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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL 1

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTAMIRA –


PA FACULDADE DE LETRAS DALCÍDIO
JURANDIR. ESPECIALIZAÇÃO LINGUAGEM
E ENSINO

LITERATURA E PODER NA
ÁFRICA LUSÓFONA . LEITURA E
APRESENTAÇÃO DE:
A REESTRUTUTURAÇÃO DO
POLÍTICO: A LUTA PELA
INTERIOZIZAÇÃO COLETIVA DA
UTOPIA

ERLEN PAIVA DA SILVA PACHECO


ITELVA PEREIRA REIS ARAUJO
RAIMUNDA DO S. GIL DAVID

PROF. Dr. PAULO JORGE DE MORAIS FERREIRA


Quem sou eu?
Doutorado em Ciências
Sociais, pela
Universidade de Mainz
(Alemanha), em 1984, é
Professor Catedrático
da Universidade da
Beira Interior (UBI),
onde ensina na área da
Sociologia, lecionando
também na Faculdade JOSÉ CARLOS
de Ciências Sociais da VENÂNCIO

Universidade Agostinho
Neto (Angola).
Investiga nas áreas da Sociologia da
Cultura, dos Estudos Culturais e Estudos
Africanos. É membro do conselho científico
da Revista Angolana de Sociologia e vice-
presidente da mesa da assembleia da
Sociedade Angolana de Sociologia.

De 1996 a 2007 foi Professor Visitante da


Universidade de Macau
O homem conhecido
como o pai fundador
da Zâmbia morreu
com a idade de 97
anos. Kenneth
Kaunda subiu ao
poder durante o
período pós-
independência de
KENNETH
África, quando
dezenas de antigas KAUNDA
colónias europeias 1924-2021
ganharam a sua
AS CONSEQUÊNCIAS DOS
ACONTECIMENTOS
OCORRIDOS EM ANGOLA
AINDA MAL COMEÇARAM
A SER COMPREENDIDOS EM
ÁFRICA.

KENNETH KAUNDA
A O IMPASSE: A VIVÊNCIA
RECONSIDERAÇÃO PARCIAL DA UTOPIA E A
DO PASSADO MULTIPLICIDADE DO
PRESENTE

TRÊS CRITÉRIOS DA
LITERATURA NA ÁFRICA E
LÍNGUA PORTUGUESA DO
PÓS-INDEPENDÊNCIA

A CRÍTICA AOS DESVIOS À


UTOPIA
RECONSIDERANDO
O PASSADO
COLONIAL
28/06/2023

“Assumiram, em suma, a busca da própria angolanidade”.


Kenneth kauanda
David Mestre
Luís Filipe Guimarães da
Mota Veiga, nasceu em
Loures, Portugal em 1984 e foi
para Angola com apenas oito
meses de idade.
Jornalista e crítico literário em
variados jornais e revistas de
Angola, de Portugal e de outros
países, coordenou diversas
páginas literárias.
Em 1971 fundou e dirigiu o
grupo «Poesias – Hoje», foi
director do «Jornal de Angola».
era membro da Associação
Internacional de Críticos
Pulicações
1967 - Kir-Nan (Luanda, edição do autor) Literários e da União dos
1973 - Crónica do Gheto (Lobito, Cadernos Capricórnio) Escritores de Angola.
1975 - Dizer País (Nova Lisboa, Publicações Luanda)
1977 - Do Canto à Idade (Coimbra, Centelha) 28/06/2023

1985 - Nas Barbas do bando (Lisboa, Ulmeiro)


1987 - O Relógio de Cafucolo (Luanda, União dos
Escritores Angolanos)
1991 - Obra Cega (Luanda, edição do autor)
1996 - Subscrito a Giz - 60 Poemas Escolhidos (Lisboa,
Imprensa Nacional - Casa da Moeda)
Manuel Rui
Nome
Completo:Manuel Rui
Alves Monteiro

Género Literário:
Poeta, escritor

Profissão: Porfessor,
político.

Nascimento: 04 de
novembro de 1941,
Pulicações Huambo, Angola
Assalto, sem data, Lisboa, Plátano Editora.
1988 - 11 Poemas em Novembro (Ano Oito, Luanda, União dos Escritores
Angolanos);
1985 - Cinco Vezes Onze Poemas em Novembro (Lisboa, Edições 70);
28/06/2023
Reúne os 5 primeiros livros da série 11 Poemas em Novembro
1984 - 11 Poemas em Novembro (Ano Sete, Luanda, União dos Escritores
Angolanos);
1981 - 11 Poemas em Novembro (Ano Seis, Luanda, União dos Escritores
Angolanos);
1980 - 11 Poemas em Novembro (Ano Cinco, Luanda, União dos Escritores
Angolanos;
1979 - 11 Poemas em Novembro (Ano Quatro, Luanda, União dos Escritores
Angolanos);
1978 - 11 Poemas em Novembro (Ano Três, Luanda, União dos Escritores
Angolanos);
1978 - Agricultura (Luanda, Ed. Conselho Nacional de Cultura / Instituto Angolano
do Livro);
1977 - 11 Poemas em Novembro (Ano Dois, Luanda, União dos Escritores
Angolanos);
Tendências literárias

Obras que privilegiam a


Obras que privilegiam a
integração na
integração na angolanidade
angolanidade pela via
pela via política.
cultural.

