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CAD ERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLlCA-72

ANA MARIA BRASILEIRO

o ASSESSORAMENTO
LEGISLATIVO

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS


INSTITUTO DE DOCUMENTAÇÃO
SERViÇO DE PUBLICAÇÕES
RIO DE JANEIRO - GB - BRASIL· 19€8
••
Direitos reservados da Fundação Getúlio Vargas - Praia de Botafogo,
186 - Rio de Janeiro - GB - ZC-02 - Brasil - por fôrça de con-
vênio celebrado com a Fundação Ford.

E vedada a reprodLição total ou parcial desta obra


1." edição - 1968

I~ Copyright da Fundação Getúlio Vargas

l'UNDAÇAO GETÚLIO VARGAS - INSTITUTO DE DOCUMENTA-


CAO - Diretor: Benedicto Silva - Serviço de Publicações - Diretor
Interino: Maurício Pinheiro; coordena.ção editorial: R. A. Amaral
Vieira; coordenação técnica: Denis Cordeiro Policani; capa de Sérgio
l'ragoso; composto e impresso na Gráfica Editôra Livro S.A., em
l:1::ltlpo 378 10'10. sôbre papel ilustração creme. 80 gímz.
APRESENTAÇÃO

Com esta monografia prossegue a publicação de uma


série de livros de texto. monografias e casos especialmente
elaborados para o programa de pesquisas sôbre adminis-
tração pública brasileira mantido pela Fundação Getúlio
Vargas em convênio com a Fundação Ford. Pelo convênio,
os recursos concedidos pela Fundação Ford se destinam a
remuneração dos trabalhos de pesquisa e preparação de
originais, cacendo à Fundação Getúlio Vargas os encargos
com a publicação das obras e com a infra-estrutura téc-
nico-administrativa para a execução do acôrdo.

o objetivo dêsse programa é o enriquecimento de


nossa bibliografia especializada, com trabalhos que espe-
lhem a experiência brasileira e encerrem a reflexão dos
estudiosos de nossa problemática administrativa.

A Escola Brasileira de Administração Pública, ao


acrescentar esta série ao respeitável acervo de publicações
da Fundação Getúlio Vargas sôbre o tema. o faz com es-
pecial prazer, por se tratar de trabalhos inteiramente vol-
tados para a nossa realidade e destinados a contribuir para
a elaboracão de uma doutrina e o desenvolvimento de uma
literatura' genuInamente brasileira no campo da adminis-
tração pública.
VI CADERXOS DE AD",-,lINISTRAÇÃO PéBLICA
-------
A coordenação geral desta série está a cargo do Centro
de Pesquisas Administrati\'as da EBAP, cabendo a coorde-
nação editorÍal ao Sen'iço de Publicações da F.G.V.

BEATRIZ ;vI. DE SOUZA WAHRLICH

Diretora da Escola Brasileira


de Administração Pública
A RESPEITO DA AUTORA

Ana Maria de Freitas Brasileiro exerce o magistério


na Escola Brasileira de Administração Pública, desde 1965,
na qualidade de Assistente da cadeira de Ciência Política.
Bacharela em Ciências Jurídicas e Sociais pela Fa-
culdade de Direito da Universidade de São Paulo e Licen-
ciada em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia.
Ciências e Letras da Universidade Federal do Rio de Ja-
neiro, completou, como bolsista do convênio FGV /USAID,
o curso de pós-graduação na Universidade do Sul da Cali-
fórnia, obtendo o grau de "Master of Arts". com especiali-
zação em "Policy Formulation". -
Publicou, em 1965, em co-autoria, na Revista do Ser-
viço Público, um trabalho intitulado "Um Projeto de Pes-
quisa", e. em 1966, no Boletim do Centro de Pesquisas
Administrativas da EBAP, o artigo "O Comportamento
Político do Administrador".
Encontra-se atualmente na Inglaterra, como bolsista da
Universidade de Essex, realizando estudos para obtenção
do grau de Doutor em Ciência Política.
Ao

Professor Diogo Lordello de Mello. Chefe


do Centro de Pesquisas da Escola Brasi-
leira de Administração Pública d1 Fun-
dação Getúlio Vargas.
AGRADECIMENTO

Um trabalho como êste em'oh'e a colaboracão de uma


série de pessoas às quais eu não poderia deixar' de formu-
lar meus agradecimentos. Agradeço. assim. ao Prof. Diogo
Lordello de Mello, Chefe do Centro de Pesquisas da Es-
cola Brasileira de Administração Pública, a quem dedico
a presente monografia, pelo seu estímulo e valiosas suges-
tões; a minha assistente, Prof.' Maria Cleonia de Castro
Freire. que muito me auxiliou durante várias fa:::es da pes-
quisa; ao jornalista Carlos Castello Branco que. com sua ex-
periência em assuntos políticos, forneceu-me ótimas idéias a
respeito do problema; ao Prof. Eutacílio Silva Leal, re-
gente de Ciência Política da Escola Brasileira de Adminis-
tração Pública; ao Dr. Rosendo Marinho. à Srta. Edith
Gerlain e ao jornalista D'Alembert Jaccoud que facilita-
ram, de modo inestimável. os contatos com os parlamen-
tares a serem entrevistados. respectivamente na Assem-
bléia Legislativa da Guanabara. na As:::embléia Legisla-
tiva de São Paulo e no Congresso Nacional; ao Deputado
José Medrado. da Assembléia Legislativa da Bahia. que
respondeu a um teste preliminar da entrevista; a todos
os meus colegas professôres que contribuíram com infor-
mações e idéias; e. finalmente. meus agredecimentos espe-
ciais aos funcionários e parlamentares ouvidos nos diver-
sos órgãos estudados. pela boa vontade e sinceridade com
que se submeteram a entrevistas bastante longas.
SUMÁRIO

Apresentação ....

A Respeito da Autora VII


Agraaectmento XI
PARTE I: SITUAÇÃO DO PROBLEMA
1 - Introdução
A - O Parlam:,nto face à evolução políticc -cóciC-eOG!lÓ-
.,
mica do mundo moderno .. ~

B - Objetivos do trabalho ........... . 1)


C - Organização dêste trabalho .... . U
U - Procedimento metodológico 12
O A3';i'S"oramento Legislativo
A - Conceituação ....... .
H - O assessoramento legislativo e o processo decisório
legislativo ........................................ 20
C - Clas,ificação do assessoramento legislativo 27
U - Org::mização do assessoramento legislativo 32
~ - As comissões Parlamentares como órgãos de Assesso-
ramento .......... . 34

PARTE II: ANALISE INSTITUCIONAL


3 - O Sen"do Federal
A - órgãos com funções de assessoramento no Senado Fe-
deral ......... ................... 39
B - Os Senadores 47
c - Conclusóes 65
CADER?;OS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

4 - A Câmara dos Deputados


A - órb'ãos cem funções de assessoramento na Câm~ra
des Deputados . 67
B - Os Deputados 73
c - Conclusões .... _................... _............. _ 91
5 - A A...'Sembléia Legislativa do Estado de São Paulo
A - órgãos com funções de assessoramento na Assembléia
Legislativa ... _ 94
B - Os Deputado" 100
c - Conclusões . _... _... _ __......... _......... . 117
ti A Assembléia Legislativa do Estado da Guanabara
A - órgãos com funções de ~'Sessoramento na Assembléia
Legislativa ....... _ 119
B - Os Deputados 127
c - Conclusões 144
7 - A Câmara Municipal de São Paulo
A - órgãos com funções de asse-'Soramento na Câmara
Municipal . _. _. 147
B - Os Vereadores 157
c - Conclusóe.s 174
lJ - orgãos do Pode:- Executivo com Funções de Assessoramento
Legislativo
A - Assessoria Técnico-Legislativa do Govêrno de São
Paulo ............. _................................. . 176
B - Assessoria Legislativa do Govêrno de Santa Catarina 178
C - A...'Sessoria Legislativa do Govêrno do Acre ......... _ 178

PARTE IH: CONCLUSõES


!J - Consideraçõ2s Finas 181
BIblIcgrafia ............. 188
Apêndices
I - Relação dos parlamentares entrevistados 193
11 - Roteiro das entrevi~tas .................... _ 194
111 - Cla."sificação do Assessoramento Legislativo . _ 196
IV - Entrevista com o Deputado Bonifácio de Andrada
da Assembléia Legislativa de Minas Gerais ........ 198
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO
PARTE I

SITUAÇÃO DO PROBLEMA
1 - I NTRODUÇÁO

A - O Parlamento face à evolução político-sócio-


econômica do mundo moderno

o progre:so espantoso das ciências. o desenvolvimento


da tecnologia. o aumento considerável das atribuições do
Estado e as transformações políticas. sociais e econômicas
que se vêm operando em ritmo acelerado, principalmente
a partir do comêço dêste século, criaram o problema d3
adaptação das instituições políticas às novas condições da
vida moderna.
Rompendo com a clássica separação rígida de podêres.
o Poder Executivo. para fazer face às novas exigências
que demandam soluções rápidas, tecnicamente complexas
e racionais vem - principalmente a partir da Segunda
Grande Guerra. e não apenas no Brasil - absorvendo
grande parte das funções que tradicionalmente integravam
a esfera de atribuições dos outros podêres. O Executivo
é mais diretamente responsável pelas soluções. mais pró-
ximo dos fatos, dotado de uma organização mais flexível.
que lhe permite expandir sua área de influência através
de uma crescente descentralização administrativa e recru-
tar em maior quantidade e dentro de critérios mais racio-
nais seus funcionários. Transformou-se assim, o Poder Exe-
cutivo no verdadeiro centro decisório do Estado, amplian-
do sua máquina burocrática. criando novas formas de orga-
4 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PéBLICA
-----------------
nização e adaptando-se às novas exigências técnicas e cien-
tíficas do mundo moderno. Tudo isso contribuiu para
transformar as relações entre o Poder Legislativo e o EX2-
cutivo.
O Poder Legislativo, órgão eminentemente político, é
integrado por um grupo heterogêneo de cidadãos, que
apresentam diferenças acentuadas de formação, nível edu-
cacional e atitudes e são, quase sempre, vinculados aos in-
terêsses e clientela que os elegeram. Viu-se, por isso, im-
possibilitado de acompanhar, no mesmo ritmo que o Exe-
cutivo, o processo de adaptação que as novas condiçõe.3
lhe exigiam para que continuasse a exercer, em tôda SU;J
plenitude, a principal tarefa que tradicionalmente lhe er.1
confiada: a de legislar. Assim, essa tarefa passou cada ve::::
mais a ~er desempenhada pelo Executivo. quer por dele-
gação expressa do Legislativo, quer por sua própria inicia-
tiva. A necessidade de planejamento exigida pelo atual
contexto, implicando em grande interferência do poder es-
tatal em tôdas as esferas, contribuiu também para êsse es-
tado de coisas.
A atividade do Parlamento moderno passou, cada vez
mais, a concentrar-se no contrôle da administracão e não
propriamente na elaboração das leis. >

Tal situação deu margem a uma sêrie de reflexões


sôbre o papel do Parlamento numa Democracia. Muitos
foram os autores que trataram do problema da Crise do
Legislativo: "frente às iniciativas do Executivo o Poder
Legislativo sente-se atrasado e impos:,ibilitado de man-
ter-se em pé de igualdade em matéria de competência
técnica para desempenhar seu papel na tomada de deci-
sões políticas" ..

1) M.E. Wenk. ··L·Informatiol1 du parlementaire dans un monde


condltíonné de façon croissante par la science" - Bulletin in-
terparlamentaire (Genebra, ano 46, 1.0 trimestre, 1966) p. 36.
Sôbre a crise do legislativo ver também: Oswaldo Trigueiro, '·A
Crise Legislativa e o Regime Presidencial", in Revista Brasileira
dJe Estudos Políticos, novembro, 1959: Afonso Arinos de Melo
Franco, "A Crise e o Poder Legislativo", Jornal do Brasil de
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 5

A recém-promulgada Constituição Brasileira (1967),


coerente com as novas exigências que demandam maior
flexibilidade do Executivo em atividades legislativas, hou-
ve por bem incluir entre seus dispostivos a legislação de-
legada. Atribuiu também ao Presidente da República a
competência constante do art. 58: "em casos de urgência
ou de interêsse público relevante, e desde que não resulte
aumento de despesa, poderá expedir decretos com fôrça
de lei sôbre as seguintes matérias:

I - segurança nacional

II - finanças públicas"

Estabeleceu ainda prazos para apreciação dos proje-


tos de lei de iniciativa do Executivo, quando êle assim o
solicitar e reservou ao Presidente a iniciativa de leis sôbre
determinad03 assuntos (arts. 54 e 60).
Temos. portanto. formalmente reconhecida no Brasil
a função legislativa do Executi\'o. c O Congresso Nacional
(e, por conseqüência, as Assembléias estaduais) dentro do
nôvo sistema, preservando precipuamente, em relação aos
projetos de lei. o poder político do veto e do referendo,
teve enfatizada sua função fiscalizadora. Cabe-lhe, por
exemplo, aprovar previamente todo o planejamento de go-
vêrno, o orçamento plurianual, os programas regionais e
os planos globais de administração. O Congresso que, prà-
ticamente, não mais se encarrega hoje da elaboração das
leis. deve exercer uma função de análise e de crítica que

6.10.63, cirado em Jarbas Medeiros. Poder Legislatiro. Conside-


raç{)es para sua reJormulação (Belo Horizonte. 1965), p. 12;
M.J.K. Wende, "La position du parlement vis-á-vis de l'Exe-
cuta". Bulletin Jnterparlenzentaire (Genebra. ano 46. 1.0 trimes-
tre. 1966), p. 44.
:!) Ver a defesa da CCrL'tituiçãc Bl'asilcll'a de 1967. no que se refe-
re ás atribuições dc Legislativo, em Roberto de Oliveira Campos,
"O bcvarismo político. a fúria legisfel'ante. .. ei caterva" in O Es-
tado de São Paulo. 13 jun. 1967. 20 jun. 1967 e 27 jun. 1967.
6 CADEIU'IOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

terá conseqüências na medida em que se efetivar sua atri-


buição constitucional de fiscalizar também a execução do
planejamento.
Assim, temos assistido no Brasil a um movimento de
diversas casas legislativas, a começar pelo Congresso N a-
cionaI, no sentido de se modernizarem e adotarem novas
organizações e instrumentos racionais de trabalho que as
habilitem a decidir, dentro das disponibilidades de tempo,
sóbre as matérias que lhes estão afetas.
Para decidir, para proceder a escolhas satisfatórias,
os parlamentares têm ab,oluta necessidade de informações
A multiplicação das questões científicas e técnicas traz
cada vez maior número de elementos que precisam ser
levados em consideração. Um serviço adequado de infor-
mações passou a ser. portanto, o primeiro instrumento ne-
cessário ao parlamentar. Para tomar deci~ões de ordem
política, os parlamentares não podem prescindir de infor-
mações verdadeiras, completas e disponíveis dentro do
tempo requerido. Essas informações têm que ser a êles
fornecidas de forma a facilitar a sua compreensão e possi-
bilidades de utilização. Medidas como a criação e aperfei-
çoamento de serviços de informação ou referência legis-
lativa, de assessoria parlamentar, de bibliotecas especiali-
zadas, têm como objetivo atender às necessidade de um
sistema adequado de divulgação e utilização de informa-
ções pelo Poder Legislativo. Pretendem auxiliar o parla-
mentar a reunir objetivamente os dados de que tem ne-
cessidade, ajudá-lo a definir os problemas, a formular as
alternativas de soluções, a pesar suas vantagens e incon-
venientes e, finalmente, a estabelecer a opção mais acon-
selháveL
Na mesma linha de idéias, as condicões da vida mo-
derna, a natureza dos assuntos com os q·uais o Poder Le-
gislativo tem que lidar, a crescente complexidade de suas
tarefas, a busca de eficiência, impuseram uma divisão de
trabalho e uma crescente especialização por parte dos
próprios parlamentares. O Poder Legislativo adaptou-se a
essa necessidade de racionalização através do instituto das
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 7

Comissões Permanentes. Nessas Comissões, apesar da di-


ferente formação de seus membros, busca-se uma solução
mais técnica dos problemas que o Legislativo deve resol-
ver, ocupando-se cada Comissão com uma área determi-
nada do processo legislativo. Essas Comissões funcionam
também como descobridoras de fatos e depuradoras da
ação legislativa. Não lhes compete, na verdade, tomar as
decisões políticas que cabem ao órgão representativo como
um todo, embora na prática se verifique a crescente in-
fluência das Comissões através do grande acatamento de
seus pareceres e recomendações por parte do Plenário das
casas políticas. Elas, porém. nada mais são do que órgãos
consultivos, auxiliares do processo decisório parlamentar.
Ao lado das Comissões Permanentes, os Parlamentos
fazem também largo uso das comissões ad hoc, criadas
com fins determinados e que se extinguem uma vez alcan-
çados seus objetivos. Essas, embora não contribuam para
uma especialização de seus membros, são bastante úteis,
uma vez que auxiliam o Legislativo a resolver casos par-
ticulares.
Na busca dos fatos e principalmente na sua tarefa de
fiscalização dos atos do Poder Executivo e da administra-
ção, o Legislativo conta também com outros meios de es-
clarecimento. Através do requerimento de informações ao
Executivo, através da convocação dos Ministros de Estado
e outros altos funcionários do Govêrno, através das Co-
missões Parlamentares de Inquérito, estabelece-se a comu-
nicação entre os dois podêres.::
Alguns Parlamentos, na ânsia de alcançar maior efi-
ciência, têm desenvolvido também outros mecanismos de

j) A respeito do sistema de contrõle do Legislativo sóbre o Executivo


no Brasil, ver: Seminário Int'ernacional sôbre Organização e Fun-
cionamento dos Serviços Auxiliares e órgãos do Estada-Maior
(Stafj) "O contrôle dos Atos Administrativos no Govêrno Brasi-
leiro" (Rio de Janeiro, março de 1952) e F. Bessa de Almeida:
"A fiscalização financeira e orçamentária na Constituição de
1967", in Revista de Administração Pública, FGV, 1.0 semestre,
1967, p. 103/143.
8 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO Pl;BLICA
-----

obtenção de mformações e orientação, quer apelando para


especialistas e órgãos da própria administração, quer esta-
belecendo convênios com universidades e outras insti-
tuições de dc'cumentação e pesquisa. quer criando órgãos
consultivos integrados por cidadãos de notável saber e
experiência,
Da mesma forma, o Poder Executivo vem cada vez
mais se aparelhando para bem desempenhar sua função
legislativa. através da institucionalização de órgãos espe-
cificamente destinados a prestar-lhe assessoramento na
elaboração legislativa,

o nosso trabalho propõe-se a estudar. sob o título O As-


sessoramento Legislatiro algumas das formas pelas quais
as nossas instituições políticas (Legislativo e Executivo)
vêm se adaptando às novas condições da vida moderna,
principalmente no que diz respeito às necessidades trazi-
das pelo acúmulo de informações de natureza cada vez
mais complexa e técnica e pela correspondente necessi-
dade de divisão de trabalhos e especialização, Com que
tipo de auxílios contam os legisladores (compreendid03
nesse têrmo tanto os chefes dos Executivos como os mem-
bros dos Legislativos) para tomar as decisões políticas que
lhes competem? O aspecto que presentemente nos inte-
ressa é o do assessoramento do processo decisório legis-
1ati\'o,
O têrmo "assessoramento". como \'eremos adiante, é
definido de modo suficientemente amplo. a fim de nos
permitir a análise de influências externas ou internas, es-
truturadas ou não. exercidas em caráter efêmero ou mai;:;
duradouro, que de algum modo contribuem para o pro-
cesso decisório legislati\'o. como. por exemplo. os auxílios
prestados por órgãos institucionalizados de assessoramen-
to. os de natureza consultiva recebidos pelo legislador de
seus amigos e parentes. de especialistas, de grupos de inte-
rêsse. de órgãos da Administração Pública. etc.
---
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO
------~~~~~--~~~~~~~~~~~-
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Neste trabalho. contudo. foi dada ênfase ao asse~so­


ramento ao Poder Legislativo. O assessoramento ao Poder
Executivo na sua tarefa legi~ferante foi mencionado a tí-
tulo predominantemente ilustrativo.
A literatura brasileira tem dedicado bastante atenção
ao Poder Legislativo em geral. Nota-se, contudo, uma ori-
entação de cunho institucional, com enfoque predominan-
temente jurídico. Estudos dêsse tipo estão preocupados
com o problema da separação de podêres, relações formais
entre os podêres, conceituação do Poder Legislativo. or-
ganização dêsse poder, funções que, de acôrdo com a lei,
lhe são atribuídas, o processo legislativo formal, etc.
Da mesma forma, com exceção de um ou outro traba-
lho, o pequeno número de obras que se ocupam especifica-
mente com problema do assessoramento legislativo brasi-
leiro, embora rico em sugestões para o aprimoramento do
sistema, falha em nos fornecer um retrato fiel da reali-
dade. Seus autores, na maioria das vêzes, estão preocupa-
dos em descrever o processo formal de elaboração legisla-
tiva, em defender a importância do assessoramento dentro
do Poder Legislativo e em descrever as qualificações que
para êles são essenciais ao "bom assessor". Levantam,
alguns, hipóteses como a de que prevalece no Brasil, por
parte da maioria dos parlamentares, uma atitude negativa
em relação ao assessoramento (os legisladores vêm nesse
processo uma diminuição de suas prerrogativas políticas.
que demandam uma comprovação objetiva). 4
Poucos trabalhos fazem qualquer referência sistemá-
tica ao status qllO do assessoramento legislativo brasileiro.
Como está êle estruturado e funcionando efetivamente nas
diferentes casas legislativas?

