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ZIP
Ciro Marcondes
(https://www.metropoles.com/author/ciro-
marcondes)
25/01/2018 5:30 , ATUALIZADO EM 25/01/2018 9:09
C omo temos visto aqui na Zip, o quadrinho brasileiro vive singular (e até apoteótica) fase. Fronteiras são desbravadas, gêneros novos
testados e formatos diversos esmiuçados por uma geração que atinge nível internacional.
Estamos em um momento de muito entusiasmo e, mês a mês, quadrinhos são lançados no Brasil via editoras grandes, pequenas ou
especializadas, na internet e também no mercado de autopublicação.
O quadrinho vem se tornando arte grande por aqui. Já vencemos categorias dos prêmios Eisner (“Oscar” dos quadrinhos) e em Angoulême
(“Cannes” dos Quadrinhos).
No próximo dia 30 comemoramos o “Dia do Quadrinho Nacional” e é tempo para se refletir um pouco sobre nossa trajetória nesta forma de
arte. A data, a cada ano, ganha mais adeptos e comemorações com maior destaque vão inflamando nosso entusiasmo pela nona arte. Mas será
isso novidade?
Na verdade, o Brasil é um pioneiro desta arte e pouca gente sabe disso. A escolha da data se refere à primeira publicação de um quadrinho
seriado no Brasil, no longínquo ano de 1869. O responsável foi o cartunista, jornalista e partidário da abolição ítalo-brasileiro Angelo Agostini,
uma das figuras de mídia centrais em nosso país durante o Segundo Reinado.
Agostini criou dois personagens que enraízam nossa história dos quadrinhos: Nhô-Quim, um caipira em trapalhona viagem à Corte; e Zé
Caipora, figura capaz de passar por todo tipo de aventuras nas matas e nas cidades, acompanhado de índios e figuras folclóricas do nosso
imaginário.
Agostini não usava balões, mas escrevia longas tramas seriadas em traço realista, novidade no quadrinho moderno mundial, tornado-o um dos
principais pioneiros dessa arte em todos os tempos.
Depois disso, nosso quadrinho passa por várias fases interessantes. Entre o início do século 20 e os anos 1950, por
exemplo, temos o primado da revista infantil “O Tico-Tico”, que publicou inúmeros artistas (nacionais e estrangeiros), influenciando
gerações.Até Drummond fez poema sobre a revista.
Além disso, suplementos de quadrinhos em jornais eram mania entre os leitores. Entre os anos 1930 e 1940, o roteirista Francisco Armond e o
desenhista Renato Silva publicaram o primeiro anti-herói brasileiro, o nefasto Garra Cinzenta (http://www.raiolaser.net/2011/07/misterios-
da-garra.html), quadrinho que chegou a ser comercializado na Europa, influenciando a produção de terror italiana. Armond era um
pseudônimo para um autor ou uma autora desconhecido(a). Suspeita-se da jornalista carioca Helena Ferraz de Abreu.
Com a proibição dos quadrinhos de crime e horror nos Estados Unidos, nos anos 1950 e 1960, esses gêneros se proliferaram como nunca na
produção nacional (http://www.raiolaser.net/2013/09/horror-brasileira.html) e tivemos nossa era de ouro: histórias com múmias, vampiros,
lobisomens e monstros da nossa cultura popular viraram uma febre editorial e até hoje é desta época o maior volume de publicações de
quadrinhos no Brasil.
Grandes artistas brasileiros emergiram desse ambiente: o traço inconfundível de Flavio Colin, o pioneirismo dos estrangeiros Eugênio
Colonnese e Jayme Cortez, além da brilhante arte gótica de Júlio Shimamoto. Foram os anos 1950 também que viram nascer a (então proibida)
arte erótica de Zéfiro, o Pererê de Ziraldo e um quadrinho chamado “Bidu”, de um certo aspirante chamado Mauricio de Sousa.
O quadrinho de terror ainda estava em boa forma nos anos 1970, quando se torna mais lascivo (foi popular a revista “Maria Erótica”) e, ainda
na década anterior, os artistas do “Pasquim”, como Henfil e Jaguar, passaram a politizar fortemente nossas tirinhas.
Essa tendência seguiu nos anos 1980, que se dividiram entre publicações “cult”, como “Piratas do Tietê” e “Circo”, criadoras de duas
vertentes: de um lado, o satírico-político, produzido por artistas geniais como Angeli, Laerte e Glauco. Por outro, a forte presença da ficção
científica e narrativas do sobrenatural influenciadas pelo quadrinho europeu, especialmente nas mãos dos mestres Mozart Couto
(http://www.raiolaser.net/2011/10/grande-sertao-quadrinhos.html) e Watson Portela (http://www.raiolaser.net/2011/06/raridades-de-um-
artista-raro.html).
Dos anos 1990 para cá, nossa cena se expandiu, conquistou as grandes editoras estrangeiras (Marvel e DC) e a Europa, e ampliamos nosso
leque de opções: hoje, no Brasil, se faz quadrinho mainstream, mangá, erótico, de terror, indie, autobiográfico, filosófico, jornalístico, entre
tantas outras variedades.
O legado de Angelo Agostini persiste forte. Por isso, selecionei sete obras essenciais, de variados autores e gêneros, para você se aventurar e se
iniciar na floresta que é a nossa cultura da nona arte:
Piratas do Tietê: A Saga Completa – Laerte (3 volumes, Devir, 2007): Compilação de histórias anárquicas e contraventoras desta que é a nossa
maior quadrinista viva.
Estórias Gerais – Wellington Srbek e Flávio Colin (Nemo, 2012): Estas histórias brutas passadas no sertão de Minas nos anos 1920 são
narradas por Srbek com inspiração de Guimarães Rosa e ilustradas no lápis mágico do grande Colin.
Diomedes: a Trilogia do Acidente – Lourenço Mutarelli (Cia. das Letras, 2012): Entre o horror e o noir decadente, este volume compila o
melhor da produção de Mutarelli, nosso gênio transtornado dos quadrinhos.
Dois Irmãos (http://www.raiolaser.net/2015/12/quatro-irmaos.html) – Fábio Moon e Gabriel Bá (Cia. das Letras, 2015): Moon e Bá ganharam o
Prêmio Eisner com esta intensa adaptação do drama shakespeariano amazonense de Milton Hatoum. Melhor que novela da Globo!
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