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Exercício:
Zumbi – O que acontece que ainda temos dificuldade?
Machado – A sociedade ainda vê o diferente, e não quer o igual, seria demonstrar sua fragilidade
e o quão inseguros ainda são...
Grande Otelo – Talvez seja hora de fazermos uma revolução, algo realmente impactante, talvez
até mesmo com algumas mortes...
Carolina Maria de Jesus – Fico louco Grande Otelo! Isso só aumentaria nossa distância a eles,
ademais, a história demonstra que quanto mais do sangue dos nossos irmãos forem
derramados, mais insistiram que é assim que precisam e devem prosseguir, pois isso não traz
hegemonia muito menos paz de espírito nem para o nosso povo, nem para os deles.
Aleijadinho – Também concordo Carolina, e vou mais longe, não precisamos ver “eles”, e sim
“nós”, somos nós em uma só carne, em uma só irmandade e fé!
Milton Santos – Aleijadinho, é necessário ter cautela, porque “nós” os vemos uma só carne, mas
eles somente eles e entre eles uma só carne, sempre foi assim... nossos irmãos morreram
tentando provar isso, e nada aconteceu, tirando as tantas mortes e violência contra nossa
cultura, povo e raça.
Zumbi – De certo modo, também se nada fizermos, nada acontecerá!
Pixinguinha – Cautela por cautela Maria Firmino, sutilezas seremos, assim como na capoeira, na
música e na dança, não fazendo pela diferença, mas naquilo que temos de melhor em tudo o
que já nos manifestamos, e é nisso que deixamos nossa marca e história, é nisso que todos nos
emocionamos, é nisso que a história não nos rouba e fica marcado ao eterno no coração do
homem, não do branco, do amarelo ou do vermelho, até mesmo do negro, mas apenas no
coração do homem.
Carolina Maria de Jesus – Dessas manifestações eu conheço e Machado reescreveu nossa
literatura falando de nossa terra, mas também precisamos de mais emoção, de algo para o
agora, de algo que transborde nossas almas, que em verdade nosso corpo fale!
Milton Santos – Eu também escrevo, mas sei quem pode fazer melhor na apresentação do corpo
e em verdade carrega grande história nele... Não é mesmo Zumbi dos Palmares?
Zumbi – Olha, humildemente minhas raízes vivem em mim, embora a religião atual e o homem
branco não são delas muito “afetos”, mas podemos começar sim, só não sei por onde, não sou
muito engajado nisso que vocês chamam de “modernidade” e de “homem moderno”.
Grande Otelo – Vou falar para vocês, eu tenho um pouco de experiência nessa vivência e cultura
brancas, dessa hegemonia que à vezes nos congelam e não nos aceitam. Conheço algumas
portas de entrada. Vamos começar pelo teatro, não vejo melhor caminho...
E assim o multiculturalismo começou nos espetáculos e shows ...