer. Ela ficou muito doente e fraca depois disso.
No verão seguinte, a doença pulmonar a havia tirado de nós.
—Lamento saber que sua mãe faleceu, moça, — Conall disse calmamente. —
Pelo que ouvi, ela era uma boa mulher.
—Olhe para você, Claray. Vocês estão todos crescidos, — ele disse, sorrindo
de bochecha a bochecha.
—Sim, bem, você também, primo, — ela respondeu, e não pôde conter seu
próprio sorriso. Ela e Alick tinham a mesma idade e ela sempre teve um fraquinho
—Ele sem dúvida está com fome, — disse Claray, suas sobrancelhas se
unindo com preocupação. Ela tinha sido muito negligente com o filhote de raposa e
o coelho no último dia, enquanto dormia. Os bebês tinham que comer regularmente.
Ele deve ser alimentado.
Claray virou-se para encontrar o mestre do estábulo de seu pai atrás dela e
sorriu para o homem mais velho, enquanto entregava o filhote em suas mãos
capazes. —Obrigada, Edmundo. Cuidado com as orelhas dele. Alguma criatura vil as
mastigou.
—Oh. Não, há um coelho também, — ela admitiu. —Hamish está com ele. —
Ela olhou ao redor para ver que Hamish estava de pé em um círculo com seu pai, seu
primo Aulay, Conall, Payton e Roderick. Todos eles pareciam muito sérios, ela notou,
e se perguntou o que eles estavam discutindo. Provavelmente MacNaughton, ela
suspeitava, mas não podia deixar de imaginar o que estavam dizendo sobre ele.
—Vou buscar o coelho, moça, — disse Edmund, atraindo seu olhar de volta
para ele. Apesar das palavras, ele não saiu de uma vez, mas inclinou a cabeça e a
considerou brevemente antes de perguntar: —É só isso?
Como se a pergunta fosse uma deixa, Squeak saiu de sua manta e subiu para
sentar-se em seu ombro.
—Um arminho? — Edmund perguntou, com uma careta de dor, quando Alick
começou a rir.
Claray fez uma careta para o primo, mas assegurou a Edmund: —Vou cuidar
de Squeak. Ele está bem comigo.
—Ele? Eu quis dizer eu, — Alick disse com uma risada, jogando um braço
sobre seus ombros e virando-a para as escadas do castelo. —Você deve alimentar
nós dois.
Claray balançou a cabeça divertida, mas estava pensando que ela mesma
estava com muita fome. Provavelmente Conall e os outros também estariam. Até
onde ela sabia, nenhum deles tinha comido nada além de um ou dois bolos de aveia
na sela, desde sua parada na clareira quando capturaram, limparam e cozinharam o
peixe para ela. Isso tinha sido um dia e meio atrás. Talvez até dois. Claray havia
perdido a noção do tempo nessa jornada e nem sabia que dia era agora. Deixando de
lado essa preocupação por enquanto, ela olhou para o pai e os outros homens e
perguntou: —Devemos perguntar se eles querem algo para comer também?
—Não. Apenas assuma que sim e deixe-os com seus planejamentos —
sugeriu Alick, e então disse solenemente: — Seu pai não comeu mais do que um ou
dois bocados na semana passada, desde que recebemos notícias sobre o que o tio
Gilchrist estava fazendo e o perigo em que ele colocara você. Ele estava preocupado
demais.
Claray não ficou surpresa ao ouvir isso. Seu pai sempre perdia o apetite
quando havia problemas. Tinha sido uma preocupação quando sua mãe estava
doente. Ele havia perdido tanto peso que Claray e o resto de seus irmãos começaram
a temer que o perderiam também. Na verdade, se sua mãe tivesse lutado para viver
mais tempo do que ela viveu, eles poderiam ter perdido.
—Agora?
—Sim. Depois que você saiu para recuperar Claray, enviei homens para
seguir e vigiar Kerr e MacNaughton. Eu queria avisar se ele, ou ambos, os seguissem
e planejassem atacar. Mas ele permaneceu lá. Espero que ele tenha desistido, mas. .
.
—Mas isso mataria Claray também, — o pai de Claray protestou com uma
carranca. —Ele não poderia forçá-la a se casar com ele e reivindicar MacFarlane se
ela estivesse morta.
—Não, ela não come, — Gannon concordou com uma pequena carranca, e
então balançou a cabeça e murmurou, —Ela é um coração mole, nossa Claray. Ela
está sempre encontrando bestas feridas, de passarinhos a grandes touros. Ela
conserta as malditas coisas e, pior ainda, faz amizade com eles, e uma vez que ela faz
isso, ela não pode comer a carne de sua espécie, — Gannon admitiu com um suspiro.
Mas então reagiu e disse: —Mas ninguém dos meus concordaria em matar todo
mundo aqui. Especialmente o Cook. Ele está conosco desde sempre, vigia de perto
suas cozinhas e esfregar veneno em todos os lados da carne aqui levaria uma
eternidade. Ele balançou a cabeça com firmeza. —Ninguém poderia entrar e esfregar
veneno na carne sem ser pego.
—Eu não acho que Cook ficou satisfeito, — Alick murmurou perto de seu
ouvido, enquanto seguia Claray para fora da cozinha.
—Foi um acidente, — Alick assegurou a ela pela quarta vez, desde que ele fez
isso. —O fogo estava queimando baixo e eu não vi o menino deitado lá. —Além
disso, eu disse a todos que voltassem a dormir e iríamos buscar comida nós mesmos.
Cook é quem insistiu que ele cuidaria e nos arrastou para fora da cozinha.
—Cook não gosta de ninguém mexendo em suas cozinhas. Uma vez acordado,
não havia chance dele nos deixar lidar com as coisas.
—Não! Ele não iria! Ele iria? —Alick perguntou com horror.
Claray reprimiu o sorriso que queria reivindicar seus lábios com a reação
dele à provocação. Cook nunca faria algo assim. Não importa o quão irritado ele
estivesse. Ele se orgulhava de ser um bom cozinheiro e nunca serviria nada menos
do que comida de qualidade. Antes que ela pudesse dizer isso, porém, sua atenção
foi atraída pela abertura das portas do castelo.
—Ah, Claray! — seu pai disse com alívio quando a viu do outro lado do grande
salão. —Eu estava vindo procurar por você, mas você me salvou do problema. Agora
venha aqui. Rápido, moça. Todo mundo está esperando.
—Quem é todo mundo? E esperando para. . .? — Claray começou quando seu
pai se virou e saiu apressado do castelo. Quando a porta se fechou atrás dele, ela
terminou fracamente, —. . .quê?
Ela olhou para Alick então, esperando que ele pudesse ter alguma ideia do
que estava acontecendo, mas ele apenas deu de ombros.
—Eu não tenho ideia do que se trata. Mas é melhor descobrirmos, — ele
sugeriu quando ela ficou ali parada.
—Ele teria que ser um idiota para se aproximar com todos os soldados aqui
no momento, — Alick assegurou a ela, e estendeu a mão sobre sua cabeça para
empurrar uma das portas do castelo aberta, quando chegaram a elas.
Claray estava franzindo a testa quando deslizou sob o braço de seu primo e
saiu. Ela pausou então, confusão correndo por ela, quando viu que seu pai estava
esperando ao pé da escada, com sua montaria e a dele. Aulay já estava montado em
seu próprio cavalo e segurando as rédeas de outro.
—Depressa, vocês dois. Venham montar. Você está atrasando todo mundo,
— seu pai chamou impacientemente, e então se virou e montou em seu próprio
cavalo.
Quando seu pai não respondeu, mas começou a mover seu cavalo, puxando
sua montaria atrás dele, Claray se mexeu para enganchar a perna sobre o punho da
sela para manter o equilíbrio. Ela não estava acostumada a andar de lado na sela,
especialmente em uma sela normal. Mas ela não estava usando braies (NT calções) sob
o plaid e não montaria sem eles. Esperando que eles não estivessem cavalgando para
longe, ela olhou por cima do ombro. Alick e Aulay estavam seguindo um pouco atrás,
seu primo mais novo se inclinando para seu irmão mais velho e obviamente
perguntando o que estava acontecendo. Quando viu os lábios de Aulay começarem
a se mover, desejou que estivessem mais perto para poder ouvir a explicação. Ela
não tinha ideia do que estava acontecendo.
Claray virou-se para ver que seu pai havia diminuído a velocidade para
cavalgar ao lado dela e estava franzindo a testa quase com culpa. Sobrancelhas se
erguendo, ela perguntou: —Por quê?
—Por nunca dizer a você que seu noivo ainda vive, — disse ele solenemente.
—Eu queria. Mas . . . a princípio você era jovem demais para confiar no segredo.
—Por que era um segredo? — ela perguntou, quando ele fez uma pausa.
—Bem, você sabe que os pais do rapaz foram assassinados, — ele disse, e
quando ela assentiu, continuou. —Parece que o rapaz estava destinado a morrer
também. Por sorte ele não comeu a comida envenenada. Ross MacKay, seu tio, —
explicou ele, —arranjou tudo para que todos pensassem que o jovem Bryson havia
—Ainda assim, nós nunca desistimos, — ele assegurou a ela. —Mas os anos
se passaram sem nenhum resultado em nossa caça ao assassino.
Claray assentiu solenemente. Ela já sabia disso; como ela disse a Conall e aos
outros homens, seu pai lhe parecia obcecado com a tarefa. Agora ela perguntou: —
Mas por que você e mamãe nunca me disseram que ele ainda vivia? Você não acha
que eu deveria saber?
Seu pai fez uma careta. — Na época dos assassinatos você era apenas um
bebê, e mais tarde, quando criança, todos concordamos que era melhor não lhe
contar, para você não deixar escapar que o jovem MacDonald ainda vivia sem
querer. Tal deslize poderia ter custado a vida do rapaz. O assassino de seus pais
poderia ter sabido que ele ainda vivia e caçá-lo e matá-lo.
—E então, uma vez que você ficou mais velha, sua mãe e eu quisemos dizer a
você, mas o rapaz insistiu que não devíamos, — disse ele, soando um pouco irritado.
—Conall achou melhor você não saber, caso ele morresse em batalha antes de poder
reclamá-la. Dessa forma, ele disse, eu poderia simplesmente arranjar outro noivado
e você nem iria perceber e não sofreria nenhuma perturbação com a morte dele.
– Ah, – murmurou Claray, e meio que entendeu o raciocínio dele. Se ela o
tivesse encontrado e conhecido, ela poderia muito bem ter sofrido aborrecimento e
até tristeza por sua morte. Exceto que ela nunca o conheceu antes disso, então
suspeitava que ela não teria sentido muito mais do que um pouco de decepção ao
saber de sua morte, se isso tivesse acontecido.
—Não lhe contar foi o único motivo sério de discórdia entre sua mãe e eu, em
todos os anos em que estivemos casados, — acrescentou tristemente. —Ela queria
lhe dizer quando você tivesse doze anos, então você teria algo pelo que esperar. Mas
eu tinha dado minha palavra, e eu tinha que fazê-la dar a dela. Você sabe agora —
Sim, ela falaria com o padre Cameron sobre uma peregrinação no dia
seguinte. Antes mesmo do desjejum, ela decidiu, e então olhou para o pai e
perguntou: — Se ele é o Laird do MacDonald, por que ele tem vivido como
mercenário todos esses anos?
Seu pai fez uma careta com a pergunta, e então disse: —Logo após os
assassinatos, a maioria dos membros sobreviventes do clã fugiu. Eles não tinham
ideia do que tinha acontecido, e havia rumores supersticiosos sobre Deus os
derrubando ou algo assim. Os poucos que ficaram para trás tiveram dificuldades
sem laird ou guerreiros para protegê-los. Ross fez o melhor que pôde, mas estava
constantemente enviando homens para fazer perguntas e tentar descobrir quem
quereria Bean e Giorsal mortos. E ele não tinha mão de obra para colocar uma
guarda permanente em MacDonald que teria sido grande o suficiente para protegê-
lo de invasores e clãs rivais. Ele perdeu muitos homens no esforço para fazê-lo, antes
de desistir, — acrescentou solenemente.
—De qualquer forma, — ele disse depois de um momento de silêncio, —
Bryson tinha seis anos quando seus pais morreram e ele foi para Sinclair. Segundo
todos os relatos, ele era um bom menino, quieto e trabalhava duro. Ele realmente
ganhou suas esporas aos dezesseis anos, o que é muito jovem como você sabe.
Claray murmurou sua concordância. A maioria estava perto dos dezoito anos
quando ganhou as esporas.
—Bem, ele foi direto para MacDonald quando terminou seu treinamento, —
seu pai continuou. —Mas dez anos se passaram. Os campos haviam desaparecido
sob o mato, arbustos e árvores jovens, a parede e o telhado estavam desmoronando
por falta de atenção e reparos e a torre. . .— Ele balançou sua cabeça. —Era preciso
muito dinheiro para consertar tudo. . . e é claro que também não havia mais
MacDonalds lá, para trabalhar nos campos. Ele não teve escolha a não ser tentar
ganhar dinheiro com sua espada. Ele trabalhou nos últimos doze anos para ganhar
o suficiente, não apenas para consertar MacDonald, mas para atrair de volta os
—Sim, — seu pai disse solenemente. —Mas agora ele ganhou o suficiente
para fazer isso. Ele pode se casar com você e voltar para MacDonald, onde assumirá
seu título de laird e liderará seu povo mais uma vez. Como sua esposa, você irá ajudá-
lo com isso.
—Eu irei? — Claray perguntou fracamente, mas supôs que ela o faria. Parecia
que ela iria se casar com Conall. Ou Bryson. Ela realmente não tinha certeza de como
deveria chamá-lo agora. Mas havia muita coisa que ela não tinha certeza no
momento. Ela passou tanto tempo pensando que nunca se casaria, teria filhos ou
governaria sua própria casa, mas agora parecia que sim. O que estava bem. Assim
que superasse o choque, tinha certeza de que ficaria feliz com essa reviravolta nos
acontecimentos. Pelo menos ela o faria, uma vez que descobrisse como fazê-lo sem
cair no inferno, por desfrutar das atenções de seu marido. Ela definitivamente se
certificaria de procurar o padre Cameron logo no dia seguinte, antes mesmo do
desjejum, para abordar o assunto. Certamente, ele teria algum conselho útil para ela
sobre o assunto.
Arrastada de seus pensamentos, Claray voltou sua atenção para seu pai, para
notar que eles pararam e ele estava desmontando. Ela então olhou ao redor para ver
que enquanto eles estavam conversando, seu pai levou seu cavalo para fora do pátio,
sobre a ponte levadiça e para o meio dos guerreiros acampados do lado de fora da
muralha do castelo. Na verdade, eles passaram pelos soldados Buchanan e estavam
no meio dos guerreiros de Conall. Embora parecesse que ainda mais soldados
haviam chegado e estavam montando acampamento, além dos homens de Conall.
—Por que os MacKays estão aqui? — Claray perguntou, quando seu pai se
aproximou dela para ajudá-la a descer.
—Eles são tio, tia e prima de Conall, — seu pai informou enquanto a levantava
de sua montaria e a colocava no chão. —Nós enviamos uma mensagem para eles
—Há um problema?
Claray olhou para o lado para aquela pergunta solene, para ver que Conall
havia deixado os outros e vindo se juntar a eles.
—Não, não, — seu pai disse imediatamente. —Está tudo bem. Eu acabei de...
Claray olhou para ele sem expressão, e então balbuciou: —Eu deveria ter me
confessado ao padre Cameron primeiro. E os casamentos sempre acontecem nos
degraus da capela, não na frente da muralha, e minhas irmãs não estão aqui, e eu
cheiro mal! Não tomei banho adequadamente em mais de uma semana, a não ser um
mergulho no rio. Meu cabelo está uma bagunça. Estou usando um grande kilt
emprestado, meus pés estão descalços e . . .
Se lhe perguntassem o que o homem santo disse, as passagens que ele leu ou
que votos ela fez, Claray não poderia ter respondido. Ela não ouviu um pingo da
cerimônia monótona e só repetiu o que lhe foi dito, quando lhe foi dito. Realmente,
sua mente não estava lá na cerimônia. Agora estava lembrando todas as razões pelas
quais este casamento não deveria acontecer, neste momento específico, para este
homem em particular. Ela estava se preocupando com sua alma prestes a ser
perdida. . . ou talvez já estivesse perdida. Claray não sabia, mas achava terrivelmente
triste de um jeito ou de outro.
Conall segurando seu queixo e levantando seu rosto a tirou de seus
pensamentos e então a beijou novamente. Desta vez foi apenas o mais breve roçar
de seus lábios sobre os dela. Mesmo assim, causou um rugido em seus ouvidos. Pelo
menos foi o que ela pensou, até que ele terminou o beijo e o rugido continuou.
Olhando ao redor com confusão, Claray percebeu que o som que ela estava
ouvindo era na verdade os soldados que os cercavam, gritando sua aprovação ao
beijo. Um pouco sobrecarregada e insegura de como deveria estar reagindo, Claray
se viu aproximando-se de Conall. Quando ele segurou a mão dela e lhe deu um aperto
reconfortante, ela olhou rapidamente para cima e conseguiu dar um sorriso
agradecido.
Ross MacKay imediatamente se colocou entre ele e Claray, pegou suas mãos
entrelaçadas nas dele e as ergueu no ar enquanto anunciava: “Dou a você a minha
nova sobrinha, Lady Claray MacDonald, e seu marido, meu sobrinho, Bryson Conall
MacDonald, filho de Beatham e Giorsal MacDonald e há muito perdido laird do clã
MacDonald. Que seu governo traga paz e prosperidade ao seu povo e retorne o
Castelo Deagh Fhortan ao lar feliz que já foi.”
—Eu não posso acreditar que você nunca nos disse que Bryson ainda estava
vivo e que ele era Conall, mãe. Ele é nosso primo. Deveríamos ter sido informados.
—Sim, — Claray concordou, mas pensou, E agora ele é meu marido. Ela
considerou isso silenciosamente, enquanto Lady MacKay incitava sua filha a
começar a se mover novamente e a conduzia ao grande salão de MacFarlane.
Seguindo as mulheres em direção às mesas de cavalete, Claray ponderou sobre isso.
Ela era uma senhora casada agora. Ela não deveria se sentir. . . diferente de alguma
forma? Ela esperava. Ela pensou que se um dia se casasse se sentiria mais mulher e
menos criança. Mas sentia o mesmo agora, como sempre foi.
—Ah, milady.
—O Cook pediu para lhe dizer que está preparando uma refeição leve para
celebrar o casamento, — Mavis anunciou, enquanto colocava a bandeja e pegava o
jarro para começar a servir bebidas. —Nada enorme, lembre-se, sendo tão tarde,
mas algo legal. E há água no fogo, aquecendo para o seu banho. Não deve demorar
muito.
Claray hesitou, depois fez uma careta e admitiu: — Não tenho certeza, Mavis.
Havia um bom número de homens querendo a atenção do meu marido quando os
deixamos.
Ela assentiu pensativamente, e então sorriu e deu de ombros. —Bem, quanto
mais demoram, mais tempo temos para nos preparar. Sente-se e descanse um pouco,
então. Vou lhe informar quando a água estiver pronta para o seu banho.
—Então, — Kenna disse, uma vez que Mavis desapareceu de volta para as
cozinhas, —você realmente não sabia que Conall era meu primo Bryson?
—Sim. Conall me contou na viagem para aqui, — ela admitiu. —Antes disso,
porém, pensei que meu noivo havia morrido e eu nunca me casaria.
—Oh, — Kenna respirou. —Isso foi terrivelmente indelicado. — Ela se virou
para fazer uma carranca para sua mãe enquanto dizia isso, obviamente a culpando
parcialmente.
— Mas como você disse, você não tem certeza, — Kenna apontou com um
olhar preocupado para Claray. — Não teria sido melhor se ele se revelasse Bryson
MacDonald, laird do clã MacDonald, e depois passasse um ano ou mais
reconstruindo a fortaleza e tal antes de reivindicar Claray? Dessa forma, se o
assassino ainda estivesse por perto e quisesse tentar matá-lo novamente, ela pelo
menos não estaria em risco.
—Exceto que a deixaria vulnerável às maquinações do MacNaughton, —
Lady Annabel apontou. —Ele é a razão pela qual estamos todos aqui agora. —
Virando-se para Claray, ela explicou: —Seu pai e seu primo Aulay nos enviaram
notícias do que aconteceu e que Bryson tinha saído para resgatá-la. Ele sugeriu que,
se conseguisse, o melhor plano seria casar-se com você para evitar que
MacNaughton tentasse novamente, e pediu a Ross que viesse ajudá-lo a convencer
Bryson a finalmente fazer isso. Ela sorriu levemente e acrescentou: —Mas, como se
viu, não havia necessidade de convencimento. Em vez disso, chegamos bem a tempo
para o casamento.
—Então meu primo Aulay sabia que Conall era Bryson MacDonald? —
Claray perguntou com uma pequena carranca. Estava começando a parecer que todo
mundo já sabia, menos ela. E Kenna, claro.
—Ele não sabia até que o mensageiro chegou a Buchanan com sua carta, —
ela assegurou. —Acho que seu pai disse algumas coisas que deixaram o gato fora do
saco, por assim dizer. No momento em que Bryson partiu para Kerr, Aulay e seu pai
se sentaram e escreveram uma mensagem para nós, depois a enviaram com um
mensageiro para MacKay.
—Será que o casamento deles manterá Claray a salvo de MacNaughton
agora? — Kenna perguntou com preocupação.
—Você se lembra de Annella, — tia Annabel disse agora. —Minha filha mais
velha. Ela costumava vir conosco quando a visitávamos, antes de se casar com o
Gunn.
Clara assentiu. Os MacKay não a visitavam desde a morte de sua mãe, mas ela
se lembrava de Annella. Ela sempre gostou dela. Ela gostava das duas filhas MacKay.
—Casada, — Kenna bufou. —Você dificilmente pode chamar o que a pobre
Annella tem de um casamento adequado.
—Sim. Embora eu suspeite que ele esteja morto. Morto por bandidos no
caminho, senão ele certamente estaria de volta agora, — Kenna apontou. —
Laird Gunn tem enviado homens para procurá-lo nos últimos três anos, mas ainda
não há notícias. Espero que ele esteja morto.
—Você não tem que esperar por eles, querida. Você pode se retirar se desejar,
— Lady MacKay disse, esfregando as costas de sua filha afetuosamente. —Os
homens podem demorar um pouco.
Claray piscou com essas palavras, seus olhos se arregalando ao perceber que
nem sequer havia considerado a possibilidade de dormir para seus convidados. . . e
isso era um problema. MacFarlane tinha apenas seis quartos. Seu pai ocupava o
maior, que deixava cinco quartos para oito filhos. Como a mais velha, Claray tinha
seu próprio quarto, assim como seu irmão, Eachann, como o único homem. Os outros
três quartos eram compartilhados por suas seis irmãs, duas meninas por quarto. Ela
estava feliz em renunciar a seu próprio quarto, mas teria que acordar seus irmãos
para fornecer quartos para os MacKays, assim como Aulay e Alick.
