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a algumas
obras
oferece
mbém aos esciton
A
"iegibilidade"atribuída
conterir
a si
m e s m o s
uma.
ilitar por meio das
nidade mediane
obras textos
de de ao
reabil.
ealistas com os Can,tos de Maldorara
inéditas,
filhaçóes surreal
de os
stituião fizeram
assim
ulo de um trabalho
d e
história
s q u a l i f
da
t i c a d o
literatura
s :
oferece o
espetáculo
iderados
c o n s i d e r a d o s
ininterrupto
defeituosos ou,
de:
inversamente
legitimação
de texto
antes
momento consagrados.A
dado m o
s.Aproduãoliu
até u m
de textos
dearquivo e as obra:
obras de
deslegitimação
arua,,com
efeito, na
fronteira
e n t r e as
formaçaio.
cessidade de reavaliar certas
necessi
obrad
co
de modogeral,
formam tem, quadro her.
quese são dignas
de um
arquivo,
isto é, de legitimar a si mesmasS.
decretar que
-eni
-para
leitura filológica
apenas
de uma entre o conhecimento
reconheci de t
ja como
for, há contradição
digressões..) ea tend 1sgressivg
a tudo
obscuridades,
(reperições, inscreva plenamente
legitimar
numa
obra caso ela se
princípio de unicidade e m a
quadr
de um
Aintrodução
d
hermenêutico.
quais as aparências
de
conhecimento.
parecemheterogêneas
A eliminar as
Os TRÊS PLANOS
Um inpOSSIvel lugar
no seculo IX tomou a
Xix tomou
dessa
socicdade, que forma
regras especific.
limitado
mas a
um sctor
unificado que segue cas. L
relativamente
de trés Dlan. cncontrando-se serm dúvida prestes
de "campo"
um obra participa nose a perder sua força em funçao das
dizer que toda
modo mais amplo, pode-se relaçöes e n t r e esses planos
novas
tecnologias, faz-se necessário flexibilizá-la para estende-la a
definir as pois diversidade de regimes de
literário. E dificil, porém, produção literária". Há por exemplo
cpaço dois.
deles é atravessado pelos outros
regimes que não opõem escolas com manifestos e doutrinas, mas
cada um
discursos mediante o assujeitamento dos indivíduos intertexto no sentido estrito, isto é, obras, presentes em alguma
de práticas e que, outras
à ideologia dominante, garantiria, de acordo com ele, a reprodução biblioteca imaginaria, inclui também. como vamos ver, "lendas.
das relações sociais.
Trata-se igualmente de um campo, lugar de confronto entre
A PARATOPIA
posicionamentos estéticos que investem de maneira especifica gêneros
e idiomas. A análise do discurso foi levada a recortar espaços em que Quando se trata de criação literária. metátoras ropográficas como as de
diferentes posicionamentos, para deter o máximo de autoridade "campo ou "espaço" só têm validade entre aspas. Claro que o espaço literário
enunciativa, se acham em relação de concorrência em sentido amplo, faz, num certo sentido, parte da sociedade, mas a enunciação literária
delimitando-se mutuamente. "Campo" é, portanto, usado aqui com
o valor restrito de "campo discursivo", solidário de primazia do 8
Em Anhéologie du savoir (p. 171; ediç+o brasileira: .drzcologiu do sbr,. ed. Rio
interdiscurso com relação ao discurso. Um campo discursivo nao de Janeiro, Forense Universitäria.
2004), Foucault lhe confere um alcance bem amplo. i ponto de
consistencia: "Situado
iutorizar o questionamento de sua
entre a lingua que sistema de
uma estrutura estável, mas uma dinámica em equilibrio instável. De deine o construçao d trises passiveis, e o corpus
que reune passivamente as palavras pronunciadas, o Tquiro define um nivel cspecifico, o de uma
prática que faz surgir uma multiplicidade de enuncndos como eventos regulares, como coSas oferecidas ao
igual forma, o campo não é
homogêneo: há posicionamento tratamento e à manipulação |..| entre i
tradiçio c o squeaimento, ie raz Surgirem as regras de uma prátuia que
dominantes e dominados, posicionamentos centrais e permite aos enunciados subsistir e moditicar-se regularmente. Trata-se do sisema geral de formação e' de
peritéricos. runsformação de cnunciados". Prolongando esi perspetIva. . Guilhaumou e D. Maldidier fundam a análise
posicionamento "dominado" não é necessariamente "periterico mas do discurso "em dois
suportes materiais, o arquivo e a bgua tsse irqund nao e o conjunto de textos que uma
.
