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TRABALHO DE GRUPO
Discentes:
Ata Mendes;
Danilson Joaquim Pam;
Lacine Henriqueta Gomes Correia;
Luís M´bunh;
Máximo Capina;
Características
Alberto Caeiro é o lírico que restaura o mundo em ruínas. Para Caeiro, “tudo é
como é”, tudo “é assim porque assim é”, o poeta reduz tudo à objetividade, sem
qualquer necessidade de pensar.
Estrutura externa
Todos os poemas em análise são compostos de sílabas métricas irregulares;
os versos brancos; ausência de preocupações estilísticas.
Por exemplo:
E se desejo às vezes,
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita coisa feliz ao mesmo tempo),
É só porque sinto o que escrevo ao pôr do Sol
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.
Apesar desta controvérsia, o sujeito poético acaba por esclarecer que, no sentido
literal, não guarda rebanhos, mas por ter assumido o papel do defensor de uma
“doutrina” ligada a natureza, confere-lhe o título de pastor (“Mas é como se os
guardasse; Minha alma é como um pastor” – vv. 2 e 3), cuja função é guardar os
seus “rebanhos”, assim como um guardador de rebanhos dispõe de um
movimento deambulatório (“E anda pela mão das estações” – v. 5), que lhe
permite gozar ao máximo as sensações e adquirir a realidade do meio que o
rodeia (“A seguir e a olhar” – v. 6). Assim, como fator que estimula continuamente
o sujeito poético, a natureza é percebida na sua íntegra, estando em plena
harmonia e comunhão com ela (“Toda a paz da Natureza sem gente / Vem
sentar-se a meu lado” – vv. 7 e 8).
O sujeito poético identifica-se com a natureza, vive segundo o seu ritmo, deseja
fluir nela. Porém, a própria natureza pode causar ao sujeito poético certas
sensações (“Mas eu fico triste como um pôr do sol / para a nossa imaginação “
... – vv 9 – 13), usando assim a comparação para mostrar que da mesma forma
que o sol fica triste quando esfria no fundo da planície e sente a noite entrada
como uma borboleta pela janela, é assim também que ele fica triste por causa
daquela paz da natureza sem gente e pelo sossego que isso lhe causa. Só que
depois explica que aquela tristeza é natural e justa, e é o que deve estar na alma
nos versos 2 e 3 da segunda estrofe.
Tal como a noite impede o primado das sensações, para o sujeito poético
também o exercício da razão leva-o a pensar no real e verdadeiro,
impossibilitando-o de alcançar a felicidade (“Os meus pensamentos são
contentes / Só tenho pena de saber que eles são contentes– vv. 21 e 22). Assim,
o sujeito poético, na terceira e quarta estrofe exprime o desejo de abolição da
consciência, elemento que limita a ação das sensações em reduzir o abstrato ao
concreto, que interfere na relação de harmoniosa estabelecida entre o sujeito
poético e o meio que o rodeia (“Pensar incomoda como andar à chuva / Quando
o vento cresce e parece que chove mais” – vv. 26 e 27). Este desejo de abolição
da razão está em conformidade com a valorização das sensações por parte do
sujeito poético.
Desta forma, a sua vida é comandada pelo primado das sensações que o
permitem viver em sintonia consigo mesmo e com a natureza, gozando de todos
os seus sentidos para melhor apreender o que o rodeia (“E corre um silêncio pela
erva fora v. 38; “Sinto um cajado nas mãos / E vejo um recorte de mim” – 42 e
43).
Este poema inicia-se com uma comparação ("O meu olhar é nítido como um
girassol" v. 1), que significa que o sujeito poético vê a realidade à luz do sol, com
toda a nitidez que essa luz lhe propicia. Ou seja, a comparação mostra a nitidez
do olhar do sujeito poético, porque a planta a que o seu olhar é comparado segue
continuamente a luz sol. O sujeito poético assume uma atitude deambulatória,
uma de suas caraterística, ("Tenho o costume de andar pelas estradas..." - v. 2),
observando atentamente a realidade,, atento à diversidade que o
rodeia, ("Olhando para a direita e para a esquerda..."), descobrindo novas coisas
a cada olhar, constituindo, assim, a visão, o sentido primordial que nos permite
conhecer o mundo.
