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CALIBRE
CALIBRE
40 S&W
PARA OS AFRFs
Uma abordagem técnica
Elaborado por:
Junho de 2003
a7396[1]
1) INTRODUÇÃO
1
Se necessitamos utilizá-las, que o façamos dentro da técnica e de uma
doutrina que esperamos estar ajudando a formar. Doutrina onde não há espaço para
o erro, para falhas e imperfeições.
Esperamos que o presente trabalho, além de aumentar os
conhecimentos dos membros da categoria sobre o assunto, contribua para a
liberação do calibre .40 S&W, munição de elevado grau de eficiência, conforme
acreditamos restar comprovado ao final deste trabalho.
Rogamos ainda que todos compreendam a importância do tiro
dinâmico [ou policial] e seu treinamento, na atividade fiscal e na defesa de seus
familiares.
É o que nos propomos com este trabalho.
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Os revólveres sobrevivem até nossos tempos devido a excelentes
qualidades que os fazem armas robustas, aptas para o uso diário e extremamente
confiáveis. Derivam de um modelo da firma norte-americana Smith & Wesson, que
desenvolveu o revólver de tambor reversível (de “abrir para o lado”), à época da
criação e popularização do calibre .38 SPL, de cartucho metálico, apropriado para a
chamada retro-carga.
A outra classe de arma curta que merece nossa maior atenção, devido
ao escopo deste trabalho, é a das pistolas semi-automáticas. Com a criação dos
cartuchos metálicos de fogo central, e com os avanços na fabricação de novas
pólvoras e munições, foi possível a criação de uma arma de repetição que utiliza a
força dos gases produzidos na detonação, aplicando o princípio da igualdade entre
ação e reação para realizar, automaticamente, as operações de extração do estojo
deflagrado, ejeção deste para fora da arma, alimentação da câmara da arma com
novo cartucho e engatilhamento do mecanismo de disparo.
As primeiras armas semi-automáticas surgiram graças à criação do
aludido cartucho metálico. Andres Schwarzlose propôs, em 1893, uma pistola
automática, que utilizava o movimento do cano para o mecanismo de repetição e,
ainda que não tenha sido produzida, seu sistema adaptou-se a metralhadoras que
foram utilizadas na Primeira Guerra Mundial.
A primeira pistola semi-automática que alcançou fama mundial, embora
não tivesse sido comercializada em grande escala, foi desenhada pelo norte
americano Hugo Borchardt, que, na Alemanha, trabalhando por contrato para a
empresa Ludwig Loewe, a comercializou em 1893.
Esta arma já dispunha de carregador separado, no cabo, com
capacidade para oito cartuchos da munição 7,65 mm, que, mais tarde, daria origem
ao 7,63 mm Mauser. A arma de Borchardt foi a predecessora da famosa Luger,
sendo esta, de fato, foi uma atualização daquela.
Outro importante inventor foi o alemão Teodoro Bergmann, que em
1893 patenteou seu primeiro modelo de pistola semi-automática. Na Espanha, uma
pistola chamada Bergmann-Bayard, produzida em 1891, já dispunha de carregador
separável.
Outro marco na história da evolução das pistolas é a alemã Mauser C-
96, uma preciosidade mecânica que serve de modelo de funcionamento até para os
padrões atuais.
Nos EUA, John Moses Browning desenha sua primeira pistola em
1889. George Luger, outro alemão, produziu a P-08 (Parabellum 1908), verdadeiro
mito, baseado na arma de Borchardt. Esta arma foi amplamente utilizada nos dois
primeiros conflitos mundiais.
Em 1911, o Exército dos Estados Unidos adota, em substituição ao
revólver, como arma de coldre, a pistola de desenho Browning, em calibre .45 ACP,
fabricada pela Colt, denominada “Colt Government Model” (foto acima), considerada,
também, modelo de mecanismo para pistolas atualmente produzidas.
A Inglaterra adota em 1913 a Webley-Scott MK I, e, em 1915, a Beretta
italiana torna-se arma regulamentar do exército da Itália, popularizando de vez o
calibre 9 mm Parabellum.
Posteriormente, a Alemanha substitui a Luger P-08 pela Walther P-38,
a primeira a utilizar o sistema de dupla ação em seu mecanismo (Sistema que
permite que as armas possam ser acionadas sem prévio engatilhamento, ou
popularmente falando, sem precisar armar o cão).
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As pistolas semi-automáticas têm demonstrado, na prática, serem
armas de combate e defesa por excelência, não ocorrendo por acaso a substituição
gradual do revólver por esse tipo de arma curta.
Atualmente, fabricantes de pistolas como Glock e Sig-Sauer, Heckler &
Koch e as nacionais Taurus e Imbel, nos mostram que esta classe de arma tende a
substituir de vez o revólver, tanto na atividade policial quanto na defesa pessoal.
3-) MUNIÇÕES
4-) O PROJÉTIL
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Exemplo de projétil semi-jaquetado ponta oca
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Um “grain” equivale a 0,0648 de grama; 7000 “grains” equivalem a uma
libra de peso. Utiliza-se esta unidade de medida, em virtude do baixo peso que
apresentam as cargas de projeção e os projéteis.
Como exemplo, seguem algumas cargas e pesos de projéteis para o
calibre .38 SPL:
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Efeitos primários dos projéteis
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Embora a legislação brasileira atual não permita a nós, Auditores-
Fiscais da Receita Federal, alçar grandes vôos no tocante a calibres de última
geração, nem quanto ao armamento correspondente, isso não impede que no
exercício de nossas funções legais nos deparemos com armas cujos calibres não
são permitidos a civis. Vamos citar aqui alguns dos calibres mais importantes para
defesa com armas curtas.
Calibre .22
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O alcance da munição .22 LR é de 1,5 milha ou 2.400 metros
(aproximadamente), exigindo, portanto, muito cuidado no tiro informal ou na caça de
pequenos animais, pela possibilidade de transfixação do alvo.