5ociedade deixou", nem "o quadro insticuciona que pernitiu conservar os vestigios", mas cada dispositivo de
todo posicionamento "periférico" é "dominado". De todo modo *
arquivo estabelece sua própria ordenação. Asim, do lado do arquno, o sentido è convocado a partir de uma
noção de campo traz um
problema, dado que não ser trans*
diversidade máxima de textos, de dispositivos de arquivo speciticas de um tema, de um evento, de um itinerário"
não pode
o
pode sc 0. Guillhamou, D. Malklidier, R. Robin, Disun et arhite, Ejermentaios en analhyse du discours,
Liège,
histórica. Como Mardaga, 1994, p. 195).
a
existência de um campo autônomo e
90 91
Discuro liter.rio. Um ipossivel lugar
de um
de um
. lugar,
normalmente
desestabiliza a
que
representação
se tem
"meios" literários sãoio na verdade algo
fora. Os literário da sociedade, o autor cria, na verdade, as condiçocs de sua propria
e de
um
dentro a0 mesmo
dotado de u m l i t e r a t u r a supoe
existência social
da
a de se
confund..Poa criação; há obras cuja autolegitimação passa pelo afastamento solitario ae
fronteiras. A mesma e
fechar em si scu criador que cexigem sua
e outras
participação em empreendimentos
de ela se eer
impossibilidade com esse meio-termo oe em seu
necessidade de jogar coletivos: Sartre, animando revistas politicas, desfilando en maniBestaçÕes,
a
sociedade "comum, i
literatura tenha
um
funcionamento
incompatível e Thomas Bernhard, vituperando de sua cidade contra os ambientes cultrurais
àmbito. Nao que a
falar em seu
âmbito de estrarden vienenses, dizem, cada qual à sua maneira, o que é para eles a literarura
domínios de atividade (pode-se coneid
é preciso
outros
carreiras, de
faturamento etc.), mas
legítima. E chega a haver obras que supõem, de um lado, a absorção do
promoção, de Enquanto discurso
constis Kafka ou Pessoa levam uma vida de
igualmente seus poderes
de excesso. inte, a autor na
banalidade: empregados
plenament
ente ao espaço social, modelo, mas não rém uma família e escrevem.
instituição literária
não pode de fato pertencer
funcionamer
mantendo-se antes na
fronteira entre a inscriçao em seus
nentos
toda economi
No
séculodeyvi, proteçãodos grandes fz do parasita
a a figura prorotipica
do letras. No século xv1l,
tópicos e o abandono a forças que
excedem por natureza
om homem o que recebeu o nome de "República
a alimentar-se de lugares, grunos das Letras designava unma rede paratópica, parasitária dos estados reais,
humana. Isso obriga os processos criadores
impossível, uma "República" que se sobrepunha a fronteiras geográticas e sociais. tal
são tomados hum pertencimento
comportamentos que
como o podia fazer na mesma época a
Não é, portanto, possível falar de uma corporação
dos escritores coma se franco-maçonaria. Esse "Estado
dos engenheiros. A literatura, coma parasita julgava-se sujeito apenas à regra da igualdade e da livre discussão
fala de uma corporação dos hoteleiros ou
totalitários para proporcionar uma condição de empregados domésticos ou Como explica Bayle no verbete cário de seu Dicionirio histórico e
assalariados permite manter uma produção literária, mas não produzir obras, a critico (1696),
menos que o escritor se afaste do que éesperado dele, torne problemático seu Essa República é um Estado extremamente livTe. Nela só se
próprio perencimento a um lugar, a uma função. O pertencimento a0 campo reconhece o dominio da verdade e da razão; e. sob seus auspicios
literárionãoé, portanto, ausência de todo lugar, mas, como dissemos, uma combate-se inocentemente qualquer um . . Cada um é. nela., 2o
mesmo tempo soberano e sujeito a todos.