Portugal Colonial (David Mestre);


Dilaji dia Kimena
(Octaviano Correia);
Yaka (Pepetela);

A Madame (Arlindo Barbeitos), livro Memória de Mar


O Rio-Estórias e Regresso. (Manuel Rui);

28/06/2023
PORTUGAL COLONIAL

Curta
Nada te devo
A dizer-te
Nem o sítio
Que morri
Onde nasci
Nada te devo
Nem a morte
Portugal colonial
Que depois comi
Nem a vida
Cicatriz
Doutra pele apertada.
Repartidas
P’los cães
Nem a notícia
bilhetes que aparentemente eram colocados nas
trilhas do exército português. : Cenas do filme
Festival Panafricain d'Alger: Movements de
Libération, de William Kleim, (Argélia, 1969), citado
acima por Neves. Diante da plateia
28/06/2023 do Festival, a
luta anticolonial é interpretada por atores que
cantam, encenam e celebram os movimentos de
libertação do continente africano.
PORTUGAL COLONIAL

Curta
Nada te devo
A dizer-te
Nem o sítio
Que morri
Onde nasci
Nada te devo
Nem a morte
Portugal colonial
Que depois comi
Nem a vida
Cicatriz
Doutra pele apertada.
Repartidas
P’los cães
Nem a notícia
bilhetes que aparentemente eram colocados
nas trilhas do exército português. : Cenas do
filme Festival Panafricain d'Alger: Movements
de Libération, de William Kleim, (Argélia, 1969),
citado acima por Neves. Diante28/06/2023da plateia do

Festival, a luta anticolonial é interpretada por


atores que cantam, encenam e celebram os
movimentos de libertação do continente
africano.
O IMPASSE: A VIVÊNCIA PARCIAL DA
UTOPIA E A MULTIPLICIDADE DO
PRESENTE

"TRAN S IT Ó R IO É
ESTE TEMPO
QU E TE D IV I D E
SEM O S A B ER ES ,
[...]"

CONCEIÇÃO LIMA, poetisa são-tomense


Quem sou eu?
Maria da Conceição de
Deus Lima São Tomé e Príncipe

A Jornalista, poeta
nasceu em 8 de
e cronista
dezembro de 1962

Fez os estudos primários


membro-fundadora da União
e secundários em São
Nacional dos Escritores e
Tomé,
Artistas São-tomenses,
UNEAS

reside e trabalha como durante longos anos jornalista e


jornalista da TVS, Televisão produtora dos Serviços em Língua
São-tomense Portuguesa da BBC, em Londre
LITERATURAS QUE
PERTENCEM A
SOCIEDADE DE
CRIOULOS

CABO-VERDIANA

GUINEENSE

SÃO-TOMENSE
DE SÃO TOMÉ É A VOZ DE CONCEIÇÃO LIMA QUE SE
FAZ OUVIR SEUS "FRAGUIMENTOS POÉTICOS".

MELODIOSOS
SURPREENDENTES
INCISIVOS
DISCURSO POÉTICO SEGURO E REFLEXIVO
SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

POR DETRÁS DO QUE DIZ, DO QUE POETICAMENTE


ENUNCIA,ESTÁ ALGUÉM CONSCIENTE DE TODAS AS
DIFICULDADES QUE UM PAÍS COMO
SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE TEM DE PASSAR NA LUTA CONTRA O
DESENVOLVIMENTO.

POR DETRÁS DA POETISA ESTÁ, POR SUA VEZ, A MULHER QUE


SOFRE, QUE NAO ESMURECE
MESMO COM O PRESENTE ENSOMBRADO PELO
SUBDESENVOLVIMENTO
FRAGUIMENTOS POÉTICOS
Após o ardor da reconquista
não caíram manás sobre os nossos campos

E na dura travessia do deserto


aprendemos que a terra prometida era aqui

Ainda aqui e sempre aqui.


Duas ilhas indómitas a desbravar.
O padrão a ser erguido
pela nudez insepulta dos nossos punhos.

Emergiremos do canto
como do chão emerge o milho jovem
e nus, inteiros recuperaremos
a transparência do tempo inicial
Puros reabitaremos o poema e a claridade
para que a palavra amanheça e o sonho não se perca.
SONHAR, PARA CONCEIÇÃO LIMA, É
IGUALMENTE TER OS PÉS ASSENTES
NO CHÃO.
ECONOMIA POLÍTICA
BEM-ESTAR SOCIAL