O calibre .22 tem como principal desvantagem a irregular distribuição
da massa iniciadora (espoleta) ao redor de seu culote, que nem sempre é 100%
percutida. Quando isto ocorre, basta girar o cartucho na câmara da arma para que a
percussão se dê em outro ponto do culote, mas apenas em sessões informais de
tiro. Numa situação de defesa tal ato é completamente inviável.
A fragilidade do cartucho traz como conseqüência deformações no seu
corpo quando manuseado inadequadamente em armas semi-automáticas,
acarretando com isso problemas de alimentação.
Outra característica deste calibre é o pequeno impacto causado pelo
projétil contra um ser humano. A sua velocidade, aliada ao baixo peso do projétil,
gera um impacto insuficiente para interromper imediatamente uma ação ofensiva,
excetuando-se um impacto certeiro em pontos vitais.
Em termos de defesa, foi aperfeiçoado com o lançamento dos
cartuchos de 3ª geração, além do .22 Magnum, que possuem maior possibilidade de
gerar grandes traumatismos aos órgãos atingidos, devido à alta velocidade de
deslocamento do projétil.
É adequado o uso de um revólver ou pistola, neste calibre, para
defesa? O cartucho na configuração permitida pela legislação brasileira (.22 LR) não
é aconselhável para defesa pessoal, mas se fosse possível a utilização legal do .22
Magnum com projétil de ponta-oca, este seria sim um cartucho razoável para
defesa, pois sua balística se aproxima do .38 SPL, devido à alta velocidade do
projétil.
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O calibre 6,35 mm foi criado pelo armamentista John Moses Browning
junto à Fabrique Nationale de Armes de Guerre (FN), de Herstal, Bélgica, em 1906,
para uso em uma supercompacta pistola de defesa.
Nos EUA o calibre foi introduzido em 1908, utilizando-se a medida de
diâmetro de seu projétil em centésimos de polegada, acrescido das letras ACP
(Automatic Colt Pistol), tornando-se então conhecido como .25 ACP ou .25 Auto.
Na Europa, nas décadas de 20, 30 e 40, era comum cavalheiros e até
damas portarem pequenos revólveres ou pistolas nesse calibre em seus bolsos,
bolsas e até nos grandes calções de banho dos policiais daquela época, durante
seus passeios e atividades.
No Brasil disseminaram-se pequenas armas nesse calibre, de origem
alemã e espanhola, até a década de 50, sendo que até hoje esse cartucho é
fabricado pela CBC.
Quando criado, buscou-se o mínimo em termos de portabilidade e
eficiência, com funcionamento simples e seguro.
Pelo baixíssimo “stopping power” (poder de parada) gerado pelo
calibre, não cabe analisar a viabilidade de se portar uma arma no calibre 6,35 mm
para defesa, pelo fato de que ele foi concebido para ser utilizado em última
instância, ou como 2ª arma.
Seu uso é útil de 2 a 5 metros, o que podemos chamar de “combate a
curta distância”, quase como um corpo-a-corpo. É o calibre mais fraco em termos de
energia, sendo desaconselhável a sua utilização para qualquer fim, pelo seu fraco
desempenho. Ademais, as armas criadas para esse calibre, normalmente pistolas
semi-automáticas extremamente compactas, não trabalham com o conceito de
precisão, como é o caso do .22.
A sua destinação a armas extremamente compactas tem como
vantagem o porte discreto, chegando a serem usadas como a arma reserva da arma
reserva. As armas calibre 6,35 mm têm como característica o fácil manuseio e
pequeno recuo, indicadas para iniciantes pouco familiarizados com o tiro.
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ETOG/BC .251” 50 760 232
Também conhecido como .320, foi criado por volta de 1860 nos EUA,
na configuração “Rim Fire” (fogo circular), ou seja, sem espoleta central no culote do
cartucho.
Dez anos após a sua invenção, os ingleses desenvolveram o calibre,
rebatizado de .320, agora de fogo central, especificamente para revólveres
produzidos pelas firmas Webley e Tranter. Com o advento de sua nova configuração
(fogo central), o calibre disseminou-se pela Europa, passando a ser fabricado em
diversos países. Os cartuchos em fogo central, no caso o .32 S&W (curto) e o .32
S&W Long, são fabricados até hoje e ainda mantêm um bom índice de vendas.
Há 40 ou 50 anos, as armas nos calibres .32 S&W Short ou .32 S&W
Long representavam a maioria daquelas utilizadas, tanto para a defesa quanto para
o uso policial, devido ao fato que o .38 era ainda considerado “demasiadamente
potente e pesado”.
O calibre .32, ao atingir um ponto vital do corpo humano, é tão letal
quanto qualquer outro calibre. Tratando-se de pontos vitais, não existe “calibre que
mata mais ou calibre que mata menos”.
Hoje, o calibre .32 é considerado inadequado para fins de defesa, pela
pouca capacidade que tem de transferir energia ao atingir o alvo. Presta-se mais
para sessões informais de “plinking” (tiro em pequenos alvos, como latas de tinta e
que tais).
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Calibre 7,65 mm Browning (.32 ACP)
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ETOG/BC .311” 71 905 276
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FMJ/BP – Projétil totalmente encamisado de base plana.
SEPO/BP – Semi-encamisado de ponta oca, base plana.
A munição .38 SPL + P (“plus power”, “plus pressure”, mais força, mais
pressão) é um desenvolvimento natural do calibre .38 criado no início do século
passado.
A munição + P é aquela que opera com pressões acima do padrão do
calibre, mas ainda dentro da margem de segurança estipulada pelos fabricantes de
armas.
