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Diário da República, 2.

ª série PARTE E

N.º 95 17 de maio de 2021 Pág. 267

INSTITUTO POLITÉCNICO DE SETÚBAL

Regulamento n.º 436/2021

Sumário: Regulamento de Propriedade Intelectual do Instituto Politécnico de Setúbal.

Regulamento de Propriedade Intelectual do Instituto Politécnico de Setúbal

Nota justificativa

Nos termos dos seus Estatutos, o Instituto Politécnico de Setúbal (de ora em diante desig-
nado por IPS), entre outros princípios e valores, tem por missão “desenvolver ensino de qualidade,
valorizando as pessoas, a transferência de conhecimento para a sociedade, para a região, para o
país e para o mundo, apoiado na investigação aplicada, na inovação e nas parcerias”. Consagra
entre as suas atribuições “A transferência e valorização do conhecimento científico e tecnológico e
a promoção do empreendedorismo” e “A produção e difusão do conhecimento e da cultura”.
A promoção e a proteção jurídica do conhecimento gerado no IPS, constitui um incentivo
à produtividade e à inovação, reforçando a imagem do IPS enquanto Instituição inovadora e
empreendedora.
Acresce que a proteção jurídica do conhecimento gerado no IPS pode constituir uma impor-
tante fonte de rendimentos e de constituição de património próprio para o IPS, reforçando a sua
autonomia no desenvolvimento das atividades de investigação, desenvolvimento e inovação.
Importa assim, criar um normativo que permita assegurar a proteção e valorização do conhe-
cimento gerado, bem como salvaguardar os interesses legítimos da Instituição, das suas Unidades
Orgânicas e dos seus membros.

CAPÍTULO I

Disposições Gerais

Artigo 1.º
Âmbito de aplicação

1 — O presente regulamento estabelece os princípios e as normas a que devem obedecer


os procedimentos com vista à obtenção e valorização de conhecimento no IPS, abrangendo no-
meadamente:

a) Toda a atividade que seja gerada no IPS, prosseguida no IPS, ou realizada em colaboração
com trabalhadores docentes e não-docentes, investigadores, colaboradores, estudantes e bolseiros
de investigação do IPS, atuando nesta qualidade, que seja suscetível de ser tutelada pela Proprie-
dade Intelectual, designadamente Propriedade Industrial, Direitos de Autor e Direitos conexos ou
outros direitos sui generis.
b) Programas de computador dotados de aplicabilidade industrial e suscetíveis de contribuir
para a resolução de problemas técnicos, criados no IPS, ou em colaboração com trabalhadores
docentes e não-docentes, investigadores, colaboradores, estudantes e bolseiros de investigação
do IPS, atuando nesta qualidade, bem como ainda informação técnica ainda não patenteada ou
patenteável.
c) Toda a informação confidencial com valor comercial fornecida pelo IPS em colaboração com
trabalhadores docentes e não-docentes, investigadores, colaboradores, estudantes e bolseiros de
investigação do IPS, atuando nesta qualidade, suscetível de proteção como segredo comercial.
d) Todas as parcerias, bem como quaisquer outras iniciativas ou projetos, realizadas pelo IPS
ou pelos seus trabalhadores docentes e não-docentes, investigadores, colaboradores, estudantes
e bolseiros de investigação do IPS, atuando nesta qualidade, com entidades terceiras, no âmbito
das alíneas anteriores, independentemente da sua fonte de financiamento, bem como quaisquer
projetos ou atividades em que sejam utilizados os meios ou recursos do IPS.
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2 — O disposto no presente regulamento será igualmente aplicável, com as devidas adapta-


ções, a serviços ou entidades criadas pelo IPS, ou que se encontram sob a sua tutela, e as quais
desenvolvam qualquer procedimento abrangido pelos números anteriores.
3 — A aplicação dos princípios do presente artigo estende-se para além do termo do vínculo
contratual de qualquer pessoa com o IPS, ou com as unidades identificadas nos Estatutos do
IPS, no que concerne à atividade de criação e investigação desenvolvida durante esse período e
derivadas de trabalho realizado enquanto ainda vigorava o vínculo contratual com o IPS ou com
as referidas unidades.
Artigo 2.º
Definições