Ela mal teve o pensamento quando a porta da cozinha se abriu e Mavis entrou
correndo, indo em sua direção. De pé, Claray correu ao encontro da mulher.
—Sim. — Mavis sorriu levemente. —Vim para lhe dizer que a água está
pronta para o seu banho. Você gostaria agora?
Claray sentiu-se relaxar com esta notícia e assentiu enquanto se voltava para
Mavis. —Sim. Eu gostaria do meu banho agora, então.
Assim que a empregada voltou correndo para as cozinhas, Claray voltou para
a mesa, perguntando: —Você gostaria de outra coisa para beber ou comer antes de
se retirar?
—Não para mim, obrigado. Receio estar muito cansada até para mastigar, —
Lady MacKay a assegurou.
Cobrindo outro bocejo, Kenna acenou com a cabeça no que Claray só podia
supor que fosse uma concordância, já que as duas mulheres se levantaram.
Mavis riu enquanto tomava o xadrez dela. —Você sempre dormiu em longas
viagens. Sua mãe, que Deus descanse sua alma, era do mesmo jeito, e seu pai
costumava balançar a cabeça maravilhado com vocês duas, que vocês conseguissem.
Claray sorriu levemente com o comentário, enquanto tirava a camisa
emprestada e a entregava a Mavis, antes de entrar na banheira. Sua mãe era próxima
de suas irmãs e irmãos, e a família viajava várias vezes por ano para visitá-los. Os
mais próximos eram fáceis de chegar e permitiam viagens curtas de um dia ou
pernoites. Mas aqueles que se casaram em clãs mais distantes, significavam jornadas
muito mais profundas, que só faziam uma ou duas vezes por ano.
—Oh, bem, seu pai pensou que com tudo o que está acontecendo e todos os
visitantes, seria melhor se Edmund o mantivesse em suas baias nos estábulos até
amanhã.
—Oh, — Claray suspirou a palavra, e supôs que não podia culpar seu pai.
Lovey não gostava de muitas pessoas, e ela supôs que com o pátio cheio de soldados,
poderia ser menos estressante para ele ser mantido fora do caminho. Ela iria até os
estábulos para vê-lo pela manhã, ela decidiu. Ela iria logo depois que se aproximasse
do padre Cameron para pedir conselhos sobre seus problemas com o leito conjugal.
Claray olhou ao redor com surpresa, pensando que Mavis devia estar saindo
para alguma coisa, e então piscou quando viu que era Conall entrando. Ele parou na
porta quando a viu perto do fogo e Mavis colocando um vestido limpo sobre um baú
no canto, então segurou a porta aberta com expectativa. Foi tudo o que ele teve que
fazer. Assentindo, Mavis murmurou um boa noite para Claray e então saiu apressada
do quarto.
Claray engoliu em seco ao ver Conall fechar a porta, depois virou a cabeça
rapidamente para o fogo e continuou escovando o cabelo, enquanto o ouvia se
mexer. Sua mente estava de repente correndo. Por mais ridículo que fosse, ela ficou
mais do que um pouco surpresa com a presença dele ali, em seu quarto. Não que ela
tivesse esquecido que eles estavam casados agora, mas ela realmente não estava
pensando nisso e no que isso significava. Bom Deus! Ela era casada! O que significava
que ele compartilharia seu quarto, sua cama. . . e o corpo dela.
Ela engoliu em seco novamente com esse pensamento, quando Claray ouviu
o baque suave de material caindo no chão coberto de junco e então o som da água se
movendo, o que ela supôs significava que ele estava entrando na banheira. Isso a
colocou em um dilema enquanto debatia se deveria se oferecer para ajudá-lo com o
banho ou não. Sua mãe, antes de adoecer, muitas vezes ajudava o pai no banho,
Claray sabia. Mas ela não tinha certeza se isso era esperado de uma esposa ou apenas
algo que seus pais gostavam. Eles foram casados e felizes, seu amor um pelo outro
era óbvio para qualquer um em sua presença por mais de alguns momentos.
Antes que ela pudesse decidir o assunto, ela ouviu uma grande quantidade de
respingos que sugeriam que seu marido poderia ter terminado o banho e saído.
Incapaz de se conter, Claray olhou rapidamente por cima do ombro para ver que,
sim, ele estava saindo. Ele estava de pé na banheira, secando seu cabelo longo e
molhado vigorosamente com um tecido, que Mavis devia ter deixado para ele.
Seu rosto estava coberto pelo tecido enquanto trabalhava, e sabendo que ele
não podia vê-la, ela se viu bebendo a visão de seu corpo. Ele era um homem tão bem-
feito, seu corpo tonificado e musculoso. Mesmo as cicatrizes que marcavam seu
corpo, por anos como um mercenário, não podiam diminuir sua beleza aos olhos
dela, e havia muitas cicatrizes: uma enrugada na parte superior do peito que parecia
ser de uma flecha, um corte irregular no seu lado de uma espada ou faca e vários
cortes menores em seus braços e pernas. Mas havia um muito grande em seu quadril
que tinha que ser de uma espada ou machado de batalha, ela pensou, e então
percebeu que seu corpo havia parado de se mover. Ela ergueu os olhos rapidamente
para o rosto dele para ver que ele havia terminado de secar o cabelo. Conall agora
estava de pé, o linho úmido amassado em suas mãos, enquanto a observava
examinar seu corpo.
No momento em que ela o fez, Conall reivindicou sua boca em um beijo suave
e indagador, que a fez virar a parte superior de seu corpo, instintivamente, para ele
também. Seus lábios se separaram quase de uma vez, e ele imediatamente aceitou o
convite e aprofundou o beijo, sua mão alcançando a parte de trás de sua cabeça,
enquanto sua língua empurrava para preenchê-la.
Claray gemeu com a excitação que começou a ganhar vida dentro dela, e
deslizou os braços ao redor do pescoço dele, enquanto o beijava de volta. Ela amava
seu beijo. Ela adorou o formigamento que começou, e o calor que enviou através de
seu corpo, a forma como, de alguma forma, transformou excitação e paixão em lava
derretida, que se acumulou em sua barriga, até transbordar para deixá-la molhada
e dolorida.
Ela estava tão consumida por seus beijos que Claray só percebeu vagamente
quando Conall a agarrou pela cintura e a virou para ele. Então, quando ele de repente
interrompeu o beijo, ela ficou um pouco surpresa ao encontrar-se de joelhos entre
os dele. Ela viu a diversão piscar em seu rosto, quando ele percebeu sua expressão
assustada, mas isso morreu rapidamente quando ele desdobrou o tecido enrolado
em seu peito, que caiu em torno de seus joelhos, deixando-a inteiramente à mostra.
Seu olhar ficou intenso então, e faminto, como um homem faminto presenteado com
um banquete.
O instinto de Claray foi cobrir-se com as mãos, mas em vez disso ela enfiou os
dedos nos ombros dele e permaneceu imóvel. Ela então ofegou e enrijeceu, quando
ele abaixou a cabeça e se inclinou para agarrar um seio, sugando o mamilo em sua
boca e sacudindo-o com a língua. Mesmo quando ela gritou e arqueou-se na carícia,
sua mão estava reivindicando seu outro seio e amassando a carne ansiosa, antes de
mudar sua boca para reivindicar aquele mamilo agora, enquanto seus dedos
puxavam o primeiro.
Claray estava tão absorta nas sensações que ele estava despertando nela, que
não percebeu que ele a estava baixando para deitar-se sobre a pele, até que ela a
sentiu pressionar suas costas, quando ele baixou metade em cima dela. Seu joelho
pressionou entre suas pernas então, esfregando contra ela e fazendo-a gritar em sua
Por um momento, ela estava muito atordoada para sentir qualquer outra
coisa quando ele começou a acariciar a protuberância sensível com a língua, e então
sugou com os lábios ao redor dela. Mas isso logo passou, quando seu corpo
respondeu ao seu banquete faminto. Era como nada que ela já tinha experimentado
antes, nada que ela tivesse imaginado. Era tudo tão cru e carnal e avassalador e ela
não sabia o que fazer. Claray tinha certeza de que isso não era algo que a igreja
aprovaria. Ele não poderia dar a ela sua semente assim. Isso era. . .
Claray cobriu sua boca com uma mão e balançou a cabeça. Antes de morrer,
sua mãe havia falado com ela sobre a primeira vez que uma mulher estava com um
homem. Na época, ela estava confusa sobre porque sua mãe pensaria que ela iria
estar, quando Claray tinha certeza naquele momento, de que ela nunca se casaria.
Afinal, ela apenas atribuiu à doença que afetava a mente de sua mãe.
No entanto, ela entendia agora que não tinha sido a doença. Sua mãe sabia
que esse dia chegaria e queria prepará-la. Claray não precisava que ele lhe dissesse
que a dor era esperada. . . e sinceramente, não era tão ruim quanto ela pensava que
poderia ser, pela descrição de sua mãe. Fora apenas em uma área onde esse tipo de
dor geralmente não ocorria. E ela supôs que sua vinda em meio a tanto prazer, a
tornava mais chocante também.
—Você está bem? — Conall perguntou, quando ela finalmente deixou seus
dedos caírem de sua boca.
Claray assentiu, envergonhada demais para falar ou mesmo encontrar seu
olhar.
Ele parecia preocupado e um pouco tenso, ela notou, mas ainda não
conseguiu encontrar seu olhar e apenas assentiu novamente.
Consciente de que Conall estava observando seu rosto, ela forçou o que
esperava ser um sorriso, mas suspeitou que poderia ter parecido mais uma careta,
quando uma pequena risada ofegante escapou de seus lábios, e então ele ficou
completamente enterrado dentro dela e começou a beijá-la novamente. Desta vez
seus lábios roçaram seus olhos fechados, então seu nariz, cada bochecha e
finalmente encontrou sua boca para beliscar e chupar seu lábio inferior brevemente,
antes de se estabelecer em um beijo mais adequado.
Não era o beijo profundo e faminto ao qual ela se acostumou. Em vez disso,
foi uma sedução paciente e gentil que a fez relaxar lentamente. Foi só quando ela
começou a responder que ele aprofundou o beijo, trazendo sua paixão de volta ao
jogo. Movendo-se para descansar seu peso em uma mão, ele então deixou a outra
trilhar por seu corpo para acariciar seu seio e Claray gemeu e arqueou as costas,
empurrando-se mais completamente em seu toque, enquanto seus mamilos
formigavam e endureciam. Quando ele então se levantou um pouco, para que sua
mão pudesse deslizar entre eles, para acariciá-la acima de onde eles estavam unidos,
Claray ofegou e mudou para aquele toque também, seus quadris começando a se
mover por conta própria, puxando-o mais fundo em seu corpo e em seguida,
liberando-o para deslizar parcialmente para fora, antes de puxá-lo novamente.
Não havia dor agora. Ou pelo menos não o suficiente para anular o prazer que
ele estava causando, e ela logo estava se movendo quase freneticamente, buscando
a liberação que ela experimentara antes. Claray estava vagamente ciente de que
Conall estava se mantendo rígido como uma tábua, nada se movendo além de seus
dedos contra sua pele lisa, enquanto ele a deixava usá-lo para seu prazer, mas não
tinha ideia do que deveria ter lhe custado, até que ela gritou em sua boca quando ela
encontrou sua libertação e sua imobilidade terminou.
Por um minuto, ela pensou em acordá-lo novamente para pedir-lhe que, por
favor, terminasse o que havia começado, mas Claray não teve coragem de fazer algo
assim. Além disso, ocorreu-lhe então que, enquanto ela dormiu a maior parte da
viagem de Kerr, Conall não. Ele e seus homens haviam cavalgado por todas as noites
da viagem, exceto uma. Considerando isso, ela supôs que era bastante
surpreendente que ele conseguisse ficar acordado por tanto tempo e lhe desse
prazer duas vezes.
E realmente, ela realmente iria reclamar que ele não lhe deu prazer pela
terceira vez? E sua pobre alma? Ela estava muito preocupada com isso mais cedo,
mas agora estava chateada por ele não continuar a lhe dar prazer?
De qualquer forma, ela teria que agradecer a Cook no dia seguinte por seus
esforços. O pobre homem, junto com seus trabalhadores, foi despertado do sono e
colocado em serviço, embora essa não tenha sido sua intenção quando ela e Alick
foram em busca de comida. Na verdade, ela supôs que teria que agradecer a todos
os outros também: Edmund por sua ajuda com os cavalos e sua última adição de
animais feridos, bem como as criadas que prepararam os quartos que seus primos
Buchanan estavam usando, para que os MacKays pudessem usá-los esta noite,
aqueles criados que tinham aquecido a água e preparado seu banho, o pessoal da
cozinha. . . até o padre Cameron, que provavelmente fora arrastado da cama para
realizar a cerimônia. O povo de MacFarlane fez um esforço extra neste dia e deveria
ser agradecido por esses esforços.
Ela também provavelmente teria que se desculpar com seu irmão e irmãs por
não terem sido incomodados. Até onde ela sabia, eles eram os únicos habitantes de
MacFarlane que tiveram permissão para dormir durante sua volta para casa e seu
casamento, e ela tinha certeza de que eles ficariam chateados por não estarem lá
para isso.
Um leve sorriso curvou seus lábios com a contrariedade da situação, que as
pessoas que foram forçadas a acordar e trabalhar provavelmente prefeririam
dormir, enquanto seus irmãos, que ficaram dormindo, provavelmente se
ressentiriam por não serem acordados. Ela balançou a cabeça para a situação sem
pensar, e então se acalmou quando Squeak chilreou para ela, infeliz pelo movimento.
Mas quando o arminho subiu em seu peito para tentar se enterrar entre seus seios
na esperança de encontrar seu local de dormir habitual, ela o pegou em sua mão e
sentou-se na cama. Ele começou a chiar e tagarelar para ela ao mesmo tempo, mas
Claray ignorou isso e se levantou para ir até a mesa onde a comida e a bebida
esperavam.
Para sua surpresa, ela viu que Mavis trouxera uma tigela de leite para a
pequena criatura. A percepção a fez sorrir e ela colocou Squeak ao lado dela. O
arminho continuou a chilrear brevemente para ela de uma maneira muito irada, que
começou a soar um pouco menos vociferante quando seu nariz começou a se
contorcer, e então terminou completamente quando ele se virou para a tigela onde
ela o colocou ao lado. Desistindo de suas queixas, ele foi até a tigela para começar a
beber o leite. Rindo baixinho, Claray o deixou e foi até onde Mavis havia colocado
um vestido limpo e uma camisa para a manhã. Ela deixou o vestido, mas vestiu a
camisa.
Pareceu a Claray que ela mal tinha finalmente adormecido quando batidas na
porta a acordaram assustada.
Sentada na cama, ela olhou fixamente para o painel de madeira e então olhou
para Conall, enquanto ele resmungava e rolava para ela, jogando um braço em sua
direção que certamente teria pousado em seu peito se ela ainda estivesse deitada.
Como ela não estava, não o fez, mas caiu no espaço vazio atrás dela.
Balançando a cabeça, ela deslizou para fora da cama e correu ao redor dela,
para alcançar a porta antes que quem estivesse batendo nela pudesse bater
novamente e acordá-lo. O pobre Conall tinha perdido muito sono para salvá-la e, na
opinião dela, merecia seu descanso. Então, ela não ficou satisfeita em abrir a porta e
encontrar seu pai, Ross MacKay, primo Aulay e padre Cameron na porta.
—Meu marido está dormindo, — ela disse a eles com uma pequena carranca.
Sabendo que eles estavam lá para a roupa de cama, outra coisa que sua mãe havia
explicado a ela, Claray estava prestes a sugerir que eles voltassem em uma hora mais
decente, quando um plaid pesado, de repente foi colocado sobre seus ombros.
Mesmo quando ela olhou para baixo com perplexidade para a roupa pesada, ele foi
enrolado em torno de seu corpo para cobri-la, e ela foi levantada do chão e carregada
para fora do caminho.
— Cuidado com o arminho — avisou Conall, sua voz rouca de sono, enquanto
a carregava até a mesa e a colocava em uma das cadeiras. Ele então se endireitou e
se virou para assistir aos procedimentos, as mãos apoiadas nos quadris. Deixou
Claray olhando para sua bunda nua. Ela piscou várias vezes, enquanto ouvia os
homens entrarem na sala, e então Conall se virou ligeiramente e ela viu seu pênis
muito grande e muito ereto, balançando. Tinha sangue seco nele. Dela, percebeu com
desânimo.
— Esposa — protestou Conall com uma risada, enquanto ela tentava enfiar o
tecido na cintura para mantê-lo no lugar.
—Sua esposa, — ela disse fracamente, e teve que se perguntar por que ela
ainda não se sentia diferente. Ela era casada e esteve na cama. Sua inocência se fora,
—Vou pendurar isso no trilho, — seu pai anunciou, suas bochechas corando
um pouco rosadas.
Claray não tinha certeza se a mudança de cor era porque ele estava
segurando a prova de sua inocência, que também era a prova de que aquela
inocência se fora, ou o que estava causando isso, mas ele estava definitivamente
corando quando saiu correndo da sala.
Gemendo em sua boca, Claray envolveu suas pernas ao redor de seus quadris
e o beijou ansiosamente de volta, enquanto ele agora se esfregava contra seu núcleo
através do tecido do xadrez e sua camisola frágil. A sensação fez Claray arder por
ele, e a julgar pelo gemido que arrancou de Conall, ele também foi afetado, então ela
ficou um pouco assustada quando ele de repente interrompeu o beijo e a soltou,
segurando o plaid enquanto ele o fez.
Corando de vergonha, ela virou as costas para ele e colocou Squeak de lado,
para pegar o vestido e vesti-lo rapidamente. Claray então pegou o pequeno animal
novamente e o colocou em seu ombro enquanto ela ia buscar sua escova na pele,
perto do fogo. Ela mal tinha começado a puxá-la pelo cabelo quando o som de água
espirrando a fez olhar de volta para a banheira.
Conall estava se lavando rápido também, ela viu. Quando ele virou o pano e
sua atenção para o sangue seco em seu pênis, ela rapidamente se virou e olhou para
as cinzas frias na lareira, enquanto terminava de escovar o cabelo.
Ela se virou para descobrir que ele estava vestido e esperando na porta.
Quando ele estendeu a mão e ergueu os dedos em um gesto de vem cá, ela se
levantou e colocou a escova na mesa, então foi até ele. Conall pegou sua mão no
momento em que ela esteve ao seu alcance, abriu a porta e a arrastou para fora de
seu quarto, para empurrá-la pelo corredor.
Felizmente, apesar de sua aparente pressa, ele não a estava fazendo correr
para acompanhá-lo, como seu tio tinha feito em Kerr. Embora seu marido fosse
muito mais alto do que ela e provavelmente poderia ter se movido muito mais
rápido, ele escolheu um ritmo que lhe permitia acompanhar uma caminhada rápida,
com apenas um salto ocasional para não ficar para trás.
Claray deu uma olhada na larga faixa de pano branco com o sangue dela, e
então abaixou a cabeça e evitou olhar para ela novamente. Honestamente, para ela,
era humilhante tê-lo lá em cima. Agora todos no castelo sabiam o que tinham feito
na noite passada. O que ela supôs que eles saberiam de qualquer maneira, mas ainda
assim, era embaraçoso, então ela estava quase aliviada quando ao invés de conduzi-
la para a mesa e colocá-la lá em exibição para todos olharem boquiabertos, Conall a
levou para as portas do castelo.
Foi só quando ele passou por elas, puxando-a atrás, que Claray se lembrou de
seu tio dizendo algo sobre esperar no pátio. Mesmo lembrando-se disso agora, ela
se assustou quando viu os MacKay montados ao lado de seu cavalo e da montaria de
Conall, com seu pai, seu mestre de estábulo, Edmund e seus primos Aulay e Alick
Buchanan diante deles.
Seu olhar seguindo dois homens MacKay cavalgando para longe do grupo em
direção ao portão, Claray abriu a boca para perguntar o que estava acontecendo.
Antes que ela pudesse, Conall começou a descer as escadas, latindo: — Onde está o
cavalo de Claray?
—Esta é a montaria de Claray, — seu pai anunciou, e ela não pôde deixar de
notar seu orgulho quando ele olhou para o corcel preto, que puxava
impacientemente as rédeas que Edmund estava segurando, para evitar que a
enorme fera subisse os degraus para cumprimentá-la.
— É um garanhão — protestou Conall quando chegaram ao pé da escada. —
As senhoras costumam montar em éguas.
Claray pensou ter ouvido Conall murmurar algo, mas não conseguiu
entender, e então ele estava ao lado dela, incitando-a a avançar em sua montaria.
Mas quando ele tentou colocá-la na sela, ela resistiu e recuou.
A boca de Claray abriu e depois fechou, e então ela olhou ao redor. Conall
bloqueou qualquer um que a visse por trás, e ela não podia ver os MacKays de onde
estava entre os cavalos, mas seu pai, Edmund e seus primos estavam do outro lado
de Mavis. Quando o quarteto se virou para o outro lado e para longe dela, ela sacudiu
a cabeça e vestiu os calções, colocando-os e puxando-os para baixo do vestido.
—Aí estamos nós, — Mavis disse com satisfação, escovando suas saias,
enquanto Claray as deixava cair de volta no lugar sobre os calções. —Você está
Para grande horror de Claray, a mulher então enxugou uma lágrima e se virou
para voltar correndo pelo caminho de onde veio. Girando em direção a Conall, ela
perguntou com crescente pavor: — O que está acontecendo? Onde estamos indo?
Por alguma razão, isso fez com que suas sobrancelhas se curvassem e se
divertisse puxando seus lábios, mas ele apenas assentiu e então a ergueu na sela.
Claray lamentou trazer à tona o padre Cameron assim que as palavras saíram
de sua boca e percebeu que o comentário poderia fazê-lo perguntar por que ela
precisava falar com o prelado. Felizmente, ele não o fez, mas se concentrou em
algumas de suas outras queixas.
— Seu pai está arrumando suas roupas enquanto falamos — disse Conall
pacientemente, montando em seu cavalo com as rédeas ainda na mão. —Ele as está
enviando e suas outras coisas atrás de nós em carroças, que devem chegar a
MacDonald uma semana ou mais depois de nós. Ele enviará seus animais também,
— ele adicionou, soando um pouco irritado agora. —Vamos nos contentar até então.
—E sobre...?
—Seus irmãos e irmãs vão entender. Seu pai vai explicar, — ele disse antes
que ela pudesse fazer aquela pergunta novamente.
Abaixando a cabeça, Claray olhou para ele sem expressão, suas emoções
girando e provavelmente em seu rosto, para ele ver. Em vez de lhe dar simpatia e
palavras suaves, seu pai fez a coisa mais provável para enrijecer sua coluna.
—MacNaughton, — ele disse calmamente. —É mais seguro para todos se
você estiver longe para que ele não possa envenenar a carne ou tentar algum outro
— Ânimo — disse seu pai com firmeza. —Nós vamos lidar com o bastardo e
fazê-lo pagar por sua conspiração. Enquanto isso, Bryson é um bom, forte rapaz. Eu
confio nele para mantê-la segura. E, — adicionou, sua voz caindo para quase um
sussurro, eu sei que você vai mantê-lo seguro também.