4J Chagas ~1ello ... AE5essoria Legislativa: Organização e Funciona-


mento .. ' in Revista do Sen'iço Público, Rio de Janeiro, jan.:mar-
ço 1965, p. 36'42 e Luciano Mesquita, "0 Congresso, sec destino
e UtilIdade", in Revista de Direito Administrativo, vaI. 55. jan.,'
lllarça 1959. p. 447.
10 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Tal situação estava a pedir um estudo empírico da


nossa realidade, um estudo que analisasse não apenas como
diferentes casas políticas têm formalmente estruturado
êsses meios auxiliares do processo decisório através de
seus regimentos, regulamentos e resoluções, mas, princi-
palmente, de que forma estão êles e outros auxílios exter-
nos e informais, em realidade, sendo utilizados e percebi-
dos pelos parlamentares. O presente trabalho representa
um esforço nesse sentido. A existência, em si, de órgãos
de assessoramento, como se sabe, não implica em maior
racionalização do processo decisório legislativo. Há que
ver se tais órgãos estão sendo realmente "funcionais", isto
é, comportando-se de maneira a contribuir para a consu-
mação dos objetivos que se têm em vista. "A compreensã:J
do assessoramento, como êle existe de fato no contexto
legislativo, sua organização, seus desvios do padrão estru-
tural, suas falhas, seus aspectos positivos e a atitude dos
legisladores em face do assessoramento, são dados essen-
ciais para o entendimento do processo decisório legislativo
e ponto de partida para qualquer tipo de reforma que se
proponha a racionalizar o referido processo."
Limitações de tempo, de ordem material e de ordem
metodológica, forçaram-nos, contudo, a focalizar apenas
alguns aspectos dêsse processo extremamente complexo,
Não nos foi possível, também, embora fosse desejáveL um
estudo suficientemente amplo que nos levasse a conclu-
sões que pudessem ser generalizadas para todo o sistema
político brasileiro. Tivemos que selecionar apenas algumas
casas legislativas a serem estudadas e, dentro destas,
apenas alguns legisladores a serem entrevistados. As mes-
mas limitações impediram um estudo mais acurado do
assessoramento legislativo ao Poder Executivo.

B - Objetivos do Trabalho

Em resumo, pretendemos no presente trabalho:


a) através da análise de quatro órgãos legislativos.
pertencentes aos três níveis da federação (Congresso Na-
cional, Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, As-
o ASSESSORAME;S"TO LEGISLATIVO 11
--------------------------

sembléia Legislativa do Estado da Gu.anabara e Câmara


Municipal de São Paulo), realizar um estudo explorató-
rio e descritivo que visa a examinar dentro dessas Casas:
1 - a organização formal do assessoramento legisla-
tivo;
2 - a composlçao e o funcionamento dos órgãos for-
malmente encarregados de desempenhar tarefas dessa es-
pécie;
3 - a existência de tentativas frustradas de organiza-
ção de assessoramento legislativo;
4 - a atitude de parlamentares pré-selecionados face
ao processo de assessoramento legislativo;
5 - o conhecimento que têm da estrutura e funciona-
mento do assessoramento legislativo em suas respectivas
Casas;
6 - a forma de utilização dêsse assessoramento;
7 - a existência de sentimentos de satisfação ou in-
satisfação com o status qlW do assessoramento legislativo;
8 - o assessoramento legislativo informal e externo;
9 - perspectivas de mudança (sugestões dos entre-
vistados) .
b) através do estudo de alguns órgãos de assessora-
mento legislativo do Poder Executivo, ilustrar o processo
de assessoramento legislati\·o ao Executivo através da aná-
lise:
1) da organização formal dêsses órgãos
2) de sua '.::omposição e funcionamento
3) de outras possíveis clientelas
Não pretendemos, portanto, esgotar o assunto, nem
fazer "diagná.sticos" e encontrar soluções para todos os
nossos problemas de assessoramento legislativo, mas sim
contribuir para um conhecimento mais adequado das nos-
sas instituições pol:ticas e do comportamento dos nossos
homens públicos.
12 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
----- .. ----_ .. _ - - _ . ---

c- Organização dêste Trabalho


O trabalho, dividido em nove capítulos. consta de três
partes lógicas.
A primeira delas, a INTRODUÇÃO. trata de modo su··
mário, das transformações que se vêm operando com re-
ferência às atribuições do Parlamento face ao atual con-
texto político-sócio-econômico. dos objetivos do trabalho
de sua organização e do procedimento metodológico ado-
tado na pesquisa.
A segunda, ANÁLISE INSTITUCIONAL, procura
conceituar o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO e esta-
belecer as possibilidades de sua utilização, dentro do pro-
cesso decisório legislativo. Tenta, ainda. uma classificaçãe
do assessoramento legislativo e estabelece as formas pelas
quais êsse processo vem s:endo institucionalizado.
A terceira. CONCLUSÕES. analisa. isoladamente. cada
um dos óRGÃOS LEGISLATIVOS selecionados, princi-
palmente sob dois aspectos: organização e funcionamento
do assessoramento legislativo e comportamento dos parla-
mentares tendo em vista o processo.
A título ilustrativo, são estudados alguns ÓRGÃOS
DO PODER EXECUTIVO COM FU~ÇÕES DE ASSES-
SORAMENTO LEGISLATIVO (Capítulo IX).
Finalmente ,a moncgrafia apresentas as CONCLUSõES
e CONSIDERAÇÕES FINAIS.
A BIBLIOGRAFIA e os APENDICES complementam
o trabalho. contendo êstes últimos a relação dos parh-
mentares entre\'istados. o roteiro das entrevistas, o quadro
da classificação do assessoramento legislativo e a entre-
\'ista com o Deputado Bonifácio de Andrada. da Assem-
bléia Legislativa de Minas Gerais.

D - Procedimento metodológico
Em se tratando de uma pesquisa de caráter explora-
tório, que não visava a testar hipóteses previamente elabo-
radas. permitimo-nos certa flexibilidade na seleção dos
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 13
-----------------------------------------
órgãos legislativos a ~erem estudados. Optamos pela esco-
lha de certas casas políticas que nos permitissem uma
perspectiva suficientemente ampla do fenômeno. Partimos
do pressupo~to que, quanto mais complexo o contexto
sócio-econômico em que o órgão político se insere, maior
~erá a magnitude dos problemas que deverá resolver ':
maior necessidade terá de recorrer ao assessoramento. Le-
vando em consideração o número de habitantes e de elei-
tores que o érgão representa, as condições de industriali-
zação e urbanização do ambiente e as facilidades de que
poderíamos dispor. e estando interessados em pesquisar o
assessoramento legislativo nos três níveis da federaçã::>:
federal, estadual e local. optamos pelo estudo dos seguin-
tes órgãos:
- Congresso Nacional:
- Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo:
Assembléia Leg:slati\'a do Estado da Guana-
bara:
Câmara Municipal de São Paulo.
O Congresso Nacional foi estudado pelo motivo óbvio
de ser o órgão legislativo máximo do país. A Assembléia
Legislativa do Estado de São Paulo, porque representa o Es-
tado mais populoso da federação, o que possui maior co-
légio eleitoral, o mais industrializado e o maior contri-
buinte da renda nacional. A Assembléia Legislativa do
Estado da Guanabara, representando o quarto colégio elei-
toral brasileiro e o quarto Estado em ordem decrescente
de população, foi incluída principalmente por facilidades
decorrentes de sua localização e pelos problemas peculia-
res que apresenta de órgão legislativo de uma cidade-esta-
do, de ex-distrito federal. com grande densidade demográ-
fica e alto índice de industrialização. Sua inclusão evit:Ju.
também. que se analisasse apenas o Estado de São Paulo
no nível estadual e local. A Câmara Municipal de São
Paulo foi analisada porque representa maior número de
eleitores e de habitantes que qualquer município brasilei-
ro. além de ter de lidar com os problemas decorrentes da
14 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

sua grande concentração urbana e crescente industriali-


zação. Visávamos, como tal seleção, a considerar o processo
de assessoramento legislativo nas suas manifestações mais
complexas.
Cada um dêsses órgãos foi estudado e analisado sepa-
radamente. O Congresso Nacional foi decomposto em Câ-
mara dos Deputados e Senado Federal e cada um dêsses
órgãos recebeu, também, um tratamento isolado. Assim
foi feito o levantamento da legislação pertinente a cada
um dêles, com vistas à organização e competência dos ór-
gãos de asses::oramento. Procedeu-se, paralelamente, a
uma série de entrevistas com os principais funcionários
administrativos encarrega,-:.~os dêsses serviços. Visava-se
com isso a colhêr informações referentes ao número de fun-
cionários a êles dedicados, suas especializações, tipo de
trabalho que estavam realmente executando, queixas que
porventura tivessem quanto à forma como vinham sendo
utilizados pelos parlamentates e dificuldades que encon-
travam para realizar sua tarefa.
A imposôibilidade de entrar em contato com todos os
par lamentares das casas políticas a serem estudadas, de-
vido a limitações de tempo e de ordem material, impôs um
critério de seleção das pessoas a serem entrevistadas. Opta-
mos pelo critério posicional. isto é. entrevistar as pessoas
que ocupavam formalmente posições de destaque nos cor-
pos legislativos. Tínhamos por pressuposto que essas pes-
soas, em virtude da posição que ocupavam e da maior soma
de reôponsabilidades a elas atribuídas. mais necessidade
teriam de assessoramento e, portanto. em melhores con-
dições estariam de nos fornecer os esclarecimentos que
procurávamos.
Assim foram selecionados os presidentes das diversas
casas políticas. os líderes da maioria e da minoria (ou/e
os líderes do govêrno e da oposição) e os presidentes das
comissões permanentes. Embora não se fizesse qualquer
exigência referente a uma distribuição proporcional por
partidos políticos. uma representação dessa natureza ficou
de certa forma assegurada. Sendo o maior número de en-
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 15

trevistados presidentes (ou vice-presidentes na ausência


do presidente) de comissões permanentes e tendo-se em
vista que uma representação proporcional por partidos é
sempre procurada na distribuição dêsses cargos, consegui-
mos entrevistar representantes de ambas as agremiações
político-partjdárias.
Contudo, o fato de que a fase de coleta de dados teve
que ser processadél" em pleno período eleitoral (outubro.
novembro e dezembro de 1966) e durante a convocação
extraordinária do Congresso Nacional para votação da
nova Constituição (janeiro de 1967) dificultou bastante o
nosso trabalho. Os legisladores. empenhados nas suas res-
pectivas campanhas políticas, no acompanhamento dos re-
sultados do pleito de 15 de novembro e na discussão de
altos problemas políticos gerados pela votação da nova
Constituição não eram fàcilmente encontrados. Mesmo
assim, foi-nos possível entrevistar tôdas as pessoas pré-
selecionadas da Câmara Municipal de São Paulo e da As-
sembléia Legislativa da Guanabara. Na Assembléia Le-
gislativa de São Paulo. depois de inúmeras tentativas de
nossa parte. fomos obrigados a deixar de ouvir três parla-
mentares que constavam da nossa "amostra".
Com referência ao Congresso Nacional. o ambiente de
grande excitação política e o acúmulo de trabalhos oca-
sionados pela votação da nova Constituição dentro de um
prazo exíguo, aliados à grande quantidade de comissões
permanentes em funcionamento na Câmara dos Deputados
e no Senado Federal obrigaram-nos a limitar bastante o
número de entrevistas. As possibilidades de generalização
das conclusões ficaram assim mais prejudicadas.
As entrevistas foram orientadas por um roteiro de
perguntas abertas, isto é, que possibilitavam ao entrevis-

ti) Apenru; em fins de setembro de 1966 obtivemos aprovação para


o nosso projeto de pesquisa. Não nos interessava adiar para a
próxima legislatura, em virtude do processo de renovação das
cru;as pOliticru;. a nossa pesquisa. Resolvemos, assim, enfrentar
as dificuldades que o calendário eleitoral traria para as en-
trevistas.
16 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

tado manifestar-se livremente dentro do assunto indagado.


Tal procedimento, embora dificulte a tabulação e inter-
pretação dos dados, trazendo às vêzes como conseqüência
um abrandamento do rigor científico, permite, em contra-
posição, a descoberta de fatos novos com que o pesquisa-
dor antes não contara. Em se tratando de uma pesquisa
exploratóris., que não se propõe a descobrir relações de
causa e efeito ms.s sim a fornecer informações úteis sóbre
a realidade e sugerir hipóteses para posteriores investi-
gações. tal procedimento foi considerado como o mais ade-
quado.
Permitimo-nos, tam~ém, a título de ilustração, estu-
dar outros órgãos que, embora não pertencendo ao Poder
Legislativo, têm como função principal a de prestar asses-
soramento ao Poder Executivo na sua atividade legisfe-
rante e aos parlamentares. Assim foram ouvidos assessô-
res da Assessoria Técnico-Legislativa do Govêrno de São
Paulo, órgão que integra o Poder Executivo daquele Es-
tado, e de seus escritórios em Brasília e no Rio de Janeiro
(Escritório de Assistênr:ia Técnica) bem como funcioná-
rios da Assessoria do Estado de Santa Catarina e do Acr;,
em Brasília.
Os dados obtidos foram agrupados em categoris.s
gerais e, sempre que possível, apresentados em tabelas
que contribuissem para uma visão do conjunto.
A interpretação dêsses dados teve um cunho bastante
descritivo e visava a colocar o leitor em posição de julgar
por êle mesmo. A análise feita pelo pesquisador procurou
ser sempre no sentido de levantar hipótese, fazer indaga-
ções e observações que ajudassem a esclarecer os fatos e.
quando necessário. sugerissem mudanças.
Para que não nos afastássemos de nossos objetivos,
procedemos, preliminarmente, à construção de um modêlo
teórico do assessoramento legislativo em que se definiu o
conceito e tentou-se uma tipologia do assessoramento. Tal
modêlo. que apresentamos em seguida, serviu de base para
o roteiro de nossas entrevistas bem como para as conclu-
sões a que chegamos.
2 - O ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO

A - Conceituação

Como acontece com tódas as organizações 7 as casas


políticas (Câmara Municipal. As,embléia e Congresso)
são integradas por indivíduos que executam atos de algu-
ma forma relacionados com os objetivos da organização.
indivíduos que cooperam para atingir determinados fins.
A teoria das organizações ter.n distingüido entre êsses tipos
de atividades. De modo geral a tendência atualmente do-
minante é a de ~e considerar dois tipos básicos de ativi-
dades: atividndes substantivas (diretas) na sua contribui-
ção aos objetivos gerais da organização e atividades adje-
tivas (indiretas) nessa contribuição .. As primeiras seriam
desempenhadas. numa casa política. pelos próprios parla-
mentares quando responsá\'eis. em última análise. pela

'/1 "ürganizações ~ão unidades sG~iai, 'cu agrupamentos humanos)


deliberadamente corutruídas e reconstruídas para atingir fins
específicos" - Talcott Parsons. StructuTe and Process in Mo-
d'em Society (Glencoe. III. The Free Press. 19601: p. 17, in
AmJtal EtziDni, Modem Organiz:ation IEnglewood Cliffs. NJ
Prentice Hal!, 1964): p. 3.
!l' J. P. Pfiffner e F. Sherwood, Administrative Organization, !En-
glewood Cliffs, N.J.: Prentice Hal!, Inc,. 1960): p. 171.
18 CADERl'\OS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
~--~----- ---- - - - - ------

elaboração legislativa·· que se desenvolve no âmbito da


organização. As segundas, cujo objetivo é o de permitir e
facilitar a tarefa dos parlamentares na consecução dos
propósitos do Poder Legislativo. seriam executadas, via
de regra, pelos funcionários da casa legislativa, pela sua
Secretaria. Entre essas atividades incluem-se as conheci-
das como "auxiliares" ou de "serviços", que dizem respeito
principalmente a problemas de pessoal, de finanças. de su-
primento e manutenção, de transporte e aos serviços ad-
ministrativos em geral e as de "assessoramento" ou de "es-
tado-maior" que se referem àquelas atividades, consulti-
vas por natureza, que envolvem principalmente processos
intelectuais especializados. Essas visam a "assessorar", au-
1(1

xiliar os encarregados das tomadas de decisões. Visam a for-


necer aos responsáveis pelas escolhas, elementos que faci-
litem uma opção mais racionaL isto é, mais adequada aos
fins que se têm em vista. A responsabilidade final pela de-
cisão. porém, deve permanecer com as pessoas que rece-
bem o assessoramento. (Na prática, contudo, tem-se ob-
servado um grande poder de influência por parte daque-
les que assessoram).
Quando êsse auxílio de natureza intelectual e consul-
tiva refere-se ao processo da elaboração legislativa chama-
se assessoramento legislati7.:o.
As nossas casas legislativas, como veremos no decor-
rer do trabalho, divergem quanto à ênfase e solução dadas
ao problema de assessoramento legislativo. A tendência,
contudo, manifestada já na literatura sôbre o assunto e
também na prática, é a de se reconhecer a necessidade e
importância de se institucionalizar o processo.
Jarbas Medeiros, na justificativa ao projeto de resolu-
ção n.o 545/63 da Assembléia Legislativa de Minas Gerais,
que cria a Assessoria Parlamentar afirma que:

li' A locução "elaboração legislativa" é empregada num sentido


amplo e envolve todo o processo decisório legisla tivo.
10) J. P. Pfiffner e F. Sherwood.Op. cit., p. 127.
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 19

"A necessidade de um serviço de assessoria par-


lamentar se fundamenta, com muita razão e
oportunidade, em dois pontos principais: a) a
crescente complexidade das tarefas administra-
tivas atribuídas ao Poder Executivo, com am-
plitude de interferência cada vez maior em
todos os ramos da vida social e econômica da
Nação ou do Estado. o que obriga. por via da
divisão constitucional dos Podêres. o Legislativo
a se desdobrar em atividades e a se multiplicar,
tanto na iniciativa das snas próprias proposi-
ções potencialmente mais fecundas e abrangen-
tes, quanto no exame mais atento das mensa-
gens provindas do Executivo: b) na impossibi-
lidade de os deputados. usualmente sobrecarre-
gados de inúmeras atribuições de ordem polí-
tica no atendimento de suas clientelas eleito-
rais. se desincumbirem a contento da aprecia-
ção técnica de proposições e Mensagens." 11
A essas duas justificativas poderíamos acrescentar a
d 3 própria composição das casas políticas, integradas por
representantes de diferentes níveis educacionais e inte-
lectuais.

A expressão "assessoramento legislativo", contudo,


não se limita a identificar apenas o processo que se de-
senvolve no âmbito da casa legislativa. através de seus
órgãos e funcionários. O Poder Executivo. na sua função
legisferante, também se utiliza de um tipo de assessora-
mento que, pelas suas características pode. perfeitamente,
ser identificado como de assessoramento legislativo. Assim
o Presidente da República. os Governadores e os Prefei-
tos, para bem desempenharem suas funções legislativas,
dispõem de auxílios de natureza intelectual e consultiva
prestados por pessoas ou órgãos encarregados de assesso-
rá-los.

11, Op. cft , p. 119.


20 CADER."<OS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Por outro lado, os próprios parlamentares, disponham


ou não de órgãos ou pessoal encarregados de assessora-
mento dentro de suas próprias assembléias, recorrem,
muitas vêzes, a outras pessoas, órgãos ou instituições que,
embora não pertençam ao Poder Legislativo, lhes pres-
tam, em c::J.ráter eventual ou permanente, graciosamente
ou através de remuneração, assessoramento 1egislativo.
O assessoramento legislativo, portanto, no seu sentido
amplD, consiste em todo auxílio de natureza intelectual e
consultiva prestado aos responsáveis pela função legisla-
tiva, quer no âmbito local, estadual ou federal, quer den-
tro do Poder Legislativo ou do Executivo.
Serviços como o de referência legislativa e de biblio-
tecas nem. sempre envolvem processos intelectuais e de
natureza consultiva de auxílio aos legisladores, limitan-
do-se a fornecer-lhes. ou a seus assessôres, os dad03
e obras solicitados. Freqüentemente, contudo, os funcio-
nários encarregados da prestação dêsses serviços deixam
de ser simples transmissores de informações armazena-
das e passam a desempenhar funções de assessoramento,
organizando as informações, fazendo o levantamento de
leis pertinentes a determinado assunto, estabelecendo cor-
relações, suplementando informações, fazendo pesquisas
bibliográficas, sugerindo possíveis cursos de ação, prepa-
rando, enfim, o caminho para decisões mais racionais. Ins-
trumentos indispensáveis que são ao processo decisório
legislativo não podem deixar de ser considerados no es-
tudo do assessoramento.
O assessoramento legislativo às vêzes ultrapassa os li-
mites das sociedades domésticas e pode se apresentar sob
a forma de consultas sôbre determinadas matérias a outros
países ou mesmo sob um prograL1a de 2ssistência técnica.

B - O Assessoramento Legislativo e o Processo


Decisório Legislativo
O assessoramento legislativo em geral se faz presente
em quase tôdas as etapas do processo decisório legislati-
vo. Adotando-se o modêlo de processo decisório elaborado
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 21

por Theodore C. Sorensen IC e adaptando-o ao contexto le-


gislativo, poderemos ver de que forma o assessoramento
pode ser útil:

1 - na identificação do pTOblema (definição).

Definir um problema em têrmos precisos é um ponto


crucial em qualquer tipo de decisão e principalmente nas
decisões legislativas. É preciso limitar o campo de ação.
Os parlamentares, elementos de ligação entre o público
e as diretrizes governamentais, encarregados de definir
"interêsses públicos" e de zelar pela observância das di-
retrizes pelo Poder Executivo têm grande responsabilida-
de na idenitficação dos problemas que devem ser alvo de
decisões legislativas. Um assessoramento adequado que
facilite aos parlamentares a tarefa de identificar proble-
mas dignos de sua atenção, selecionar as diversas deman-
das e reivindicações que lhes são apresentadas por suas
clientelas, verificar a competência da casa legislativa que
representam para dispor do assunto, colocá-los dentro do
quadro constitucional vigente, selecionar as informações
dignas de fé, verificar da existência de normas referentes
ao problema, defini-lo em têrmos precisc:s, acompanhar os
atos administrativos de interêsse do legislativo, etc., con-
tribuem em muito para um processo decisório legislativo
mais racional no âmbito do Poder Legislativo.
Instrumentos como serviços adequados de referência
legislativa. de bibliotecas. de órgãos de assessoramento
encarregados de coletas de dados, de estudos e pesquisas,
são extremamente úteis para uma boa identificação dos
problemas de interêsse legislath·o.
Da mesma forma o Poder Executivo. com um assesso-
ramento adequado. pode também mais fàcilmente identi-
ficar os problemas que devem ser objeto de sua atenção.
1:l1 Como se tomam a<i decisões na Casa Branca, tradução de Sergio
Moraes Rego (Rio de Janeiro: Distribuidora Record, 1964) in
Nelson Loureiro Pinto - "Da tomada de decisão", Boletim do
Centro de PesqUisas Administrativas da EBAP, Ano II - julho
de 1966. n.o 5. p. 132.


