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RESUMO

O peixe da espécie Betta splendens é amplamente utilizado no mercado de


aquarifolia, o macho da espécie possui maior valor econômico em relação a fêmea,
todavia na maioria das vezes a reprodução resulta uma maior prole de fêmeas. A
pesquisa teve como objetivo realizar a indução do hormônio 17-alfa-metiltestosterona
na alimentação para a masculinização e reversão sexual das fêmeas da espécie, com
o intuito de manter a qualidade do peixe sem danificar seu padrão, além de aumentar
o lucro para os criadores. Os resultados obtidos foram bastante significativos por
apresentar 90% de machos e somente 10% de fêmeas.
INTRODUÇÂO

A aquicultura familiar de peixes ornamentais vem ganhado força no mercado,


atraindo cada vez mais criadores e dessa forma se tornando uma atividade cada vez
mais empregada no Brasil. Seu custo é relativamente menor em relação ao da
piscicultura de abate, mantendo vantagens como menor degradação ambiental,
menor consumo de água e reciclagem de garrafas plásticas.
A biotecnologia tem se espelhado no ramo da aquicultura principalmente ao
que se refere a masculinização e reversão sexual de peixes. A procura pela espécie
Betta splendens é grande, sendo mundialmente um dos peixes de água doce mais
comercializado devido à sua beleza e sua facilidade no manejo (Souza et.al, 2003). O
macho da espécie é popularmente conhecido como ´´peixe de briga´´ devido sua
agressividade contra os peixes da mesma espécie, possui origem no sudeste Asiático
pertencente à família Osphronenidae, são pulmonados, possui cuidado parental,
cores vibrantes, nadadeiras maiores em relação as fêmeas, além de um maior valor
econômico no mercado devido a sua estética.
As fêmeas geralmente possuem apenas a função de reprodução, mas quando são
comercializadas seu valor é bem reduzido em relação aos machos.
OBJETIVOS

O objetivo da pesquisa foi masculinizar e testar a reversão sexual nos peixes


da espécie Betta splendens, através do uso do hormônio 17-alfa-metiltestosterona
para proporcionar maior rentabilidade para o aquicultor, mantendo o mesmo padrão e
a qualidade do peixe.
METODOLOGIA

O experimento foi realizado em uma piscicultura familiar, que exerce a criação de


peixes ornamentais em Patrocínio do Muriaé. A pesquisa foi conduzida após o
acasalamento de dois casais de Betta splendens em bacias plásticas distintas.
Primeiramente os machos construíram seus ninhos e as fêmeas foram adicionadas
após 24 horas para que realizassem o “abraço nupcial”, como resultados foram
obtidas duas desovas contendo aproximadamente 1000 filhotes. No sétimo dia de
vida, os alevinos foram retirados das bacias plásticas e transferidos para tanques em
estufas com temperatura de 40ºC e a água com 28ºC. Foram separados cerca de 500
filhotes para o tanque controle (alimentação normal), e cerca de 500 filhotes para o
tanque em tratamento (alimentação com indução hormonal). Para o tanque em
tratamento a alimentação foi diferenciada, usou-se 1g do hormônio 17-alfa-
metiltestosterona diluído em 1 litro de álcool etílico absoluto (95%) e misturou-se em
10kg de ração. A oferta de ração foi feita 4 vezes ao dia durante 1 mês. No 60° dia de
vida, eles foram avaliados morfologicamente (interno e externo) para quantificar
relação macho/fêmea dos tanques.
Os critérios para determinação do sexo foram comprimento da nadadeira
caudal, ventral, anal e secções longitudinais para visualização de órgão reprodutor
(testículo). Após essa avaliação os peixes foram situados em garrafas pets
individualmente.
DESENVOLVIMENTO

A administração de esteroides para alevinos faz com que os tecidos, ainda


indiferenciados das gônadas de fêmeas, se desenvolvam em tecido testicular
produzindo indivíduos que cresçam e executem sua função reprodutiva como machos.
O processo deve ser iniciado antes que o tecido da gônada primitiva tenha se
diferenciado em tecido ovariano (POPMA e LOVSHIN, 1996). Desta forma constatou-
se que os peixes submetidos ao experimento a partir do sétimo dia de vida,
aprestaram modificações fenotípicas e genotípicas, tais como a masculinização e
reversão sexual, mantendo o padrão de estética e seu ciclo de vida.
RESULTADOS PRELIMINARES

No tanque controle se mantiveram uma média de 60% fêmeas e 40% machos


(gráfico 1), já no tanque em tratamento, houve uma média de 90% machos e 10% de
fêmeas (gráfico 2).
T anque controle T anque em tratamento
100% 100%

Gráfico 2
Gráfico 1 60% 40% 90%
0% 50%
10%
0%

fêmeas machos fêmeas machos

A (tabela 1) representa a diferença de lucratividade do aquicultor com e sem o


uso da indução hormonal no manejo da alimentação do Betta .
Total Total de Total de Rentabilidade bruta
Tratamento de fêmeas machos
peixes
Sem reversão 500 60% 40% 330,00 R$

Com reversão 500 10% 90% 680,00 R$


(Tabela 1) Preço comercial disponibilizados pelos criadores de Betta Splendens
(fêmea 0,10), (macho 1,50).

A alimentação diferenciada, proporcionou uma tecnologia de fácil execução e


custo reduzido, capaz de aumentar a rentabilidade dos produtores de peixes
ornamentais.
Portanto a pesquisa demonstrou dados significativos ocorrendo a
masculinização e a reversão sexual do Betta splendens com a utilização de 17-alfa-
metiltestosterona, sem afetar seu padrão estético e seu ciclo de vida. Este tipo de
pesquisa torna-se relevante para estudos futuros e como uma nova alternativa para
produção de peixes ornamentais para produção comercial.
Referências bibliográficas

KIM et al. Induction of masculinization in Siamese fighting fish by hormonal immersion


with emphasis on labile period to sex reversal. Aquaculture Reserch, v. 60, n. 2, p.15
- 17, 2007.

PADRÃO, D.H.B. et al. Masculinization of beta, Betta splendens, using


17ametiltestosterone-enriched Artemia nauplii as food. Simpósio Internacional de
Iniciação Científica USP. São Paulo, 2007.

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