Em 1974, o Instituto de Fabricantes de Armas e Munições Esportivas
(S.A.A.M.I.) dos EUA normatizou a nomenclatura “+ P” de acordo com as
características técnicas de cada calibre. O calibre .38 opera a um teto de 18.900
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c.u.p. (Cooper Units of Pressure) sendo que o teto estabelecido para o .38 SPL + P
é de 22.400 c.u.p. Armas de boa procedência com manufatura recente e robusta
podem utilizar tal munição, porém seu uso constante ou excessivo acarreta um
desgaste prematuro da arma. Os revólveres TAURUS calibre .38 SPL fabricados a
partir de setembro de 1988, cujos números de série são iniciados pelas letras HI,
bem como os revólveres ROSSI fabricados a partir de janeiro de 1979, são
dimensionados para atuar com munição .38 SPL + P, devido a alterações efetuadas
na dureza de seus tambores.
É importante frisar que o uso contínuo de munição + P pode reduzir a
vida útil da arma que a utiliza, em especial aquelas de pequenas dimensões,
podendo exigir ajustes periódicos em seu mecanismo.
Com o maior recuo da arma, decorrente da maior potência do cartucho,
é aconselhável que o atirador efetue prévio treinamento com tal munição,
adequando inclusive o ponto de visada (armas de mira fixa) ou regulando o seu
sistema de pontaria (miras reguláveis).
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.38 SPL + P 125 grains 283 930 275
.38 SPL + P + 90 grains 301 990 296
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Devido ao excesso de potência, quando utilizado em revólveres
apresenta um fenômeno de erosão no cone de forçamento dos canos (parte inicial
do cano do revólver, próximo ao tambor) e na parte superior da armação (“gas
cutting” ou corte pelos gases da pólvora), apresentado na primeira centena de tiros,
reduzindo rapidamente a vida útil da arma.
Superior em potência ao .357 Magnum, é inviável o seu uso para fins
policiais/defensivos. É muito utilizado nos EUA para o tiro à silhueta metálica, que
demanda grande energia.
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mundo. Destaca-se a alta velocidade de seu projétil aliado ao pequeno tamanho do
cartucho, que possibilita a utilização de carregadores de grande capacidade em
armas compactas. Esta particularidade fez nascer nos EUA o conceito “wondernine”,
que nada mais é do que a exaltação das pequenas pistolas nesse calibre, com
carregadores de alta capacidade, classificadas então como armas de grande poder
de fogo.
O cartucho 9 mm Luger, quando utilizado com projétil ogival, totalmente
encamisado, possui bom poder de penetração, porém com pequena deformação,
reduzindo o seu poder de parada. Já com projéteis modernos, do tipo ponta oca
(EXPO), ou especiais (Glaser, Silvertip, Black Talon – projéteis norte-americanos), o
seu poder de parada aumenta consideravelmente, pelo aproveitamento da grande
velocidade do projétil, que ao chocar-se com o alvo deforma-se mais facilmente.
Tais características levaram o calibre 9 mm Luger a ser adotado por
diversas forças armadas em substituição ao calibre .45 ACP, a exemplo do Brasil, e
até mesmo nos EUA, que utilizavam o .45 ACP pelas suas características peculiares
e inclusive pela tradição, mas que ocupava muito espaço nos carregadores das
armas.
As polícias brasileiras utilizam este cartucho há vários anos nas suas
submetralhadoras (Taurus MT 12A, Heckler & Koch MP5A, etc.) e pistolas (Taurus
PT 92 – 15 tiros), fazendo uso do cartucho fabricado pela CBC (Companhia
Brasileira de Cartuchos).
O 9 mm só é considerado um bom calibre para defesa quando utilizado
com projéteis deformáveis, caso contrário ele transforma-se em um bom
“perfurante”, muitas vezes transmitindo o resto de sua energia inicial contra uma
parede, um carro ou uma vítima inocente, após atravessar o 1° alvo.
Calibre 10 mm Automatic
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fracasso da arma, faliu dois anos após seu lançamento. O calibre ressurgiu graças à
fábrica COLT, que lançou a pistola DELTA ELITE, onde o calibre ganhou força
comercial, gerando então lançamentos de outros fabricantes, como a GLOCK,
SMITH & WESSON, SPRINGFIELD ARMORY, etc.
Apesar de ser um calibre sem repercussão nos meios militares e
policiais, o FBI (EUA) fez estudos e ensaios com a finalidade de adotar o 10 mm
como padrão para uso em serviço, mas tal cartucho demonstrou ser
demasiadamente potente, gerando forte recuo e estampido. Trazendo dificuldade
inclusive na recuperação da visada no segundo tiro, o calibre 10 mm foi “abrandado”
utilizando projéteis mais leves, disparados a velocidades mais baixas, chegando a
uma balística semelhante à do calibre .45 ACP, adequado à função policial e para
defesa pessoal.
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Calibre .44
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Esportivamente, é utilizado em revólveres e pistolas de tiro único para
a modalidade de silhuetas metálicas.
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Encontramos aficionados, nos meios civis e militares, pelo .45 e pelas
armas que o utilizam (as “bocudas”, assim carinhosamente chamadas em referência
ao largo calibre), que não abrem mão daquele diâmetro, mesmo com o lançamento
de calibres mais modernos. É um calibre autorizado aos civis somente para
competições de tiro prático (IPSC).
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O .40 S&W foi praticamente desenvolvido para atender às
necessidades daquele órgão policial norte-americano, que pedia um cartucho com
projétil de 180 “grains”, carga propelente menor que a apresentada pelo cartucho
calibre 10 mm, sendo que este já apresentava o diâmetro considerado adequado
(projétil com diâmetro de .400”). O comprimento total do cartucho deveria ser menor
que o do 10 mm, com pressões de trabalho que pudessem ser suportadas por
armas de dimensões semelhantes às do calibre 9 mm, além de ser demandado um
desempenho que possibilitasse uma penetração de 12 polegadas em gelatina
balística, após atravessar um obstáculo fino de vidro ou madeira. Tudo isso
mantendo as características de transferência de energia ao alvo, mesmo sendo o
projétil totalmente encamisado.
