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All content following this page was uploaded by Rivaldo Capistrano Júnior on 21 July 2020.
O LUGAR NA LINGUÍSTICA
PERCURSOS DE UMA (R)EVOLUÇÃO
Maria da Penha Pereira Lins
Rivaldo Capistrano Júnior
Rosani Muniz Marlow(Orgs.)
O LUGAR NA LINGUÍSTICA
PERCURSOS DE UMA (R)EVOLUÇÃO
PPGEL-UFES
Vitória
2019
Editora do Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos
Universidade Federal do Espírito Santo
Reitor: Reinaldo Centoducate
Vice-Reitora: Ethel Leonor Noia Maciel
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Neyval Costa Reis Júnior
Diretor do Centro de Ciências Humanas e Naturais: Renato Rodrigues Neto
Coordenador do PPGEL: Luciano Novaes Vidon
Coordenador Adjunto: Gesieny Laurett Neves Damasceno
Os textos que compõem esse livro são de responsabilidade dos seus respectivos autores.
Conselho Editorial: Alexsandro Rodrigues Meireles, Ana Cristina Carmelino, Ana Paula
Duboc, Anahy Samara Zamblano de Oliveira, Cibele Brandão de Oliveira Borges, Daniel
de Mello Ferraz, Edenize Ponzo Peres, Fernanda Mussalim, Gregory Riordan Guy, Isabel
Roboredo Seara, Janayna Bertollo Cozer Casotti, Janice Helena Chaves Marinho, José
Olímpio Magalhães, Jussara Abraçado de Almeida, Lúcia Helena Peyroton da Rocha,
Luciano Novaes Vidon, Lilian Coutinho Yacovenco, Luiz Antonio Ferreira, Maria Flávia de
Figueiredo, Maria das Graças Soares Rodrigues, Maria da Penha Pereira Lins, Maria Silva
Cintra Martins, Marina Célia Mendonça, Maria Marta Scherre, Micheline Mattedi Tomazi,
Rivaldo Capistrano Júnior, Vanda Maria da Silva Elias, Vanice Sargentim.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO..........................................................................................................................7
OS AUTORES............................................................................................................................295
APRESENTAÇÃO
A LINGUÍSTICA TEXTUAL E OS
ESTUDOS LINGUÍSTICOS
Rivaldo Capistrano Júnior
Vanda Maria Elias
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
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2 A LINGUÍSTICA TEXTUAL
1 Para mais informações sobre o surgimento e a trajetória da Linguística Textual, sugerimos a leitura das obras Linguística
de texto: o que é e como se faz (MARCUSCHI, 1983); Linguística Textual: introdução (FÁVERO; KOCH, 1983);
Introdução à Linguística Textual: trajetória e grandes temas (KOCH, [2004] 2015).
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se resume ao que se diz. O texto passa a ser estudado em relação às ações que
realiza.
Em uma visão voltada para a integração entre o texto e a sua função comunicativa,
reveladora das intenções dos sujeitos, a LT parte do pressuposto de que todo fazer é
acompanhado de processos de ordem cognitiva, uma vez que os sujeitos mobilizam
on-line diversos sistemas de conhecimento no processamento textual. O texto, em
perspectiva cognitiva, é resultado de ativação de processos mentais e se origina de
uma multiplicidade de operações cognitivas interligadas (KOCH, 2015).
No entanto, o entendimento de que a cognição é um fenômeno situado e
socialmente compartilhado abre nova perspectiva de estudo. Trata-se da abordagem
sociocognitiva e interacional segundo a qual “o texto é uma realização que envolve
sujeitos, seus objetivos e conhecimentos com propósito interacional” (KOCH; ELIAS,
2016, p. 32), e o sentido emerge com base na tríade linguagem-cognição-uso.
Sob o prisma da sociocognição, a LT assume o pressuposto teórico de que o
uso da linguagem não se presta ao espelhamento das coisas do mundo, mas a
uma construção negociada e situada do mundo, até porque não há uma relação
direta entre a linguagem e o mundo. Em outras palavras, é preciso considerar que
“a percepção é, em boa medida, guiada e ativada pelo nosso sistema sociocultural
internalizado ao longo da vida” (MARCUSCHI, 2008, p. 228). Esse entendimento
nos leva a considerar que a cognição, a interação e o social estão interligados
constitutivamente e integram as ações dos sujeitos.
Assim, os processos de construção e de interpretação de textos põem em
destaque:
É por isso que dizemos que texto e contexto estão imbricados. E o contexto
engloba uma infinidade de elementos acessíveis e relevantes para o processamento
textual. Ele vai sendo construído em função dos enunciados produzidos à medida
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que a interação acontece e daquilo que os sujeitos julgam ser pertinente à situação.
Em relação às funções do contexto, podemos destacar (i) o preenchimento das
lacunas do texto, (ii) a orientação ou alteração do que se diz e (iii) a explicação de
por que se disse isso e não aquilo. O texto 1 a seguir serve como exemplificação.
Texto 1
Loira endividada
Uma loira comenta sua situação desesperadora com um amigo,
frequentador da Igreja Universal:
- Estou numa maré de azar. Estou sem crédito na praça, devo para todo
mundo! Não vejo solução, não tenho como pagar. Estou desempregada,
sem dinheiro nenhum e cheia de carnês de várias lojas atrasados.
