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Ficcionista, cronista, poeta e autor dramático, coube-lhe a honra de ser o primeiro autor português
distinguido com o Prémio Nobel da Literatura, em 1998, consagrando, no seu nome, o prestígio das letras
portuguesas contemporâneas além-fronteiras. Atribuição tanto mais meritória quanto a sua existência
encontrou sempre condições adversas à satisfação da sua sede de cultura, ao longo de um percurso
biográfico pejado de obstáculos.
Oriundo de uma família humilde, José Saramago não pôde, por dificuldades económicas, prolongar os
estudos liceais; depois de obter o curso de serralheiro mecânico, desempenhou simples funções
burocráticas e conheceu, em 1975, o desemprego - que não o impediria, porém, nem de manter uma
postura cívica exemplar, marcada pelo empenhamento político ativo, antes e após o regime salazarista,
nem de, graças a um trabalho de autodidata, adquirir um saber literário, cultural, filosófico e histórico
incomparável, nem ainda de se tornar um dos raros escritores profissionais portugueses.
Figura de primeiro plano da literatura contemporânea nacional e internacional, a sua obra encontra-
se traduzida em diversas línguas, sendo objeto de vários estudos académicos.
É durante esta década que publica os títulos que o celebrizaram, como Memorial do Convento (1982), O
Ano da Morte de Ricardo Reis (1984) ou A Jangada de Pedra (1986), e onde problematiza, de forma
imaginativa e humorada, numa dinâmica narrativa livre (sem constrições, seja ao nível da expressão
linguística, marcada, do ponto de vista formal, por uma estratégia de integração, sem marcas gráficas, do
discurso dialogal das personagens e do narrador no fluxo contínuo do texto; seja ao nível da efabulação de
personagens ou do tempo), as modalidades de ficcionalização do tempo histórico, quer remetido para um
passado revisto a partir da atenção conferida às histórias reais ou sonhadas dos seres anónimos que
construíram a História (Memorial do Convento, O Ano da Morte de Ricardo Reis), quer concebida como
crónica de um futuro virtual que, sob a sua forma alegórica, não deixa de refletir uma inquietação sobre o
presente (A Jangada de Pedra).
A bibliografia de José Saramago abrange ainda textos teatrais (Que Farei Com este Livro, A Segunda
Vida de São Francisco, In Nomine Dei, Don Giovanni ou o Dissoluto Absolvido), o registo diarístico encetado
com a edição de Cadernos de Lanzarote e ainda uma breve incursão à literatura infanto-juvenil com A
Maior Flor do Mundo, de 2001, livro escrito em parceria com o ilustrador João Caetano, que acabou por
receber o Prémio Nacional de Ilustração atribuído nesse ano.
Em 2008, Saramago viu o seu best-seller Ensaio sobre a Cegueira ser adaptado para o cinema, pela
mão do realizador brasileiro Fernando Meirelles.
Comendador da Ordem Militar de Santiago de Espada desde 1985 e cavaleiro da Ordem das Artes e
das Letras Francesas desde 1991, José Saramago recebeu ao longo da sua carreira numerosas distinções.
Para além do prémio Nobel, foi galardoado, entre outros, com: o Prémio Bordalo de Literatura da Casa da
Imprensa, em 1991; o Grande Prémio Vida Literária, atribuído pela APE, em 1993; o Prémio Camões, em
1995; e o Prémio de Consagração de Carreira, da Sociedade Portuguesa de Autores, em 1995.
Nome
Data de nascimento
Local de nascimento
Data de Morte
Local da Morte
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Casado com
Profissão
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Prémios