negociação entre o lugar e o não-lugar, um pertencimento parasitário que se
alimenta de sua inclusão impossível. Trata-se daquilo que antes denominamos Todo escritor das Luzes inha assim de
gerir à sua mancira um duplo
paratopia' (ver anteriormente, capítulo "O discurso literário como discurso pertencimento: pertencimento à sociedade tópica, no caso monárquica, e às
constituinte, seção "Alguns aspectos dos discursos constituintes ). redes dessa "República". Era ao memo tempo o "Eu" e o "Ele", do Sobrinho
As modalidades dessa paratopia variam de acordo com as épocas e3 de Rameau, um debate sem saída entre a "topia de "Eu' e o nomadismo de
sociedades: os menestréis nomades da
Antigüidade, os parasitas protegao Ele", que atravessa todas as topias.
pelos grandes na época clássica, os boêmios em
etc. Numa
oposição aos "burguescses A paratopia, invariante em seu principio, assume assim faces sempre
produção literária fundada na conformidade aos cânones estet mutantes, dado que explora as fendas que não cessam de abrir-se nasociedade
Sao
paratópicas principalmente as comunidades de "artistas" mais ou meno
marginais (os menestréis ou trovadores...). Quando e
questão profundamente individual, a produção u a
de um paratopia elabora-se na singulariu de "Vigneul-Marville (pseudónimo de Bonaventure d'Argonne), Melanges d'histoire et de lirénarure, Rouen, 1700,
vol. , p. 60.
atastamento biográfico. Por sua maneira de aço
"inserçáo" no
pey
92 93
L
Diuro litci.to
a trustração
do darilho queéé propícia àc
andarilho quc
reza livre
uia
x 1,é
sobretudo
livre do
uma natureza
japoneses se reune para elaborar renku, quando um Oronte compoe
Nosiulo
incita
Rousscau a
evocar
galante,éproduzido um tipode
literatura
frustração que François-Marie
"M. soncto paraos tamiliares em urn salão
essa incita Trata-se
a-se do a identidade criadora é indissociável de pequenas
comunidades em
aristocratico,
mas
movimentos da sociedade.
diretamente os tdeologa atomista de una pToiio H a l antim
posição de "artiSta que se opõe ao resto
esto da
tempo em que a
Heredia assumirá a
auror e deia crer que a busa indvida ons1rói
a
de textosa
Ihe pretende impor um mundo dominado peh aceita-se dar lugar às instituições no processo criador: a produção
recusao lugar que
que
nobreza e, ao mesmo tempo, de uma paratopia de nobre que não encontra científicos é dificilmente concebível como atividade solitária e apartada do
lugar num mundo de burgueses. Ela
se alimenta de um afastamento metódico ambiente tecnológico.
se distribuemn pelo
mundo, bem do estorço permanente de nele se inseri, A vida literária é estruturada por essas "tribos, que
e rirualizado do como
estéticas: academia,
do trabalho da imobilidade e do trabalho do movimento. campo literário com base em distintas reivindicações
literária não se define
círculo, grupo, escola, cenáculo, bando... Uma tribo
reconhece
de acordo com os critérios da divisão social canonica, que
LuGARES E COMUNIDADES PARATÓPICOS na filiação e
essencialmente duas espécies de grupos: os que se fundam
estão unidos por uma tareta
Como foi dito, ainda que a obra tenha a pretensão de ser universal, sua aqueles (empresas, equipes, batalhões...) que
emergencia é um fenômeno fundamentalmente local,e ela só se constirun
por meio das normas e relações de força dos lugares em que surge. E nesses
menos dois autores ao longo
de uma
no século xvin; elaborado por ao
um gènero poético fixado
lugares que ocorrem verdadeiramente as relações entre o escritor e
a S0O rnku é
nmais clássica de 36 versos, divididos em 6
12+ 12+6. Difere do
+
reunião anmigivel, compöe-se em sua torma as alusões, as paródias,
sociedade, o escritor e sua obra, a obra e a sociedade. baiku porque se estrutura por
continudade de seu desenvolvimento, privilegiando
meio da
s Pp. 72-73.