Para efeitos do presente regulamento, os termos abaixo mencionados terão o seguinte sig-
nificado:

Sujeitos — Trabalhadores docentes e não-docentes, investigadores, colaboradores, estudantes


e bolseiros de investigação do IPS e das unidades identificadas nos Estatutos do IPS, assim como
trabalhadores, investigadores, colaboradores, estudantes e bolseiros de investigação de outras
entidades de ensino e de investigação que desenvolvam atividade a qualquer título no IPS utilizando
meios ou recursos do IPS, ou que tenham acesso a informação técnica do IPS, sem prejuízo de
qualquer disposição legal que determine regime diverso ou estipulação em contrário e quaisquer
outras pessoas cuja atividade implique a utilização de meios ou recursos do IPS, sem prejuízo de
qualquer disposição legal que determine regime diverso ou estipulação em contrário.
Atividades de investigação ou criação — toda a criação intelectual experimental ou teórica,
prosseguida de forma sistemática, com vista a ampliar o conjunto dos conhecimentos científicos e
técnicos, incluindo o conhecimento do homem, da cultura e da sociedade, bem como a utilização
desse conjunto de conhecimentos em novas aplicações, incluindo a fabricação de novos materiais,
produtos ou dispositivos, à instalação de novos processos, sistemas ou serviços, ou à melhoria
substancial dos já existentes.
Coordenador das atividades de investigação ou criação — pessoa responsável por coordenar
as atividades de investigação ou criação.
Meios ou recursos IPS — instalações físicas, equipamentos e utensílios, materiais e consu-
míveis de qualquer espécie, infraestruturas tecnológicas, recursos financeiros, bases de dados,
ativos intelectuais tais como obras, criações, patentes, marcas, desenhos industriais e outros que
sejam propriedade do IPS.
Informação técnica — Todo o conhecimento gerado ou obtido no desenvolvimento das ativi-
dades de investigação ou criação.
Informação confidencial — Toda a informação económica, financeira, técnica, comercial, estra-
tégica ou de qualquer outro tipo revelada pelo IPS a qualquer um dos Sujeitos, ou por estes acedida,
de forma oral, escrita ou por qualquer outro meio, bem como quaisquer análises, compilações,
sumários, extratos, documentos, desenhos, planos, aplicações, programas informáticos, especifi-
cações, segredos comerciais, métodos, carteira de clientes, fórmulas e «know-how» desenvolvido
pelo IPS e que os Sujeitos tomem conhecimento e que em circunstâncias que demonstrem que
deva ser, segundo as regras da boa-fé, considerada como confidencial, ou que esteja assinalada
como tal.
Artigo 3.º
Princípios Gerais

O Regulamento de Propriedade Intelectual do IPS assenta nos seguintes princípios:

a) Promoção da liberdade de criação cultural, científica e tecnológica;


b) Desenvolvimento de condições necessárias para uma atitude de permanente inovação
social, técnica, científica e pedagógica;
c) Cooperação e consenso entre todos os agentes envolvidos nos processos de aquisição e
valorização de conhecimento levados a cabo no IPS;
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d) Centralização dos procedimentos, unidade de decisão e transparência;


e) Titularidade dos Direitos de Propriedade Industrial por parte do IPS;
f) Salvaguarda do papel do investigador como fator essencial ao processo criativo;
g) Salvaguarda incondicional do Direito Moral do inventor e do criador;
h) Titularidade dos Direitos de Autor por parte do Autor;
i) Salvaguarda do papel do IPS como referência para a criação de Direitos de Autor;
j) Apoio à criação de empresas de base tecnológica e ao empreendedorismo, atendendo à sua
importância estratégica no processo de exploração comercial de tecnologias.