O bem estar social, o combate


pelo desenvolvimento, está
para além da vitória política.
Ele, o bem-estar, será uma
vitória econômica. Será o
"padrão [...] erguido/pela nudez
insepulta dos [...] punhos".
CARLOS PIMENTEL
Nasceu no Namibe em 24 de setembro de 1944.
Obras publicadas: Pano Barato (1989) e Tijolo a
tijolo (1981), Menção honrosa do Prêmio NOMA
AWARD– 1982.
POEMA
SALFABETIZANDO
Salfabetizando
Sentado no chão
Rabiscando no pó
Um grupo escutando
Sentado no chão
Um grupo escutando
Rabiscando com o dedo
Com um pau sem papel, sem lápis
Um grupo Salfabetizando.
Não há lápis, não há uma folha
de papel para se aprender a
ler. saber ler significa aqui
compreender o mundo à volta,
compreender o porquê de estar
ali, tomar conciência das
relações que enquadram as
suas ações e que foram
despoletadas pela integração
forçada do deu meio ambiente
na economia mundial por via do
colonialismo. Argelino Rachid
Boudjedra (1965).
POEMA Manuel dos
O Trator
Somos um povo que olha a terra Santos Lima
a menos de um metro do chão,
[...]
peito fremente.

O nosso pai deixou-nos uma enxada


e um pedaço de terra favorecida.

Para a cultivar
o meu irmão pôs-se a sonhar
com um trator.

Do estrangeiro, prontamente,
lhe enviaram um estranho trator.

Tantas rodas,
tão grande motor!

O trator do meu irmão


tem na frente um canhão.
CRITICANDO OS DESVIOS À
UTOPIA
É nesta rubrica que a literatura angolana
do pós-independência se manifesta
com mais rigor e originalidade,
tomando a dianteira a todas as outras
literaturas lusófonas. Contudo, já se
começam a registar indícios noutros
países que são dignos de serem aqui
mencionados. Trata-se ainda de casos
isolados e escolhendo geralmente a
linguagem poética como meio de
expressão pelo que ela pode ter de
imediatismo.
Os textos destes, para além do carácter
não imediatista da mensagem que
deles se infere, apresentam ainda
continuidade estilística. São passíveis
de serem
avaliados no seu conjunto como um
facto literário, como um fenómemo
social. São
como que os tentáculos dum corpo
subterrâneo, invisível, que vive e que
se mexe,
condicionando a produção e a leitura
de tais textos.
Manuel Rui apresenta-nos um discurso
menos metonímico, menos directo. O autor
«esconde-se» por detrás da postura crítica
de duas crianças que, pela inocência
dos seus anos, se tornam por isso mesmo
mais inflexíveis quanto ao propósito final
com o qual o autor parece realizar
homologia: a reconstrução nacional como
um
todo, como uma utopia, realizável tanto no
seu sentido horizontal (contemplando o
spaço geopolítico herdado do colonialismo e
a integração das sociedades periféricas,
tradicionais, na angolanidade) como vertical
(a funcionalidade do poder de forma a
evitar a formação de novas élites).
A crítica que o autor faz à sua
sociedade contemporânea é
formalmente
legitimada por um artifício estilístico.
O sujeito de observação, o sujeito de
enunciação, está colocado no futuro,
funcionando como um avisador dos
Angolanos do presente. Como quase
todos os textos de Pepetela, também
este é marcado por uma transição que
encontra homologia na própria
transformação da sociedade
angolana.
Manoel dos Santos
Lima

Nasceu em 28 de Janeiro de 1935, Kuito, Angola.


Manuel dos Santos Lima poeta angolano,
dramaturgo, romancista e cuja escrita está
enraizado na luta pela libertação de Angola do
colonialismo.
Estudos liceais em Angola, licenciando-se em
Direito pela Universidade de Lisboa, doutorando-
se em Letras (Universidade de Lausanne, Suíça).
Viveu no Brasil, no Canadá, na França e em
Portugal. Membro ativo da Casa dos Estudantes
do Império.
Obras: Manoel Guedes
Kissange dos Santos Lima

(poemas); As
Sementes da
Liberdade
(romance); A Pele
do Diabo (teatro);
Os Anões e os
Mendigos
(romance)lo
Manuel dos Santos Lima, com o texto Os
Anões e os Mendigos, representa
então uma segunda hipotética tendência
na crítica aos desvios da utopia. Digo
hipotética porque apenas disponho de
dois textos para ilustrar essa tendência.
Na verdade, a diáspora angolana, nos
quinze anos em que o país é
independente, pouco produziu
literariamente, no que contrasta
abertamente com a produção acontecida
no interior do país. Não podemos por isso
falar de uma literatura angolana do
exílio,
género para o qual os dois textos em
causa nos remeteriam.
O POEMA NÃO SE LIMITA À ATITUDE DE RESISTÊNCIA,
COMO ANGOLANO, DO SUJEITO POÉTICO.

Exprimo-me pelo silêncio


em torno de mim decretado.
Cumpro pena de ausência
por insubmissão
e reincidência.

Vivo no segredo sintonizado


de quem me sabe.

Sou
na negação com que me afirmam.
Reconhecem-me
omitindo-me
logo existo,
por isso resisto.
O exílio é a Pátria
que me confirma
no meu país confi scado,
onde a Nação abortou.

Oiço-lhe os gritos
e como outrora
busco as sementes
de uma nova aurora
entre as raízes
que ainda o são.

Estou presente
queiram ou não
os meus juízes.
m pouquinho de texto

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