22 CADERNOS DE ADMINISTRAÇ.~O PÚBLICA

2 - na identificação de alternati?;as
Uma \'ez definido o problema di\'ersas alternativas se
apresentam em geral aos legisladores. 1. "Convém apre-
sentar o assunto como um projeto de lei ou seria melhor
uma recomendação ao Executivo'?" "Quais são tôdas as
possíveis soluções que podem ser dadas ao problema'?"
Nessa fase, o papel do assessoramento é extremamente im-
portante, auxiliando o legislador através de coletas de
dados, de estudos, de pesquisas, a identificar as principais
alternati\'as, os diversos cursos de ação.

3 - no exame do. conseqüencia de cada uma das


alternativas
Cada possibilidade de escolha traz em si mesma uma
série de conseqüências, às vêzes indesejáveis, que preci-
sam ser levadas em conta. Nesse ponto é que o conteúdo
intelectual do asse~soramento se manifesta de forma mais
ostensiva. Um processo de assessoramento adequado ajuda-
ria os legisladores a anteciparem grande parte das conse-
qüências que determinadas escolhas podem acarretar. "A
aprovação de um projeto proposto nestes têrmos provoca-
ria que tipo de repercussão na sociedade? No grupo que
êle pretende beneficiar? Poderia ser implementado? A ad-
ministração dispõe ce meios para executá-lo? Que efeitos
causaria na legislação em geral?", et;:: ...

4 - na escolha da melhor alternati?;a


Uma vez identificado o problema, levantadas as al-
ternativas e identificadas 3uas possíveis conseqüências,
cabe aos legisladores escolher, diante do conjunto das
opções, a qUe lhe parece mais satisfatória. A decisão cabe,
em última análise, aos responsáveis pela função legislati-
va. O assessor não tem autoridade para decidir, embora se
verifique que, tendo participado das fases anteriores, a sua
capacidade de influenciar as decisões possa ser grande.
13) O termo legisladore, é empregado em sentido amplo e serve
para de.cignar os r~"ponsávei5 pela função legi!;lativa em geral
I tanto no Execu:i,'o corno no LC!;islativc I


o ASSE~SORA:\lDiTO LEGISLATIVO 23

5 - na comunicação da escolha

Na fase de comunicação da escolha reportamo-nos,


principalmente. à apresentação formal da decisão, seja
essa decisão resultado da atividade individual do legisla-
dor ou de uma equipe. Essa transmissão da escolha pode
ser feita oralmente (no caso do voto a descoberto ou da
apresentação de um discurso, por exemplo) ou por escrito
(projetos de lei, requerimentos, mensagens etc.). O papel
do assessoramento, principalmente no que se refere à apr,~­
sentação escrita das decisões. é muito importante e visa so-
bretudo a contribuir para que a "comunicação" seja feita
de modo claro e correto, sem deixar margem a dúvidas e
sem abrigar lacunas que dificultem a implementação da
decisão.
A elaboração de leis. por exemplo. muito teria a lucrar
se os legisladores pudessem contar com um bom assessora-
mento técnico-legislativo tanto no Poder Legislativo como
no Executivo.

6 - na execução da decisão

Certas decisões tomadas dentro do Poder Legislativo·


interessam exclusivamente a ê,se Poder. São, por exemplo,
decisões só bre matéria regimental, sôbre serviços da Se-
cretaria, etc. A sua execução não transcende, portanto, o
âmbito daqUele Poder. O assessor pode auxiliar o encar-
regado da implantação dessas decisões fornecendo-lhe os
dados necessários para tanto. Pode auxiliar, também, os
demais interessados na sua execução, informando-os até
que ponto a decisão foi implementada, dando-lhes elemen-
tos para uma fiscalização efetiva da execução. Outras de-
cisões interessam, de modo geral, à sociedade. Reserva-se
ao Poder Executivo a aplicação das medidas que se fize-
rem necessárias par~ sua implementação. Aos parlamen-
tares cabe, contudo, a fiscalização da execução. Os asses-
sôres, também nessa tarefa. podem ser bastante úteis aos
legisladores. acompanhando a ação do Executivo. forne-
cendo informações, fazendo estudos e pesquisas.
24 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Tal modêlo, como tôda construção teórica. é forçosa-


mente limitado. Descre\'e mais em têrmos ideais quais de-
veriam ser as fases de um processo decisório legislativo
que tendesse para a racionalidade. A sua validade é, por-
tanto, relativa, principalmente em se tratando do processo
decisório legislativo, pela sua própria natureza de proces-
so político por excelência, é eivado de irracionalidades.
Nem sempre as decisões atingidas pelos órgãos públicos
são coerentes com os objetivos que essas organizações
procuram atingir e que. em última análise. são definidos
como o "bem público".
Os legisladores. como tôdas as pessoas encarregadas
de tomar decisões, e, talvez. mais do que qualquer uma.
estão sujeitos a uma série de limitações que implicam em
desvios do padrão ideal.
A função do assessoramento está também condiciona-
da a êsses limites.
Em qualquer processo decisório. segundo T. Soren-
seno l i diversas condições impedem um:l completa racio-
nalidade da decisão. Adaptando seu e~quema ao contexto
legislativo, podemos enumerar os principais obstáculos às
decisões racionais:

1) aspectos pessoais dos que decidem


Cada um dos legisladores é um ser único. caracteriza-
do por sua personalidade. seu estilo de vida, sua formação
social e intelectual, seus valôres ... Ao decidir, uma grande
dose dessa individualidade está presente nas suas escolhas
finais. A individualidade dos legisladores acarreta ainda
outras conseqüências no que se refere à aceitação ou não
de assessoramento. Uns são mais propensos a se conside-
rarem auto-suficientes. Outros desconfiam dos assessôres
temendo que êles exerçam uma influência indesejável no
processo legislativo. Outros usam. com critério. as suges-
tões e informações obtidas. Outros, enfim, delegam a ter-
ceiros, em virtude de insegurança, apatia. preguiça. as res-
ponsabilidades que lhes competem.
14', Op. cit., p. 141.
o ASSESSORfu.'\lENTO LEGISLATIVO 25

2) limites do admissít:el
Tôda atividade legislativa está circunscrita por uma
série de limitações de ordem constitucional, legal ou re-
gimental. Há todo um processo a ser obedecido. Qualquer
decisão legislativa, por mais racional que pretenda ser.
tem que levar em conta êsse contexto operacional. É papel
do assessoramento facilitar ao legislador. através de co-
leta de informações. estud03 e pesquisas. a delimitação da
área admissível da ação legislativa.

3) limites dos recursos disponíreis


As decisões legislativas têm que. forçosamente. levar
em conta os recursos disponíveis para a sua execução. Os
legisladores trabalham dentro de um esquema. mais ou
menos rígido, de recursos financeiros estabelecidos no or-
çamento. O artigo 60 da Constituição Federal Brasileira.
de 1967. estabelecendo em seu inciso I a exclusiva compe-
tência do Presidente da República na iniciativa das leis
que disponham sôbre matéria financeira, limita ainda mais
a disponibilidade de recursos para as decisões do Poder
Legislativo. O assessor pode ser figura extremamente im-
portante na avaliação dos recursos que estariam à dispo-
sição de determinadas ações legislativas.

4) limites das informações disponireis


Embora um sistema adequado de coleta e armazena-
mento de dados seja desejáveL não se pode pretender que
tôdas as informações que digam respeito ao problema que
se tem em vista sejam passíveis de serem obtidas. Além
disso. dada a precariedade dos sistemas de informações
legislativas. a ausência de estatísticas atualizadas e fide-
dignas, a quase inexistência de pesquisas empíricas. o le-
gislador é muitas vêzes obrigado a decidir com base na
sua intuição, no seu "bom senso", na idéia que faz da rea-
lidade. Um assessoramento adequado pode deõempenhal
um papel de extrema importância na obtenção de infor-
mações úteis que possam servir de base para escolhas mais
racionais.
26 CADERNOS DE ADMINISTRAÇ.~O PÚBLIC.-\.

5) limites do tempo

Os legisladores estão, em geral, condicionados ao


tempo, ao decidirem. Certas decisões têm que ser tomadas
no momento oportuno, ou esquecidas. Mesmo a decisão que
implica em não decidir nada no momento é uma escolha
que leva em conta o elemento tempo. O tempo limita a
possibilidade de uma opção racional, impedindo às vêzes
que se faça uma coleta suficiente de dados, que se estu-
dem as diversas alternativas de solução para determina-
dos problemas, que se pesem as conseqüências de cada
um dêsses possíveis curso de ação. que se escolha, enfim,
a melhor alternativa.
Por outro lado, uma disponibilidade de tempo ilimi-
tada prejudica, às vêzes, a eficácia de certas decisões que,
por sua natureza, estão a exigir medidas urgentes. Para
liberar o Poder Executivo da morosidade com que certas
proposições Eram estudadas e votadas pelo Poder Legis-
lativo, a nova Constituição estabeleceu prazos para a vo-
tação de projetos do Executivo. Limitou-se, dessa forma.
a disponibilidade de tempo para a decisão legislativa.
Tendo-se em vista, ainda, que os parlamentares e che-
fes dos Executivos são elementos políticos e, portanto. su-
jeitos a uma série de obrigações de ordem ~ocial e polític3..
percebe-se a importância do assessoramento. propiciando
que as decisões sejam tomadas em tempo hábil.

6) limites dos compromissos anteriores


Êsse tipo de limitação é, talvez o mais sério obstáculo
a uma ação legislativa racional. Os chefes dos Executivos.
os senadores. os deputados. os vereadores são, antes de
mais nada, pessoas políticas comprometidas com certos
programas, com certos partidos políticos, com certos inte-
rêsses, com certas clientelas. Dependentes que são do voto
popular para se reelegerem, os legisladores hesitam muito
antes de quebrar qualquer compromisso anterie:rmente
a~sumido. A prática da fidelidade partidária também limita
a ação do legislador, no âmbito do Poder Legislativo. cer-
o ASSESSORA"'IE~TO LEGISLA TlVO 27

ceando a sua liberdade de decisão, tornando-o cúmplice de


decisões levadas a cabo por outras pessoas. Um assessora-
mento adequado, contudo, poderia auxiliar o legislador a
estabelecer a ordem de prioridade no atendimento a êsses
compromi~sos, a precisar suas possibilidades de influência
num processo decisório global, a agregar as diversas de-
mandas que recebe, a desenvolver estratégias de aumento
de apoio às suas idéias, etc. Um assessoramento, dêsse tipo,
contudo, deixa de Eer pred0minantemente técnico para
adquirir um cunho mais acentuadamente político.

c- Classificação do Assessoramento Legislativo 1;

De um modo geral podemos afirmar que o assessor3-


mento legislativo, quanto a sua natureza. pode ser clas-
sificado em assessoramento político e assessoramento téc-
nico, segundo a predominância de um ou outro elemento.
O critério de distinção entre êsses dois tipos seria o d3
neutralidade. Enquanto o assessoramento técnico pretende
ser caracterizado por sua neutralidade, por seu apartida-
rismo, visa. enfim, dadas determinadas premissas, a atingir
o resultado mais lógico, independentemente das condiçõe:;
pessoais do assessorado, o assessoramento político é intei-
ramente comprometido com as idéias, perspectivas, com-
promissos, planos e orientação do assessorado e visa a au-
xiliá-lo a alcançar, do modo mais satisfatório, os seus obje-
tivos pessoais no que diz respeito à sua atividade legis-
lativa.
Exemplo de assessoramento do primeiro caso seria o
prestado pela pessoa encarregada de fazer todo o levanta-
mento da legislação pertinente a determinado assunto de
interêsse do asseosorado, levantar os dados necessários, au-
xiliá-lo na elaboração de uma proposição, etc.
Exemplo do segundo caso seria o auxílio que recebe-
ria determinado legislador no atendimento a sua clientela,
na identificação dos centros de poder do contexto legisla-

15 i Ver quadro sôbre a clas.sifi2J.çio d:> usse3scran1t'-nto l?gL;hl~i I:J.


na Apêndice In.
28 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

tivo, na elaboração de estratégias que visassem a diminuir


ou eliminar obstáculos a determinados objetivos, na busca
de apoio político, etc.
Enquanto que a pessoa que presta assessoramento téc-
nico pode não ser amiga do assessorado, nem comungar
das mesmas idéias ou pertencer ao mesmo partido político
que êle, o assessor político é em geral pessoa da sua con-
fiança, compartilhando com êle de uma série de interêsses
e atitudes.
Uma distinção rígida entre êsses dois tipos de asses-
soramento é, contudo. um tanto temerária. Na prática ve-
mos que a mesma pessoa pode ser ao mesmo tempo asses-
sor técnico, quando busca dados objetivos para fundamen-
tar suas sugestões, e assessor político, quando não perde
de vista a opinião do legislador e seus objetivos. A dife-
rença está no grau em que ela se comporta como elemento
técnico ou político.
O assessoramento técnico. dentro do contexto legisla-
tivo. se subdivide ainda em várias especializações: pode
ser jurídico ou regimental, econômico, financeiro, referente
à saúde pública, à educação e ensino, à agricultura. à reda-
ção das decisões, etc.
Quanto ao seu destinatário o assessoramento pode ser:
assessoramento legislatiro do Poder Executivo e Q.'3sessora-
mento legislatiL'o do Poder Legislativo, O primeiro per-
tence ao Poder Executivo e pretende atender a êsse órgão
no exercício de suas funções legisferantes, O segundo, in-
tegrado no Poder Legislativo, visa a aparelhá-lo para o bom
desempenho de sua atividade legislativa, O assessoramento
legislativo do Poder Legislativo se subdivide ainda em
assessoramento ao parlamentar, assessoramento às comis-
sôes, nssessoramento nos líderes e assessoramento à Mesa
ou à Presidência conforme o seu destinatário dentro do
Poder Legislativo,
Também nesse caso uma distinção rígida se faz impos-
sível. Na prática vemos que há intercâmbio entre êsses
órgãos. Êsse intercâmbio é formalmente reconhecido em
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 29

alguns casos. Certos órgãos de assessoramento do Exe-


cutivo, como por exemplo a Assessoria Técnico-Legislativa
do Govêrno do Estado de São Paulo, têm como parte de
suas funções atender aos parlamentares que integram a
sua bancada em Brasília.
Quanto à área em que êle se processa, o assessoramento
pode ser considerado como interno ou externo. É interno
quando o assessorado encontra no âmbito interno do órgão
a que pertence os auxílios necessários para a sua atividade
legislativa. Assim, dentro de uma determinada Câmara
Municipal, por exemplo, o vereador que pudesse contar
com o auxílio de um órgão de assessoramento a ela per-
tencente, estaria se utilizando de um assessoramento
legislativo interno. No mesmo caso enquadrar-se-ia o auxí-
lio em matérias legislativas prestado por um órgão da admi-
nistração estadual ao governador. Ê externo, quando os
legisladores se utilizam de outras fontes de auxílio que não
pertençam ao seu órgão. Uma consulta a um jurista de
renome, a utilização de instituições de pesquisa, certos au-
xílios prestados por grupos de interêsse, a busca de infor-
mações e pareceres do Legislativo no Executivo, estariam
enquadradas nesse tipo de assessoramento.
Quanto ao mecanismo através do qual o assessoramento
é obtido, podemos classificá-lo de assessoramento formal
ou informal. Seria formal quando obedecesse a processos
institucionalizados. O assessoramento informal seria aquêle
em que os auxílios são prestados, graciosamente ou através
de remuneração, em caráter temporário ou permanente,
por pessoas ou organizações que não tenham como função
formalmente reconhecida a de prestar assessoramento aos
legislador~.
Como exemplo do primeiro caso poderíamos citar o
assessoramento prestado por funcionários das assembléias
ou do govêrno, investidos flO cargo de assessôres legislati-
vos, os pedidos de informação feitas pelo Legislativo ao
Executivo, as pesquisas realizadas para o Legislativo pelas
universidades através de convênios, etc.
Como exemplo de assessoramento informal incluiría-
mos o prestado por funcionários da própria organização
30 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

aos quais não compete. porém, asseswrar os legisladores


em qualquer fase da elaboração legislativa, o prestado por
amigos, por especialistas consultados diretamente pelos le-
gisladores, o fornecido informalmente por funcionários do
Executivo aos parlamentares, etc.
Tanto o assessoramento formal como o informal po-
dem, portanto, processar-se internamente ou externamente
à organização. O assessoramento informal é mais difícil de
ser analisado, embora pareça estar sempre presente, dadas
as características de fluidez, intermitência e ausência de
documentação que, em geraL o acompanham.
Quan.to ao processo de elaboração legislativa o asses-
soramento pode ainda ser considerado como referente ao
conteúdo, à forma ou à tramitação (ou processo) propria-
mente dito das decisões.
Refere-se ao conteúdo quando visa a contribuir com in-
formações, pesquisas, estudos que digam respeito princi-
palmente à matéria, ao conteúdo, de determinada elabora-
ção legislativa. A,sim o levantamento de dados estatísticos
sôbre a composição sócio-econômica de determinada re-
gião, a pesquisa bibliográfica sôbre determinado assunto,
a verificação de constitucionalidade de determinado pro-
jeto, etc., poderiam ser considerados como de assessora-
mento de conteúdo.
Refere-se à forma quando se preocupa mais com a
apre:::entação correta do ponto de vista linguístico e jurí-
dico, com a clareza e lógica da apresentação das decisões
legislativas. Um assessoramento técnico-legislativo fide-
quado evita incorreções de linguagem, lacunas, falta de
clareza e impropriedades jurídicas nas decisões'egislativas.
Refere-se o assessoramento à tramitação quando pro-
cura auxiliar os legisladores e principalmente os responsá-
veis pela observância dos trâmites legislativos nos proble-
mas que digam respeito a prazos, distribuição de processos,
organização das sessões em plenário, etc. A responsab!-
lidade sôbre essa matéria é, em geral, dentro do Poder
Legislativo. atribuída à Mesa que para tanto dispõe de
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 31

assessôres especializados principalmente em assuntos re-


gimentais. Assessoramento dessa espécie pode, contudo,
ser também fornecido aos demais legisladores interessados
na fiscalização da observância das normas pela Mesa e
para alertá-los sôbre o problema de prazos, licença para
se fazerem ouvir, etc.
Quanto a seu aspecto econômico, o assessoramento
pode ser remunerado ou gratuito. É remunerado quando é
obtido através de uma retribuição pecuniária pela função
de assessoramento exercida. É gratuito quando a pessoa
ou órgão que assessora o faz em virtude de laços de ami-
zade, de interêsses outros que não o de receber pagamento
imediato pelo auxílio.
No primeiro caso se incluem todos os assessôres que
recebem pelos cofres públicos e todos aquêles que cobram
pela consulta, estudo ou pesquisa realizada diretamente
ao legislador ou à organização. Através do assessoramento
gratuito os legisladores obtêm as informações e consultas
desejadas sem que para tal tenham que desembolsar qual-
quer quantia.
O assessoramento gratuito, em geral, se insere numa
rêde mais complexa de interações. Há quase sempre inte-
rêsse em se prestar o assessoramento aos legisladores. As
motivações são as mais variadas. O que exerce a função
de assessoramento pode estar motivado principalmente pe-
la vontade de colaborar com os órgãos públicos no interês-
se da comunidade. Pode pretender. através do auxílio pres-
tado, conseguir determinados objetivos como uma troca de
favores. Pode agir em virtude de laços afetivos. Pode de-
sejar obter um saldo positivo a ser utilizado no momento
oportuno. Pode sentir-se lisonjeado pela consulta, encará-
la como uma honra, etc.
Quanto ao tempo em'olvido, o assessoramento pode
ser considerado estável ou eventual. É estável quando
o assessor está, por um período relativamente longo, à
disposição do as~essorado. O seu auxílio não se circuns-
creve a ajudá-lo a resolver apenas um problema especí-
fico. É eventual quando funciona numa base ad hoc. Uma
CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

vez resolvido o problema, ou parte dêle, os vínculos que


ligavam o assessor ao assessorado se dissolvem. Os órgãos
de assessoramento funcionam numa base estável. As con-
sultas a pessoas ou instituições estranhas aos órgãos legis-
lativos consistem, em geral, num assessoramento de tipo
eventual embora essas pessoas e organizações possam ser
chamadas mais de uma vez, em caráter intermitente, a
prestarem assessoramento.
Quanto [) se ouvir assessôres durante algumas fases da
elaboração legislativa, êsse assessoramento pode ser clas-
sificado de compulsório ou facultativo. Embora a função
de assessoramento, dada a sua natureza consultiva, pareça
não se coadunar com uma obrigatoriedade de consulta a
órgãos ou assessôres, essa incompatibilidade é apenas apa-
rente.
A modalidade de assessoramento legislativo compulsó-
rio existe em pelo menos uma das nossas casas legislativa
(na Câmara Municipal de São Paulo, que estabelece no
artigo 174 do seu Regimento Interno a obrigatoriedade de
todos os processos passarem pela assessoria Técnico-
Legislativa antes que sejam destinados às comissões). O
fato de que o parecer do assessor seja condição s+ne qua
non para certas decisões legislativas não tira ao processo
a sua característica fundamental que é a de ser consultivo.
Os pareceres podem ser aceitos ou rejeitados. A decisão
final continua pertencendo aos legisladores.
O assessoramento facultativo é aquêle que depende
da iniciativa ou da aprovação dos legisladores para que
entre em ação e produza seus resultados.

D - Organização do Assessoramento Legislativo

As casas legislativas e os órgãos executivos ctivergem~


em geral, quanto às soluções dadas ao assessoramento legis-
lativo institucionalizado.
Dentro do Poder Legislativo as soluções mais comuns
são:
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 33

1) comissões parlamentares, integradas pelos próprios


parlamentares, e que se encarregam de assessorar o plená-
rio sôbre determinados assuntos;
2) órgão central encarregado de prestar todo o asses-
soramento necessário aos parlamentares, às comissões téc-
nicas e à Mesa (assessoram também. em geral, a Secre-
taria) em assuntos administrativos;
3) dois ou mais órgãos centrais que dividiriam entre
si as responsabilidades de assessoramento, cada um dêles
ocupando-se com uma determinada ordem de problemas
legislativos. como por exemplo: a) assuntos regimentais;
b) assuntos predominantemente jurídicos; c) assuntos re-
ferentes ao conteúdo especializado de determinadas propo-
sições. etc.;
4) assessôres ou órgãos de assessoramento diretamente
ligados a cada uma das diversas comissões parlamentares,
auxiliando-as nas suas áreas de especialização;
5) assessôres ligados diretamente aos parlamentares
em caráter mais ou menos permanente (assessoramento
individual ao parlamentar):
6) convemo com universidades ou outras organiza-
ções que prestariam o auxílio quando solicitadas pelo Po-
der Legislativo;
7) borrowed staff, isto é, assessoramento do Executivo
pôsto à disposição do Legislativo;
8) possibilidade de contratação de especialistas ou
organizações para prestação de serviços específicos;
9) organização de um Conselho composto de figuras
eminentes da sociedade que exerceria. pro honore, funções
de assessoramento legislativo.
As soluções ecléticas, em'olvendo duas ou mais des-
sas possibilidades, são freqüentemente encontradas.
Dentro de Poder Executi\'o há, também, tendências
para se institucionalizar o processo de assessoramento legis-
34 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

lativo através da criação de assessorias legislativas, como


órgãos autônomos, Alguns executivos, contudo, ainda não
institucionalizaram o mecanismo de assessoramento legis-
lativo através da criação de órgãos especificamente desti-
nados a essa função. Valem-se, para tal fim, dos assessôres
diretos do Chefe do Executivo e dos demais órgãos da
administração. Há, em geral. a possibilidade de contrata-
ção de serviços externos.