Artigo 4.º
Competências do IPS

Compete ao IPS, designadamente:

1 — Implementar o presente Regulamento e os demais procedimentos necessários à sua


correta aplicação, disponibilizando-os no seu sítio institucional na internet.
2 — Decidir sobre a proteção jurídica e determinar o âmbito dessa proteção, de quaisquer
resultados da atividade de investigação ou criação de que seja ou venha a ser titular, não obstante
a consulta ao inventor ou criador.
3 — Administrar e explorar os direitos de propriedade intelectual que lhe pertençam em ex-
clusividade ou não.

CAPÍTULO II

Do Direito de Propriedade Industrial

TÍTULO I

Da titularidade dos direitos

Artigo 5.º
Objeto de aplicação

1 — O presente Título aplica-se a qualquer atividade de investigação ou criação, por qual-


quer um dos Sujeitos, suscetíveis de gerar resultados objeto de proteção por via dos direitos de
Propriedade Industrial.
2 — O presente Título é igualmente aplicável caso a atividade de investigação ou criação se-
jam levadas a cabo no âmbito da realização de provas académicas, obtenção de graus ou títulos
académicos ou da progressão na carreira ou por causa dela, por qualquer um dos Sujeitos.
3 — O disposto neste Título aplica-se igualmente à Informação Técnica não patenteada re-
sultante da atividade de investigação ou criação referida supra.
4 — Cabe ao IPS, ouvido o inventor ou criador, fixar o âmbito da proteção jurídica a conferir
às invenções ou criações de que seja ou de que venha a ser titular.

Artigo 6.º
Titularidade dos direitos

1 — O IPS será o titular único dos direitos de Propriedade Industrial referidos no artigo anterior,
nos casos em que tiverem sido apenas usados os seus meios ou recursos.
2 — O IPS será ainda o titular único dos direitos de Propriedade Industrial referidos no artigo
anterior quando os mesmos resultarem de atividade de investigação ou criação levada a cabo por
docentes e não docentes em regime de exclusividade com o IPS, independentemente do local onde
for desenvolvida, assim como os recursos utilizados.
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3 — O IPS será o titular da Informação Técnica.


4 — A Titularidade dos direitos de Propriedade Industrial e da informação técnica referidos nos
números anteriores pode ser partilhada com outras instituições nos casos e na estrita medida em
que estas tenham também contribuído para a sua constituição, nos termos do artigo 8 do presente
Regulamento.
5 — Aos investigadores de carreira ao serviço do IPS nessa qualidade aplicar-se-á o disposto
no artigo 59.º DL Decreto-Lei n.º 124/99 de 20 de Abril.

Artigo 7.º
Direito Moral do Inventor ou Criador

O disposto no artigo anterior não prejudica o direito do inventor ou criador a ser mencionado
como tal no pedido de proteção da invenção ou da criação industrial e a reivindicar a paternidade
e integridade desta.

TÍTULO II

Procedimentos

Artigo 8.º
Relações com entidades terceiras

1 — Qualquer atividade de investigação ou criação desenvolvida pelos Sujeitos e que envolva


financiamento por entidades terceiras, colaboração com entidades terceiras, prestação externa de
serviços ou prestação de serviços para empresas deverá ser objeto de aprovação prévia do IPS,
o qual constará de acordo escrito sempre que possível.
2 — A aprovação referida no número anterior deverá fixar a proporção do direito do IPS, nos
resultados da Investigação, bem como a sua responsabilidade pelos custos envolvidos com a pro-
teção jurídica e também pelo poder decisório relativamente à estratégia de proteção.
3 — Ao abrigo do artigo anterior o IPS pode determinar que não será titular dos direitos inerentes
aos resultados obtidos, devendo nestes casos esta decisão constar sempre de acordo escrito.

