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PUC-SP
Doutorado em Educação
São Paulo
2017
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
Doutorado em Educação
São Paulo
2017
Banca Examinadora
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Dedico a Gabriella Moreno Azevedo Carvalho
Pela generosidade e carinho
AGRADECIMENTOS
Foi difícil. Muito difícil e trabalhoso. Por ser uma longa trajetória, este
espaço certamente está livre das normas e exigências acadêmicas.
Meu primeiro agradecimento é para minha família, especialmente meus
pais, Luiz e Sonia, e minhas irmãs, Priscila e Daniela. São, certamente, meus fãs numero um.
Alguns amigos e familiares foram importantes nessa trajetória e não poderei
citar todos para não correr o risco de esquecer alguém. Mas em nome do meu querido primo,
Nelson Geraldo, que no início me auxiliou carinhosamente nas traduções, agradeço a todos
eles.
Agradeço especialmente ao Eduardo, meu companheiro de vida, por garantir
que todos os meus compromissos, fora da elaboração desta pesquisa, pudessem acontecer
mesmo na minha ausência. Sem contar as reflexões e sugestões a cada capítulo finalizado.
Ao Prof. Dr. Mauro Castilho Gonçalves, meu orientador, pelo
acompanhamento próximo e cuidadoso. Mais do que um orientador, um amigo.
Em nome do Prof. Mauro, agradeço todos os professores do Programa de
Pós-Graduação em Educação: História, Política, Sociedade. Sentirei saudades de todos
aqueles que de maneira direta ou indireta, contribuíram para que eu pudesse concluir este
trabalho.
Agradeço aos professores participantes da minha banca: Prof. Dr. Daniel
Ferraz Chiozzini, pelos comentários esclarecedores e pontuais feitos no meu projeto, e
também pelas aulas enriquecedoras durante o curso; Profª. Dra. Helenice Ciampi, que também
foi avaliadora do meu projeto, e que muito me ajudou na descoberta dos caminhos da minha
pesquisa, além é claro, da companhia simpática e agradável nos congressos; Prof. Dr.
Norberto Dallabrida, por quem tenho um carinho muito especial, pois além de ser um ser
humano generoso, traz consigo outra figura incrível, a Profª. Dra. Gladys Mary Ghizoni
Teive; Prof. Dr. César Romero Amaral Vieira, pelas críticas construtivas e esclarecedoras
feitas na minha qualificação, que me ajudaram imensamente na construção deste trabalho
final.
Faço outro agradecimento especial a Profª. Dra. Katya Mitsuko Zuquin
Braghini, que também participou da minha qualificação. Não tenho palavras para agradecer
tamanho primor nas considerações. Boa parte dos momentos que fiquei defronte ao
computador, eram as palavras da professora Katya que não me faziam esquecer dos aspectos
mais importantes.
Aproveito para agradecer a queridíssima Betinha (Elizabete Adania),
secretária do Programa, por todo o apoio, carinho e profissionalismo com o qual me
acompanhou durante toda a minha trajetória, desde a minha primeira aula no mestrado.
Agradeço também à Senhora Edith Long Schisler, neta de James Lillbourne
Kennedy, pelo apoio em agradáveis conversas telefônicas entre Taubaté e Vermont.
Nesse caminho fiz muitos amigos. Entre eles, dois foram particularmente
especiais: Tiago Donizette da Cunha e Eduardo Norcia Scarfoni. Tiago, pelas conversas
agradabilíssimas envolvendo política, vida, sociedade, estudos etc., nas nossas caminhadas
PUC/Metrô e pelo apoio irrestrito ao meu trabalho na docência e na pesquisa. Ao Eduardo
pelas conversas proveitosas sobre nossas pesquisas e pelo apoio mútuo nos diversos
congressos que participamos juntos. Em nome deles, agradeço a todos os colegas do EHPS.
Agradeço também a Professora Luciana Guimarães Castro que me
assessorou nas traduções, por ter ido além daquilo que pedi, se integrando ao conteúdo do
meu trabalho, o que tornou tudo mais fácil e prazeroso.
Foi difícil e trabalhoso, mas terminar de escrever estas linhas e poder ver o
trabalho pronto é a melhor sensação de ―dever cumprido‖ que poderia sentir.
Finalizo com meu agradecimento à CAPES pela bolsa concedida, apoio
imprescindível para a realização desta pesquisa.
RESUMO
Idealized by the Woman's Foreign Missionary Society of the Methodist Episcopal Church,
South, the periodical ―Woman‟s Missionary Advocate‖, published monthly in the United
States and without any interruptions between 1880 and 1910, used to receive information
from the missionaries who reported their experiences in several parts of the world, including
Brazil. Its first number was started in July, 1880 with 16 pages and its last edition was
published in December, 1910 with 47 pages. The newspaper based on the saying ―from
woman to woman‖ was totally managed by women and supported by annual subscriptions.
Besides the actions of the missions in the educational field, it published, in full, the annual
meetings of the Woman‘s Board of Foreign Mission and the several missionary activities
accomplished in the mission fields. In the end of XIX century, several societies were
organized with the purpose of becoming the activity of expanding Methodism more efficient
and structured. Even the movement being led by men and considering the missionaries were
married and their wives were consequently equally involved in this project, the scenario
changes after the increase of the Woman's Missionary Societies that became an objective of
great benefit at Church to take different positions and tasks, mainly in the establishment of
schools. The purpose of this research is to study the North-American Methodist Missionary
Movement in Brazil, in reference of the educational aspect, based on the woman's
involvement. Through analysis procedures based on the Cultural History perspective, it is
supported in the studies of Roger Chartier about practical notions and representations, and of
Michel de Certeau in the distinction of the categories called tactics and strategies, in the study
of the cultural practices. The Woman‟s Missionary Advocate, a diffusing newspaper about the
Methodist missionary movement, especially with regard to the school education, was a
privileged place of dissemination and defense of the Methodist missionary ideals in a
historicity that highlights the women's role. Through its study was possible to defend the
theses about the female protagonism in the Methodist missionary movement in Brazil,
showing the women's effective involvement more than the direct action at schools.
Introdução 01
Objetivo dos colégios e das missões 02
Religião e Americanismo 06
A participação das mulheres no movimento missionário metodista e o
Woman‟s Missionary Advocate 11
A busca pela fonte 17
O estudo sobre missionarismo feminino a partir das questões de gênero 18
Fontes e procedimentos de pesquisa 21
Procedimentos de análise 26
Capítulo 1
O protestantismo de missão e a criação das Sociedades Missionárias Femininas 30
1.1 Os primeiros movimentos e a chegada dos missionários 30
1.2 As Sociedades Femininas: criação e atuação 41
1.3 A Sociedade Missionária Estrangeira da Mulher – detalhes de sua
organização 49
Capítulo 2
Woman‘s Missionary Advocate: um periódico ―da mulher para a mulher‖ 54
2.1 O movimento de criação do periódico e sua caracterização 54
2.2 As contendas envolvendo o periódico e a criação do Conselho 62
2.3 O Brasil nas páginas do Advocate – as representações de um projeto
missionário 65
2.4 Monarquia, República e o movimento missionário metodista nas
páginas do Advocate 72
Capítulo 3
Religião, educação e proselitismo: o periódico como propagador do movimento
missionário e a atuação das mulheres 75
3.1 Formação das missionárias 75
3.2 Missionárias para o Brasil – apelos e resistências 76
3.3 As representações femininas como propagadoras do ideal
norte-americano 79
3.4 A atuação das mulheres e a organização das Sociedades e Ligas
associativas 84
3.5 O embate entre metodismo e catolicismo a partir da atuação das
missionárias 90
3.6 Os caminhos do proselitismo metodista, traçados pelas missionárias 92
3.7 Outros aspectos ligados às escolas metodistas: escola pública, bolsas de
estudos e formação de professoras 96
Capítulo 4
Os Colégios Metodistas do Conselho da Mulher – espelhos de um projeto
missionário 101
4.1 Colégio Piracicabano 101
4.2 Colégio para meninas no Rio, Escolas Diárias e Colégio Americano
Fluminense 104
4.3 Colégio Americano de Petrópolis 108
4.4 Colégio Americano de Taubaté 110
4.5 Colégio Mineiro de Juiz de Fora – Colégio Isabella Hendrix 111
4.6 Escola Metodista de Ribeirão Preto 113
4.7 Colégio Americano de Porto Alegre 117
Conclusão 119
Referências Bibliográficas 124
Anexos 133
1
Introdução
1
Apesar de não apresentar um levantamento completo dessas instituições indicando a manutenção ou não das
mesmas, Mesquida (1994) aponta uma tese interessante. Para o autor, a formação de uma elite urbana imbuída
de novos ideais econômicos e políticos, ligada a temas como positivismo, republicanismo, individualismo e
maçonaria, que acreditava no modelo da sociedade norte-americana representada pelos missionários protestantes,
especialmente os metodistas, garantiu, mesmo que indiretamente, a permanência e manutenção de muitos
colégios.
2
apropriado para atingir a camada social dirigente, que dificilmente seria participante das
reuniões religiosas protestantes. Isso só seria possível se a educação protestante comprovasse
sua superioridade, o que aponta a intenção dos metodistas no investimento na educação
escolar.
Nascimento (2005), na sua Tese de Doutoramento, Educar, curar, salvar:
uma ilha de civilização no Brasil tropical, analisa as estratégias de implantação do que
chamou de ―projeto civilizador‖ dos missionários presbiterianos no Brasil, a partir da criação
de igrejas, escolas, hospitais e escolas de enfermagem, estudando especificamente uma
instituição escolar no interior da Bahia. A autora destaca a pesquisa de Hilsdorf (1977), a qual
considera um marco no campo da pesquisa sobre educação protestante no Brasil, pois, além
de investigar ―como e porque tornou-se possível o surgimento, êxito e influência daquelas
escolas‖, ainda demonstrou que ―apesar da configuração da época constatou-se a evidência de
fissuras em sua aparente solidez conservadora e germes de renovação, que facilitaram a
atuação pedagógica protestante em São Paulo‖ (p. 22). Afirma ainda que houve, portanto, um
alargamento das fronteiras da História da Educação e seu diálogo com outros campos,
resultando numa nova configuração do campo da historiografia da educação, por isso a
importância dos estudos sobre as escolas protestantes no Brasil.
Cordeiro (2008), em sua Tese de Doutoramento, Metodismo e educação no
Brasil: as tensões com o catolicismo na primeira República, que analisa o desenvolvimento
do projeto educacional da Igreja Metodista Episcopal do Sul dos Estados Unidos na região
Sudeste, afirma que,
Sem dúvida, o ímpeto polêmico foi uma grande força. Mas com a arregimentação de
suas próprias forças por parte da Igreja Católica, que começa ainda neste século XIX
e se estende pelas primeiras décadas da República, no sentido de substituir o
catolicismo ibérico, acomodado e, em muitos pontos, sensivelmente liberal por um
outro tridentino e agressivo, as adesões ao protestantismo não continuaram tão
fáceis. Por outro lado, as próprias inadequações entre proposta protestante e a
realidade social deram a sua contribuição para o arrefecimento do ímpeto
conversionista (p. 2014).5
4
1ª edição de 1963.
5
As colocações do autor podem ser identificadas no discurso das missionárias ao relatarem no periódico, fonte
desta pesquisa, as dificuldades no trabalho realizado no Brasil dentro e fora das escolas. Aspectos que serão
abordados no decorrer da pesquisa.
5
política da época à prática educativa dos metodistas, gerou uma reação imediata dos
ultramontanos católicos.
Alguns trabalhos mais recentes abordam diretamente o assunto. Borin
(2010), em sua tese Por um Brasil católico: tensão e conflito no campo religioso da
República, tendo como fonte os jornais da época, analisa que no período entre os séculos XIX
e XX, na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, houve, por conta da disputa pelo que
ela chama de ―espaço do sagrado‖, um conflito entre católicos e protestantes, especialmente
no campo educacional e na construção de templos. Para Santos (2010), em dissertação
intitulada Católicos e protestantes: escolas confessionais fundadas por missionários
estrangeiros. Belo Horizonte, MG – 1900-1950, os protestantes viveram em Minas Gerais
conflitos parecidos com as de outras regiões, não apenas brasileiras, mas mundiais, com
relação às suas tentativas de expansão religiosa por terras tradicionalmente dominadas pelo
ideário do catolicismo, especialmente no que concerne à instalação de escolas. Vasconcellos
(2010), com sua tese As Boas Novas pela palavra impressa: impressos e imprensa protestante
no Brasil (1837-1930), abrangendo presbiterianos e batistas, apresenta os conflitos entre
católicos e protestantes com relação à instalação das instituições de ensino e o caráter
proselitista dos protestantes.
Outros trabalhos, ao terem como tema mais específicos a instalação das
escolas ou personagens protagonistas dessas instituições, também apresentam essas
contendas, como Ramires (2009), em A contribuição de Mlle. Maria Rennotte na construção
e implantação do projeto educacional metodista no Colégio Piracicabano; Moreira (2011),
em Em nome da República: escolas e tradições modernas; Plácido (2014), em Uma leitura do
colégio Isabela Hendrix em Belo Horizonte no início do século XX: implantação, fixação e
consolidação; Soares (2014), em Representações de uma escola protestante na imprensa:
Colégio Piracicabano (1881-1886); Pinheiro (2015), em O Granbery em Juiz de Fora:
primórdios da educação metodista no Brasil (1889 a 1905); e Silva (2015), em A figura de
Horace Lane: lutas e representações e a formação da rede de escolas americanas no Brasil
(1885-1912).
Talvez uma pergunta possa ser feita diante do que foi exposto até aqui: em
tudo isso, onde se inserem a questão religiosa, articulada à educação, ambas formadoras de
identidades e unificadoras de comportamentos?
6
Religião e americanismo
Para Almeida (2011), no século XIX e boa parte do século XX, tanto a
educação como a religião foram marcos fundamentais sobre os quais se assentavam as
aspirações, os costumes, as tradições, a política, a cultura, a vida social e a economia. Sob
suas sombras se modelavam as identidades, os comportamentos, hábitos e costumes e se
normatizava a vida social e a sexualidade. Com o advento das ideias liberais e positivistas
veiculadas pelos ilustrados antes e depois da República, o panorama social do Brasil se
transformou. A educação fez parte integrante do projeto civilizador republicano e o poder da
religião católica foi ameaçado com sua separação do Estado, agora laico, juntamente com a
relativização de sua influência no campo escolar, num processo que havia se estruturado
desde o Segundo Império. Esse poder também foi parcialmente ameaçado com a inserção do
protestantismo que trouxe ao País, a partir da segunda metade do século XIX, ―um novo
sentido ético-religioso com notável cunho político, evidenciado naquilo a que Max Weber
definiu como a ética protestante e o espírito do capitalismo‖ (p. 146).
Usando o termo ―religião da república‖, utilizado pelo historiador Phillip
6
Jordan, Mesquida (2016) afirma que o metodismo esforçou-se para modelar a sociedade
americana, sobretudo pelas instituições voluntárias7 e pelas obras educacionais, a ponto de vê-
la como o modelo de civilização cristã que deveria ser imitado e seguido por outras nações,
―pois se tratava de uma civilização que caminhava na direção da vitória e do
aperfeiçoamento‖ (p. 189). A Igreja Metodista, como igreja dominante, estava fortemente
ligada a essa concepção de destino8 dos Estados Unidos. Por isso, os metodistas estavam
convencidos de que, dentre os povos de língua inglesa, os EUA eram a expressão mais
elevada da civilização anglo-saxônica, destinada a conquistar o mundo.
A tese defendida por Mendonça (1995) de que a luta dos protestantes por
um espaço religioso na sociedade brasileira foi embasada em três níveis: o polêmico, o
6
Para Jordan, metodismo e democracia eram pensamentos tão inseparáveis que todas as grandes mudanças na
política metodista durante o final do século XIX e início do século XX, eram destinadas a promover essa
―religião da república‖. Immigrants, Methodists, and a 'Conservative' Social Gospel, 1865-1908. Disponível em
http://archives.gcah.org:8080/handle/10516/4732. Acesso em dez. 2016.
7
Ligas e Associações. Assunto que será abordado posteriormente.
8
Fundamentos do chamado Destino Manifesto. A expressão ―Destino Manifesto‖ surgiu pela primeira vez em
1845, em artigo do jornalista John O. Sullivan sobre a anexação do Texas. Meses depois, tornar-se-ia popular ao
ser reutilizada em editorial sobre a controvérsia opondo EUA e Inglaterra a respeito do território de Oregon. O
editorial, publicado pelo jornal New York Morning News, afirmava que a reivindicação norte-americana ao
Oregon ―era legítima pelo direito de nosso Destino Manifesto de possuir e povoar a totalidade do continente que
a providência divina nos deu para o desenvolvimento de nossa grande experiência de liberdade e governo
federativo‖. Um conceito originalmente criado para justificar a expansão territorial em direção ao oeste, mas que
logo passaria a englobar fronteiras cada vez mais distantes, tanto em termos geográficos como, anos mais tarde,
ideológicos (Fonseca, 2007).
7
9
Fundado pelo Reverendo John James Ransom, a primeira edição do jornal data de 1º de janeiro de 1886. De
início intitulado Methodista Catholico, o nome não agradou parte do grupo de metodistas e, no ano seguinte, foi
rebatizado como Expositor Christão.
9
crença de terem sido escolhidos por Deus para proclamar a verdade (NOVAES,
2003, p. 122).
.
O autor conclui, portanto, que foi a fé, não apenas na religião, mas no poder
da mensagem civilizatória norte-americana, como projeto de vida para as outras nações, que
motivou o trabalho missionário no Brasil. Encerra afirmando que a proposta educacional
metodista chega juntamente com a missão religiosa de evangelizar. ―Evangelização e
educação sempre estiveram interligadas. Educar era um bom método de evangelizar e
evangelizar pressupunha educar‖ (p. 125).
Esse projeto de vida a que se refere o autor encontrou ressonância na
sociedade brasileira à época. Os Estados Unidos eram vistos como modelo a ser seguido.
Modelo de civilização, educação, comportamento, modo de vida. Padrões constitutivos da
almejada cultura nacional que primeiramente se voltava para a Europa como modelo a ser
seguido, especialmente o francês e que em meados do século XIX passou a se voltar para os
Estados Unidos10 (MENDONÇA, 1995).
No Brasil, se recuarmos ao período da independência, encontraremos
intensos debates entre aqueles que defendiam o poder moralizador, disciplinador e industrioso
que se observava na educação escolar que se disseminava nos países europeus em
contraposição à miséria intelectual e moral a que estava entregue nossa juventude.
Comparações entre os chamados ―povos avançados‖ em contraposição a
uma sociedade corroída pelo verme e pela praga da ignorância foi um discurso que se
manteve entre meados do século XIX e início do XX quando, na disputa entre diferentes
padrões culturais, foi-se produzindo a hegemonia cultural norte-americana, pela criação
imaginária de que os Estados Unidos ofereciam o melhor espelho para a modernidade do
Brasil: pela difusão na crença de que lá, mais do que em qualquer lugar do mundo ocidental,
estava concretizada a esperança no ―homem novo‖, ou seja, o homem subjetivamente
necessário à modernidade, cunhando o termo americanismo como a hegemonia dos Estados
Unidos sobre o mundo externo (WARDE, 2000).
Gramsci (2008) referia-se aos Estados Unidos ao falar do americanismo,
mas também se referia, indiretamente, à organização de um novo padrão de organização da
vida material e simbólica, um novo padrão não europeu. O americanismo, para Gramsci, foi
uma mudança de toda uma cultura e seu sucesso só foi possível nos Estados Unidos por não
10
A influência de modelos estrangeiros na sociedade contemporânea embasado em termos como ―cultura de
empréstimo‖ ou ―empréstimos culturais‖ é tema de debate entre historiadores (sobre o assunto, ver Burke, 1997).
Não entrarei aqui nessa discussão, restringindo minha análise ao conceito de ―Espelho do Próspero‖, base dos
estudos de Warde (2000) a partir do termo cunhado pelo brasilianista Richard Morse.
10
precisar carregar ―como uma capa de chumbo‖ as velhas tradições culturais, políticas e
estatais europeias. Outro fator preponderante foi o de ser uma filosofia que se afirmava na
ação, de maneira tão eficaz, que estava produzindo um ―homem novo‖.
Dentro desse contexto, para o autor, o americanismo é resultado da
americanização que, para acontecer, requer um dado ambiente numa determinada estrutura
social — ou a vontade de criá-la — em um certo tipo de Estado. Este Estado é liberal, mas
não no sentido de liberdade política efetiva, mas no sentido mais fundamental da livre
iniciativa e do individualismo econômico que colaboram com meios próprios, como
sociedade civil, para o seu próprio desenvolvimento.
O termo americanismo será tratado aqui, segundo a concepção de Gramsci,
como mudanças no modo de ser e de viver numa perspectiva educacional, pois foi por meio
da educação que o americanismo criou raízes e a manteve como sua grande bandeira.
Ao relatar a presença de Oscar Thompson na Exposição de St. Louis, em
1904, Warde (2002) expõe como os representantes dos Estados Unidos pensavam na
organização e classificação da exposição — o método da disposição daquilo que era exposto
— para melhor representar seu sistema nacional de ensino. A tarefa era explicar o papel
civilizatório e educativo que os Estados Unidos exerciam sobre os ―aquinhoados por Deus‖.
Estavam lá, como uma universidade, como uma possibilidade de arrancar os outros povos
daquilo que eles consideravam como estágio cultural primitivo em que se encontravam. Em
vez da força bruta, estavam oferecendo educação, completando assim a ―tarefa da natureza
para aqueles, cuja evolução ainda não havia sido realizada‖ (p. 419).
Diante do exposto, é possível articular a relação entre educação,
protestantismo e americanismo no contexto da missão metodista no Brasil, especialmente pela
educação escolar.
Minhas perguntas passaram a ser as seguintes: para além do projeto
metodista, de sua proposta educacional, de sua missão religiosa, estão os sujeitos,
protagonistas de um processo que envolve estratégias embasadas em publicações periódicas,
em conferências de organização e divulgação das atividades metodistas e do estabelecimento
de instituições educacionais. Quem eram esses sujeitos? De que maneira contribuíram para
esse projeto missionário já descrito anteriormente?
Essas perguntas me levaram então à definição do tema desta tese, que
explico a seguir.
11
11
Originalmente Mattie Hite Watts. Sua biografia estava tão intrinsicamente ligada ao Brasil que, mesmo em
trabalhos publicados nos EUA, seu nome é registrado como Martha.
12
Zuleica (2001), Silva, (2008b), Ramires (2009), Vieira (2011), Lopes (2010), Hilsdorf (2002).
12
13
Doravante farei referência ao periódico apenas como Advocate, salvo exceções necessárias para melhor
entendimento do texto.
14
O Centro Cultural Martha Watts é um espaço de cultura, memória e história, localizado na cidade de
Piracicaba/SP (Brasil). Disponível em: http://www.unimep.br/ccmw/index.php. Acesso em jun. 2015.
15
Mesmo tendo registros apenas do Brasil, em algumas páginas reprografadas, havia artigos citando esses
países.
13
culturais‖ com base em uma perspectiva história, racial, social e religiosa. Uma importante
análise que considera as colonizações culturais resultantes da atuação das missionárias
protestantes sob o seguinte aspecto, ―a mesma missão que converteu o Outro trouxe o Outro
para dentro de si e construíram novas culturas e fronteiras e relações entre gênero e religião‖
(p. 21). Um artigo que embasa a tese da importância das mulheres nesse projeto missionário,
que nesta pesquisa será sustentada pela publicação do Advocate.