Claray achou que isso poderia funcionar. Pelo menos a parte de chamá-lo de
marido. Conall já a tinha chamado de esposa uma ou duas vezes, então não deveria
protestar se ela o chamasse de marido em troca. Quanto a um termo de afeto, ela
teria que pensar nisso.
Claray mal se conteve de gemer em voz alta com a pergunta de Lady MacKay.
Esta era a última que ela desejaria responder, e estava procurando em sua mente
algo para dizer à mulher, que não tivesse a ver com se preocupar com sua alma
porque ela gostava da cama, quando Lady MacKay falou novamente.
—Fui criada em um convento e fui oblata (NT religiosa) até o meu casamento.
A mulher não poderia ter dito nada que Claray achasse mais chocante. Nada
poderia ter parado o engasgado “Sério?” que explodiu de seus lábios com esta
notícia.
Lady MacKay assentiu. —Sim. Só me casei com Ross porque minha irmã mais
velha se apaixonou e fugiu com outro. Meus pais então tiveram que me retirar do
convento para cumprir o contrato de casamento que ela havia abandonado. Caso
contrário, agora eu seria uma freira.
—Eu não posso imaginá-la como uma freira, milady, — admitiu Claray
solenemente. A mulher simplesmente não lhe parecia alguém que ficaria feliz
trancada em tal lugar.
—Bem, eu não disse que teria sido uma boa freira, — Lady MacKay disse com
diversão. —Na verdade, acho que não era adequada para essa vida, então tive muita
sorte de me casar com Ross. Ele tem sido um marido maravilhoso. E ele me deu três
filhos maravilhosos, — acrescentou ela, sorrindo carinhosamente para a filha.
Isso fez Claray sentir terrivelmente a falta de sua mãe naquele momento.
—Sim, é o que eu queria falar com ele, — ela reconheceu, e então deixou
escapar. —Padre Cameron foi muito claro sobre o assunto do leito conjugal e que
apenas os pecadores destinados ao inferno gostavam, e eu não quero ir para o
inferno, mas . . .
—Mas você gosta dos beijos e toques de Conall? —Lady MacKay sugeriu,
quando Claray parou e corou de vergonha.
—Eu não acho que seja uma falha de nenhum de vocês, querida, — Lady
MacKay disse gentilmente, e quando Claray pareceu duvidosa, acrescentou: —
Você não prometeu obedecer a seu marido durante o casamento?
Claray hesitou, depois fez uma careta e admitiu: —Talvez eu tenha, mas temo
que tenha ficado tão sobrecarregada com tudo, durante a cerimônia, que não prestei
atenção no que concordei.
—Ah. — Seus lábios se contraíram com diversão, mas ela disse solenemente:
—Bem, eu não estava sobrecarregada e ouvi você concordar em obedecê-lo.
Claray apenas assentiu. Ela mal podia discutir o fato, quando ela acabara de
admitir que não se lembrava.
—E sendo esse o caso, se seu marido está fazendo coisas destinadas a fazer
você aproveitar, então eu lhe asseguro que ele quer que você goste. Porque é muito
mais fácil não fazer esse esforço para lhe agradar. Então, se ele quer que você
aproveite, então cabe a você obedecer e aproveitar, não é? Certamente sua alma não
está em perigo se você está simplesmente obedecendo a ele como prometeu, diante
dos homens e de Deus.
Claray franziu a testa sobre isso. Ela entendia o que Lady MacKay estava
dizendo, mas não era como se Conall tivesse realmente ordenado que ela
desfrutasse de sua cama com ela. Agora, se ele fizesse isso, certamente salvaria sua
consciência, porque Deus entenderia que ela tinha que obedecer ao marido. Mas ele
não tinha ordenado. Ela abriu a boca para dizer isso, apenas para fazer uma pausa
quando ouviu o uivo de um lobo de algum lugar, atrás e à direita deles.
Claray franziu a testa com as palavras, sabendo o tipo de pânico que elas
poderiam causar. A raiva era uma doença que levava cães, raposas, lobos e vários
outros animais a um comportamento tão raivoso e violento, que atacavam sem
provocação, e podiam transmitir essa loucura a qualquer coisa e a qualquer um que
mordessem.
Era uma doença muito desagradável de sofrer, uma das piores que ela
conhecia. Muitas vezes começava de forma bastante branda em pessoas que a
haviam contraído, com algum mal-estar geral, dor de cabeça e falta de vontade de
comer. Mas isso era seguido por uma estranha sensibilidade à visão, audição, olfato
e até toque. Ela tinha ouvido histórias em que a pessoa que tinha sido mordida, não
suportava a sensação de seu próprio cabelo roçando sua pele, ou o vento em sua
bochecha. Onde até mesmo uma pequena vela fazia seus olhos arderem e a luz do
sol os cegava. Onde o menor som era como um tamborilar em suas cabeças, alto e
insuportável. Era por volta desse ponto que as vítimas também ficavam
aparentemente aterrorizadas com líquidos e, se forçadas a beber, vomitavam
violentamente e vomitavam até que sua garganta se rompesse e vomitassem sangue.
E então a raiva se instalaria. Eles ficariam calmos por um momento, suas mentes e
pensamentos aparentemente bem, e então de repente explodiriam em uma fúria
louca, tornando-se extremamente agitados e incontroláveis, arranhando e
mordendo aqueles ao seu redor, até que de repente se acalmassem novamente. Ela
tinha ouvido que muitas vezes, no final, eles pareciam afundados no terror, gritando
sem parar e continuando como se sofressem os tormentos do inferno. Era para ser
monstruoso de ver e pior de sofrer, e assim, quando eles finalmente caíam em um
sono profundo e morriam, todos ficavam aliviados por seu sofrimento ter
terminado.
Uma mão quente cobrindo a dela atraiu o olhar assustado de Claray ao redor,
para ver que Conall havia recuado e estava tomando suas rédeas novamente para
fazê-la parar. Seu tio e primo também recuaram para assumir posições de proteção
ao lado de Lady MacKay e Kenna, enquanto Hamish, Roderick e os dois soldados
MacKay se moveram para ajudar a cercá-los. Seu grupo agora havia parado, e um
olhar para trás mostrou que todos os guerreiros estavam seguindo seu exemplo,
enquanto observavam cautelosamente a floresta à direita de seu grupo de viajantes.
Vários tinham sacado suas armas, suas espadas ou machados de batalha.
Um momento depois, outro uivo longo e triste soou. Este estava ainda mais
perto e parecia vir das árvores quase diretamente ao lado deles, embora a alguma
distância na floresta. A montaria de Claray relinchou alto e virou a cabeça, tentando
virar o corpo na direção do som, e foi aí que ela teve certeza de que o uivo do lobo
não era uma ameaça.
—Marido, — ela disse com mais firmeza, mas ele a ignorou e se virou para
gritar uma ordem para os homens. Muito para seu alarme, Roderick e os dois
soldados MacKay mais velhos de repente se foram levando uma dúzia de outros
homens em direção à floresta, suas armas já levantadas.
Com o pânico correndo por ela, Claray não se incomodou em tentar explicar
a Conall novamente, mas tentou puxar as rédeas dele para recuperar o controle de
sua montaria. Quando ele apertou seu aperto e fez uma careta para ela
distraidamente, ela gritou: —Bastardo Teimoso!
Foi só quando Conall virou um rosto chocado e furioso para ela, que percebeu
que ele pensava que estava falando com ele. Ela não teve tempo de explicar e acalmá-
lo; sua montaria estava respondendo como esperado e empinando no local, puxando
as rédeas das mãos assustadas de Conall. Claray não se deu ao trabalho de tentar
alcançá-las — ela não conseguiria de qualquer maneira, — então as deixou
penduradas e se inclinou no lombo do cavalo, ordenando: —Vá.
Claray realmente achava que conseguiria. Mas ela não esperava que o lobo
estivesse tão perto quanto ele acabou ficando e praguejou baixinho, quando ele
correu em seu caminho uns três metros à frente e simplesmente se sentou para olhar
para ela com expectativa. Não era a primeira vez que ele fazia isso, e Claray não podia
fazer nada além do que ele esperava.
Ela gritou: “Bastardo Teimoso!” mas também não era a primeira vez para sua
montaria também. Era uma das brincadeiras favoritas do lobo. O cavalo já estava
reagindo à sua presença e diminuindo a velocidade. Quando ele estava a meros três
ou quatro metros na frente do belo lobo cinza, o garanhão começou a empinar para
evitar atropelá-lo.
Conall parou de olhar boquiaberto para sua esposa, com aquele comentário
de Roderick e lançou ao outro homem um olhar de desgosto. —Você acha?
Para sua surpresa, seu sarcasmo fez o homem normalmente solene, rir.
Balançando a cabeça, Conall voltou-se para ver sua esposa sendo atacada por
um grande lobo – ele nunca tinha visto um tão grande – e seu garanhão, e ambos
pareciam determinados a lhe dar um banho com suas línguas. Ele não se moveu ou
falou por um momento. Ele ainda estava tentando recuperar a compostura. Os
últimos minutos tinham sido muito estressantes para ele.
Primeiro Claray o chamou de bastardo teimoso, algo que ele ainda não
entendia, pois achava que não tinha feito nada para merecer. E então seu cavalo
empinou, e quando ele estava prestes a puxá-la para fora da montaria para salvá-la
de um tombo, o corcel saiu correndo com ela.
Conall tinha certeza de que seu coração parou naquele momento. Certamente
tinha saltado uma batida, no mínimo. Ele sabia que ela não tinha as rédeas e não
poderia alcançá-las para recuperar o controle de seu cavalo, e sua mente se encheu
de todos os tipos de finais horríveis para esta aventura, enquanto ele corria atrás
dela: Claray jogada de sua montaria e aterrissando em um monte quebrado na
grama ou, pior ainda, jogada em uma árvore o que quebrava suas costas. Ou, se ela
conseguisse se manter em seu assento, então Claray e seu cavalo seriam atacados
pelo lobo que ouviram uivando, um animal que ele tinha certeza de que estava
sofrendo a raiva, já que os lobos eram caçadores noturnos por natureza e
simplesmente não corriam por aí, uivando, logo pela manhã.
Com todas essas possibilidades estimulando-o, Conall forçou seu cavalo a
velocidades perigosas para alcançá-lo. Ele tinha acabado de passar pelos homens e
estava se aproximando da montaria de sua esposa, quando viu o lobo aparecer no
caminho diante dela. Seu coração parou novamente quando o garanhão empinou
mais uma vez. Mas ao invés de ser jogada, ou cair da sela, ela largou a besta como se
fosse seu método usual de desmontar. Ela então correu para abraçar o lobo, como
se ele fosse um amigo há muito perdido. E era assim que o cavalo e o lobo estavam
agindo também. Ambos a lambiam como se fossem mães gatas limpando um gatinho
—Sim, — Conall rosnou, seu olhar deslizando sobre o resto dos guerreiros,
que seguiram Roderick para caçar o lobo uivante. Todos eles haviam desmontado e
agora estavam com suas espadas na mão, mas penduradas ao lado do corpo, seus
olhos arregalados observando sua esposa e seus animais com incerteza. Ele
suspeitava que eles achavam que estava tudo bem e que o lobo não devia estar
sofrendo a raiva, mas não estavam cem por cento certos, já que nunca tinham visto
um lobo agir assim. Ou um cavalo, por falar nisso, ele supôs, voltando-se para o trio
no caminho, enquanto Claray soltou uma risadinha e colocou a mão para trás para
afastar o focinho de sua montaria.
—Bom, pelo menos não sou o único que ela chama de bastardo teimoso —
grunhiu Conall, novamente irritado. Ele achava que tinha sido muito gentil como
marido e certamente não merecia o título.
—É o nome dele.
—Ele não se parece com um Lovey, — disse Roderick, e não havia dúvida de
sua diversão agora.
Foi quando Lovey se enrijeceu sobre ela, seus gemidos felizes se tornando um
rosnado, que Claray se lembrou de onde eles estavam e por quê. Enterrando as mãos
na pelagem fofa de cada lado do rosto do lobo, ela virou a cabeça bruscamente para
ver que, enquanto os homens que tinham sido enviados para caçá-lo estavam
parados e simplesmente observando, Conall se aproximava.
Sussurrando “Está tudo bem” para Lovey, Claray empurrou o lobo para longe
dela, empurrou a cabeça do Bastardo Teimoso para fora do caminho e ficou de pé
entre os dois animais. O par imediatamente se aproximou, um de cada lado dela,
Lovey tão perto que sua cabeça estava contra seu quadril esquerdo, enquanto o
Bastardo Teimoso estava com a cabeça sobre seu ombro direito.
—Olá, marido. — Claray esboçou um sorriso nervoso e passou a mão pela
cabeça macia do lobo. —Esse é Lovey. Ele é meu amigo. Ele não tem a raiva. Ele deve
ter saído da baia de Edmund nos estábulos e veio me procurar. Ela franziu a testa
ligeiramente para a fera, com preocupação e murmurou: —Edmund deve
estar se preocupando onde ele foi.
—Vou enviar alguns homens de volta para deixá-lo saber que seu lobo está
com você, — disse Conall, solenemente.
Claray sorriu para ele brevemente, e então olhou para o Bastardo Teimoso
quando ele cutucou seu ombro. Recordando a expressão de Conall quando ela gritou
com o cavalo, enquanto corria para impedir que os homens matassem Lovey, ela
estendeu a mão para esfregar no nariz do garanhão, enquanto dizia a Conall: —Meu
cavalo se chama...
—Bastardo Teimoso, — ele terminou para ela. —Gilly acabou de me dizer.
Foi um alívio saber que não era a mim que você estava chamando assim.
Por alguma razão, essa admissão fez seus lábios se contraírem, e Conall
diminuiu a distância entre eles.
—Esposa?
—Entendo, — ele disse, mas não parecia e então perguntou: —Onde está
Squeak?
Claray balançou a cabeça com sua provocação, e então engasgou quando ele
a pegou pela cintura e a levantou do chão para beijá-la. Ela pensou ter ouvido Lovey
rosnar de novo, mas ignorou e se derreteu contra Conall, até que ele interrompeu o
beijo e a afastou, então a ergueu sobre as costas do Bastardo Teimoso. Um pequeno
suspiro deslizou de seus lábios então, e ela distraidamente deu um tapinha através
A expressão sonhadora que tinha suavizado seu rosto, desde que ele a beijou,
foi imediatamente abafada por uma carranca. —Lovey nunca esteve em uma gaiola.
Eu não faria isso com ele. Ele é uma criatura silvestre.
O olhar que Conall deu a ela então foi duvidoso. —Silvestre, hein?
—Sim, — ela lhe assegurou. —Um lobo não é como um cachorro, marido.
Você não pode domá-los. Não realmente.
Ele resmungou e perguntou: —Mas ele tem resistência para chegar a
MacDonald sozinho?
—Ah, sim. Não se preocupe. Ele vai gostar de correr ao lado do Bastardo
Teimoso, na maior parte do caminho até lá. Eles são amigos.
Claray o observou partir e depois olhou para Lovey. O lobo observava Conall
com uma expressão que ela não conseguia decifrar. Suspirando, ela estalou a língua
para chamar a atenção do lobo, e quando ele olhou em sua direção, ela avisou: — É
melhor você se acostumar com ele, Lovey. Ele é meu marido agora. — Quando o lobo
apenas olhou para ela, ela inclinou a cabeça e murmurou: —Devemos encontrar uma
companheira para você.
—Esposa!
Olhando de relance, ela viu que Conall estava montado e esperando
impacientemente. Claray instigou o Bastardo Teimoso em sua direção, dando
tapinhas em seu quadril, enquanto fazia um gesto para que Lovey o seguisse.
—Oh, bem, os aldeões mataram sua matilha quando ele era um filhote. Eles
estavam atacando o gado, — ela explicou tristemente. —De qualquer forma, no dia
seguinte, eu saí para dar uma volta e o ouvi chorando, ou tentando uivar, suponho.
Foi a coisa mais doce. Acontece que eu estava passando direto pela toca deles. Havia
—Sim, — Claray disse em uma risada. —Difícil de acreditar agora, não é? Ele
cresceu bastante nos últimos dois anos. Acho que é toda a boa comida que ele recebe.
—Sim.
—Não. Ele está acostumado. Temo que estou sempre trazendo feras
desgarradas ou mancas para casa e cuidando delas até a volta à saúde. Eles parecem
me encontrar aonde quer que eu vá, e não tenho coragem de deixá-los como presas
de outros.
—Oh! — Kenna disse com entusiasmo. —Então você provavelmente vai ser
boa em curar as pessoas do MacDonald também, Claray!
—Ela provavelmente será, — disse seu tio ao lado dele, e Conall perdeu a
resposta de Claray quando voltou sua atenção para o homem.
—Sim, mas ela provavelmente tem algum treinamento em consertar pessoas
também, — Payton comentou. —A maioria das moças aprende coisas assim durante
o treinamento, não é?
Conall esperou, curioso para ouvir a resposta. Ele não tinha ideia do que as
moças aprendiam quando estavam crescendo. Ele sempre esteve na prática de
treinamento de campo em batalha, antes de ganhar suas esporas, e então, uma vez
que ele decidiu ser contratado como mercenário, as mulheres que ele encontrou,
principalmente, eram seguidoras do acampamento e uma ocasional lady de
passagem, quando ele se encontrava com lairds que queriam contratá-lo.
Conall fez uma careta ante a pergunta, quando percebeu que não era algo em
que realmente tinha pensado. Principalmente o que o preocupou foi juntar moedas
suficientes para consertá-lo e devolvê-lo a um castelo em funcionamento. Agora, ele
considerava todo o trabalho que sem dúvida precisaria ser feito e disse lentamente:
— A muralha do castelo e os estábulos, suponho.
Payton bufou divertido. —Eu não deixaria mamãe ouvir você dizer isso,
papai. Ou você pode acabar dormindo nos estábulos dos MacKay quando chegar em
casa.
Ross MacKay fez uma careta para seu filho. —Ela concordaria comigo. Sem
um cavalo, você não pode caçar, viajar ou cavalgar para a batalha.
—E sem uma esposa você não tem ninguém para mantê-lo aquecido de noite
e lhe dar filhos, — Payton apontou. —Tenho certeza de que manter uma esposa
aquecida, segura e saudável também é importante.
—Sim, claro que é. Mas o Castelo Deagh Fhortan ainda está de pé e só precisa
de uma limpeza e coisas do tipo — disse o tio de Conall. —Os estábulos, no entanto,
caíram por apodrecer a madeira há muito tempo. As moças podem limpar o castelo
enquanto os homens escoram a muralha e reconstroem os estábulos.
—Sua mãe, Kenna e eu vamos ficar um pouco para ajudar, — Ross MacKay
disse com um encolher de ombros. —Entre as três, devem ter o lugar arrumado em
pouco tempo.
—É lindo.
Claray escancarou os olhos com essas palavras, seu olhar imediatamente
encontrando Kenna. A mulher estava sentada em seu cavalo bem ao lado do cavalo
de Conall, com sua mãe do outro lado e seu pai ao lado dela. Enquanto isso, Claray
cavalgava com o marido. Embora essa fosse uma descrição generosa, já que o cavalo
atualmente não estava se movendo e ela não estava fazendo nada como cavalgar. A
verdade era que ela estava dormindo em seu colo durante a maior parte da jornada
de cinco dias.
Claray tinha começado todas as manhãs nas costas de Bastardo Teimoso, com
Lovey trotando ao lado deles, e se as senhoras MacKay estivessem conversando, ela
poderia durar horas na sela. Mas logo que a conversa diminuiu e parou, ela começou
a cochilar e se viu arrastada para o colo de Conall, onde dormiu pelo resto do passeio
daquele dia. O que significava que quando eles pararam para passar a noite, ela
estava incrivelmente alegre e bem acordada, enquanto todos os outros estavam se
arrastando e prontos para desmoronar dentro de seus mantos e dormir.
Foi uma viagem longa e chata, com dias dormindo e noites olhando as estrelas
no céu noturno. Ela passava as noites imaginando o que seu irmão e suas irmãs
estavam fazendo, como seu pai estava e se Edmund estava indo bem cuidando de
todas as suas criaturas sozinho. Claray passou muito pouco tempo pensando e
imaginando sobre seu futuro lar e seu novo marido. Isso era principalmente porque
ele era um bastardo mal-humorado quando viajava e ela estava quase com medo de
considerar de que forma Deagh Fhortan poderia estar.
Deagh Fhortan significava Boa Sorte, mas pelo que ela podia dizer, os
MacDonalds tinham aproveitado muito pouco disso, e depois de vinte e dois anos de
negligência, ela suspeitava que o castelo precisaria muito do que sua mãe gostava
de chamar de “amor e atenção”. — O que se traduzia em trabalho duro e uma boa
limpeza.
—Sim. É muito bonito daqui, — Lady MacKay disse, tirando-a de seus
pensamentos.
Árvores, arbustos e grama enchiam a terra onde a maioria dos castelos teria
um espaço livre para evitar que invasores se aproximassem deles. Árvores e grama
também cresciam ao longo do que ela achava que costumava ser o fosso, mas agora
havia um anel verde brilhante ao redor do castelo. Havia também árvores, arbustos
e vegetação enchendo o pátio, e algum tipo de trepadeira parecia cobrir boa parte
das paredes do torreão, as torres e a maior parte da muralha. Mas o mais
surpreendente era a vegetação que ela podia ver dentro dos próprios prédios. Pelo
menos os que não tinham mais telhados para cobri-los e impedir a entrada da luz do
sol. Era como se a floresta tivesse sitiado e tomado o castelo.
Mas estava lindo, com o sol salpicando todo aquele verde, reconheceu Claray.
Parecia um castelo de fadas. . . também parecia que ela tinha muito trabalho pela
frente para torná-lo um lar.
—Bem, é melhor descermos e vermos o que precisa ser feito, — Ross MacKay
disse solenemente.
Claray sentiu o peito de Conall se mexer enquanto ele soltava o ar e balançava
a cabeça. Quando ele então instigou sua montaria para levar seu grupo para o vale,
ela se sentou em seu colo para que pudesse olhar ao redor. Ela achava que nunca
tinha visto uma terra tão verde e bonita. Não havia mais nem mesmo um caminho
descendo a encosta da colina; eles estavam trotando pelo mato que crescia além das
pernas dos cavalos e provavelmente fazia cócegas em suas barrigas.
Por alguma razão isso a fez pensar no Bastardo Teimoso e ela se moveu para
olhar por cima do ombro de Conall em busca de seu garanhão. Ela o encontrou bem
ao lado da montaria de Conall um pouco atrás de onde ela estava sentada, a cabeça
dele ao lado dela. Movendo-se ainda mais, ela estendeu a mão para o cavalo e sorriu
quando ele virou a cabeça, para lamber sua mão.
—Você não está segurando suas rédeas, — ela disse com surpresa, quando
ela as notou enroladas ao redor do punho do Bastardo Teimoso.
—Não há necessidade, — disse Conall secamente. —Ele não deixa você fora
de sua vista.