Artigo 9.º
Dever de confidencialidade

1 — Os Sujeitos não podem publicar ou divulgar quaisquer dados ou informações que possam
comprometer a proteção jurídica dos resultados de qualquer atividade de investigação ou criação, até
ser tomada a decisão referente à proteção jurídica, como definida no artigo 11 do presente Regulamento.
2 — Todos os intervenientes no processo de tratamento das informações estão obrigados a
fazê-lo de forma confidencial, de modo a não prejudicar a possibilidade de proteção jurídica da
invenção ou criação, podendo ser exigida a qualquer um dos Sujeitos a assinatura de um acordo
de confidencialidade.
3 — Os Sujeitos comprometem-se a tomar todas as medidas necessárias, incluindo medidas
de segurança pelo menos iguais aquelas que utilizam para proteger a sua informação confidencial,
de modo a preservar e assegurar a confidencialidade da informação do IPS, a que têm acesso no
âmbito da atividade de investigação ou criação.
4 — Caso seja absolutamente necessário para a boa conclusão da investigação transmitir
informação a terceiros, os Sujeitos deverão dar conhecimento dessa situação ao IPS, concreti-
zando a informação que terão de transmitir, devendo garantir previamente, que os destinatários da
informação se obrigam a um compromisso de confidencialidade nos termos dos artigos anteriores
com as necessárias adaptações.
5 — O incumprimento do presente artigo implica o pagamento, pelo Sujeito ao IPS, da quantia
de € 5.000,00 (cinco mil euro) a qual deverá ser paga à primeira solicitação.
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Artigo 10.º
Dever de informação

1 — O inventor ou criador deve informar, por escrito, o IPS dos resultados da atividade de
investigação ou criação, no prazo máximo de trinta dias contados da data em que esta se considera
concluída, precisando os elementos técnicos relativos ao objeto e âmbito da invenção ou criação
e demais informação requerida de acordo com os procedimentos do IPS.
2 — Considera-se concluída a atividade de investigação ou criação no momento em que a
mesma apresenta características que permitam instruir o competente pedido de proteção.
3 — Considera-se também concluída a atividade de investigação ou criação no momento
em que existam resultados concretos e definitivos que permitam concluir que esta não apresenta
características necessárias para proteção industrial.
4 — Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, sempre que sejam identificados po-
tenciais resultados suscetíveis de proteção no início ou decurso da atividade de investigação ou
criação, o inventor ou criador poderá informar o IPS dos mesmos, por forma a permitir uma análise
ponderada e atempada das implicações técnicas, económicas e jurídicas dos mesmos.
5 — A informação referida no número anterior deverá indicar o objetivo definido para a atividade
de investigação ou criação, quais os meios ou recursos do IPS utilizados e a proporção em que os
mesmos contribuem, caso haja outros recursos envolvidos.
6 — O coordenador das atividades de investigação e criação é responsável pelo cumprimento
das disposições previstas nos números 1, 4 e 5.
7 — O incumprimento do dever de informação não afeta a titularidade dos direitos do IPS.

Artigo 11.º
Proteção Jurídica

1 — Após o cumprimento do disposto nos números 1 a 3 do artigo anterior, o IPS, no prazo


de sessenta dias, profere decisão quanto ao interesse em manter a titularidade dos direitos sobre
os resultados da atividade de investigação ou criação ou quanto à cedência desses direitos ao
inventor ou criador.
2 — O prazo referido no número anterior poderá ser prorrogado, até um máximo de cento e
oitenta dias, nos casos em que seja indispensável a recolha de elementos adicionais para a tomada
de decisão.
3 — A decisão nos termos do n.º 1 do presente artigo constará de relatório fundamentado que
deverá ser imediatamente comunicado ao inventor ou criador.
4 — O inventor ou criador não poderá obstar à solicitação e/ou à manutenção da proteção
jurídica pretendida pelo IPS.
5 — Caso o IPS decida pela cedência dos direitos ao inventor ou criador, ou na falta de res-
posta por parte do IPS, nos prazos estipulados no presente artigo, o inventor ou criador adquirirá a
plenitude destes direitos, incluindo os de exploração, podendo requerer em seu nome e a expensas
exclusivamente suas a respetiva proteção.
6 — Em caso de cedência dos direitos, o inventor ou criador obriga-se a conceder ao IPS uma
licença de utilização não exclusiva, intransferível e gratuita.