No âmbito das pesquisas publicadas em outros países, considerei alguns
procedimentos analíticos. Diante das inúmeras instituições de ensino superior nos Estados
Unidos, listei as principais universidades metodistas,16 que poderiam, em tese, facilitar a
busca pelo tema. Não havia, entretanto, nas respectivas universidades, repositórios abertos.
Todas, sem exceção, tinham o acesso restrito à comunidade acadêmica. Minha opção então
foi a busca em portais tais como Ebsco host – Reserach Databases, caminho em que acessei o
site OopenDissertations.com, PQDT Open, a NDLTD – Networked Digital Library of Theses
and Dissertations e o site da Biblioteca Victor de Sá da Universidade Lusófona de
Humanidades e Tecnologias que possui um link para os repositórios científicos internacionais.
Esses portais possuem acesso aberto cujos autores disponibilizam suas
produções para o público em geral. Nessa busca, encontrei os seguintes trabalhos referentes
ao tema missionarismo feminino metodista e/ou ao Advocate.
Amaral (2009), uma pastora metodista ordenada no Rio de Janeiro, ao tratar
da liderança feminina contemporânea dentro da igreja metodista, faz um histórico da
participação das mulheres no movimento missionário no Brasil afirmando que ―a história da
liderança feminina no Brasil começou no final de 1800 quando as mulheres americanas
missionárias abriram novas avenidas para todas as mulheres nessa nova aventura dentro do
ministério‖ (p. 03). A autora faz uma descrição das mulheres metodistas que atuaram no
Brasil e as escolas onde trabalharam como professoras e/ou diretoras. A intenção da autora é
explicar como foi se construindo um espaço de atuação das mulheres dentro da igreja
metodista no Brasil, a partir da vinda das primeiras missionárias e a resistência do que ela
16
Allen University; American University; Anderson University; Baker University; Baldwin Wallace University;
Bethune-Cookman University; Centenary University; Central Methodist University; Claflin University; Clark
Atlanta University; Dakota Wesleyan University; DePauw University; Drew University; Duke University;
Emory University; Hamline University; High Point University; Illinois Wesleyan University; Indiana Wesleyan
University; Iowa Wesleyan University; Kansas Wesleyan University; McKendree University; McMurry
University Methodist University; MidAmerica Nazarene University; Mount Vernon Nazarene University;
Nebraska Wesleyan University; Northwest Nazarene University; Ohio Northern University; Ohio Wesleyan
University; Oklahoma City University; Oklahoma Wesleyan University; Olivet Nazarene University; Otterbein
University; Pfeiffer University; Reinhardt University; Seattle Pacific University; Shenandoah University;
Southern Methodist University; Southern Nazarene University; Southern Wesleyan University; Southwestern
University; Spring Arbor University; Tennessee Wesleyan University; Texas Wesleyan University; The
University of Findlay; Trevecca Nazarene University; University of Evansville; University of Indianapolis;
University of Mount Union; Warner University; Wilberforce University; Willamette University.
15
17
A autora usa o termo antebellum, que designa esse período pré-Guerra Civil nos Estados Unidos.
18
Um dos mais importantes jornais metodistas já publicado. Durou 147 anos, de 1826 a 1973.
16
periódicos que representavam um espaço que estavam sendo conquistados por essas mulheres.
Algumas das perguntas de pesquisa levantadas foram: quanta autonomia seria concedida a
essas mulheres em gastar o dinheiro que haviam levantado? Até que ponto o Conselho de
Missões poderia direcionar suas ações? Seriam essas mulheres capazes de representar essas
organizações nos países estrangeiros?
Fica evidente no trabalho de Bennett que a participação em sociedades
missionárias encorajou as mulheres a irem além dos padrões familiares e convencionais de
suas vidas mudando comportamentos e a representatividade das mesmas dentro e fora da
igreja. Mesmo não falando especificamente dos Metodistas,19 e tendo como foco a discussão
da participação das mulheres nas sociedades missionárias e sua influência no destino político
da sociedade norte-americana, o trabalho de Bennett aponta discussões importantes que
podem colaborar para a análise desta Tese.
As autoras Zikmund e Dries (1984) apresentam a importância das primeiras
sociedades femininas organizadas nos Estados Unidos. Afirmam que as mulheres que queriam
organizar clubes, conselhos ou sociedades independentes, especialmente nas igrejas, não
foram encorajadas e, portanto, demandou um processo de lutas e conquistas. Em uma das
citações do artigo, há a reprodução das palavras de uma religiosa:
19
A autora analisa quatro denominações protestantes: os Presbiterianos do Norte (mais tarde, Igreja
Presbiteriana dos Estados Unidos), A Igreja Metodista Episcopal do Sul (metodistas contemplados nesta
pesquisa), Os Discípulos de Cristo (fazia parte do Conselho de Missões das Mulheres Cristãs, que não se
limitava a apenas uma denominação protestante) e A convenção Batista do Sul.
17
nos espaços conquistados nas sociedades femininas missionárias e apontam para uma
discussão sobre o tema gênero dentro da história do movimento missionário metodista. Além
disso, diante da ausência de trabalhos que tratassem da questão da participação da mulher no
movimento metodista a partir da organização do periódico, percebi a importância da minha
fonte de pesquisa. Um periódico, organizado por mulheres, para mulheres, e dedicado à
divulgação do movimento missionário metodista dentro e fora dos Estados Unidos. Um
material capaz de revelar aspectos significativos sobre o movimento missionário metodista a
partir da participação das mulheres dentro dos seus espaços de atuação, as Sociedades
Missionárias Femininas, tendo como escopo a educação escolar.
Afinal, o projeto missionário do metodismo norte-americano no Brasil,
contou com a participação efetiva das mulheres para além da atuação direta nas escolas? O
periódico que contém as informações e discussões sobre todo o movimento missionário
metodista e, especialmente, sobre a criação das escolas, seria capaz de evidenciar o
protagonismo feminino nesse projeto missionário? Quem eram essas mulheres que aparecem
como protagonistas na organização do periódico?
Período Fotos de
páginas20
Setembro 1880 a março de 1889 93
Julho de 1889 a outubro de 1900 72
Janeiro de 1901 a agosto de 1907 37
Setembro de 1907 a dezembro de 1910 29
Relatório - Woman's Foreign Missionary Society 45
Relatório - First Annual Report 1910 - 1928 45
20
Referem-se às fotos tiradas das páginas que continham assuntos sobre o Brasil.
18
21
Os números do periódico trazidos para o Brasil e hoje disponíveis no Centro Cultural Martha Watts não
possuem a indicação da numeração original. As primeiras publicações não apresentam o mês e ano de
publicação, que só aparecem a partir de julho de 1888. Mesmo assim, após essa data, não há nas cópias
reprográficas indicação precisa dos respectivos volumes — informação que consegui posteriormente ao ter
acesso a todos os volumes do periódico. O repositório também não possui a totalidade os números do Advocate
que apresentam notícias ou notas sobre o Brasil.
22
Localização: New Haven, Conn.: Research Publications. 4 microfilm reels; 35 mm. (Women's periodicals,
18th century to the great depression; reel R6-R9).
23
A organização dos números e volumes está apresentada no Anexo I.
19
Os sujeitos que constituem a dicotomia não são, de fato, apenas homens e mulheres,
mas homens e mulheres de várias classes, raças, religiões, idades etc. e suas
solidariedades e antagonismos podem provocar os arranjos mais diversos,
20
(...) um tipo de publicação seriada que se apresenta sob forma de revista, boletim,
jornais etc., editadas em fascículos com designação numérica e/ou cronológica, em
intervalos pré-fixados (periodicidade), por tempo indeterminado, com a colaboração
22
mas relutava-se em escrever a História por meio da imprensa. Ela faz um histórico de como
foi se concretizando a pesquisa por meio da imprensa e sua ligação com a História Cultural,
que considera um movimento que está no centro das renovações historiográficas.
Segundo a autora, isso só foi possível devido à renovação do marxismo,
particularmente marcante nos estudos de Raymond Williams, Perry Anderson, Christopher
Hill, Eric Hobsbawm e, sobretudo, E. P. Thompson, pois apontaram o abandono da ortodoxia
economicista e trouxeram para o centro da cena a experiência de grupos e camadas sociais
antes ignorados, conforme analisado por Rago (1999), ao discorrer sobre a chamada ―nova‖
historiografia brasileira, destacando a importância de Thompson na acepção de que ―as
classes se fazem tanto quanto são feitas‖.
Neste caminho, o que ocorre é o fortalecimento da História Cultural, a partir
de estudos sobre temas e objetos variados; e novas problematizações, que mobilizaram os
historiadores a buscarem fontes alternativas, a partir de procedimentos analíticos e
metodológicos que alteraram o modo de inquirir os textos.26
Ao fazer um estudo sobre as missionárias protestantes americanas, Silva
(2011) afirma que a história cultural problematiza o texto diretamente como mediação,
desafiando o historiador a confrontar o que havia sido até então ―realidade‖, partindo dos
documentos com o poder das representações da escrita, da materialidade textual. Trata-se,
pois, de refletir sobre os sentidos da História, analisando eventos do passado, construídos a
partir de uma variada documentação e do próprio discurso histórico. A busca dos sentidos
organizadores dos textos como formas de conhecimento que produzem a verdade,
racionalizando o passado e referendando situações e sistemas, destacando os esquemas
geradores de classificações e percepções de cada grupo social, tendo como objeto a
compreensão das formas e motivos, ou seja, as representações do mundo social, descrevendo
a sociedade como pensam ser, ou como gostariam que fosse.
As práticas que objetivam fazer reconhecer uma identidade social,
representadas por uma maneira própria de estar no mundo, dotadas de sentidos e significados
simbólicos, se estabelecem de tal maneira que representantes, de instâncias coletivas ou
particulares, marcam de forma visível e perpetuada a existência de um grupo, de uma classe
ou de uma comunidade (CHARTIER, 2002).
No caso das missionárias metodistas, é preciso considerar ainda que a
identidade religiosa também estabelece parâmetros culturais que influenciam as práticas
cotidianas, as relações, os lugares, as posições hierárquicas e as representações. Trata-se de
destacar o papel que a identidade religiosa exerce na construção de papeis de gênero e sua
26
Sobre o assunto, ver Burke (2005)
24
27
No capítulo 1, apresentarei o histórico da formação das Sociedades Missionárias femininas.
25
capaz de entender o contexto que envolve o documento traduzido, fator indispensável para a
qualidade do trabalho final. Registro que todos os trechos transcritos neste trabalho retirados
do Advocate passaram obrigatoriamente pela revisão da especialista em tradução.
Procedimentos de análise
reação por meio daquilo que este autor chamou de ―táticas‖, que são exatamente estas
atitudes/resistências/ressignificações em relação ao que foi imposto e determinado.29 Mesmo
não considerando a análise do periódico sob o ponto de vista da produção, difusão e consumo,
obrigatoriamente nessa ordem, os conceitos apresentados também podem contribuir para uma
melhor compreensão do periódico como produtor e difusor de um projeto missionário, a partir
da análise das publicações das atividades no Brasil.
Outro aspecto importante a ser considerado como procedimento de análise
neste trabalho refere-se aos conceitos de práticas e representações apresentados por Chartier
(2002). Mesmo considerando que o trabalho de Roger Chartier tem uma centralidade na
transferência entre a cultura oral e cultura escrita, mostrando como indivíduos não letrados
podem participar da cultura letrada através de práticas culturais diversas (leitura coletiva,
literatura de cordel), e ainda considerando que seus estudos discutem as práticas culturais que
aparecem na construção dos livros tanto do ponto de vista autoral (modos de escrever, de
pensar ou expor o que será escrito), editorial (reunir o que foi escrito para constituí-lo em
livro), ou ainda artesanal (a construção do livro na sua materialidade, dependendo de estarmos
na era dos manuscritos ou da impressão), a produção de um bem cultural impresso (neste
caso, o Advocate), está necessariamente inscrita em um universo regido, primeiramente, por
estes dois polos que são as práticas e representações, pois, para o autor, esses discursos
produzidos
não são de forma alguma discursos neutros: produzem estratégias e práticas (sociais,
escolares e políticas) que tendem a impor uma autoridade à custa de outras, por elas
menosprezadas, a legitimar um projeto reformador ou a justificar, para os próprios
indivíduos, as suas escolhas e condutas (p. 17).
29
Dois estudos merecem uma apreciação sobre o assunto: Pereira e Sarti (2010) e Cruz (2014).
29
CAPÍTULO 1
Nos estudos sobre protestantismo no Brasil, tem sido utilizada uma tipologia
que subdivide o campo em dois grandes grupos: os protestantes de imigração, que tem nos
luteranos alemães seu grupo mais representativo, que objetivava preservar seu patrimônio
cultural e religioso sem caráter proselitista, e os protestantes de missão, especialmente
metodistas, presbiterianos e batistas, que vieram com o objetivo de implantar suas respectivas
igrejas e escolas, imbuídos de um projeto evangelizador, expansionista e civilizador
(CARDOSO, 2003). As missões, em geral, eram organizações administrativas, muitas delas
organizadas pelas Juntas ou Conselhos, pertencentes a um conjunto de comunidades
religiosas, sendo constituídas em sociedades, com o objetivo de manter a propaganda
evangélica no país e no estrangeiro ou em comissões oficiais criadas pela autoridade
eclesiástica das comunidades para a divulgação da fé (NASCIMENTO, 2005).
Segundo Barclay (1949), é impossível desenhar uma linha nítida de
diferenciação entre a história geral da Igreja e suas atividades missionárias. O movimento
Metodista como um todo foi missionário na concepção, na motivação e no método.
Quando a Igreja Metodista organizou-se em Baltimore (Maryland), em
1784, o bispo Francis Asbury enviou três dos seus 81 pregadores para a missão fora dos
Estados Unidos. Somente em 1820 foi oficializada sua sociedade missionária, que enviou seu
primeiro missionário, Melville Beveridge Cox para Libéria (África), em 1833. Em 1828, a
Conferência Geral já havia recomendado uma pesquisa sobre a viabilidade de uma missão
metodista na América do Sul. Somente em 1835 o bispo James Osgood Andrew comissionou
o jovem pregador Foutain Elliot Pitts para fazer uma viagem de reconhecimento às mais
importantes cidades da costa ocidental: Rio de Janeiro, Montevidéu e Buenos Aires. Pitts
efetivamente fez a viagem, chegando a organizar pequenos grupos metodistas no Rio de
Janeiro e Buenos Aires (REILY, 2003). Em carta, recomendando o estabelecimento de uma
missão metodista no Brasil, ele afirma:
Estou nesta cidade (Rio de Janeiro) há duas semanas, e lamento que minha
permanência seja necessariamente breve. Creio que uma porta oportuna para a
pregação do Evangelho está aberta neste vasto império. Os privilégios religiosos
31
permitidos pelo governo do Brasil são muito mais tolerantes do que eu esperava
achar em um país católico... (...) Porque esse governo avança tão rapidamente no
comércio e nas artes, porque é o mais liberal de todos os países católicos do mundo
na tolerância religiosa e porque abarca diversos portos populosos, tais como São
Salvador, Rio Grande e Rio de Janeiro, esta última a maior cidade da América do
Sul, sou da opinião que ele apresenta um campo perante os servos do Senhor Jesus
Cristo que pode ser corretamente descrito como ―pronto para ceifa‖ (REILY, 2003,
p. 100-101)
Art. 5. A Religião Católica Apostólica Romana continuará a ser a Religião do Império. Todas
as outras Religiões serão permitidas com seu culto doméstico, ou particular em casas para
isso destinadas, sem fôrma alguma exterior do Templo.
Art. 179 Item V – Ninguém poderá ser perseguido por motivo de Religião, uma vez que
respeite a do Estado e não ofenda a Moral Pública.
metodismo, iniciou seu trabalho missionário no Brasil, sofreu intensos ataques, especialmente
conduzidos pela Igreja Católica.
Em resposta à recomendação do Reverendo Pitts, estabeleceu-se, segundo
Mendonça (2008), a primeira missão metodista no país, que não leva o seu nome, que retorna
aos Estados Unidos em 1836, mas de seu sucessor, Justin Spaulding.
Justin Spaulding e sua família chegam ao Brasil em 29 de abril de 1836,
após uma viagem de 37 dias. Começando com o pequeno grupo reunido por Pitts, organiza
uma escola dominical e, antes de completar um mês de permanência no país, organiza
também uma escola diária.30 Em carta relatório enviada aos Estados Unidos, descreve que
30
A definição de escola diária e escola dominical será feita nos capítulos posteriores.
31
Denominação dada à Igreja Metodista Episcopal dos EUA. A Igreja Metodista no Brasil só se torna autônoma
em 1930.
32 Alguns nomes dos missionários e missionárias que vieram ao Brasil sofreram modificações por conta da
adaptação à língua. Por esse motivo, há discrepâncias nos registros dos nomes nos diversos trabalhos
pesquisados. Nesta pesquisa, os nomes foram atualizados do original, tendo como fonte registros biográficos dos
Estados Unidos, encontrados em diversas publicações disponíveis online como o Biographical Dictionary of
Christian Missions de Gerald H. Anderson, ou aqueles encontrados no Internet Archive, disponível em
33
não ficou restrito às atividades na capital do Império, viajou para a Província de São Paulo e
ao interior, sempre com o objetivo de verificar as condições de cada lugar, distribuir a Palavra
de Deus e fazer novas amizades. Em São Paulo, ainda segundo o autor, entrou em contato
com o ex-presidente da província, Rafael Tobias de Aguiar, com o Senador Vergueiro, com o
Padre Feijó, com o Conselheiro Brotero, presidente em exercício da Faculdade de Direito,
com os Andradas e com outras ―pessoas ilustres‖ (p. 24).
Com a morte da esposa, Kidder retorna aos Estados Unidos em 09 de maio
de 1840, encerrando seus trabalhos no país. Com a volta de Justin Spaulding, em 1841,
encerra-se temporariamente o movimento missionário metodista no Brasil, que só voltaria a
acontecer com a chegada, em 1867, do Reverendo Junius Eastham Newman. Importante
destacar que o movimento migratório entre Estados Unidos e Brasil continua durante esse
período. Havia, segundo Mesquida (1994), grupos de apoio à imigração de cidadãos do Sul
dos Estados Unidos por acreditarem que os imigrantes sulistas, com sua experiência, seus
conhecimentos, seu sistema de valores, seu espírito de progresso, poderiam injetar ―sangue
novo nas veias esclerosadas no país‖33 (p. 38). Seria ingênuo acreditar que o trabalho
realizado pelos primeiros missionários, não tivesse tido nenhuma influência durante esse
período de ausência oficial da missão.34
Esse ―lapso‖ de 26 anos, expressão usada por Kennedy (1928) para explicar
a ausência de qualquer efetivo trabalho no Brasil nesse período, pode ser justificado por
vários fatores. Para Reily (2003), os documentos apontam como algumas das causas a falta de
pessoal missionário, a dificuldade de acesso ao povo brasileiro devido à superstições e
limitação da liberdade religiosa e o arrocho financeiro provocado pela depressão econômica
nos Estados Unidos, o chamado Pânico de 37.35
Outro fator que precisa ser levado em consideração é a intensificação dos
conflitos dentro da Igreja no tocante à escravidão, tema importante da Guerra Civil americana
(1861-1865), que traz como consequência a divisão da Igreja Metodista em 1844.
https://archive.org/, que dispõe de diversas pesquisas biográficas dos missionários protestantes. A única exceção
é o de Martha Hite Watts, cujo nome original era Mattie Hite Watts, conforme já explicado.
33
Palavras citadas por Aureliano Cândido Tavares Bastos, político, escritor e jornalista brasileiro. Defensor do
federalismo, acreditava na contribuição do imigrante europeu e do norte-americano, como indispensável para
que o Brasil se transformasse em uma nação civilizada. Fonte: A Contribuição do Imigrante na Visão
Civilizadora de Aureliano Cândido Tavares Bastos (1861-1873), Josefa Eliana Souza. Disponível em
http://apl.unisuam.edu.br/legis_augustus/pdf/ed2/artigo_04.pdf Acesso em abr. 2017.
34
Nesta pesquisa, para entender o protagonismo feminino no projeto missionário norte-americano no Brasil
considerou-se como essencial a participação de missionários e missionários enviados oficialmente pela Igreja-
Mãe.
35
Crise oriunda da falta de ouro e prata nos bancos, bem como pelo fechamento do Segundo Banco dos Estados
Unidos. (ALVES, 2011)
34
Segundo Reily (2003), Sul e Norte eram muito mais do que designações
geográficas nos Estados Unidos. Historicamente, as duas regiões tinham como tema principal
a questão da escravidão e dentro da igreja metodista o movimento não foi diferente. A
Conferência Geral de 1808 já discutia o assunto e chegou à conclusão de que a escravidão não
tinha remédio, porque as autoridades civis e muitos membros da Igreja estavam ―contentes
com leis tão contrárias à liberdade‖. Ficou definido, então, que nenhum dono de escravos
poderia ser oficial da Igreja, se residissem em Estados que permitissem a emancipação e a
liberdade de trabalho ao escravo alforriado (BUYERS, 1945, s/p). A passagem demonstra os
conflitos existentes entre os defensores da emancipação do trabalho escravo e aqueles que
defendiam sua manutenção. Vinte anos depois, em 1828, em outra Conferência Geral, houve
a escolha de dois bispos, que representavam, respectivamente, os interesses do Norte e do Sul,
no que se referia à questão da escravidão. Para Buyers (1945), as duas correntes continuaram
fortes por mais dezesseis anos, em meio a disputas de espaço e aprovações de resoluções
gerais.
A Conferência Geral de 1844, por se recusar a aceitar James Osgood
Andrew (o mesmo que autorizou a vinda de Fountain Elliot Pitts ao Brasil), como bispo, por
ter o mesmo se tornado dono de escravos por herança, iniciou o processo da cisão formal da
Igreja. Os metodistas do Norte simplesmente não toleravam a possibilidade de um bispo
possuir escravos (REILY, 2003). Em 1846, foi criada oficialmente a Igreja Metodista
Episcopal do Sul, que estabeleceria efetivamente as bases da missão protestante metodista no
Brasil.
O fim da Guerra Civil e a derrota do Sul trouxeram como consequência,
além da terrível mortandade, prejuízos irreparáveis à agricultura e a ocupação de territórios
sulistas. Essa ocupação, em muitos casos, incluiu também a ocupação de igrejas e sua entrega
a pastores do Norte. Derrotados e arruinados financeiramente, muitos sulistas procuraram
recuperar suas vidas em outras partes, ―onde ainda fosse legal possuir escravos‖ (REILY,
2003, p. 105). No Brasil, os sulistas da Igreja Metodista Episcopal do Sul que imigraram para
o Brasil, se estabeleceram primeiramente em Santa Bárbara do Oeste (SP). Seu principal
fundador e obreiro foi Junius Eastham Newman, que chega ao Brasil em agosto de 1867,
conforme dito anteriormente.
Em carta endereçada aos ―Metodistas do Sul‖, publicada no New Orleans
Christian Advocate, em 23/01/1867, Newman escreve suas impressões sobre o país:
A liberdade religiosa aqui, na prática, é quase tão completa como nos Estados
Unidos e, legalmente, mais ou menos como na Inglaterra. A imprensa é tão livre
35
como nos Estados Unidos, ou mais ainda, (...) e as provisões constitucionais são tão
boas como em qualquer parte do mundo – e devo acrescentar que esta liberdade é
usada livremente pelos brasileiros. (...) aqui acharão ―liberdade para adorar a Deus‖
(REILY, 2003, p. 107).