—Ah, — disse Claray, mas se perguntou quanto tempo ele havia deixado o
cavalo segui-lo assim. Ela tinha certeza de que Conall estava segurando as rédeas na
primeira noite, quando ela acordou em seu colo, mas não tinha certeza sobre as
noites seguintes. Acariciando o focinho do cavalo, ela baixou o olhar para o chão,
perguntando: —Onde está Lovey?
—O que diabos você está fazendo, esposa? — Conall perguntou com uma
risada repentina.
—Chamando Lovey, — ela explicou, mas não pôde evitar o rubor que tomou
conta de seu rosto, quando ela notou as expressões assustadas das pessoas ao redor
deles e dos soldados que os seguiam. Essa reação foi a razão pela qual ela não uivou
de volta, quando Lovey os perseguiu e uivou por ela. Claray supôs que o fato de ela
ter acabado de acordar era a única razão para ela ter feito isso agora. Seus
pensamentos não eram claros o suficiente para ela considerar como os outros
reagiriam. Eles provavelmente a achavam louca agora, ela supôs infeliz.
Ela não uivou em sua noite de núpcias. Não como ela fez ao chamar Lovey.
Mas Claray tinha gemido, gemido, gritado e feito sons profundos em sua garganta
que ela não conseguia nem pensar em descrever ou repetir deliberadamente e ela
sabia que aqueles eram os “uivos” a que ele estava se referindo. E ele estava
sugerindo que gostaria de trazê-los novamente. Esta noite. Finalmente.
—Lovey!
O grito alarmado de Claray os distraiu, e Conall começou a se virar, mas parou
quando um clarão cinza e branco passou por ele e seu tio e atravessou a ponte
levadiça, agora muito reduzida e podre, de trinta cm de largura.
Correndo para o pé da ponte, ele observou com o coração na garganta até que
ela chegou ao outro lado. Uma vez lá, ela se virou e abriu um sorriso que não
escondia seu próprio alívio ao chegar à terra com segurança.
—Lovey pesa mais do que eu, então pensei que talvez se ele cruzasse com
segurança, eu também poderia, — explicou ela, e então, parecendo bastante
satisfeita consigo mesma, acrescentou: —E eu fiz.
—Sobrinho?
Suspirando, ele se virou para o lado para a agradável pergunta de sua tia, e
então automaticamente deu um passo para trás, quando viu o quão perto ela estava.
Ele só percebeu o que ela estava fazendo, quando seu tio começou a gritar alarmado.
Conall olhou da ponte levadiça para seu tio, debatendo o assunto, e então de
repente foi jogado para o lado. Seu tio o pegou quando ele cambaleou para frente,
mas os olhos do homem estavam arregalados e olhando para além dele, quando
Conall ficou de pé e se endireitou. Com uma sensação ruim em seu estômago, ele se
virou imediatamente e bem a tempo de ver o Bastardo Teimoso trotar pela pequena
faixa da ponte também. A madeira tremeu e rangeu e Conall jurou ter ouvido um ou
dois estalos, mas o cavalo conseguiu chegar ao outro lado e foi direto para Claray,
para acariciar seu ombro.
—Bem, Gannon diria que o cavalo a seguiu como um cachorro, — seu tio
murmurou, balançando a cabeça.
Conall não respondeu. Ele estava observando sua esposa, que se virou para
acariciar o pescoço do garanhão, e murmurava: —Quem é um menino corajoso! Sim,
você é. Você não é inteligente para testá-lo para os homens? Que Bastardo Teimoso
corajoso. Sim, você é um bom menino!
—Ela está castrando a pobre besta, — Gilly disse em um tom triste, enquanto
se juntava a eles para ver o poderoso cavalo responder aos arrulhos de Claray
lambendo sua bochecha e testa. —Ela vai amarrar arcos em volta do pescoço dele,
ou alguma outra coisa a seguir.
Fazendo uma pausa assim que alcançou terra firme, Conall examinou a
parede interna. Agora que ele estava perto, ele podia ver que era verde de musgo e
mofo crescendo nela. Ele a examinou brevemente, considerando como se livraria
—Lovey foi com sua esposa, — Roderick disse a ele com diversão.
— Claro que sim, — disse Conall secamente, mas depois franziu o cenho e
acrescentou: — Embora possa ser uma coisa boa. Ele e o Bastardo Teimoso
manterão as damas seguras se algum animal selvagem se estabeleceu no pátio ou no
castelo.
—Tudo bem, mas estou mais preocupado com animais maiores e selvagens,
como gatos selvagens.
— Nem eu até este minuto — admitiu Conall com um suspiro, e quando seu
tio e os outros homens entraram no pátio para perseguir as mulheres, ele se virou
rapidamente para Hamish. —Divida os homens em três partes. Uma centena deve
ficar do outro lado do fosso para vigiar os cavalos e se proteger contra qualquer um
que se aproxime. Outros cinquenta devem resolver o problema de uma ponte nova
temporária, ou mesmo permanente, se puderem encontrar ferramentas velhas que
sobraram em algum lugar do pátio. Eles podem usar as árvores que crescem dentro
como madeira, — acrescentou.
—Não posso imaginar o quão difícil será remover todas essas árvores, —
disse Kenna, parecendo consternada agora.
—Não deveria ser tão difícil, — Claray assegurou a ela, observando onde
estava pisando para evitar tropeçar, enquanto apontava, —a maioria das árvores
tem apenas dez a vinte anos pela aparência, e têm raízes superficiais. Enrole cordas
ou correntes ao redor do tronco e prenda-o a alguns cavalos e essas árvores devem
se soltar facilmente, com raízes e tudo, — ela assegurou.
Claray olhou com curiosidade para Lady MacKay quando murmurou essas
palavras e viu que a tia de Conall estava alguns passos à frente dela, na beira da
pequena floresta pela qual estavam caminhando. Vendo que sua boca estava aberta,
Claray se aproximou dela e seguiu seu olhar. Seus olhos se arregalaram de uma vez,
quando ela olhou para a fortaleza de Deagh Fhortan, e Claray se viu repetindo as
palavras de Lady MacKay. —Oh, meu Deus.
—Ele era, — Lady MacKay assegurou a elas. —E Giorsal foi uma esposa
maravilhosa para ele. Eles realmente se amavam e a Bryson. Eles eram uma família
feliz e uma alegria de se estar por perto. Eu senti muita falta deles depois que
morreram. — Ela suspirou e depois confessou: —Ainda sinto.
Claray olhou para a mulher, notou que Kenna estendeu a mão para pegar sua
mão em um gesto reconfortante e voltou os olhos rapidamente para o castelo.
—Sim, — Lady MacKay disse, mas havia uma pergunta em sua voz.
—Mas eles não tiveram outros filhos? — ela perguntou com uma pequena
carranca.
—Não. Essa é a única coisa que a deixou triste durante todos os anos em que
a conheci — disse Lady MacKay solenemente. —Ela queria mais filhos, irmãos e
irmãs para Bryson, mas ano após ano passou sem nada. . . e então aconteceu.
—Giorsal estava grávida quando morreu. Ela estava com apenas quatro
meses na época, mas tão feliz.
Ela começou a seguir Lady MacKay, mas olhou por cima do ombro ao fazê-lo.
Ela chegou bem a tempo de ver um leitão sair correndo pelo buraco, com as pernas
bambas. Era adorável, pequenino e redondo com pele listrada nas laterais. . . e seu
coração derreteu.
Afastando-se, ela disse com exasperação: —Pode deixar. Estou indo, Lov...
Isso foi até onde ela chegou antes que o lobo de repente soltasse sua saia e
saltasse por ela, grunhindo e rosnando. Tendo sido puxada para trás com o puxão
do lobo, Claray perdeu o equilíbrio no momento em que foi solta e gritou, enquanto
cambaleava para trás. Ela tentou se virar ao cair, para colocar as mãos na frente dela
para suavizar o pouso, mas estava apenas na metade do caminho para o impacto.
Sabendo disso, Claray ficou de pé, mas não desceu correndo as escadas como
Lady MacKay estava fazendo. Em vez disso, ela puxou seu sgian dubh e observou
ansiosamente, enquanto Lovey lutava com o javali, pretendendo ajudar se pudesse.
Não havia como ela ficar parada e deixá-lo ser morto por tentar ajudá-la, e enquanto
os lobos eram o principal predador de um javali, eles geralmente atacavam como um
bando, ou com pelo menos dois ou mais lobos. Uma a uma, as probabilidades não
estavam a favor de Lovey.
—Claray!
Ela nem teve a chance de olhar ao redor para aquele grito antes de ser
apanhada e girada, e então colocada na base da escada ao lado de Lady MacKay.
Assim que Conall passou por Lovey para chegar ao lado do javali, o javali
avançou, forçando Lovey a descer os degraus para trás, enquanto tentava segurar a
porca, que ainda balançava a cabeça freneticamente. Desequilibrado e cansado, o
lobo não foi capaz de se segurar e seus dentes arrancaram do focinho, estalando
juntos com um estalo.
Livre agora, a porca se voltou contra Conall. Ele imediatamente enfiou sua
espada na fera. Claray suspeitou que ninguém ficou muito surpreso quando o animal
tropeçou, caiu, rolou um ou dois degraus de costas e depois voltou para a frente,
onde então saltou de volta para ir atrás de Conall novamente. Felizmente, os outros
homens a alcançaram e cercaram até então e acrescentaram suas espadas à tarefa
de parar o animal.
Mesmo com as quatro espadas, o javali não caiu de uma vez. Todos os homens
recuaram um ou dois passos e observaram cautelosamente, enquanto a porca
Claray olhou ao redor quando alguém agarrou seu braço e a arrastou para
trás. Seus olhos arregalados pousaram com surpresa no imediato de Laird MacKay,
Gilly. Ela nem sabia que ele estava lá também. Mas aparentemente ele e Machar
ficaram para trás para guardar as mulheres, pois os dois a puxaram, Lady MacKay e
Kenna, de volta para fora do caminho.
—Mas. . .
—Você pode dar a volta e ver se resta alguma coisa dos jardins e pomares, ─
ele continuou, sob o protesto dela. —Mas quero que os homens verifiquem o interior
primeiro, para ter certeza de que não há bandidos ou outros animais selvagens por
perto. — Fazendo uma pausa, ele se inclinou para lhe dar um beijo rápido e forte, e
então se endireitou e ordenou: — Espere aqui até que os homens digam que é seguro
entrar.
Conall começou a se virar então, mas parou quando viu que Lovey a seguira
e estava sentado ao lado dela. Acenando com a cabeça para o animal, ele deu um
tapinha nele e disse rispidamente: —Bom lobo.
Então ele se foi correndo, passando por Lady MacKay e Kenna, enquanto elas
se aproximavam com Laird MacKay escoltando-as. Claray percebeu que o homem
estava falando, mas foi só quando se aproximaram que ela ouviu o suficiente para
saber que ele estava dando à esposa e à filha o mesmo sermão que Conall havia dado
a ela. Parecia que elas logo estariam olhando para os jardins.
O problema era que, pelo que tinha visto durante o passeio pelos jardins e
pomar, com Kenna e sua mãe, havia muito o que fazer. O jardim de ervas ainda tinha
algumas ervas crescendo selvagens, mas realmente precisava ser limpo e
replantado. Ela não conseguia nem dizer que vegetais costumavam estar na horta,
embora tivesse arrancado uma ou duas cenouras pequenas e o que poderia ter sido
uma batata. Ela precisava capiná-lo e descobrir se algo poderia ser salvo, mas
suspeitava que seria mais rápido replantá-lo todo. Agora aqui havia mais trabalho a
ser feito. E isso não incluía a fortaleza em si, que ela suspeitava que seria um
empreendimento monstruoso.
E isso não era tudo que ela não tinha. Conall a tinha arrastado com apenas o
vestido nas costas, seu cavalo e Lovey.
Todo aquele fôlego que Claray, finalmente, havia puxado para seu corpo foi
expelido, quase de uma vez, quando ela se derreteu nele e suspirou em sua boca. Os
lábios de Conall se firmaram no que ela pensou ser um sorriso, e então ele
aprofundou o beijo brevemente, antes de se afastar. Ele beijou sua testa suavemente,
e então pressionou sua cabeça contra seu peito, as palavras retumbando em seu
peito, sob seu ouvido, enquanto ele lhe assegurava: —Tudo ficará bem. Eu sei que
parece muito, mas tudo pode ser consertado relativamente rápido. Tudo será feito.
Quando ele piscou para ela com surpresa, ela apontou, —Eu não tenho
criados para ajudar a colocar este lugar em forma, nenhuma roupa para vestir além
da que eu estou, nenhuma comida para alimentar você, nossos convidados ou
qualquer outra pessoa, nenhum medicamento se alguém se machucar, e duvido
muito que haja um único pedaço de mobília utilizável no castelo. Não temos lençóis,
não...
—Para lençóis e tal, —disse ele agora, — seu pai disse que, anos antes de sua
morte, sua mãe estava preparando baús de coisas para você levar quando finalmente
se casasse comigo e se mudasse para MacDonald. Ele não tinha ideia do que ela tinha
colocado neles, além de lençóis e tal, mas ela sabia que as coisas seriam difíceis no
começo, e queria ajudar o máximo que pudesse, então ele suspeita que será útil o
que quer que seja.
—Oh, — Claray respirou, e sentiu as lágrimas encherem seus olhos. Sua mãe
ainda estava tornando sua vida melhor, mesmo agora que ela tinha ido.
Conall passou um polegar sob o olho dela, para enxugar uma lágrima que
escapou, e acrescentou: — Ele também disse que enviaria sua cama, os outros
móveis de seu quarto e algumas outras coisas para nós. Então, haverá isso pelo
menos, dentro de uma semana. — Ele sorriu torto. —Mas, enquanto isso, decidi que,
com trezentos homens e toda a madeira aqui, eu deveria colocar algumas dúzias de
soldados mais habilidosos para fazer mesas de cavalete, bancos e tal, para que o
grande salão não fique vazio e todos nós tenhamos um lugar para comer juntos.
Claray conseguiu sorrir com isso, mas estava pensando que teria que invadir
o jardim para encontrar suas próprias refeições, ou talvez forragem na floresta, e
então Conall se levantou de repente e a puxou para ficar de pé.
—Venha, — ele disse baixinho. —Eu tenho algo para lhe mostrar.
Curiosa, Claray deixou que ele a conduzisse para os fundos dos pomares, mas
então parou e olhou ao redor com o cenho franzido. —Para onde foram Lovey e o
Bastardo Teimoso?
Enquanto o lobo ficara perto enquanto ela passeava pelos jardins e pomares
com Lady MacKay e Kenna, o Bastardo Teimoso se afastou um pouco para comer
Presa na teia de seus beijos, Claray sentiu os nós dos dedos dele roçarem sua
barriga e os músculos tremeram em resposta. Ela só percebeu que ele estava tirando
o cinto quando ouviu um baque suave e interrompeu o beijo, surpresa ao olhar para
baixo. O cinto e a espada estavam agora no chão ao lado deles. Ele desfez o alfinete
em seu ombro então, e sua manta pesada deslizou para o chão, para se juntar ao
vestido dela.
Quando ele a encarou como se ela tivesse enlouquecido, ela gemeu de tristeza
e explicou: —Padre Cameron diz que apenas os pecadores desfrutam do sexo e os
pecadores vão para o inferno, mas Lady MacKay disse que se você estivesse me
dando prazer, devia ser. porque você queria que eu gostasse disso, e como eu
prometi obedecer a você, eu deveria, porque isso foi um voto diante de Deus e tudo
mais. Mas você não me ordenou que disfrutasse, então eu queria saber se você quer
que eu disfrute? Ou devo tentar não apreciá-lo? Para salvar minha alma.
—Eu ordeno que você aprecie me amar, — ele disse com firmeza, e então
franziu a testa e acrescentou: —Se você estiver apreciando. Não finja, mas se você
Claray sorriu para ele e deu um tapinha em seu peito. —Você pode me beijar
novamente se quiser, marido, pois eu prometo apreciá-lo.
—Sim, — ela suspirou, se contorcendo contra seu corpo na água. Não era o
beijo que ela queria dizer, mas isso era bom também.
—E você gosta disso? — ele perguntou, sua voz um grunhido rouco, quando
uma mão cobriu seu seio debaixo d'água e começou a amassar. —Ou isto? — Sua
outra mão pressionou contra seu traseiro, enquanto ele se aproximava da escada,
para que ela descesse na água e sua virilha esfregasse contra a dele.
—Oh, sim, — ela gemeu, arqueando as costas e envolvendo as pernas ao
redor dos quadris dele para que seus corpos se esfregassem com mais firmeza.
A ação lhe rendeu outro beijo, este quente e exigente, enquanto ele a
carregava para fora da água e subia os degraus. Um momento depois, ele o
interrompeu novamente e a deitou na grama crescida ao lado do lago, então tombou
para se deitar de lado perto dela. Ele pousou a mão em seu peito, logo abaixo de seus
seios, abriu a boca, então a fechou e olhou de volta nitidamente para o local, entre
os seios, onde o arminho geralmente se aninhava.
Conall deu uma risada incrédula com a notícia e Claray sorriu e disse a ele: —
Eu gosto quando você ri.
—Eu pensei em você assim, desde aquele dia no rio, — ele admitiu em um
grunhido baixo.
Claray abriu os olhos para ver o olhar dele se movendo sobre seu corpo.
—Sua camisa molhada e transparente, agarrada ao seu corpo. Seus mamilos
duros e ansiosos, cutucando o tecido, — disse ele. —Você me deixa louco por querer
você.
Ele puxou um mamilo ereto através do pano úmido e rosnou: — Posso ver
por que MacNaughton estava tão determinado a ter você.
—Ahhh! — ela gritou, quando sua boca encontrou o lugar que esperava que
ele estivesse procurando. Querido Deus, ela adorava a língua dele, Claray pensou
loucamente, enquanto ele lhe dava prazer com ela. Ela queria cravar as unhas em
seus ombros, mas ele estava muito longe, então ela as cravou na terra ao seu lado.
Ela queria envolver suas pernas ao redor dele para incentivá-lo, mas estava com
medo de sufocá-lo, então cravou os calcanhares no chão e empurrou sua pélvis para
cima. E então sua língua empurrou para dentro dela como se ele estivesse beijando
sua boca, e Claray se desfez pela segunda vez. Mas desta vez foi mais forte do que a
anterior e um grito ululante explodiu de sua boca, enquanto ela convulsionava sob
o ataque.
Seu corpo ainda estava em espasmos e pulsando com sua liberação, quando
Conall moveu seu corpo e a penetrou. Os braços e pernas de Claray se fecharam ao
redor dele então, suas unhas e calcanhares cravando-se, enquanto ele recuava e
empurrava de novo e de novo. Como em sua noite de núpcias, ele rapidamente
trouxe sua paixão de volta à vida, e de repente ela estava com medo de que ele
encontrasse sua libertação e a deixasse querendo novamente, como ele tinha feito
então. Mas enquanto ela tinha essa preocupação, ele se levantou nos joelhos, ergueu
os quadris dela para o ângulo que queria com uma mão e então começou a acariciá-
la acima de onde eles estavam unidos com a outra, enquanto continuava a empurrar
nela.
Conall a observou o tempo todo, seus olhos movendo-se sobre seus seios
trêmulos e depois para seu rosto, enquanto ela torcia a cabeça no chão. Claray teve
o breve pensamento de que ela deveria estar envergonhada, mas estava muito
envolvida nas sensações que ele estava causando nela para se importar, e então ela
gritou com sua liberação, e Conall deu uma última estocada forte, enterrando-se
profundamente dentro dela, enquanto seu grito de prazer juntava-se ao dela.
Sem fôlego e fraca, Claray olhou para ele enquanto tentava recuperar o fôlego,
e depois de um momento Conall abriu os olhos. Ele soltou o aperto que tinha em seu
quadril, e caiu sobre os cotovelos acima dela, para pressionar um beijo em seus
lábios, e ambos congelaram quando um som de assobio passou por eles. Eles
viraram as cabeças juntos para olhar para a flecha enterrada no chão ao lado deles.
—Você está bem, moça? — ele perguntou com preocupação, segurando-a por
um cotovelo, para evitar que ela afundasse enquanto ela empurrava o cabelo para
trás de seu rosto. A água estava sobre sua cabeça, mas apenas até seu pescoço.
—Sim, — ela respirou, conseguindo um sorriso, e então ela olhou ao redor.
Eles estavam perto da parede do lago, mas ela se erguia bem acima da água, então
ela pensou que suas cabeças ainda deveriam ser protegidas enquanto ficassem onde
estavam. Certamente, o resto de seus corpos estava a salvo do pescoço para baixo. O
problema era o que fazer agora.
—Minha espada está no meu cinto com nossas roupas, — ele murmurou,
olhando para a parede do lago como se desejasse poder ver através dela. Fazendo
uma careta, ele acrescentou: —Claro, eu não posso lutar contra flechas com uma
espada, de qualquer maneira. Mas eu ainda me sentiria melhor com ela.
Claray não disse que ela também, mas na verdade ela se sentiria melhor se
ele estivesse armado. Apenas no caso de que, quem atirou a flecha, viesse para a
beira do lago para tentar acabar com eles.
—Devemos gritar por ajuda? — ela perguntou, olhando nervosamente para
o topo da parede do lago. Antes que ele pudesse responder, ambos ouviram seus
nomes sendo gritados.
—Sim. Bem, graças a Deus não foram atingidos, — respondeu Lady MacKay.
Claray assentiu e olhou para ela, os olhos se arregalando e seu rubor sem
dúvida se aprofundando, ao notar a diversão nos olhos da mulher mais velha. A tia
de Conall obviamente tinha uma boa ideia do que estava por trás de seus gritos, e
que não tinha nada a ver com a flecha que foi atirada neles.
Conall assentiu com um grunhido, terminou com suas pregas e então ergueu
a cabeça bruscamente. —Espere. Eu não preciso de um guarda.
—Sim, sim, — Laird MacKay rosnou. —Ou você deixaria sua moça viúva por
seu orgulho?
Claray congelou como uma corça cercada por lobos, quando todos os homens
voltaram seus olhares para ela e a pegaram olhando e ouvindo. Não foi até que
Payton piscou, que ela teve o bom senso de se afastar rapidamente.
—Sim, — ela disse lentamente, imaginando o que isso tinha a ver com os
membros do clã MacKay.
—Sim. Na verdade, alguns deles já chegaram. É por isso que eu vim lhe
encontrar mais cedo, nos pomares, — ele disse, e explicou, —Pelo menos duas
dúzias de famílias, mais outros dez indivíduos solteiros, mudaram-se para MacKay
para proteção, após os assassinatos. Seus números dobraram ou talvez até tenham
triplicado ao longo dos anos, e meu tio enviou alguns soldados na frente para
MacKay, enquanto seu pai estava procurando o padre para nos casar. Eles deveriam
ir direto para MacKay e dizer aos membros do clã que eu estava voltando e qualquer
um que desejasse se juntar a mim deveria fazer as malas e estar pronto para se
mudar. Então, quando estávamos passando por MacKay esta manhã, ele enviou mais
alguns para dizer que era hora e escoltá-los até Deagh Fhortan. Ele fez uma careta e
Ele não precisou dizer qual era o “e então” do porquê ele não tinha contado a
ela. Ela recordou vividamente o que o “e então” tinha sido, antes que a flecha fosse
disparada sobre eles. O pensamento a fez sorrir suavemente por um breve
momento, antes que o que ele disse fosse registrado e seu cérebro começasse a
entender.