E - As Comissões Pm'lamentares como órgãos de


assessoramento
Tôdas as nossas casas legislativas, em virtude das ne-
cessidades de divisão de trabalho e de especialização, vêm
adotando o ~istema das comissões parlamentares.
A essas comissões, integradas por parlamentares, cabe
estudar e emitir pareceres sôbre os assuntos submetidos
a seu exame. Funcionam. portanto, como órgãos de asses-
soramento do plenário, descobrindo fatos, analisando-os e
opinando sôbre a conveniência ou não das medidas pro-
postas.
De um modo geral as comissões parlamentares podem
ser classificada sem dois grupos: as comissões permanen-
tes" que subsistem através das legislaturas e que são orga-
nizadas em tôrno de áreas de especialização e as comissões
ad hoc (temporárias ou especiais) organizadas para tratar
de um assunto específico e que se extinguem. uma vez
alcançados seus objetivos.
Às comissões permanentes compete também, além de
opinar sôbre as matérias de sua especialização a elas sub-
metidas, promover estudos e pesquisas e investigações sôbre
problemas dê interêsse público relativos à sua competên-
cia e tomar a iniciativa na elaboração de proposições liga-
das ao estudo de tais problemas.
Em virtude de disposições regimentais. na constitui-
ção das comissões deve-se atender. tanto quanto possível,
à representação proporcional dos partidos dentro da Cã-
mara Municipal. Assembléia. Câmara dos Deputados e
Senado.
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 35

o número de comissões permanentes. suas áreas de


especialização e o número dos parlamentares que as inte-
gram variam nas casas legislativas estudadas:
no Senado Federal são 18 as Comissões Permanentes e
os membros que as compõem variam entre 5 e 11. São as
seguintes: Diretora, composta do Presidente. Vice-Presi-
dente, de 4 Secretários e de 3 Suplentes de Secretários
(9 membros): de Agricultura (7 membros); de Constitui-
ção e Justiça (11 membros) : do Distrito Federal (7 mem-
bros) : de Economia (9 membros); de Educação e Cultura
(7 membros): de Finanças (15 membros): de Indústria e
Comércio (7 membros) : de Legislação Social (9 membros);
de Minas e Energia (7 membros); do Polígono das Sêcas
(7 membros) ; dos Projetos do Executivo (9 membros); de
Redação (5 membros); de Relações Exteriores (11 mem-
bras); de Saúde (5 membros): de Segurança Nacional (7
membros); do Serviço Público Civil (7 membros); e de
Transportes. Comunicações e Obras Públicas (5 membros) :
na Cámara dos Deputados há 15 Comissões Permanen-
tes que são compostas de acôrdo com a seguinte escala
decrescente: 1) Comissão de Orçamento (53 membros):
Comissões de Constituição e Justiça. de Relações Exterio-
res. de Economia. de Finanças (31 membros cada) ; Comis-
sões de Agricultura e Política Rural. de Fiscalização Fi-
nanceira e Tomada de Contas. e de Minas e Energia (23
membros cada) : Comissões de Educação e Cultura, de Le-
gislação Social. de Saúde. de Segurança Nacional, de Ser-
viço Público. de Transportes. Comunicações e Obras PÚ-
blicas (21 membro3 cada): Comissão de Redação (5
membros) :
já na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo
há 10 Comissões Permanentes e o número de membros
que as compõem varia entre 15 e 7. São as seguintes: de
Constituição e Justiça (15 membros); de Economia (15
membros) ; de Finanças (15 membros) ; de Assistência So-
cial (10 membros) : de Educação e Cultura (lO membros);
de Divisão Administrativa e Judiciária (lO membros); de
Obras Públicas. Transportes e Comunicações (10 mem-
bras); de Saúde e Higiene (10 membros): de Serviço So-
cial (lO membros): e de Redação (7 membros):
36 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

na Assembléia Legislativa do Estado da Guanabara há


apenas 5 Comissões Permanentes. O número de membros
que as compõe é fixado anualmente. Em 1966 êsse número
foi fixado em 7 para cada Comissão. As Comissões Per-
manentes são as seguintes: de Constituição e Justiça; de
Economia: de Orçamento e Finanças; de Educação. Saúde,
Trabalho e Assistência Social: e de Administração e Re-
dação;
na Câmara Municipal de São Paulo há 9 Comis-
sões Permanentes: a de Justiça (7 membros); a de Finan-
ças e Orçamento (7 membros); a de Urbanismo, Obras e
Serviços Públicos (7 membros); a de Serviços de Utili-
dade Pública (7 membros); a de Higiene, Saúde Pública
e Assistência Social (7 membros) ; a de Lavoura, Indústria
e Comércio (5 membros) ; a de Assuntos ligados ao Serviço
Público (5 membros); a de Educação e Cultura (5 mem-
bros). e a de Redação (5 membros) .
PARTE 11

ANÁLISE INSTITUCIONAL
3 - O SENADO FEDERAL *

A - Órgãos com funções de assessoramento no Senado


Federal

Além das comissões permanentes e eSpeCiaIS, integra-


das pelos próprios parlamentares, que funcionam como
assessôres do Plenário, o Senado Federal tem, na sua Se-
cretaria, vários órgãos desempenhando precipuamente fun-
ções dessa natureza.
São êles:
1 - Secretaria-Geral da Presidência.
2 - Diretoria da Assessoria Legislativa.
3 - Diretoria de Informações Legislativas.
4 - Diretoria da Biblioteca.
(') A prIncipal personalidade analisada neste capítulo, Dr. Isaac
Brown, faleceu em 1966, quando a redação desta monografia
já estava concluida. Pode parecer, à primeira vista, que a
análise do papel do Dr. Isaac na Secretaria do Senado esteja
prejudicada, em vista do ocorrido. Tal impressão, porém, deve
ser afastada, pois um dos objetivos centrais do capítulo era en-
focar o fenômeno comum em muitas organizações - a predo-
mináncia do indivíduo sôbre o sistema. E, em têrmos de de-
senvolvimento institucional do assessoramento do Senado, o Dr.
Isaac exerceu, pela SUa centralidade, grande prestígio e poder
pessoal, moldando, com suas características pessoais, o papel da
Secretaria.
40 CADER~OS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Secretaria Geral da Presidência

A Secretaria-Geral da Presidência é um dos órgãos


do Serviço da Presidência que, por sua vez, integra os
Serviços da Mesa. A Secretaria-Geral da Presidência é
dirigida pelo Secretário Geral da Presidência, cargo que
vinha sendo ocupado desde 1946 pelo médico Isaac Brown,
já falecido.
Compete à Secretaria-Geral da Presidência assessorar
a Mesa na direção dos trabalhos do Plenário e nos atos
Oficiais da Presidência. Para tanto, dispõe de arquivo,
fichários e serviço de documentação.
Como o Presidente do Senado desempenha um papel
político da maior relevância, afirmou o Dr. Isaac Brown,
quando por nós entrevistado, que qualquer pronuncia-
mento seu teria que ser estritamente pessoal. No que diz
respeito, contudo, à direção dos trabalhos de rotina de
plenário ou à matéria regimental, o Secretário-Geral fun-
ciona como seu assessor direto, assistindo-o pessoalmente
na maioria das vêzes.
A Secretaria-Geral da Presidência não conta propria-
menta com um quadro de assessôres. Todos os seus servi-
dores são funcionários administrativos de carreira, na oca-
sião em número de dezesseis. o que, segundo o entrevis-
tado, era insuficiente para atender às necessidades do
órgão.
O Dr. Isaac Brown contava com uma assistente que,
embora fôsse Bacharel em Direito, não ocupava cargo téc-
nico de assessoramento. Essa pessoa auxiliava-o nos traba-
lhos do plenário.
A Secretaria Geral encarrega-se ainda de realizar tô-
das as pesquisas solicitadas pelo Presidente da Casa. Cuida
também de grande parte da correspondência do Presidente
e do relatório da Presidência que consiste no registro diá-
rio de tudo que se passa em plenário.
Entrevistas posteriores com os parlamentares e outros
altos funcionários administrativos deram-nos a medida
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 41

aproximada do poder de influência do Dr. I~aac Brown


nos trabalhos do Senado. Pessoa que gozava de muito pres-
tígio entre os senadores, como veremos adiante, teve seu
nome ligado a uma série de inovações pelas quais o Se-
nado tem passado. Com a sua colaboração, sendo Presi-
dente do Senado o Senador Moura Andrade. foram criados
o Serviço de Informação Legislath'a, mais tarde Diretoria
de Informação Legislativa, a Revista de Informação Le-
gislativa, o Serviço Gráfico do Senado. Cuidou, inclusive
da organização de um arquivo áudio-visual composto de
fotografias, filmes, slides e também das gravações dos
discursos mais importantes proferidos na Casa.

Diretoria da Assessoria Legislativa


A Diretoria de Assessoria Legislativa é órgão subor-
dinado à Vice-Diretoria dos Serviços Legislativos.
Reza o artigo 66 do Regulamento da Secretaria (Reso-
lução n.o 6/60 e suas alterações) :
uA Diretoria da Assessoria Legislativa tem por finali-
dade prestar assistência técnica à Mesa, às Comissões, aos
Senadores e aos órgãos da Secretaria, competindo-lhe:
a) estudar, de modo geral, a atividade legislativa do
Congresso Nacional, com o fim de esclarecer os órgãos téc-
nicos do Senado, sôbre as matérias em curso;
b) estudar, de modo especial, os projetos submetidos
às Comissões, a fim de sôbre êles prestar aos respectivos
relatores e demais componentes dêsses órgãos a coopera-
ção de que necessitarem;
c) proceder, por iniciativa própria, ou mediante so-
licitação dos senadores ou das comissões, a estudos e pes-
quisas sôbre determinados assuntos, para a eventual ela-
boração de projetos de lei a serem apresentados ao Senado;
d) examinar as sugestões enviadas ao Senado, à Mesa
ou aos senadores e por êstes encaminhadas ao seu estudo,
informando sôbre a conveniência e oportunidade de serem
propostas ou adotadas as medidas nelas alvitradas;
42 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

e) realizar outros estudos e pesquisas por determi-


nação da Mesa;
f) reunir-se, periodicamente, no conjunto de seus in-
tegrantes, para o exame de proposições e assuntos legisla-
tivos que, pela sua natureza, o exigirem."
Como se depreende da leitura dêsse artigo a Asses-
soria pode ter como clientes tanto os senadores individual-
mente, como a Mesa, as comissões e os órgãos da Secreta-
ria. A consulta a êsse órgão é sempre facultativa.
Integram seu quadro 14 assessôres dos quais dois en-
contram-se afastados, sem ônus para os cofres públicos. O
cargo é isolado, de provimento efetivo e a nomeação deve
ser feita através de concurso entre candidatos que possuam
diploma de curso superior (artigos 69-IV, 75-V, 80 - pa-
rágrafo único do Regulamento da Secretaria - 1946). Pre-
valece para êsses servidores o regime de tempo integral e
dedicação exclusiva.
Segundo informações prestadas pelo Diretor da Asses-
soria, Dr. Paulo Nunes Augusto de Figueiredo, há uma
constante preocupação por parte do Senado com o treina-
mento e aprefeiçoamento desses assessôres. O orçamento
prevê, inclusive, verbas para viagens de estudo e para a
compra de livros.
Quanto ao tipo de formação e áreas de especializaçã'J
dos atuais ocupantes do cargo. vemos que nove são ba-
charéis em Direito com diferentes especializações: Di-
reito Constitucional, Direito Administrativo, Direito So-
cial, Direito Penal e matéria financeira e econômica, Direito
Eeleitoral, Direito Civil, e assessoramento de Imprensa. Um
é formado em Direito e Economia. Um outro graduou-se
pela Faculdade de Filosofia do Rio de Janeiro e especiali-
zou-se em matéria educacional. O último, engenheiro, vem-
se ocupando principalmente dos problemas que digam res-
peito a Transportes e Obras Públicas.
A Assessoria conta ainda com nove funcionários admi-
nistrativos.
o ASSESSOR.-\MENTO LEGISLATIVO 43

Diretoria de Informação Legislativa.

Em 1963, pela Resolução número 20 foi organizado,


sob a inspiração e direção do Secretário-Geral da Presi-
dência, um Serviço de Documentação com o aproveita-
mento de servidores já existentes no Senado.
Êsse nome foi logo depois mudado para Serviço d~
Informação Legislativa.
Houve, na época, um movimento por parte das bibli.>
tecárias reivindicando a exclusividade de serviços dess'i
natureza. Foram vencidas em seu protesto.
Ao cabo de três anos êsse Serviço de Informação foi
transformado em Diretoria. Compete-lhe, atualmente:
I - organizar e manter atualizados fichários e documen-
tários sôbre assuntos de interêsse para a elaboraçãu
legislativa, tanto referentes à legislação propria-
mente dita (proposições em curso na Câmara e Se-
nado: legislação da União, do Estado e do Distrito
Federal; legislação estrangeira; decretos do Exe-
cutivo Federal, etc.), quanto referentes a trabalho3
técnicos e literários (artigos e obras doutrinárias
publicados em livros, monografi3s, revistas e jor-
nais; recomendações e resoluções de congressos,
conferências, simpósios e seminários sôbre assun-
tos que possam interessar à tarefa legi~lativa da
União. etc.):
II - preparar e fornecer aos Senadores, às Comis~ões, à
Assessoria Legislativa, ao Arquivo e à Biblioteca,
ementários, resumos, cópias e traduções de artigos
de interêsse para a elaboração legislativa da União
e para os trabalhos do Congresso Nacional, public3.-
dos em jornais, revistas, monografias e livros;
III - editar revistas, boletins, fascículos e outras publica-
ções sôbre matérias constantes dos fichários e do-
cumentários elaborados;
44 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

IV - manter intercâmbio com os órgãos de document3-


ção ou similares. nacionais e estrangeiros para a
permuta de dados, documentos ou informações;
V - realizar pesquisas e levantamentos a pedido dos
Senadores, das comissões e da Assessoria Legis!a-
tiva;
VI - acompanhar. pelos meios adequados. a tarefa d8s
casas legislativas estrangeiras fazendo os registros
e documentários dos assuntos nelas tratados, que
p05sam interessar ao conhecimento do Senado. *
Especial menção merece a Revista de Informação Le-
gislativa que êsse órgão publica, divulgando artigos dou-
trinários, documentos, trabalhos de pesquisas relacionados
com a elaboração legislativa. Foram publicados por exem-
plo, trabalhos sôbre "O voto do analfabeto face às Consti-
tuições Republicanas do Brasil"; "O auxílio da União aos
Estados nos casos de calamidade pública"; "O negro e os
direitos civis nos Estados Unidos"; "A imprensa na evolu-
ção política do Brasil" e outros.
Dois tipos de atividades desempenha essa Diretoria:
atividades consideradas inespecíficas, exercidas por funcio-
nários de cargos e carreiras não privativos, e atividades
específicas, atendidas por pesquisadores e tradutores dis-
tribuídos êstes pelos seguintes cargos:
Diretor (1)
Redator (2)
Orientador de Pesquisas Legislativas (15)
Os cargos, contudo, não foram todos ainda preenchi-
dos. Como se pretendia utilizar o pessoal da casa, fato que
realmente se deu, não se exige dêsse pessoal o requisito
de curso universitário. Aos poucos vai se procurando atrair

(• ) Projeto de Resolução. de 1966 - Dispõe sôbre a estrutura de-


fInItiva do Serviço de Informação Legislativa e do Serviço
Gráfico do Senado Federal e dá outras pr('vidências.
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 45

para êsse órgão pessoal de nível superior que já seja fun-


cionário do Senado.
Como a dotação orçamentária não prevê verba especial
para a contratação de serviços técnicos especializados ao
nível de assessoramento tem-se adotado, quando alguma
informação se faz necessária no Senado, o artifício da
contratação de serviços para a Revista de Informação Le-
gislativa.

DiTetoria da Biblioteca

Esta Diretoria subordina-se também à Vice-Diretoria


de Serviços Legislativos.
Há bastante intercâmbio entre esta Biblioteca e a da
Câmara dos Deputados. Cogita-se até da unificação de am-
bas as bibliotecas numa central que deveria atender tanto
ao Senado quanto à Câmara dos Deputados.
Integram essa Diretoria os seguintes órgãos:
I - Seção de Classificação e Catalogação:
II Seção de Referência Legislativa;
III Seção de Administração.
A Seção de Classificação e Catalogação, além de suas
atribuições específicas de registrar, classificar, catalogar
todo o material bibliográfico. livros, folhetos e publicações
periódicas entrados na Biblioteca, de zelar, através da or-
ganização de listas, pela constante atualização de seu acervo
e de divulgar as obras disponíveis, cuida. também, de aten-
der às consultas referentes a obras e periódicos e de fazer
levantamentos bibliográficos referentes a determinados
assuntos solicitados pelos parlamentares e pelos demais
órgãos do Senado. As bibliotecárias empenham-se em aten-
der de maneira bastante eficiente às solicitações, muitas
vêzes fazendo chegar às mãos dos que consultam a Bi-
blioteca a bibliografia solicitada ou sugerida com anota-
<;ces indicativas das páginas dos li\TOS em que o assunto
em foco possa ser encontrado.
46 C ADER,",OS DF. ADMINISTRAÇÃO prBUCA

A Seção de ReferÊncia Legislativa objetiva prestar


aos consulentes todo o tipo de informação que diga res-
peito à legislação do país e suas interpretações. Dispõe
para tanto de fichários de legislação por assunto, por or-
dem numérica. ementários, volumes de leis, decretos, re-
gulamentos, portarias e circulares da União e do Distrito
Federal, volumes do Diário OficiaL do Diário do Congresso
Nacional e dos Anais de ambas as casas do Congresso e
fichários de jurisprudência, tanto administrativa quanto
dos órgãos do Poder Judiciário da União.
A Seção de Administração se encarrega do serviço de
empréstimo, da aquisição de novas obras, da comunica-
ção com outras bibliotecas. da conservação das obras. além
dos serviços administrativos da Diretoria.
Embora a Diretoria de Biblioteca se destine a atender
precipuamente aos Senadores. às Comissões do Senado e
à Assessoria Legislati\'a. o acesso às suas facilidades está
também aberto a pessoas estranhas ao Senado. a juízo do
Diretor. Vários deputados con,ultam t am bém essa Biblio-
teca.
o Senado Federal. segundo nossas observações. apre-
senta. no momento. algumas peculiaridades com referênCIa
ao assessoramento legislativa. A Secretaria-Geral da Pre-
sidência. órgão a quem compete assessorar o Presidente do
Senado e a Mesa, parece desempenhar no Senado Federal
função muito mais importante do que seus correlatos nas
demais casas legislativas analisadas. Tal fato parece estar
correlacionado com a pes,:oa do Dr. Isaac Brown, que du-
rante muito tempo foi o Secretário-Geral do Senado. Além
de sua tarefa principal de assessoramento ao Presidente
e à Mesa, o Dr. Isaac Brown. devido a suas características
e vínculos pessoais, teve a sua rêde de influência bas-
tante dilatada. Entrevi"tas com parlamentares e outros fun-
cionários administrati\'os indicam que a Secretaria-Geral.
na pessoa de seu dirigente, era também procurada, com o
intuito de obtenção de informações e orientação, por sena-
dores outros que não os integrantes da Mesa. Além disso
os laços que prendiam o Secretário-Geral à in~tituição de
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 4í

outros órgãos no Senado, a Diretoria de Informação e o


Serviço Gráfico por exemplo, favoreciam sua participa-
ção no proce5so decisório legislativo.
O Senado. consciente das necessidades de assessora-
mento legislativo, criou um órgão central de assessora-
mento (Diretoria de Assessoria Legislativa) visando a aten-
der aos senadores individualmente, às Comissões e aos
órgãos da Secretaria. Os assessôres, para que possam me-
lhor desempenhar suas funções são distribuídos em diver-
sas especialidades. A êles compete opinar sôbre o aspecto
técnico-legislativo, jurídico e especializado dos diversos
assuntos que lhes são submetidos.
A Diretoria de Informação Legislativa e a Diretoria
da Biblioteca. esta através da Seção de Referência Legis-
lativa, parecem prestar o mesmo tipo de serviço no que
se refere a informações sôbre a legislação vigente no país,
decretos e outras regulamentações expedidas pelo Poder
Executivo da União e do Distrito Federal. Ambas dis-
põem de fichários e arquivos próprios sôbre matérias de
legislação e correlatas. Além disso ambas se preocupam
em informar o Senado das obras e assuntos que possam
lhe interessar. Um estudo mais detalhado dêsses órgãos.
das funções desempenhadas pelos seus funcionários. do
tipo de arquivos e documentação que possuem. do con-
teúdo dos mesmos, da clientela a quem atendem poderia
ser ilustrativo de possíveis áreas de duplicação de serviços.

B - Os senadores
Através da análise e interpretação de dados obtidos
em entrevistas procuraremos fornecer informações a res-
peito de oito senadores dentre os sessenta e seis que inte-
gram o Senado Federal e de suas relações com o meio
ambiente: qual a importância que atribuem ao assessora-
mento; qual o conhecimento que têm a respeito dos órgãos
que desempenham, no Senado. essa função; qual o uso que
dêles fazem. qual a sua opinião sôbre êsses órgãos; que
sugestões têm a oferecer para o seu aprimoramento; de
que tipo de assessoramento informal ou externo êles se uti-
48 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
-~------

lizam, e qual seria, para êles, a organização ideal do asses-


soramento legislativo.