Vemos então que as pesquisas derivaram de especificações técnicas
exigidas por uma polícia, para a criação de um cartucho, que seria utilizado por ela.
O que foi criado teve aceitação tão grande que hoje existe um “fenômeno .40” na
Europa e nos EUA, com a adoção deste calibre para uso policial, para defesa e
também para uso esportivo. Considerado calibre maior, é largamente utilizado em
provas de IPSC (Tiro de Combate) com excelentes resultados.
Estatísticas norte-americanas apontam o calibre .40 S&W como uma
das mais efetivas munições para defesa, com o seu “stopping power” chegando a
96%, (superando o calibre .45, historicamente conhecido como mais eficaz)
conforme tabela elaborada por Evan P. Marshall, atirador e pesquisador. Este
percentual somente é alcançado por uma marca específica de fabricação norte-
americana. Como não dispomos de tal munição, lançamos mão de cartuchos
fabricados pela indústria nacional, que apresentam desempenho semelhante à
média dos concorrentes internacionais.
Além disso, o calibre .40 S&W assemelha-se ao .45 quanto à sua
operação na arma, sem falhas significativas, ao contrário do 9 mm Luger, que é
naturalmente mais seletivo quanto à configuração dos itens utilizados na sua carga
ou recarga. Cabe citar aqui que uma comparação entre os calibres 9 mm, .40 S&W e
.45 ACP é natural, pois a competição entre o 9 mm e o .45 já é histórica, quanto à
eficiência no uso militar, policial e para a defesa do civil. O calibre .40 S&W veio
somar-se à dupla, apesar de ser considerado como uma munição que ainda
encontra-se na sua “infância”, em termos de mercado, pois foi lançada há pouco
mais de dez anos.
A indústria de material bélico se esmera no aprimoramento de produtos
para utilização deste calibre, com o cuidado de projetar armas mais robustas, com
detalhes reforçados, tendo em vista que o calibre .40 S&W realiza uma enérgica
operação de ferrolho (recuo do ferrolho, posterior ao disparo), causando fadiga
mecânica na estrutura da arma.
Não podemos entender a criação do cartucho calibre .40 S&W como
sendo o modelo definitivo, a exemplo do 10 mm Auto, que na década de 80 era
considerado como o calibre do futuro, mas que teve pouca expressão no mercado,
após o seu lançamento. Devemos, sim, observar as suas características mais
adequadas à função policial e defesa, tendo em vista que é uma munição idealizada
pela polícia para ser utilizada por ela.
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PRESSÃO MÁXIMA DE TRABALHO 35.700 c.u.p.
COMPRIMENTO MÁXIMO DO 28,83 mm
CARTUCHO
Calibres especiais
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estudo mais aprofundado sobre as munições e seus componentes, de modo a
permitir uma maior eficácia desses conjuntos, em situação de combate.
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Mesmo assim, algumas conclusões importantes foram obtidas: a lesão
interna aumenta quando o projétil não segue de modo retilíneo, mas tomba e rola
nos tecidos, aumentando a cavidade temporária; projéteis secundários (na verdade,
estilhaços de ossos), provocados por ossos fragmentados, por exemplo, podem
causar destruição distante do trajeto do projétil; o movimento dos líquidos dos
tecidos causa danos em todas as direções, além daquela da trajetória do projétil.
Chalberlin deu importância à reação hidráulica dos líquidos dos tecidos animais, e
seu efeito sobre o sistema nervoso central.
Também nos EUA, no final dos anos 20, o General Julian S. Hatcher
realizou estudos baseados nos resultados da comissão Thompson – La Garde,
concluindo, à época, que a ocorrência do “Stopping Power” estava relacionada ao
momento (instante em que o projétil choca-se com o alvo [momento é um conceito
da física, que é, segundo o Dicionário Aurélio, o produto da massa pela velocidade]),
e afirmando que um projétil lento e pesado teria maiores chances de causar o
fenômeno da incapacitação imediata do que um mais leve e veloz. Hatcher
apresenta, inclusive, uma fórmula para cálculo comparativo da eficiência de
projéteis.
Os resultados, até aqui, mostravam-se inconclusivos e baseados mais
nas experiências do que em raciocínios realmente científicos.
Outro americano que realizou estudos referentes ao poder de
incapacitação de projéteis de armas de fogo foi um médico militar, o Dr. Flacker,
especialista em ferimentos por bala, que estudou longamente as necropsias de
pessoas atingidas por projéteis de armas de fogo.
Como o trajeto de um projétil pelo corpo humano deixa a cavidade
permanente causada pela lesão de sua passagem, lesão esta que pode ser vista no
ato da necropsia, esse pesquisador valorizou esta cavidade como causa da
incapacitação do agressor, e concluiu que os projéteis mais pesados têm uma
penetração maior, e, portanto, deixam maior lesão nos tecidos. Entretanto, além
dessa cavidade permanente, os estudos atuais mostram que há a cavidade
temporária simplesmente desconsiderada por Flacker por ocasião de seus estudos.
Há, ainda, um outro trabalho, executado por um policial norte-
americano, Fairburn, que estudou os resultados também reais de registros policiais.
O número de casos estudados foi pequeno, o que não permitiu ao pesquisador
separar as diferentes munições dentro de um mesmo calibre. Mesmo assim, suas
conclusões mais importantes são, por exemplo, que o calibre de maior poder de
parada é o .357 Magnum, que o melhor projétil em calibre .38 é o de 158 grains de
peso, ponta oca, semi canto vivo + P, e que o calibre .38 SPL não é efetivo, parando
uma agressão apenas uma vez a cada quatro casos.
Mais recentemente, em 1991, foi realizado um estudo em Strassbourg,
na França, onde um grupo de pesquisadores, que incluía médicos, fisiologistas,
neurologistas, veterinários, patologistas e especialistas em balística, analisou vários
calibres, desde o .380 ACP até o .44 Magnum, cada qual em diferentes
configurações. Como alvos, utilizaram cabras vivas, de tamanho padronizado, em
virtude de ter esse animal o tórax aproximadamente do mesmo porte do tórax
humano.