Essas famílias provavelmente não eram criados do castelo. Pelo que ela
entendeu, todos morreram no envenenamento. Todos que comeram naquela noite
morreram. Apenas as famílias em suas próprias casas ou fazendas, que fizeram sua
própria comida naquela noite, sobreviveram. Mas essas pessoas estavam dispostas
a desistir de qualquer vida que construíram para si em MacKay, para retornar às
terras de seu clã, mesmo que isso significasse começar de novo. O pensamento a fez
se sentir horrível, e ela disse isso a Conall.
—Parte-me o coração que temos tão pouco para oferecer a eles agora. Não
podemos nem lhes dar um teto sobre suas cabeças.
—Sim, vai ser difícil para todos nós. Mas vamos todos trabalhar juntos para
ter uma boa vida, — ele assegurou a ela. —E então eles terão seu orgulho, sua terra
e seu clã de volta. . . e isso é bastante.
Quando Claray assentiu, ele a beijou na testa e sugeriu: —Porque você não
vai explorar a fortaleza e ver como é agora que os animais foram retirados.
—Sim. Isso era outra coisa que eu estava vindo lhe dizer quando a encontrei
nos pomares, — ele admitiu com um sorriso irônico. —Havia apenas uma família de
porcos selvagens e algumas galinhas fazendo ninho no que resta da escada para o
andar superior. Os homens os levaram para o pátio e estão construindo portas para
mantê-los do lado de fora.
—Oh.
—O que é isso?
Claray desviou seu olhar sombrio das paredes internas, cobertas de musgo e
mofo, da fortaleza de Deagh Fhortan, para ver que Kenna havia andado para um
pequeno quarto escuro no grande salão. A jovem estava usando um pé para varrer
os detritos de vinte e dois anos que se acumularam no chão. Embora porque ela
estava incomodada, Claray não tinha certeza.
Claray virou-se para Hamish, mas antes que ela pudesse dizer qualquer coisa,
ele gritou para o soldado ao seu lado: —Hendrie, encontre uma tocha.
—Este era o buttery, (NT. local onde era preparada a bebida, cerveja, etc) se bem me
lembro, — disse Lady MacKay, ao chegar ao quarto, agora sem porta, apenas alguns
passos à frente de Claray.—E eu tenho certeza de que aquele alçapão que você está
limpando leva para a adega de cerveja. Mal posso acreditar que o alçapão ainda está
intacto.
Claray resmungou com o comentário. Ela também não podia acreditar. Quase
todos os outros pedaços de madeira da fortaleza haviam sido comidos pela podridão
da madeira — se não totalmente, pelo menos principalmente — graças à chuva e à
umidade deixadas pela falta de telhado, que aparentemente havia sido corroída pela
podridão da madeira primeiro, uma vez não havia ninguém por perto para repará-
lo, conforme necessário. Tudo o que restava na fortaleza eram três meias escadas
onde as galinhas estavam empoleiradas e talvez um terço da porta para as cozinhas.
Todo o resto, incluindo o andar superior, havia desaparecido completamente. Até a
mobília do grande salão se desintegrou ou foi roubada. Os homens de Conall teriam
muito que construir. Eles também teriam que remover a árvore que estava
crescendo em uma parede do grande salão, suas raízes empurrando as pedras para
cima e fazendo uma bagunça e tanto.
—Com o alçapão em tão bom estado, a adega de cerveja pode estar bem
também, — Kenna apontou com entusiasmo enquanto puxava o anel de metal para
abrir o alçapão.
—Deixe-me fazer isso, moça, — Roderick ofereceu, passando por Claray para
entrar no pequeno quarto, quando Kenna não conseguiu levantar a porta.
Todos observaram quando ele se inclinou para pegar o anel e o puxou para
cima. Houve uma ligeira hesitação, e então quase um som de sucção quando o
alçapão se ergueu. Todos se aproximaram um pouco mais para espiar pelo buraco
quadrado deixado para trás. Mas não havia nada para ver. A escuridão era absoluta.
Onde tudo estava coberto de detritos no grande salão, aqui embaixo havia
apenas uma fina camada de poeira que foi agitada um pouco pelos passos deles. Fora
isso, porém, o espaço parecia o mesmo que sem dúvida tinha sido vinte e dois anos
atrás. O teto, o piso e as paredes — como as escadas — eram talhados no mesmo
calcário com o qual as paredes da fortaleza e muralha pareciam ser construídas, e
Claray se perguntou se não teriam sido extraídos daqui de baixo e puxados para cima
para fazer paredes.
Claray achava que não, mas antes que pudesse dizer isso, Kenna ofegou: —
Ah, olhe! Outra sala!
—Eles estão aqui! Eles estão aqui! Milady, milaird me enviou para dizer que
eles estão aqui!
A visão a fez sorrir levemente, enquanto se virava para frente. Então ela virou
a esquina do castelo e examinou o pátio. Na verdade, agora parecia um pátio e não
uma floresta, ela notou com satisfação.
A última semana e meia trouxe muitas mudanças em Deagh Fhortan. Com
tantos homens trabalhando nela, a nova ponte levadiça havia sido terminada na
noite de sua chegada. Um alívio para todos, pois permitiu que os membros do clã
que retornavam e os soldados que, inicialmente, haviam sido deixados do lado de
fora da muralha, com os cavalos, entrassem.
Depois de uma rápida refeição de bolos de aveia para todos, Claray levou as
mulheres para os pomares atrás do castelo. Elas passaram a tarde lá, podando as
árvores frutíferas na esperança de melhorar a colheita, quando as frutas
aparecessem. Eles não pararam até o sol se pôr. Então Claray e as outras mulheres
cambalearam exaustas, de volta, para a frente do castelo, para encontrar todas as
árvores, menos três que Conall queria manter, fora do pátio. Estava pronto para um
sono muito mais confortável naquela noite, mesmo que fosse sob as estrelas.
Levou quase três dias para construir e cobrir os estábulos dos cavalos e os
estábulos menores conectados, para quaisquer criaturas que ela recolhesse, bem
como um quarto adicional para o mestre dos estábulos morar. Claray convenceu o
marido a adicioná-lo, pensando que era uma troca justa por qualquer conselho ou
assistência que o homem pudesse dar a ela, enquanto cuidava das criaturinhas. A
Allistair foi dado o cargo de mestre do estábulo e garantiu a ela que ficaria feliz em
ajudar. Ele também lhe agradeceu muito por pensar em lhe dar um quarto, quando
esperava se contentar com o loft, ou em correr de um lado para o outro das barracas.
Ele era um dos soldados MacDonald ainda solteiros que trabalharam com o marido
dela.
Uma vez que os estábulos estavam prontos, os homens que trabalharam neles
se mudaram para a fortaleza, agora limpa, para remover e substituir toda a madeira
danificada pela podridão. Isso também foi rápido e agora a fortaleza tinha duas
enormes e grossas portas de entrada, para manter os animais do lado de fora, portas
nas cozinhas, na despensa, na adega e nos banheiros, e um belo telhado de madeira
novo, com telhado de palha, que mais tarde seria substituído por chumbo. Eles
também estavam trabalhando duro na reconstrução do segundo andar com quartos,
e escadas que conduziam a eles.
Claray sabia que ainda não estava pronto, mas agora que as carroças tinham
vindo de seu pai, ela se perguntava se pelo menos o piso poderia ser feito, para que
pudessem guardar os móveis de seu quarto lá em cima, e não no grande salão. Ela
esperava que sim; não havia espaço suficiente para todos dormirem lá dentro.
Metade dos soldados ainda dormia no pátio, e ficaria até que os homens
terminassem a torre e pudessem começar a trabalhar no telhado das barracas. Ela
supôs que ela e as mulheres deveriam começar a limpar aqueles prédios em seguida.
Ela já teria feito isso, mas comida e temperos eram importantes demais para serem
adiados. Eles seriam necessários para alimentar a todos.
—Vejo que Dawy encontrou você, — disse Lady MacKay, com diversão,
descendo as escadas do castelo, enquanto Claray parava no último degrau para olhar
as carroças que começavam a passar pela ponte levadiça. Havia de fato seis delas. Os
homens na muralha devem tê-las visto descendo a colina e informaram Conall, que
enviara Dawy até ela.
Claray assentiu, mas mentalmente tirou essa tarefa de sua lista. Elas
decidiram que, como não tinham ideia de como o veneno havia sido distribuído ao
clã, vinte e dois anos atrás, era melhor prevenir do que remediar e se livrar dos
recipientes de madeira. Eles precisavam comprar mais vinho e cerveja de qualquer
maneira, para se manter até que pudessem fazer o seu próprio, e os líquidos viriam
em suas próprias recipientes e barris, que eles poderiam reutilizar, quando
estivessem prontos para se sustentarem.
Infelizmente, enquanto a maior parte do que era necessário nas cozinhas era
de metal e não propenso a apodrecer, esses itens desapareceram ao longo dos anos
em que o castelo esteve vazio e precisava ser substituído. A única razão pela qual
eles não foram adicionados à lista de coisas para Payton e Laird MacKay comprarem
foi porque Conall sugeriu que eles esperassem para ver o que sua mãe havia
embalado para ela. Não fazia sentido comprá-lo e possivelmente acabar com
duplicatas de diferentes objetos. Já que suas coisas deveriam chegar logo, ela
concordou.
—Veja! Seis carroças, Claray! Meu Deus, mal posso esperar para ver o que há
nelas.
—Não, — disse Claray, e então admitiu: —Bem, sim. Alguma coisa. Conall
disse que papai estava me mandando roupas e móveis do meu quarto. Ele também
disse que minha mãe guardou roupa de cama e tal para me presentear quando me
casasse, mas não tenho ideia do que tudo isso inclui, — ela admitiu.
Kenna assentiu, e então olhou para ela e sorriu. —Aí vem o Conall. Ele está
parecendo mal-humorado.
Claray se virou para seguir seu olhar e mordeu o lábio ao ver a expressão do
marido. Ele estava parecendo exasperado e irritado e a maneira como ele continuava
fazendo uma careta, por cima do ombro, para os quatro homens que o seguiam, disse
a ela por quê. Ele não estava gostando muito de ser vigiado, e se os homens que o
seguiam fossem seus próprios homens, ela não tinha dúvida de que ele já lhes teria
ordenado para irem para longe dele.
—Esposa.
Claray afastou-se de seus pensamentos e sorriu para Conall, quando ele
parou diante dela. Por um momento eles apenas olharam um para o outro, e ela
jurou que podia ver sua própria necessidade e frustração girando em seus olhos.
Então suspirou cansado, sacudiu um pouco a cabeça e virou-se para as carroças que
rolavam até parar em frente à fortaleza.
—Venha, — disse ele, pegando seu cotovelo, para levá-la para a parte de trás
da primeira carroça. — Por que você não começa a verificar as coisas, enquanto eu
converso com os homens de seu pai e descubro por que eles estavam atrasados.
—Bem, ela só morreu há quatro anos, querida. Já havia dezoito anos depois
que todos haviam fugido de Deagh Fhortan. Imagino que as cozinhas e todos os
outros cômodos do castelo foram saqueados e esvaziados nos primeiros dois anos.
Ela obviamente pensou nisso e presenteou você com o que ela achou que você mais
precisaria. Eu só gostaria de ter pensado nisso eu mesma, e lamento não ter feito
isso, — acrescentou ela se desculpando. —Talvez eu pudesse ter. . .
Claray se virou para ele, sabendo que sua surpresa estava visível. Ela só não
esperara que ele fosse tão atencioso com os bichinhos. Ele não parecia satisfeito
quando ela encontrou Brodie, a raposa e Squeak e ela insistiu em levá-los com ela.
Mas então ela estava começando a pensar que era tudo apenas para se mostrar.
Conall certamente se comportou com muito cuidado perto de Squeak, certificando-
se de que ele não estava sob seus pés ou em qualquer lugar que pudesse ser
esmagado ou ferido, e trazendo-lhe carne crua em todas as refeições. Ele também
sofreu com Lovey e Bastardo Teimoso seguindo-a, com mais paciência do que ela
esperava. Ele não deixou o Bastardo Teimoso entrar no castelo, mas Lovey teve
permissão para entrar e dormiu de um lado dela enquanto Conall estava do outro,
no chão do grande salão. Embora isso podia ser porque ele sentiu que o lobo ajudava
a mantê-la segura.
—Claray?
—Sim, exceto por isso, — ela admitiu com uma risada suave, e então
perguntou: —Você pode me trazer um pouco de tecido para envolver suas orelhas,
por favor, marido?
Ouvindo Conall praguejar, ela olhou ao redor para ver que ele conseguira
passar por seus guardas para chegar ao saco de remédios, que estava em uma
prateleira perto da porta, mas agora estava lutando para voltar. Os sete homens os
ajudaram a carregar os animais e depois se espremeram dentro dos estábulos
menores com eles, como ela supôs que deveriam fazer, mas realmente não havia
espaço para ela, Conall, os animais e todos eles. Ela não ficou nem um pouco surpresa
quando seu marido perdeu a paciência e retrucou: — Fora. Todos vocês. Não há
espaço suficiente aqui para se mover com todos vocês dentro. Fora.
—Bem, então, guarde a porta. Estamos seguros o suficiente aqui apenas nós
dois, — ele insistiu. Quando ninguém se moveu, ele acrescentou calmamente: —Eu
gostaria de uma palavra com minha esposa. Não estamos sozinhos há uma semana.
Claray viu a simpatia cruzar o rosto de Roderick, e então ele assentiu. —
Nós guardaremos a porta.
—Por Deus, você cheira bem, moça. — Conall rosnou, suas mãos esfregando
para cima e para baixo em seus braços, enquanto ele beijava seu pescoço novamente
e então mordiscava a carne macia.
Claray abriu a boca para agradecer-lhe pelo elogio, mas então ofegou quando
as mãos dele, de repente, deixaram seus braços para deslizar na frente e segurar
seus seios.
Claray virou a cabeça para trás e para cima, abrindo-a para ele quando ele
reivindicou sua boca. Sua língua empurrou de uma vez, mesmo enquanto ele
empurrava seus quadris para frente, esfregando-se contra seu traseiro através de
suas roupas, para que ela pudesse sentir que ele estava duro por ela. Gemendo, ela
estendeu a mão para trás para agarrar seus quadris em resposta, e o beijou
ansiosamente de volta. Então ofegou e gemeu novamente, quando uma de suas mãos
caiu de seu seio para deslizar entre suas pernas e começou a acariciá-la através de
sua saia, enquanto ele pressionava seu traseiro mais firmemente contra sua ereção.
— Sim — repetiu Claray, sem saber o que ele queria dizer, mas não se
importando muito, enquanto ele continuasse a tocá-la, e então ele a beijou
rapidamente, parou de acariciá-la e começou a puxar suas saias para cima. Ela
gemeu com a perda de suas carícias, e então ofegou de surpresa quando ele de
repente a curvou sobre a cerca até a altura da baia. No momento seguinte, ele lhe
arrancou um grito de surpresa quando abriu mais suas pernas e a penetrou.
Conall fez uma pausa então, sua respiração irregular, e Claray engoliu em
seco e fechou os olhos, enquanto ele a preenchia. Então ele se inclinou até que sua
frente roçou as costas dela, e apertou os dentes suavemente em seu ombro, quando
começou a acariciá-la novamente.
Com medo de gritar ou gemer como havia feito na última vez que ele lhe dera
prazer, Claray cobriu a boca com uma mão para abafar seus grunhidos e gemidos, e
então mordeu o lado de sua mão quando sua liberação a atingiu. Ela sentiu seu corpo
ter espasmos e apertar ao redor dele, ordenhando-o, e soube um momento depois
que ele também encontrou seu prazer, quando os dentes de Conall morderam com
mais força seu ombro. Não tão forte que fosse doloroso, mas ela definitivamente
sentiu quando um meio gemido, abafado, meio rosnado, veio dele.
Ofegando baixinho, Claray fechou os olhos para desfrutar do prazer rolando
através dela, e então engasgou quando ele de repente se endireitou, puxando-a com
ele. No momento seguinte, ele deslizou fora dela e a virou para encará-lo, sua boca
descendo com força sobre a dela.
Ele assentiu, mas depois sorriu ironicamente. —Vamos torcer para que nosso
quarto esteja pronto logo, senão temo que passaremos muito tempo aqui, com seus
animais.
Quando Claray relaxou, seu sorriso se tornando mais natural, ele se inclinou
para beijar a ponta de seu nariz.
Conall então pegou o cotovelo dela, deu um passo para o lado, e Claray sentiu
uma sensação de soco no ombro. Isso foi tudo. Não houve dor real no início, apenas
uma pressão abrupta e maçante. Não foi até que ela olhou para baixo e para o lado e
viu a flecha saindo de seu ombro que a dor a atingiu. De repente, afiada e viciosa,
roubou sua respiração, deixando-a ofegante. Erguendo o olhar para o marido, ela o
viu se virar interrogativo, e então o choque atravessou seu rosto.
Ela pensou que ele gritou alguma coisa então, mas não tinha certeza. A
escuridão estava se aproximando de sua visão e sua audição parecia estar
desaparecendo com ela, enquanto perdia a consciência.
O barulho das persianas chamou sua atenção e ele olhou para elas com uma
carranca, quando o quarto de repente ficou escuro. Foi por isso que abriram as
venezianas da janela que Claray insistiu em ser construída nos estábulos menores.
Ela disse que a janela era para arejar o pequeno prédio, enquanto ela limpava as
baias, mas tinha sido útil para permitir a entrada de luz enquanto ela trabalhava.
Também tinha sido a única fonte de luz, uma vez que ele fechou a porta atrás dos
guardas depois de ordenar que saíssem. Ele nem tinha pensado em fechar as
venezianas então. Ele não havia considerado que isso permitiria que alguém atirasse
outra flecha neles.
—Claray está presa ao poste e eu não posso ver, — ele retrucou, e para seu
alívio alguém imediatamente abriu a porta. Suspirando, ele deu outra olhada por
cima do ombro dela em suas costas. Tudo o que ele podia ver era cerca de meia
polegada de eixo, entre as costas de Claray e o poste. A ponta da flecha estava
enterrada na madeira.
Endireitando-se, Conall ajustou seu aperto sobre ela para que a segurasse
com firmeza, mas estava um pouco para o lado, então mais longe do cabo da flecha
para que pudesse conseguir. Ele então olhou para Roderick. Conall nem precisou
falar; o homem assentiu e deu um passo à frente para agarrar a ponta da flecha com
uma mão, então a agarrou o mais perto que pôde de Claray sem realmente tocá-la e
quebrou a ponta logo após a pena. Ele então ajudou Conall a puxá-la para frente, fora
da flecha.
Uma vez que Claray estava livre, Conall soltou a respiração que não tinha
percebido que estava segurando, e imediatamente pegou-a em seus braços.
—Alguém pegue a bolsa de remédios dela, — ele ordenou, mas não ficou para
ver se alguém o fez e simplesmente correu para a porta, deixando os homens
Graças aos seus atuais arranjos de vida e à necessidade de guardas, ele não
estava sozinho com Claray desde a última vez que alguém havia atirado uma flecha
neles. Ele não teve a chance de beijá-la ou tocá-la em uma semana e meia, e ele
queria. O suficiente para que ele tenha despachado seus guardas e, em seguida,
saltado sobre ela como um animal lá nos currais, tomando-a com pouco cuidado ou
preocupação.
A pior parte era que ele planejara com antecedência e dera a Hamish a tarefa
de supervisionar o desempacotamento das carroças, para que pudesse. Ele sabia que
seu imediato iria discutir com ele sobre deixá-los sozinhos nos pequenos estábulos,
Claray não tinha ideia de onde estava quando acordou. Ela não reconheceu o
quarto em que estava, ou as cortinas azuis escuras ao redor da cama em que estava
deitada. Franzindo o cenho, ela tentou se sentar e caiu para trás com um grito suave,
quando a dor atingiu sua parte superior do peito.
—Claray?
Aquela voz, rouca de sono, a fez forçar os olhos a abrirem e virar a cabeça
para o lado. Ela olhou fixamente para o homem sentado em uma cadeira ao lado da
cama, notando o jeito sonolento como ele piscava, enquanto a preocupação florescia
em seu rosto. Ela obviamente o acordara com seu lamento, ela pensou, e se sentiu
mal por isso. Seu marido não dormia o suficiente. Ele acordava de manhã antes do
sol raiar e saía direto para começar a trabalhar, tentando tornar Deagh Fhortan mais
habitável para todos eles. Ele também trabalhava até tarde da noite, usando tochas
e lampiões, num ritmo ridículo, para ter as coisas feitas.
A pergunta fez o alarme encher seu rosto. —Você está em Deagh Fhortan,
moça. Você não se lembra? Nós nos casamos e...
—Oh.
Aquele sopro suave de som atraiu seu olhar ao redor, para ver a diversão
irônica em seu rosto, enquanto ele observava em volta. —É nosso quarto. Os homens
terminaram no dia seguinte à chegada de suas carroças. Voltando seu olhar para ela,
acrescentou: — E as cortinas da cama e as peles são das coisas que sua mãe guardou
para você. Mas você está na sua própria cama, e os outros móveis também são do
seu quarto.
Claray olhou ao redor novamente, desta vez observando a mesa e as cadeiras
familiares, ao lado da lareira, seus baús pressionados contra a parede e as mesas
menores de cada lado da cama. Reconhecendo-os, ela assentiu e então perguntou:
—Por que estou na cama? E por que meu peito dói?
—Fui atingida por uma flecha, — ela exclamou, enquanto suas palavras
cutucavam sua memória e ela se lembrou da sensação de soco e de ver a flecha
saindo de seu peito.
—Sim,— ele suspirou a palavra, e então apertou a mão dela, e acrescentou:
—Sinto muito, esposa.
Ela olhou para ele com surpresa. —Por quê? Você não atirou em mim; você
estava ali comigo.
—Sim, mas se eu não tivesse me movido como fiz, eu teria sido o atingido.
Eles estavam mirando em mim, — ele disse solenemente.
Claray franziu a testa com essa notícia ao se lembrar dele beijando-a no nariz
e depois saindo da frente dela, pouco antes da flecha atingi-la. Curiosamente, o
pensamento de que ele tinha sido o alvo era mais alarmante para ela, do que o fato
de que ela estava ferida. Franzindo o cenho, ela perguntou: — Onde estão Gilly e
Machar e os outros dois homens? Eles não deveriam estar aqui guardando você?