1 - Importância do assessoramento

1 - Necessário 8

I.:! - Necessário para os legisladores que


não têm preparo

1 :i Indesejável

I TOTAL 8

Todos os oito Senadores entrevistados consideram que


o assessoramento legislativo é de vital importância para o
bom andamento dos trabalhos do Poder Legislativo. Para
justificar as opiniões emitidas dois fatôres foram. com
maior freqüência, mencionados:
a) a grande diversidade e complexidade dos assun-
tos tratados: nenhum legislador está igualmente bem pre-
parado para enfrentar tôda a extensa gama dos problemas
de elaboração legislativa. Um dos entrevistados acrescenta
que a necessidade de assessoramento legislativo torna-se
ainda mais patente quando se leva em consideração que o
Senado, como tôda casa legislativa, é um órgão represen-
tati\'o e portanto heterogêneo. Embora o assessoramento
seja importante e necessário para todos os parlamentares,
êle o é ainda mais para certos legisladores, de menor cul-
tura. do que para outros;
b) o tempo: o legislador não dispõe de todo o tempo
necessário para uma elaboração legislativa eficaz e racio-
nal. O assessor tem papel fundamental nas fases de pes-
quisa, coleta de dados e informações, enfim no levanta-
mento e organização de todos os elementos necessários ao
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 49

processo legislativo. Três dos senadores entrevistados, con-


tudo, acharam por bem enfatizar que a decisão final cabe
sempre ao representante político e não ao assessor.
A comparação entre a necessidade e disponibilidade
de assessoramento, do Legislativo e assessoramento do Exe-
cutivo foi feita por dois dos entrevistados. Assim se ma-
nifestaram: " ... O Poder Legislativo está em desvantagem
em relação ao Executivo. Não dispõe aquêle dos órgãos
técnicos do Executivo embora tenha que lidar com os mes-
mos problemas"; "O assessoramento é mais importante no
Poder Legislativo do que em qualquer outro órgão. Uma
casa legislativa reflete todos os assuntos, daí ser êsse asses-
soramento o mais complexo.Fora do Legislativo êle pode
ser maÍs específico ... "
2 - Conhecimento pelos parlamentares dos órgãos do
Senado que prestam assessoramento (número de
vêzes que o órgão foi mencionado)

2.1 - Assessoria Legislativa 6

2.2 - Biblioteca 7

2.~ - Informação Legislativa 1


.~ - - - - -- - - - - -

2 _4 - Secretaria da Presidência 1

2.5 - Grupo de Isaac Brown 1


----------------- -----~--I-- -

2 _ti - Diretoria de Comissões 1


---- ---1-------

2.7 - Não sabe 1

(Total de Senadores que se manifestaram: 8)


50 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Quase todos os senadores entrevistados (sete em oito)


incluiram na sua lista de órgãos de assessoramento a Bi-
blioteca. Entre êsses, quatro mencionam conjuntamente a
do Senado e a Câmara de Deputados.
A Assessoria Legislativa foi citada por seis dos entre-
vistados, nem sempre, contudo, pelo seu nome regulamen-
tar. Assim, um dos senadores a ela se refere como Assesso-
ria urídica. Outro a chama de Assessoria Parlamentar.
A Diretoria de Informação Legislativa, ainda sob a
nomenclatura de Serviços de Informação Legislativa, foi
lembrada apenas por um dos entrevistados, que a ela se
refere em têrmos bastante elogiosos: " ... Há ainda o Ser-
viço de Informação Legislativa", diz êle, "excepcionalmente
organizado, que faz pesquisas, cuida da parte de técnic:,
legislativa e faz trabalhos de cunho jurídico".
Outro parlamentar, contudo, citou a existência no Se-
nado de "um grupo liderado pelo assessor da Mesa. Isaac
Brown, que Está se encarregando de pesquisas e que tem
carta branca". Pode perfeitamente ser, dados os vínculos
já mencionados do Dr. Isaac Brown com a Diretoria de
Informação Legislativa. que o senador se estivesse refe-
rindo a êsse órgão.
A Secretaria da Presidência foi também incluída entre
os órgãos de assessoramento da Casa apenas uma vez.
"Aliás", acrescentou o senador entrevistado, "na minha
opinião o Secretário da Presidência é o maior assessor do
Senado - homem cauteloso, conhece todo o movimento
da casa. Escreveu o Manual dos Senadores que é um re-
sumo de tudo" .
A Diretoria das Comissões foi também citada, no nosso
entender indevidamente, como órgão de assessoramento do
Senado. Afirma o senador que assim se manifestou que a
"Diretoria das Comissões tem assessôres que atuam nas di-
ferentes comissões técnicas". Em que pêsem às disposições
do Regulamento da Secretaria e as evidências colhidas em
outras entrevistas, os funcionários por ventura postos tem-
poráriamente à disposição das Comissões Técnicas exercem
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 51

funções burocráticas de secretaria e não de asseSsora-


mento. ':'
Um dos entrevistados declarou não saber da existên-
cia de órgãos de assessoramento no Senado. Diz êle: "Não
tenho conhecimento. O que existe talvez sejam dois ou
três assessôres mas não constituem um corpo de assessôres".
Como se vê, escapam a alguns senadores as possibilida-
des de auxílio com que poderiam contar.
Outro aspecto interessante do assessoramento no Se-
nado, que transpareceu em algumas das entrevistas men-
cionadas, foi o do personalismo ligado à figura do Secre·
tário da Presidência. Dois, dentre os oito entrevistados.
referiram-se a êle expressamente.
O fato de que metade dos entrevistados ligam, na sua
enumeração, a Biblioteca do Senado à da Câmara parece ser
um indicativo de que existe realmente intercâmbio entre
as duas bibliotecas ou, pelo menos, que a Biblioteca da
Câmara atende. também. a um grande número de senadores.

3 - Utilização dos órgãos de assessoramento da Casa

J.l - Nunca tomam a iniciativa de consultá-los 3

J.2 - Consultam quando não podem resolver


por si só

J.:> - Recorrem freqüentemente a êles 3

J.4 - Prejudicada

TOTAL 8

(' ) Vide artigos 43, 44 e 45 do Regulamento da Secretaria IRes',·


lução 6 '60 e suas alterações), Brasília - 1964.
52 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Três dos senadores, através de suas entrevistas, afir-


mam não contar, via de regra, com o assessoramento da
Casa na elaboração de seus projetos e pareceres. A razão
mais comumente apontada para tal procedimento, longe
de se relacionar com uma visão negativa do processo de
assessoramento em si, liga-se a problemas por êles atribuí-
dos aos órgãos de assessoramento. A deficiência de pes-
soal (número limitado de assessôres para atender a todos
os parlamentares e órgãos da Casa) é o motivo mais comu-
mente apontado. Assim se manifestam: "No meu caso ela-
boro 99'1c dos meus pareceres. Dos assessôres legislativos
os melhores estão fora, convocados para os Ministérios";
"A Assessoria do Senado é limitada por causa da falta de·
assessôres. A comissão de que faço parte não recorre sis-
temàticamente a ela"; "No momento nós mesmos fazemos
a identificação dos problemas e a coleta dos dados neces-
sários. Em grande parte são os próprios parlamentares
que cuidam da elaboração. Vez por outra tenho oportuni-
dade de me valer de um elemento de capacidade, às vêzes.
funcionário que não tem o título de assessor".
Na segunda categoria foi incluído apenas um senador
que afirma: "Às vêzes, por deficiência de tempo, os con-
gressistas recorrem à Assessoria Técnica existente para a
elaboração de seus pareceres ... Nas Comissões, em geral,
os parlamentares emitem pessoalmente pareceres a res-
peito dos projetos de lei que lhes são distribuídos. Às vê-
zes utilizam a Assessoria".
Três dos entrevistados parecem contar, com freqüên-
cia, com os auxílios prestados pelos órgãos de assessora-
mento da Casa. Em resumo, manifestam-se da seguinte
forma: "O parlamentar formula os projetos e manda para
a Assessoria que faz o trabalho crítico; "Além dos asses-
sôres do Senado, disponho também, dos técnicos dos Minis-
térios"; "O assessor realiza 70% do trabalho do legislador".
Houve uma resposta prejudicada.
Como se vê, a maioria dos entrevistados prefere resol-
ver, por conta própria ou com auxílios externos, os pro-
blemas referentes à elaboração legislativa, quer ajam como
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 53

legisladores individualmente, quer como relatores de pro-


jetos nas comissões. Mesmo com referência aos que foram
incluídos na terceira categoria, - recorrem freqüentemente
aos órgãos de assessoramento - a insuficiência de suas
respostas levantam dúvidas quanto à freqüência com que,
êles próprios, e não os legisladores em geral. na sua opi-
nião, usam o assessoramento legislativo.

4 - Imagem dos órgãos de assessoranwnto no Senado

4.1 - Favorável 5
i---- - ------- ------ -------

! 4.~ - Neutra
I
1-- ---- ---- ---- ·-------1i
I 4.3 - Desfavorável , 2 :
i ------ ---- - -----

4.4 - Prejudicada
-------- ----------------- -,-----

TOTAL 8

Os legisladores referem-se, em geral, favoràvelmente,


a todos os órgãos por êles mencionados corno de assessora-
mente no Senado. Expressões corno "a Biblioteca é muito
boa. Está sempre se atualizando"; "A Assessoria Legis-
lativa conta com técnicos da maior competência"; "Há um
grupo de assessôres legislativos esforçados e capazes" são
muito comuns. Por outro lado não se encontra qualquer
afirmação que implique em desmerecimento dos órgãos ou
do'O seus integrantes.
As críticas formuladas dirigem-se às possibilidades
efetivas que têm êsses órgàos de atingir, de modo satisfa-
tório, ~eus objetivos. Assim. dois dos entrevistados concor-
dam em que c processo de assessoramento no Senado, prin-
cipalmente por insuficiência de pessoal nesse; órgãos, nào
é eficaz. não atende a todos que dêle têm necessidade.
54 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

5 - Suficiência dos órgãos de assessoramento da casa

5.1 - Suprem as necessidades de assessora-


mento 4

5.:l - Suprem em parte às necessidades de


assessoramento

5.3 Não suprem às necessidades de assesso-


ramento 2

5.4 - Prejudicada

TOTAL 8

Entre os senadores que responderam afirmativamente


à pergunta: "Os órgãos de assessoramento do Senado su-
prem as necessidades de assessoramento ... ?", dois não têm
qualquer objE:ção a fazer quanto à assistência prestada por
êõ:ses órgãos; dois outros, contudo, embora tenham res-
pondido "Sim" à pergunta, desejariam que os órgãos de
assessoramento dispuzessem de maior número de asses-
sôres. Assim se manifestam: "Sim. Na parte das suas
atribuições peculiares o serviço é perfeito, exigindo porém
quantidade maior de funcionários"; "Sim. A equipe de
assessôres é muito boa mas em número reduzido e há um
fato nôvo que perturbou muito seu serviço: o problema
dos prazos".

Um dos entrevistados, o incluído na segunda categoria,


afirma que êsses órgãos "suprem apenas em parte. Têm
uns quinze a vinte assessôres mas só uns cinco em ativi-
dade. Êsses são muito bons."
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 55
----------------------------------------~

Os dois que responderam negativamente à pergunta


também se referem. em justificativa à sua resposta, ao
número limitado de assessôres em exercício, o que reduz
em muito, segundo êle as possibilidades de assessoramento
efetivo ao Senado.
Um dos entrevistados não respondeu à pergunta por
desconhecer a existência de órgãos, de assessoramento na
casa.
Interessante é notar-se que a maioria dos senadores,
embora tenha incluído na sua lista de órgãos de assessora-
mento do Senado também a Biblioteca, focaliza, de prefe-
rência, a Diretoria de Assessoria Legislativa, quando esta
trata da suficiência ou não dêsses órgãos.
Vemos, também, pelas respostas dadas, que a quali-
dade dos assessôres e do aS5essoramento prestado por êles
não é posta em dúvida por nenhum dos entrevistados. Os
que a isso se referem o fazem em têrmos bastante elogio-
sos. A principal queixa diz respeito ao número de pessoas
que exercem a função. considerado insuficiente por cinco
dos oito parlamentares ouvidos.
Outro fate digno de nota é que. dentre os quatro sena-
dores que estão satisfeitos com os serviços prestados pelos
órgãos de assessoramento, três estão incluídos na catego-
ria 3.3 da tabela anteriormente apresentada sôbre a uti-
lização dos órgãos de assessoramento da Casa - recor-
rem freqüentemente a êles - e um na categoria 3.2 - con-
sultam quando não podem resolver por si só - da mesma
tabela. O que respondeu "suprem em parte" havia ante-
riormente afirmado nunca tomar a iniciativa de consultar
êsses órgãos. Dentre os dois que responderam "Não" à
pergunta, um está também incluído na categoria acima e
outro na segunda, isto é. ::ó recorre a êles quando não
pode resolver sozinho os problemas. Há, portanto, certa
coerência na utilização dêsses órgãos em relação à idéia
que dêles fazem os senadores. Os que acham que êles
suprem as necessidades de assessoramento são os que mais
freqüentemente dizem recorrer a êles.
56 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

6 - Assessoramento externo
,
Kspécie de assessoramento externo I Sim I Não i Total
.- . - - - - - - - - - - - I
--~--~I-~---l---·
i .
6.1 Assessoramento particular permanente I O 8 8

6.2 Consultas remuneradas a especialistas


ou a organizações privadas ou públicas , O 8 8

0.::1 Assessoramento esporádico prestado


graciosamente por especialistas 8 o 8

6.4 Consultas, a título gracioso, a ins-


tituições de estudos, pesquisas e
documentação, particulares ou pú-
blicas 8 , O 8
----- --;'----~ -------
6.5 Assessoramento informal prestado por
amigos e parentes 8 o 8

6.6 Assessoramento prestado pelos parti-


dos políticos O 8 8

Nenhum dos oito parlamentares entrevistados conta


com assessoramento particular permanente. Três dêles afir-
mam expresõamente que esta possibilidade só está aberta
aos senadores que dispõe de recursos pessoais para tanto.
Dos oito que se manifestaram, com exceção de um que não
opinou sôbre a conveniência do assessoramento individual
ao parlamentar, cinco consideram desejável êsse tipo de
assessoramento. Assim se manifestam: "É aconselhável,
principalmente para a coleta de dados e para a pesquisa";'
"É importante ter um assessor particular para resolver os
problemas nos Ministérios"; "Os que têm condições mate-
riais para ter um assessoramento particular deveriam tê-lo";
"É aconselhável. Não tendo um assessor o parlamentar
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 57

corre o risco de ter uma proposição sua entregue a um


assessor que não é da sua confiança"; "Quando o parla-
mentar dIspõe de uma asse~soria particular o assessora-
mento se faz em sua plenitude".
Apenas dois senadores acham que êsse tipo de asses-
soramento não é aconselhável. Um jus~ifica o seu ponto
de vista afirmando que se o parlamentar dispu~esse de um
assessor particular isso não resolveria o problema de asses-
soramento, pois essa pessoa, sozinha, também não teria
tempo para pesquisas. Outro diz que "o bom asse::sor de-
via viver aqui dentro (no Senado), integrado nos proble-
mas. O assessor particular teria muita amplitude de visão
e não seria eficiente".
Não há, também, no Senado. o hábito de se recorrer
com freqüência, através de consultas pagas, a especialistas
ou organizações privadas ou públicas. Todos, porém, con-
cordam que, esporàdicamente, e a título gracioso, êsses es-
cialistas e organizações são procurados por membros do
Senado. Um dêles afirma que apenas os relatores das co-
missões procuram informalmente certas organizações. Ou-
tro afirma que, através de pedidos oficiais, as comissões,
às vêzes, recorrem a êsses órgã03, e dá como exemplo a
consulta dirigida à Ordem dos Advogados do Brasil, aten-
dida com presteza. Outro afirma não haver uma comu-
nicação direta com êsses órgãos. Os pedidos, diz êle, são
endereçados aos Ministérios que, às vêzes, recorrem a êsses
órgãos. Os restantes afirmam já se haverem valido, em cer-
tas ocasiões, das informações prestadas por um ou outro
dêsses órgãoõ. "Aqui ninguém paga" - diz um dêles. -
"É tudo gratuitamente".

Embora os senadores ouvidos variem na freqüência


com que dizem recorrer a amigos e parentes como
fonte de obtenção de informações, sugestões e orientação,
todos êles responderam afirmativamente à pergunta: "Cos-
tumam os parlamentares recorrer a amigos, parentes e pes-
soas de sua confiança na obtenção de informações, orienta-
ção e pareceres'?" Eis algumas de suas opiniões: "É razoá-
vel que o padamentar procure ouvir outras pessoas e auto-
58 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ridades no assunto. Se houvesse assessoria perfeita, não


haveria necE:ssidade de consultar ninguém". "Sim, quanto
a debates sôbre determinados problemas. Quando tenho
uma insuficiência qualquer procuro a Assessoria do Se-
nado. " "Sim, muitas vêzes o fazemos pois não contamos
com o Congresso". "Sim. Ultimamente fiz três discursos
assessorado por amigos que são funcionários da Petrobrás."
Com referência a um possível assessoramento prestado
pelos partidos políticos, todos os entrevistados são unâni-
mes em afirmar que êle é pràticamente inexistente no
Brasil. "Como disse Mangabeira" - acrescenta um dêles -
"a crise do Brasil é a crise dos partidos". Dois outros afir-
mam que, devido à sua pobreza. os partidos não estão em
condicões de dar assessoramento. Todos êles concordam
em q~e o assessoramento partidário também não existia
antes da instituição do bi-partidarismo. A reorganização
partidária não trouxe qualquer modificação com referên-
cia ao processo de as~essoramento.
Nota-se grande homogeneidade nas respostas dadas pe-
los senadores.

6.7 - Auxílio prestado por grupos de interêsse em assun-


tos que lhes di:::em respeito

ti. 7 .1 - Fazem apenas pressão 3

ti. 7 .:J - Às vêzes auxiliam 2

ti. '/ ,:J - Auxiliam bastante trazendo dados apro-


veitaveis 3

TOTAL 8

As opiniões dos senadores, quanto às possibilidades de


assessoramento por parte de grupos que têm ínterêsses a
defender no Congresso. variam bastante. Três dêles acham
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 59

que êsses grupos, quando se manifestam, o que nem sem-


pre ocorre. ü fazem mais como agentes de pressão sôbre
senadores e Senado do que como assessôres do processo
legislativo. I.Jão se preocupam em fornecer elementos fun-
damentadores dignos de fé. Fazem apenas pedidos através
de abaixo-assinados, petições. memoriais ou conversas com
os parlamentares.
Dois outros adotam posição intermediária, dizendo
que, embora os grupos que se apresentam no Senado, oral-
mente ou através de petições, visem a influir no sentido de
conseguirem benefícios para si próprios, alguns dêles reve-
lam-se úteis ao processo legislativo, trazendo, às vezes, in-
formações e sugestões aproveitáveis. Diz um dêles: "Quan-
do têm (os grupos) algum interêsse, vêm ao Senado e
elucidam problemas. Conforme o caso, merecem fé. Ou-
tras vêzes, é só o interêsse pessoal que prevalece".
Entre os três que afirmam que os grupos de pressão
podem desempenhar de fato, e muitas vêzes desempenham,
o papel de assessôres legislativos, destacamos a seguinte
opinião: "Os parlamentares são procurados por represen-
tantes de classe que são muito melhor organizados e me-
lhores assessôres. Não há democracia sem grupo de pres-
são. Em Brasília, há mais assessoramento do que pressão,
porque não há massa".

Relações Legislatiro - Executiro


6.8 - Busca de informações. orientação e pareceres do
Legislativo nas repartições públicas.

6.!J.l Os legisladores procuram as repartições


públicas 7

6.!!.2 Os legisladores não procuram as reparti-


ções publicas 1

TOTAL 8
60 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Apenas um dos entrevistados nega que o Senado, atra-


vés de seus membros e seus órgãos, tenha o hábito de bus-
car, no Executivo as informações, orientação ou pareceres
de que tem necessidade. Na sua opinião isto "seria dese-
jável, mas geralmente não se faz assim. Os pedidos de
informação não são para a elaboração de projetos mas sim
para críticas à atuação governamental". Para os outros,
Senado e senadores recorrem com freqüência ao Executivo,
não apenas formalmente, através dos processos institucio-
nais, mas também procurando, direta e informalmente,
êsses órgãos. Dois dêstes põem em dúvida, contudo, a efi-
cácia dêsse assessoramento. Diz um dêles: " ... nem sem-
pre encontramos nos órgãos do Executivo o que não te-
mos aqui. Às vêzes é um mero funcionário que nos atende".
Outro. reclamando do excesso de burocracia e ineficiência
dêsses órgãos, a,sim ~e expressa: "Procuro as repartições
públicas, mas os embaraços burocráticos e as deficiências
de pessoal me fazem duvidar da conveniência ou necessi-
dade dêsse tipo de assessoramento". Outro tem um fato
interessante a relatar: "Certa vez procurei a SUPRA para
obter uma informação e de lá me enviaram um discurso
pronto. Devolvi porque não preciso dêsse tipo de assesso-
ramento." Na mesma categoria foi incluído o senador que
disse procurar com freqüência os órgãos do Poder Executi-
vo para atender aos seus eleitores. Diz êle, "Sim, procuro
todos os Ministérios e departamentos públicos. Dependen-
do da região os parlamentares não podem viver sem con-
sultar as repartições para resolver os problemas. Eu rece-
bo em média mil cartas por mês, a maioria delas pedindo
informações, e respondo a tôdas".

Como se vê. embora a grande maioria dos parlamen-


tares entrevistados revele estar em constante contato com
os órgãos do Executivo, variam o tipo de informação que
nêles os senadores vão buscar e a sua opinião quanto à
importância do auxílio prestado pelo Executivo.
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 61

6.9 - Iniciativa de órgãos do Executivo em fornecer in-


formações e orientação aos parlamentares.