Artigo 12.º
Dever de colaboração

1 — O inventor ou criador deverá colaborar com o IPS para a concretização da proteção jurídica
da invenção ou criação disponibilizando toda a informação necessária e auxiliando no processo
de registo dos direitos.
2 — No caso do resultado da investigação ou criação não ser passível de registo, o inventor
ou criador deverá auxiliar na melhor forma de proteção dos resultados, nomeadamente protegendo
como «segredo comercial».
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Artigo 13.º
Encargos

O IPS suportará os encargos inerentes aos processos de solicitação da tutela jurídica, bem
como da manutenção dos direitos de que for titular.

TÍTULO III

Exploração dos Direitos

Artigo 14.º
Exploração Onerosa

1 — O IPS decidirá sobre a forma em concreto segundo a qual irá ser economicamente ex-
plorada a invenção ou criação de que for titular.
2 — De acordo com o melhor espírito de cooperação, o inventor ou criador deverá colaborar
com o IPS, participando no processo de valorização dos resultados de investigação.
3 — O inventor ou criador tem o direito de ser informado pelo IPS sobre as diligências referentes
ao processo de exploração, nomeadamente dos termos de propostas contratuais.

Artigo 15.º
Proveitos

Os proveitos a repartir reportam-se aos montantes obtidos no processo de exploração one-


rosa dos direitos de Propriedade Industrial, por qualquer forma, deduzidos das taxas ou impostos
devidos, custos com formalidades do pedido, registo, manutenção, defesa, vigilância dos direitos
de Propriedade Industrial e demais consultoria, dos honorários de profissionais liberais envolvidos
na fase de proteção e tutela, bem como daqueles suportados com a fase de comercialização e
exploração dos mesmos direitos.
Artigo 16.º
Repartição de Proveitos

1 — Sem prejuízo de quaisquer disposições estabelecidas através de acordo ou protocolo


que estipulem diversamente, os proveitos líquidos apurados nos termos do artigo anterior, repartir-
-se-ão da seguinte forma:

a) 60 % para o inventor ou criador;


b) 40 % para o IPS.

2 — Sempre que existam vários inventores ou criadores e ou unidades, os benefícios que lhes
caibam, de acordo com a fórmula utilizada nos números anteriores, deverão ser objeto de repartição
igualitária, salvo se entre eles existir acordo que estipule de forma diversa e desde que os próprios
levem ao conhecimento do IPS esse mesmo acordo.

Artigo 17.º
Transmissão da titularidade do direito

1 — Caso o IPS, no uso dos poderes de administração dos seus direitos de Propriedade In-
dustrial, decida pela desistência da manutenção da proteção legal requerida, deve dar disso prévio
conhecimento ao inventor ou criador, oferecendo-lhe a oportunidade da transmissão da titularidade
do direito em questão.
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2 — A comunicação referida no número anterior deve ser feita com antecedência mínima de
90 dias em relação ao prazo limite para conservação dos direitos em vigor.
3 — Caso o inventor ou criador manifeste a intenção de assumir a titularidade do direito, deve ser
celebrado correspondente contrato, passando a caber-lhe a responsabilidade de todos os encargos
relativos à titularidade do direito, nomeadamente, proteção, manutenção e exploração do mesmo.
4 — O contrato referido no número anterior deverá contemplar a licença estipulada no artigo
11 n.º 6 do presente Regulamento.