N.T:"Voltaire" e"Beaumarchais" são palavras que, em francés, sugerem mOVimento.
95
94
Discurso hterario-
-Um impossivel lugar
vêm de famd
membros
das tribos
literárias
'tribos"
lias aque
realizar. Os tempo,
tais
ativas torçam
comum a ao
mesmo
pertencer,
enquanto, transterências ativas No teatro de Molière, o salão de Celimena (O misantropo) ou o deAraminta
continuama intensidade
das
que nelas (Escola de mulberes) não são, portanto, um lugar social qualquer por nelo d
tornar
família; a
indecidiveis
com a estrur
rurura Bamiliar.
não se
para relações freqüenta. qualodramaturgo denunciaria algumas faltas.A cena não mostra um salão como
as leva
a manter
n e c e s s a r l a m e n t e
tar so
se produzem implica
tribo não Pe mostraria um albergue ou um quarto de dormir, ela mostra um lugar que remete
existência de correspondência, de e n
uma
A trocas de
96 97
Discurso literario-
Um impossivel lugar
com a
bela robustez soavam diante deles, aue
ue
fantarras
se viam juntos,
Assim que
com uma mao
e a colocavam trangüilamenre
hte judeus, mulheres, palhaços, aventureiros, índios americanos.. a depender
Paris
empunhavam duvida; eles passeavam seus
sSeis
não era uma das circunstâncias. Basta que seja estabelecida na sociedade uma zon2
bolso. A vitória já
no
cansados,
desdenhando essas misérias
velhos calçados e seus paletós
serem os senhores. E isso não percebida como potencialmente paratópica para que a criação literria a
Feiticeiros, saltimbancos ou
marginais
Outro que se deve rejeitar mas de que se espera o reconhecimento.
Resto imundo
Essa maneira de atribuir um papel-chave aos modos de sociabilidade D'um velho mundo
literária vai de encontro à doxa romântica, de que o Contra Sainte-Beue de Feiuceiros, saltimbancos ou marginas
Prousté um testemunho privilegiado. Ele recusa aí, em primeiro lugat, Alegres Boèmios, de onde brotais?
conivèncias no âmbito das sociedades restritas: o verdadeiro gênio criadoré Querosjulguemos originários das Indias ou do Egito, o boémio romântico
soliirio, oestiloécoisade"profundezas"'enãode "bate-papo" ocorido numa provém, dequalquer modo, do Oriente lendário. Tal como o artista, ele é menos
ribo literária qualquer ou nalgum salão. Uma análise do discurso literário é, "natural desse ou daquele lugar" do que "natural". Mais próximo de uma
vez disso, Natureza perdida da qual encarna o "resto" na sociedade industrial, o boêmio
em
obrigada a introduzir um terceiro, que é a Instituição, para
contestar essas unidades ilusoriamente compactas, que são o criador ou a é feiticeiro. Ele participa espontaneamente das forças com as quais o escritor
sociedade; não para enfraquecer a parte da criaço em favor de determinismos retoma contato por meio do sofrimento e do trabalho criador.
Sociais, maspara A mitologia proreiforme da troupe dos boèmios permite que os escritores
remeter a obra aos territórios, aos ritos, aos papéis quea torna
possivel e que ela torna possíveis. Em vez de considerar a obra
reftlitam sobre seu pertencimento a uma tribo que passa entre as malhas da
que, nos termos de Mallarmé,
apenas aq rede social. Mas, ao contrário do boèmio, o artista no vai de cidade em cidade;
deve "dar um sentido mais puro às palavra
tribo, é pelas "tribos" literárias seu nomadismo é mais radical. C artista boêmio é menos um nômade no
que devemos também nos
interessar sentido habitualdoqueum contrabandista que atravessa as divisões sociais.
Seja ele precepror numa família rica, bibliotecário de algum príncipe ou de
BoEMIOS ESOLITÁRIOS algum ministério, capitalista, professor de colégio.., o escritor ocupa seu lugar
A
Situação
sem
ocupá-lo, no compromisso instável de umjogoduplo. Stéphane Mallarmé
PaiCcem não
paratópica do escritor o leva a
identificar-se con ensina inglês no colégio, mas é também o autorde poemas estranhos eomestre
ser incluídos nas linhas divisórias da sociedade: io que recebe seus fiéis na terça-teira em seu apartamento da rua Roma.