6.9_ 1. Os órgãos do Executivo procuram certos 4


senadores

6.9.2 Os órgãos do Executivo procuram qual-


quer senador, não importa a sua posição
oc filiação partidária O

6.9.3 Os órgãos do Executivo não procuram, em


geral, os senadores 3

6.9.4 Não sabe 1


I
~--------

I
-~-------

------8--\I
I TOTAL
I

Quatro dos oito parlamentares entrevistados, respon-


dendo afirmativamente à pergunta: "São os parlamenta-
res procurados por órgãos do Poder Executivo que se pro-
põem a orientá-los, sugerir diretrizes, dar informações ou
reivindicar decisões?", esclarecem que, contudo, os órgãos
do Poder Executivo atuam não sôbre os parlamentares in··
discriminadamente mas, sim, sôbre as lideranças e relato-
res de projetos nas comissões.
Três dêles afirmam que os órgãos do Poder Executivo
não c05tumam tentar influir no processo legislativo nem
como assessôres do mesmo. Um dêles faz a ressalva de que
"rigorosamente, só quando um projeto interessa de modo
específico a determinado órgão."
Um outro senador afirma que atualmente não pode
informar: "Na fase orçamentária os Ministérios procura-
vam para determinadas implantações".
62 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Tudo parece indicar que os órgãos do Poder Executi-


vo se concentram, quando tentam influir no processo le-
gislativo do Senado, nos canais formais de ligação entre
Executivo e Legislativo, isto é, nas lideranças, ou na figura
do relator do projeto de seu interêsse. O fato de ser relator
de projetos alvo de pressões dá bem uma medida de sua
importância no processo decisório legislativo e também re-
trata o comportamento dos órgãos do executivo como gru-
pos de pressão.

7 Sllgest6es para melhoria do assessoramento no


Senado

7.1 Para aprimoramento da assessoria existente 6

7.2 Que envolvem a criação de novos tipos de


órgãos de assessoramento 5

7.J Omissão I nenhuma sugestão) 1

Total de sugestões 12

Com exceção de apenas um dos senadores entrevista-


dos, que, considerando adequado e suficiente o tipo de as-
sessoramento existente, excusou-se de sugerir qualquer
modificação, os demais propõem medidas que, ou dizem
respeito a melhorias dentro do atual sistema, ou envolvem
a instituição de novos tipos ou novos órgãos de assessora-
mento. Entre as sugestões incluídas no primeiro caso, duas
propugnam pelo aumento do número de assessôres do Se-
nado, duas pedem uma maior variação nas especialidades
dos assessôres a fim de atender, inclusive, a tôdas as es-
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 63
-~-----

pecializações das Comissões. uma fala em melhoria qua-


litativa do pessoal que presta assessoramento, através da
seleção do mesmo por concurso público, e a última insiste
em que o assessor seja pessoa inteiramente devofada à
Casa, trabalhando em regime de tempo integral e exclusi-
vidade (informações colhidas junto à Diretoria de Asses-
soria Legislativa haviam indicado que êsse é o sistema de
trabalho vigente para os assessôres).

As sugestões que defendem a instituição de novos pro-


cessos de assessoramento variam bastante, também. Duas
delas dizem respeito à criação de um assessoramento dire-
tamente ligado às comissões técnicas. Outra. à criação de
um assessoramento oficial e. portanto. fornecido pela Casa
ao parlamentar individualmente ou, pelo menos, às ban-
cadas estaduais. Uma outra visa à criação de bibliotecas
especializadas, além da central, junto às comissões técni-
cas. Uma última sugestão, emitida pelo parlamentar que
desconhecia a existência de órgão de assessoramento no
Senado, é feita no sentido de que fôsse criado "um corpo
suficientemente amplo de assessôres especializados em
tôdas as faixas de assunto. Tais assessôres deveriam sem
muito bem pagaso e bem recrutados. a fim de se aperfei-
çoarem constanteemnte."

Nenhum:=t dessas sugestões está em conflito com as de-


mais. Contudo. uma tentativa racional de melhoria do prCl-
cesso de assessoramento que procurasse levar em conta as
opiniões emitidas teria, talvez, que proceder a um escalo-
namento de prioridades. Como as sugestões ligadas direta-
mente ao problema de pessoal lotado nos atuais órgãos de
assessoramento são as mais freqüentemente mencionadas
(aumento do número de assessôres, diversificação de suas
especialidades, formas adequadas de recrutamento, regime
de dedicação plena, etc.), poderia ser êste o ponto de par-
tida para qualquer modificação.
64 CADERl'lOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

8- Organização da assessoria ideal: perspectiva dos en-


trevistados.

