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AVALIAÇÃO P+: REDAÇÃO - DEBORA

1º TRIMESTRE 1ºANO – 02/05/23

1)

A última fala da tirinha causa um estranhamento, porque assinala a ausência de um elemento fundamental
para a instalação de um tribunal: a existência de alguém que esteja sendo acusado.
Essa fala sugere o seguinte ponto de vista do autor em relação aos usuários da internet:

A proferem vereditos fictícios sem que haja legitimidade do processo


B configuram julgamentos vazios ainda que existam crimes comprovados
C emitem juízos sobre os outros mas não se veem na posição de acusados
D apressam-se em opiniões superficiais mesmo que possuam dados concretos

2) Um novo modelo de sociedade, a sociedade em rede, formou-se a partir de uma revolução da tecnologia da
informação e da reestruturação do capitalismo. A sociedade em rede é caracterizada pela globalização das
atividades do homem, incluindo-se a cultura. Surgiu com ela a cibercultura, composta por um sistema de
mídia onipresente, interligado, altamente diversificado. No contexto da cibercultura, a arte pode ser
considerada como um instrumento para participação do processo de reconstrução do mundo e da renovação
cultural, em oposição à ilustração artística explicativa ou expressiva. Quando se trata da produção artística no
ambiente do ciberespaço, talvez a preocupação maior, além da linguagem específica, esteja em redefinir
noções conceituais como o tempo, o espaço, o real, o virtual, o único, o coletivo, o local, o global e a
interatividade.
Assinale a opção correta de acordo com as ideias do texto.

A A revolução da tecnologia da informação e a reestruturação do capitalismo foram alguns dos eventos que
propiciaram o advento da sociedade em rede.
B A cibercultura é um produto da sociedade em rede, que deliberadamente buscou uma nova forma de
expressão.
C A arte na cibercultura pode ser usada como recurso de inserção no processo de reconstrução do mundo e da
renovação cultural.
D A ilustração artística, explicativa ou expressiva, não desempenha função social no âmbito da cibercultura.

3)

Diário alienígena
Continuo sem entender muito bem. Hoje passou por mim um ser de sexo indefinido, que me deixou ainda
mais confuso. Seu aspecto era muito estranho. Tinha um rosto delicado, um nariz pequeno, os lábios bem
delineados, mas não muito grossos, formando, no conjunto, o que aqui se chama de mulher bonita. Os
cabelos, muito escuros e lisos, eram também femininos, compridos, bem tratados e lustrosos. Mas, assim que
se fechava em ponta a linha do queixo, dava-se a transformação: o pescoço, largo e musculoso, era estriado de
veias, parecendo inflado a ponto de rebentar. O tronco, imenso e forte, abria-se para os lados em braços
espetaculares, rígidos, com gigantescos nós de músculos sobrepondo-se uns aos outros e formando uma curva
um pouco semelhante à que encontramos em certos primatas. As pernas eram igualmente brutais, levemente
arqueadas devido ao volume dos músculos, dando ao andar uma cadência que em tudo se parecia com o dos
seres do outro sexo.

Já havia visto algumas criaturas um tanto indefinidas por aqui, mas esta me pareceu um exemplo extremo.
Não pude classificá-la. Aliás, tenho tido grande dificuldade para fazer as classificações. Tudo me parece de
difícil compreensão. Esse pequeno território que nos serve de amostragem traz incoerências que me deixam
atônito. Para dizer a verdade, as contradições são muitas, infinitas, não tendo havido ainda um registro lógico
capaz de explicar tantas coisas de que já lhe falei, como as discrepâncias na ocupação do espaço, para dar
apenas um exemplo.

Mas a verdade é que, de todos os absurdos a que tenho assistido nesse primeiro contato, nenhum me deixou
mais espantado do que o seguinte: como civilização razoavelmente evoluída em termos tecnológicos, eles
parecem ter centrado boa parte de sua pesquisa científica na busca do conforto. Inventaram pequenos
aparelhos, bastante engenhosos, que lhes facilitam a vida, tornando-os cada vez mais ociosos e aos quais dão
nomes variados, como automóveis, computadores, celulares, controle remoto etc. Tudo parece ter sido
inventado com um único objetivo: o de leválos a fazer menos esforço físico. Pois muito bem: você acredita
que, nas chamadas horas de lazer, eles correm pelas ruas feito loucos, de um lado para o outro, suando em
bicas, sem parecer querer chegar a lugar algum? E mais: concentram-se também em locais que chamam de
academias e lá se dedicam, sozinhos ou em grupos, às tarefas mais extenuantes e inúteis, muitas vezes atados
a aparelhos de tortura, os quais parecem buscar por livre vontade, e não forçados, como já vimos acontecer
com outros povos bárbaros. Chegam a caminhar sobre esteiras, sem sair do lugar! Não lhe parece o maior dos
absurdos?

Bem, continuarei observando e tentando entender. Espero estar de volta em breve, na paz de nossa querida
Andrômeda – e longe deste planeta louco.
SEIXAS, H. In: Novos contos mínimos. Disponível em: <http://heloisaseixas.com.br/diario-deum-marciano>. Acesso
em: 02 out. 2016.
No texto, a utilização do ponto de vista de um alienígena é uma estratégia com o propósito de

A ironizar a percepção de contradições sociais.