CAPÍTULO III

Do Direito de Autor e dos Direitos Conexos

TÍTULO I

Da titularidade dos direitos

Artigo 18.º
Objeto de aplicação

1 — Consideram-se como criações suscetíveis de proteção pelos Direitos de Autor ou Direi-


tos Conexos as criações intelectuais do domínio literário, científico e artístico, qualquer que seja o
género ou forma de expressão, nomeadamente, obras literárias, obras de arte, obras audiovisuais,
obras musicais, obras de multimédia, programas de computador que possam ser consideradas
como obra nos termos da legislação vigente.
2 — As disposições do presente regulamento serão igualmente aplicáveis a novos objetos de
Direito de Autor ou Direitos Conexos que venham a ser juridicamente tutelados por estes regimes.
3 — O presente Título é igualmente aplicável caso a atividade de investigação ou criação
seja levada a cabo no âmbito da realização de provas académicas, obtenção de graus ou títulos
académicos ou da progressão na carreira ou por causa dela pelos Sujeitos.

Artigo 19.º
Titularidade dos direitos

1 — O IPS reconhece, como princípio geral, que pertence ao respetivo autor a titularidade dos
direitos autorais relativos às obras concebidas ou realizadas pelos seus trabalhadores docentes e
não docentes, investigadores, colaboradores, estudantes e os bolseiros de investigação, indepen-
dentemente da modalidade de constituição da relação jurídica de emprego, ou pessoal contratado,
no exercício das suas funções.
2 — É garantida aos docentes a Propriedade Intelectual dos materiais pedagógicos produzidos
no exercício das suas funções, sem prejuízo das utilizações lícitas de que a mesmas possam ser
objeto.
Artigo 20.º
Casos especiais

1 — Quando as obras referidas no artigo anterior hajam sido criadas ou por encomenda do IPS
ou para serem divulgadas ou publicadas em nome do IPS, que organizará e dirigirá a sua criação,
o Direito de Autor é originariamente atribuído ao IPS.
2 — O IPS pode assumir também a titularidade dos Direitos de Autor e dos Direitos Conexos,
mediante acordo escrito prévio, com o autor, sempre que ocorra uma das seguintes situações:

a) A obra realizada decorra da execução de um contrato ou acordo celebrado com o IPS, no


qual se preveja que a titularidade dos Direitos de Autor lhe pertença;
b) A realização ou conclusão da obra implique uma utilização de meios ou de recursos do IPS.
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3 — Caso o autor queira alienar os direitos referidos no artigo anterior o IPS gozará de direito
de preferência a exercer no prazo de 30 dias úteis.
4 — Sem prejuízo do disposto nos n.º 1 e 2, do presente artigo, o autor da obra mantém os
direitos morais sobre a mesma.

Artigo 21.º
Menção do IPS

Sempre que a realização ou conclusão da obra implique a utilização de meios ou recursos


do IPS, deverá este ser obrigatoriamente mencionado na obra.

TÍTULO II

Exploração dos Direitos

Artigo 22.º
Repartição de proveitos

Os proveitos líquidos, resultantes de obras de que o IPS venha a ser titular, são repartidos nos
termos do artigo 16 do presente Regulamento, com as necessárias adaptações.

TÍTULO III

Procedimentos

Artigo 23.º
Direito de Autor e Direitos Conexos nos Contratos e Protocolos

Os contratos e protocolos celebrados entre o IPS e outras entidades que prevejam atividades
das quais possam resultar Direitos de Autor e Direitos conexos deverão conter disposições expres-
sas sobre esta matéria, tendo em conta as provisões do presente Regulamento.