Aconselhada pelo amigo, a loira vai a um culto. Ela é, então, chamada
ao palco, onde fica com outros desesperados. De repente, um pastor
aproxima-se dela, coloca a mão direita em sua testa e começa a gritar:
- Saia deste corpo, demônio! Desaloja! Este corpo não te pertence!
Em nome de Jesus, afaste-se desta boa alma!
O pastor passa a gritar ainda mais alto: - Estou ordenando! Em nome
de Jesus, desaloja! Desaloja!
E a loira:
- Casas Bahia, Lojas Americanas, Ponto Frio Bonzão, C&A, Renner,
Magazine Luíza... 2
2 Fonte: FRANCHI, G. M. Os homens preferem as (piadas de) loiras: análise interdiscursiva de piadas de loira e de piadas
feministas. 2010. 164 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) – Programa de Pós-Graduação em Linguística,
Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2010.
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Com base nessas considerações, podemos dizer que o sentido é construído com
base num sistema de conexões entre o texto e os sujeitos, seus conhecimentos, suas
intenções e expectativas, as relações intersubjetivas, os condicionamentos históricos-
sociais. É por essa razão que entendemos o texto como um objeto multifacetado
(KOCH, 2015; KOCH e ELIAS, 2016).
Mas, afinal, o que é texto? Para fazer jus ao texto em toda a sua complexidade
constitutiva, as definições precisam ser cautelosas. Sabemos, ainda, que o conceito de
texto pode variar de acordo com os objetivos de uma pesquisa e com a sua filiação
teórico-metodológica. Neste trabalho, vamos conceituar texto da seguinte maneira:
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Para dar conta dessa tarefa, a LT tem cada vez mais estabelecido uma interface
com outros estudos do texto e do discurso, o que tem caracterizado o fazer a LT
no Brasil, assunto da próxima seção.
3 Palestra proferida na abertura do II Workshop em Linguística Textual: diálogos interdisciplinares, nos dias 29 e 30 de
novembro de 2018, na Universidade Federal do Espírito Santo.
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2.2 A COERÊNCIA
A coerência é um dos conceitos centrais da LT e sua concepção tem se alargado
ao longo dos tempos. Em perspectiva sociocognitiva interacional, a coerência
textual é muito mais do que uma simples relação de pertinência lógico-semântica
entre os conteúdos do texto. Vejamos:
Texto 2
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2.3 O FACEBOOK
A criação do Facebook se deu em 2004, por alunos da Universidade de Havard,
com o objetivo de facilitar a comunicação entre eles (BARTON; LEE, 2015).
Desde então, a rede social sofre constantes atualizações. Essa mídia social digital
promoveu mudanças significativas não só na propagação em rede de informações
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4 Folha de São Paulo: Facebook chega a 127 milhões de usuários mensais no Brasil - No país, rede social tem mais
usuários ativos do que WhatsApp. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/tec/2018/07/facebook-chega-a-
127-milhoes-de-usuarios-mensais-no-brasil.shtml>. Acesso em out. 2018.
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O comentário 1 se configura na
forma de um gif5 de um menino cujos
lóbulos das orelhas se movimentam.
Mas o que isso tem a ver com o
personagem do filme?
O elefante Dumbo tem orelhas muito grandes, que ele usa para voar. Assim,
numa relação intertextual por alusão6, entendemos, por meio da mobilização
5 Segundo Lupinacci (2016), os GIFs (Graphics Interchange Format) são animações silenciosas e, frequentemente,
cíclicas. Amplamente inseridas em interações na Web, essas animações evidenciam emoções, reações, em resposta a
alguma postagem.
6 Segundo Cavalcante (2012), a alusão é uma referência indireta, uma pista para que o leitor encontre o referente não dito.
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7 De acordo com Koch, Bentes e Cavalcante (2007), a metatextualidade corresponde a uma relação de “comentário” que
une um texto fonte ao outro que dele trata.
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8 Segundo Paiva (2016), o termo emoji também tem sido usado para designar os stickers.
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Texto 4
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Comentário
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
BARTON, D.; LEE, C. Linguagem online: textos e práticas digitais. São Paulo:
Parábola Editorial, 2015.
BLÜHDORN, H.; ANDRADE, M. L. C. V. O. Tendências recentes da linguística
textual na Alemanha e no Brasil. In: WIESER, H. P.; KOCH, I. G. V. (Org.). Linguística
textual: perspectivas alemãs. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009, p. 17-46.
CAPISTRANO JÚNIOR, R.; ELIAS, V. M. Práticas de escrita no contexto digital:
elementos multimodais e coerência textual. In: SANTOS, Z. B.; PIMENTA, S.;
GUALBERTO, C. L. (Org.). Multimodalidade e ensino: múltiplas perspectivas. São
Paulo: Pimenta Cultural, 2018, p. 157-182.
9 Palestra proferida pela Profa. Dra. Sueli Cristina Maquesi (PUC-SP) na abertura do II Workshop em Linguística Textual:
diálogos interdisciplinares, nos dias 29 e 30 de novembro de 2018, na Universidade Federal do Espírito Santo.
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