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1
1. Introdução
Assim sendo, não me afastando do tema a expor, importa saber em que medida é
relevante a figura do diretor de aeródromo na prossecução da segurança operacional e da
segurança contra atos ilícitos.
1
Cfr. o artigo 2.º, alínea a) do Decreto-Lei número 186/2007 de 10 de maio, alterado pelo Decreto-Lei
número 55/2010, de 31 de maio.
2
É então um dos agentes com atuação direta e imediata na garantia da segurança da
aviação civil.
2. O diretor de aeródromo
2
Cfr. o artigo 25.º, número 2 do Decreto-Lei número 186/2007 de 10 de maio, alterado pelo Decreto-Lei
número 55/2010, de 31 de maio.
3
Cfr. o artigo 7º., alínea f) do Regulamento número 1079/2020 de 11 de dezembro.
4
Cf.r o artigo 25.º, número 2 do Decreto-Lei número 186/2007 de 10 de maio, alterado pelo Decreto-Lei
número 55/2010, de 31 de maio.
5
Matéria abordada no ponto 2.1.1. do presente trabalho.
6
Cfr. o artigo 9.º, número 1, alínea b) do Decreto-Lei número 186/2007 de 10 de maio, alterado pelo
Decreto-Lei número 55/2010, de 31 de maio.
7
Cfr. o artigo 25.º, número 7 do Decreto-Lei número 186/2007 de 10 de maio, alterado pelo Decreto-Lei
número 55/2010, de 31 de maio.
3
é totalmente linear, pois não foi concebida qualquer legislação complementar na qual
conste quais as habilitações necessárias para o desempenho deste cargo.
8
Cfr. o artigo 1.º, número 1 do Decreto-Lei número 186/2007 de 10 de maio, alterado pelo Decreto-Lei
número 55/2010, de 31 de maio.
9
Cfr. o artigo 1.º, número 2 do Decreto-Lei número 186/2007 de 10 de maio, alterado pelo Decreto-Lei
número 55/2010, de 31 de maio.
10
Cfr. o artigo 9.º, número 1, alínea b) do Decreto-Lei número 186/2007 de 10 de maio, alterado pelo
Decreto-Lei número 55/2010, de 31 de maio.
4
Os aeródromos encontram-se classificados por ordem crescente, em classes de I a IV,
em função dos critérios de natureza operacional, administrativa, de segurança e de
facilitação11.
A classificação dos aeródromos em classes de I a IV depende da verificação de alguns
requisitos administrativos, sendo que os aeródromos de classes II a IV devem possuir um
diretor de aeródromo e o aeródromo de classe I, ao invés de possuir um diretor de aeródromo,
pode antes possuir um responsável de aeródromo, conforme determinação da ANAC, em
função da atividade do aeródromo12.
11
Cfr. o artigo 13.º, número 1 do Decreto-Lei número 186/2007 de 10 de maio, alterado pelo Decreto-Lei
número 55/2010, de 31 de maio.
12
Cfr. o artigo 14.º, número 2, alínea a) do Decreto-Lei número 186/2007 de 10 de maio, alterado pelo
Decreto-Lei número 55/2010, de 31 de maio.
13
Cfr. DE STTEFANI, GEORGIO- Obblighi e responsabilità del direttore di aeroporto, in Atti del
convegno e responsabilità Cagliari, 24-25 ottobre 2003, Cagliari: Edizioni AV, 2005, p.35.
5
O diretor de aeródromo tem a sua responsabilidade ligada ao exercício da função
pública14.
14
Cfr, DE STTEFANI, GEORGIO- Obblighi e responsabilità del direttore di aeroporto, in Atti del
convegno e responsabilità Cagliari, 24-25 ottobre 2003, Cagliari: Edizioni AV, 2005, p.34.
15
Cfr. o artigo 25.º do Decreto-Lei número 186/2007 de 10 de maio, alterado pelo Decreto-Lei número
55/2010, de 31 de maio.
16
Competências previstas no artigo 18.º, número 1, alínea d) do Decreto-Lei número 10/2004 de 9 de
janeiro.
17
P.p. no Artigo 348º. do Código Penal Português.
6
Esta é assim uma responsabilidade funcional do diretor perante a ANAC, pois este é
um dos agentes com atuação direta e imediata na garantia da segurança da aviação civil.18
Este processo especial de inquérito é instruído, com vista ao apuramento dos fatos,
pela ANAC sempre que esta Autoridade tiver conhecimento, por qualquer meio, da
violação destes deveres do diretor de aeródromo20.
Estando o processo em curso, antes da decisão ser proferida, deverá ocorrer sempre a
audição prévia do diretor de aeródromo sobre as razões invocadas para a instauração deste
processo21.
18
Cfr. a Circular de Informação Aeronáutica número 12/2017 de 13 de dezembro.
19
Cfr. o artigo 26.º, número 1 do Decreto-Lei número 186/2007 de 10 de maio, alterado pelo Decreto-Lei
número 55/2010, de 31 de maio.