8.1 Orgão central apenas 3

8.2 Orgão central mais assessoramento individual


~~~I ____-
8.3 Orgão central mais assessoramento partidário 1
,----"---- --I---~-~­
8.4 Orgão central mais bibliotecas especializa-
I
da' nas comissões, mais possibilidade de con-
vênios externos 1

8.5 Assessoramento partidário mais assessora- I


mento individual 1

11. li Assessoramento especializado nas Comissões


-------- --- ~- -- ,-----

TOTAL 8

A grande maioria dos senadores entrevistados (seis


em oito) acredita que a organização de um assessoramento
ideal deve forçosamente incluir um órgão central, bem es-
truturado, tanto quantitativamente (número suficiente de
assessôres) quanto qualitativamente (assessôres competen-
tes e de espEcialização diversificada). Três dos senadores
incluídos nessa categoria acham que tôdas as funções de
assessoramento deveriam estar concentradas nesse órgão.
Um dêstes, inclusive, vai ao ponto de sugerir que o assesso-
ramento de todo o Congresso (Câmara dos Deputado e Se-
nado Federal) sej a executado por apenas um órgão. Os
outros três senadores que defendem também a existência
de um órgão central de assessoramento incluem, contudo,
paralelamente, outros tipos de a::::sessoramento: assessôres
diretamente ligados ao parlamentar. assessoramento pres-
o ASSESSORAMENTO LECISL.HIVO _ _ _o
65

tado por partidos políticos, a existencia de bibliotecas es-


pecializadas junto às comissões e a criação de possibilida-
des para "convênios com órgãos de pesquisas, inclusive
com os existentes nas universidades".
o assessoramento individual ao parlamentar e o asses-
soramento partidário vêm em segundo lugar, ambos men-
cionados duas vêzes, nas preferências dos senadores entre-
vistados.
Apenas uma das opiniões manifestadas defende a cria-
ção de assessorias especializadas junto às comissões téc-
nicas como a melhor forma de organização do assessora-
mento legislativo.
Embora a gama de opiniões seja bastante variada, é
manifesta a preferência pelo órgão central de assessora-
mento entre os entrevistados.

c - Conclusões
o Senado Federal conta, atualmente, na sua Secreta-
ria, com quatro órgãos que têm funções específicas de as-
sessoramento: a Secretaria-Geral da Presidência, a quem
compete aSS2ssorar a Mesa mas que, como verificamos,
auxilia também outros "enadores: a Diretoria de Assesso-
ria Legislativa, que é o órgão principal de asse::soramento:
a Diretoria de Informação Legislativa e a Diretoria de Bi-
blioteca que, entre outras atribuições, se encarregam de
serviços de referência legislati\'a.
Quanto é\OS senadores entrevistados podemos concluir,
ainda que provisoriamente, que:
1) - todos êles consideram o assessoramento legislativo
como elemento fundamental para o bom andamento
do processo legisla ti vo. Justificam esStl. necessidade
em têrmos de:
a) complexidade das matérias que estão afetas ao
Poder Legislativo:
b) exigências de tempo;
66 CADER:>l"OS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

2) - nem todos conhecem a existência de órgãos de as-


sessoramento na Casa. Variam também na enume-
ração dos órgãos que. segundo êles, podem ser con-
siderados como de assessoramento legislativo;
3) - três senadores. entre os sete que se manifestaram
não costumam recorrer aos órgãos de assessoramen-
to da Casa:
4) - a maioria dos entrevistados desenvolveu uma atitu-
de positiva em relação aos atuais órgãos de assesso-
ramento;
5) - todos recorrem. em maior ou menor grau, ao asses-
soramento externo. Não dispõem. contudo, de asses-
sôres permanentes e nem costumam pagar qualquer
consulta feita a especialistas ou organizações:
6) os partidos políticos não os assessoram na elabora-
ção legislativa:
7) - as opiniões se dividem quanto às possibilidades de
contar com o assessoramento de grupos de interêsse;
8) - nas relações Legislativo - Executivo as declara-
ções dos entrevistados nos levam a acreditar numa
tendência do Executivo em dirigir-se ao Legislativo
apenas através de mecanismos formais. O mesmo'
não acontece com o Legislativo. que procura o Exe-
cutivo através de canais formais e informais;
9) - entre 8S sugestões formuladas para aprimoramento
do processo de assessoramento, as que dizem respei-
to a problemas de pessoal (aumento do número de
assessôres, diversificação de suas especializações,
formas adequadas de recrutamento, etc.), são as
mais freqüentemente mencionadas;
10) - a grande maioria dos entrevistados defende a exis-
tência de um órgão central de assessoramento como
elemento indispensável de um sistema adequado.
Alguns incluem, paralelamente, outros tipos de as-
sessoramento.
4 - A CÂMARA DOS DEPUTADOS

A - Órgãos com funções de assessoramento TIa Câ-


mara dos Deputados

A análise do regulamento da Secretaria da Câmara


dos Deputados (Resolução n. U 67. de 1962) indica-nos que,
além das comissões técnicas integradas pelos próprios
parlamentares, a Câmara deveria ter à sua disposição na
Secretaria peJo menos quatro outros órgãos com funções
de assessorarr;ento legislativo. Seriam êles:

1. a Secretaria-Geral da Presidência
2. a Assessoria Legislativa
3. a Diretoria da Biblioteca
4. a Diretoria de Orç8.mento.
Na verdade, contudo. o processo de assessoramento le-
gislativo que se desenrola no momento não segue total-
mente as linhas previstas no Regulamento. Entrevistas com
o Diretor-Gei'al, Dr. Luciano Alves de Souza, e outros fun-
cionários e parlamentares, nos permitiram verificar de que
forma o assessoramento legislativo está realmente atuando
na Câmara dos Deputados. Analisemos. em separado, cada
um dê"ses órgãos:
68 C:\DER:'i'OS DE ADl\nNISTRAÇ.~O PGELICA

1 - A Secretaria-Geral da Presidência

Êste órgão, juntamente com o Gabinete da Presiden-


cia, o Serviço de Divulgação e o SerYÍço de Relações Pú-
blicas, integra o Serviço da Presidência que, por sua vez,
faz parte do Serviço da Mesa. Subordina-se à Diretoria-
Geral e é superintendido pelo 1." Secretário da Câmara.
Compete à Secretaria Geral da Presidencia assessorar
a Mesa na direção dos trabalhos do Plenário e nos atos ofi-
ciais da Presidência. Seus serviços são dirigidos pelo Se-
cretário da Presidência. O assessoramento à Mesa se ma-
nifesta principalmente sôbre matérias de natureza regi-
mental e administrativa. * O Secretário da Presidência
funciona ainda corno o elemento de articulação entre a Se-
cretaria da Câmara e do Senado, em assuntos de elabora-
ção legislativa.
A Secretaria-Geral da Presidência e constituída dos
seguintes órgãos:
Seção de Atas
Seção de Autógrafos
Seção de Sinopse

2 - A. Assessoria L,egislatica

Êsse órgão subordina-se também ao Diretor-Geral e,


como todos os Serviços de Administração da Câmara, é
superintendido pelo 1Y Secretário.
O art. 15 do Regulamento da Secretaria dispõe
que:
"A Assessoria Legislativa tem por finalidade pres-
tar assistência técnica à Mesa, às Comissões e aos
deputados, competindo-lhe:

(• ) Arts. 11 e 46 da Resolução n.O 67/62.


o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 69

a) estudar, de modo geral, a atividade legislati-


va do Congresw Nacional, com o fim de escla-
recer os órgãos técnicos da Câmara, sôbre as
matérias em curso:
b) estudar, de modo especial, os projetos subme-
tidos às Comissões, a fim de sôbre êles prestar
aos respectivos relatores e demais componen-
tes dêsses órgâos a cooperação de que necessi-
Íélrem:
c) proceder. por iniciativa própria ou mediante
solicitação dos Deputados ou das Comissões, a
estudos e peôquisas sôbre determinados assun-
tos, para a eventual elaboração de projetos
de lei a serem apresentados à Câmara;
d) examinar as sugestões enviadas à Câmara, à
Mesa ou aos Deputados e por êstes encami-
nhadas ao seu estudo, informando sôbre a con-
veniência e oportunidade de serem propostas
ou adotadas as medidas nelas alvitradas;
e) realizar outros estudos ou pesquisas. por de-
terminação da Mesa;
f) reunir-se, periàdicamente. no conjunto de seus
integrantes. para o exame de proposições e as-
suntos legislativos que. pela sua natureza. o
exigirem."
Compete ao Assessor Legislativo a execução dos tra-
balhos atribuídos à Assessoria Legislativa. O cargo de As-
sessor Legisl8tivo é isolado e de provimento efetlvo, e de-
verá ser proyido mediante concurso. O regulamento prevê,
ainda, no seu artigo 16, a possibilidade de contratos de lo-
cação de trabalho técnico - científico para a execução de
tarefa específica.
O orçamento da Câmara deve estipular uma dotação
global destinada aos trabalhos de assessoria técnica legis-
lativa (art. 17).
70 -------
CADER~OS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Fomos informados, contudo, que êsse órgão não esta


ainda organizado e em funcionamento na Câmara. Segun-
do o Diretor-Geral, há doze vagas a serem preenchidas.
Até o momento de nossa visita, contudo, em virtude de
dúvidas quanto ao tipo de especialidades que se deveri<t
buscar nos futuros assessôres, o concurso necessário para
a sua seleção não havia sido realizado. Informou-nos ainda
o Diretor-Geral que nos orçamentos de 1965, 1966 e 1967
constam dotações para despesas com a Assessoria. Nos
anos de 1965 e 1966 elas foram utilizadas apenas parcial-
mente. Em 1965, a Câmara dos Deputados, sob a Presi-
dência do Deputado Bilac Pinto, financiou, com parte des-
sa verba, um Seminário sôbre a Reforma do Poder Le-
gislativo. Em 1966, uma parcela do dinheiro destinado ao
assessoramento foi gasta num curso ministrado pela E:::-
cola Brasileira de Administracão Pública da Fundacão Ge-
túlio Vargas, com vistas ao aperfeiçoamento do pes'soal da
Comissão de Orçamento. O interês:::e pelo asses:::oramento
se traduz também, segundo nosso informante, no aumento
da verba que se destina a êsse fim. Em 1965 ela passou de
NCrS 10.000,00 para NCrS 150.000,OO.'!'
O Diretor-Geral informou-nos ainda que. em virtude
do não funcionamento da Assessoria Parlamentar, a fun-
ção de assessoramento vem sendo desempenhada pela Bi-
blioteca, "A Biblioteca é de alto nível e substitui o clássi-
co assessoramento", e pelos Secretários das Comissões.
Afirma, também, que o Executivo, através da convocação
de seus funcionários, é o grande assessor das Comissões.
No momento, diz êle, a Câmara dá ênfase ao assessora-
mento de nível médio através de um constante aperfei-
çoamento de seus funcionários.

(') Além dêsses recursos financeiros há também outros, disponí-


veis aos Gabínetes e Comissões, que podem ser utilizados para
a convocação de técnicos do executivo cujo depoimento êsses
órgãos hajam por bem ouvir. Sôbre êsse processo obtivemos do
Deputado Ulisses Guimarães a seguinte informação: "As Co-
missões costumam, quando o assunto é de grande importância.
convocar especialistas para virem debater suas idéias pagando
passagem e estada". Geralmente são as Comissões Permanentes
de Inquérito que mais se utilizam dêsse expediente.
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 71

3 - A Diretoria da Biblioteca

A Diretoria da Biblioteca subordina-se diretamente à


Diretoria-Geral.
Embora o artigo 29 do Regulamento da Secretaria es-
tabeleça apenas que: "A Diretoria da Biblioteca tem por
finalidade zelar, organizar, manter, atualizar e enriquecer
o acervo bibliográfico da Câmara e estabelecer intercâm-
bio com outras bibliotecas", verificamos, através das en-
trevistas e de observações in Loco, que a Biblioteca vem
realmente desempenhando funções de asse~soramento aos
parlamentares e às comissões. Informa-os a respeito de as-
suntos de legislação, fornece as obras desejadas, já com
as páginas de interêsse previamente demarcadas, faz pes-
quisas bibliográficas, obtém em outras bibliotecas os dados
e obras que não podem ser encontradas na Câmara, etc.
Excepcionalmente, atende também aos senadores.
O pessoal que executa a parte dos serviços é, segun-
do informações da Diretora Substituta, Sra. Cordélia Ro-
balinho Cavalcanti, altamente qualificado. Há dezessete
bibliotecários em exercício, havendo quatro claros a pre-
encher.
O volume das consultas é muito grande. As obras mais
consultadas são os volumes de leis, o Diário do Congresso
e li\TOS ,ôbre Direito Constitucional.
A Biblioteca também lança publicações. Em 1966, além
do Boletim da Biblioteca. foram publicados dez trabalhos.
Nossa informante acrescentou que, embora a Biblio-
teca venha realmente desempenhando funções de assesso-
ramento aos parlamentares, não tem ainda tôda a impor-
tância que deveria possuir no processo legislativo.
A Biblioteca se subdivide em quatro seções:
Seção de Preparação ,
Seção de Periódicos e Publicações Seriadas
Seção de Referência e Orientação
Seção de Boletim da Biblioteca
CADERNOS DE ADl\lINISTRAÇ.:\O PÚBLICA
-------------------- ------

4 -- A Diretoria de Orçamento
Essa Diretoria, que se subordina também à Diretoria-
Geral, participa da função de assessoramento legislativo.
Compete a ela auxiliar a Comissão de Orçamento e a de
Fiscalizacão Financeira na elaboracão orcamentária, no
exame d~s contas do Presidente da "República e dos Atos
do Tribunal de Contas. e no estudo dos assuntos correla-
tos.
A Diretoria de Orçamento é constituída pelos seguin-
tes órgãos:
Seção da Receita
-- Seção da Despesa

Como se percebe pela análise acima efetuada. a Câ-


mara dos Deputados. contradizendo as disposições de seu
Regulamento, não possui ainda, efetivamente, um órgão
que chame a si tôda a responsabilidade do assessoramento
legislativo aos parlamentares e às comissões.. Apenas a
Mesa conta com um órgão encarregado especificamente
de assessorá-la. Devido, contudo, à natureza das tarefas de
que está incumbida, esse assessoramento é de teor predo-
minantemente regimental e administrativo. Além dela, as
Comissões de Orçamento e de Fi~calização podem também
dispôr dos serviços de assessoramento prestados pela Di-
retoria de Oyçamento, principalmente em matérias de ela-
boração orçamentária e de fiscalização dos atos do Exe-
cutivo. As demais comissões e Os deputados em geral tem
que se haver, dentro da Câmara, com auxílios prestados
pela Biblioteca, forçosamente limitados, e pelos oficiais le-
gislativos que secretariam as Comissões. A esses últimos,
via de regra, não devem competir funções de assessora-
mento legislativo. Os serviços de secretaria envolvem, de
preferência, assuntos de natureza predominantemente ad-'
ministrativa tais como redigir correspondência oficial, con-
ferir trabalhCls datilografados. organizar atas e relató-
rios. etc.
As possibilidades abertas pela dotação orçamentária
para serviços de assessoria não vêm sendo plenamente uti-
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 73

lizadas, uma vez que o concurso para preenchimento dos


cargos de as::.essor legislativo não se realiza, e o hábito de
se recorrer sistemàticamente a especialistas externos,
através da contratação de serviços para tarefas técnicas
específicas, não está difundido na Câmara.
B - Os Deputados
Nessa segunda parte de nosso estudo da Câmara dos
Deputados visamos, através da análise e interpretação dos
dados obtidos em entrevistas, fornecer informações a res-
peito dos dez deputados federais entrevistados e de suas
relações com o meio ambiente, no que se refere ao asses-
soramento legislativo. Qual a importância que atribuem
ao assessoramento? Qual o conhecimento que têm dos
órgãos que desempenham na Câmara essa função? Qual
o uso que dêles fazem? Que opinião apresentam sobre o
processo de assessoramento? Que tipos de mudança êles
sugerem para o seu aprimoramento? De que tipo de asses-
soramento externo ou informal êles se utilizam? Qual
seria a organização do asse~soramento ideal na Câmara
dos Deputados? São essas algumas das perguntas que nos
interessam.
1 - Importância do assessoramento

1 . 1 Necessário 10

1. ~ Neces.<óário apenas para os legisladores que


r.ão têm preparo

1.3 Inútil. pernicioso ou inàe.sejáve}

TOTAL 10

Todos os deputados entrevistados são unânimes em


enfatizar a importância do assessoramento na elaboração
legislativa. As razões mais comumente aventadas são as
que dizem respeito a exigências de tempo, à grande di-
74 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

versidade e complexidade dos assuntos tratados pela Câ-


mara e à heterogeneidade da sua composição. Os que apon-
tam essa última razão como justificativa da necessidade
do assessoramento legislativo, contudo, não limitam a im-
portância do processo ligando-o apenas ao atendimento dos
parlamentares menos capazes. O assessoramento é neces-
sário, dizem éles, para todo o corpo legislativo, mas é para
os deputados menos preparados que o processo é absolu-
tamente indispensável.
Um dos deputados, contudo, embora reconheça a im-
portância e nEcessidade do assessoramento legislativo, acha
que êle não deve ser institucionalizado. Em resumo, a sua
opinião é a 3eguinte: "o assessoramento é importante por-
que proporciona ao parlamentar um3 melhor apreciação
das proposições sôbre as quais deve opinar ou emitir seu
voto; não deve existir, porém, um corpo de assessôres, ao
nível das comissões, porque no fim êsses assessôres aca·
barão por se transformar em burocratas; o assessoramen-
to deve ser fornecido por elementos pertencentes a asso-
ciações. a sindicatos que tenham vivência dos problemas
a serem tratados e por funcionários do Executivo; o asses-
soramento deve ser informal.'·

2 - Órgãos da Câmara qHe desempenham funções de


assessoramento. Sua utilização.

Não existe um órgão de assessoramento pro-


priamente dito 5

:! .:! Comissões Técnicas

2.3 Biblicteca 2

:!.4 Funcionários da Ca~a 2

TOTAL 10
o .-\SSESSORA:-'lEl'iTO LEGISLATIVO 75

Cinco dos dez deputados entrevistados declaram não


existir atualmente na Câmara órgãos de asses.::oramento
propriamente dito. Citam, contudo. as formas pelas quais
os parlamentares podem obter algum tipo de assessora-
mento dentro da Casa. Assim se expresôam: - "Não há
órgão central com tal função específica e sistematizada.
Entretanto, I) parlamentar pode utilizar a Biblioteca, a
Seção de Sinopse (Secretaria-Geral da Presidência) e a
Seção de Histórico de Debates (Diretoria de Registro Ta-
quigráfico de Debates)".

- "Kão há órgãos. Xas comissões. só os secretarias


prestam alguns serviços desse teor. Mas o assessoramento
é pràticamente inexistente".

- "Não se encontram as::essóres na Câmara. As vezes,


valho-me do EscritóI ia de Assessoramento de São Paulo.
pois sou deputado por São Paulo";

- "Não há. Pode existir uma coisa esparsa. A minha


Comissão nem secretário tem. Quando preciso de algo da-
tilografado solicito a um funcionário da Casa";

- ".l'\ão temos propriamente órgãos de assessoramen-


to. São func:ionários dedicados que fazem a pesquisa na
Biblioteca. São mais informais".

Um dos entrevistados afirm3 que o órgâo principal de


assessoramento da Câmara são as próprias comissões téc-
nicas. "As \'êzes essas comissões", acrescenta êle. "dis-
põem de funcionários que entendem um pouco de técnica
legislativa".

Dois outros afirmam que. no momento, é a Biblioteca


que se encarrega do assessoramento legislativo. "Atual-
mente. a assessoria é supletiva". diz um dêles. "e se processa
através da Biblioteca. O outro assim se manifesta: "Não
conheço outros órgãos de assessoramento além da Biblio-
teca. que é o ponto alto da Câmara".
io CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO Pl7BLICA

Os dois restantes mencionam o processo de assessora-


mento que se realiza através dos próprios funcionários da
Casa. Assim se exprime: "O Gabinete conta com bons au-
xiliares que às vêzes ajudam o parlamentar, mas não é
um assessoramento racional. O parlamentar sobe e desce
de elevador para obter informações". "Minha Comissão
(de Redação) é a única que tem assessÔres. Todos for-
ma<ios ou em vias de se formarem. Os projetos são anali-
sados por êles. em equipe. São funcionários de muito bom
nível".
Nenhuma \'ez a Assessoria Legislativa foi mencionada
como órgão de assessoramento. Isso confirma nossas ob-
servações preliminares de que, embora o órgão esteja fer-
malmente institucionalizado no Regulamento da Secreta-
ria êle não vem operando em realidade. O assessoramen-
to, dentro da Câmara. se processa. em geral. informalmen-
te. A Biblioteca e os funcionários da Casa, via de regra
ào nÍ\'el médio, é que vêm desempenhando algumas fU!1-
c60s de assessoramento aos parlamentares e às comissões.
Fora disso os deputados. em geral. têm que recorrer ao
aêsessoramento externo, como no caso do que se utiliza
dos Serviços do Escritório de Assessoramento do GO\'êr:1o
de Sã') Paulo em Brasília .

.'3 Opinião dos entrer;stndos sôbre a Biblioteca da


Câmara.

A ausência de órgãos específicos ou de equipes de as-


sesscramento legislativo aos parlamentares e às comissões
nos levaram a considerar as opiniões dos entrevistados a
respeito da Biblioteca da Câmara. órgão que, na ausência
de um corpo de assessôres, estaria, talvez, mais capacita-
do a exercer funções de assessoramento. Embora apenas
dois parlamentares tenham mencionado expressamente a
Biblioteca como órgão de assessoramento, quando pergun-
tados "Quais os órgãos da Câmara que exercem funções
de assessoramento?", seis outros referiram-se a ela no de-
correr das entrevistas.
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 77

Imagem da Biblioteca da Câmara entre os entrevis-


tados.

3.1 Favorável 6

3.:! Relativamente favorável

3.3 Desfavorável

3.4 Omissão

TOTAL 10

Dentre os oito deputados que se referiram à Bibliote-


ca, seis o fizeram em têrmos bastante favoráveis. São estas,
em resumo. a, suas opiniões:
- "A Biblioteca da Câmara é essencial ao processo
de elaboração legislati\·a. E a melhor do Brasil;
- "A Biblioteca aqui está bem equipada. É o ponto
alto da Câmara dos Deputados. Somos imediatamente aten-
didos";
- "A Biblioteca da Câmara é muito importante. Está
se tornando dia a dia mais atualizada";
- "A Biblioteca é o ponto alto da Câmara. Ela é es-
sencial. Presb relevantes serviços":
- "A Biblioteca é muito importante e seria ainda
mais se existisse na Câmara um corpo técnico de assesso-
ramento";
- "Atualmente a assessoria é supletiva, se processan-
do através da Biblioteca, mas o trabalho de encadeamento
da matéria é feito pelo Deputado e muito raramente pelos
funcionários das comissões". Um dos parlamentares acha
78 CADER...'OS DE ADMINISTRAÇ.~O PÚBLICA
------
que o auxílio prestado pela Biblioteca como assessôra do
processo legislativo é limitado: "O papel de uma Biblio-
teca é óbvio. Ela proporciona recursos ecléticos e funciona
como assessôra quando dispõe de pesquisadores. A nossa
está melhorando no sentido de organização mas ainda não
tem um corpo técnico. Ela faz pesquisas em livros mas se
eu levar um problema de sociologia ela não é capaz de
responder às minhas perguntas. O corpo de funcionários
não é de alto nível. .. Lanço mão constantemente da Bi-
blioteca".
O deputado que a ela se referiu em têrmos desfavo-
ráveis afirma que: "O papel da Biblioteca da Câmara é
nulo. Existe como qualquer Biblioteca de município. O
seu serviço de referência é bom mas ela não assessora no
sentido especulativo".
4 - Suficiência dos serviços de assessoramento da
Câmara dos Deputados

4.1 Suprem as neceioSidades da Ca.<;a 1

4. ~ Não suprem as necrssidad2s da Casa 9

TOTAL 10

Apenas l~m entre os dez deputados entrevistados de-


clarou-se satisfeito com o stat us quo do assessoramento le-
gislativo na Câmara. Na sua opinião o proce~so não deve
realmente ser institucionalizado. Um serviço de assessora-
mento pertencente à Câmara descambaria para um ex-
cesso de burocratização. Os parlamentares devem buscar
asseS50ramento externo, nos sindicatos, associações e no
Executivo, através de um mecanismo informal. "O asses-
soramento deve ser do modo que atualmente se processa,
diz êle, sem ser institucionalizado". Todos os outros, contu-
do, responderam negativamente à pergunta: "A Câmara,
por si só, supre as necessidades de assessoramento legislati-
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO í9

vo?" Sua insatisfação se expressa em frases como estas:


"Estamos inteiramente abandonados"; "Temos que come-
çar da estaca zero"; "O parlamentar não conta com qual-
quer auxílio"; "Há necessidade da instituição de uma as-
sessoria especializada" etc.
É interessante notar-se que apenas um dos entrevista-
dos se referiu à existência formal da Assessoria Legislati-
va no Regulamento. Era também do conhecimento dêsse
parlamentar o fato de que o orçamento trazia dotações
destinadas à assessoria e à contratação de serviços técnico-
especializados externos à Câmara para execução de tare-
fas específicas. Os demais parecem ignorar essa situação
ou não se interessam em mencioná-la.
5 - Assessoramento externo

Espécie de assessoramento externo Sim: Não Total

:>.1 Assessoramento particular permanente 10 10


----- ,~---,

5.:l Consultas remuneradas a especialistas


e/cu a organizações privadas e pú-
blicas 10

5.3 Assessoramento esporádico prestado


graciosamente por especialistas 9 10

5.4 Consultas a título gracioso a institui-


ções de estudos, pesquisas e documen-
tação, particulares ou públicas 9
_______________ • _ _ _ 1 _ _ _ _ __

5.5 Assessoramento informal prestado por


amigos e parentes 9 10
1-

5.6 Assessoramento prestado pelos parti-


dos políticos I 10
80 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Quase todos os deputados federais entrevistados declara-


ram contar com assessoramento externo, além do que
recebem, informalmente, dos funcionários e de seus pru-
prios colegas, dentro da Câmara. .
Nenhum dêles, contudo, dispõe de assessoramento par-
ticular permanente. Três dos entrevistados afirmaram que
alguns parlamentares contam com êsse tipo de auxílio.
Identificaram-nos como os deputados ricos. As opiniões dos
entrevistados, no entanto, variam quanto às vantagens que
traria o assessoramento particular ao deputado. Quatro são
a favor dêsse tipo de assessoramento. Assim se expres-
sam: "O assessoramento individual é bom desde que o
assessor seja recrutado pela Câmara a fim de se evitar
favoritismos"; "É aconselhável mas difícil de conseguir.
Para se ter um bom assessor é preciso pagar muito bem";
"É aconselhável. Cada deputado devia ter um assessor do
próprio quadro da Câmara"; "O assessor político do depu-
tado é muito importante. Entendo por assessoramento po-
lítico a cobertura necessária ao Parlamentar para man-
tê-lo em contacto permanente com sua representação po-
lítica ... " Seis outros, contudo, são contra o assessora-
mento individual ao parlamentar. Assim justificam SUG
opinião: "É fonte dos maiores abusos. Querem que a Câ-
mara pague e contratam familiares"; "Em geral, nos Esta-
dos Unidos, o assessor particular é alguém da família. É
desaconselhável"; "Não é bom porque no Brasil é o indivi-
dualismo que funciona"; "O assessoramento particular
tende a se desfigurar quanto à eficiência"; "É impossível
um assessor particular porque Brasília não tem condições
a oferecer nem ao próprio deputado"; "Sou contra o asses-
sor particular".
Todos os parlamentares entrevistados declararam não
recorrer, através de consultas pagas, a qualquer especialista
ou organização. Alguns fazem, contudo, a ressalva de que,
quando é a Comissão que requisita a presença de um téc-
nico em Brasília, ela dispõe de verbas para pagar a viagem
e estada dêsse especialista. Um dêles acrescentou que são
as C. P . I. que recorrem, via de regra, a êsse expediente.
'-~'- •..
o
~~-----
ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO

Em compensação, no\'e dos dez deputados costumam


recorrer informalmente. com freqüência, a técnicos e espe-
cialistas e receber dêles colaboração graciosa. Um apenas
afirma resol ver sozinho os problemas. Êste não busca, tam-
bém, como os outros fazem. assessoramento externo com
pessoas amigas e p3rentes. Quando muito. diz êle, recorre
aos seus próprios colegas.

Com referência a consultas a instituições de estudo::;,


pesquisas e documentação. a maioria dos entrevistados
(nove em dez) declara que os parlamentares, quando ne~
cessário, costumam se dirigir a essas instituições. Não con-
tam, porém, com elas de um modo sistemático. As infor-
mações são sempre obtidas gratuitamente. Dentre êsses.
três acrescentam que são os relatores. principalmente os
das Comissões Parlamentares de Inquérito, os que mai"
procuram essas organizações. chegando mesmo, às vezes,
a convocar seus técnicos para deporem em Brasília. Dois
outros afirmam que essas consultas só podem ser feitas
informalmente. uma \'ez que "regimentalmente", diz um
deles, "não podemos nos dirigir a esoas instituições" e,
acrescenta o outro, "não temos dotação específica para
consultá-las" (na verdade o Regulamento da Secretari3,
em seu artigr, 18, prevê a possibilidade de contratos de
locação de trabalho técnico-científico e o orçamento traz
dotação destinada a gastos com serviços de assessora-
mento). Um outro parlamentar sugere uma vinculaçã)
entre o Congresso e a Universidade para fins de asses-
soramento. Um cutro gostana que a Cârn:=tra fizesse um
contrato com a Fundação Getúlio Vargas para tal fim. O
parlamentar que, citando o ~eu caso pessoal, afirma não
se valer dessas instituições em busca de informações e
pareceres diz, contudo, acompanhar as public3.ções de al-
gumas delas. Menções a êsses trabalhos foram feitas, tam-
bém, por outros parlamentares.

Quanto à pre5tação de assessoramento pelos partidos


políticos, houve unanimidade nas opiniões: os partidos po-
líticos não prestam assessoramento. Alguns deputados fa-
82 CADER.xOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

zem observações a respeito dos partidos políticos brasilei-


ros. Dizem êles: "Os partidos apenas expressam certos
pontos irredutíveis do interêsse partidário: o sim e o não
da disciplina partidária"; "Os partidos não existem Flu-
tuam com as conveniências da versatilidade política. Nunca
se estruturam de uma forma perene, ativa, intelectual. Não
há um sistema de preparação de idéias - é só a fachada
dos programas". "Essas agremiações são mais de caráter
político. Qualquer assessoramento que eventualmente pre3-
tem é também de natureza política"; "Os partidos exis-
tem só em função das eleições. Só a bancada paulista é que
dá assessoramento e serve como fonte de ligação entre
os interê~ses do Estado": "Os partidos são muito inexpres-
sivcs e o assessoramento é nulo na Câmar.1, ressalvadas po-
rém três ou quatro representações estaduais e não partidá-
rias que mantém assessorias como a de São Paulo.