Cada animal foi deixado em uma cela, com água à disposição, sendo
alvejado, a partir de uma máquina de tiro, sempre no mesmo ponto, atingindo o
pulmão em uma posição alta que impedia que o projétil atingisse o coração ou um
grande vaso sangüíneo. O objetivo era estudar o poder de parada, através do
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desfalecimento do animal atingido. Cada animal foi monitorado quanto ao
eletroencefalograma e à pressão arterial. Foi medido o tempo decorrido desde o
disparo até a incapacitação do animal (tempo médio de incapacitação total).
Depois de incapacitados (não necessariamente mortos) os animais
eram abatidos e necropsiados e, em caso de haver doenças ou estilhaços de ossos
ou de balas terem acertado o coração ou um grande vaso, esses casos eram
eliminados da estatística. Foi buscado apenas o resultado de um tiro capaz de
incapacitar o animal por efeito exclusivo da trajetória do projétil através dos tecidos.
Os resultados, mostrados em resumo geral na tabela a seguir,
expressos em tempo médio de incapacitação, confirmam plenamente o que Marshall
e Sanow, dois outros pesquisadores, apresentariam anos depois em seu trabalho.
Os menores tempos de incapacitação foram dos calibres .357 Magnum (o mais
rápido), o .40, o .45 e os projéteis mais leves em calibre 9 mm. O projétil 9 mm mais
pesado (147 grains), foi muito inferior. Outro resultado digno de nota é o que foi
obtido com arma curta, de duas polegadas de cano e em calibre .38 SPL, ponta de
chumbo ogival, que não incapacitou a cabra alvejada, mostrando-se ineficiente para
a obtenção do Stopping Power.
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importância da forma do projétil, em especial de sua ponta, como fator de aumento
do poder de parada de determinado tipo de munição.
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Calibre e Munição Porcentagem de Parada
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probabilidade de que ele cesse imediatamente suas ações. Nesses casos, o
agressor deve cair instantaneamente.
A questão do choque hipovolêmico é um tanto controversa, pois pode
levar algum tempo, entre o atingir do projétil e a interrupção das funções motoras do
oponente: o agressor pode seguir em ação por tempo suficiente para concretizar o
ato agressivo. Mesmo com o coração ou a aorta, por exemplo, seriamente
comprometidos, um indivíduo pode não cair instantaneamente. Somente há parada
instantânea em cem por cento dos casos (ou o mais próximo deste valor) quando
aquelas estruturas nervosas mencionadas – cérebro e medula – são atingidas.
Um outro mecanismo, chamado de choque neurogênico é citado por
médicos especialistas como sendo um dos responsáveis pela queda imediata de um
oponente.
Sua ocorrência é fácil de ser observada, por exemplo, nas lutas de
boxe ou de vale-tudo, onde um lutador é posto fora de combate por um soco ou
pontapé na altura do fígado, na ponta do queixo ou no lado da cabeça. Esse
desfalecimento pode se dar por alguns minutos ou mesmo por alguns segundos,
seguido por uma sensação de desorientação e de dificuldade em manter o equilíbrio.
Isso ocorre porque o golpe atingiu áreas do corpo, embora
superficialmente, que transmitem impulsos nervosos ao sistema nervoso central e
que chegam à áreas que governam a consciência e o tônus dos músculos
antigravitacionais das pernas, os extensores, músculos que permitem ao corpo se
manter em pé.
Não se sabe com certeza, mas este pode ser o mecanismo que faz
com que uma pessoa atingida por um projétil em área não vital, desfaleça
imediatamente. A cavidade temporária parece ser a responsável pela ocorrência
deste choque e pela perda da consciência.
Segundo os médicos, estruturas como vísceras e ramificações
nervosas podem, se atingidas, provocar o fenômeno. A zona do corpo humano
limitada pela bacia pélvica, por onde transitam nervos importantes para a
sustentação das pernas e pela proximidade de plexos nervosos, como o plexo solar,
é um local de alta ocorrência do choque neurogênico.
O fenômeno, entretanto, é menos observado em indivíduos sob efeito
de drogas.
O atirador conta com três possibilidades principais de parar um
agressor instantaneamente: um tiro que atinja a cabeça e acerte principalmente a
estrutura do tronco cerebral; um tiro que secione a medula espinhal; e o tiro com um
projétil de alta velocidade, que gere uma cavidade temporária capaz de produzir o
citado choque neurogênico.
Assim, a maior certeza de parar imediatamente um agressor é acertá-lo
com disparos múltiplos, uma vez que os estímulos gerados por várias cavidades
temporárias se somam, e resultam em um poder de parada muito maior.
Podemos contar também com a incapacitação mecânica do agressor,
se nosso projétil atingir algum osso como o fêmur. Neste caso, o agressor irá cair
instantaneamente, tanto por problemas mecânicos como por reflexo pela dor.
Entretanto, permanecerá no domínio de seus movimentos com as mãos, e se estiver
armado com uma arma de fogo, poderá seguir atirando, pois não terá perdido os
sentidos.