Artigo 24.º
Dever de Informação

1 — Sempre que algum dos Sujeitos crie uma obra cuja titularidade do Direito de Autor, nos
termos legais ou contratuais, deva considerar-se como pertencente ao IPS, deverá comunicar tal
facto ao mesmo.
2 — Na sequência do disposto no número anterior, o IPS decidirá relativamente à proteção e
valorização económica da obra.
Artigo 25.º
Publicação e Divulgação

O IPS procurará pelos meios disponíveis promover a publicação e divulgação das obras
literárias e artísticas criadas pelos seus trabalhadores docentes e não-docentes, investigadores,
colaboradores, estudantes e bolseiros de investigação, atuando nessa qualidade, tendo em vista
o desenvolvimento da criação intelectual.
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CAPÍTULO IV

Invenções Implementadas por Computador e Programas de Computador

Artigo 26.º
Regime Aplicável

1 — Às invenções implementadas por computador que possam ser registadas e protegidas


pela Propriedade Industrial aplica-se integralmente o disposto no Capítulo II.
2 — Nos casos em que os programas de computador desenvolvidos sejam da titularidade do
IPS aplica-se o disposto no Capítulo II, com as necessárias adaptações.
3 — A titularidade dos programas de computador criados pelos Sujeitos pertence ao IPS, sem
prejuízo da aplicação de qualquer disposição legal ou contratual que determine regime diverso ou
estipulação em contrário, sempre que:

a) O inventor esteja contratado pelo IPS para a carreira de informática, conforme o disposto
no n.º 3 do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 252/94, de 20 de outubro;
b) Seja realizada transmissão onerosa, ou gratuita, a favor do IPS, de parte ou da totalidade
dos direitos de autor, com contrapartida no pagamento da remuneração prevista na Capítulo II,
Título III, com as necessárias adaptações.

CAPÍTULO V

Dos Contratos de I&D e Spin-Off

Artigo 27.º
Contratos de I&D e Spin-Off

1 — Todos os contratos ou acordos, celebrados entre o IPS e outras entidades, de qualquer


natureza, cujo objeto principal ou acessório implique atividade de investigação ou criação, inde-
pendentemente da forma do seu financiamento, têm de prever obrigatoriamente a regulação da
titularidade dos direitos de Propriedade Intelectual e de exploração dos resultados obtidos.
2 — A previsão obrigatória relativa à titularidade dos direitos de Propriedade Intelectual ao abrigo
do artigo anterior pode determinar que o IPS não seja titular dos direitos inerentes aos resultados
obtidos, cabendo-lhe a respetiva decisão.
3 — Nos casos em que o IPS, conjuntamente com os inventores ou terceiros envolvidos em
atividades de investigação ou criação, conclua pela viabilidade de exploração comercial dos resulta-
dos emergentes, nomeadamente pela constituição de sociedade comercial cujo objeto social seja a
exploração dos mesmos resultados, em conformidade com os Estatutos do IPS, é obrigatoriamente
celebrado um acordo escrito entre os intervenientes.

CAPÍTULO VI

Disposições Finais

Artigo 28.º
Contagem dos prazos

Os prazos previstos no presente regulamento contam-se nos termos do Código Civil.


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Artigo 29.º
Interpretação e Casos omissos

A interpretação e integração do presente Regulamento, nomeadamente dos casos omissos,


far-se-á de acordo com a Lei e com os princípios gerais de Direito.

Artigo 30.º
Entrada em Vigor

1 — O presente Regulamento entrará em vigor no dia seguinte à publicação no Diário da


República.
2 — As disposições do presente regulamento aplicam-se a todas as relações jurídicas que
venham a ser constituídas ou renovadas durante a vigência do mesmo.
3 — Sem prejuízo de quaisquer disposições contratuais e os direitos de Propriedade Intelectual
já constituídos, as relações jurídicas constituídas antes da entrada em vigor do presente regulamento
serão tuteladas por este após dar conhecimento do mesmo aos Sujeitos.

Artigo 31.º
Norma revogatória

O presente regulamento derroga e sobrepõe-se a todo e qualquer diploma normativo exis-


tente e em vigor no IPS e suas Unidades Orgânicas respeitante à regulamentação dos Direitos de
Propriedade Intelectual.
Artigo 32.º
Revisão

Este regulamento poderá ser revisto pelo órgão competente do IPS sempre que seja consi-
derado necessário.

10 de maio de 2021. — O Presidente do IPS, Prof. Doutor Pedro Dominguinhos.


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