36
Em 1871, George Nash Morton e Edward Lane, pastores da Igreja Presbiteriana do Sul dos Estados Unidos,
organizaram em Campinas o Colégio Internacional, que se tornou referência entre os colégios de confissão
protestante no país (NASCIMENTO, 2005).
36
poderia iniciar seu trabalho. Em 1879, casa-se com a filha do Reverendo Newman, Annie
Ayers Newman, que, segundo Salvador (1982), possuía boa instrução e sabia o português
tanto quanto o inglês. Muitas famílias da Província já a conheciam, pois lecionara no Colégio
Internacional, de 1872 a 1875, e, a seguir, no Colégio do Dr. Francisco Rangel Pestana, em
São Paulo.
Um destaque especial deve ser dado ao trabalho missionário de Annie Ayers
Newman. Segundo Dawsey (1998), foi a primeira pessoa que iniciou as traduções da
literatura metodista no Brasil, e apesar de Ransom ser o nome mais associado ao início das
publicações metodistas em português no país, por exemplo a publicação do Compêndio da
Igreja Metodista (1878), foi Annie que realizou as primeiras traduções. Ainda segundo o
autor, o papel de Annie em começar a escola Metodista de Piracicaba foi muitas vezes
esquecido, pois o protagonismo da escola missão (termo do autor), independente de qualquer
outro, ficou a cargo de seu pai Junius Newmans e John Ransom. Para o autor ―foi Annie
Newman que realmente abriu as portas para a Educação Metodista no Brasil‖ (p. 127), e
justifica:
para usar os fundos que nos foram dados da melhor maneira possível para ajuda no
permanente estabelecimento da boa escola sob o patrocínio dessa Sociedade. Há
sérias dificuldades no caminho do nosso sucesso – por exemplo: muitas dessas
pessoas são fervorosos católicos romanos; e a maioria frequenta a principal igreja na
cidade. E alguns bem decididos em hostilizar nossa escola. Para minha surpresa, não
há um único Irmão nesta cidade disposto a patrocinar nossa escola, e há entre 800 e
1000 Irmãos na cidade. Há cinco ou seis escolas publicas na cidade, mas não são
mais do que escolas apenas no nome, como são desprovidas de livros, os alunos,
portanto, não podem avançar.
Nossa escola conta agora com 16 alunos. Na sessão anterior tínhamos 37. Desde a
remoção de uma professora, que ensinava português, temos sido incapazes de
empregar outra, de modo competente, mas agora a sua contribuição nos permitirá
fazê-lo. Estamos tentando construir uma escola para meninas, e desejamos educá-las
para serem professoras. Nós devotamente oramos para que a bênção de Deus
repouse sobre nossa obra. J. E. Newman. Piracicaba, Brazil, S.A. March 16, 1880.
(WMA37, jul.1880, p. 06)
Tal foi o interesse despertado, que algumas Conferências logo adotaram medidas
práticas. Duas dentre elas, a do noroeste do Texas e a da Carolina do Sul decidiram
pagar o sustento dos missionários que fossem para o Brasil. O mesmo resolveu a
Sociedade Missionária de Senhoras quanto à professora que atendesse ao apelo.
Também, reuniram-se fundos para a obra em Piracicaba e Rio de Janeiro. Sucede,
outrossim, que por esse tempo, a Igreja Metodista Episcopal do Sul experimentava
37
Nas citações, irei me referir ao periódico pelas iniciais: WMA. Todas as citações do periódico são traduções
livres desta autora, conforme já descritos nos procedimentos de pesquisa.
38
Quando Ransom partiu de Nova York rumo ao Brasil, no dia 26 de março, via
Europa, trouxe consigo outros dois missionários, os reverendos James William Koger e James
Lillbourne Kennedy e a educadora Martha Hite Watts, que, com trinta e seis anos de idade,
deixava sua terra natal. O itinerário incluiu Londres, Portugal, Ilha da Madeira, São Salvador da
Bahia e, por fim, o Rio de Janeiro, onde desembarcaram no dia 16 de maio, chegando a Piracicaba
pela via inglesa e Ituana, no dia 19 de maio de 1881 (VIEIRA, 2010).
Notícias sobre o Brasil já circulavam entre os metodistas como forma de
incentivar a vinda para o Brasil. Em setembro de 1880 (primeiro ano de edição do Advocate), é
publicada uma longa descrição sobre o país apontando aspectos geográficos, históricos, culturais e
sociais, e convocando missionários para o trabalho.
Maravilhosa terra do Brasil! País de lenda dos mares do sul! Que terra maravilhosa,
no extremo sul para nós, se assenta entre os escolhidos, o mais rico do Continente da
América do Sul. Em extensão, o Brasil está entre os três maiores impérios do
mundo, perde apenas para Russia e China. Seu tamanho é quase a extensão da
Europa. Se excluirmos o Alaska da nossa área, é tão grande quanto os Estados
Unidos. O país é divido em vinte províncias. Sete delas tão grandes quanto a Grã-
Bretanha e Irlanda. O Brasil poderia facilmente ser dividido de modo a se tornar
sessenta e três Inglaterras e teria o suficiente para fazer duas Bélgicas. (...) O Brasil
está quase igualmente dividido em terras baixas e terras altas. Estes últimos são na
parte sul e leste. (...) As planícies mais extensas do mundo ocupam a Bacia
Amazônica, e cobrem uma área igual a sete vezes o tamanho da França (WMA,
out.1880, p. 06).
38
Missionário Puritano que se notabilizou pela conversão dos índios nos EUA (ADAMS, 1847).
40
Muito ainda precisa ser feito e muito a oferecer para a redenção do Brasil. Minhas
irmãs, o que vamos fazer para as mulheres e crianças do Brasil? Qual oferta faremos
para nosso Senhor? Ele não morreu apenas por nós, mas para todos os pobres que
perecem no lindo Brasil, temos o dever de trazer o conhecimento e dever de trazer
para eles a preciosa herança da vida por nós mesmos (WMA, dez. 1880, p. 16).
39
Os três missionários-pastores (Kennedy, Tucker e Tarboux) ficaram conhecidos na literatura metodista como o
―trio de ouro‖ por conta dessa participação na Primeira Conferência Anual Brasileira da Igreja Metodista
Episcopal do Sul.
41
(...) listas separadas de nomes serão mantidos, e subscrições e doações dos que o
solicite serão dedicados ao apoio das missões da ordem Congregacional, e aqueles
que desejam o contrário, para o apoio de missões da denominação Batista (p. 13)
41
Casada com F. A. Butler. De maneira geral, as mulheres citadas nos trabalhos e livros sobre o assunto são
apresentadas com o nome do marido (no caso das Mrs. - Senhoras), inclusive nas próprias publicações do
Advocate. Para facilitar a busca dos nomes por pesquisadores interessados neste trabalho, nos casos em que foi
possível a identificação completa do nome dessas mulheres, haverá uma nota de rodapé indicando o nome do
marido.
43
42
Atualmente Jonesborough.
43
James William e Mary Isabella (McClellan) Lambuth (foram para a China em 1854) juntamente com o casal
Dr. Young John Allen e Mary Houston.
44
transformados em trabalho de socorro aos feridos da guerra, uma carta da Sra. E. C. Dowdell,
do Alabama ao bispo James Osgood Andrew, escrita em 1861, é indicativo do espírito das
mulheres na obtenção de um espaço próprio dentro do movimento missionário.
Na carta, ela descreve o empenho e sofrimentos das mulheres sulistas na
guerra e, em determinado momento, pergunta ao Bispo sobre uma possível reunião da
Sociedade Feminina com a Conferência Geral:
O que eu particularmente quero perguntar é se não acha que seria produtivo uma
reunião coletiva entre a Sociedade Missionária de Conferência e a Sociedade
Missionária da Mulher44 na mesma hora e lugar? Muitas das esposas de nossos
ministros sem dúvida entrariam alegremente nesta obra. Alguns dirão que elas já
têm muitos afazeres. Eu sei disso, no entanto creio que o espírito missionário assim
difundido por elas seria transformado de forma a aliviá-las de muitos dos fardos que
agora tem que suportar.
(...) Ó, que eu possa viver para ver o dia em que este grande campo possa ser dado
aos cuidados das mulheres Metodistas do Sul, e que elas sejam fortalecidas no
Senhor para fazer esta obra nobre! (Tatum, 1960, p. 16).
Bispo dê-nos o trabalho. Podemos fazê-lo, não de uma vez, talvez, mas vamos
começar. Se falharmos, poderemos tentar de novo e, se finalmente tivermos provado
que foi bom ter continuado o trabalho da forma como era, ninguém ficará
machucado no esforço de fazer o bem. (...) Bispo, se nossas irmãs metodistas dos
Estados Confederados dessem ao senhor apenas um décimo de seu dinheiro, só isso
aliviaria os gastos de muitos missionários (Id. Ibd., p. 16).
Em 1872, parte do fruto desse trabalho aparece a partir das ações de duas
mulheres: Sra. Juliana Gordon Hayes, de Baltimore (Maryland) e a já citada Sra. Margareth
Lavínia Kelley, de Nashville (Tennessee.).
Como presidente da Trinity Bible Mission, Juliana Hayes, em resposta a um
pedido de ajuda do Dr. James Willian Lambuth, convoca uma reunião em 29 de março de
1872 para considerar a união de todas as sociedades da igreja na Woman‟s Bible Mission,
considerando as missões dentro e fora dos Estados Unidos. A primeira reunião anual acontece
44
Do Alabama. Esse destaque se faz importante para esclarecer que já havia, em diversos Estados/Condados nos
Estados Unidos, Sociedades femininas. A criação da uma Sociedade Feminina que agremiasse todas as já
existentes só iria acontecer em 1878.
45
45
Na ocasião, ocorreu a primeira doação para a Sociedade. Srta. Achsah Wilkins, de Baltimore, fez uma doação
de $1.000
46
Casada com H. D. McGavock.
46
A atuação da Sra. Juliana Hayes que, da mesma forma, tentou estender a sociedade da
Woman‟s Bible Mission para além dos limites de uma única congregação em
Baltimore.
O exemplo ocorrido em Warren (Arkansas), quando a Sra. H. D. McKinnon,
juntamente com a Sra. Emma Van Volkenburg, organizaram a Sociedade Missionária
da Mulher em 7 de setembro de 1874. Os oito membros se comprometeram a enviar
cinquenta dólares por ano a Sra. Mary Isabella (McClellan) Lambuth pela educação de
uma menina chinesa. A Sra. McKinnon escreveu ao Bispo Haygood, secretário do
Conselho Geral de Missões, descrevendo um plano para a organização das sociedades
femininas como auxiliares da obra missionária da igreja. Em pouco tempo, sete
sociedades regularmente organizadas, federadas como auxiliares, funcionavam na
Conferência de Little Rock (Arkansas).
A organização de uma Sociedade Missionária Feminina em Broad Street Church em
Richmond (Virgínia), em 1875, também com o objetivo de garantir a conexão entre as
Sociedades. O ministro, o Rev. S. A. Steele, conhecendo as sociedades de Nashville,
Baltimore e Arkansas, convidou as mulheres da sua igreja para se reunirem. A Sra.
Juliana Hayes, sabendo da atividade, veio de Baltimore para ajudar. Ela, juntamente
com o Reverendo e a esposa, elaboraram o estatuto e os regulamentos do que seria
uma sociedade que pudesse agremiar todas as outras sociedades missionárias
femininas.
Em 1874, houve a primeira tentativa de aprovar na Conferência Geral a
criação de uma Sociedade Feminina que pudesse agremiar todas as Sociedades Femininas do
Sul dos Estados Unidos como forma de garantir a unificação do movimento missionário
feminino e certa autonomia de atuação. Um memorial foi convenientemente encaminhado ao
Comitê de Missões para sua aprovação e, segundo Butler (1904), ―nunca mais viu a luz do
dia‖.
Para a autora, a ―obstrução silenciosa, mas autoritária sobre o trabalho da
mulher, como uma força organizada, resultou numa calma determinação em avançar‖. E
completa:
A Igreja Metodista Episcopal do Sul parece estar despertando para o fato de que as
mulheres são capazes e dispostas a prestar um serviço eficaz na evangelização do
mundo. Quase todas as semanas, recebemos cartas de mulheres de diferentes
Estados, pedindo informações referentes às sociedades organizadas, sobre as
melhores indicações para gastar fundos já coletados e o canal pelo qual esses fundos
devem ser enviados. As mulheres da nossa amada Igreja estão despertas para esse
trabalho. Esforço unido, ação organizada, é tudo o que falta nas mulheres do
Metodismo do Sul. Elas estão dispostas, são generosas e vitalmente espirituais; Mas
se mantêm distantes deste dever, cada uma esperando a outra para liderar, sugerir e
adotar planos que irão fazer avançar o movimento missionário (TATUM, 1960, p.
23).
47
Que se tornaria, posteriormente, Bispo da igreja e responsável pela missão no Brasil.
48
48
A Família Ranking possuía duas irmãs missionárias que foram para a China, Lochie em 1878 e Musadora
(Dora) em 1879. Ambas aparecem em trabalhos sobre o assunto como Miss Ranking.
49
Que se tornaria, ainda no século XIX uma escola de formação de professoras (Trinning School).
50
Foi acrescentado o termo ESTRANGEIRA para se diferenciar das Sociedades Missionárias da Mulher
espalhadas pelos diversos Estados e/ou condados dos EUA.
49
A necessidade do campo era tão evidente e a capacidade das mulheres para ajudar a
encontrá-lo tão evidente que, finalmente, os grilhões do conservadorismo foram
suficientemente soltos para permitir a aprovação unânime do relatório (p. 20).
Para Butler (1904), a ação favorável da Conferência Geral, diante das ações
das mulheres que empreenderam todos os seus esforços para a criação da Sociedade, não foi
nenhum surpresa, mas certamente foi reconfortante para todas que tinham acreditado e
trabalhado fielmente por essa causa.
A liderança de mulheres como as senhoras Margareth Lavínia Kelley,
Juliana Gordon Hayes e Willie Harding McGavock, incluindo o trabalho das Sociedades de
Baltimore e Nashville, trouxe como resultado o início de uma nova estrutura do trabalho
missionário dentro da Igreja Metodista Episcopal do Sul, que englobava as missões
domésticas, realizadas dentro dos Estados Unidos, mas, especialmente, as missões
estrangeiras. O início dessa organização se deu a partir a aprovação do seu Estatuto.
51
Publicada integralmente no Advocate em julho de 1882.
52
Íntegra do Estatuto no Anexo II.
50
Conselho Principal
Parent Board
Conselho da Mulher
Woman‟s Board
Sociedade de
Conferência Conselho de Missões Estrangeiras da
Conference Society
Mulher
Woman‟s Board of Foreign Missions
E
Sociedade Missionária Estrangeira
da Mulher
Woman‟s Foreign Missionary Society
53
As candidatas ao trabalho missionário eram enviadas para o Conselho de avaliação das Missionárias da
Sociedade Missionária Estrangeira pelas Sociedades de Conferência.
54
Doravante irei me referir ao Conselho de Missões Estrangeiras da Mulher pelas iniciais CMEM.
55
O papel da Diaconisa foi formalmente reconhecido pela Igreja Metodista Episcopal do Sul em 1888.
Especialmente pela atuação de Lucy Rider Meyer. Sobre o assunto ver
51
http://www.unitedmethodistwomen.org/what-we-do/service-and-advocacy/deaconess-and-home-missioner-
office/news-resources/warnerlaceye. Acesso em jun. 2015.
52
Conferências Anual e Distrital dentro dos limites que se encontram situadas. Relatórios das
Secretarias de Conferência deveriam ser enviados para as Conferências Anuais,56 relatórios
das Secretarias Distritais enviados para as Conferências Distritais e os relatórios das
Sociedades Auxiliares para as Conferências Trimestrais.57
O estatuto também estabelecia os deveres das seguintes integrantes do
Conselho:
Presidente: promover os interesses da Sociedade através de viagens,
correspondências, e todos os meios possíveis. Convocar e presidir as
reuniões e contabilizar todos os projetos do tesouro. Na sua
ausência, uma das Vice-Presidentes deverá presidir. E se nenhuma
delas estiver presente, uma presidente será eleita;
Secretárias de Correspondência: deverão gerir as correspondências e
cuidar dos negócios legais do Conselho, preparar relatórios anuais,
publicar declarações trimestrais sobre a condição do trabalho, tanto
do campo estrangeiro como nos EUA, e promover os interesses do
trabalho nos EUA nas viagens para as Conferências. Quando julgado
necessário pelo Conselho, uma das Secretárias deverá visitar as
estações de missão no campo estrangeiro sob o controle do
Conselho. Elas deverão residir onde o Conselho das Missões está
localizado.
Tesoureira: deverá guardar os fundos do Conselho em local seguro,
cujo depósito deverá ser feito por ela como Tesoureira, sujeito a
rascunhos autenticados. Ela deverá fornecer relatórios anuais e
trimestrais para serem publicados junto com os da Secretária Sênior,
e suas contas serão auditadas pelo Conselho de Missões por um
auditor eleito trimestralmente pelo Conselho da Mulher em sessão
anual.
Secretária de Registro: deve manter as atas de todas as sessões num
arquivo permanente e obter as assinaturas de aprovação da
Presidente. E também deverá publicar as notícias da Sessão Anual
do CMEM em todos os jornais da Igreja.
56
A conferência anual era composta por um pastor (nos campos estrangeiros, quando possível, contavam com a
presença do Bispo responsável por aquele campo) e quatro representantes leigos de cada distrito. Os membros
leigos eram escolhidos anualmente pela Conferência Distrital.
57
As conferências trimestrais aconteciam em cada igreja onde então eram escolhidos os representantes para a
conferência distrital. Os distritos eram formados pela agremiação de várias igrejas das localidades próximas.
53
CAPÍTULO 2
Trabalhamos sob uma grande desvantagem, em não ter nenhum órgão ou meio
credenciado para a disseminação das informações missionárias relacionadas
especialmente com o trabalho da mulher (TATUM, 1960, p. 71).
dentro de uma estrutura hierárquica liderada por um Conselho Principal, composto por
homens, sem a intenção de modificar essa estrutura e sim garantir a efetiva participação das
mulheres, demonstra o que Matos (2009) apresenta como o espaço de visibilidade da mulher
dentro de um contexto que inviabilizava uma participação que estava condicionada a
atribuições culturalmente constituídas, ou seja, conforme Souza (2010), relações sociais
baseadas em distintas estruturas de poder.
Segundo Tatum (1960) outras publicações foram sugeridas para serem
utilizadas pelo Conselho da Mulher, mas rejeitadas pelo mesmo motivo. Ainda segundo a
autora, as senhoras Wightman, Butler, McDonald, Callaway, Bumpass e senhoritas Baker e
Linfield nomearam um comitê de publicação que prontamente sugeriu nome, tamanho, estilo
de papel, preço e onde seria publicado. O relatório com todas as informações foi
unanimemente adotado, deixando para o Comitê de Publicações as medidas necessárias para
início dos procedimentos de publicação. A rapidez na apresentação do referido relatório
demonstra que as representantes do Conselho da Mulher já o tinham elaborado para ser
apresentado na reunião do Conselho Geral, indicando que havia uma intenção de criar um
novo periódico exclusivamente feito pelas mulheres.
Em julho de 1880 é publicado o primeiro número do Woman‟s Missionary
Advocate que, já na primeira edição, fornecia os meios pelos quais as sugestões mensais de
programas, estudos de missão e informações relacionadas a cada fase do trabalho da mulher
pudessem ser disponibilizadas às Sociedades de Conferência.
Publicado mensalmente sem interrupções entre julho de 1880 e dezembro de
1910, seu primeiro número continha 16 páginas e as seguintes seções:
58
Assinava sempre como Sra. F. A. Butler, o nome do marido.
57
59
Tanto a sessão Mission Studies como Missionary Drill foram criadas com o objetivo de formação das leitoras
para que pudessem ter um conhecimento maior do movimento missionário organizado e patrocinado pelo
Conselho da Mulher.
60
Cf. Anexo VI
61
Cf. Anexo III
58
assinaturas,62 mas foi possível através dos artigos apontar um aumento desses números. Em
outubro de 1883 há uma indicação da circulação de 9.250 exemplares, e um chamamento para
angariar um maior número de assinantes.
Para a comemoração do centenário do metodismo nos Estados Unidos, em
1884, há a seguinte publicação:
O editorial de 1889 pede ajuda para que possam assegurar 15.000 cópias
antes do fechamento do próximo ano.
Na edição de junho de 1892, Srta. Isabell D. Martin destaca a importância
do Advocate que praticamente nasceu junto com a Sociedade da Mulher, lembrando que em
suas páginas há o relato de todo o movimento missionário da Igreja.
Não é incrível que custe apenas cinquenta centavos? Você é assinante e um leitor
fiel do WMA? Se não, pode se dar ao luxo de prescindir esta ajuda para sua
inteligência, seu coração, sua consciência? Você não é responsável diante de Deus
se negligenciar e aproveitar-se dessa potente influência bem colocada para você?
(WMA, jun. 1892, p. 329)
62
Não há registro da relação entre a quantidade publicada e número de assinantes. Em uma das edições de 1882,
o periódico informa que cada assinante tinha direito a doze exemplares, quantidade que diminui em 1886,
segundo referência localizada na própria fonte.
59
Uma mulher que doa um dólar só porque alguém disse, daria dois se tivesse clareza
do seu dever com Deus. Se conhecesse os missionários pelo nome e soubesse bem o
trabalho que realizam, também seria uma missionária. Você pergunta: Como
devemos aumentar o conhecimento entre nossas mulheres e assim aumentar a
eficácia? A resposta não está longe (WMA, jun. 1892, p. 363).
Relata muitas ações que podem ser feitas para informar a todos sobre o
movimento missionário, como dispender um tempo com um mapa na mão para conhecer onde
estão os campos de trabalho, ou durante uma reunião, parar por alguns minutos para destacar
alguma coisa importante que foi publicada no Advocate. Que se esse trabalho for efetivo,
haverá um crescimento significativo da Sociedade.
Em janeiro de 1895, Butler desafia as mulheres a aumentarem o número de
assinaturas.
Temos ficado paradas, ou melhor, nossas perdas e ganhos tem sido os mesmos por
muitos anos, e é necessário, absolutamente necessário, um novo impulso que pode
ser dado por alguns meios. 13.000 é um número que já estamos cansados de relatar.
Queremos mudar de 3 para 5, e estamos ansiosas para dizer que temos uma
circulação de 15.000. Quando isso acontecer será fácil mudar de 1 para 2 e em
seguida ler 25.000 (WMA, jan. 1895, p. 191).
O Woman’s Missionary Advocate pertence a você. (grifo meu) Para você e para
todas as mulheres metodistas ele está estabelecido e deve continuar. Desejamos
seriamente seu nome na nossa lista. Você virá nos ajudar?
(WMA, mar. 1896, p. 260)
Não podemos nos dar ao luxo de perder uma única assinatura (...). Woman‘s
Missionary Advocate precisa de você, e você precisa das informações que ele
fornece. Olhe para a etiqueta em sua revista e, por favor, renove sua assinatura
imediatamente. Não espere que continuemos a enviá-la além do tempo exato,
evitando assim, aborrecimentos e custos desnecessários. Uma cordial lembrança das
vantagens de nossa revista em enviar renovações a tempo e garantir novos
assinantes, aumentaria, em poucos meses, nossa lista para 20.000, número este tão
desejado e esperado para o novo século que se anuncia
(WMA, fev. 1898, p. 225).