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Armas, munições e poder de parada
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Calibre Marca de Tipo de Número de Número de Percentual
Munição e Projétil casos casos em que de eficiência
Peso do analisados houve a (Stopping
Projétil (em incapacitação Power)
grains) imediata
.32 ACP W-W 60 STHP 71 43 60,56
W-W 71 FMJ 98 49 50,00
.380 ACP Federal 90 JHP 106 69 65,09
W-W 85 STHP 59 32 54,23
R-P 88 JHP 37 20 54,05
Federal 95 FMJ 87 45 51,74
.38 SPL W-W 158 LHP + P 75 50 66,66
(2” de cano) Federal 158 LHP + P 38 25 65,78
Federal 125 JHP + P 45 28 62,22
Federal 158 SWC 89 44 49,43
Federal 158 RN 206 101 49,02
.38 SPL W-W 158 LHP + P 222 167 75,22
(4” de cano) Federal 158 LHP + P 163 116 71,16
Federal 125 JHP + P 183 126 68,85
Federal 158 SWC 174 92 52,87
Federal 158 RN 306 160 52,28
9 mm Federal 155 JHP + P + 76 68 89,47
Parabellum Federal 124 Nyclad 185 150 81,08
W-W 115 FMJ 159 99 62,26
.357 Federal JHP 462 448 96,96
Magnum R-P S-JHP 27 22 81,48
R-P JSP 23 17 73,39
Federal JHP 63 57 90,47
.44 W-W 210 STHP 38 34 89,47
Magnum Federal 180 JHP 23 20 86,95
W-W 240 SWC 44 36 81,81
.40 S&W Federal 155 JHP 34 32 94
Winchester Silvertip 22 20 91
155
Federal 155 Hydra Shock 38 34 89
.45 ACP Federal 230 Hydra Shock 53 48 90,56
Federal 185 JHP 96 83 86,45
W-W 230 FMJ 139 89 64,02
Convenções:
W-W – Winchester Western; R-P – Remington Peters; STHP – Encamisada prateada ponta
oca; LHP – Chumbo, ponta oca; JHP – Jaquetado, ponta oca; S-JHP – Semi jaquetado ponta
oca; FMJ – Totalmente encamisado; SWC – Semi canto vivo; RN – chumbo ogival.
32
Mais uma vez, podemos constatar a eficiência do calibre .40 S&W, com
índice de parada da ordem de 90%, muito superior, por exemplo, ao .380 ACP
(calibre de pistola mais potente permitido no Brasil) que tem índice em torno de 60%.
33
depois de atingir o braço. Foi dito que a munição, se tivesse maior penetração,
poderia ter incapacitado os agressores.
A condenação da munição foi um pretexto para desviar a atenção da
verdadeira causa do fracasso: a falta de uma tática adequada, a ineficiência dos
policiais em acertarem seus oponentes e a munição inadequada dos revólveres. A
munição acusada foi o “bode expiatório”, e o FBI passou a usar uma munição com
projétil mais pesado e de maior penetração (de 147 grains, 9 mm, ainda em
configuração Silvertip).
Esse fato lamentável na história da polícia norte-americana, entretanto,
proporcionou alguns ensinamentos. A partir do incidente, o FBI iniciou um estudo
sério, investigando vários calibres, nas mais diferentes situações de tiro, inclusive
contra barricadas e obstáculos que possam se interpor entre os policiais e seus
oponentes.
Os resultados foram publicados em um livro e o FBI optou por utilizar
uma nova munição recém lançada, o 10 mm, em pistolas de grande porte, conforme
relatado anteriormente. Entretanto, o calibre 10 mm, como se viu, mostrou-se
exageradamente potente, com hiperpenetração e com recuo muito forte, além de as
pistolas do calibre serem muito grandes para serem portadas diuturnamente.
Como resultado do fracasso inicial do calibre 10 mm, houve a tentativa
de diminuir-se a potência sem alterar o diâmetro do projétil, mas de forma a diminuir,
também, o tamanho das armas.
Dessas tentativas surgiu o calibre .40, um 10 mm mais curto,
denominado .40 Smith & Wesson. A vantagem do calibre .40 S&W é que pode ser
usado em armas de menor tamanho, praticamente as mesmas pistolas que antes
serviam ao calibre 9 mm em uso no FBI.
Em pouco tempo o calibre .40 tornou-se o mais procurado pelas
agências policiais norte-americanas e adotado por uma grande parte delas. Hoje é o
calibre mais popular e talvez o mais respeitado, aproximando-se em balística do
.357 Magnum. Tudo como já informado alhures.
Os marginais baleados no confronto de Miami deram ao mundo
importantes ensinamentos com relação aos efeitos da adrenalina no corpo de um
homem sob grande tensão e perigo de vida iminente. Mesmo baleados mais de uma
vez e sangrando por artérias calibrosas, prosseguiram contra os policiais, matando
alguns e ferindo muitos, antes de tombarem. Em condições normais, um homem
baleado como foram aqueles, não teria sido capaz de prosseguir atirando. Tal fato
foi atribuído a possíveis drogas que pudessem ter sido consumidas antes da
ocorrência. Mas os exames posteriores comprovaram que os marginais não
possuíam nenhuma substância estranha no sangue.
Inúmeros outros casos poderiam ser citados, mas acreditamos já ter
sido suficiente o exemplo aqui dado. Esperamos não ter de passar pela mesma
experiência daqueles agentes, buscando aprender as lições que o fato já ensinou.
Por fim, afirmamos que é essencial para a obtenção do fenômeno do
stopping power, além dos fatores já vistos anteriormente, um conjunto arma/munição
preciso e eficiente, o tipo (configuração) da munição empregada, o local atingido no
corpo do oponente, múltiplos disparos nas zonas atingidas (salienta-se a importância
do segundo tiro), penetração suficiente do projétil (10 a 15 polegadas) e uma grande
cavidade temporária provocada pelo impacto do projétil.
34
8-) CONSIDERAÇÕES SOBRE LEGÍTIMA DEFESA
35
Sem querermos adentrar na seara do Direito Penal, mencionaremos
aquilo que diz respeito à decisão de o Auditor-Fiscal lançar mão ou não de sua arma
de fogo.
A lei penal brasileira entende em legítima defesa quem, empregando
moderadamente meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente,
contra um bem jurídico próprio ou alheio.
São, portanto, requisitos da legítima defesa, a agressão atual ou
iminente, e injusta, o direito próprio ou alheio e a moderação no emprego dos meios
necessários.