—Eles estão no corredor com seus guardas, — disse ele, deixando-se cair
para trás na cadeira e passando as mãos pelo rosto, como se para limpar qualquer
vestígio de sono. Isso e o fato de que ele obviamente estava cochilando na cadeira,
quando ela acordou, a fez examinar o quarto novamente, desta vez procurando a
lareira e a janela. A lareira não ajudava; não havia nenhum sinal de que um fogo já
tivesse sido aceso nela, há um bom tempo, pelo que parecia. Havia uma confusão de
coisas não identificáveis nela, incluindo velhos ninhos, pelo que parecia. Obviamente
não tinha sido limpo depois que os homens reconstruíram o segundo andar do
castelo, e ela se perguntou se isso fora porque eles o deixaram para as mulheres, ou
porque Conall os havia apressado para levar os móveis e ela para dentro. Ela não
podia imaginar que eles tinham perdido isso. Por seu palpite, eles provavelmente
usaram a colocação das lareiras de pedra neste nível como um indicador da altura
em que o piso deveria ser construído.
Conall levantou-se e dirigiu-se para a porta, mas parou uma vez ali e se virou
para dizer: — Você provavelmente está com sede. Eu deveria ter pensado em. . . Ele
encolheu os ombros e perguntou: — Você também está com fome?
Claray assentiu silenciosamente. Seu estômago a estava atormentando desde
que acordou, mas foi só agora que soubera que não comia há três dias que
reconheceu o que seu corpo estava tentando lhe dizer.
—Vou buscar um caldo para você, — disse ele solenemente, e então deslizou
para fora do quarto, deixando-a sozinha para examinar o cômodo em que estava. Era
bastante grande. Ela se perguntou se os homens tinham conseguido terminar outros
quartos também. Ela esperava que sim; odiaria pensar que estava ocupando o único
quarto do castelo. Se Claray estivesse acordada, ela o teria dado para Kenna e sua
mãe. Ela teria que perguntar ao marido quando ele voltasse.
Claray olhou para onde Lovey estava dormindo na cama, ao lado deles, com
Squeak enrolado nas costas e sorriu levemente. —Sim. Eu gosto. Voltando-se para
ele, ela admitiu: — Mas você também parece forte para mim. E, como mercenário,
você era conhecido como o Lobo. Então, parece se adequar.
Ele a observou fazer seu movimento, e então considerou qual deveria ser o
seu próximo, ao perguntar: — Como você sabe tanto sobre nomes?
—Allissaid.
Clara assentiu. —Ela está sempre deixando escapar nomes que está
pensando em dar aos filhos que planeja ter com seu noivo, quando eles se casarem.
Ela então me diz o que eles significam. Allissaid tem uma tendência a se preocupar
com muitas coisas, e se preocupar em dar a seus filhos o nome certo é uma delas. Ela
teme que o significado possa influenciar na personalidade do bebê. Por exemplo, ela
nunca daria a um filho o nome de Anwir porque significa mentiroso ou enganador.
– Anwir – murmurou Conall. —Conheci um mercenário galês chamado
Anwir.
Claray franziu os lábios com esse comentário. —Eu pensei que ela disse que
era um nome inglês, mas talvez eu esteja errada.
—Ou talvez fosse ela que estivesse errada e só pensasse que era inglês
porque todos os ingleses são mentirosos, — ele sugeriu.
Claray sorriu com o insulto aos seus inimigos ao sul, e então sorriu torto para
ele. —Você mudou desde que chegamos a Deagh Fhortan.
Conall não tinha certeza de como se sentir sobre essa descrição, e tinha
certeza de que havia falado mais do que ela estava sugerindo. Embora algumas das
palavras que passaram por sua cabeça possam ter permanecido em sua cabeça. Ele
parecia se lembrar de ter muitas delas lá, toda vez que ela decidiu resgatar um novo
animal. Mas então ela sorria para ele docemente e ele perdia o fio do que queria
dizer. A moça tinha um sorriso poderoso; transformava-a de uma pequena em uma
verdadeira beleza.
Mas agora ele estava aqui, e a cada dia que passava via o castelo mais
parecido com sua casa de infância, e quanto mais parecia, mais memórias
despertava nele.
Enquanto a única coisa que ele parecia ser capaz de lembrar, quando longe
de Deagh Fhortan, era a tragédia que o forçou a ir embora, agora ele estava se
lembrando da vida feliz que tinha desfrutado aqui. Correndo pelo castelo rindo com
seu cão wolfhound, Aymer, correndo atrás dele. Pescando no lago com seu pai e às
vezes até com sua mãe. Brincando no pátio com outras crianças do clã. Comendo
pastéis perto do fogo e contando à mãe sobre o dia dele, enquanto ela remendava.
Isso o estava suavizando. Conall sabia disso, e sabia que era o pior momento
possível para ceder a seus sentimentos. As pessoas o queriam morto, tanto
MacNaughton quanto o bastardo sem rosto, sem nome e sem coração que assassinou
seus pais. Não era hora de perder a casca dura que salvara sua vida tantas vezes em
batalha. Um homem precisava de uma mente clara para lutar contra seu inimigo, não
uma distraída pensando se o tanque de peixes poderia agradar sua esposa. Ou que
se viu sonhando sobre como ela era trabalhadora e tão bondosa. Ou pensar em como
a risada dela era alta e cheia de alegria e o fazia querer sorrir. Ou sonhando acordado
sobre como seus beijos eram doces, e como era bom enterrar seu pênis em seu corpo
Conall se recusou a sair de seu lado durante os três dias e três noites que ela
lutou por sua vida. Ele banhou sua testa com panos frios, derramou líquidos em sua
garganta e até a submergiu na banheira cheia de água fria, e o tempo todo ele enviou
oração silenciosa após oração para os céus, implorando a Deus para deixá-lo mantê-
la.
Foi quando ele percebeu que ela de alguma forma havia entrado em seu
coração e feito um lar lá. Porque Conall tinha ficado lá em seu quarto com ela, sem
se importar com o que estava acontecendo do lado de fora da porta do quarto. Deagh
Fhortan tinha sido sua única preocupação nesses doze anos desde que ganhou suas
esporas, mas com Claray doente e possivelmente morrendo, ele não se importava
com sua casa de infância. Se tivesse desmoronado em torno de suas orelhas, ele
poderia e iria construir outra casa para eles. Ele não poderia construir outra Claray.
Conall estava sorrindo levemente com essa decisão, quando ela acrescentou:
— Ou talvez eu precise de um carinhoso.
Seu olhar seguiu o dela para a enorme besta cujas orelhas se levantaram e
cuja cabeça se ergueu, ao ouvir seu nome. Conall silenciosamente enviou uma oração
de agradecimento que o carinhoso lovey tenha sido tomado e não seria usado nele.
—Oh, — ela respirou, parecendo satisfeita com a ideia dele chamá-la assim.
Ele fez uma nota mental para usá-lo, e inventar outros carinhos para agradá-
la. Flor, talvez. Ou pétala, para refletir o quão linda e preciosa ele a achava.
O fato de ela cobrir a boca de repente para abafar um bocejo chamou sua
atenção, e Conall a examinou cuidadosamente, notando que um pouco da cor de suas
bochechas havia desbotado e ela estava começando a cair. Ela não estava acordada
há tanto tempo, mas ela estava se curando e precisaria dormir para ajudar com isso,
então ele pegou o tabuleiro de xadrez e se levantou para carregá-lo para a mesa.
—Ah, mas...— Fazendo uma pausa, ela mordeu o lábio e então perguntou: —
Você vai dormir também?
Ele teria ficado mais confortável sem a camisa, mas deliberadamente a deixou
para se lembrar de que ela estava ferida e ele não deveria começar a beijá-la e
acariciá-la, como seu corpo queria que ele fizesse. Como sempre parecia querer
fazer.
—Obrigado.
O sussurro de Claray o fez sorrir, mas tudo o que ele disse foi um rouco —
Durma, — antes de fechar os olhos e tentar fazer o mesmo.
Claray acordou com a luz do sol batendo em seu rosto e um sorriso nos lábios.
Esse sorriso desapareceu quando ela virou a cabeça para encontrar o espaço ao lado
dela vazio. Conall já havia se levantado e partido, e nem Lovey e Squeak estavam lá.
Soltando a respiração com um suspiro, ela virou o olhar para a janela, tentando
adivinhar que horas eram.
De novo no meio da manhã, Claray pensou ao ver a posição do sol. Ela dormiu
até tarde e isso a irritou. Tudo o que ela parecia fazer desde que acordou três dias
atrás era dormir. Ela acordava, Conall a alimentava e então eles conversavam um
pouco, ou jogavam um jogo, e então ao primeiro sinal de um bocejo, ou pálpebras
caídas, Conall a incitava a dormir novamente. Ela não tinha saído de sua cama todo
esse tempo até a noite passada, quando ela insistiu que queria se levantar e Conall a
carregou até a mesa e a colocou em uma cadeira para o jantar compartilhado. Eles
jogaram Nine Men's Morris depois e conversaram, e ela conseguiu ficar acordada por
mais que a hora normal que ela conseguia todas as vezes antes disso. Claray não
tinha certeza de quanto tempo mais, mas adivinhou pelo número de velas de juncos
que eles usaram que provavelmente tinha sido perto de três horas. Um sinal claro
de que ela estava se curando bem, mesmo que tivesse dormido muito tempo depois.
Outro sinal de que ela estava se curando era que ela estava doente até a
morte, por estar presa neste quarto. E ela definitivamente estava cansada de ficar
deitada na cama, Claray pensou sombriamente, e empurrou os lençóis e as peles de
lado para se sentar. Ela conseguiu o movimento com pouco esforço. Sentar-se na
cama era algo que ela fazia várias vezes ao dia desde que acordara e, embora as
primeiras vezes a tivessem deixado trêmula e um pouco sem fôlego com o esforço,
ela suspeitava que fosse tanto pela dor que causava no ombro ferido. como a
fraqueza que as febres a deixaram. Desta vez ela sentiu pouco mais do que uma
pontada em seu ferimento ao se levantar para uma posição sentada, e não houve
nenhum tremor ou fraqueza.
Claray sorriu ao pensar no marido. Ele esteve ao seu lado em quase todos os
momentos em que ela esteve acordada, desde sua lesão, alimentando-a, ajudando-a
com suas abluções, jogando e conversando. Eram as conversas que eles tiveram do
que ela mais gostou. Especialmente quando falou sobre suas esperanças para o
futuro de Deagh Fhortan. Estava determinado a devolvê-lo ao castelo feliz e
próspero que tinha sido antes da morte de seus pais. Pelo que ele havia dito, seus
pais se importavam muito com seu povo, certificando-se de que estivessem vestidos,
bem alimentados e felizes, e ele queria fazer isso também.
Um sorriso curvou os lábios de Claray, enquanto ela ouvia seus planos. Ela
gostou que ele se importasse com seu povo, que ele quisesse fazer o certo por eles.
Seus pais tinham sido o mesmo, mas ela conhecia muitos laird e lady, supostamente
finos, que abusavam de seu povo, aplicando punições injustas ou severas, deixando-
os vestidos com pouco mais que trapos e, na maioria das vezes, com barrigas vazias.
Isso não era maneira de tratar a família, e isso é o que os membros do clã eram, seja
por nascimento ou casamento. Embora eles eram da família muitas vezes afastados,
mas ainda eram família e mereciam o cuidado e a preocupação de seu laird e lady.
Uma vez que a primeira onda de fraqueza passou, se locomover não era tão
ruim. Sendo cautelosa, porém, Claray foi rápida em suas abluções e tentou conservar
o máximo de energia possível, enquanto escovava o cabelo e se vestia. Ela se inclinou
o mínimo possível e parou para descansar, quando necessário.
Ainda assim, Claray estava bastante exausta quando terminou e quase mudou
de ideia e voltou para a cama. Mas isso parecia um grande desperdício depois de
todos os seus esforços. Além disso, ela realmente queria descer e verificar o
progresso feito, desde que ela fora ferida.
Conall havia dito a ela que sua tia Annabel havia assumido o controle das
coisas em sua ausência, pelo menos desde que ela recobrou a consciência e não
precisava mais de atenção constante. Aparentemente, Lady MacKay desceu na
manhã seguinte e organizou as mulheres em grupos, ficando metade com ela e
atribuindo metade a Kenna. Ela queria branquear as paredes antes de organizar os
móveis e os bens que eles receberam, mas essa tarefa teria que esperar até que eles
Claray sorriu enquanto ele falava, alegre por vê-lo tão relaxado e feliz, e
pensando que talvez Deagh Fhortan fizesse jus ao nome e eles teriam alguma boa
sorte aqui, afinal. Agora, ela estava ansiosa para ver todas as mudanças que haviam
sido feitas, mas ela também queria ajudar se pudesse. Não ficava bem para ela saber
que todo mundo estava trabalhando até o osso, enquanto ela estava na cama.
Também seria sua casa, e Claray sentiu que deveria ajudar a consertá-la.
Ela sabia que provavelmente seria inútil quando se tratasse de trabalho físico
no primeiro dia ou dois, mas ela não ia recuperar suas forças deitada na cama. E
realmente, seu ombro estava se recuperando bem, doendo menos a cada dia, desde
que ela não o movesse muito. Algo que ela descobriu enquanto se vestia. Isso tinha
sido doloroso e cansativo, porque não havia como vestir um vestido, sem mover os
dois braços. Mas certamente havia algo que ela poderia fazer para ajudar usando
apenas uma mão e um braço?
Não que ele achasse que MacNaughton tentaria matar Claray. Mas então, ele
tinha quase certeza de que nenhum dos ataques tinha sido direcionado a ela. A
primeira flecha perto do lago o teria atingido se ele não tivesse se abaixado na
direção de Claray, justo no momento em que o fez. E o mesmo aconteceu com a
segunda flecha nos estábulos. Se ele não tivesse dado um passo para o lado no exato
momento em que o fez, a flecha o teria atingido nas costas.
Não, Claray não era o alvo, e talvez ele fosse tendencioso, mas ele realmente
não podia culpar o bastardo por tentar fazer de sua linda esposa uma viúva, para
que pudesse se casar com ela, ele mesmo. Conall sabia que era um sortudo e enviou
uma oração silenciosa de agradecimento a seus pais por contratarem o casamento
com ela.
— Não, eles não viram nem mesmo uma sombra de ninguém acampando nas
terras de MacDonald — disse Hamish, soando sombrio e infeliz, e Conall sabia que o
homem desejava parar esses ataques tanto quanto ele. Na verdade, ele suspeitava
que o imediato tinha um carinho especial por sua esposa e ainda estava zangado
com ele por mandar os homens para fora dos pequenos estábulos e ter Claray ferida,
mas sabia que merecia. Ele deixou seu pau conduzi-lo em suas decisões e quase
perdeu sua esposa por causa disso.
—Mas isso não significa que ele não enviou um homem ou dois aqui para se
livrar de você, — Roderick assinalou. —Eles podem até estar no próprio pátio. Tanto
com os soldados MacKay quanto com seus homens aqui também, todo mundo não
conhece todo mundo. Eles podem não reconhecer um estranho em seu meio. Os
homens MacKay podem simplesmente assumir que ele é um MacDonald, enquanto
seus homens estão assumindo que ele é um MacKay.
Conall franziu o cenho ante a sugestão. Ele conhecia todos os seus homens,
mas não conhecia cada um dos guerreiros de seu tio. Mesmo ele poderia olhar
diretamente para um soldado MacNaughton e assumir que ele era um MacKay. Mas
ele não tinha certeza do que fazer sobre isso, e decidiu pensar em algum plano para
descobrir se isso estava acontecendo. Nesse meio tempo, ele mudou de assunto e
Mas não tinha adiantado nada. Ninguém havia falado desde aí, então Conall
não ficou surpreso quando Roderick disse: —Não.
Ignorando-os agora, Claray voltou-se para ele e disse baixinho: —Por favor,
marido. Eu gostaria de me sentar à mesa para o desjejum e depois ver tudo o que foi
feito. Eu me sinto inútil deitada em nosso quarto o tempo todo, enquanto todo
mundo trabalha tão duro em nossa casa.
—Vou ver se o cozinheiro está por perto e pode pegar um pouco de comida e
bebida, — Hamish murmurou, sorrindo para Claray antes de correr para a porta da
cozinha.
Claray olhou para o homem com surpresa, e então se virou para Conall para
perguntar: —Nós temos um cozinheiro?
—Sim. — Sorrindo levemente, Conall se acomodou no banco ao lado dela. —
Minha tia reconheceu uma das mulheres que retornavam, como tendo trabalhado
nas cozinhas do MacKay. Ela a entrevistou, perguntando sobre suas habilidades e o
que ela tinha feito em MacKay, e então perguntou à mulher se ela estaria disposta a
assumir o cargo de cozinheira-chefe aqui e supervisionar as cozinhas. Elas
concordaram que seria apenas uma coisa temporária para ver se ela gostava e
poderia lidar com o trabalho. Se não, vamos substitui-la o mais rápido possível, mas
se ela fizer um bom trabalho e quisesse manter o cargo, seria dela. . . Se você
concordasse, — ele adicionou solenemente.
—Não estou surpreso. Você está se recuperando de uma lesão grave, — ele
disse com um encolher de ombros, e então olhou ao redor antes de perguntar: —O
que você acha do grande salão?
Claray ficou em silêncio por um longo tempo, enquanto seu olhar se movia ao
redor da grande sala. Ele observou enquanto os olhos dela deslizavam pelas paredes
de pedra limpas, com as tapeçarias penduradas nelas, presentes de sua mãe, que
haviam sido embaladas nas carroças. Ela examinou as novas mesas e bancos de
cavaletes, ainda que um tanto simples, e então seu olhar se moveu para as duas
grandes – também simples – cadeiras perto do fogo. Cada cadeira tinha uma
almofada bonita em seu assento, e um pequeno travesseiro bordado nas costas, que
o habitante poderia ajustar para seu conforto. As almofadas e travesseiros também
eram das carroças que sua mãe havia empacotado.
—Eu gosto, — disse Claray finalmente, e então acrescentou com uma voz
suave: —Está começando a parecer um lar.
—Sim, — ele concordou, e teve que lutar contra o desejo de pegar sua mão.
—Mas, — ela adicionou com uma pequena carranca que trouxe seu olhar
nitidamente para o dela, —o chão é tão estéril. Deveria haver tapetes de junco.
Suas garantias não afastaram sua carranca, porém, e ela disse: — Marido,
agora estamos em uma cama em nosso próprio quarto, você pode esquecer o que é
dormir em uma pedra fria à noite, mas eu não. . . acordava todas as manhãs me
sentindo velha e dolorida por causa do frio entrando em meus ossos.
Conall franziu o cenho ante suas palavras. Ele concordou com ela, de todo o
coração, que seu povo merecia. O problema era como fazer isso?
Conall desviou o olhar dos homens, que cortavam os juncos que haviam
crescido ao longo do fosso, e olhou para sua esposa.
Claray estava sentada na ponta de uma das carroças já cheias e ele franziu a
testa, quando percebeu que ela parecia estar separando alguns dos juncos maiores,
em uma pilha separada.
—O que você está fazendo, moça? — ele perguntou, voltando para o lado dela.
—E nós estaremos bem para iluminar por mais tempo ainda, se usarmos os
candeeiros também, — ela assinalou, com um encolher de ombros. —Além disso,
temos um monte de gordura que sobrou de toda a carne que seus homens estão
caçando, limpando e cozinhando. Será preciso pouco esforço para transformá-lo em
sebo, mergulhar os juncos nele e fazer candeeiros.
Claray deu de ombros, sem tirar os olhos de seu trabalho. —Sua tia Annabel
disse que ela era uma mulher e mãe maravilhosa. Eu só estava curiosa para saber o
que você lembra e se você pensa assim também.
—Sim, penso —admitiu Conall, sua voz rouca enquanto pensava nas
lembranças que tinha de sua infância, antes dos envenenamentos. Ele tinha mais
agora do que costumava ter. Estar aqui em Deagh Fhortan estava trazendo-as de
volta à vida, em sua cabeça. —Ela era uma mãe muito boa. Tenho certeza de que ela
teve dias em que estava com raiva ou frustrada por alguma ocorrência ou outra, mas
só me lembro dela sorrindo e rindo.
—O que mais você se lembra? — ela perguntou, quando ele fez uma pausa,
então Conall começou a listar as coisas.
—Lembro que ela amava meu pai e a mim. Lembro-me de noites tranquilas,
conosco junto à lareira. Eu me lembro dela me levando para nadar no lago. Lembro-
me de ajudá-la a colher frutas no pomar. . .— Ele fez uma breve pausa e depois
admitiu: —Ela era quem colhia realmente e me entregava uma maçã ou pera, e eu a
levava para a cesta e a colocava, depois corria de volta para a próxima maçã ou pera.
Isso atraiu sua atenção de volta para sua esposa, e Conall a observou
trabalhar por um momento, antes de responder. —Lembro-me dele como forte,
corajoso e inteligente.
—Então . . . como você — disse Claray, com um aceno de cabeça que sugeria
que ela não estava surpresa.
— Sim, mas ele... —Conall franziu a testa e hesitou, antes de finalmente dizer:
— Ele não tinha um osso de amargura em seu corpo.
A boca de Conall se torceu e ele assentiu. —Fiquei muito bravo por muitos
anos. Amargo.
Claray olhou para ele pensativa e depois balançou a cabeça. —Você não
parece assim agora.
—E você não acha que se seu pai tivesse sobrevivido, enquanto sua mãe e
todos os outros morreram, ele poderia ter ficado amargo e zangado também?
Conall nem teve que pensar muito sobre isso. Seu pai teria dilacerado a
Escócia para encontrar o responsável e fazê-los pagar. Sim, ele teria ficado amargo
e zangado. Suspirando, ele afastou o pensamento e perguntou: — Como eram sua
mãe e seu pai?
Claray considerou a pergunta brevemente e então disse: —Papai é um bom
homem. Um bom pai também. Ele é sempre justo conosco, assim como com os
membros do clã, e se preocupa com o bem-estar de todos. Como seu pai e você, ele
trabalha longas horas para garantir que todos tenham o que precisam.
Conall assentiu, nem um pouco surpreso ao ouvir isso. Enquanto eles muitas
vezes estiveram em desacordo ao longo dos anos — seu pai tentando convencê-lo a
reivindicar Claray mais cedo do que ele estava pronto, e ele lutando contra isso —
ele nunca desgostou do Laird MacFarlane. Ele realmente o respeitava e estava feliz
por ter cuidado de Claray, até que pudesse reivindicá-la. Ele gostou da mãe dela
também, nas poucas vezes que se encontraram. Claray realmente se parecia muito
com ela, e ele sabia que ela seria tão bonita quanto sua mãe.
—Sete, — ela corrigiu, e então listou seus irmãos e suas idades. —Allissaid
tem dezenove anos, Annis tem dezessete, Arabella tem dezesseis, Cairstane tem
quinze, Cristane tem quatorze, Islay tem treze e Eachann tem onze.
Conall não podia imaginar como deve ter sido ter tantos irmãos correndo
pelo castelo. Deve ter sido um caos às vezes, ele pensou, mas um caos amoroso. Isso
o fez perguntar: —Quantos filhos você espera ter?
Claray tinha voltado a revolver os juncos novamente, mas agora parou e ficou
pensativa. Finalmente, ela balançou a cabeça. —Não tenho certeza. Eu não me
importaria de ter muitos filhos, mas parecia cansar minha mãe tê-los tão próximos,
como ela fez com Annis, Arabella, Cairstane, Cristane e Islay. Acho que esperaria dois
ou três anos entre cada filho. Ela deu de ombros. —Mas acho que terei que ficar feliz
com o que Deus achar adequado nos dar.