B criticar a busca por conforto no mundo contemporâneo.

C expressar estranhamento em relação a hábitos humanos.

D relacionar as novas tecnologias à diminuição do esforço físico.

4)

A GRAMA DO VIZINHO

Martha Medeiros
Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma.
Estamos todos no mesmo barco.
Há no ar certo queixume sem razões muito claras.
Converso com mulheres que estão entre os 40 e 50 anos, todas com profissão, marido, filhos, saúde, e ainda
assim elas trazem dentro delas um não-sei-o-quê perturbador, algo que as incomoda, mesmo estando tudo
bem.
De onde vem isso? Anos atrás, a cantora Marina Lima compôs com o seu irmão, o poeta Antonio Cícero,
uma música que dizia: “Eu espero/ acontecimentos/ só que quando anoitece/ é festa no outro apartamento”.
Passei minha adolescência com esta sensação: a de que algo muito animado estava acontecendo em algum
lugar para o qual eu não tinha convite. É uma das características da juventude: considerar-se deslocado e
impedido de ser feliz como os outros são, ou aparentam ser. Só que chega uma hora em que é preciso deixar
de ficar tão ligada na grama do vizinho.
As festas em outros apartamentos são fruto da nossa imaginação, que é infectada por falsos holofotes, falsos
sorrisos e falsas notícias. Os notáveis alardeiam muito suas vitórias, mas falam pouco das suas angústias,
revelam pouco suas aflições, não dão bandeira das suas fraquezas, então fica parecendo que todos estão
comemorando grandes paixões e fortunas, quando na verdade a festa lá fora não está tão animada assim. Ao
amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma. Estamos todos no
mesmo barco, com motivos pra dançar pela sala e também motivos pra se refugiar no escuro, alternadamente.
Só que os motivos pra se refugiar no escuro raramente são divulgados.
Pra consumo externo, todos são belos, sexys, lúcidos, íntegros, ricos, sedutores.
“Nunca conheci quem tivesse levado porrada/ todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo”.
Fernando Pessoa também já se sentiu abafado pela perfeição alheia, e olha que na época em que ele
escreveu estes versos não havia esta overdose de revistas que há hoje, vendendo um mundo de faz-deconta.
Nesta era de exaltação de celebridades – reais e inventadas – fica difícil mesmo achar que a vida da gente tem
graça. Mas, tem. Paz interior, amigos leais, nossas músicas, livros, fantasias, desilusões e recomeços, tudo isso
vale ser incluído na nossa biografia. Ou será que é tão divertido passar dois dias na Ilha de Caras fotografando
junto a todos os produtos dos patrocinadores? Compensa passar a vida comendo alface para ter o corpo que a
profissão de modelo exige? Será tão gratificante ter um paparazzo na sua cola cada vez que você sai de casa?
Estarão mesmo todos realizando um milhão de coisas interessantes enquanto só você está sentada no sofá
pintando as unhas do pé? Favor não confundir uma vida sensacional com uma vida sensacionalista.
As melhores festas acontecem dentro do nosso próprio apartamento.
Fonte: Disponível em: http://www.refletirpararefletir.com.br/4-cronicas-de-marthamedeiros Acesso em 12/09/2017, às
15h13.
Segundo a estrutura composicional do texto A grama do vizinho, podemos afirmar que temos o seguinte
gênero:

A Editorial.

B Artigo de opinião.

C Crônica.

D Parábola.

E Anedota.

5.
Saindo da rotina
– Filho! Você precisa mudar. Disse a mãe do garoto.
– Mudar pra quê mãe? Eu estou super legal.
– Sei! Você tá legal é para se dar mal na vida. Depois que você acabou o colégio você não quer saber de
mais nada. Agora fica aí o dia inteiro dentro desse quarto só comendo e dormindo. Essa semana você
ficou dormindo na segunda, ficou dormindo na terça, na quarta, na quinta e hoje que é sexta-feira, você só
saiu do quarto para ir ao banheiro. Ficou dormindo o dia inteirinho. Eu não sei como você aguenta? Quero só
ver o que você vai fazer na semana que vem. Desabafou a mulher.
– Pode ficar tranquila, mãe. Na semana que vem eu vou fazer um lance diferente.
– Vai?
– Vou! ... Quero sair dessa rotina.
– Que bacana filho! O que você vai fazer?
– Vou dormir na sala.
Edilson Rodrigues Silva. Disponível em: <http://recantodacronica.
blogspot.com/>. Acesso em: 4 fev. 2014.

A crônica, apesar de não ser necessariamente um gênero voltado ao humor, muitas vezes é usada para esse
fim, sendo, às vezes, confundida com a piada. Uma forte característica que o texto apresenta e que o faz ser
considerado uma crônica é?
A o título, indicando que se trata de uma história pouco comum, na qual encontraremos personagens excêntricos.

B a escrita feita em forma de diálogo, pois a presença de um narrador é irrelevante no gênero.


C o longo período de tempo no qual a história se desenvolve.

D a ausência de preocupação estilística, já que o texto não tem características literárias.

E a exposição de uma situação cotidiana, isto é, o registro de uma conversa entre mãe e filho.

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