20
Cfr. o artigo 26.º, número 1 do Decreto-Lei número 186/2007 de 10 de maio, alterado pelo Decreto-Lei
número 55/2010, de 31 de maio.
21
Cfr. o artigo 26.º, número 2 do Decreto-Lei número 186/2007 de 10 de maio, alterado pelo Decreto-Lei
número 55/2010, de 31 de maio.
7
O DA pode, como medida cautelar, ter as suas funções suspensas de imediato, caso
tal se revele necessário para a instrução do processo ou para a defesa da segurança da
aviação civil22 ou, quando a reduzida gravidade da infração e da culpa do agente o
justifiquem, pode a ANAC comunicar ao diretor a decisão de proferir uma admoestação
e ainda determinar que o mesmo adote o comportamento legalmente exigido dentro do
prazo que a ANAC lhe fixe para o efeito.23
Caso o diretor de aeródromo não acate a admoestação prevista ou este não adote o
comportamento legalmente exigido, o processo prossegue com vista à perda da
titularidade do cargo de diretor24.
O Programa Nacional de Segurança foi adotado por Portugal, no decorrer das medidas
implementadas no plano europeu e internacional como reforço dos sistemas de segurança
na aviação civil pelo Decreto-Lei 142/2019 de 19 de setembro.
22
Cfr. o artigo 26.º, número 3 do Decreto-Lei número 186/2007 de 10 de maio, alterado pelo Decreto-Lei
número 55/2010, de 31 de maio.
23
Cfr. o artigo 26.º, número 4 do Decreto-Lei número 186/2007 de 10 de maio, alterado pelo Decreto-Lei
número 55/2010, de 31 de maio.
24
Cfr. o artigo 26.º, número 5 do Decreto-Lei número 186/2007 de 10 de maio, alterado pelo Decreto-Lei
número 55/2010, de 31 de maio.
25
Cfr. o artigo 26.º, número 8 do Decreto-Lei número 186/2007 de 10 de maio, alterado pelo Decreto-Lei
número 55/2010, de 31 de maio.
8
o nível da operação). O nível da operação, a nível aeroportuário é composto pelo diretor
do aeroporto2627.
- Autorizar, com a observância dos requisitos previstos nas normas de base comuns e
demais legislação aplicável, a emissão de cartões de identificação aeroportuária que
permitam o acesso ao lado ar ou à zona restrita de segurança, ou a partes desta, do
respetivo aeródromo;
26
A definição de aeroporto encontra-se no artigo 2º. alínea f) do Decreto-Lei número 186/2007 de 10 de
maio, alterado pelo Decreto-Lei número 55/2010, de 31 de maio, sendo ela: «Aeroporto» o aeródromo que
dispõe de forma permanente de instalações, equipamentos e serviços adequados ao tráfego aéreo
internacional, de acordo com as condições estabelecidas no presente decreto-lei.
27
Cfr. Artigo 5º. do Decreto-Lei número 142/2019 de 19 de setembro.
28
Cfr. Artigo 13º. do Decreto-Lei número 142/2019 de 19 de setembro.
9
- Informar o serviço executivo da ANSAC, sobre o estado de implementação das
normas, recomendações e procedimentos em vigor, no respetivo aeroporto ou aeródromo,
sempre que solicitado.
Caso ocorra, por parte do diretor de aeródromo a violação destes deveres no âmbito
da segurança aeroportuária, será instaurado um processo especial de inquérito, pela
ANAC, com vista ao apuramento dos fatos29.
Assim sendo, o Manual do Aeródromo Municipal de Cascais será objeto deste estudo.
29
Cfr. Artigo 13º. número 2 do Decreto-Lei número 142/2019 de 19 de setembro.
30
Cfr. Artigo 14º. do Decreto-Lei número 142/2019 de 19 de setembro.
31
Cfr. Artigo 15º. do Decreto-Lei número 142/2019 de 19 de setembro.
32
Cfr. Artigo 1º. do Regulamento número 36/2013 de 21 de janeiro.
10
aeródromo, importa analisar o manual de um aeródromo de forma a compreender quais
os deveres que, por norma, deste advêm.
33
Safety é a segurança operacional e a Security a segurança contra atos ilícitos.
34
Cfr. Manual do Aeródromo Municipal de Cascais, 2ª Edição, 2ª Revisão, 2 de setembro de 2020, p.23.
11
Posto isto, no manual do AMC estão atribuídas as seguintes competências ao diretor
de aeródromo:
- O DA providenciará, pelo menos uma vez por ano, uma auditoria ao aeródromo na
área da segurança36;
35
Cfr. Manual do Aeródromo Municipal de Cascais, 2ª Edição, 2ª Revisão, 2 de setembro de 2020, p.44.
36
Cfr. Manual do Aeródromo Municipal de Cascais, 2ª Edição, 2ª Revisão, 2 de setembro de 2020, p.45.
37
Cfr. Manual do Aeródromo Municipal de Cascais, 2ª Edição, 2ª Revisão, 2 de setembro de 2020, p.45.
38
Cfr. Manual do Aeródromo Municipal de Cascais, 2ª Edição, 2ª Revisão, 2 de setembro de 2020, p.46.