— Sim, — murmurou Conall, mas estava tentando imaginar Claray grávida,
enquanto carregava seu filho, e a ideia o agradou. Uma garotinha parecida com ela
seria legal, ou um garotinho que ele pudesse ensinar a ser um bom homem. Talvez
dois de cada até fossem bons, mas ele não queria que Claray ficasse grávida todos os
anos. Ele tinha ouvido que isso poderia desgastar uma mulher e matá-la.
Claray de repente deslizando para fora da carroça, chamou sua atenção, e ele
ergueu as sobrancelhas questionando.
—Parem, — ele disse de imediato, e caminhou para o meio deles, sua própria
guarda de quatro homens seguindo agora. —Vocês não podem ir com ela. Ela vai
cuidar de assuntos pessoais.
—Isso não vai parar uma flecha, — apontou Hamish calmamente. —Ela
estava sozinha com você, quando ela recebeu a flecha da última vez.
Conall pausou novamente, e então praguejou, antes de dizer, —Certo, nós a
seguiremos e nos espalharemos e a cercaremos. Mas façam isso em silêncio e não
deixem que ela os veja. Caia no chão, se você quiser, se ela olhar em sua direção. Não
vou deixá-la envergonhada.
—Ohhh, — ela quase gemeu, encantada com a visão. Obviamente, era muito
jovem e ainda não estava acostumado a andar, ou talvez não fosse forte o suficiente.
Em vez de suas pernas estarem diretamente sob ele, elas estavam um pouco abertas
e ele estava cambaleando como um estúpido bêbado.
—Oh, você coisa doce, —Claray balbuciou quando foi diretamente para ela e
em suas saias. Levantando-as vários centímetros para tirá-las do caminho, ela
observou com espanto, enquanto ele começava a lamber e chupar seu tornozelo,
movendo-se ao redor dele, obviamente em busca de uma teta.
—Oh, pobre querido! Você está com fome, — ela disse, curvando-se para
pegá-lo em seus braços. No momento em que ela o fez, ele começou a se mexer em
seus braços e peito, levando o tecido em sua boca e tentando sugar o leite dele.
Mordendo o lábio, Claray olhou ao redor em busca de algum sinal de sua mãe,
mas suspeitou que a pobre corça pudesse ter sido jantada na última noite ou na noite
anterior. Conall tinha trazido peixe para o jantar dela na noite anterior, mas ele
comeu carne de veado e mencionou que os homens voltaram da caçada com três
cervos e uma corça naquela manhã.
Esquecida da necessidade de se aliviar, Claray aconchegou a corça ainda
balindo em seu peito e virou-se para voltar pelo caminho de onde tinha vindo. Ela
—Meu tio voltou, — disse Conall, de repente, ao seu lado. Tomando o braço
dela, ele a empurrou de volta para as carroças carregadas de juncos, seu olhar
deslizando sobre o cervo em seus braços, enquanto o fazia. Ele balançou a cabeça, e
então sorriu torto. —Faz tanto tempo desde que você me presenteou com um novo
animal abandonado ou ferido, que você encontrou, que eu comecei a pensar que nós
construímos os pequenos estábulos para nada. Fiquei surpreso que você não
encontrou quatro ou cinco em nossa jornada para casa.
Claray sorriu levemente com a provocação dele, mas apenas balançou a
cabeça. Ela mesma ficara um pouco surpresa, quando nem mesmo viu um animal
durante a viagem de MacFarlane a MacDonald. Mas eles viajavam apenas durante o
dia e dormiam à noite, permitindo que viajassem a meio galope durante todo o dia.
Ela percebeu que o rufar de mais de trezentos cavalos teria sido ouvido de uma certa
distância e sem dúvida, tinha feito a maioria dos animais fugir na direção oposta.
Além disso, ela sempre estava com a tia e a prima de Conall quando paravam à noite.
A maioria dos animais pode se aproximar de uma pessoa em busca de ajuda, mas
geralmente não arriscaria um grupo delas.
—Você quer esperar por eles ou levar seu cervo de volta para os estábulos?
— Conall perguntou, quando pararam na carroça mais próxima.
—Nem eu, — confessou Claray, e então olhou para o bebê cervo que ela
carregava, antes de decidir: —Eu gostaria de esperar por eles para ver.
Conall assentiu, mas a pegou pela cintura e a levantou para sentar-se na parte
de trás da carroça, onde ela estava antes.
Seu sorriso, quando se voltou para Claray, lhe disse que estava satisfeito com
o que seu tio e primo conseguiram comprar para eles.
— Ele encontrou tudo o que lhe pedi para procurar — anunciou Conall,
pulando na traseira da carroça ao lado dela. —Incluindo algumas cabras com bebês.
Então, elas estarão produzindo leite.
Claray sorriu com alívio, e então agarrou a grade lateral com surpresa,
quando a carroça balançou quando Roderick e Hamish subiram para se sentar em
um lado da carroça atrás deles e Gilly e Machar fizeram o mesmo do outro. Hendrie,
Colban e os outros dois jovens soldados que tinham sido designados para vigiar
Conall ficaram na frente dela e de Conall, e caminharam atrás da carroça quando ela
começou a se mover.
Assentindo, ela relaxou e voltou seu olhar para o cervo. Ele parou de balir e
se enrolou para dormir em seu colo. Quando o braço de Conall caiu ao redor de seus
ombros, ela se inclinou em seu peito e suspirou satisfeita.
—Eu não sei. Ele disse que queria nos contar ao mesmo tempo, — ele admitiu,
com um toque irônico.
– Ah – murmurou Claray. Ela supôs que ele ficou desapontado por ter que
esperar para saber quais eram essas notícias também. Imaginando o que poderia
ser, ela observou o grupo de viajantes que voltava a segui-los pela nova ponte
levadiça até o pátio.
Claray piscou com o anúncio do tio de Conall e olhou para ele, com os olhos
arregalados. Ela, Conall, sua tia e Kenna estavam todos sentados nas mesas de
cavalete. Enquanto isso, os oito homens que formavam seus guardas combinados,
ficaram atrás deles, enquanto Ross MacKay e Payton ficaram de frente para eles do
outro lado da mesa, para fazer esse anúncio.
Era quase o jantar, mais de duas horas desde que cruzaram a ponte levadiça
com os homens MacKay e seus guerreiros e os animais seguindo. Mas levara muito
tempo para separar tudo das carroças e cuidar dos animais. Os homens de Conall
estavam até agora construindo cercas para evitar que os animais vagueassem,
enquanto outros faziam o possível para manter os animais na área onde
eventualmente viveriam.
Claray tinha relutantemente dado o cervo para Allistair cuidar, para que ela
pudesse ajudar Conall a examinar as provisões que seu tio trouxe e decidir para
onde elas precisavam ir. Agora que tudo estava feito, Lady MacKay e Kenna foram
trazidas de onde estavam trabalhando. Ross MacKay os havia conduzido às mesas e
insistiu que se sentassem, antes de fazer seu anúncio.
Foi Ross MacKay quem terminou o conto. —O Campbell deu abrigo à sua irmã
quando ela chegou a Kilcairn. Mas de alguma forma, o MacNaughton ficou sabendo
que ela estava lá. Ele tentou roubá-la de volta, e o Campbell se opôs. Ele o matou por
seu problema. MacNaughton não os incomodará mais.
Claray engoliu em seco e conseguiu sorrir com essa notícia. Mas seu novo tio
não tinha terminado.
—O Campbell enviou notícias de que ele soube que antes de Allissaid escapar,
MacNaughton havia enviado homens tanto para MacFarlane quanto para cá, para
matar Claray e seu irmão e irmãs como pudessem.
Claray enrijeceu novamente e sentiu Conall cobrir suas mãos, onde elas
descansavam em seu colo.
—Mas está tudo bem, — Payton adicionou rapidamente. —O seu pai tem
homens vasculhando a floresta ao redor de MacFarlane, procurando os enviados
para lá, e, — ele acrescentou com um sorriso, — o Sutherland já cuidou dos homens
enviados para cá.
—Sim. Eles devem ter acampado do outro lado da fronteira sul, nas terras de
Sutherland, para evitar serem detectados. Mas eles entraram em conflito com uma
patrulha de soldados de Sutherland e foram mortos na batalha que se seguiu, —
Laird MacKay os informou. —O próprio Sutherland nos contou a história quando
paramos lá, para passar a noite, no nosso caminho de volta para cá.
—Sim. — Payton sorriu. —Então, você não terá mais flechas voando sobre
você agora e pode deixar de lado essa preocupação, desistir de seus guardas e se
concentrar no futuro.
—E o velho problema? — Roderick perguntou, e houve um momento de
silêncio.
—Espero que tenha passado tanto tempo, que quem estava por trás desse
ataque está morto há muito tempo. Mas não podemos ter certeza — disse Ross
MacKay lentamente, depois franziu o cenho e balançou a cabeça e disse a Conall: —
Pode ser bom manter alguns guardas com você, sobrinho. Pelo menos por um pouco
mais. Só para ter certeza de que está tudo bem.
Claray realmente não tinha pensado que poderiam fazer tanta coisa tão
rapidamente, e eles não poderiam ter feito tudo sem a ajuda dos MacKays e seus
soldados. Ela sorriu levemente ao pensar na tia e no tio de Conall e em Kenna.
Prometendo visitá-los com frequência, a família partira naquela manhã para voltar
para MacKay. Todos menos Payton. Ela suspeitava que ele e Roderick
permaneceriam em Deagh Fhortan, até terem certeza de que o assassino dos pais de
Conall não estava ainda por perto, para causar problemas.
— Milady, pensei que gostaria de algo para beber enquanto estivesse tecendo
as esteiras.
Claray ergueu os olhos de sua trança com surpresa, um sorriso erguendo seus
lábios, quando viu Mhairi se aproximando com uma caneca na mão.
—Obrigado, Mhairi. Isso seria adorável. Eu... —Ah! ela gritou de surpresa,
quando a empregada tropeçou e despencou para frente, quase caindo em seu colo.
A mulher conseguiu se salvar agarrando o braço da cadeira, ao lado de onde Claray
estava ajoelhada, mas teve que largar a bebida para fazê-lo.
Claray olhou fixamente para o líquido frio que escorria por seu rosto e peito,
encharcando seu vestido.
—Oh, céus! Oh, meu Deus, milady, eu sinto muito — Mhairi gemeu, pegando
a caneca de seu colo e se ajoelhando ao lado dela, para tentar enxugar a bagunça,
com suas próprias saias.
Embora ela não tivesse mais que aturar quatro homens seguindo-a por toda
parte, Conall ainda queria dois guardando-a, até que tivessem certeza de que tudo
estava bem. Ele concordou em manter Roderick e Payton com ele, como guardas,
por um tempo também. Claray entendeu sua preocupação, mas se sentiu tola sendo
seguida pelos dois soldados mais jovens, dentro da fortaleza.
Claray fez uma careta com a sugestão. Um, porque ela não tinha pensado
nisso, e dois, porque não era bom pensar que alguém poderia querer fazer isso com
ela. Suspirando, ela apenas balançou a cabeça e não fez mais protestos, enquanto
subia as escadas para o quarto que compartilhava com Conall.
Hendrie fechou a porta para ela assim que ela entrou e Claray começou a
atravessar a sala, mas percebeu que seus passos diminuíam antes que ela chegasse
à metade. Ela também começou a olhar nervosamente ao redor do quarto. Estava
vazio, silencioso e parado, mas os cabelos de sua nuca estavam arrepiados de
inquietação. O que era bobagem, ela disse a si mesma com firmeza. Não havia
ninguém lá. O comportamento ridiculamente cauteloso dos homens estava apenas
deixando-a paranoica. Ainda assim, tinha aquela sensação arrepiante que muitas
vezes teve, quando sabia que alguém estava olhando para ela, mesmo que não
houvesse ninguém lá para fazê-lo.
Claray se sacudiu um pouco para tentar afastar a sensação, e então se obrigou
a ir até os baús de roupas, ao longo da parede oposta à porta. O mais próximo da
No alto, como estava, Claray não estava preocupada que alguém no pátio
pudesse vê-la, mas aquela sensação arrepiante descendo pela nuca ainda a deixava
nervosa, e ela olhou ao redor do quarto novamente, enquanto desamarrava os
cadarços. Ainda assim, não havia nada nem ninguém para ver, então ela
rapidamente tirou o vestido e pegou o outro, logo que o primeiro caiu no chão. Na
pressa de vesti-lo, Claray ficou um pouco emaranhada no tecido quando o puxou
sobre a cabeça e, a princípio, enfiou o braço pela abertura do pescoço.
Embora tenha significado mais trabalho para ele ao longo dos anos treinar
esses homens, valeu a pena. Ele agora não só tinha guerreiros habilidosos, mas tinha
guerreiros habilidosos com outros talentos e habilidades. Os pedreiros estavam
supervisionando os outros soldados e garantindo que as paredes da muralha e os
edifícios internos fossem reparados adequadamente. Os carpinteiros haviam
supervisionado os reparos do telhado, a construção do segundo andar da fortaleza
e a construção dos móveis necessários. O ferreiro encontrou a velha forja e começou
a fazer as ferramentas especializadas necessárias aos pedreiros e carpinteiros, além
de consertar e afiar armas.
Tudo tinha dado muito certo afinal. Na verdade, embora Conall não tivesse
pensado nisso quando estava recrutando esses homens, isso realmente lhe
economizou dinheiro quando se tratou de consertar Deagh Fhortan. Ele não teve que
gastar na contratação de artesãos para realizar as tarefas. E isso deixou mais
dinheiro para alimentar e vestir seu povo, até que os campos começassem a
produzir, o que fez as horas extras que ele os passou treinando, entre trabalhos
Conall sentiu-se alarmado com a menção do cavalo de sua esposa. Ela amava
a grande besta, e o aborrecimento do homem não podia ser bom.
Foi seu próprio gemido de dor que acordou Claray. Ela abriu os olhos,
estremecendo quando a pequena ação aumentou a agonia estilhaçando seu crânio,
mas os manteve abertos de qualquer maneira, enquanto observava seus arredores.
A confusão a percorreu quando percebeu que estava em algum tipo de pequeno
edifício de pedra. Ou o que costumava ser um pequeno edifício de pedra, ela supôs,
já que o telhado de palha tinha desmoronado para cobrir o chão ao seu redor, e um
metro superior da parede oposta a ela, desmoronara também. Era mais como um
pedaço de pedra agora, com uma abertura onde a porta costumava estar.
Confusa sobre onde estava e como tinha chegado lá, Claray virou a cabeça,
lentamente, de um lado para o outro, tentando ver tudo. Ela não podia ver atrás dela,
e não havia muito o que ver na frente e nas laterais. Embora pedaços de telhado e
parede velhos não fossem tudo o que cobria o chão. Ela viu o que pensou ser uma
velha panela enferrujada, sob alguns dos escombros e os restos do que poderia ter
sido uma cama, alguma vez. O único outro objeto identificável era a cadeira em que
ela estava jogada, ou realmente amarrada, ela percebeu, quando tentou se mover e
descobriu que seus braços estavam amarrados aos lados de trás da cadeira e seus
tornozelos amarrados às pernas.
Claray ergueu a cabeça e olhou para a mulher que entrou pelo buraco onde
uma porta estivera antes.
—Porque eles eram uma praga no mundo. Uma abominação, — ela cuspiu, o
orgulho dando lugar à fúria, e então seus ombros caíram infelizes e ela acrescentou
quase ressentida, —Mas eu não consegui com todos eles, como eu deveria. A cria do
Diabo escapou e agora voltou para atormentar a terra novamente, espalhando sua
sujeira e corrupção por toda parte. Infectando até você, uma boa moça que sabia
bem que aproveitar o acasalamento colocaria em perigo sua alma. E sinto muito por
isso, milady. Eu realmente sinto. Eu assumo total responsabilidade, e vou endireitar
isso.
Claray a olhou fixamente enquanto ela absorvia suas palavras, e então
pigarreou e disse timidamente: —Mhairi, eu sei que a igreja diz que não devemos
aproveitar as relações conjugais e...
Claray corou e engoliu em seco, sem saber o que dizer. Tudo o que ela
realmente queria fazer era dar um tapa na cadela assassina. Infelizmente, isso não
era possível, amarrada como ela estava.
—Lady Giorsal também gostava, — anunciou Mhairi, poupando-a de ter que
responder. —Ela costumava guinchar como um porco toda vez que o marido a
cutucava. Quanto a si mesmo, ele rugia seu prazer com um fervor repugnante. Eu
mal pude ficar para ouvir e assistir, quando eles escaparam para o tanque de peixes
uma noite, para brincar na água. Mas eu tive que testemunhar seus caminhos
pecaminosos, para Deus, — assegurou a ela, e então acrescentou, —Eles eram o Mal,
e espalhavam sua corrupção entre o clã. Os soldados encontravam-se com as criadas
em cantos escuros, tanto dentro como fora da fortaleza, empurravam-nas contra a
parede ou uma árvore e as possuíam como os animais que estavam se tornando. Eu
não podia deixar isso continuar. Eles estavam indo contra Deus, — ela apontou.
—Seu nome é Bryson MacDonald, e ele deveria ter morrido naquela noite. —
Ela fez uma careta e balançou a cabeça. —Depois de ver todos na mesa morrerem,
subi ao quarto dele para ver como estava. Eu o colocara em seu hidromel aguado e
esperava encontrá-lo morto também. Mas quando cheguei, seu quarto estava vazio,
sua comida e bebida ainda sobre a mesa, intocadas. Achei que ele tinha saído com
seu cachorro para algum lugar, como às vezes fazia, e então, quando comecei a voltar
—Há olho mágico por toda a passagem, mas a maioria deles dá para o grande
salão. A luz estava passando e destacando o jovem vagabundo. Eu podia ver seu
rostinho horrorizado e sabia que ele tinha visto todos eles morrerem lá embaixo. —
Ela fez uma careta. —Bem, eu sabia que não seria capaz de convencê-lo a comer ou
beber, depois que ele testemunhasse isso. Então, decidi que teria que torcer seu
pescoço nojento, para ter certeza de que a praga da corrupção putrefata havia
desaparecido.
Sua boca se esticou com a frustração lembrada. —Ele deve ter me ouvido,
quando comecei a ir atrás dele. Ele se virou, mas a luz estava atrás de mim. Tenho
certeza de que ele não conseguiu ver quem era. Mas o pequeno bastardo entrou em
pânico e correu de qualquer maneira. Eu o segui o mais rápido que pude, mas ele
sempre foi rápido, aquele menino. Costumava me manter correndo para cuidar dele
— acrescentou ela com ressentimento, e então deu de ombros. —Quando eu o segui
para fora da passagem e para o pátio, ele estava saindo dos estábulos em seu pônei.
—Claro que eu fui atrás, — ela assegurou. —Peguei o cavalo de sua mãe
prostituta e fui atrás dele. A égua era poderosa e deveria ter alcançado facilmente o
pônei, mas eu nunca tinha montado em um cavalo antes. Eu não sabia o que diabos
eu estava fazendo e foram horas antes de alcançá-lo. Sua boca se fechou com
desagrado. —Eu agarrei as rédeas de sua montaria de suas mãos e puxei para fazê-
lo parar e a maldita coisa empinou, derrubando o rapaz de sua montaria.
—Bem, — ela disse agora com um sorriso maligno. —A égua tinha fugido
quando eu saí dela, e eu sempre pensei rápido, então eu disse que estava levando o
menino em segurança para seu tio, já que todos foram mortos no MacDonald e nós
leváramos um tombo de seu pônei. Então, eles nos pegaram em seus cavalos,
puxaram seu pônei e nos levaram para seu laird, o MacKay.
—É por isso que eu não entendo por que Ele deixou o rapaz fugir de mim, —
Mhairi reclamou agora. —Achei que tinha conseguido, quando acordei na manhã
seguinte com a notícia de que todos, incluindo o rapaz, estavam mortos. Achei que o
golpe na cabeça devia tê-lo matado. E foi isso que o Laird MacKay disse que
acontecera quando perguntei. Mhairi sorriu levemente. —Eu estava muito satisfeita.
Eu pensei que tinha feito o trabalho de Deus e removido a semente do mal,
erradicando a praga.
—E, a princípio, parecia que meu trabalho em Seu nome tinha feito ainda
melhor do que eu esperava. Alguns dos outros MacDonalds bastardos, que tinham
seus próprios chalés e não compartilhavam a refeição, se levantaram e fugiram com
medo da ira de Deus, quando ouviram falar de tantos morrendo. Dos que
permaneceram, alguns foram assassinados por assaltantes ou outros clãs, mas todos
fugiram eventualmente, seja por morte ou por conta própria. Claro que alguns
vieram para MacKay, e eu fiquei de olho neles, matando qualquer um que mostrasse
sinais de desejo e tal. Embora com muito cuidado, — ela assegurou. —Um acidente
aqui, um acidente ali.
—Pelo menos, eu acho que estará feito, — acrescentou Mhairi com uma
carranca incerta. —Eu me pergunto se não devo matar os MacDonalds restantes
também, com outra dose de veneno no vinho e na cerveja, só para ter certeza de que
realmente terminei. — Ela ponderou sobre isso brevemente, e então murmurou, —
Eu vou ter que pensar sobre isso. Ainda tenho um pouco de tempo. Contanto que eu
faça isso antes que alguém saiba que vocês dois estão mortos, deve funcionar bem.
Conall queria perguntar se havia alguma coisa que o homem sabia, mas
conteve seu temperamento e olhou para o Bastardo Teimoso com tristeza.
Conall passou a mão pelo cabelo, cansado, sabendo que tudo o que diziam era
verdade.
—Você acha que devemos contar a Lady Claray? — Allistair perguntou com
relutância. —Quero dizer, nós nem sabemos se ele comeu. Talvez ele não tenha feito
isso, e vai ficar tudo bem, — ele disse esperançoso.
—Talvez, — Conall murmurou, esperando que esse fosse o caso. Ele não
estava ansioso para ser o portador dessas notícias específicas para Claray. Ela
adorava o cavalo grande e burro, e iria gostar de culpá-lo, por ter a besta movida
para uma baia e fora do caminho dos homens que trabalhavam. Ele insistiu nisso
depois que o Bastardo Teimoso deu uma mordida na bunda de um dos homens,
quando ele ficou no caminho do cavalo, que seguia Claray. Ela não estava satisfeita
por ele estar trancado em uma baia, mas tinha entendido. Essa compreensão sairia
pela janela se a grande besta morresse.
—Cristo! — ele murmurou com desgosto. —Beladona. Por que diabos alguém
iria querer matar o cavalo?
—Você quer dizer além do pobre bastardo que ele mordeu? — Roderick
perguntou, secamente.
—Sim. Ele pode não ter comido nenhuma beladona, — Allistair assinalou com
um desespero que Conall entendeu. O mestre dos estábulos adorava Claray, tanto
por sua habilidade com os animais como por insistir que eles construíssem um
quarto nos estábulos, para ele dormir. Ela era uma deusa aos olhos do mestre dos
estábulos e ele não queria decepcioná-la mais do que Conall. . .