Do A estrofe de Béranger estorça-se por pensaro boêmio como o "resto de um
Op. cit.,
pp. 84-85. velho mundo". Mas esse "resto é rambém excedente que,
um
paradoxalmente,
98
99
Discurso literario- _Um impossivel lugar
-se uma
aa uma socied
sociedade
éo excedente. O escritorjunta-se que
de
faz parte daquilo que fechar sem a representacão
que lh Se necessario, sabem também praticar a abstinéncia com toda a
não pode se
completa, mas que
n u m passado
lendário é associ Virtude de um anacoreta: mas se lhes cai um pouco de dinheiro
se julga projetado
oferecida pela Arte. Esse "resto ser
pode
entendido de duas maneir
nas mãos, vemo-los de imediato perseguir as fantasias mais ruinosas,
Béranger ao adjetivo "imundo', que amar as mais belas e as mais jovens... Depos, quando seu úlümo
antónimo do adjetivo "m
de acordo com a etimologia,
comoo
ndo centavo está morto e enterrado, voltam a jantar à mesa do acaso."
A vida boêmia
parece às pessoas bem-situadas a negação de toda gestao
razoável do dinheiro, de todo Os "soLITÁRIOS" DE PORT-ROYAL
patrimônio. Da mesma maneira como
transgride as fronteiras dos ambientes, o boêmio
gestão das
transgrideos hábitoS A necessidade que tem a criação de explorat as fendas da cartografia social
despesas, estando ora de bolsos cheios, ora sem dinheiro alguu explica em larga medida o fato de a literatura francesa da segunda metade do
85
Baudelaire,
"Spleen et idéal", Les Fleurs du Ma, XII.
Letre à G. Izambard Henri Muger, Scènes de la vie de bohème, Paris, M. Lévy, 1852, p. au.
du 13 mai 1871", in
Euvres, Paris, Gallimard, "La Pléiade", 1954, p. 20/
100
101
-Um impossivel lugar
Discurso literärio
Rochetfoucauld,
timas Boilcau etc.) terem tida fn.
Pascal, La inserção problemática dos jansenistas na sociedade. Por outro lado, a histórna
século xvin (Racine, a si u m a comunidad.ad
de Port-Royal. Ao agregar idade de ulterior confirmou amplamente isso; a imagem de uma minoria de escritores
relações c o m o jansenisno separados da
tamília, que renunci
1avam
leigos ("os
solitários dePort-Royal")
mesmo tempo em Pa. religiosos que se colocam voluntariamente à margem de uma sociedade
sociedade,(esse
convento que esta ao arise inautêntica que os persegue oferece um cômodo espelho à paratopia literárna.
a posições na 0 corpo soCiale introduziu i m
ma
.
A partir do romantismo, muitos escritores buscaram se projetar no
é central e peritéico, solapou
no campo, que criativos dos disctire. .
investimentos
sos jansenismo;foi o caso, no século xx, de H. de Montherland, com suas duas
zona de propícia aos
turbulência
filosóficos ou literários. Duplo inverido
do peças: Port-Royal e O mestre de Santiago.
constiruintes, fossem estes religiosos,
ao "mundo pecador em geral nem
não se opõe nem
dos salões, Port-Royal
ele o 'mundo", isto é, a alta
do pecado que é para
extrema UMA LITERATURA DE SALÃO
manifestação
absoluta. Port-Royal constitui um luear
sociedade", a Corte da monarquia
divisões sociais, inclusive da própria lgreja, lugar em quese A existência no século xIX de um campo literário relaivamente autónomo
para além das supõe uma ruptura entre o mundo profano "burguês" e o mundo sagrado
encontram o profano (os leigos)
e o sagrado (as religiosas),
em
que o mundo
dele retiraram. Irata-se de uma família por da criação. Retomando à sua maneira a denúncia evangélica dos "mornos,
se comunica com aqueles que se
no âmbito da Igrejae fora a doxa, a parir do romanismo, levou ao auge aqueles considerados a melhor
escolha oposta às famílias de sangue, a um sótempo
como à margem dele, Port-Royal preconizao
encarnação dessa ruprura, sob todo e qualquer aspecto: loucura, droga,
dela, tanto no mundo profano irreverência, doença... Basta pensar na maneira como Proust evoca a figura
afastamento de um mundo que seus escritos não atravessar como cessam de
de Nerval no Contra Sainte-Beuve (ver adiante, capírulo "Posicionamento,
com seus debates.
um vírus e que, em compensação, o atravessa
arquivo e gêneros', seção "O posicionamento na lenda").