39
Manual Visual Flight Rules é a publicação emitida pelo prestador de serviços de informação aeronáutica
em nome do Estado Português, que contém informação aeronáutica de caráter duradouro, destinada à
navegação aérea segundo as regras visuais. cfr. Manual do Aeródromo Municipal de Cascais, 2ª Edição, 2ª
Revisão, 2 de setembro de 2020, p.55.
40
Cfr. Manual do Aeródromo Municipal de Cascais, 2ª Edição, 2ª Revisão, 2 de setembro de 2020, p.54.
12
- O DA é responsável por elaborar uma notificação que origine um suplemento ao
AIP41, sempre que se verifique uma alteração permanente da informação constante e neste
publicada42;
- O DA pode emitir cartões de acesso pontual ao aeródromo, caso estes sejam emitidos
localmente. Quando se trate de cartões de acesso a viatura, a entidade ou a serviço, o DA
receciona os seus pedidos, reencaminhando a informação para o coordenador de
operações45;
41
Aeronautical Information Publication é a publicação de informação aeronáutica emitida sob
responsabilidade do Estado. cfr. Manual do Aeródromo Municipal de Cascais, 2ª Edição, 2ª Revisão, 2 de
setembro de 2020, p.14.
42
Cfr. Manual do Aeródromo Municipal de Cascais, 2ª Edição, 2ª Revisão, 2 de setembro de 2020, p.55.
43
Notice to Air Man é o aviso à navegação aérea cfr. Manual do Aeródromo Municipal de Cascais, 2ª
Edição, 2ª Revisão, 2 de setembro de 2020, p.44.
44
Cfr. Manual do Aeródromo Municipal de Cascais, 2ª Edição, 2ª Revisão, 2 de setembro de 2020, p.56.
45
Cfr. Manual do Aeródromo Municipal de Cascais, 2ª Edição, 2ª Revisão, 2 de setembro de 2020, p.62.
46
Cfr. Manual do Aeródromo Municipal de Cascais, 2ª Edição, 2ª Revisão, 2 de setembro de 2020, p.80.
47
Cfr. Manual do Aeródromo Municipal de Cascais, 2ª Edição, 2ª Revisão, 2 de setembro de 2020, p.90.
48
Cfr. Manual do Aeródromo Municipal de Cascais, 2ª Edição, 2ª Revisão, 2 de setembro de 2020, p.101.
49
Cfr. Manual do Aeródromo Municipal de Cascais, 2ª Edição, 2ª Revisão, 2 de setembro de 2020, p.122.
13
- O DA é incumbido, em conjunto com o responsável pelo sistema de gestão de
ocorrências, de definir que ocorrências investigar. O DA é também responsável por
nomear uma equipa ou investigador de forma a ser auferida qual a causa principal dos
eventos registados50;
50
Cfr. Manual do Aeródromo Municipal de Cascais, 2ª Edição, 2ª Revisão, 2 de setembro de 2020, p.144.
51
Cfr. Manual do Aeródromo Municipal de Cascais, 2ª Edição, 2ª Revisão, 2 de setembro de 2020, p.145.
52
Cfr. MORANDI, FRANCESCO- Obblighi e responsabilità del direttore di aeroporto, in Atti del convegno
e responsabilità Cagliari, 24-25 ottobre 2003, Cagliari: Edizioni AV, 2005, p.42.
14
tem a capacidade de assegurar o funcionamento do aeródromo dentro destes limites,
sendo necessário sempre uma intervenção de terceiros para que sejam supridas algumas
das necessidades do aeródromo. Por conseguinte, como podemos imputar ao diretor a
obrigação de superintender o funcionamento do aeródromo, quando este não depende na
totalidade deste agente?
Advindo assim o seu direito de uma das suas obrigações, será que as contraordenações
a aplicar ao diretor de aeródromo são desproporcionais na medida em que os seus direitos
se resumem ao direito de fazer cumprir com os seus deveres?
Visto isto, ao lhe serem exigidas garantias de imparcialidade e isenção, será que este
pode exercer uma dupla função no sentido de operar em nome de uma Câmara Municipal
53
ALVES, HUGO RAMOS- O diretor de aeródromo, in Direito Aéreo Uma Introdução, AAFDL Editora,
2019, p.228.
15
enquanto, por vezes, seu funcionário subordinado a uma hierarquia e, cumulativamente,
ser representante da Autoridade Nacional da Aviação Civil enquanto agente do Estado,
sem qualquer contrapartida?
4. Referências bibliográficas
ALMEIDA, CARLOS NEVES DE- Linhas gerais da evolução do direito aéreo, in Estudos
de direito aéreo, Coimbra, Coimbra Editora, 2012.
ALVES, HUGO RAMOS- Direito Aéreo- Uma Introdução, AAFDL Editora, Lisboa, 2019.
16
MORILLAS JARILLO, MARIA JOSÉ; PETIT LAVALL, MARIA VICTORIA;
GUERRERO LEBRÓN, MARIA JESUS- Derecho aéreo y del espacio, Madrid: Marcial
Pons, 2014.
17