O verso 9 apresenta-nos uma nova comparação, desta vez com uma criança,
um símbolo recorrente em sujeito poético, pela inocência e ingenuidade que lhe
estão associadas. Neste caso específico, a comparação é estabelecida com uma
criança "ao nascer", o que remete para um ser não contaminado,
constantemente surpreendido pelos estímulos da realidade que lhe chegam
através dos sentidos e que provocam o seu espanto ("pasmo essencial" - v. 8),
tudo é o resultado do que o rodeia, e é novo para quem acabou de nascer. Deste
modo, o sujeito poético sente-se como uma criança recém-nascida, que vê com
uma inocência primordial, isto é, vê tudo como se visse pela primeira vez,
espantado perante a novidade do mundo.
Dito de outra forma, ele apresenta uma teoria à qual falta uma prática efetiva e
continuada, confirmada por uma espécie de «insistência doentia» nas
explicações dos seus atos. Repare-se como ele começa por fazer uma
constatação ("Creio no Mundo"), para em seguida se justificar: "Porque o vejo.
Mas não penso nele (...)". Se estivesse convicto das suas afirmações, não
necessitaria do raciocínio justificativo. Ainda assim, continua a sua afirmação do
valor do olhar sobre o pensamento: ("Porque pensar é não compreender..." - v.
15); "(Pensar é estar doente dos olhos)" - v. 17). Este último verso é uma
confirmação da negação do pensamento, da metafísica, porque não devemos
procurar ou atribuir significados ao mundo, devemos antes deixar-nos guiar
pelos sentidos, pelas sensações puras, aceitando normalmente as coisas como
elas são ("Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo..." - v. 18).
A terceira estrofe abre com uma afirmação: "Eu não tenho filosofia: tenho
sentidos...". Esta afirmação clarifica a sua “doutrina” antifilosófica, evidenciando
a recusa da metafísica, do pensamento abstrato, defendendo em alternativa a
prioridade dos sentidos. Os restantes versos acabam por comprovar ou
aprofundar esta ideia, ao demonstrarem o tipo de relação que o sujeito poético
estabelece com a natureza, uma relação de amor ("Mas porque a amo..." - v.
21). E é uma relação de amor porque no amor não há perguntas, não há certezas
acerca do objeto amado, não há razões que justifiquem. Deste ato amoroso,
verifica-se a ausência do pensamento, a racionalidade; o sujeito poético aceita
apenas as coisas como são.
Portanto, há uma tentativa de igualar o amor ao seu desejo de inocência, de não
pensar.
O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.
Alberto Caeiro usa o paradoxo no poema “O Tejo”. As três primeiras linhas nos
despertam uma reação de confusão: O Tejo é mais belo do que o rio que corre
na minha aldeia ou não? A primeira linha diz que sim, a segunda diz que não.
Para confrontar o seu ponto de vista com o da maioria, ele traz a ideia geral logo
a princípio de que " o Tejo é “ depois traz a sua própria visão de que "o Tejo não
é…" e logo a seguir justifica o porquê da afirmação anterior ("porque o Tejo não
é o rio que corre pela minha aldeia"). Nisso vemos uma das características do
Caeiro que é a valorização do concreto, do contato direto. Supõe-se que Caeiro
esteja longe do Tejo.
Ao longo do poema vamos ver o eu poético a descrever o rio Tejo, mas nada do
seu rio. Com isso, deduzimos que talvez não queira dar o espaço a imaginação
ao leitor. Sabemos que quando nos é descrito um lugar, logo criamos uma
imagem na nossa mente, mas com ausência da descrição torna-se impossível
criar uma imagem mental, no caso concreto, uma imagem ao seu rio. Também
passa a ideia de que o Tejo já não oferece nenhuma novidade ("O Tejo desce
de Espanha E o Tejo entra no mar em Portugal. Toda a gente sabe isso") muito
contrário do seu rio ("Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia E para
onde ele vai E donde ele vem"). E também nos transmite a ideia da tranquilidade
que o seu rio oferece ("O rio da minha aldeia não faz pensar em nada. Quem
está ao pé dele está só ao pé dele"), sabemos que uma das suas caraterísticas
é a desvalorização da razão, ele defende que devemos aceitar as coisas do jeito
que são sem nenhuma interpretação. É a única receita para a felicidade.