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Luis Frederico Rocha Sales 22/09/2022 P07 - Professora Ana Clara <3
Uma coisa antes de ir pra escrita do meu diário, esse retângulo branco que o
moodle disponibiliza é muito feio pra ser um diário. *critica estética que ninguém
pediu, eu sei*
Iae diário, então, hoje, quinta-feira 22/09 eu tô começando a escrever, já deveria ter
começado? provavelmente, mas a liberdade me deixa assim, seguindo um fluxo
ocioso, quase que um artista kk brincadeiras a parte, eu comecei a escrever pq
conversando com a professora Ana Clara (essa que está lendo meu diário) percebi
que o que escrevi em um semanário aiii, talvez deveria ter vindo pra cá e não irei
retomar a ideia sobre se indignar, seguirei com o que provavelmente deveria ir para
o semanário da semana que vem, mas calma, vou por aqui coisas que sejam mais
reflexivas. Quero pontuar antes, que eu pouco contribuo com as perguntas durante
as palestras pq não costumo abrir muito a boca quando não julgo muito relevante e
eu sabia que algumas perguntas já seriam feitas, como de fato foi; eu me
movimento muito mais através do incomodo, incomodar me faz pensar muito, como
fez hoje durante um momento. Mas ao invés de falar aqui, deixarei para o
semanário meu pequeno incomodo (ta anotado, não vou esquecer), aqui deixarei
trechos de um conto de Clarice que está relacionado a um momento da palestra e
também um poema que me veem muito a mente as vezes e veio hoje enquanto
conversei com a professora (já digo que não me incomodou nenhum pouco a
conversa, pelo contrário, acho importante saber até onde ir e assim fazer uma
leitura mais precisa do meu entorno e seguir alguns contratos sociais)
Mas há alguma coisa que, se me faz ouvir o primeiro e o segundo tiro com um
alívio de segurança, no terceiro me deixa alerta, no quarto desassossegada, o
quinto e o sexto me cobrem de vergonha, o sétimo e o oitavo eu ouço com o
coração batendo de horror, no nono e no décimo minha boca está trêmula, no
décimo primeiro digo em espanto o nome de Deus, no décimo segundo chamo meu
irmão. O décimo terceiro tiro me assassina [...] e por isso nem mesmo a maldade de
um homem pode ser entregue à maldade de outro homem: para que este não possa
cometer livre e aprovadamente um crime de fuzilamento.
Uma justiça que não se esqueça de que nós todos somos perigosos, e que na hora
em que o justiceiro mata, ele não está mais nos protegendo nem querendo eliminar
um criminoso, ele está cometendo o seu crime particular, um longamente guardado.
Na hora de matar um criminoso – nesse instante está sendo morto um inocente. [...]
O que eu quero é muito mais áspero e mais difícil: quero o terreno
Metade das coisas que eu faria se eu fosse eu, não posso contar. Acho por
exemplo, que por um certo motivo eu terminaria presa na cadeia. E se eu fosse eu
daria tudo que é meu e confiaria o futuro ao futuro.
"Se eu fosse eu" parece representar o nosso maior perigo de viver, parece a entrada
nova no desconhecido.
Não sei se a senhora conseguiu seguir minha linha de raciocínio e também não sei
o quanto estou sendo claro quanto as coisas que penso e tento transpor pro "papel",
mas tenho certeza que qualquer dúvida ou incongruência, serei notificado.
provavelmente nas próximas escritas não direcionarei a palavra a senhora mas sim
ao diário pq sentirei que de fato estou refletindo e dialogando comigo mesmo e não
produzindo algo que será lido por alguém além de mim. bye, xoxo
Primeira coisa que me veio a mente ao pensar sobre o que eu senti sobre
andar no território:
Com certeza o Garcia passa longe de ser um dos bairros mais periféricos de
salvador, passa muito longe, mas ainda assim, foi possível de alguma forma me
deixar incomodado (talvez incomodado não seria o termo mais apropriado, é um
incomodo interno, não sei explicar muito bem.). Tipo, eu sei da existência de
favelas, sei da existência de varias mazelas sociais, mas felizmente eu não tenho ou
tive contato com todos esses problemas que se acentuam em uma capital como
Salvador. Meu ponto de partida é um interior seguro e sem muita pobreza, ou que
pelo menos sobressaem aos olhos, então para mim, mesmo que não tão
privilegiado assim, tenho uma realidade muito distinta da eu vi no Garcia.
Eu tinha interesse em poder falar sobre o território por um ohar voltado a sociologia,
sobre pertencimento e principalmente sobre as relações de poder construidas nesse
território, mas infelizmente não tivemos acesso as pessoas do bairro, acesso no
sentido de poder conversar, perguntar como vivem e etc. Mas algo foi percebido,
além das relações de poder comun estabelecidas, ali claramente existia o poder do
tráfico, que inclusive, nosso grupo não pôde passar por determiandos lugares por
esse fator; no entanto, é também comum saber da existência desse mercado e de
varias nuances corriqueiras de como o tráfico opera, o que não deu para saber é a
relação da comunidade frente a isso.