Nosso excelente e indispensável órgão, com 10.500 assinantes, não está se auto
sustentando. Todo ano há um débito a ser pago para a Casa de Publicação pelo
Conselho. Com 15.000 assinantes, não conseguiria ser autossustentável, mas
colocaria uma soma além no tesouro geral. (...) Agora que o pedido é para que
tenhamos 15.000 assinantes, para manter nossa reputação e nossas obrigações,
devemos aumentar o número de 1.299 assinantes para 1.500 (..) eu realmente
gostaria de saber quantas destas representantes prometerão trabalhar para conseguir
um determinado número de assinantes antes do fechamento deste primeiro trimestre
do novo ano fiscal. Vocês terão um mês e meio para trabalhar depois desta reunião.
Pergunto às representantes: quantas assinantes vocês prometem tentar conseguir?
(WMA, ago. 1900, p. 37).
Alguma coisa precisa ser feita para trazer luz e vida para nossa letargia (...)
informação é a primeira necessidade e a fonte mais fiel para a leal mulher da nossa
igreja é o Advocate. Ele colocará vocês nas casas na Korea, China, México, Cuba e
no Brasil. Lhes mostrará as escolas, hospitais, e outras cenas dos trabalhos das cultas
mulheres que estão dando suas vidas pela ignorância, tristeza e sofrimento. (...) Mais
uma sugestão: Que cada assinante leve um número para uma mulher que considere
íntegra e a traga para ser assinante (WMA, nov. 1910, p. 171).
63
Periódico mensal da Igreja Metodista Episcopal do Sul publicado no Alabama entre 1881 e 1956.
62
Uma oportunidade mais ampla que nunca antes existiu. Uma porta mais larga que
nunca foi aberta antes para as mulheres da Igreja Metodista Episcopal do Sul, e
garantimos àquelas que se sentiram sem vontade de participar, temendo serem
64
Criado em 1892 pelo Conselho da Mulher. Exclusivamente dedicado a publicar ações do Conselho dentro dos
Estados Unidos.
65
Publicado entre 1911 e 1932, passou a ter dois editores: Dr. G. B. Winton e Sra. A. A. Marshall. Em 1932
torna-se World Outlook, com o objetivo de aumentar a divulgação mundial das missões dentro e fora dos EUA.
Em setembro de 1940, por ação do Comitê de Missões e Extensão da Igreja, se transformou numa revista da
Igreja Metodista mantendo o mesmo nome (TATUM, 1960).
63
Somos gratos pelas entusiastas, devotadas, hábeis mulheres que decidiram entrar
neste importante empreendimento, não obstante tantas palavras desencorajadoras de
oposição, e a hesitante aprovação de amigos temerosos. Deixe-nos completar a
coragem e resolução delas pelo nosso próprio entusiasmo e perseverança
(WMA, Set. 1880, p. 12).
66
O termo Advocate intitulava inúmeros jornais e revistas publicados pelos metodistas.
64
Por toda a parte nesta terra, fervorosas calorosas mulheres podem nos ajudar com
trabalho e oração, se pudermos remover de suas mentes a indiferença causada pela
sua total ignorância do empreendimento missionário (WMA, set. 1880, p. 12).
(...) não sem críticas rudes que foram compreendidas embora em algumas mentes
fervorosas no trabalho de Deus poderia haver maus pressentimentos e aflições pelas
possibilidades e contingências que poderiam surgir e enfraquecer se não destruir este
poder, e pela reação ferir a grande causa pela qual todos os cristãos suplicam
continuamente – mas tem resistido ao intenso teste para manter sempre sua
vitalidade no crescimento e no despertar de qualquer outro poder para o bem que
veio de sua influência (WMA, jun. 1886, p. 09).
65
Crítica que também aparece na edição de maio de 1890, na seção escrita por
ela intitulada Woman‟s Missionary Advocate:
Entre essas edições, há informações diversas sobre o país, desde dados sobre
sua história, características geográficas, aspectos políticos, sociais e econômicos, condições
acerca da possibilidade de trabalho missionário, contendas envolvendo os católicos, criação
67
de Sociedades Auxiliares aqui no país, relatórios completos das escolas administradas pelo
Conselho da Mulher, vida cotidiana das missionárias, notícias sobre conversões, construção
de igrejas e visitações das chamadas Mulheres da Bíblia (responsáveis em realizar visitas
periódicas para divulgação do Evangelho e conversão de fiéis).
As formas como as mulheres, através da publicação do periódico,
conquistaram espaços dentro do movimento missionário, do planejamento na criação dos
colégios à participação efetiva num projeto amplo que abarcou vários segmentos da
sociedade, serão apresentadas no próximo capítulo. Neste momento, é interessante
compreender o papel do Advocate como elemento estratégico de organização da chamada
Missão Brasileira (Brazil Mission) e o uso do periódico como importante na compreensão das
relações entre a teoria (aquilo que as missionárias entendiam como objetivo de uma missão) e
a prática (o que de fato aconteceu), entre os projetos (as estratégias) e as realidades (táticas) e
entre a tradição (aquilo que estava posto) e a inovação (o que se apresentava como moderno),
conforme as proposições de Nóvoa (2002) com relação aos procedimentos de análise do
periódico e de Certeau (1998) com relação a compreender as atitudes, resistências e
ressignificações àquilo que estava sendo imposto e determinado no projeto missionário a ser
desenvolvido no Brasil.
Além disso, as páginas do Advocate, com sua peculiaridade em ser o
primeiro periódico da Igreja Metodista do Sul criado ―por mulheres para as mulheres‖,
guarda, segundo Chartier (2002), práticas que objetivam fazer reconhecer uma identidade
social, representadas por uma maneira própria de estar no mundo, dotadas de sentidos e
significados simbólicos, descrevendo a sociedade como pensam ser ou como gostariam que
fosse.
Em cartas publicadas no periódico, as missionárias descreviam os aspectos
econômicos, políticos e sociais do Brasil objetivando informar as leitoras sobre o país em uma
estratégia de convencimento sobre a importância da manutenção da missão.
Em dezembro de 1881, Watts escreve uma longa carta descrevendo os
costumes brasileiros, continuando uma publicação que já havia sido feita em outubro do
mesmo ano, com riqueza de detalhes. Fala sobre as igrejas, as escolas, as lojas que existem, e
aspectos muito particulares do cotidiano, como em dizer que ―as pessoas ao chegarem na casa
de outras pessoas batem palmas ao invés de bater na porta‖ (p. 05).
Em janeiro de 1882, Sra. McGavock publica outra carta enviada por Watts
relatando o esforço para educar meninas para serem professoras, mas que não conseguia fazer
mais por falta de meios. Que tinha várias estudantes promissoras para o ofício. Segundo ela,
era preciso orar a Deus pedindo o envio de mais alunas para investir no treino deste ―grande
68
trabalho‖, que no futuro deveria ser feito por brasileiras. Para ela, um dos objetivos do
trabalho missionário estrangeiro, era ―organizar e formar outros para o trabalho‖.
Como resposta, McGavock diz:
Querida Miss Watts, não sentimos que estamos aqui para educar este povo, eles têm
suas escolas, academias e universidades. Claro, seu sistema precisa passar por uma
renovação, mas isso virá com o tempo. Vamos fazer nossas escolas decididamente
cristãs, onde trabalhadores deverão ser treinados para o puro campo de
colheita (grifo meu). Nosso conselho constantemente nos força por não termos um
grande número de estudantes, mas para tentar tê-los, temos que escolher crianças
que queiram ser trabalhadores cristãos se treinados; mas isto, veja você, é porque
não temos muito dinheiro para gastar nas escolas, e eles acham que este é o melhor
caminho para alcançar o maior número de pessoas. Temos agora meninas vindas de
lugares distantes que provavelmente retornarão para suas casas e abrirão escolas.
Faça todo o possível, querida Miss Watts, para fazer esse povo ler a bíblia. Deus tem
honrado muito seu trabalho no Brasil. Onde quer que tenha sido ensinado, ou
mesmo lido, foi abençoado pela conversão das almas (WMA, jan. 1882, p. 03).
67
Seção que esporadicamente aparecia nas edições até o ano de 1884.
69
evangelho. Ela mesma rebate dizendo que é difícil afirmar que a Igreja Romana prega o
evangelho na sua pureza e relata algumas passagens de sua experiência no Brasil
demonstrando o quão vazio, segundo ela, é o cristianismo no Brasil. E vai além:
Eu acho que muitas pessoas inteligentes não sabem que a Igreja e o Estado são
unidos, e que a religião do Estado é a Católica Romana. O Imperador, que ascendeu
ao trono, é obrigado por juramento a dar apoio a todas as instituições da igreja
católica. Agora, qualquer um que estudar o assunto sabe que a igreja proíbe a leitura
da bíblia, exceto algumas passagens lidas por seus padres, que é o contrário do que
ensinou Jesus, que disse ―procure nas escrituras (...)‖ (WMA, fev. 1887, p. 06).
Temos muitas vezes ouvido essa questão nos Estados Unidos: ―Porque é necessário
enviar missionários para o Brasil – os brasileiros não precisam de pregadores do
70
evangelho, eles conhecem Cristo, não conhecem? Conte a história da Cruz ás nações
que nunca ouviram falar do nosso Redentor‖ (WMA, set. 1888, p. 03).
investimentos foram regulares e tiveram um incremento a partir do início do século XX, com
exceção da chamada Missão Indígena, que ocorria nos territórios indígenas dentro dos
Estados Unidos.
No gráfico a seguir é possível vislumbrar esse cenário.
Gráfico 1 – Investimento das missões
$160.000
$140.000
$120.000
$100.000
Brasil
$80.000 China
$60.000 México
Missão Indígena
$40.000
$20.000
$0
1882
1883
1885
1886
1887
1888
1891
1892
1893
1894
1895
1897
1898
1902
1906
1908
Gráfico elaborado pela autora 1910
A questão agora é a separação da igreja do estado. Rezem, amigos, que isso pode
acontecer dentro em breve, pois até então esse povo dominado pelos padres, não
73
pode aproveitar a liberdade, pois eles são impedidos de servir à Deus como eles
gostariam, se fossem ousados. Deixe-os estar em liberdade para vir e ouvir, e irão
―acreditar‖ e se ―converter‖. Estamos orando para que esse dia chegue logo (WMA,
set. 1888, p. 04).
Estou tão feliz que esteja nos Estados Unidos agora, então você pode apresentar o
assunto não somente antes para o Conselho de Missões, mas ainda antes para a
Conferência Geral. Agora é a hora de levar o Brasil para Cristo, de fazer o
Metodismo uma força neste país. Será que nossa Igreja irá tirar vantagens desta
grande oportunidade? Entrará na porta que agora está aberta? (WMA, fev. 1890, p.
02).
está morto, o Brasil é uma República, e meu amigo, acho que posso arriscar o epíteto –
Prudente de Moraes é o presidente eleito da vasta República do Brasil!‖ (p. 345).
Em 1902, em carta enviada ao Advocate, Srta. Lily A. Stradley, diretora do
Colégio Piracicabano, apresenta um discurso de Prudente de Moraes realizado em Piracicaba
por ocasião do aniversário do Colégio. Para ela, uma prova dos efeitos que o trabalho das
missionárias está fazendo na ―mente dos brasileiros‖. No discurso Prudente de Moraes
destaca os papéis da Srta. Watts e de Maria Rennotte na consolidação do Colégio e diz:
Alguns dizem que o motivo da vinda dos metodistas não era educacional, mas
religioso. E qual o problema? Não é a religião de Cristo? Não foi essa religião que
trouxe progresso para os EUA? Nosso modelo de educação e de política é copiado
dos EUA. A primeira reforma da instrução pública começou em São Paulo com a
escola normal dirigida por uma senhora educada nos EUA tendo como assistente a
senhoria Brown (WMA, janeiro 1902, p. 206-207).
O trecho corrobora com a postura afirmativa dos EUA como modelo a ser
copiado. Prudente de Moraes, ao citar o fator religião, indica apoio irrestrito aos missionários
diante dos ataques à questão protestante. Cita que a reforma da instrução pública realizada em
São Paulo em 1890 por Cesário Motta e Caetano de Campos foi baseada no modelo norte-
americano. Que todos os seus filhos, meninos e meninas estudaram no Colégio Piracicabano e
que, portanto, os fatos demonstram a competência da condução do Colégio pelos metodistas
e, segundo ele, um modelo que deveria ser seguido.
Em 1902, com a morte de Prudente e seu irmão Manuel de Moraes Barros, a
editora do Advocate, Sra. Butler, discorre sobre a perda dos irmãos para o apoio ao trabalho
missionário no Brasil, mas afirma que tantos anos de missão já foram suficientes para
consolidar esse trabalho e que muito ainda está por vir. A partir de 1903 não há mais nenhuma
menção ao sistema político do Brasil, apenas as vicissitudes com relação à oposição católica,
as doenças que afligiam o país e o andamento dos colégios.
No decorrer do próximo capítulo, será possível verificar o movimento no
número de missionárias e escolas, as necessidades diante das adversidades, as estratégias
usadas por elas para um aumento nos investimentos na missão diante da constatação, a partir
do início do século XX, de que a conversão dos brasileiros pela via da educação não estava
efetivamente acontecendo.
75
Capítulo 3
69
A distinção entre professora e missionária muitas vezes estava restrita ao salário, pois ela poderia atuar nas
duas funções ao mesmo tempo. Havia também o que o Conselho chamava de Missionária Integral, geralmente
referindo-se à missionária que atuava em todos os cargos (diretora da escola, secretária do conselho, agente etc.),
exceto o de professora.
70
Salários que variavam entre $600 a $950 anuais (eventualmente havia o incremento de valores para as agentes)
71
Brasileiras que trabalhavam na missão, mas não eram ligadas institucionalmente ao Conselho da Mulher.
72
Idealizada pelo Reverendo Nathan Scarrit, que sempre trabalhou para a fundação de um instituto para treinar
missionárias, enfermeiras e professoras para as missões dentro e fora dos Estados Unidos. Seu esforço deu
origem a Scarrit Bible and Training School. Fonte: https://dnr.mo.gov/shpo/nps-nr/78001660.pdf Acesso em 23
nov. 2016.
76
problemas enfrentados pelas missionárias por conta do acúmulo de trabalho, dizendo que a
falta de mão de obra é algumas vezes desanimador. Para Mary Pescud em janeiro de 1901,
falando de Petrópolis,
Temos muitas vezes ouvido essa questão nos Estados Unidos: Porque é necessário
enviar missionários para o Brasil. Os brasileiros não precisam de pregadores do
evangelho, eles conhecem Cristo, não conhecem? Conte a história da Cruz ás nações
que nunca ouviram falar do nosso Redentor (WMA, set. 1888, p. 2-3).
A única resposta está nas palavras do Mestre, ―Minha casa é chamada de casa de
oração? Mas ainda sim fizeram dela um covil de ladrões‖? A igreja católica carrega
o nome de Cristo, mas tem escondido sua palavra, e tem enterrado a benção do
Senhor sobre um lixo de lendas, cerimônias, santos e imagens onde as pessoas nunca
encontrarão o amor, o afeto e a compreensão. (...) Eles possuem diversas
73
Expressão francesa que significa, ―pessoa que vende objetos de casa em casa‖. Nos Estados Unidos ficaram
conhecidos por serem aqueles que vendiam bíblias e publicações religiosas nas ruas. Fonte:
http://www.larousse.fr/dictionnaires/francais/colporteur_colporteuse/17341 e
http://www.irishancestors.ie/?page_id=6861 Acesso em jul. de 2016.
79
Traduzindo na íntegra um panfleto que ela afirma ter sido distribuído pela
Igreja Católica, Layona Glenn faz apontamentos dos erros de uma Igreja que se diz cristã e
termina dizendo, ―isso mostra como as missões são importantes para o Brasil‖.
Os trechos destacados no Advocate demonstram as resistências para com a
missão no Brasil e o apelo das missionárias com argumentos indicando as falhas na formação
moral e cristã no país. A partir de 1898 não há mais registros de questionamentos sobre a
missão, informação que não é suficiente para afirmar que não havia mais resistências aos
investimentos na missão. O fato é que os valores financeiros anuais destinados à missão no
Brasil continuaram estáveis, com um aumento a partir de 1906.74
Cinquenta e duas mulheres solteiras tem saído para as missões, quase duzentas
professoras nativas e mulheres da bíblia tem sido empregadas na divulgação da
verdade cristã e numerosas escolas diárias e dominicais, supervisionadas pelas
74
Cf. Tabela da página 71
80
75
O Anexo IV apresenta um resumo da trajetória dessas missionárias no período de análise desta pesquisa.
81
76
Foi ministro da Fazenda do Conselho de Ministros de 1885 (Gabinete de 20 de agosto de 1885). Fonte:
http://www.fazenda.gov.br/acesso-a-informacao/institucional/galeria-dos-ministros/pasta-imperio-segundo-
reinado-dom-pedro-ii/pasta-imperio-segundo-reinado-dom-pedro-ii-ministros/francisco-belisario-soares-de-
souza. Acesso em 22 abr. 2017.
77
As palavras do ministro vão ao encontro do conceito de Espelho do Próspero desenvolvido por Warde (2000).
Os Estados Unidos como um espelho no qual o Brasil deveria se mirar. Um modelo que, para seus defensores,
representava o melhor dos horizontes, pois oferecia a todos as chances de uma vida de progresso e democracia.
82
Os fatos então mostram que se oferecer a elas educação, uma religião, você dá a elas
uma ideia de sua verdadeira mobilidade e ela brevemente atinge o nível em que isso
é um direito natural. Elevando as mulheres você eleva o Brasil, como disse uma
escritora francesa, ―O futuro da nação repousa na educação das mulheres‖. Seguindo
esta ideia então, salve as mulheres e você salva o Brasil (WMA, set. 1887, p. 03-04).
As mulheres no Brasil não tem liberdade. (...) estão presas às pressões dos padres, e
não tem liberdade para ler a bíblia e nem poderiam, pois não sabem ler! (...) A
educação é geral nos EUA, mas o que vocês pensariam se eu lhes dissesse que nem
cinco por cento das mulheres no Brasil são capazes de ler e escrever? É um número
muito grande diante de uma população de 18 milhões. (...) elas normalmente seguem
o que o marido quer. Acho que poderia ser dito que o catolicismo da América Latina
não permitiu às mulheres avançarem ao longo da linha da educação. (...) Essa massa
de mulheres está afundada na ignorância e superstição (WMA, jan. 1907, p. 321-
322).
Minhas amigas dos Estados Unidos. Cristo morreu pelas mulheres no Brasil assim
como para vocês. O que estão fazendo para salvá-las? Imploro para que não
esqueçam quem vive ao seu lado. (…) porque a América do Norte precisa salvar a
América Latina através de Cristo (WMA, jan. 1907, p. 322).
Eles não podem dizer que existe alguma vida familiar nas casas, no sentido que
usamos a palavra ―casa‖. As mulheres são iletradas, algumas delas sabem ler ou
cuidar de suas casas e crianças, parecem contentes em gastar seus dias em
ociosidade, fumando para matar o tempo (WMA, jul. 1899, p. 371).
Está ficando claro, sem sombra de dúvidas, que o bem-estar e felicidade das
mulheres do Brasil dependerá muito do que estivemos aptas a fornecer para elas
enquanto nossas alunas. Primeiramente, a natureza espiritual deve ser desenvolvida,
mas esta necessidade não pode enfraquecer de maneira alguma a preparação material
para as batalhas da vida. As meninas brasileiras devem aprender como cozinha e
lavar, costurar, varrer e colocar as coisas no lugar, não menos devem aprender a
tocar piano e falar francês (WMA, jul. 1909, p. 32).
sustentação financeira do Conselho da Mulher, com toda a sua estrutura organizacional, nas
escolas.
A questão da representação do papel da mulher em uma sociedade que
buscava o que as missionárias consideravam um aprimoramento de uma nação é apenas um
dos aspectos encontrados no Advocate e que indicam o protagonismo dessas mulheres no
movimento missionário no Brasil, especialmente a partir da atuação das mesmas na direção,
organização e administração das escolas, bem como em toda a estrutura missionária.
A finalidade da Liga era treinar novos membros para uma vida religiosa,
pessoal e para a liderança futura da Igreja. Os membros da Liga Epworth tinham estudos
bíblicos, organizavam eventos sociais e arrecadavam dinheiro.78
78
Sobre o assunto, ver: Igreja Metodista – Sociedade de Conferência de Nova Iorque
(http://www.nyac.com/theepworthheralddec2009) e http://www.epworthleague.org/ Acesso em 02 de fev. de
2017.
79
Sobre o assunto, ver: https://www.trinityunitedkw.ca/our-history-1/2016/10/19/the-ladies-aid-society Acesso
em 02 de fev. 2017.
80
A União de Temperança Cristã da Mulher (WCTU) foi fundada em Cleveland, Ohio, em novembro de 1874.
Ela surgiu da ―Cruzada da Mulher‖ do inverno de 1873-1874. Inicialmente, grupos em Fredonia (Nova York) e
Hillsboro e Washington Court House (Ohio) realizaram, após uma palestra, protestos não violentos contra os
perigos do álcool. Normalmente, as donas de casa silenciosamente caíam de joelhos em orações em salões locais
e exigiam que a venda de bebidas alcoólicas fosse interrompida. Em três meses, as mulheres haviam levado
bebidas alcoólicas de 250 comunidades e, pela primeira vez, sentiram o que poderiam conseguir estando unidas
em uma organização.
Sobre o assunto, ver: http://scholarship.law.wm.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1273&context=wmjowl e
https://www.wctu.org/history.html Acesso em 19 mar. 2017.
86
Conferência Anual que se realizaria em Piracicaba no mesmo ano. Além das Sociedades
citadas, informava ainda a existência na cidade um Comitê de Caridade para assistência aos
pobres e necessitados.
A primeira referência à Liga Epworth no Advocate data de dezembro de
1899, quando Willie A. Bowman, ao falar desse trabalho no Rio de Janeiro, diz:
Nossa Epworth League tem sido uma grande ajuda. Algumas de nossas jovens que
nunca fizeram nada, hoje lideram reuniões e estão prontas para liderar orações
quando são chamadas (WMA, dez. 1899, p. 183-4).
A Liga Júnior da qual eu sou a diretora, está fazendo um bom trabalho também. Os
pequenos são interessados, e ficam muito felizes em arrecadar dinheiro para
continuar no trabalho pelo evangelho (WMA, ago. 1903, p. 59-60).
Sociedade e por contribuintes particulares. Uma atenção especial está sendo dada ao
treinamento domestico das alunas, um fator tão negligenciado na educação da
maioria das meninas no Brasil.
(...) estão emancipando as meninas tirando do controle dos padres. Libertando-as.
(WMA, jun. 1907, p. 539-545).
A escola do Jardim Botânico perdeu muitos alunos por conta da ação dos padres,
mas duas salas pequenas estão cheias e a escola continua seu bom trabalho. Essas
crianças se interessaram pelo trabalho na Liga Júnior (esta Sociedade realiza as
reuniões aqui na escola) e perguntaram se não poderiam se organizar em tal
sociedade. Claro que ficamos contentes com esse desejo deles e fizemos o máximo
para ajudá-los. Estranho dizer que 27 dos 30 membros fundadores eram crianças
católicas, então seu trabalho tem uma pequena diferença das outras Ligas. Eles
resolveram arrecadar fundos para terminar a base da Nova Igreja Metodista
Episcopal naquela seção. Considerando que essas crianças eram de famílias
católicas muito pobres, onde a ignorância e superstição imperavam, é incrível o que
eles querem fazer pela causa (WMA, abr. 1908, p. 472-478).