Entretanto, moderação não quer dizer que o Auditor-Fiscal deva atirar
apenas uma vez. Se a lei faculta o direito de defesa para interromper a agressão,
poderá atirar até que o agressor seja contido em sua ação. O excesso se
caracterizará se atirar no agressor já desfalecido, quando não há mais o risco aos
bens jurídicos vida e integridade física, dos ofendidos.
O uso da arma de fogo se dará, portanto, em legítima defesa, visando
exclusivamente parar a agressão, pela incapacitação ou fuga do agressor.
Esta incapacitação poderá ser pela perda dos sentidos, por
incapacidade locomotora, pela morte, ou pela fuga do agressor diante da atitude do
Auditor-Fiscal.
O uso correto dos meios de que dispõe o Auditor-Fiscal para fazer
frente aos riscos pode fazer a diferença entre o uso legal e o ilegal do armamento. A
arma de fogo, a princípio, é o último meio de que disporá o agente da Lei, utilizando-
o apenas em situações limites em que houver a justificativa de seu emprego.
36
subjugado. O outro policial, corretamente abrigado e fazendo valer as técnicas
aprendidas em seu treinamento de tiro, utilizou seu armamento para reverter a
situação taticamente desfavorável, salvando a vida do colega e provavelmente a sua
própria.
Embora o treinamento tenha sua parcela de contribuição no desfecho
do episódio, é inegável que a utilização de armamento em calibre .40 S&W pelo PRF
foi decisivo. Ao proporcionar a incapacitação imediata de dois ou talvez três dos
oponentes, livrou os policiais de receberem retorno de fogo hostil que poderia ter
vitimado os agentes da Lei. Qual poderia ser o final desta história se os mesmos
estivessem portando revólveres em calibre .38 SPL com munição ogival padrão,
com seu índice de “stopping power” ao redor de 50%? Destacamos que esse era o
calibre/arma de dotação oficial pela PRF até meados dos anos 90.
Este é um dos episódios que atesta a correta decisão da maioria das
polícias brasileiras em adotar o .40 S&W como calibre de dotação regulamentar
(Anexo 1). E também mostra a vontade do Estado em melhor proteger os seus
agentes encarregados de fazer cumprir as leis. Proteção esta que já foi
corretamente estendida aos membros da Magistratura e do Ministério Público,
através da Portaria n° 535, de 1° de Outubro de 2002. Agora esperamos que o
Estado Brasileiro estenda aos Auditores-Fiscais da Receita Federal idêntico direito
de portar armas neste calibre, proporcionando melhor defesa no exercício de suas
funções fiscais e aduaneiras.
Gostaríamos de esclarecer que o Decreto n° 3665, de 20 de Novembro
de 2000, que instituiu o Regulamento para Fiscalização de Produtos Controlados
define, em seus artigos 15 e 16 os conceitos de armas de uso restrito, conforme
transcrito a seguir:
I - de uso restrito;
II - de uso permitido.
III - armas de fogo curtas, cuja munição comum tenha, na saída do cano, energia superior a
trezentas libras-pé ou quatrocentos e sete Joules, e suas munições, como por exemplo, os
calibres .357 Magnum, 9 mm Luger, .38 Super Auto, .40 S&W, .44 SPL, .44 Magnum, .45
Colt e .45 Auto. (grifo nosso)
Art. 3° Para os efeitos deste Regulamento e sua adequada aplicação, são adotadas as
seguintes definições:
37
XVII – arma de uso permitido: arma cuja utilização é permitida a pessoas físicas em geral,
bem como a pessoas jurídicas, de acordo com a legislação normativa do Exército;
XVIII – arma de uso restrito: arma que só pode ser utilizada pelas Forças Armadas, por
algumas instituições de segurança, e por pessoas físicas e jurídicas habilitadas,
devidamente autorizadas pelo Exército, de acordo com a legislação específica; (grifos
nossos)
Os Autores
Junho de 2003
38
18- Rio de Janeiro Polícia Militar e Polícia Civil
19- Rio Grande do Norte: Polícia Militar e Polícia Civil
20- Rio Grande do Sul: Brigada Militar e Polícia Civil - Sec. de Justiça e
Segurança
21- Rondônia: Polícia Militar e Polícia Civil – Sec. de Segurança Pública
22- Roraima: Polícia Civil
23- Santa Catarina: Polícia Militar e Polícia Civil
24- São Paulo: Polícia Militar e Polícia Civil
25- Sergipe: Polícia Civil – Sec. de Segurança Pública
26- Tocantins: Polícia Civil
27- Departamento de Polícia Rodoviária Federal
Nota dos Autores:a Polícia Federal também o adota, entre outros, como o .357
Magnum.
Comando do Exército
Gabinete do Comandante
PORTARIA Nº 535, DE 1º DE OUTUBRO DE 2002
Autoriza os membros do Ministério Público, da
União e dos estados, e os membros da
Magistratura a adquirirem na indústria nacional,
para uso próprio, arma de uso restrito.
O COMANDANTE DO EXÉRCITO, no uso da competência que lhe é conferida pelo inciso
VII, art. 32, da Estrutura Regimental do Ministério da Defesa, aprovada pelo Decreto nº
3.466, de 17 de maio de 2000, considerando o disposto no art. 16 da Lei nº 9.437, de 20 de
fevereiro de 1997, combinado com o art. 19 da Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de
1999, de acordo, ainda, com o estabelecido nos arts. 189 e 190 do Decreto nº 3.665, de 20 de
novembro de 2000, e conforme proposta do Departamento Logístico, ouvidos o Supremo
Tribunal Federal, o Ministério da Justiça e o Estado-Maior do Exército, resolve:
39
Art. 1º Autorizar os membros do Ministério Público, da União e dos estados, e os membros da
Magistratura a adquirirem na indústria nacional, para uso próprio, pistola calibre 40.
Art. 2º Determinar ao Departamento Logístico que baixe normas regulando a venda pela
indústria, a aquisição, o registro e o cadastro no Sistema Nacional de Armas (SINARM) das
armas adquiridas conforme o artigo 1º desta Portaria e, ainda, a aquisição da correspondente
munição.