—Eu vou dizer a ela, — disse Allistair, endireitando os ombros. —Eu sou o
responsável por seus cuidados, e era eu quem estava aqui quando a beladona foi
colocada em sua baia. Vou dizer a ela e perguntar se ela conhece um remédio.
—Oh, sim, — Payton disse, seu tom solene, mas os olhos brilhando com
diversão. —Confortar uma moça pode levar horas.
Ignorando isso, Conall virou-se para as escadas. Ele viu o lobo se levantar e
se espreguiçar, mas o ignorou e subiu correndo os degraus até o patamar.
─Eu pensei que você tinha dito que ela estava aqui? —ele rosnou, olhando
por cima do ombro.
Por um momento, Conall pensou que seu coração tinha parado, ao perceber
que o homem estava pensando que sua esposa havia caído ou saltado pela janela.
Mas então o homem se endireitou e se virou com uma expressão completamente
confusa, e murmurou: —Eu não entendo isso. Ela nunca saiu.
Conall não tinha certeza se o lobo reconheceria o nome de sua esposa, então
ficou aliviado quando a fera deslizou pela passagem escura e partiu. Esperando que
o animal estivesse rastreando o cheiro de Claray e não apenas explorando, Conall o
seguiu rapidamente, fechando o painel atrás dele.
Claray grunhiu de dor, quando seu movimento fez a cadeira em que ela estava
amarrada tombar para o lado. Isso a deixou indefesa no chão, ainda presa à cadeira
e incapaz de sair do caminho, quando Mhairi prosseguiu e começou a avançar.
Incapaz de fazer qualquer outra coisa, Claray fechou os olhos e esperou a dor atacar.
Foi uma surpresa quando — em vez de sentir a dor que ela esperava —ela ouviu
Mhairi vociferar: —Deixe-me ir!
Ela ficou ainda mais surpresa ao ouvir a voz zangada de um homem, em
seguida. —O que diabos você está fazendo?
—Para onde agora, lobo? — Conall perguntou em voz baixa. Tinham chegado
à saída final da passagem. Havia três ou quatro ao longo do caminho, além das do
andar superior que davam para os quartos. Cada uma tinha um olho mágico pelo
qual ele conseguiu espiar para ver o que havia além. A primeira saída, depois dos
aposentos veio depois de descer um lance de escadas íngremes. Abriu-se para a
despensa. A segunda abria para a capela. Havia outro lance de escadas que desciam
novamente antes de uma terceira abertura, um alçapão que se abria do lado de fora
da muralha. Esta quarta saída, no entanto, parecia ser a última e se abria para uma
pequena caverna vazia, com degraus que levavam a outro alçapão.
Conall a abriu e levou o lobo para uma pequena área cercada por arbustos.
Depois de liderar o caminho através deles, ele examinou a floresta ao redor e então
fez sua pergunta ao seu companheiro. Ou companheiros, ele supôs enquanto seu
olhar deslizou sobre Squeak, que agora estava de pé no pescoço do lobo com as duas
patas no topo de sua cabeça enquanto olhava ao redor, farejando o ar exatamente
como o lobo estava fazendo agora.
—Eu não entendo, Hamish? Por que você está me tocando assim? — Claray
perguntou confusa, e então decidindo que não estava tão interessada na resposta
quanto em ser libertada, ela pediu: —Por favor, me desamarre.
—Bem, quando as senhoras voltaram sem você, pensei que seria melhor
verificar e ter certeza de que ele não estava agindo como o animal que é, — explicou
ele. —Mas você não estava nos jardins, nem no pomar. Você estava na água quando
cheguei, à beira das árvores, e cheguei bem a tempo de ouvi-lo ordenar que você
apreciasse seu toque. Eu sei que a maneira vadia que você agiu então não foi culpa
sua, — ele assegurou a ela. —Você prometeu obedecê-lo, então é claro que você teve
que obedecer, ou pelo menos fingir gostar, quando ele colocou suas mãos e boca
imundas em você.
Sim, a princípio Claray se preocupou que sua alma pudesse estar em perigo
por causa do prazer que ele lhe dava, mas ela chegou a um acordo com isso. Era
muito bonito e íntimo para ser algo que Deus reprovaria. Certamente, se Ele não
quisesse que se divertissem assim, Ele não teria tornado possível para as pessoas se
divertirem como gostavam. Pelo menos esse era o raciocínio dela. Talvez fosse
apenas uma justificativa para permitir que ela continuasse a desfrutar de seu leito
conjugal sem culpa, mas como ela achava impossível não fazê-lo, ela ficou feliz em
aceitar essa justificativa.
Qualquer que fosse o caso, com tudo o que ela admirava, respeitava e
apreciava no marido, Claray supôs que seria surpreendente se não o amasse. Conall
era um homem que valia a pena amar, e ela simplesmente não podia suportar a ideia
de que este homem acabasse com sua vida.
Percebendo que Hamish estava falando de novo e que ela havia perdido parte
disso, Claray se concentrou novamente no que ele estava dizendo, caso houvesse
algo que ela pudesse usar para salvar a si mesma e a Conall.
—... e eu disse isso a ela, então não tenho certeza porque ela decidiu matá-lo
de qualquer maneira, —acrescentou com ressentimento sombrio.
—Sua mãe? — Claray perguntou com perplexidade, e então seguiu seu olhar
para a mulher inconsciente, deitada contra a parede. Com os olhos arregalados de
desânimo, ela perguntou: —Mhairi é sua mãe?
—Sim, — ele admitiu com desgosto, e então olhou de volta para ela. —Ela é
louca. Sempre foi. Costumava se gabar para mim de como ela tinha limpado o antro
de iniquidade que Bean e Giorsal MacDonald tinham forjado aqui. Ela pensou que
tinha matado o filho também, mas obviamente ela estragou tudo como estraga
sempre. Ele virou um sorriso de escárnio para a mulher e murmurou: —Ela não era
uma boa mãe.
Claray mordeu o lábio, sem saber o que dizer. Ela não podia imaginar a
infância que ele deve ter sofrido. Mas isso não desculpava suas ações agora. A
própria infância de Conall tinha sido um horror, graças à mãe deste homem, e ele
não estava por aí tentando matar os outros. Bem, além de seu trabalho mercenário,
ela reconheceu, e então afastou esse pensamento e se concentrou em sair dessa
confusão. O homem continuava dizendo que a estava salvando, talvez ela pudesse
usar isso a seu favor.
—Obrigada, Hamish, — ela disse agora, e quando ele se virou para ela, ela
conseguiu dar um pequeno sorriso e assegurou-lhe: —Eu aprecio que você esteja
tentando salvar minha alma. Agora, você acha que poderia me desamarrar, por
favor? Eu gostaria de sair daqui.
—Em breve, — ele assegurou-lhe, passando a mão por sua bochecha. — Eu
sei que você está com medo, mas eu vou lhe ajudar.
—Me ajudaria se você me desamarrasse, — ela assinalou.
Claray engoliu o medo tentando obstruir sua garganta, mas segurou a língua.
Ela não ficou surpresa com suas palavras. Ela esperava que sua mãe estivesse por
—Como você planeja cuidar disso? — Claray perguntou, certa de que não
queria ouvir a resposta.
Exatamente o que ela não queria ouvir, Claray pensou com um suspiro
interior. Hamish era obviamente tão louco quanto sua mãe. Ela supôs que não
deveria se surpreender, com ela criando-o e alimentando-o com todas as suas
amargas teorias, sobre o que Deus esperava e queria.
—Veja, — Hamish continuou, —dessa forma, você estará livre e nós podemos
nos casar.
Claray enrijeceu com isso. Isso não era algo que ela esperava.
Hamish apertou mais forte com cada palavra que ele falou. Mas Claray se
recusou a mostrar que ele a estava machucando. Ela ouviu algumas das mulheres
conversando, e pelo que ela entendeu, Hamish tinha alguns gostos incomuns quando
se tratava de cama. A dor o excitava, e a última coisa que ela queria era excitá-lo.
Então, Claray mordeu a língua e não reagiu, até que sentiu os ossos doerem no joelho
e não aguentou mais, e finalmente cedeu e gritou de dor.
—Pronto, — ele disse suavemente, soltando sua perna quando ela gritou. —
Viu. Comigo seu caminho para o céu será uma coisa certa. Pois é mais seguro chegar
ao céu através da dor e do sofrimento, como o Seu próprio Filho fez, do que do
prazer. Serei um marido muito melhor para você, Claray, e um laird melhor para
nosso povo também.
Claray achou que preferia assar no inferno a se casar com o homem. Ela não
podia acreditar que ele pensaria que concordaria em se casar com alguém, que lhe
prometesse uma vida inteira de dor. Por mais que ela amasse a Deus, se era isso que
Ele esperava dela para entrar no céu, ela diria: —Obrigada, não. — Mas em seu
coração, Claray não achava que era isso que Ele queria. Não se os loucos e suas mães
—Assim que ele chegar aqui, e isso deve ser em breve—, Hamish murmurou,
endireitando-se de repente. — Mandei minha mãe derramar o hidromel em você
para que você subisse para se trocar, e coloquei beladona na baia do Bastardo
Teimoso, para que ele tivesse que procurá-la para conversar com você sobre...
—Não, — ele retrucou irritado com a interrupção, e então fez uma careta e
disse, —Bem, talvez. — Carrancudo ele disse: —Tudo o que fiz foi colocar a beladona
em sua baia. Se a besta estúpida comeu, não há nada que eu possa fazer sobre isso.
Além disso, era necessário — assegurou-lhe. —Eu precisava ficar sozinho com seu
marido, e a única maneira que eu poderia pensar para afastá-lo de Roderick e
Payton, era fazer com que ele seguisse o caminho que sua ferida sangrenta fez,
quando eu a carreguei pela passagem secreta. É por isso que eu tive que bater em
você com tanta força. Era parte do meu plano. Você precisava sangrar livremente
para que ele tivesse uma trilha a seguir. Tenho certeza de que ele não gostaria que
os outros soubessem da passagem secreta. Ele os conduzirá para fora do quarto e
virá atrás de você sozinho. Então eu posso matá-lo, podemos nos casar e tudo ficará
bem.
Claray sentiu seu coração afundar, enquanto ele descrevia seu plano.
Principalmente, porque ela estava com muito medo de que pudesse funcionar.
Conall provavelmente não gostaria que mais ninguém soubesse da passagem
secreta. Ele nem tinha contado a ela sobre isso e era sua esposa. O que significava
que ele provavelmente seguiria o rastro de sangue sozinho. Isso por si só não a
preocuparia muito, mas ele confiava em Hamish e, ao vê-lo ali, o primeiro
pensamento de Conall poderia ser que ele tivesse chegado aqui primeiro para
resgatá-la, como ela havia pensado. Isso poderia torná-lo lento para perceber a
situação e dar a Hamish apenas alguns segundos de vantagem. Isso poderia ser
suficiente para matá-lo, percebeu Claray. Ela realmente não queria que Conall fosse
morto.
Quando o lobo parou de repente, Conall teve medo de que tivesse perdido o
cheiro. Mas quando ele se aproximou de Lovey e viu o velho chalé em ruínas na
clareira, seu coração começou a bater forte. Ele sabia instintivamente que era ali que
Claray estava.
Abaixando-se, Conall colocou a mão no lobo para ter certeza de que Lovey
não avançava e entregava sua posição, então olhou para baixo com surpresa, quando
sentiu as pequenas garras de Squeak subindo por sua mão. O arminho estava
—Por quê? — ele ouviu Claray perguntar, embora não pudesse vê-la. Tudo o
que ele podia ver era a parte de trás da cabeça e ombros de um homem, e a meia
parede oposta à que ele estava do lado de fora. Enquanto nesta estava faltando seu
terço superior, a parede oposta estava meio perdida pela aparência. Se o homem não
estivesse de frente para ele, ele teria considerado andar por aí e rastejar dessa
maneira para pegá-lo de surpresa.
O olhar de Conall se aguçou nas costas do homem. Ele não o reconheceu até
que sua esposa falou o nome do homem. Agora seu olhar se estreitou em seu
imediato com confusão, enquanto ele tentava entender por que ele estava aqui com
Claray. Ele não teve que esperar muito por sua resposta.
—Eu lhe disse por quê. Para salvá-los da condenação eterna — Hamish
respondeu simplesmente.
— Mas ele confia em você, Hamish. Ele mesmo me disse isso. Ele disse que
você foi o imediato dele em uns bons cinco anos. Como você pode simplesmente...?
—Sim, e por que não? Meu pai era o irmão mais novo do pai de Conall. Eu sou
o próximo na fila, quando ele estiver morto.
Conall endureceu em choque com isso. O único irmão que seu pai tinha era
um meio-irmão bastardo, que havia morrido junto com todos os outros durante o
envenenamento. Seu tio havia lhe dito isso. Ele também lhe disse que a esposa do
homem tinha sido a cuidadora de Conall por um curto período, depois de se casar
com ele. Ela estava encarregada de cuidar que ele tomasse banho, se vestisse e se
alimentasse, e ficava de olho nele quando seus pais estavam ocupados ou ausentes.
Conall não se lembrava de nenhum deles, do meio-irmão ou de sua esposa. Essas
memórias o deixaram depois daquela noite e estavam entre as poucas que ainda não
haviam retornado. Mas enquanto seu tio lhe disse que a mulher o tinha afastado de
Deagh Fhortan, após os assassinatos e o trouxe para MacKay, ele não mencionou que
ela tinha um filho. No entanto, se Hamish era filho de seu tio bastardo, Conall supôs
que o homem poderia reivindicar Deagh Fhortan, se ele próprio estivesse morto.
—Maravilhoso. Eu aqui pensei que você estava tão louco quanto sua mãe, e
acontece que você é apenas ganancioso, — ela disse com desgosto. —E é essa
ganância que vai lhe descobrir. Se você nos matar e tentar reivindicar Deagh Fhortan
como seu, você é o primeiro que eles vão suspeitar, porque você será o único a se
beneficiar, — Claray apontou. —O tio de Conall, Ross, vai descobrir e vê-lo morto.
—Eu lhe disse, não vou lhe matar. Só ele. Vou me casar com você, —
murmurou Hamish.
—E eu lhe disse que não me casaria com você, — ela respondeu rispidamente,
e então advertiu: —Se você matar Conall como planeja, e depois me arrastar diante
de um padre, recusarei. E então eu vou dizer a todos que você assassinou meu
marido. Vou ver você enforcado por isso.
Praguejando baixinho por sua tola bravura em ameaçar o homem assim,
Conall se moveu ao redor do edifício, uma carranca curvando seus lábios quando viu
Lovey rastejando pelo canto de trás do chalé. Imaginando o que ele estava fazendo,
Conall começou a pegar seu sgian dubh no minuto em que o homem virou a
cabeça. Seus dedos tinham acabado de se fechar em torno dele quando Squeak de
repente se lançou de seu ombro e saltou alguns metros até o outro homem. Ele
aterrissou no meio do rosto, deslizou e apertou os dentinhos afiados no lábio de
Hamish para se segurar, ou talvez apenas porque o homem havia acertado sua
Claray. Seja qual for o caso, Hamish rugiu de dor e instintivamente largou sua espada
para alcançar o pequeno arminho, para retirá-lo.
Claray olhou de Squeak para Conall, enquanto seu marido chutava para o lado
as armas de Hamish e se inclinava para virá-lo. Ela fez uma careta quando viu a
ferida do homem. Conall havia espetado a espada por baixo, enfiando-a sob suas
costelas e provavelmente perfurando seu coração. Mas quando o homem caiu de
joelhos, a espada ainda estava dentro dele e ainda segura por Conall. Ela havia
rasgado seu peito antes de ser puxada para fora. Se a espada não tivesse perfurado
seu coração com o primeiro golpe, a ferida aberta no peito que ele perfurou o teria
matado.
—Você está bem, amor? — ele perguntou, ajoelhando-se diante dela para
começar a desamarrar suas pernas.
—Você está sangrando, — ele rosnou, seu olhar deslizando até o pescoço dela
e então de volta para as cordas que ele estava tentando desfazer. Finalmente, ele
desistiu de tentar desamarrá-la e simplesmente cortou as cordas ao redor de uma
perna com seu sgian dubh.
—Lovey! — ela gritou com preocupação, quando Mhairi golpeou o lobo com
a faca, pouco antes de seus dentes se fecharem em sua garganta e ambos caírem no
chão.
Conall estava se movendo imediatamente para ajudar a fera, seu corpo
bloqueando sua visão, enquanto se ajoelhava sobre o par.
Conall não respondeu, exceto por uma praga, quando rapidamente começou
a cortar uma tira de xadrez de seu grande kilt. Essa foi a resposta suficiente, e Claray
imediatamente começou a puxar seus braços, mas eles ainda estavam amarrados
firmemente à cadeira. Sua liberação de uma perna não fez nada por seus braços.
Praguejando agora, ela olhou para Conall e perguntou: — O quanto ele está
ferido?
Conall terminou o que estava fazendo, que acabou por ser amarrar a ferida
do lado de Lovey, e ela viu quando ele se virou rapidamente para ajudá-la.
Conall cortou a última das cordas dela e tentou examinar seu pescoço, mas
ela empurrou as mãos dele e saltou da cadeira para ir até Lovey. Mas não havia nada
que ela pudesse fazer lá, sem seus remédios.
Praguejando, Conall colocou uma segunda tira do plaid em suas mãos, que ele
aparentemente havia cortado de seu grande kilt e então a empurrou para o caminho.
Inclinando-se para pegar Lovey, ele ordenou: — Amarre seu pescoço. Você está
perdendo muito sangue.
Claray olhou para baixo, surpresa ao ver que havia muito sangue ensopando
o topo de seu vestido amarelo-claro. Ela não tinha percebido que Hamish a havia
cortado tão profundamente. Franzindo o cenho, ela rapidamente enrolou o xadrez
ao redor de sua garganta e o amarrou tão firmemente quanto pôde, sem se sufocar,
e então o seguiu quando Conall começou a sair do casebre. Mas ela olhou
nervosamente para a porta.
Claray voltou-se para o marido para ver uma miríade de emoções cruzar seu
rosto, antes de se transformar em uma máscara fria. Ele se mexeu e por um minuto
ela pensou que ele poderia voltar e acabar com a mulher, mas então seu olhar caiu
para o plaid ao redor de sua garganta, e ele se virou. — Enviarei homens para buscá-
los, quando voltarmos. Precisamos levá-la para a fortaleza, para que eu possa cuidar
de sua ferida.
Claray o seguiu para fora do chalé sem protestar. Ela teria se sentido melhor
certificando-se de que a mulher estava morta, mas Lovey precisava de cuidados. Ela
não arriscaria sua morte por ter se atrasado. Além disso, ela estava começando a se
sentir um pouco tonta. Perda de sangue, ela sabia. Ela não achava que seu pescoço
estava sangrando o suficiente para causar isso. Mas não foi o primeiro ferimento que
ela sofreu naquele dia e seu ferimento na cabeça sangrou livremente.
Respirando fundo para tentar limpar a névoa que começava a descer em seus
pensamentos, Claray se concentrou em colocar os pés um ante o outro e pouco mais,
até que seu marido de repente gritou ao lado dela, seu grito assustando-a.
Erguendo a cabeça, Claray viu que eles haviam saído da floresta e estavam
caminhando pela beira do fosso. Eram os guerreiros na muralha que seu marido
havia chamado. Agora os homens gritavam de volta e havia muita correria na
muralha. Cavaleiros seriam enviados para buscá-los, ela sabia, e murmurou, —
Graças a Deus, — antes de perder a consciência.
Claray acordou com uma dor de cabeça latejante. Fazendo uma careta, ela
abriu os olhos e depois os fechou novamente, quando as batidas aumentaram
imediatamente. Eles estavam abertos o suficiente, no entanto, para ver a pele
espalhada sobre ela e reconhecer que ela estava no quarto que compartilhava com
o marido. Segura, enfiada na cama. Isso era o suficiente para saber, por enquanto.
—Sim. Allistair disse que provavelmente era assim que deveria ser. Entre o
ferimento na cabeça e a garganta, você perdeu muito sangue. Parecia que havia mais
em seu vestido do que poderia ter sido deixado em seu corpo.
Claray fez uma careta com a afirmação, e então engoliu mais água, quando ele
levou a caneca aos lábios dela, novamente. Mas desta vez, quando ele a tirou, ela
engoliu em seco e perguntou: — Allistair cuidou de mim?
—Sim. Você e tanto seu lobo quanto o Bastardo Teimoso também, — Conall
disse a ela, e as palavras fizeram seus olhos se arregalarem com o alarme lembrado.
—Eles estão...?
Claray olhou para o outro lado para ver Lovey enfiado sob as peles ao lado
dela. Ela piscou com a visão, e então estreitou os olhos quando Lovey abriu um dos
dele e a olhou brevemente, antes de fechá-lo novamente. Seu olhar deslizou para
Squeak, enrolado dormindo no travesseiro ao lado dela, e então ela olhou para o
marido. Ele deixara o lobo deitar-se em cima das peles na cama, uma ou duas vezes,
enquanto ela estava se recuperando do ferimento da flecha, mas uma vez que ela
começou a se sentir melhor, ele insistiu que a fera dormisse em uma esteira de junco
ao lado da cama. Agora, aparentemente, não só era permitido sobre ela, mas nela.
—Ele nos salvou e recebeu um ferimento feroz ao fazê-lo, — Conall disse
calmamente. —Allistair estava com medo de que o perdêssemos. Mas uma vez que
ele atravessou a noite, ele decidiu que ficaria bem. Ele merece a cama.
As palavras a fizeram sorrir para ele, e Claray soltou: — Eu amo você, marido.
Claray se sentiu culpada então, mas disse a ele: —Eu não sabia que ele tinha
cortado tão fundo. Não doeu.
—Você estava com o sangue quente, — ele disse com compreensão. —Eu
sofri muitos ferimentos em batalha que não doeram imediatamente. Mas isso
significa apenas que você deve ser ainda mais cauteloso.
Claray assentiu, mas — lembrando Hamish e sua mãe — agora perguntou: —
Você enviou os homens para buscá-los? Eles ainda estavam lá?
—Sim, — ele disse com um suspiro, e então balançou a cabeça. —Eu não a
reconheci como minha babá.
—Já se passaram vinte e dois anos, — ela assinalou gentilmente. —Ela tinha
apenas quatorze anos quando você a viu pela última vez, pouco mais que uma
criança.
—Uma criança que matou mais pessoas de uma vez, do que eu em todos os
meus anos de batalha, — ele disse amargamente, e então perguntou: —Ela disse
como os envenenou?
—Você vai ficar, não é? — ele perguntou, com um sorriso sem graça.
Claray assentiu e acrescentou: —Mas não acho que a igreja esteja certa sobre
isso. Eu o amo, e isso é uma expressão do amor. É lindo e precioso. — Fazendo
uma pausa, ela sorriu levemente e acrescentou: — Além disso, você me ordenou que
gostasse, e o padre Cameron me fez jurar lhe obedecer. Dificilmente posso ser
punida por manter os votos que a igreja me fez fazer.
FIM