Pouco antes de a escola abrir, a Liga Epworth realizou uma reunião literária em
nossa casa; e para um observador americano comum certamente seria uma
incongruente mistura de tipos (para brancos e negros, bem vestidos mal vestidos,
89
cultos e ignorantes foram representados), foi uma ocasião muito agradável e todos
pareceram aproveitar.
Depois do programa literário houve uma conversa sobre a história do Brasil com
música, café e bolo (WMA, ago. 1903, p. 59-60).
Muitas que não são da Igreja tem se tornado membro da Liga. Muitas delas são
muito afeiçoadas à música e me disseram que isso as atraiu para participar. Diante
desses fatos, tenho as convidado para ajudar na nossa música, e parece que está
sendo bom para elas assim como para os outros (WMA, abr. 1908, p. 475-478).
O interesse pelas aulas de música por parte das alunas e o investimento feito
pelas missionárias para que essas aulas atraíssem as jovens para a escola e para a Igreja é
evidente e pode ser constatado em diversas edições do Advocate (dezembro/1892, maio/1893,
junho/1894, julho/1895, novembro/1899, janeiro/1901, junho/1903, Agosto/1903,
Agosto/1904, outubro/1904, julho/1905, novembro/1906, abril/1908, dezembro/1908 e
janeiro/1909).
Em julho de 1894, Sallie Phillips escreve de Piracicaba dizendo: ―gostaria
de chamar a atenção para uma necessidade que estamos sentindo na escola (Piracicaba). Os
brasileiros gostam de aulas de artesanato tanto quanto aulas de música. Precisamos de
professores para isso! (p. 361)‖. Stradley, também em Piracicaba, conta, entusiasmada, que
―as aulas de música só crescem! Tivemos que contratar outra professora assistente e comprar
outro piano‖ (nov. 1899, p. 144). Em junho de 1903, falando de Juiz de Fora, uma missionária
pergunta, ―Não há um talento musical consagrado na Igreja Metodista do Sul? Precisamos de
professoras de música! (p.449)‖. Em relatório do dia 31 de março de 1903, Elizabeth Davis,
em Piracicaba, afirma que ―as aulas de música tem 40 alunas‖ e por isso teve que comprar
mais um piano. Considerando que a escola abriu o trimestre com 60 alunas, parece
significativo o investimento nessas aulas.
Fica clara a estratégia das missionárias em garantir a participação das jovens
alunas nas Ligas também com o incentivo das aulas de música, evidenciando a importância
dos dois empreendimentos dentro das escolas.
90
Em todo o lugar que vou é possível ver as falácias ditas pela igreja romana e como
as pessoas os seguem. Nos Estados Unidos os rituais são mais civilizados, polidos,
91
as cerimônias ficam dentro dos templos e não fazemos ―paradas‖ nas ruas. Mas nós,
protestantes, não temos o poder de lidera-los (WMA, abr. 1889, p. 4-5).
De fato, a América do Sul é quase uma terra de pagãos. A maioria acredita numa
religião cheia de idolatria, o romanismo católico. Este é o vislumbre das vidas
estreitas levadas por essas pessoas no apego forte da idolatria e superstições. Agora
olhe para a América do Norte, com sua Bíblia aberta, seu puro evangelho, sua fé
protestante. Essas duas nações mostram para o mundo a pura religião de Cristo em
contraste com a negra superstição de um povo dominado por seus sacerdotes. A
América do Norte é um poder na civilização do mundo. A América do Sul é
servil e ignorante. (grifo meu)
(...) A Bíblia é um livro proibido, Cristo é escondido pela superstição e obstinação
dos padres, e as massas do povo estão quase tão longe de Jesus como são as nações
da Índia (grifos meus) (WMA, dezembro 1906, p. 248-249).
máxima que também pode ser resumida nas palavras da missionária Eunice Andrew,
referindo-se ao trabalho realizado nas igrejas e escolas, ―certamente o país é carregado de
superstição, adoração aos santos e à Virgem Maria. Este é um bom país. O que é realmente
necessário aqui é a redenção do evangelho‖ (jul. 1908, p. 22).
verdades da bíblia, mas que os pais combatem qualquer influência que conseguimos ter sobre
os alunos‖ e que ―nosso trabalho sofre pressão e influência dos pais, mas devemos olhar para
os resultados futuros!‖ (p. 369). Ainda em Piracicaba, na edição de dezembro do mesmo ano,
Sallie Phillips desabafa: ―temos um grande número de alunos católicos, suspiramos para que
mais deles não sejam. Tudo o que podemos fazer é ter fé e esperar. Rezem por nós e para
essas 109 almas sob nossos cuidados‖ (p. 168).
Em janeiro de 1893, Watts reclama da saída de alunos do Piracicabano e
que ―as crianças são facilmente vencidas para Jesus, mas os pais somente o querem na cruz ou
numa figura de gesso‖. E completa:
Temos uma bela congregação e sempre convidamos dois ou três para participarem,
mas muitos não aguentam o suficiente para se tornarem membros efetivos. Isso
custa muito a eles, e é quase como um ostracismo social. Quando persistem, dividem
a família. Alguns não conseguem suportar o calor escaldante de perseguição e assim
desistem (WMA, jan. 1893, p. 203).
O Colégio Piracicabano não converteu todos seus alunos, não porque as crianças não
quiseram, mas porque os pais disseram "não", mas certamente o Colégio fez algo
ótimo para as garotas daquela cidade. Poderia parecer motivo de orgulho para minha
pessoa contar o que eu vi lá, mas fiquei contente mesmo enquanto sentia uma forte
frustração porque muitas delas não eram Cristãs Protestantes. Orei fervorosamente
no início para que eu pudesse ter todas as almas que vieram até mim e assim, não
perder a esperança, mas esperarei na outra margem por aquele dia feliz, para ver
quantas dessas almas a Ele foi permitido salvar (WMA, abr. 1901, p. 299).
Três dos quatro que se retiraram da escola, tenho certeza que saíram por causa das
lições da bíblia. Não faz muito tempo, um de nossos antigos alunos me disse que sua
mãe queria que ele fosse dispensado dessas lições. Obviamente ele disse que
continuaria. (...) Os pais sabem que ensinamos a Bíblia, ainda sim enviam seus
filhos, normalmente por apenas um mês, e de repente, sem nenhuma palavra eles
desaparecem.
Na opinião dos pais, os versos e histórias da bíblia que os pequenos aprendem são
perigosos demais. (WMA, jan. 1904, p. 257)
As jovens da cidade que compõe minha escola dominical não são muito
espiritualizadas, muitas não são membros da igreja, mas eu as amo, e mostram
perseverança em seu nome. A fé dará a vitória (WMA, ago. 1905, p. 53).
81
A ideia de uma escola religiosa para crianças pobres e sem instrução começou na Inglaterra no final do século
XVIII. Evangélicos visionários como Robert Raikes conceberam um plano para reunir crianças pobres e sem
instrução nas aulas de educação aos domingos, o único dia de melhorar o futuro da sociedade e de conter a
delinquência desenfreada. Embora nem evangelismo nem treinamento religioso fossem os objetivos expressos
das novas escolas, havia a esperança de que a moralidade ensinada, baseada nas verdades das Escrituras, pudesse
trazer uma transformação no coração das crianças. No início dos anos 1800, as metas das escolas dominicais
estavam mudando, passando a ensinar o evangelho e a doutrina protestante para as crianças. A escola dominical
torna-se então o principal braço de evangelização da Igreja.
Sobre o assunto, ver: http://www.christianitytoday.com/history/2008/august/when-did-sunday-schools-start.html.
Acesso em 02 mar. 2017.
96
representantes das ―melhores famílias‖ das regiões onde foram instaladas. O início do período
republicano contribuiu para a disseminação dessa ideia entre as missionárias. Com o passar
dos anos, sentindo que esse proselitismo não se concretizava, foram usadas outras estratégias,
primeiramente ligadas aos colégios, como as Associações, Ligas e Escolas Dominicais, e
posteriormente, aos trabalhos das ―Mulheres da Bíblia‖, cujas líderes, em sua maioria, eram
missionárias que trabalhavam nas escolas, mesmo que os trabalhos de visitações não
estivessem diretamente ligados às ações nos colégios e visassem especialmente à população
mais pobre.
Os trabalhos de visitações, segundo as publicações no Advocate, começaram
sem caráter oficial em 1886. Em dezembro de 1894, há a publicação do primeiro relatório
intitulado Trabalho da Mulher no Rio de Janeiro. Em janeiro de 1896, Amélia Elerding,
principal missionária responsável pelos trabalhos de visitações no Rio de Janeiro e São Paulo,
faz uma longa descrição desse trabalho nos cortiços e afirma: ―é uma das funções mais
importantes para a evangelização dessa grande capital do Brasil‖. A partir dessa publicação,
os relatórios de visitações são constantes, em seção especial dedicada ao assunto. De 1903 em
diante, o trabalho de visitação aparece em destaque nos chamados Relatórios Escolares,
continuando assim até 1910. Um dado significativo, pois indica, pela primeira vez, o trabalho
de visitações nas páginas do Advocate hierarquicamente mais importante do que os relatórios
sobre as escolas.
Esse movimento missionário que começa nas escolas passa pelas
organizações das Ligas e posteriormente fortalecido pelos trabalhos de visitações foi resultado
da atuação das missionárias do Conselho da Mulher na missão metodista no Brasil. O relato
desse trabalho nas páginas do Advocate, revelando possibilidades, desafios e fracassos, além
de encaminhamentos feitos por parte do CMEM, demonstram o poder de decisão dessas
mulheres e seu protagonismo no projeto missionário do metodismo norte-americano no
Brasil.
82
Sobre o assunto, ver Schueler e Magaldi (2009).
83
Sobre o assunto, ver Vieira (2006).
98
trimestre um bom número de alunos foi retirado e eles podem se matricular na escola pública‖
(p. 161). O mesmo lamento aparece na edição de janeiro de 1909. Blanche Howell, de Belo
Horizonte, escreve para o Advocate, edição de julho do mesmo ano, dizendo que ―o governo
continua tentando fazer da escola pública a melhor possível‖ e que ―um moderno sistema de
educação está sendo implementado, mas ainda está no começo‖ (p. 39). Trulie Richmond, de
Piracicaba, diz:
Há 28 anos atrás quando nossa escola começou, não existia outra escola na cidade.
Agora há uma dúzia ou mais de escolas públicas, primárias e secundárias, além das
escolas católicas.
(...) É verdade que os métodos de ensino e de administração estão longe do ideal dos
Estados Unidos, mas estão dando um grande passo no avanço (WMA, jul. 1904, p.
30-31).
Podemos esperar que os pais católicos mandem seus filhos para essas escolas, que
são gratuitas, ou para nossos prédios sem atrativos e inadequados?
Pode o Conselho da Mulher pagar pelo melhor tipo de escola americana nesta
capital do Brasil? É o único tipo que pode se contrapor ao catolicismo romano. (...)
É triste pensar que esta escola está morrendo, mas sob essas condições é inevitável.
(...) Que parte devemos servir para dar uma religião de esperança e alegria às
mulheres do Rio? Uma cidade que precisa de Cristo, pois está envolta em pecados
não mencionáveis (WMA, fev. 1910, p. 288).
preocupação com a perda de alunos diante dos investimentos nas escolas públicas.
Acontecimentos registrados nas páginas do Advocate capaz de mostrar como se deu a atuação
das mulheres missionárias nesse empreendimento.
101
Capítulo 4
Watts, o Piracicabano já foi tema de diversas pesquisas.84 Entretanto, alguns dados coletados
do Advocate podem contribuir para a comprovação da hipótese de um protagonismo feminino
na atuação das missionárias no movimento metodista no Brasil.
Segundo Vieira (2011),
.
As sementes do Colégio Piracicabano foram plantadas em 1879, através da iniciativa
das irmãs Newman, filhas do imigrante norte-americano rev. Junius Eastham
Newman, morador na região de Piracicaba desde 1869, que com apoio dos irmãos
Manoel e Prudente de Moraes Barros - eminentes advogados que exerciam grande
influência na região - recebeu o convite para se transferir para Piracicaba, a fim de
abrir uma escola que se dirigisse à instrução da mocidade daquela localidade (p.
283).
Hoje o Colégio Piracicabano tem três professoras, duas assistentes, e trinta e duas
alunas. Uma Sociedade de Senhoras dos Estados Unidos tem grande interesse em se
estabelecer em bases firmes. Esta Sociedade opera sob o nome de Conselho de
Missões da Mulher da Igreja Metodista Episcopal do Sul. A construção do edifício
84
Zuleica (2001), Hilsdorf (2002), Silva, (2008b), Ramires (2009), Vieira (2011), Lopes (2010).
85
Alunos mencionados por Watts: Maria Escobar, Nora Smith (americana), Maria das Dores Oliveira, Anna
Maria de Moraes Barros, Margarida Diehl, Mary Prestridge (americana), Otto Kiefert (alemão - 6 anos), Dona
Hilaria Santos (aluna-professora), Isabel de Almeida Barros, Eliza de Moraes Barros. Disciplinas mencionadas
por Watts: Álgebra, Aritmética, Geometria, Alemão, Leitura em alemão, Francês, Leitura em francês, Inglês,
Gramática Inglesa, Leitura em Inglês, Gramática Portuguesa, Leitura em Português, Ditado em português,
História Brasileira, História Universal, Ortografia, Escrita, Desenho, Geografia, Botânica.
103
está a cargo do Sr. W. Häusller por mais de $30.000. Terá dois andares e espaço
suficiente para acomodar mais de 30 pensionistas. Eis o brilhante exemplo que nos
dá os Estados Unidos, representado por algumas de suas filhas (WMA, abr. 1883, p.
09).
Por vinte e oito anos, a vida e os trabalhos de senhorita Watts bateu recordes na
história da Igreja Metodista Episcopal do Sul. Uma das primeiras missionárias da
86
Uma das fundadoras da Scarrit Bible and Training School.
104
Deixe nossas mulheres se unirem aos homens no ―Dia do centenário‖ e nas reuniões
do centenário da conferência distrital, e também em grandes reuniões que podem ser
realizadas pelo presbítero em cada distrito, e deixe o vice-presidente do distrito
sendo ele presbítero ou pastor, apresentar nosso monumento centenário (este é o
nome do nosso fundo para o colégio no Brasil), como um dos assuntos que tem
clamado sobre nosso povo. De modo que aqueles, que assim desejarem, possam ter
o privilegio de contribuir nesse assunto.
Vamos ambos adotar esse método e poder transmiti-lo fielmente. Se fizermos isso,
não tenho dúvidas que nossa pequena Sociedade de Conferência manterá alta sua
bandeira do Evangelho (WMA, mai. 1884, p. 09).
O Conselho de Missões da Mulher deseja chamar sua atenção para o assunto sobre o
colégio para meninas no Rio. Dois anos e meio se passaram desde que o trabalho foi
idealizado pelo Conselho de Missões da Mulher baseado em boa fé no entendimento
que este Conselho poderia suplementar a soma levantada pela Sociedade
Missionária para o valor necessário para o estabelecimento do colégio. Na última
reunião anual houve uma insatisfação expressada por não haver nada definido e feito
pelo Conselho de Missões, e o sentimento de muitos foi de abandonar o
empreendimento e usar o dinheiro arrecadado para as urgentes necessidades do
trabalho, mas a moção foi rejeitada a tempo, com o desejo que, em mais um ano,
algum entendimento definitivo seja alcançado. A soma que agora está no Tesouro do
Conselho de Missões para o Colégio no Rio está em $17.298,46 (WMA, jul. 1886,
p. 07).
O ―Colégio Centenário‖ no Rio - que foi fechado por conta da febre amarela que se
tornou endêmica na cidade – será transferido para Petrópolis, e a senhorita Watts,
nossa missionária pioneira no Brasil irá abrir a escola com os equipamentos obtidos
no campo, até que possa ser reforçado. Senhorita Watts conhece muito bem o chefe
do executivo no Brasil, o Presidente Moraes de Barros, cujas filhas e sobrinhas
foram educadas na escola em Piracicaba. Acreditamos que esse novo trabalho terá
87
Licença concedida em 03/02/1888.
107
88
Há indícios de que se localizava no Jardim Botânico.
108
Nossa escola está ganhando a confiança das pessoas. Está se tornando conhecida
com um programa escolar, como a única escola do Rio que funciona com princípios
americanos e devagarinho estamos convencendo as pessoas de que a escola
protestante não é do demônio.
Contamos entre nossos alunos, filhos de alguns dos mais proeminentes homens do
país, de modo que estamos alcançando uma classe de pessoas que não poderia ser
alcançada por visitações; uma classe que nunca iria cerrar as portas para a igreja
protestante, ou qualquer outra igreja em muitos casos, e consequentemente nunca
poderia ouvir o evangelho exceto como é levado a eles pelos seus pequenos. Temos
um número de meninas cristãs que estão sendo educadas de graça com o combinado
de que depois, elas sejam professoras e paguem pouco a pouco sua conta. Desta
forma estamos formando nosso futuro corpos de professoras. Se alguém ou alguma
sociedade pudesse pegar algumas dessas meninas para uma bolsa de estudos, nos
ajudaria imensamente. Que o conselho venha em socorro às missionárias ou nosso
navio vai afundar! (WMA, out. 1901, p. 115-16).
Com uma média de 37 alunos entre a data de sua fundação (07/05/1895) até
o ano de 1899 e um incremento dessa média para 51 entre 1900 e 1910, o Colégio Americano
de Petrópolis, cuja origem foi o fechamento e transferência do Colégio Centenário do Rio de
Janeiro, iniciou suas atividades sob muitas expectativas:
No Brasil, a duas horas de viagem do Rio de Janeiro, uma grande propriedade foi
comprada na cidade de Petrópolis. Essa cidade era a antiga casa de verão do ultimo
imperador Dom Pedro. Pela linda localização, entre as montanhas, ótimo clima e
agua pura, não pode ser superada
89
Um levantamento do número de alunos nos colégios assistidos pelo Conselho da Mulher pode ser visto em
forma de gráfico Cf. Anexo V.
109
Nós em Petrópolis temos muitas coisas que nos desanimam e nos sentimos
humilhadas, mas com a graça de Deus, não seremos destruídas. Fomos indo bem até
quando as pessoas descobriram que não estávamos aqui apenas para ensinar línguas,
mas ensinar seriamente, e que a bíblia era um livro. A partir daí eles ficaram com
medo, e muitos retiraram seus filhos. Esperamos nos manter até eles descubram que
a nossa escola é a melhor da cidade
(WMA, jul. 1899, p. 12-13).
90
Petrópolis foi capital do Rio de Janeiro entre 1894 e 1902, período em que Niterói esteve ameaçada pela
Revolta da Armada. Fonte: http://cidades.ibge.gov.br. Acesso em mai. 2017.
110
resumo dos relatórios recebidos do Brasil e enaltece o crescimento do colégio depois das
dificuldades encontradas.
Um novo trabalho que precisa ser aberto em Taubaté, uma vila a algumas horas da
estrada central de São Paulo. Senhor Tilly esteve lá há três meses, e está
maravilhado com as perspectivas e ações feitas. Não há nenhuma outra igreja
protestante nesse lugar. Ele foi enviado por um comitê de mais de vinte dos
melhores e mais ricos cidadãos da cidade para implorar às senhoras metodistas – as
professoras americanas protestantes estavam em sessão – a abrir uma escola naquela
cidade assim como feito pela Senhorita Watts em Piracicaba. Eles fizeram ótimas
ofertas e pela urgência, senhorita Watts organizou uma comissão para falar sobre o
assunto. Irmão Jimmie (J. L. Kennedy) e senhor Tilly acham que é uma
oportunidade que não deveria ser desperdiçada, e a senhorita Watts tentará encontrar
uma professora extra para abrir a escola até primeiro de março (WMA, ago. 1890, p.
03-04).
Não preciso dizer uma palavra sobre Taubaté. A escola fala por si mesma. Nunca
existiu no Brasil um desenvolvimento tão rápido mostrando que o Senhor se
estabeleceu lá quando abriram a porta (WMA, jul. 1891, p. 24).
91
Assim como a Escola Metodista de Ribeirão Preto (que será descrita ainda neste capítulo), o Colégio
Americano de Taubaté não nasceu da indicação do Conselho da Mulher, e sim dos pedidos do Rev. James
Lillbourne Kennedy. O Conselho não era então responsável pela manutenção do Colégio, obrigação que ficava a
cargo do próprio Kennedy e das missionárias enviadas para a instituição, que tinham autonomia para realizar
campanhas de arrecadação de fundos, tendo apenas a obrigatoriedade de relatar toda a movimentação financeira
ao Conselho.
111
Ao cidadão Fernando de Mattos: em resposta a sua carta do dia 6, eu posso dizer que
considero excelente cada ponto de vista estabelecido pelo colégio em Piracicaba
pelos metodistas da Igreja Episcopal do Sul, e dirigido pela senhorita M. Watts uma
senhora como qualificações excepcionais para esta posição tão difícil. Esta é a
opinião de todos os pais, que como eu, confiou a educação de seus filhos para aquele
colégio, o qual sempre emprega os melhores professores. A cidade de Taubaté tem
muito a ganhar se tiver sucesso o estabelecimento de um colégio como o de
Piracicaba. Você tem liberdade para usar esta carta como desejar (WMA, jun. 1890,
p. 02).
92
Fernando de Mattos, nascido em Taubaté em 1852, forma-se engenheiro na França. Volta a Taubaté e exerce a
função de jornalista e político. Foi escritor, produtor rural, abolicionista, delegado de polícia e ofereceu apoio
irrestrito à instalação e manutenção do Colégio Americano de Taubaté (SILVA, 2007).
112
(...) assim que as condições sanitárias em Juiz de Fora forem asseguradas, que sejam
tomadas medidas para a construção de um prédio adequado para o Lar e Escola
Isabella Hendrix (WMA, Jul. 1901, p. 21).
que a maior apropriação feita pelo Conselho no Brasil foi pela destinação de $30.000 para a
construção do Colégio Isabella Hendrix em Belo Horizonte. Construção que se estende de
1906 a 1908.
O último relatório do Colégio com número de matrículas é publicado na
edição de agosto de 1910 como registro de 106 alunas.
Como dito anteriormente, a abertura de uma escola pelo CMEM poderia ser
feira a partir da indicação das missionárias e também de presbíteros e/ou pastores de
determinada região. Este foi exatamente o caso de Ribeirão Preto.
Em agosto de 1899, Bispo Hendrix (responsável pela missão no Brasil)
esteve em Ribeirão Preto e o reverendo E. E. Joiner, presbítero do Distrito, persistiu em suas
solicitações para a abertura de uma escola na região. O Bispo autoriza então a instalação da
escola, desde que não houvesse nenhum gasto para o CMEM. Srta. Leonora Smith é indicada
para a empreitada. A escola abre em 05 de setembro de 1899 com 11 alunas. A
responsabilidade sobre o funcionamento e manutenção da escola, neste caso, não estava
exclusivamente a cargo do Conselho da Mulher. As arrecadações para essa manutenção e
investimentos deveriam partir das próprias missionárias e da Igreja em Ribeirão Preto, que
tinham autonomia para realizar campanhas de arrecadação de fundos, relatando toda a
movimentação financeira ao Conselho. Vale lembrar que tendo sido enviada pelo Conselho da
Mulher, o trabalho de Leonora Smith estava estritamente ligado às orientações do mesmo.