Art. 3º Estabelecer que esta Portaria entre em vigor na data de sua publicação.
GLEUBER VIEIRA
(Of. El. Nº 23-A/3)
MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
DEPARTAMENTO LOGÍSTICO
Art.1º Aprovar as Normas Reguladoras da Aquisição, Venda, Registro, Cadastro e Transferência de Propriedade
da Pistola Calibre .40, pelos membros da Magistratura e do Ministério Público da União e dos Estados, que com
esta baixa.
Art. 2º Determinar que esta Portaria entre em vigor na data de sua publicação
ÍNDICE
40
I - DA FINALIDADE.........................................................................................................................2
II - DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES............................................................................................2
III - DA AQUISIÇÃO DE ARMAS E MUNIÇÕES...................................................................................2
IV - DA ENTREGA E DO PAGAMENTO................................................................................................3
V - DO REGISTRO..........................................................................................................................3
VI - DA TRANSFERÊNCIA................................................................................................................3
VII - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS....................................................................................................4
ANEXOS
Capítulo I
DA FINALIDADE
Capítulo II
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 2º As Armas e munições de uso restrito somente podem ser adquiridas na industria nacional e com
autorização individual do Exército Brasileiro.
Capítulo III
DA AQUISIÇÃO DE ARMAS E MUNIÇÕES
Art. 3º Os membros da Magistratura e do Ministério Público, da União e dos Estados, poderão adquirir, na
industria nacional, uma pistola .40 para seu uso pessoal.
§ 1º A autorização para a aquisição da arma e/ou munição será concedida pelo Departamento Logístico - D Log
por intermédio da Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados DFPC
§ 2º A aquisição de munição calibre .40 só será autorizada aos possuidores de arma do mesmo calibre,
devidamente registrada.
§ 3º Poderão ser adquiridos a cada trimestre cinqüenta cartuchos calibre .40, exceção da primeira compra que
poderá ser de cem cartuchos.
a) informação ao fabricante ou ao seu representante legal da autorização para aquisição de arma e/ou munição;
e,
b)encaminhamento, para conhecimento, a RM onde a fábrica estiver sediada, de cópia do oficio que autorizou a
aquisição.
41
Art. 5º Fica a cargo de cada Instituição respectiva a adoção de medidas necessárias para o desenvolvimento das
operações de recebimento e encaminhamento ao Exército Brasileiro das solicitações de aquisição de armas e/ou
munições, bem como as informações que envolvam transferência de propriedade, extravio, furto ou roubo.
Capítulo IV
DA ENTREGA E DO PAGAMENTO
Art. 6º As armas e/ou munições autorizadas, após adquiridas, deverão ser entregues pelo fabricante ao
Comando da Região Militar (Cmdo RM) indicada na autorização de venda.
Art. 7º As armas só poderão ser entregues aos respectivos proprietários após terem sido registradas no Sistema
Militar de Armas (SIMAR) do Exército Brasileiro.
Art. 8º Os contatos e procedimentos para a efetivação do pagamento referente à aquisição das armas e
munições, deverão ser realizadas diretamente entre o interessado e o fabricante.
Capítulo V
DO REGISTRO
Art. 9º O registro das armas adquiridas será realizado por meio da publicação em boletim interno reservado, de
cada RM responsável pela entrega das armas, devendo conter no mínimo os seguintes dados:
I - data de aquisição;
II - tipo;
III - marca;
IV - calibre;
V - modelo;
VI - número de série da arma;
VII - capacidade do carregador; e,
VIII - tipo de funcionamento.
Art. 10. Compete à RM que registrar a arma expedir o respectivo registro (Anexo III) e cadastrá-la no SIMAR.
Capítulo VI
DA TRANSFERÊNCIA
Art. 11º A transferência de propriedade da pistola calibre .40, dependerá de prévia autorização da DFPC, desde
que transcorrido o prazo mínimo de quatro anos do seu primeiro registro.
Parágrafo único. Para as transferências subsequentes não será exigido o prazo previsto no caput.
Art. 12º Para a efetivação da transferência de propriedade deverá ser observado o seguinte:
I - o novo proprietário não poderá ser possuidor de outra pistola .40, ressalvadas as exceções previstas em
legislação específica;
II - o adquirente deverá estar autorizado a possuir pistola calibre .40;
III - dirigir requerimento ao Diretor de Fiscalização de Produtos Controlados (Anexo IV), por intermédio da
Instituição respectiva, via Cmdo RM; e,
IV - a DFPC, após autorizar, informará ao Cmdo RM interessada que emitirá o respectivo Certificado de Registro,
entregando-o ao novo proprietário, e atualizará o Cadastro do SIMAR.
Capítulo VI
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 13º Em caso de óbito do proprietário, os legítimos herdeiros poderão transferir a propriedade da arma
conforme o previsto no art. 12, das presentes Normas ou recolhê-la ao Exército Brasileiro que se encarregará da
sua destinação, de acordo com o previsto no Regulamento para a Fiscalização de Produtos Controlados (R-105),
aprovado pelo Decreto nº 3.665, de 20 de novembro de 2000.
Art. 14º Ocorrendo extravio, roubo ou furto da arma o proprietário deverá registrar o fato, o mais rápido possível,
no órgão policial competente e comunicar oficialmente ao Cmdo RM onde foi realizado o registro da arma.
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Parágrafo único. Os dados referentes à arma extraviada, roubada ou furtada deverão ser os mesmos previstos
para registro constantes do art. 9º.
Art. 15º Os casos omissos, relativos à execução das presentes Normas, serão resolvidos pelo Chefe do
Departamento Logístico.
Referências Bibliográficas:
OLIVEIRA, João Alexandre Voss de; GOMES, Gérson Dias e FLORES, Érico
Marcelo. Tiro de Combate Policial. 2ª Edição, 2000.
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