Não queria que meu portfólio ficasse sem fotos, mas eu não tirei, então obviamente
vou plagiar com consentimento da pessoa rs
[pausa]
Eu ia escrever agora sobre a visita, mas enquanto pensava sobre e eu tenho até
anotações desse dia, pensei sobre “território” e to escrevendo com o mais puro que
eu poderia chamar de reflexão. Quando penso em território de forma afetiva e já é
algo que eu penso a bastate tempo… é que eu não tenho um grande afeto pelo
local que cresci, também não tenho afeto por Salvador, na maior parte do tempo
Salvador é suportável, um lugar de passagem (ou não). Eu tenho plena consciência
que o que me prende de forma afetiva aos lugares são as pessoas, as relações que
foram construídas alí. Agora, encontro-me extremamente emocionado por pensar
em algo que mexe muito comigo: as casas dos meus avós [eu fui uma criança
criada com os avós e tenho muita sorte por isso], depois que minha avó paterna
faleceu, a casa dela nunca mais foi a mesma, nunca! está tudo lá, quase do jeitinho
que ela deixou, mas nem o cheiro é mais o mesmo e o afeto por aquela casa não
existe mais e eu aceito as boas lembranças deixadas. A outras casas são dos meus
avós maternos, ambos vivos, mas eu sei que por pouco tempo, principalmente meu
avô (avó: 90; avô: 92), há um certo nível de preocupação em mim quando eles se
forem que tangencia o território no qual será deixado, principalmente a casa deles
na chapada diamantina, onde sempre toda minha família passava e passa o são
joão; eu sinto que nunca mais será igual aquele lugar e as dinâmicas existentes no
mês de junho nunca mais existirá; obvio que a partida me causará dor, mas o
quanto isso desencadeará tantas outras coisas também. [pausa pra me recompor e
tentar continuar a minha linha de raciocínio].
Voltando… eu pensei que o garcia não seria um lugar bom para morar, não
naquelas condições, não naqueles becos apertados… mas assim como eu construi
relação de afeto em lugares que pra muita gente não faria sentindo algum, há de
existir também muito afeto por aquele lugar que eu primeiramente “julguei” com ruim
pra habitação, talvez muita gente não trocaria aquele beco por nada e talvez eu
esteja romantizando a pobreza, nunca saberei ao certo. Depois desse rodeio todo
para explicar uma coisinha básica, voto de novo para o “eu” (literalemnte). Tem um
poema de Manuel Bandeira, que inclusive demorei pra entender e errei várias
questões sobre ele durante os vestibulares kk hoje me ajudou a pensar em algo,
mas primeiro vou deixar o poema aqui:
Considero até cômico usar esse poema hoje, já falei tão mal quando não
compreendia o bichinho [rindo enquanto escrevo]
[pausa pra comentar algo]: o conteúdo do meu portfólio pode nem ser tão bom
assim, mas eu sou bem verossímil, há de concordar.
voltando pro que eu acho cômico, é que hoje eu consigo ler isso e pensar “em que
território eu depositaria tanto afeto quanto Manuel Bandeira deposita em
Pasárgada? que lugar eu teria essa sensação?” pensar sobre isso me deixou
dúvidas, e isso é bom, outrora voltarei a indagar essa mesma coisa até encontrar
minha Pasárgada, ou não encontrarei, mas sempre irei pensar sobre isso, uma
semente acabou de ser plantada.
Agora sim posso falar sobre a UFS…
Eu já começo dizendo que gostei, foi um dia tranquilo, em certo nível bem
descontraído, a kinga ( kinga = gíria) da médica que veio da ufba hablou (hablou =
giria para falou) muito e foi quase que um orgasmo ouvir que BMC não serve pra
nada kkkkk elas falaram sobre o funcionamento daque ubs, os dados de quantos
atendimentos faziam em média, do tamanho da equipe… mas como sempre e meus
semanários deixa isso bem evidente é que o que eu mais me apego na discussão
não é na temática central, mas normalmente a algo comentado rapidamente, quase
que uma ponta solta. Eu lembro da médica (eu to falando a médica pq não lembro o
nome dela) já no final da discussão falar que nos eramos o corpo vivo da
universidade, da nossa potencia em tranformar a universidade, fazer dela um outro
lugar… e eu me apeguei muito a isso naquele dia, gerou discussão na miha vida,
quase una sessão de terapia extra-oficial.
[não irei pontuar isso agora, pois está bem guardadinho para o momento certo]
[pausa porque eu parei pra jantar, resolvi beber um pouco de vinho de bebi metade
de uma garrafa de vinho chileno barato, então me preocupa um pouco o que
escreverei daqui em diante, mas se há preocupação, há lucidez]