Sobre o início dos trabalhos na escola, ela relata:
Não havendo dinheiro para um aluguel, a igreja foi usada por dois meses. Então o
pastor, Reverendo Jovelino Camargo, gentilmente pegou a escola e as missionárias
para sua própria casa pela mesma quantia que eu estava pagando para o meu
conselho. Desta forma a escola ficou lá até janeiro de 1900, quando, sendo
necessária uma assistente, uma pequena casa foi alugada. Esta serviu por dois meses
para a escola e a missão.
Mudando para uma casa maior, que felizmente foi garantida pelo mesmo aluguel,
ficamos felizes por ter uma pequena sala para respirar, mas a alegria durou pouco
pois após a entrada de novos alunos estávamos novamente cheios. Após as férias de
dois meses, a escola foi reaberta em uma casa que achamos ser suficiente para
acomodar a todos por meses, mas em um curto espaço de tempo, estava cheia como
nunca. Um pensionato parece indispensável, e acredito que na próxima reunião
anual do Conselho enviarão outras missionárias para ajudar a suportar a
114
Srta. Bowman, na edição de novembro do mesmo ano, faz seu próprio relato
sobre os acontecimentos,
Eu não sabia o que fazer. Fui para o hospital em 22 de fevereiro (1903). Usei Todas
as lições de enfermagem que aprendi na Training School. Trabalhei muito e os
médicos ficaram muito agradecidos pelo serviço, pois trabalhei com amor e
dedicação. Dificilmente uma família que permaneceu na cidade escapou de ter um
membro da família doente.
Os jornais daqui e de outras cidades ao redor nos elogiaram pelo trabalho que
estamos fazendo, e até jornais do Rio e de São Paulo falam em termos elogiosos,
mencionando o fato que somos protestantes e estamos fazendo o trabalho por amor à
Deus e à humanidade.
Com medo da febre, foi difícil encontrar enfermeiras e empregados para o trabalho.
Então a senhorita Stewart veio ajudar no dia 22 de março. Não há mulheres cristãs
entre as enfermeiras e nem entre os doentes. Eles ficam pedindo aos seus santos.
Senhorita Stewart foi para casa em abril e eu fiquei, todo o mês de maio, até o
último caso. Muitos homens de negócio da cidade foram perguntar se precisávamos
de ajuda e o que eles poderiam fazer para tornar nossa vida melhor. (...) Deus
abençoou nossos esforços que nunca precisaremos fazer uma introdução do nosso
trabalho em Ribeirão Preto e todos entendem agora o que estamos fazendo e a
natureza do trabalho que estamos tentando fazer (WMA, nov. 1903, p. 169-175).
116
Em 1900, quando o território ocupado no Rio Grande do Sul pela Igreja Metodista
do Norte foi transferido para a Igreja Metodista Episcopal do Sul e a missão escolar
com cerca de 40 alunos em Porto Alegre foi para o Conselho de Missões
Estrangeiras da Mulher, Senhorita Mary Pescud foi transferida de Petrópolis para
assumir a escola (WMA, set. 1907, p. 103).
CONCLUSÃO
missionárias. Com o passar dos anos, sentindo que esse proselitismo não se concretizava,
foram usadas outras estratégias, primeiramente ligadas aos colégios, como as Associações,
Ligas e Escolas Dominicais, e posteriormente, aos trabalhos das ―Mulheres da Bíblia‖, cujas
líderes, em sua maioria, eram missionárias que trabalhavam nas escolas, mesmo que os
trabalhos de visitações não estivessem diretamente ligados às ações nos colégios e visassem
especialmente à população mais pobre.
Esse movimento missionário que começa nas escolas, passa pelas
organizações das Ligas e posteriormente fortalecido pelos trabalhos de visitações, foi
resultado da atuação das missionárias do Conselho da Mulher na missão metodista no Brasil.
O relato desse trabalho nas páginas do Advocate, revelando possibilidades, desafios e
fracassos, e os encaminhamentos feitos por parte do Conselho, demonstram o poder decisório
dessas mulheres e seu protagonismo no projeto missionário do metodismo norte-americano no
Brasil.
O último número do Advocate é publicado em dezembro de 1910, quando
então é unificado a outro periódico também criado pelo Conselho da Mulher intitulado Our
Homes passando a se chamar Missionary Voice.
O ano de 1910 também marca o fim do CMEM quando em 14 de maio
ocorre a unificação dos Conselhos Missionários da Igreja Metodista Episcopal do Sul. Na
edição de julho de 1910 há uma publicação de uma carta assinada por Maria Laying Gibson,
Belle H. Bennet, Sra. R. W. MacDonell e Sra. J. B. Cobb informando às mulheres que
Nós, mulheres que assinamos nossos nomes no relatório da Comissão, fizemos com
a convicção de que o plano apresentado trará grandes resultados para o bem da
Igreja e para a evangelização do mundo. Nossos corações estão pesados hoje,
sobrecarregados com esta responsabilidade ao passo que nos lembramos da aflição e
da comoção que a aprovação deste relatório trará para centenas de milhares de
mulheres a quem representamos. Este plano, agora diante de vocês, foi elaborado
com atenção e oração, e se aprovado sem sérias correções, acreditamos que
comandará e atrairá a lealdade das mulheres, que por mais de um quarto de século
colocaram coração, espírito e vigor no trabalho de expandir o reino de Jesus Cristo
nosso Senhor. Não somos negligentes com todas essas mulheres dedicadas e
capazes, mas também lembramos da grande angústia que atingirá as mulheres da
Igreja assim que mudarmos da vida antiga para a nova (WMA, jul. 1910, p. 597).
93
Disponível em http://are.as.wvu.edu/MissionPaper.htm#_ftnref19. Acesso em Mar. 2017.
123
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para conter a liderança das mesmas no movimento missionário.
124
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130
ANEXO I
Organização do periódico em volume, edição e data.
Volume 1 Volume 17
Volume 1, Issue 1, July, 1880 [Volume 17, Issue 1], July, 1896
Volume 1, Issue 2, August, 1880 [Volume 17, Issue 2], August, 1896
Volume 1, Issue 3, September, 1880 [Volume 17, Issue 3], September, 1896
Volume 1, Issue 4, October, 1880 [Volume 17, Issue 4], October, 1896
Volume 1, Issue 5, November, 1880 [Volume 17, Issue 5], November, 1896
Volume 1, Issue 6, December, 1880 [Volume 17, Issue 6], December, 1896
Volume 1, Issue 7, January, 1881 [Volume 17, Issue 7], January, 1897
Volume 1, Issue 8, February, 1881 [Volume 17, Issue 8], February, 1897
Volume 1, Issue 9, March, 1881 [Volume 17, Issue 9], March, 1897
Volume 1, Issue 10, April, 1881 [Volume 17, Issue 10], April, 1897
Volume 1, Issue 11, May, 1881 [Volume 17, Issue 11], May, 1897
Volume 1, Issue 12, June, 1881 [Volume 17, Issue 12], June, 1897
Volume 2 Volume 18
Volume 2, Issue 1, July, 1881 [Volume 18, Issue 1], July, 1897
Volume 2, Issue 2, August, 1881 [Volume 18, Issue 2], August, 1897
Volume 2, Issue 3, September, 1881 [Volume 18, Issue 3], September, 1897
Volume 2, Issue 4, October, 1881 [Volume 18, Issue 4], October, 1897
Volume 2, Issue 5, November, 1881 [Volume 18, Issue 5], November, 1897
Volume 2, Issue 6, December, 1881 [Volume 18, Issue 6], December, 1897
Volume 2, Issue 7, January, 1882 [Volume 18, Issue 7], January, 1898
Volume 2, Issue 8, February, 1882 [Volume 18, Issue 8], February, 1898
Volume 2, Issue 9, March, 1882 [Volume 18, Issue 9], March, 1898
Volume 2, Issue 10, April, 1882 [Volume 18, Issue 10], April, 1898
Volume 2, Issue 11, May, 1882 [Volume 18, Issue 11], May, 1898
Volume 2, Issue 12, June, 1882 [Volume 18, Issue 12], June, 1898
Volume 3 Volume 19
Volume 3, Issue 1, July, 1882 [Volume 19, Issue 1], July, 1898
Volume 3, Issue 2, August, 1882 [Volume 19, Issue 2], August, 1898
Volume 3, Issue 3, September, 1882 [Volume 19, Issue 3], September, 1898
Volume 3, Issue 4, October, 1882 [Volume 19, Issue 4], October, 1898
Volume 3, Issue 5, November, 1882 [Volume 19, Issue 5], November, 1898
Volume 3, Issue 6, December, 1882 [Volume 19, Issue 6], December, 1898
Volume 3, Issue 7, January, 1883 [Volume 19, Issue 7], January, 1899
Volume 3, Issue 8, February, 1883 [Volume 19, Issue 8], February, 1899
Volume 3, Issue 9, March, 1883 [Volume 19, Issue 9], March, 1899
Volume 3, Issue 10, April, 1883 [Volume 19, Issue 10], April, 1899
Volume 3, Issue 11, May, 1883 [Volume 19, Issue 11], May, 1899
Volume 3, Issue 12, June, 1883 [Volume 19, Issue 12], June, 1899
Volume 4 Volume 20
Volume 4, Issue 1, July, 1883 [Volume 20, Issue 1], July, 1899
134
Volume 4, Issue 2, August, 1883 [Volume 20, Issue 2], August, 1899
Volume 4, Issue 3, September, 1883 [Volume 20, Issue 3], September, 1899
Volume 4, Issue 4, October, 1883 [Volume 20, Issue 4], October, 1899
Volume 4, Issue 5, November, 1883 [Volume 20, Issue 5], November, 1899
Volume 4, Issue 6, December, 1883 [Volume 20, Issue 6], December, 1899
Volume 4, Issue 7, January, 1884 [Volume 20, Issue 7], January, 1900
Volume 4, Issue 8, February, 1884 [Volume 20, Issue 8], February, 1900
Volume 4, Issue 9, March, 1884 [Volume 20, Issue 9], March, 1900
Volume 4, Issue 10, April, 1884 [Volume 20, Issue 10], April, 1900
Volume 4, Issue 11, May, 1884 [Volume 20, Issue 11], May, 1900
Volume 4, Issue 12, June, 1884 [Volume 20, Issue 12], June, 1900
Volume 5 Volume 21
Volume 5, Issue 1, July, 1884 [Volume 21, Issue 1], July, 1900
Volume 5, Issue 2, August, 1884 [Volume 21, Issue 2], August, 1900
Volume 5, Issue 3, September, 1884 [Volume 21, Issue 3], September, 1900
Volume 5, Issue 4, October, 1884 [Volume 21, Issue 4], October, 1900
Volume 5, Issue 5, November, 1884 [Volume 21, Issue 5], November, 1900
Volume 5, Issue 6, December, 1884 [Volume 21, Issue 6], December, 1900
Volume 5, Issue 7, January, 1885 [Volume 21, Issue 7], January, 1901
Volume 5, Issue 8, February, 1885 [Volume 21, Issue 8], February, 1901
Volume 5, Issue 9, March, 1885 [Volume 21, Issue 9], March, 1901
Volume 5, Issue 10, April, 1885 [Volume 21, Issue 10], April, 1901
Volume 5, Issue 11, May, 1885 [Volume 21, Issue 11], May, 1901
Volume 5, Issue 12, June, 1885 [Volume 21, Issue 12], June, 1901
Volume 6 Volume 22
Volume 6, Issue 1, July, 1885 [Volume 22, Issue 1], July, 1901
Volume 6, Issue 2, August, 1885 [Volume 22, Issue 2], August, 1901
Volume 6, Issue 3, September, 1885 [Volume 22, Issue 3], September, 1901
Volume 6, Issue 4, October, 1885 [Volume 22, Issue 4], October, 1901
Volume 6, Issue 5, November, 1885 [Volume 22, Issue 5], November, 1901
Volume 6, Issue 6, December, 1885 [Volume 22, Issue 6], December, 1901
Volume 6, Issue 7, January, 1886 [Volume 22, Issue 7], January, 1902
Volume 6, Issue 8, February, 1886 [Volume 22, Issue 8], February, 1902
Volume 6, Issue 9, March, 1886 [Volume 22, Issue 9], March, 1902
Volume 6, Issue 10, April, 1886 [Volume 22, Issue 10], April, 1902
Volume 6, Issue 11, May, 1886 Volume 22, Issue 11, May, 1902
Volume 6, Issue 12, June, 1886 Volume 22, Issue 12, June, 1902
Volume 7 Volume 23
Volume 7, Issue 1, July, 1886 Volume 23, Issue 1, July, 1902
Volume 7, Issue 2, August, 1886 Volume 23, Issue 2, August, 1902
Volume 7, Issue 3, September, 1886 Volume 23, Issue 3, September, 1902
Volume 7, Issue 4, October, 1886 Volume 23, Issue 4, October, 1902
Volume 7, Issue 5, November, 1886 Volume 23, Issue 5, November, 1902
135
Volume 10, Issue 10, April, 1890 Volume 26, Issue 10, April, 1906
Volume 10, Issue 11, May, 1890 Volume 26, Issue 11, May, 1906
Volume 10, Issue 12, June, 1890 Volume 26, Issue 12, June, 1906
Volume 11 Volume 27
Volume 11, Issue 1, July, 1890 Volume 27, Issue 1, July, 1906
[Volume 11, Issue 2], August, 1890 Volume 27, Issue 2, August, 1906
[Volume 11, Issue 3], September, 1890 Volume 27, Issue 3, September, 1906
[Volume 11, Issue 4], October, 1890 Volume 27, Issue 4, October, 1906
[Volume 11, Issue 5], November, 1890 [Volume 27, Issue 5], November, 1906
[Volume 11, Issue 6], December, 1890 Volume 27, Issue 6, December, 1906
[Volume 11, Issue 7], January, 1891 [Volume 27], Issue 7, January, 1907
[Volume 11, Issue 8], February, 1891 Volume 27, Issue 8, February, 1907
[Volume 11, Issue 9], March, 1891 Volume 27, Issue 9, March, 1907
[Volume 11, Issue 10], April, 1891 Volume 27, Issue 10, April, 1907
[Volume 11, Issue 11], May, 1891 Volume 27, Issue 11, May, 1907
[Volume 11, Issue 12], June, 1891 Volume 27, Issue 12, June, 1907
Volume 12 Volume 28
[Volume 12, Issue 1], July, 1891 Volume 28, Issue 1, July, 1907
[Volume 12, Issue 2], August, 1891 Volume 28, Issue 2, August, 1907
[Volume 12, Issue 3], September, 1891 Volume 28, Issue 3, September, 1907
[Volume 12, Issue 4], October, 1891 Volume 28, Issue 4, October, 1907
[Volume 12, Issue 5], November, 1891 Volume 28, Issue 5, November, 1907
[Volume 12, Issue 6], December, 1891 Volume 28, Issue 6, December, 1907
[Volume 12, Issue 7], January, 1892 Volume 28, Issue 7, January, 1908
[Volume 12, Issue 8], February, 1892 Volume 28, Issue 8, February, 1908
[Volume 12, Issue 9], March, 1892 Volume 28, Issue 9, March, 1908
[Volume 12, Issue 10], April, 1892 Volume 28, Issue 10, April, 1908
[Volume 12, Issue 11], May, 1892 Volume 28, Issue 11, May, 1908
[Volume 12, Issue 12], June, 1892 Volume 28, Issue 12, June, 1908
Volume 13 Volume 29
[Volume 13, Issue 1], July, 1892 Volume 29, Issue 1, July, 1908
[Volume 13, Issue 2], August, 1892 Volume 29, Issue 2, August, 1908
[Volume 13, Issue 3], September, 1892 Volume 29, Issue 3, September, 1908
[Volume 13, Issue 4], October, 1892 Volume 29, Issue 4, October, 1908
[Volume 13, Issue 5], November, 1892 Volume 29, Issue 5, November, 1908
[Volume 13, Issue 6], December, 1892 Volume 29, Issue 6, December, 1908
[Volume 13, Issue 7], January, 1893 Volume 29, Issue 7, January, 1909
[Volume 13, Issue 8], February, 1893 Volume 29, Issue 8, February, 1909
[Volume 13, Issue 9], March, 1893 Volume 29, Issue 9, March, 1909
[Volume 13, Issue 10], April, 1893 Volume 29, Issue 10, April, 1909
[Volume 13, Issue 11], May, 1893 Volume 29, Issue 11, May, 1909
[Volume 13, Issue 12], June, 1893 Volume 29, Issue 12, June, 1909
Volume 14 Volume 30
137
[Volume 14, Issue 1], July, 1893 Volume 30, Issue 1, July, 1909
[Volume 14, Issue 2], August, 1893 Volume 30, Issue 2, August, 1909
[Volume 14, Issue 3], September, 1893 Volume 30, Issue 3, September, 1909
[Volume 14, Issue 4], October, 1893 Volume 30, Issue 4, October, 1909
[Volume 14, Issue 5], November, 1893 Volume 30, Issue 5, November, 1909
[Volume 14, Issue 6], December, 1893 Volume 30, Issue 6, December, 1909
[Volume 14, Issue 7], January, 1894 Volume 30, Issue 7, January, 1910
[Volume 14, Issue 8], February, 1894 Volume 30, Issue 8, February, 1910
[Volume 14, Issue 9], March, 1894 Volume 30, Issue 9, March, 1910
[Volume 14, Issue 10], April, 1894 Volume 30, Issue 10, April, 1910
[Volume 14, Issue 11], May, 1894 Volume 30, Issue 11, May, 1910
[Volume 14, Issue 12], June, 1894 Volume 30, Issue 12, June, 1910
Volume 15 Volume 31
[Volume 15, Issue 1], July, 1894 Volume 31, Issue 1, July, 1910
[Volume 15, Issue 2], August, 1894 Volume 31, Issue 2, August, 1910
[Volume 15, Issue 3], September, 1894 Volume 31, Issue 3, September, 1910
[Volume 15, Issue 4], October, 1894 Volume 31, Issue 4, October, 1910
[Volume 15, Issue 5], November, 1894 Volume 31, Issue 5, November, 1910
[Volume 15, Issue 6], December, 1894 Volume 31, Issue 6, December, 1910
[Volume 15, Issue 7], January, 1895
[Volume 15, Issue 8], February, 1895
[Volume 15, Issue 9], March, 1895
[Volume 15, Issue 10], April, 1895
[Volume 15, Issue 11], May, 1895
[Volume 15, Issue 12], June, 1895
Volume 16
[Volume 16, Issue 1], July, 1895
[Volume 16, Issue 2], August, 1895
Volume 16, Issue 3, September, 1895
Volume 16, Issue 4, October, 1895
[Volume 16, Issue 5], November, 1895
Volume 16, Issue 6, December, 1895
[Volume 16, Issue 7], January, 1896
[Volume 16, Issue 8], February, 1896
[Volume 16, Issue 9], March, 1896
[Volume 16, Issue 10], April, 1896
[Volume 16, Issue 11], May, 1896
[Volume 16, Issue 12], June, 1896
138
ANEXO II
Artigo I. Esta organização deve ser chamada de Sociedade Missionária Estrangeira da Mulher
da Igreja Metodista Episcopal do Sul.
Artigo II. O objetivo dessa Sociedade deve ser enviar o Evangelho para mulheres e crianças
em terras estrangeiras através do agenciamento de mulheres como missionárias, professoras,
médicas, diaconisas, e leitoras da bíblia.
Artigo III. Para prover este trabalho as sociedades devem ser organizadas em cada cargo,
Sociedade de Conferência e cada Conferência, todo o trabalho deve ser controlado por um
órgão executivo reconhecido como o Conselho de Missões Estrangeiras da Mulher.
Artigo IV. O Conselho deverá ter uma presidente, três vice-presidentes, duas Secretárias de
Correspondência, uma tesoureira, uma Secretária de Registro, editora do Woman‟s
Missionary Advocate, duas gerentes, e as Secretárias de Correspondência ou suplentes das
Sociedades da Conferência.
As Secretárias do Conselho Geral devem ser membros honorários do Conselho da Mulher.
As funcionárias e editoras devem ser eleitas quadrienalmente pelo Conselho da Mulher na
primeira Sessão Anual após a sessão da Conferência Geral.
Artigo V. O Conselho de Mulher deverá se reunir anualmente para determinar quais campos
serão ocupados, as pessoas empregadas em cada um desses campos, e para estimar a quantia
de dinheiro necessária para auxiliar as missões sob seu comando. O quórum deverá ter
maioria para determinar os negócios.
Artigo VI.
Seção 1. Os negócios do Conselho nos intervalos das Sessões Anuais deverão ser conduzidos
por um comitê chamado Comitê Executivo, sendo composto por funcionárias do Conselho,
gerentes e a Editora do WMA. Sete constituem um quórum. Se necessário, a Secretária do
Conselho Geral pode fazer uma convocação para um quórum ou consulta. O comitê
Executivo deverá eleger uma Secretária em cada reunião, e na ausência da Presidente e Vice-
Presidente os membros deverão indicar uma presidente. As atas dessas reuniões deverão ser
apresentadas por uma das Secretarias de Correspondência na sessão anual.
Seção 2. Os negócios das referidas reuniões deverão ser apresentados para a próxima reunião
do Conselho para decisão final. Nenhum novo trabalho deverá ser projetado e nenhum
dinheiro fora do que foi estipulado pelo nosso fundo deverá ser usado nessas reuniões.
139
Quando ocorrerem ausências no Comitê Executivo, serão preenchidas pelo referido comitê até
a próxima sessão anual do Conselho.
Artigo VII. Os fundos para esta Sociedade deverão ser de origem privada, de associados,
taxas de membros honorários vitalícios, de testamentos e heranças, e de coletas públicas em
reuniões em nome da Sociedade. As verbas dos fundos deverão ser apenas das sessões anuais,
e deverão ser enviadas para o campo indicado pelo Conselho da Mulher.
Artigo VIII. Missionárias e todas as pessoas empregadas pelo Conselho de Mulher deverão
ser indicadas ao serviço em cada campo ou estação onde o Conselho decidir, com a aprovação
do Bispo responsável nesse campo.
Artigo IX. O trabalho deste Conselho em terras estrangeiras deverá estar localizado onde já
exista trabalho missionário aberto pelo Conselho Geral e deverá ser conduzido sob os
auspícios e aprovação das Secretarias de Ambos os Conselhos.
Artigo X. Dentro de trinta dias após as sessões anuais do Conselho da Mulher, A Secretária
de Correspondência Sênior deverá enviar a Secretária do Conselho Geral relatório completo
dos planos e operações do referido Conselho para que possa ser considerado e posto em
prática, e também que um resumo de todo o trabalho seja publicado como uma declaração
completa do que está sendo feito nas missões estrangeiras pela Igreja.
Artigo XI. O Conselho da Mulher está autorizado a estabelecer e manter a Training School
sob seu controle e administração, onde as mulheres possam ser treinadas como missionárias
ou para outros trabalhos cristãos. A arrecadação da Sociedade Missionária Estrangeira da
Mulher não deverá ser usada para esta escola, exceto se tais fundos forem doados para esse
propósito.
Artigo XII. As diretoras das escolas e medicas responsáveis pelos hospitais estabelecidos
pelo Conselho de Missões estrangeiras da Mulher, deverão enviar cópias exatas dos seus
relatórios para as Conferências Anual e Distrital dentro dos limites que se encontram situadas.