Lugar por excelència da crítica aos talsos valores, esse jansenismo Mas essa configuração ainda dominante em nossa cultura nada tem de
dificilmente deixaria de contaminar a literatura e ser por ela contaminado.
universal nem de intemporal. Desse ponto de vista, a produção "galante" do
Uma contaminação tanto mais fácil porque a denúncia jansenista da século xvn francês tem paricular interesse. Esse úpo de prática literária está,
aristocracia passa por uma desqualificação dos laços de sangue: tanto o escritor
por outro lado, em diversos países e em diversas épocas. E uma literatura de
como o jansenista reivindicam como único valor as "obras" que cada um
deles realizou, e um e outro atirmam a primazia da realeza espiritua do
autores que não assinam necessariamente seus textos, literatura de "obras"
raramente publicadas que circulam primordialmente no ambiente em que
justo sobre o poder conferido pelo nascimento. Para um jansenista foram elaboradas, uma produção que tem como principal objeto os próprios
conseqüente, os únicos reis verdadeiros são os eleitos de Deus: lugares em que nascem elou circulam: mapas metaföricos do espaço mundano,
Todos
conversações sobre os valores, Os comportamentos, os modos de falar aí
os Bem-Aventurados possuem um trono
[..]. Para conhecer
a
grandeza desse trono, só épreciso compará-lo ao dos reis da
requeridos. Não há nesse caso uma verdadeira tensão entre a literatura e o
terra, e considerar suas diferenças |..|. Basta
considerar o contrário
pequeno mundo em que ela aparece: todo produtor de textos galantes é
de todos esses deteitos e de todas essas misérias para conceber o
potencialmente leitore autor de madrigais, sonetos, perfis... Cada um deles
que é esse Reino divino que Deus preparou para todos os Eleitos.88 produzsaberndo dirige a outros produtores de textos do mesmo tipo, com
quese
os quais ele parilha normas estéticas indissociáveis de normas de
Seria, contudo, absurdo
Boa
julgar que literatura clássica fosse ja
a
parte dela simplesmente insinuou-se nas aberturas que Ihe o erecia a
Pode-se ler quanto a isso o livro de Delphine Denis, Le Paruse galant, bnstitution d'une carégorie lbittéraire au
Poden-
ede n o r m a s
literárias para
uma
microssOCiedade.
demosv
como uma "mundanizaez Que faz o Amori Sem ruro ali pairara
comportamento mundana
vida
"estetização" de rinde"..) que Esa jovem riança sem nenhum enigma
aí tanto uma
estética.
Osnomes depastoral
("Tircis", "Clorin
testemunham
os
galant E brincando, ao tods tão bem organizata.
produção
salão e em
seus textos
de ficção esa Que superara do Saber a face digra. (..
ficções sobre na tores,
no
atribuem a si mesmos
mediante
travam
debates de um dado salão se Essa proposta sobre o tédio suscitado pela uniformidade constirui tanto
mescla: os metafora da pragmática.
ítica da
mesmo tempo se faz o papel de pastor..A um posicionamento estéico explicitado no poema como uma regra de saber
mas ao todo o seu valor: é
e o território assume aqui ssível viver para aqucle que conversa na boa sociedade não se pode ser desagradável,
mapa
representado S
confusão entre o
mundo
a ficção literária
e o São pedante ("importuno", diz o texto)... Uma maneira de se exprimir que se
estabelecer a separação entre chaves. Esse tino
romances preciosOs,
c o m suas mostra e se legitima através da própria leitura. A "tecedura" das estrofes que
testemunhas disso os grandes
"real".
a um sótempo
"literárioe seguem valida uma enunciação "brincalhona" que não é v tagarelice, mas
desalão é um espaço é Os amores de Psique e Cupido (1669), de la uma força que permite instaurar a harmonia, superar a "massa contusa" do
característico
Um texto
narrativa não é assumida pelo narrador, mas Dor "Caos e a
guerra entre os elementos.