Relatórios das Secretarias de Conferência deverão ser enviados para as Conferências Anuais,
relatórios das Secretarias Distritais enviados para as Conferências Distritais, e os relatórios
das Auxiliares para as Conferências Trimestrais.
tesouro. Na sua ausência, uma das Vice-Presidentes deverá presidir. E se nenhuma delas
estiver presente, uma presidente será eleita.
Artigo XIX. As Secretarias de Correspondência deverão gerir as correspondências e cuidar
dos negócios legais do Conselho, preparar relatórios anuais, publicar declarações trimestrais
sobre a condição do trabalho, tanto do campo estrangeiro como nos EUA, e promover os
interesses do trabalho nos EUA nas viagens para as Conferências. Quando julgado necessário
pelo Conselho, uma das Secretárias deverá visitar as estações de missão no campo estrangeiro
sob o controle do Conselho. Elas deverão residir onde o Conselho das Missões está
localizado. A Secretaria Sênior deverá comandar o Tesouro. Na sua ausência, esse trabalho
deve ser realizado por outra Secretária. Quando for preciso, a Secretária Sênior terá o poder
de convocar uma reunião do Comitê Executivo para tratar de negócios. Dentro de trinta dias
após cada sessão anual a Secretária de Correspondência Sênior deverá enviar para a Secretaria
do Conselho Geral todos os planos do Conselho e as providências conforme o Artigo 10 da
Constituição.
Artigo XV. A tesoureira deverá guardar os fundos do Conselho em local seguro, cujo
depósito deverá ser feito por ela como Tesoureira, sujeito a rascunhos autenticados. Ela
deverá fornecer relatórios anuais e trimestrais para serem publicados junto com os da
Secretária Sênior, e suas contas serão auditadas pelo Conselho de Missões por um auditor
eleito trimestralmente pelo Conselho da Mulher em sessão anual.
Artigo XVI. A Secretaria de Registro deve manter as atas de todas as sessões num arquivo
permanente e obter as assinaturas de aprovação da Presidente. E também deverá publicar as
notícias da Sessão Anual do Conselho de Missões Estrangeiras da Mulher em todos os jornais
da Igreja.
141
ANEXO III
Lista com as edições e nomes das missionárias
Edição Missionária
1902
Maio Miss Lochie Rankin, China
Junho Miss Dora Rankin
Julho Miss Martha H. Watts
Agosto Miss Rebeca Toland
Setembro Miss Anna J. Muse Brown
Outubro Miss Nammie E. Holding
Novembro Miss Laura A. Haygood
Dezemrbo Miss Jennie M. Atkinson
Edição Missionária
1903
Janeiro Miss Josephine P Campbell
Fevereiro Miss Josephine Hounshele
Março Miss L. Elizabeth Hugues
Maio Miss Layonna Glenn
Junho Miss Lizzie Wilson
Principal of Collegio Palmore Chihuahua, México
Julho Miss Alice Waters
Sungkiang, China
Agosto Miss Martha Pyle
Setembro Miss Julia A. Gaither
Outubro Miss Emma Gary
Novembro Miss Amelia Elerding
Dezembro Miss Delia Holding
Edição Missionária
1904
Janeiro Miss Layona Glenn
Rio de Janeiro, Brazil
Fevereiro Miss Esther Case
San Luís Potosí, México
Março Miss Viola Blackburns
Maio Miss Mary Tarrant
Junho Miss Clara B. Fullerton
Porto Alegre, Brazil
Agosto Miss Fannie B. Moling
Setembro Miss Elizabeth Davis
Rio – Brazil
Outubro Miss Laura V. Wright
São Luís Posotí, México
Novembro Miss Lena Newman
Saltillo, México
Dezembro Miss Margareth Polk M.D.
Edição Missionária
1905
Fevereiro Miss Elen B. Tydings
Maio Miss Eliza Perkinson
142
ANEXO IV
Trajetória das missionárias e/ou professoras sustentadas pelo Conselho da Mulher
A. Marchant, Senhorita
A primeira publicação com seu nome é em novembro de 1896 como assistente da Senhorita
Glenn em Juiz de Fora, e em setembro no mesmo ano já estão juntas na Escola do Rio.
Segundo palavras da própria senhorita Glenn, ―Marchant é uma doce garota cristã e uma
boa professora, parece muito interessada na escola como se fosse dela‖. Em maio de 1899
adoece com febre amarela, mas consegue se recuperar. É indicada, na 30ª reunião do
Conselho em 1908, para ser responsável pela Missão Central na cidade do Rio de Janeiro
com salário de 600 dólares. No ano seguinte, na 31ª reunião do CMEM, é instruída a fazer
um relatório trimestral para a Secretaria e cumprir os termos em que seu salário foi firmado
pelo Conselho da Mulher. No cumprimento das condições, recomendam um aumento no
salário de $740 para dedicar todo o tempo para a missão e enviar dos relatórios trimestrais.
Em maio de 1909 participa da Primeira Convenção Regional das Escolas Dominicais do Rio
de Janeiro ocorrida entre 21 a 24 de maio nas dependências da Associação Cristã de Moços.
Em relatório apresentado em setembro de 1909, Gabriella Salles diz ter assumido o cargo na
Escola Diária da Missão Central no Rio de Janeiro das mãos da Senhorita Marchant. Seu
último relatório do Rio de Janeiro data de 30 de junho de 1909.
Ada May Stewart, Senhorita
Da Sociedade de Conferência da Flórida. Se graduou em 1901 na Scarrit Bible and
Trainning School de Kansas City (Missouri), no mesmo ano que foi indicada para o Brasil na
23ª Reunião do Conselho de Missões Estrangeiras da Mulher (CMEM). Chega ao Rio de
Janeiro em 09 de agosto. Em relatório de dezembro de 1901 está em Ribeirão Preto. Teve
problemas de saúde em Ribeirão. Na edição de Junho de 1903 ajudava a senhorita Bowman
no hospital da cidade. Volta para os Estados Unidos em abril de 1903, retornando ao Brasil
em setembro do mesmo ano. Na edição de outubro de 1905 se diz triste por sair de Ribeirão e
se mudar para o Rio de Janeiro. ―É meu dever e estou pronta para ir‖. Na 29ª reunião do
Conselho em 1907 é autorizada a voltar para os EUA.
Ada Parker, Senhorita
Da Sociedade de Louisiana. É indicada para o Brasil na 26ª Reunião do CMEM. Em 1905
estava no Rio de Janeiro, em 1908 assina um relatório do Colégio Americano de Petrópolis e
em maio de 1908 está em Ribeirão Preto. Em setembro de 1909 vai para os EUA descansar.
Um ano depois, volta para o Brasil.
145
mesma reunião que tenha uma verba de cerca de $300 para poder ter um quarto suprir outras
despesas necessárias, especialmente por conta de seu trabalho ser longe do prédio escolar. Na
edição de dezembro do mesmo ano apresenta relatório de visitações no Rio de Janeiro,
cidade onde se casa em 1911 com Claude Livington Smith.
Bessie Moore, Senhorita
Sai de Nova Iorque em 01 de Agosto de 1893 e chega ao Rio de Janeiro em agosto. Ficou
uma semana no Rio e depois vai para São Paulo. Em 3 de setembro chega a Piracicaba e
assume duas classes. Dá aulas de Inglês (gramática) e também assume uma aula de costura
para as meninas (uma hora nas terças à tarde). Na edição de maio de 1894 diz ter recebido
uma notícia do Conselho de que deveria ir para o Colégio Mineiro de Juiz de Fora para
ajudar as senhoritas Ross e Littlejohn por conta da partida da Senhorita Bruce. Em 1895 se
casa passando-se a se chamar Bessie Moore Watson.
Blanche E. Howell, Senhorita
Originária da Conferência de Sociedade da região Oeste da Carolina do Norte, é indica para
o Brasil na 24ª reunião do CMEM de 1902. Vem de Nova Iorque na companhia da Senhorita
Watts em agosto do mesmo ano. Já assina relatório do Colégio Americano de Petrópolis em
novembro de 1902. Fica na cidade até 1904 quando então é transferida para Belo Horizonte,
para trabalhar na instalação da nova escola para o Conselho da Mulher, o Isabella Hendrix,
juntamente com James Lillbourne Kennedy e a senhorita Watts. Segundo Howell, ―fomos os
primeiros missionários a fixar residência aqui‖. Fica em Belo Horizonte até o dia 01 de julho
de 1908 quando retorna aos EUA para descansar. Em relatório do Colégio Isabella Hendrix
assinado em março de 1909 já está de volta a Belo Horizonte. O último relatório publicado
no Advocate assinado por Howell data de 30 de junho de 1910.
Clara Fullerton, Senhorita
Indicada pela 21ª Reunião do Conselho em 1899. Em outubro vai para o Colégio Mineiro de
Juiz de Fora, assumindo a vaga deixada pela senhorita Pescud. Assina o relatório do dia 30
de julho de 1901 do colégio Isabella Hendrix, em Juiz de Fora. Em 1903 além do trabalho na
escola, relata trabalhos de visitação. Na conferência realizada pelo Conselho da Mulher do
Brasil em 1903, é indicada para trabalhar no Rio Grande do Sul. Em 29 de agosto chega a
Porto Alegre e imediatamente assume o cargo de Diretora do Colégio Americano. Em 1905
também assume os trabalhos de visitação. Na 30ª Reunião do CMEM de 1908, é autorizada a
voltar para os Estados Unidos para uma temporada de descanso.
Daisy E. Pyles, Senhorita
É indicada na 30ª Reunião do Conselho em 1908, chegando ao Brasil no mesmo ano. Em
147
outubro de 1909 vai para Juiz de Fora substituir a senhoria Christine (de licença). A última
publicação no Advocate com referência ao seu nome é um relatório de Juiz de Fora datado de
31 de março de 1910.
Della V. Wright, Senhorita
Originária da Carolina do Sul é indicada para a missão no Brasil na 23ª Reunião do CMEM,
em 06 de junho de 1901. Em dezembro do mesmo ano é enviada para trabalhar em Porto
Alegre, onde em 30 de setembro de 1902 assina o relatório do Colégio Americano. Em 31 de
março do mesmo ano, também assina relatório de visitações. No primeiro trimestre de 1903,
Senhorita Fullerton é enviada para Porto Alegre para ajudar a senhorita Wright que ―estava
sentindo que não podia trabalhar sozinha‖. Em relatório do dia 30 de setembro de 1903
afirma: ―Nunca fujo de responsabilidades e com prazer carrego qualquer fardo que me é
dado, mas desde quando estive responsável pela escola, sinto que outra pessoa poderia fazer
muito mais por ela que eu porque eu não tenho o que os brasileiros chamam de geito. A
palavra mais próxima que temos para isso, suponho, seja "competência" e ainda não
expressa o significado de geito em sua íntegra‖. Na 26ª reunião do Conselho, recebe uma
licença para fazer visitações em Porto Alegre, desde que dedique duas horas do dia para a
escola, ―se a saúde estiver boa‖. Na edição de agosto de 1905 assina o relatório de visitações.
Na 29ª Reunião do CMEM, recebe autorização para voltar para os Estados Unidos. Em
relatório publicado na edição de outubro de 1909 assina como diretora do Colégio
Americano de Porto Alegre. Seu último relatório publicado no Advocate data de outubro de
1910.
Emma E. Brelsford, Senhora
Originária de Princeton, Kentucky, é aceita com missionária pelo Conselho da Mulher e
indicada pelo Bispo John Cowper Grambery (encarregado da missão no Brasil), para o
trabalho em Piracicaba, em 7 de março de 1890. Chega em maio do mesmo ano e assume o
Departamento Primário e Jardim da Infância no Colégio Piracicabano. Na bagagem, traz
além da experiência de ensino em Louisville (Kentucky), a participação efetiva na Woman‟s
Christian Temperance Union (União da Temperança Cristã da Mulher) – participação que
lhe valeu a indicação para o trabalho missionário. Fica em Piracicaba até o final de 1892
quando volta para os Estados Unidos para descansar. Em 1893 continua nos Estados Unidos
e na 15ª reunião do CMEM traz saudações da União de Temperança Cristã da Mulher no
Brasil. No mesmo encontro, pede demissão das atividades missionárias
Eliza B. Perkinson, Senhorita
Originária do Missouri, sua solicitação para o Conselho da Mulher foi aceita em maio de
148
1895. Embarca em Nova York no dia 22 de junho do mesmo ano e chega ao Rio de Janeiro
em 12 de julho. Vai para Juiz de Fora, depois de passar alguns meses em Petrópolis com a
senhorita Watts. Em 31 de dezembro do mesmo ano, já assina um relatório do Colégio
Americano de Juiz de Fora. No final de maio de 1900, aceita o convite da senhorita Watts
para uma viagem para Edimburgo (Escócia) antes do retorno para os Estados Unidos.
Presente na 23ª Reunião do CMEM nos Estados Unidos, participa ativamente. Assina uma
carta de pedidos para a missão no Brasil e reitera a necessidade da compra de uma casa para
a escola de Juiz de Fora. Em setembro de 1901 já está em Petrópolis assumindo o Colégio
Americano. É autorizada a voltar para os Estados Unidos em 1907 na 29ª Reunião do
Conselho. Em 08 de outubro de 1907 escreve uma carta para o Advocate afirmando que está
se preparando para voltar ao campo de trabalho, o que acontece no mês de setembro.
Reassume o Colégio Americano de Petrópolis. Volta para os Estados Unidos em 01 de abril
de 1910.
Elizabeth Lamb. Senhorita
Originária da Carolina do Norte, é indicada para o Brasil na 28ª Reunião do CMEM em
1906. Chega em Belo Horizonte em 03 de agosto. Em 30 de junho de 1909 assina como
diretora do Colégio Americano de Porto Alegre. Na edição de outubro de 1910, Senhorita
Wright afirma que a Senhorita Lamb é a diretora do Pensionato em Porto Alegre. Por conta
da saúde, renuncia ao cargo de missionária em 1915.
Elizabeth Speed Davis, Senhorita
Originária da Sociedade da Conferência da Carolina do Norte, é indicada como missionária
para trabalhar no Brasil na 22ª Reunião do CMEM em 1900, com a orientação de que fosse
nomeada para o Rio de Janeiro. Entretanto, no ano seguinte, em relatório do dia 30 de junho
já está em Piracicaba responsável pelas aulas de inglês. Em relatório de 30 de setembro de
1902 está a cargo do Piracicabano com a saída da Senhorita Stradley. No final de 1903 é
enviada, por ordens do Bispo Wilson, para o Rio de Janeiro. Na edição de julho de 1904
assina o relatório do Colégio Americano Fluminense e da Escola Diária do Rio. No final do
mesmo ano casa-se e passa a se chamar Senhora Elizabeth Davis Borchers. Em maio de 1910
ainda permanece no Rio de Janeiro. Falece em 07 de janeiro de 1964 em São Paulo.
Ella Granbery, Senhorita
Veio com o pai, o Bispo John Cowper Granbery em 1886 e permaneceu por um ano
lecionando no Colégio Piracicabano. Retorna aos Estados Unidos e se candidata como
missionária ao CMEM. Depois de aceita, retorna como representante da Sociedade da
Conferência de St. Louis em 23 de junho de 1888. Chega ao Rio de Janeiro, trabalha em
149
Piracicaba por alguns meses retornando ao Rio no mesmo ano. Em 1890 leciona na Escola
do Alto (RJ) e se casa em 16 de julho de 1891 como Reverendo Hugh Clarence Tucker
passando a se chamar, Ella Ganbery Tucker. Em outubro do mesmo ano teve que voltar para
os Estados Unidos por conta de problemas com a família. Em maio de 1893 já esta
responsável pela Escola Diária do Rio. Na edição de dezembro de 1895 ainda permanece no
Rio de Janeiro. Em sua lápide na cidade de Delaware County, Pensilvânia, há uma descrição
de que foi missionária no Brasil por 60 anos. Falece em 11 de janeiro de 1953.
Emma May Christine, Senhorita
Da Sociedade de Conferência de St. Louis (Missouri), é indicada para ser missionária no
Brasil na 25ª Reunião do CMEM em 1903. Começa a trabalhar em Piracicaba, mas na
reunião da Conferência da Mulher no Brasil é indica para trabalhar como assistente da
Senhorita Watts em Juiz de Fora. Em 31 de março de 1904 assina um dos relatórios do
Colégio Isabella Hendrix de Juiz de Fora. Na edição de janeiro de 1910 aparece como
responsável pelas Mulheres da Bíblia. Em outubro de 1908 volta para os Estados Unidos. Na
edição de janeiro de 1910 há uma nota de boas vindas pelo seu retorno. Continua em Juiz de
Fora. A última edição que trata do seu trabalho na cidade data de novembro de 1910.
Estelle Hood, Senhorita
Originária da Geórgia do Norte é indicada para o Brasil na 28ª Reunião do CMEM em 1906.
Começa o trabalho em Porto Alegre e no final de 1909 é indicada para o Rio de Janeiro, onde
―deveria receber um trabalho leve para ter oportunidade de estudar a língua‖. Fica na
cidade até sua transferência em 1910 para Piracicaba.
Eunice Fletcher Andrew, Senhorita
Em publicação de julho de 1907, na seção Missionary Drill há a primeira indicação de que
foi enviada para Ribeirão Preto. Em 05 de outubro de 1907 vai para Belo Horizonte. Em
relatório do dia 31 de março de 1910 está em Ribeirão Preto. Em julho de 1910 torna-se
diretora do Colégio Metodista de Ribeirão Preto. Em agosto do mesmo ano também fica
responsável pelo trabalho evangélico em conexão com a Igreja Portuguesa Metodista de São
Paulo. No último número do Advocate em dezembro de 1910 ainda há referência ao seu
trabalho em Ribeirão Preto.
Fannie Kennedy Brown, Senhora
Viúva e irmã do pioneiro missionário James Lillbourne Kennedy, aceita o convite do irmão
para ensinar música no Colégio Americano de Taubaté em 1893. Quando a escola foi
fechada serviu como professora missionária na nova escola de Petrópolis. Na edição de
agosto de 1898 há a notícia que estava nos Estados Unidos e saiu de Nova Iorque junto com
150
o irmão e sua família em 05 de julho para assumir as aulas de música ―em uma das escolas
do Conselho da Mulher‖. Chegam em 27 de agosto e Fannie segue para o Colégio
Piracicabano. Em 1903 volta para os Estados Unidos para descansar. A edição de 1904
publica a notícia de que ―a Senhora Fannie Brown não poderá voltar para casa por conta da
doença de sua mãe‖. Participa da 27ª Reunião do CMEM em 1905 e é aceita como
missionária para voltar ao Brasil. Retorna a Piracicaba. Em carta datada de 14 de Julho de
1909 diz estar a cargo da Sociedade de Auxílio às Senhoras de Piracicaba. A edição de
novembro de 1910 publica a notícia de que ela voltará para os Estados Unidos. Atua como
missionária até o ano de 1917 quando, por questões de saúde, se aposenta dessa atividade.
Hellen Hickman, Senhorita
É indicada na 31ª Reunião do CMEM em 1909. Vai para o Rio de Janeiro trabalhar com
Layona Glenn no Colégio Americano Fluminense. A última edição com a indicação do seu
trabalho, ainda no Rio, data de novembro de 1910.
Helen Johnston, Senhorita
Originária de Opelousas (Louisiana) é indicada para o Brasil na 23ª Reunião do CMEM em
1901. Na edição de janeiro de 1902 já apresenta o relatório do Colégio Americano
Fluminense. Afirma que organizou, juntamente com a Senhora Kennedy, um Lar de
Crianças da Sociedade Missionária (Children's home Mission Society) passando a ser sua
assistente. Em setembro de 1903 está em Piracicaba, auxiliando a senhorita Elizabeth Davis.
Em 01 de agosto de 1908 volta para os Estados Unidos para descansar. Na 31ª Reunião do
CMEM em 1909, é recomendado que volte ao Brasil, desde que sua saúde tenha sido
restabelecida. Na edição de janeiro de 1910 já está trabalhando em Ribeirão Preto, depois de
uma pequena temporada em Piracicaba. Na última edição do Advocate, há uma publicação
em que clama ao CMEM por um novo prédio para o Colégio em Ribeirão Preto.
Jennie Wallace Kennedy, Senhora
Esposa do Reverendo James Lillbourne Kennedy. Fazia parte do Conselho da Mulher, mas
não era missionária indicada pela Conferência. A primeira indicação de sua presença no
Brasil no Advocate data de abril de 1884 quando fala das dificuldades em aprender o
Português. Relata as maravilhas do Jardim Botânico e a notícia de que estão de partida para
Piracicaba. Organiza em 05 de julho de 1884 a primeira Sociedade Missionária de Mulheres
da Igreja Metodista Episcopal do Sul no Brasil. Em julho de 1885 estava em Juiz de Fora e
no final do mesmo ano no Rio de Janeiro. Em relatório publicado em março de 1886 relata o
trabalho da Sociedade da Mulher no Brasil. No mesmo ano segue para os Estados Unidos por
problemas de saúde. Volta em 27 de julho de 1887 para Piracicaba. Em setembro segue com
151
o marido para São Paulo. Em 1890 vai para Taubaté auxiliar o marido na instalação do
Colégio Americano. Com o fechamento do Colégio em 1894 segue para Petrópolis. Na
edição de agosto de 1898 há a notícia que estava nos Estados Unidos e saiu de Nova Iorque
junto com o marido em 05 de julho, chegando ao Rio de Janeiro em 27 de agosto. Organiza o
Lar de crianças da Sociedade Missionária (Children's home mission Society) tendo como
assistente a senhorita Johnston. Em 30 de novembro refere-se à Senhora Butler (editora do
Advocate) como tia e descreve as conquistas da Sociedade Joias de Cristo (Christ‘s Jewels)
que criou no Rio de Janeiro. Em setembro de 1904 seu marido é nomeado para Belo
Horizonte. Mudam-se para lá e, segundo a senhorita Howell, foram os primeiros missionários
a fixar residência na cidade. Em 1905 Fannie está nos Estados Unidos e participa da 27ª
Reunião do CMEM quando é aceita como missionária para voltar para o Brasil. A edição de
agosto de 1905 indica que ela organizou uma Liga Epworth em Belo Horizonte. Há uma
indicação que voltou dos Estados Unidos em 1908, indo para São Paulo. Em 1911 é
diagnosticada com diabetes e volta para os Estados Unidos, falecendo em 31 de janeiro do
mesmo ano.
Layona Glenn
Nascida no Estado da Geórgia, em 1893 entrou na Scarritt Bible and Training School e foi a
primeira a receber um diploma dessa instituição. Chega em Piracicaba em agosto de 1894
juntamente com a senhorita Watts que realizava uma de suas viagens de retorno ao país. Em
05 de abril de 1895, depois de uma pequena temporada em uma escola presbiteriana em São
Paulo, aprendendo os métodos de ensino, segue para Petrópolis. Em junho de 1896 é
transferida para o Rio de Janeiro para ficar a cargo da escola. Fica no Rio de Janeiro até o
final do ano de 1899 quando volta para os Estados Unidos para descansar. Estava presente na
22ª reunião do CMEM em 1900. Em relatório do dia 30 de setembro de 1900, a senhorita
Pescud demonstra estar feliz pelo retorno da senhorita Glenn ao Rio de Janeiro. Na edição de
janeiro de 1902 assina o relatório do Colégio Americano Fluminense e fala como Agente da
Missão Brasileira. Em fevereiro de 1902 é publicado seu primeiro relatório de visitação no
Rio de Janeiro. Na 26ª reunião do CMEM há uma orientação para que, sendo Secretária da
Missão no Brasil, dedique mais tempo para suas tarefas como Secretária e Tesoureira como o
trabalho exige e dedique um tempo para ensinar posteriormente. Na mesma edição apresenta
os Relatórios Escolares do Brasil como Secretária da Missão. Estava presente na 28ª reunião
do CMEM em 1906. Participa relatando o trabalho no Brasil e a necessidade de mais
missionárias. Na edição de setembro de 1907 já está a cargo das escolas do Rio de Janeiro.
Em novembro de 1910 há uma nota sobre seu trabalho: ―Senhorita Glenn, que provou sua
152
eficiência em todas as emergências, dividiu seu tempo entre Rio e Petrópolis. Mesmo com
todas essas dificuldades, a escola caminha por si mesma, professoras e alunas igualmente
permanecem leais a esses interesses‖.
Leonora D. Smith, Senhorita
Em 1868 seus pais foram para o Brasil e se estabeleceram entre os americanos de Santa
Bárbara. Para a família era quase impossível garantir uma educação de qualidade no Brasil, e
em 1884 ela retornou aos Estados Unidos e entrou no Nashville College for Young Ladies.
Depois frequentou o Alabama Female College, se formando em 1887. Ficou decepcionada
em não poder voltar imediatamente para o Brasil, o que só aconteceria nove anos depois. Em
1896 foi aceita e enviada para o Brasil pelo Conselho da Mulher em 5 de agosto, chegando
no Rio de Janeiro no dia 25. Em 3 de setembro segue para Piracicaba se hospedando na Casa
das Senhoras Missionárias. Em 15 de agosto de 1899 é transferida por ordens do Bispo
Hendrix para a Escola Metodista de Ribeirão Preto. Na edição de fevereiro de 1900 já
publica seu primeiro relatório. Envia um pedido para ser analisado na 23ª Reunião do CMEM
solicitando a compra de uma propriedade para a escola, o que não é concedido. Não é
possível averiguar a data em que volta para os Estados Unidos para descansar, mas na 26ª
reunião do Conselho, em 1904, recebe autorização para voltar ao Brasil (Ribeirão Preto). Em
relatório assinado em 18 de março de 1905 já está no país. Em 1907, como diretora da Escola
Metodista de Ribeirão Preto, torna-se oficialmente missionária do CMEM. Em março de
1908 pede demissão do cargo de missionária.
Lily A. Stradley, Senhorita
É aceita como missionária do CMEM e segue para o Brasil em 05 de agosto de 1896,
chegando ao Rio de Janeiro no dia 25 (junto com a Senhorita Smith). Em seguida vai para o
Colégio Americano de Petrópolis com a Senhorita Watts. Na edição de julho de 1898 é
publicada uma resolução transferindo-a para Piracicaba para suprir a ausência da Senhorita
Moore. Em julho de 1901 assina relatório como diretora do Piracicabano. Em 1902 segue
para os Estados Unidos para descansar. Participa da 25ª Reunião do Conselho em 1903.
Volta para Piracicaba no final de 1903. Em 1905 sua irmã, Jennie Stradley, vem para o Brasil
trabalhar como professora. Em maio de 1907 recebe autorização para iniciar a fundação de
um anexo no Piracicabano batizado de Anexo Marttie Watts, ―em homenagem a fundadora
da nossa missão no Brasil‖. Em novembro de 1910, última edição com notícias da
missionária, há a menção de que voltará para os Estados Unidos: ―A licença da Senhorita
Lilly Stradley estava prevista para dois anos, mas ela ficou heroicamente no seu trabalho por
não ter ninguém para assumir‖.
153
Porto Alegre não mais como Agente. Em 1902 volta para os Estados Unidos para descansar.
Participa da 25ª Reunião do CMEM de 1903 onde é autorizado seu retorno ao Brasil, o que
só acontece em 1905. Segundo publicação de setembro de 1904, o atraso do seu retorno foi
devido a problemas de saúde. Em fevereiro de 1906 está no Colégio Americano de
Petrópolis. Não há registros da data de sua viagem para os Estados Unidos, mas na edição de
outubro de 1910 há uma notícia de sua volta para o Brasil no dia 03 setembro de 1910.
Mary W. Bruce, Senhorita
Quando o Conselho da Mulher divulga uma vaga para uma professora de música no Brasil,
Senhorita Bruce envia sua solicitação e é aceita em fevereiro de 1884. Navega para o Brasil
em 20 e agosto do mesmo ano, chegando ao Rio de Janeiro em 17 de setembro. Originária de
Pittsburg (Missouri), chega em Piracicaba para trabalhar em 03 de outubro do mesmo ano.
Em relatório datado de 10 de agosto de 1886 assina como diretora do Colégio Piracicabano
(substituindo Senhorita Watts que retorna aos Estados Unidos). Segundo Mattie Jones, em
1887, falando de Piracicaba, ―Senhorita Bruce estava executando as tarefas de diretora,
professora de música, governanta, e chefe de família, assim como uma gerente de negócios.
Além disso, está sujeita a constantes exigências urgentes como missionária num pastorado
repentinamente privado de pastor com a morte do Reverendo Mr. Koger‖. Em novembro de
1886, o Conselho decide que ―não havendo nenhuma missionária para esse trabalho no Rio,
foi decidido que a Senhorita Bruce e Senhorita Jones irão fazer esse trabalho tão logo a
senhorita Watts esteja bem de saúde para voltar para Piracicaba‖. No Rio de Janeiro, em
agosto de 1887, tem dificuldades em receber a licença para abrir a escola, o que acontece em
setembro do mesmo ano. Em 1891 é enviada para Juiz de Fora e abre uma escola em
setembro do mesmo ano. Em 1894 volta aos Estados Unidos para cuidar do pai e participa da
16ª Reunião do CMEM. Não há registros no Advocate de seu retorno ao Brasil. Segundo
suas próprias palavras, ―minha vida no Brasil teve muitas dificuldades, provações e muita
saúde, mas eu olho para trás como os melhores e mais felizes dez anos de toda a minha vida,
e quando os outros falam de sacrifício eu gosto de pensar em meu privilégio de ter tido a
oportunidade de fazer algo pelo meu Mestre‖.
Mattie Bethune Jones, Senhorita
Originária de Noscross (Geórgia), inicialmente é nomeada para a Missão do México Central
em janeiro de 1884. Posteriormente é transferida para a Missão no Brasil e desembarca no
Rio de Janeiro em 23 de abril de 1886. No dia seguinte segue para Piracicaba. Em 1887 é
transferida para o Rio de Janeiro. ―"Depois de um ano em Piracicaba, onde o jardim de
infância foi o meu especial cargo, fui nomeada com Miss Bruce para abrir o trabalho no Rio
156
de Janeiro". Junto com a senhoria Bruce se empenha para conseguir a licença para abrir a
escola. Em março de 1891 navega para os Estados Unidos, com a expectativa de retornar,
esperando ser acompanhada por sua mãe. Como não foi possível, ela permanece nos Estados
Unidos. Presente na 13ª Reunião doCMEM, fala sobre o trabalho da missão no Rio de
Janeiro. Não há no Advocate qualquer registro sobre seu retorno ao Brasil.
May M. Umberger, Senhorita
Em maio de 1892 se oferece como candidata missionária e para isso, passa mais de um ano
no Centenary College para sua formação. No outono de 1893, entra na Scarritt Bible and
Training School e em maio de 1895 é aceita pelo Conselho da Mulher e indicada para
trabalhar no Brasil. Em 22 de junho do mesmo ano embarca para o país chegando ao Rio de
Janeiro em 12 de julho. Depois de três dias na cidade, é enviada para Petrópolis, onde
começa a ensinar inglês. Retorna para os Estados Unidos em 1899 e volta para o Brasil três
meses depois. Em outubro de 1901 casa-se com o Senhor Terrel em Petrópolis (RJ). O último
registro de sua atuação no Advocate data de agosto de 1907, quando há a notícia de que ela e
a senhoria Maidee Smith fizeram visitas a hospitais no Rio de Janeiro.
Mattie Hite Watts, Senhorita
Possivelmente a biografia de Mattie H. Watts seja a mais abundante entre as pesquisas envolvendo a educação
metodista e protestante no Brasil. Sendo o Piracicabano considerado o “Colégio-Mae” da missão metodista
realizada no país, o destaque se justifica. Não pretendo reescrever aqui dados biográficos e trajetórias que já
foram feitas, mas sim transcrever a trajetória de Watts a partir dos registros feitos no Advocate como forma de
contribuição a todos os pesquisadores da missionária educadora.
A edição de julho de 1902 do Advocate traz uma pequena biografia de Martha Watts: ―Seu
pai foi Elijah Seracy Watts que nasceu em Versailles, Kentucky, e sua mãe, Elizabeth
Paxley, de Newcastle, Kentucky (Watts faz a correção do local de nascimento dos pais na
edição de novembro de 1902). Bispo Kavanaugh foi seu amigo e pastor e fez o sermão no
funeral de seus pais. Senhorita Watts diz que ‗foi a nona de doze irmãos nascidos de pobres
pais`. Ela iniciou seus estudos no Bardstown Female Institute, e com nove ou dez anos de
idade já podia ler, escrever, contar e escrever números.(...) Quando tinha dezesseis anos ela
se uniu à Igreja mas não se converteu. Sua família logo de mudou para Louisville e ficava
longe da igreja (...).No verão de 1874 eu decidi fazer melhor e buscar o Salvador.(...) A
senhorita Maria Gibson a tirou do ‗fosso lamacento` e a senhorita Mary Helm lhe chamou
para vir para o Brasil. Foi aceita CMEM em 1881 e enviada para o Brasil em 26 de março do
mesmo ano na companhia de Ransom, Kennedy e Koger (e esposa). Chegaram no Brasil em
17 de maio e em 23 de setembro abriram as portas do Piracicabano‖
A edição de março de 1881 apresenta sua indicação para o Brasil. Originária de Louisville
157
(Kentucky), se oferece como candidata missionária desejando ir para o Brasil. Nas edições de
agosto e dezembro do mesmo ano já publica cartas relatando as características e costumes do
Brasil e de Piracicaba. Em 23 de novembro o Colégio é transferido para uma casa maior. Em
1883, ―depois de quase dois anos de uma vida sedentária em Piracicaba‖, resolve fazer sua
primeira viagem no país e segue para Santos. Em 1886 retorna aos Estados Unidos para uma
temporada de descanso em companhia da Mlle Rennotte. Embarca de volta para o Brasil em
23 de abril de 1887 e reinicia seu trabalho no Piracicabano. Na 1ª reunião do Conselho da
Mulher no Brasil, ocorrida em 26 de dezembro de 1888, é uma das quatro representantes do
Conselho, juntamente com as senhoritas Mary w. Bruce, Mattie B. Jones e Ella W. Granbery.
O primeiro registro de Watts como Agente da Missão data de janeiro de 1892. A edição de
abril de 1892 há uma descrição da festa de aniversário feita pela escola para Watts (13/02).
Na 14ª Reunião anual do CMEM em 1892, é autorizada a voltar para os Estados Unidos,
viagem que acontece entre março e abril de 1893. Em 02 de junho de 1893 já está nos
Estados Unidos participando da 15ª Reunião Anual do CMEM. Com uma experiência de 12
anos de trabalho missionário no Brasil, relata com detalhes todo o trabalho desenvolvido nas
diversas escolas financiadas pelo Conselho. Em 19 de março de 1894 está em Greencastle
(Indiana) onde escreve uma carta publicada no Advocate fazendo uma descrição de sua
viagem nos Estados Unidos. Em determinado momento afirma, ―durante o mês de janeiro
frequentei a escola normal de Louisville e lá aprendi sobre a „nova educação‟ e como as
ciências são usadas para desenvolver conceitos dos estudos menores‖. A edição de agosto
do mesmo ano explica o atraso do seu retorno ao Brasil por conta da morte da irmã, Senhora
Greer, de Bloomfield, Ky, que morre algumas horas antes da sua partida. Retorna em agosto
de 1894 e segue para Petrópolis para a (re)abertura do Colégio que originariamente foi
inaugurado no Rio de Janeiro mas que é transferido por conta da epidemia de febre amarela.
Na edição de julho de 1895, segundo palavras da senhorita Littlejohn, ―depois da compra da
propriedade em Petrópolis, senhorita Watts achou necessário fazer algumas mudanças com
os trabalhadores. Então eu fui enviada para Piracicaba para ajudar a senhorita A. Moore
no Colégio Piracicabano‖. Watts abre o Colégio Americano de Petrópolis no dia 07 de maio
de 1895. Em 1896 reclama que as ocupações do Colégio não a estão deixando viajar como
queria, considerando seu posto de Agente da Missão. Justifica que, por conta disso, seus
relatórios são resultados de cartas enviadas pelas missionárias. Em fevereiro de 1900 reclama
da saúde, diz sofrer de reumatismo e completa, ―três dias atrás completei 52 anos, 19 desses
anos dados à missão no Brasil‖. Uma resolução da 22ª Reunião anual do CMEM decide que,
―a Senhorita Davis seja nomeada para o Rio e senhorita Pescud fique no lugar da senhorita
158
Watts como diretora da escola de Petrópolis e Agente da Missão, enquanto senhorita Watts
vai para casa‖. Em 03 de agosto de 1900 escreve de Liverpool (Inglaterra) e descreve sua
viagem pela Europa. Em 05 de março de 1901 se encontra em Oak Park (uma aldeia
localizada no estado americano de Illinois, no Condado de Cook) e em maio de 1901 vai para
Asheville, na Carolina do Norte. Participa da 23ª Reunião Anual do CMEM em junho de
1901 e em setembro escreve uma carta para o Advocate datada de 5 de setembro de 1901 em
sua terra natal, Louisville (Kentucky). Em setembro de 1902 já está em Juiz de Fora para
participar da Conferência Anual no Brasil e assina o relatório do Colégio Isabella Hendrix
em Juiz de Fora. Na edição de novembro de 1904, Layona Glenn afirma que deve viajar para
Belo Horizonte logo após a Conferência para, ―ajudar senhorita Watts „espiar a terra´ e
planejar nosso trabalho lá‖. Em julho de 1904 Watts segue para fixar residência em Belo
Horizonte e em outubro abre a escola que se tornaria o Colégio Isabella Hendrix agora em
Belo Horizonte (nome que aparece a primeira vez em relatório do dia 31 de março de 1905).
Na 30ª Reunião anual do CMEM de 1908 fica decidido:
1. Que o pedido da senhorita Watts foi atendido. Que ela fará trabalho de visitação, passando
algum tempo em cada estação e escola. Também que faça visita a cada casa de famílias
brasileiras quando possível, desse modo fazendo um trabalho de evangelização. Algumas de
nossas missionárias ficarão responsáveis pelo Instituto Isabella Hendrix para que o trabalho
da senhorita Watts seja possível
2. Que ela continuará recebendo salário, com duzentos dólares adicionais para as despesas
com as viagens, que o relatório do seu trabalho seja enviado para o Conselho.
Em maio de 1909 já está nos Estados Unidos. Morre em 10 de janeiro de 1910 em sua terra
natal, Louisville (Kentucky).
Mollie Florence Brown, Senhorita
Aceita como missionária na 13ª Reunião do CMEM em 1891. Embarca para o Brasil em 09
de julho chegando em 14 de agosto no Rio de Janeiro. Por conta da febre amarela segue
imediatamente para Juiz de Fora. Na edição de fevereiro de 1892 apresenta relatório como
professora no Colégio Mineiro de Juiz de Fora. Antes mesmo de terminar o ano, retorna aos
Estados Unidos por motivo de saúde. Não pode voltar ao Brasil por ter que cuidar da mãe
inválida.
Sallie M. Phillips, Senhorita
Originária de Louisiana, chega ao Brasil em novembro de 1889. Segue para o trabalho em
Piracicaba. Em maio de 1891 visita o Colégio Americano de Taubaté. Na edição de
dezembro de 1892 está a cargo do Conselho Escolar do Colégio em Piracicaba na ausência
159
da Senhorita Watts. Casa-se em 1893 passando a se chamar Sallie Phillips Hamilton. Deixa o
CMEM para fazer parte do Conselho Principal da Igreja.
Sarah Marne, Senhorita
Indicada na 31ª Reunião do Conselho em 1909. Saiu de Nova Iorque em 20 de agosto do
mesmo ano com destino ao Rio de Janeiro. Segue para Petrópolis. Em agosto de 1910
assume o controle do Colégio Americano de Petrópolis. O último registro de sua atividade no
Advocate data de novembro de 1910 indicando sua manutenção em Petrópolis.
Sloss, Senhorita
Chega ao Brasil em 1899 como professora de música e, segundo Senhorita Watts, para um
período de trabalho de cinco anos. Primeiramente atua em Piracicaba seguindo para
Petrópolis. Embarca de volta para os Estados Unidos em 3 de setembro de 1901. Não há
registros no Advocate sobre o motivo do seu retorno para a terra natal. Segundo Jennie
Kennedy, ―Senhorita Sloss fez um bom trabalho, não só na escola, mas na igreja também,
sentimos muito sua ida. Esperamos que ela ainda possa se sentir chamada a voltar para o
Brasil depois do descanso de um ano‖.
Susan Littlejohn, Senhorita
―Sai de Newport News (Virgínia), em 15 de julho de 1892, chegando ao Rio no dia 9 de
agosto, e em Juiz de Fora no dia 11. Eu estava ansiosa para começar a estudar português,
mas isso eu não poderia fazer até a Conferência, que se reuniu no dia da minha chegada em
meu novo lar‖. Na edição de janeiro de 1893, Senhorita Bruce exalta a chegada de Littlejohn
para trabalhar no Colégio Mineiro de Juiz de Fora, onde fica até 1895 quando segue para
Piracicaba. Também conhecida como Susanna pelos moradores da cidade, Littlejohn fica
responsável, além das aulas, pela organização do Colégio e contratação dos professores. Fica
cinco anos no Brasil retornando para os Estados Unidos em 1897.
Trulie A. Richmond, senhorita
É indicada para o Brasil na 31ª Reunião anual do CMEM em 1909. Chega ao Brasil e
começa a trabalhar em Piracicaba. Segue para o Rio de Janeiro em 1910.
Valéria Vollmer, Senhorita
Indicada para professora missionária no Brasil na 31ª Reunião anual do CMEM de 1909,
chega em 1910 e segue para Porto Alegre. Além das aulas no Colégio, também dá aulas na
Escola Dominical e ficou a cargo do Segundo Departamento da Liga Epworth (responsável
pelas visitas a pobres e doentes). O último registro no Advocate da sua atuação data de
outubro de 1910 ainda em Porto Alegre.
Willie Ann Bowman, senhorita
160
Dois anos depois de entrar na Scarritt Bible and Training School, embarca para o Brasil em
22 de junho de 1895, chegando ao Rio de Janeiro no dia 12 de julho, junto com as senhoritas
Perkinson e Umberger. Uma semana depois é designada para continuar a trabalhar no Rio
para ajudar no trabalho de visitação e estudar a língua. Na edição de julho de 1897 relata que
trabalha com duas sociedades de mulheres no Rio, uma para senhoras que falam inglês e
outra para senhoras que só falam português. Justifica as sociedades dizendo que a dificuldade
da língua, para ambos os grupos, prejudica o trabalho de evangelização. Em 27 de julho de
1898 segue para Piracicaba por um mês. Retorna ao Rio para seu trabalho de visitação. Em
outubro de 1900 se prepara para voltar para casa. Esteve presente na 23ª Reunião anual do
CMEM em junho de 1901 nos Estados Unidos. Volta para o Brasil em setembro de 1901.
Trabalha como braço direito da senhorita Glenn no Rio de Janeiro. Em setembro de 1902
está em Ribeirão Preto e afirma, ―o trabalho maior neste momento é no internato da Escola
Metodista. Faço visitações depois das 16h‖. Uma resolução aprovada na 26ª Reunião do
CMEM em 1904 decide que: ―Se a senhorita Leonora Smith retornar para Ribeirão Preto,
que à senhorita Bowman seja permitido o maior tempo possível para visitações‖. Junto com
a senhorita Stewart, presta ajuda no hospital de Ribeirão Preto por conta da epidemia de
febre amarela. O último registro no Advocate indica sua permanência em Ribeirão e a
continuidade dos trabalhos de visitação em 1907.
* Os dados apresentados neste anexo referem-se àqueles encontrados nas edições do Advocate. Em
alguns casos foram incluídas informações do livro Missionary Cameos, obra indicada nas
Referências.
161
ANEXO V
Gráficos: número de alunas matriculadas nos colégios metodistas entre 1880 e 1910
conforme relatórios publicados no Advocate.
160
140
120
100
80
60
40
20
0
ago/03
dez/08
nov/00
jan/04
jul/05
jan/10
07/1889
11/1882
01/1884
08/1884
12/1884
08/1885
11/1886
07/1887
12/1888
02/1890
05/1890
07/1891
01/1892
12/1892
10/1893
10/1897
Piracicabano
140
120
100
80
60
40
20
0
10/1898 01/1899 fev/00 jun/00
Escola Diária do Rio
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
03/1892
12/1887
07/1888
12/1888
03/1889
06/1890
10/1890
06/1891
09/1891
07/1894
60
0
100
07/1895
11/1895
04/1896
10
30
40
50
60
70
0
20
06/1896
10
20
30
40
50
60
70
80
90
0
08/1896
01/1897
12/1895
05/1890
04/1897
07/1897
04/1896
10/1897
04/1898
06/1890
10/1897
01/1899
04/1899 09/1898
11/1899
01/1891
fev/00 out/01
jun/00
02/1891
Colégio Americano Fluminense
05/1891
nov/04 nov/10
ago/05
nov/06
dez/08
jan/09
162
dez/09
nov/10
163
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
dez/08
ago/10
fev/00
nov/00
nov/10
jan/02
jan/04
jan/09
jul/09
03/1892
06/1892
05/1893
06/1893
09/1893
03/1894
06/1894
05/1895
12/1895
04/1896
01/1897
04/1897
07/1897
10/1897
02/1898
04/1898
10/1898
01/1899
04/1899
08/1899
Colégio Mineiro Juiz de Fora
66
64
62
60
58
56
54
52
jan/02 fev/03 jun/03 nov/03
Isabella Hendrix Juiz de Fora
160
140
120
100
80
60
40
20
0
mar/05 ago/05 jul/06 nov/06 set/07 jan/09 jan/10
Isabella Hendrix BH
164
140
120
100
80
60
40
20
0
fev/00 jun/00 nov/00 jan/01 jul/08 jul/09 jan/10 ago/10
Colégio Ribeirão Preto
120
100
80
60
40
20
0
fev/03 jul/03 jan/04 nov/04 ago/05 jul/09 out/09 jan/10 out/10
Colégio Americano de Porto Alegre
180
175
170
165
160
155
150
145
140
135
out/09 jan/10 abr/10
Colégio Americano de Porto Alegre - ANEXOS
Não é possível afirmar qual o número de alunos que efetivamente frequentava os colégios. Os relatórios
apresentavam, ora somente o número de matrículas, ora somente número de alunos frequentes, sem contar que
não havia uma frequência linear durante o ano. Os números, entretanto, podem indicar o fluxo de frequência de
cada instituição.
165
ANEXO VI
Julho de 1880
166
Agosto 1889
* A capa muda em Julho de 1889, mas por estar com defeitos de impressão, não foi colocada.
167
Julho 1890
168
Setembro 1895
169
Maio 1902