Fontaine, r o m a n c e em que a Aíreside sem dúvidaa principal razão da dificuldade que tem essa enorme
Politilo. Sua narrativa não
personagem
de contador de histórias galante,
produção para se constituir em literarura e o estatuto inferior que lhe costuma
uma
Psique, não tanto pela obra em si, por mais rara que seja, quanto
pelo objeto. A
RUMO A UM NOVO REGIME DA PARATOPLA?
tapeçaria se compunha de seis peças:
Na
primeira, via-se um Caos, O próprio regime da paratopia criadora tal como fixado no século xIx é
Massa confusa em cuja composição questionado pela evolução recente da sociedade. A estética que opunha
Combatiam o orgulho das ondas
"artistas" a "burgueses supunha um mundo de pertencimentos sólidos,
Turbilhoes de caprichosa paixão. mundo em que havia as pessoas de classe e os "artistas", mundo em que as
Nio longe dai, numa mesma pilha,
O gemia sob o peso da tera:
ar
E
fogo, 0 ar, a terra, com a água,
o
La Amous de P'zyché et de Cupidon, Livre de Poche clasique, 1991, Pp. 83-84.
Empenbavanm-se em cruel guerra
104 105
Discus hterdi
-L'm iTpossiel lugar
a
s o b r e t u d o
união c o m os inf
feriores e aa
solapaua
um mundopo que exdad
temiam
posiç:ão "burgués",
de ao
ssoas
status.
O
artista,
com
relação
Mas,
no
começo éculo
do século XXl,
Os grupo_ Seguc nessa mesma dircção a gencralização da atividade da escrita, sua
estabilizado.
vez
menos
os
indivíduoc
Os, que
deem imersão sempre crescente nas
práticas da sociabilidade. Trata-se de um
base na conf
julgava cada
enquadram
lhes escapa, seja fenomeno que não deixa de evocar as práticas de escrita dos salóes galan tes
pertencimento
m e s m o s
uma
identidade que
no
lazer, na confis. o etnia, na
religiosa,
de outrora. Não estamos aqui na órbita de uma literatura em que um arista
si
a
sexuais,
no esporte,
pertencimentos"
ine.. solitário podia elevar a posição de autor à majestade. Produziu-se, asim,
de
preterências
engajamento
político...
Trata-se
que
condena ada vez mais as
cad múltip
pes 025 au
uma espécie de laicização da criação, que se dissemína numa criatividade
fundamental
na qual entram, cm proporções variáveis, uma parte de expressão de si e
uma
"mobilidade"
crônico.
Claro que
essa
mobilic bilidade social não é uma Dar uma parte de integração num grupo.
nomadismo
ser o
motor de um processo de
de criação, mas.
s
Essa imprecisão das tronteiras entre o público e os escritores converge com
é a de
característica
em que
em
que o
escrito
momento
cuja criação.
No
outra, a que aproxima escritores de editores. A literatura a partir do século xn
efeitos sobre a
deixa de ter
com um mundo estabilizado, supunha uma distinçãoentreo manuscritoproduzido peloescritor eo produto
impoe
como
antes
uma
intensamente
obrigada
ruprura
a inventar para si outros camir
aratopu de sua transformação, oferecido a um público: o livro. Houve em nossos dias
criadora ve-se
os
criadores que abalham com
trabalham os novos
meios ofereci uma considerável redução da cadeia que separa editor e auror. Podemos
De sua parte,
de digitalização
generalizada lizacão generalizada ddas informações dificilme acumular as funçQes de autor, editor, impressor, na medida em que é
pelas tecnologias tradicionais. Numa soci iedade que atribui relativamente fácil produzir textos cuja apresentação tem qualidade próxima
podem ser marginais escritor
já não marca e da que um editor pode conseguir. O escritor pode inclusive fazer sua própria
diferençe
dos signos, 0
tratamento
dominante ao