5.7 A u:riUo prestado em gnLpos ele interê,,<e ETi assun-


tos que lhes dizem respeito.

I 5 'j 1 Fazem apenas pressão 7

1- S.7.2 Às vêzes auxiliam 3


1---
I 5.'1.3 Auxiliam bastante. trazendo dados ap"o-
veitáveis
I __.
TOTAL 10

Parece prevalecer entre os parlamentares uma atitude


negativa em relação ao papel desempenhado pelos grupos
de interêsse. como possí\'eis é'uxiliares do proces~o de ela-
o ASSESSORAME:'\TO LEGISLATIVO 83

boração legü:latiya. :Kenhum dêles defende a poslçao de


que êsses grupos. em alguns casos, venham exercendo fun-
ções de assessoramento ao parlamentar e às comissões.
Refutam. em geral, qualquer influência dêôses grupos nas
decisões do Poder Legislativo. Sete dos entrevistados são
mais veementes na negação de auxílios provindo através
de sua atuação. Na opinião dêles. os grupos. ao invés de
auxiliarem ') legislador, dificultam sua função. Exemplos
dêsse caso são os seguintes: "Funcionam como transvia-
dores, para falsear os objetivos do processo legislativo. Os
grupos religiosos são extremamente atuantes. Os indus-
triais e comerciantes são o:::: mais poderosos. O lobby aqui
é clandestino e opressiYo"; 'óÊsses grupos vêm buscar ape-
nas verbas e votos. mas não orientar e assessorar". "Na
época da elaboração do orçamento a Caõa fica cheia de gru-
pos religiosos. Isto aqui parece mais Concílio Ecumênico
do que Congresso". etc. Todos êles concordam que a pre-
sença dêsses grupos ê extremamente freqüente na Câmara.
Um dos entrevistados chama atenção ao fato de que êsses
organismos SE manifestam, também, através da imprensa.
procurando obter simpatias para os seus interêsses.

Os três deputados que adotam uma atitude mais suave


no que diz respeito aos grupos como instrumentos de pres-
são afirmam que, às vêzes. êstes trazem informações úteis
e aproveitáveis ao legislador. embora não possam ser con-
siderados como assessôres do processo legislativo. Um dês-
ses assim se expressa: "N ão influem nas disposiçõe da
Câmara mas são recebidos como brasileiros interessados
e por isso como todo o direito na elaboração de determina-
das leis. Os deputados costumam acatar suas opiniões
quando razoáveis. 1\1as não chegam a ser considerados no
sentido que os americanos os consideram". "Muitos trazem
esclarecimentos dos seus direitos mas funcionam mais como
grupos de pressão". diz um outro. Para o terceiro, "os
grupos auxiliam. às vêzes. quando solicitados e quando têm
interêsses. N':1. maioria das vêzes atuam atra\'és de me-
moriais fczendo rei\'indicações.·'
84 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
-----------------------------~------------------

Relações Legislativo - Executivo


5.8 - Busca de informações, orientação e pareceres pelo)
parlamentares nas repartições públicas.

II 5.11.l Procuram em geral. formalmente -1

--------- -

i 5 ..li')
1
~
Procuram em geral. infcrmalmente

~-- ;~o:r~m.~ormal -e
1 informalmente
1-- -- -.------.-----
iI 5.11.4 Não procuram
,
l- TOTAL
I

Quatro dos entrevistados afirmam que órgãos do Po-


der Executivo são constantemente consultados pelo Poder
Legislativo. Essas consultas, em geral, dizem eles, se pro-
cessam através de um mecanismo formal estabelecido no
regimento. Requerimentos de informações ao Executivo.
através da Mesa, convocação de representantes do Pode~­
Executivo para depor frente ao Congresso, baixar um pro-
cesso em diligência, são exemplo dês:::e mecanismo. Um
dêles, porém. é cético quanto ao alcance dêsse auxílio:
"O índice de pedidos de informação às repartições públi-
cas é altíssimo quanto à expedição e muito baixo quanto
ao recebimento das respostas. Quando respondem são in-
formações incompletas".
A opinião de que em geral os parlamentares se vêem
obrigados a buscar, êles próprios, através de contact03
informais, os dados de que necessitam no Poder Executivo
foi sustentad8. por um dos legisladores. Diz êle: "Freqüen-
temente o legislador tem que ir diretamente às repartições.
Isso é lamentável pois implica numa dispersão de esfor-
ços e reduz a eficiência do parlamentar que gasta grande
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 85

parte do seu tempo nessa tarefa em detrimento do estudo


de problemas relevantes".
Três outros entrevistados declararam que processos
informais de busca de informações no Executivo funcio-
nam ao lado dos mecanismos formais. Dois dêsses, porém.
põem em dúvida a contribuição efetiva dêsse tipo de as"es-
soramento, um dêles afirmando que apenas às vêzes as
informações são prestadas e o outro dizendo que nem
sempre o material estatístico está em dia.
Apenas dois dos deputados entrevistados negam que
os parlamentares. via de regra, se dirijam às repartições
públicas em busca de informações. Um dêles refere-se ao
seu caso particular nos seguintes têrmos: "No meu caso
particular não procuro as repartições públicas. Não tenho
condições". O outro generaliza para tôda a Câmara a falta
de hábito de procurar as repartições públicas. Diz êle:
"Quando o Congresso funcionava no Rio nós procuráva-
mos. Em Brasília não. Brasília não dispõe de nada e aqui
ninguém quer trabalhar. Tudo que se precisa tem que se
buscar no Rio e então ninguém vai".
Nenhum dos parlamentares referiu-se à posição polí-
tica ocupada pelo deputado como fator que facilitasse ou
dificultasse o acesso às fontes de informações do Exe-
cutivo. nem mesmo os dois deputados oposicionistas incluí-
dos na "amostra".

5.9 - IniciatiL'a do Poder Executiüo em fornecer infor-


mações e orientação aos parlamentares.

!) 9.1 O Executiva não procura os parlamenta-


res para lhes prestar esclarecimentos e
orientação 6

!).9.2 O Executivo procura os parlamentares para


lhes prestar esclarecimentos e orientação 4

TOTAL 10
36 CADER;\lOS DE AD:\IIXISTR.-\Ç.:'i.O PL-ELIC\
----
A maioria dos entrevistados (seis err: dez), alguns se
referindo ao seu próprio caso (dois) e outros, generali-
zando a tendência para tóda a Câmara (quatro), afirma
que o Executivo. via de regra, não procura os legisladores
e as comissões, a fim de lhes prestar esclarecimentos e
OI ientação. Três dêles abrem um parênteses para explicar
que o Executivo procura os parlamentares apenas quando
têm interêsse muito grande em determinado projeto e so-
mente para conseguir votos. Isto. contudo. ocorre rarís-
simas vezes. Um outro afirma que "não procuram por
que 03 próprios deputados se antecipam a êsses ofereci-
mentos, consultando. na própria Câmara, o elemento de
ligação que cada Ministério mantém junto â Câmara".
Entre os quatro que responderam afirmativamente :,
pergunta que indagava sôbre a iniciati\'a do Executivo em
fornecer ajuda aos legisladores. três afirmam que apenas
os líderes. contudo, são procurados. O último assim se ma-
nifesta: "Sim, quando do estudo de projetos governamen-
tais. O As::essor do Poder Executivo que trabalhou no pro-
jeto torna-se. então, ao mesmo tempo. assessor da ativi-
dade legislativa. Há, no caso. prejuízo da independência
do trabalho parlamentar e da autonomia legislativa que
pode ser reduzida à versão do Assessor Executivo".
Parece-nos, tendo em vista as oboervações feitas pelos
entrevistados. que há, ao nível da Câmara dos Deputados,
grande comunicação entre os órgãos dos dois Podêres (Exe-
cutivo e Legislativo) no que se refere a atividades de
assessoramento do Executivo para a elaboração legisla-
tiva. Contudo, me~mo na comunicacão de iniciativa do
Legislativo para o Executivo, em qu~ pêsem às opiniões
emitidas, o mecanismo formal parece prevalescer. O Le-
gislativo consulta, em geral, órgãos do Poder Executivo
através de requerimentos de informações e convocação de
seus funcionários (alguns legisladores põem em dúvida é1
eficácia dêsses auxílios). Da mesma forma o Executivo,
ao tomar a iniciativa de fornecer informações e orientação
aos legisladores. o faz, via de regra. através dos líderes
e não diretamente aOs legisladores indiscriminadamente.
A existência de elementos pertencentes aos Ministérios,
o ASSESSORA:\lEXTO LEGISL\. TIVO 87

que funcionam como elo de ligação entre os órgãos do


Executi\"o e 9 Câmara dos Deputados, mencionada por dois
dos entrevistados, parece, contudo, trazer maior flexibili-
dade ao sistema de comunicação entre os dois Podêres.
Êsses elementos, no entender de um dos que se manifes-
taram a respeito, são procurados pelos legisladores que
visam obter esclarecimentos. Segundo o outro que a êles
se referiu, tomam também a iniciativa de assessorar o
processo legIslativo em projetos da autoria do Executi\'ü.

6 - Sugestões para melhoria do assessoramento da


Câmara (número de vêzes que foram mencio-
nad3s) .

ti.l Criação de l m o:'gão cent:'al de as.,es:oora-


menta

ti.2 Criaçãc de asses.::cria.3 espe~;alizadas nas co-


mL<;sões

ti.:! A.~sessoramento individual ao parlamentar

ti.4 CeH1tratação de serviço, exten:cs 3

6.5 Melhora!' a comp:::sição das comissões


tecnicas

6. ti :'vlanter o .-i5tema vigente

6 ~ OmG;,;ão

TOTAL 16

Com exceção de um dos entrevistados que foi incluídJ


na categoria Omissão por não te~' sugerido qualquer tipo
88 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

de melhoria, limitando-se a dizer que, como a Câmara nào


dispunha de nada, ter-se-ia que começar da estaca zero, e
de um outro que, satisfeito com o processo de assessora-
mento informal que atualmente opera na Câmara, suge-
riu apenas que se mantivesse o sistema vigente, os de-
mais fazem, às vêzes, mais de uma sugestão no sentido
do seu aprimoramento.
Quatro delas dizem respeito à necessidade de se criar
um órgão central especificamente encarregado de prestar
assessoramento ao parlamentar e às Comissões. Um dos
deputados acha que deveria fazer parte dêsse órgão um
Setor de Relações Públicas para auxiliar o parlamentar na
sua atuação política.
Quatro sugestões são no sentido de se dotarem as co-
missões com um corpo de assessôres técnicos especializa-
dos nas matérias que lhes são pertinentes.
A criaçào de assessoramento individual ao parlamentar
foi sugerida duas vêzes. Um dos deputados que defende
essa idéia assim se expressa: "O assessoramento individual
ao parlamentar seria o ideal mas não é muito viável por
causa do preço". O outro diz o seguinte: "Os funcionários
da Casa poderiam fazer trabalhos de secretaria para o
deputado para que êle tivesse mais tempo livre. Além
disso, êle deveria poder contar com um assessor".
Por três vêzes foram feitas referências a possibilidades
de contrato cie serviços técnico-especializados para exe-
cução de tarefas específicas. "Contratar, para determinadas
tarefas. um técnico", diz um deputado. "seria a melhor
forma de assessoramento. Êsse contrato deveria se dar ao
nível das comissões. As comissões deveriam dispor de ver-
bas para investigar e trazer pessoas para depor e assesso-
rar". Um outro acrescenta: "Deve haver um melhor inter-
câm bio entre o Congresso e Os institutos habilitados a fa-
zer pesquisas. Os órgãos do Executivo em geral não têm
êsses elementos". O terceiro, que havia anteriormente de-
fendido a criação de uma assessoria como órgão autôno-
mo, sugere que êsse Órgão possa. por sua vez, ter ligações
com outros organismos.
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 89

Um dos entrevistados considera que o ponto de par-


tida para melhorias do sistema de assessoramento estaria
em "deixar o critério da base partidária para a composição
das comissões técnicas e procurar formá-las com depu-
tados que tenham especialização correspondente aos estu-
dos que se atribuem a êsses órgãos".
Outro aproveitou a oportunidade para sugerir a "ele-
vação do nível' dos representantes do povo para que êles
possam escolher melhor. melhorar a sua capacidade de
seleção" .

7 ~ Organização da Assessoria ideal (perspectiva dos


entrevistados) .

7.1 orgão central 4

7.l Assesscramento individual mais assessora-


mento às comissões

'1.;) Assessoramento individual ou à bancada

7.4 Contratação externa 11

Ci .!) Comissões técnicas da casa

7.6 Qualquer tipo de asseswramento

7.7 A..."Sessoramento informal

TOTAL 10

As penpectivas dos entrevistados variam enormemente


quanto à organização de um sistema de assessoramento
90 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PCBLIC.~

ideal para a Câmara. A maior concentração de opmlOes,


contudo, se dá em volta do órgão central de assessora-
mento. Quatro dos entrevistados optaram pela sua cria-
ção. Todos êles, porém, frisam a necessidade de ~e
contar com certa diversificação de especialidades dentro
dessa Assessoria. Alguns parlamentares, no ent::mto, con-
denam expressamente a criação de uma Asse;:soria. Assim
se manifestam: "0 órgão central é contra-indicado ... "
"Não sou favorável à criação de um corpo de assessôres,
por que no fim êles terminarão sendo burocratas, nem
podemos subordinar o procedimento do parlamentar a
asses-,ôres estranhos". "O órgão central de assessorament8
seria prêsa de meia dúzia de parlamentares que teriatT.
ali seus afilhados".
Um dos que se haviam pronunciado f2\'or~velmente à
criação de um órgão central frisou que as dificuldad,:;s
para a sua implantação seriam muitas. Já havia p:\rtici-
pado de um grupo de trabalho encarregado de estudar o
assessoramento, mas as "conclusões e recomendações dêsse
grupo não lograram êxito por que, quando se falou em
criar um corpo de assessôres, os parlamentares logo qu;-
seram colocar nêle os seus afilhados".
Um dos deputados defende a institucionalização de um
processo de assessoramento individual ao parlamentar e.
concomitantemente, a colocação, junto às Comissões, de
assessôres especializados nos assuntos que lhes dizem res-
peito.
O assessoramento individual (ou, na impossibilidade
dêste, o assessoramento à bancada estadual) é defend;C:.J
também por um outro parlamentar.
O que propugna pela possibilidade de contratos de
assessoramento externos adota uma posição bastante pes-
simista. Afirma que a criação do órgão central é contra-
indicada, que o assessoramento individual é impossível 2,
mesmo, " ... há perigos na contratação de técnicos por causa
dos grupos de interêsse. Há possibilidades de corrupção".
Um outro acha que, por causa da falta de disponibilidades
financeiras. ú assessoramento ao Poder Legislativo deve
ü ,-\SSE~SOR.-\:'vIE:\"TO LEGISLATIVO 91

continu2r a ser feito atra\'és das comi~sões técnicas inte-


gradas pelos próprios parlamentare~.
A opinião de que qualquer tipo de assessoramento se-
ria muito bem recebido na Câmara é expressa nos se-
guintes têrmos: "Na carência de assessoramento em que
nos vemos qualquer um nos seria útil. Observa-se a grande
dificuldade que implica a formação de tal serviço num
país subdesenvolvido. A educação pública é de nível pre-
cário. Isto faz com que, de um lado, seja difícil selecionar
material humano para desempenhar função tão delicad3..
De outro lado torna-se perigoso. politicamente conside-
rando, onerar ainda mais o trabalho legislativo ... ,.
O ultiml) deputado aqui incluído defende a idéia de
que o assessoramento não deve ser institucionalizado. U
processo vigente na Câmara é o mais aconselhável.
Como vemos, se a tendência manifesta entre os depu-
tados entrevistados se manti\'er constante para tõda Câ-
mara. qualquer projeto de organização de asseS3ora-
mento deve. forçosamente. contar com uma série de resis-
tências por parte do..: próprios parlamentares. Embora haja,
como \'imos anteriormente. sentimentos de insatisfação
bastante difundidos em relação ao estado atual do asses-
soramento (nove entre dez dos entrevistados haviam for-
mulado opiniões desfavoráveis a êsse respeito). verifica-se
a presença de atitudes extremamente pessimistas quanto
às possibilidades de organização efetiva de um sistema de
assessoramento. A. divergência de opiniões quanto à me-
lhor forma ."te organização do assessoramento deve, tam-
bém. funcionar como área de conflito. A concentração de
opiniõe;:. elegendo o órgão central como o mais indicado
(quatro deputados assim se m"nifestaram). esbarra na
atitude negativa formalmente expressa por alguns depu-
tados (três) em relação a êsse órgão.

C - COllclusr'ie.)

O proce~so de assessoramento atualmente \'igeúte na


Câmara dos Deputados. excluindo-se o prestado pelas pró-
92 CADER~OS DE ADMli'ISTRAÇÃO PÚBLICA

prias comissões técnicas, apresenta teor altamente infor-


mal. Embora o Regulamento da Secretaria inclua entre
os seus órgãos uma Assessoria Legislativa que deveria fun-
funcionar como órgão autônomo de assessoramento aos
parlamentares e às Comissões e o orçamento traga dotação
destinada a tais serviços. tal órgão não tem existência efe-
tiva. A nomeação de assessôres está na dependência de rea-
lização de concurso que. até o momento de nossa visita.
não ha\'ia sido processado. A Biblioteca e c:s funcionários
da casa. em geral secretários das comissões, na maioria
das vêzes sem treinamento específico outro que o da sua
experiência. vêm desempenhando alguns auxílios dessa na-
tureza. Algumas comissões. como a de Redação e a de Fis-
calização Financeira. por exemplo. estão em melhores con-
dições que outras. dispondo de alguns assessôres de nível
universitário ou de verba para pagamento de transporte
e hospedagem de técnicos convocados para prestar escla-
recimentos. Em outras. contudo. há queixas de não conta-
rem nem com serviços administrativos suficientes.
O assessoramento de natureza regimental é prestado
à Mesa pela Secretaria-Geral da Presidência.
Quanto RS opiniões dos deputados entrevistados. pode-
mos concluir. ainda que provisoriamente. que:

1) prevalece uma atitude favorável ao assessora-


mento legislativo como elemento indispensável do processo
de elaboração legislativa (um dos entrevistad03. contudo.
nega a conveniência de se institucionalizar o processo):
2) a maioria dos legisladores afirma não existir. no
m0mento. órgãos com funções de assessoramento na Câ-
mara:
3) a Biblioteca é. em geral. vista de modo favorável e
tida como auxiliar do processo legislativo;
4) há um clima de grande insatisfação com referên-
cia ao estado atual do assessoramento (apenas um dos en-
trevistados declarou-se plenamente favorável à situação
vigente) :
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 93

5) o assessoramento externo é utilizado sempre a tí-


tulo gratuito (apenas um dos entrevistados declarou não
se utilizar õessa forma de assessoramento. preferindo.
quando absolutamente indispensá\·el. aconselhar-se com
seus colegas deputados);
6) os deputados não contam com asseõscramento par-
tidário; e
7) são. (·m geral. contrários à opinião de que os gru-
pcs de interé:>se funcionem. em determinados casos, como
assessôres do processo legislativo;
8) os mecanismos formais de comunicação entre J
Executivo e o Legislativo parecem ser os mais atus.ntes;
9) os deputados di\'ergem quanto as sua.> sugestões
para aprimoramento do processo de assessoramento e
quanto à organização de um sistema ideal de assessora-
mento para a Cãmara. Apresentam idéias conflitantes e
atitudes pe~simistas em relação às possibilidades de se
instituir um processo realmente eficiente.
5 - A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO
DE SÃO PAULO

A - Órgãos com funções de assessoramento na As-


sembléia Legislativa

Além das comissões permanentes e especIaIs. integra-


das pelos próprios deputados, que, na verdade, são asses-
sôres do Plenário. a Assembléia dispõe dos seguintes 01'-
gãos com funções específicas de assessoramento:
1 -- Gabinete de Assistência Técnica (GAT)
2 - Assistência Técnica da Mesa (ATM)
3 - Assistencia Técnico-Jurídica da Presidência
4 - Divisão da Biblioteca

1) Gabinete de Assistência Técnica (GAT)


O GAT ;;-ubordina-se técnicamentE' à Mesa e adminit:-
trativamente à Diretoria-Geral. Integram és,e órgão:

a) Seção de Documentação
b) Seção de Expediente
Compete ao GAT:
I - por intermédio des as~istErltEs técnicos:
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 95

a) prestar assistência à Mesa, às Comissões. aos Depu-


tados e ao Diretor Geral;
b) instruir os processos que lhe forem enviados;
c) proceder, quando solicitado. a pesquisas, críticas e
coordenação de elementos destinados à elabora-
ção de projetos e de estudos de matéria de inte-
rêsse da Assembléia;
d) patrocinar a defesa, em JUIZO e fora dêle, da
Assembléia, quando assim fôr determinado pelo
Presidente.
II - Pela Ser.;:áo de Expediente:
a datilografia. arquivos e registros de andamento
dos papéis e processos.
IH - Pela Seção de Documentação;
organizar índice por assuntos de leis, decretos, porta-
rias, projetos, etc., bem como prestar as informa-
ções referentes a tais assuntos.
Não consta do regimento da Assembléia qualquer nor-
ma que transforme a consulta ao GAT em procedimento
compulsório. Fica a critério da Mesa, das Comissões e dos
Deputados solicitarem ao GAT pareceres, pesquisas e estu-
dos sôbre determinados assuntos.
Segundo depoimento do Assessor-Chefe, Dr. Alberto
Almeida Lima, cêrca de 80' ( do movimento do órgão se
destina a atender às Comissões, através de relatores de
projetos. As~iste, também, a um grande número de Depu-
tados. A colaboração prestada. no entender do Assessor-
Chefe, poderia ser mais eficiente se o GAT contasse com
um maior número de assessôres de diferentes especializa-
çõe~ e se pudesse dispor de \'erbas para a contratação. a
curto prazo. de técnicos e especialistas ou para encarregar
organizações de fazerem pesquisas específicas.
O Gabinete conta. no momento. com um Assessor-
Chefe e vinte e quatro Assistentes Técnicos. Dêstes, ape-
96 CADERl\"OS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

nas dois não possuem curso universitário em virtude de


provirem de regime anterior. Todos os graduados em nívei
superior são bacharéis em Direito.
Os cargos. de livre nomeação, ~ão isolados e de provi-
mento efetivo.

O GAT não se limita a opinar sôbre o aspecto jurídico


das matérias submetidas à sua apreciação. Estuda, tam-
bém, o conteúdo das mesmas. Para tanto o seu pessoai
técnico foi dividido em áreas de especialização.

Há intenso intercâmbio dêsse órgão com os do Poder


Executivo. O Escritório de Assistência Técnico-Legislativa
do Govêrno do Estado é sempre consultado. O GAT fal;
farto uso dos arquivos dêsse escritório. Às vêzes dirige-
se diretamente ao Governador na busca de informações.

O órgão não wfre, na opinião do Assessor-Chefe, pres-


sões na sua é\tividade por parte de deputados interessados
em determinados projetos. O GAT, diz êle, "é apolítico
e bastante acatado na Assembléia. Seus pareceres e infor-
mações são, em 99~; dos casos, aceitos". Afirma ainda
exi~tir, contudo, por parte de alguns Deputados, certa aver-
são à intromissão de terceira pessoa. no caso os as:-:es-
sôres, no trabalho legislativo.

2) Assistência Técnica da l\1esa (ATM)

A ATl\I é- órgão autônomo subordinado diretamente Ci


Presidência da Assembléia.
Compete principalmente à ATM assessorar a Mesa em
matéria de natureza regimental. Entre as suas funções
se incluem a de prestar assistência ao Presidente da Assem-
bléia, submetendo-lhe a matéria a ~er discutida e votada.
organizar a Ordem do Dia, receber proposições apresenta-
das em plenário, preparar os despachos ordenados pelo
Presidente, prestar os esclarecimentos que forem solicita-
dos pela Mesa ou pelos deputados, relativos à aplicação
do Regimento Interno e ao andamento das proposições etc.
o ASSESSORAME;\;TO LEGISLATIVO 97
----------------------
A ATM conta, no momento, com quatro assessôres, to-
dos êles bacharêis em Direito. Tem ainda uma seção de
serviços auxiliares, com doze funcionários. que se encar-
rega da organização do cadastro e de arquivos. Mantêm.
também, um fichário de interpretações regimentais.

3) Assistência técnico-J li ridica da Presidência

Êsse órgão. que funciona junto à Presidência da Assem-


bléia. tem as seguintes atribuições:
a) dar parecer em processo e assuntos que lhe fo-
rem encaminhados pelo Presidente;
b) patrocinar a defesa da Assembléia, em juízo c
fora dêle;
c) prestar ao Presidente as informações e esclareci-
mentos que se fizerem necessários ao despacho dos proces-
sos pendentes de sua deliberação, estudados no órgão.
Distingue-se da ATM pois. enquanto aquela tem uma
atuação mais dinâmica, acompanhando a elaboração legis-
lativa em assuntos predominantemente de ordem regi-
mental, esta se ocupa em prestar assistência jurídica à Pre-
sidência, opinando nos processos que lhe forem encami-
nhados, além de se encarregar da defesa da Assembléia em
juízo ou fora dêle (a Resolução n." 210/57 que reorganiza
a Secretaria, atribuo também essa última competência ao
GAT, condicionando-a, contudo. à determinação do Pre-
sidente da Assembléia) .

4) Dirisão da Biblioteca

As bibliotecas das casas legislativas funcionam, fre-


qüentemente. como assessôras no processo legislativo for-
necendo dados e informações. fazendo pesquisas e, mesmo,
às vêzes. dando pareceres sôbre determinados assuntos.
Noss aobservação junto à biblioteca da Assembléia, con-
tudo, nos indica que a mesma não está, no momento, em
condições de prestar qualquer auxílio dessa natureza. As
93 CADER~OS DE AD::>'lll':ISTRAÇ.Ó,O I'ÚBLIC.\

instalações, segundo depoimento prestado· pela bibliote-


cária, Sra. Maria Cecília Fleury Si1yeira, são precárias, es-
tando já projetada uma mudança para o prédio nôvo, onde
Zl Biblioteca disporá de mai8 espaço e, provàvelmente, de
mais pessoal. No momento. a Biblioteca conta com seis
funcionários: duas bibliotecarias. dois oficiais legislativos
c doi~ serventes.

Há cêrca de um ano. contudo, a Biblioteca encontra-se


.fEchada p3ra o público. Enquanto isso. está sendo organi-
zado um catálgoo :::istemático em substituição ao ca-
tálogo topográfico que existe.

Foi adquirida pela Assembléia a Biblioteca do Embai-


xador Macedo Soares. As obras. contudo, são muito antigas
e VEI sam. principalmente. sóbre direito. legislacão, história
e literatura.

No momento. por falta de yerba. não há possibilidade


(,e se adquirir nada de nô\'o.

o COT!$elho Técnico-COllsHltiro de Asslmtos Econô-


micos e Sociais.

A Resolução nn 509. de 23 de dezembro de 196:3, criou


,1m Conselho Técnico-Consultivo de Assuntos Econômicos
e Sociais.

Êsse Conselho, que se dE·yeria subordinar diretamente


élMesa. destinava-se a prestar colaboração técnica a esta
e a tôdas as Comissões Técnicas da Assembléia. sempre
que lhe fôsse solicitada colaboração. Para tanto deveria
realizar. permanentemente. estudos. levantamentos e pes-
quisas sôbre a conjuntura econômica e social do Estado:
examinar todos os planos. iniciativas. propostas e me-
didas de caráter financeiro. social e econômico dos go-
vernos federal e de outros Estados. aprofundando os estu-
dos sôbre os assuntos que afetassem, direta ou indireta-
mente, a economia e as finanças do Estado de São Paulo;
deveria submeter periàdicamente à Mesa suas conclusões
o ASSESSORA.;\lE?-;TO LEGlSL\TI\'O 99

e sugerir providências acauteladoras e oportunas. Contri-


buiria, também, com a elaboração de pareceres técnicos
~ôbre os processos que lhe fôssem submetidos pela Mesa
ou pelas Comissões (art. 2.°).

o Conselho seria apenas um órgão consultivo e não


poderia. portanto. se sobrepor à Mesa e às Comissões Téc-
nicas.

Os seus quinze membros deveriam ser recrutados em


setores públicos e pri\'ados entre pessoas de reconhecida
competência E' amplos conhecimentos da comunidade pal;-
lista e exerceriam suas funções pro honore.

Foi criado. também. pela mesma resolução. um Gabi-


nete Técnico de Estudos Econômicos e Sociais. diretamente
subordinado 2,0 Conselho.

A êsse gabinete competiria assessorar o Conselho e


executar 0 0 trabalhos técnicos por êle determin?dos (al't.
-.f." § In) .

Os sete assessôres que passariam a integrar êsse gabi·


nete de\'eria:l1 repre~entar as seguintes especialidades: ec~~­
nomia. sociologia, engenharia agronômica. engenharia ur-
banística. medicina s?rjtária. a~sistência ~ocial e estatística.
Seriam recrul ados entre especialistas do serviço público.
Para isso. a Mesa ficaria autorizada a solicitar o comissio-
namento de especialistas que pertences::em aos outro.> po-
dêre~ ou a entidade:; autárquicas.

Criou-se. na época. o cargo de Chefe do Gabinete


Técnico de Estudos Econômicos e Sociais e. como primeL,-a
medida no sentido de implementação do nôvo órgão, foram
nomeados os membros do t:::onselho. K ada mais, porém, se
fêz nesse sentido. O Conselho continua a existir apenas
no papel. É mais um exemplo do formalicmo brasileiro.
O cargo de Chefe do Gabinete continua vago. A ver]H
de NCrS 120.000.00 para a despesa anual do órgão não
foi l,tilizada.
100 L\DER:\OS DE .'\DMINISTRAÇAO PCELIC.'\

A mudança da composição da Mesa talvez tenha sido


o fator principal do mau êxito da iniciativa.

B - Os deputados

Através da análise e interpretação dos dados obtid03


em entrevistas com dez deputados da Assembléia Legisla-
tiva do Estado de São Paulo, procuraremos fornecer infor-
mações referentes à sua opinião a respeito do processo de
assessoramento legislativo: seu conhecimento sôbre os ór-
gãos que desempenham na Assembléia eS3a função; o uso
que dêles fazem: o conceito no qual os têm: suas suges-
tões no sentido de se aprimorar o processo; tipos de asses-
soramento externo que utilizem a sua visão da organiza-
ção ideal do assessoramento.

1 - Importância do ass€.<:sora1l1el:~O em geral

1.1 - Necessario 9

1.2 - Necessário apenas para o, l:gi-ladcres que


não têm preparo

1.3 - Inde.sej!i.vel

TOTAL 10

Todos os parlamentares entrevistados, com exceção de


um, que afirma que "quando o legislador conhece bem
o assunto pode ser auto-suficiente" e. portanto, dispensar
o assessoramento legi3lativo, são unânimes em afirmar
que o assessoramento é útil e necessário ao parlamentar n')
desempenho de suas funções.

Fun-jç:io Getú:io Vargas


o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 101

Os entrevistados diferem. contudo, como veremos mais


adiante. no modo de utilização do assessoramento. na opi-
nião que fazem dos órgãos de assessoramento· da Casa e
nas suas perspectivas quanto ao tipo de organização do
assessoramento ideal.

2 COJ1hecimento pelos parlameJ1tares dos órgáos da


ASSE m bléia que'prestam asseSSOl'amento (número de
vêzes que o órgão foi mencionado pel03 parlamen-
tares) .

"1 -- GAT 10

2.2 - AT:\l 3

Funcionários d8.'i c::m1i~<õe~ 2

,Teta] de deputado~ q. e se manife:;tal'am: 10)

Todo~ 03 deputados entre\'ist8dos conheciam a exis-


tência do G,\T e sua fjy;alida.de. Três mencionaram. tam-
bém. além dI) GAT. a ATl'vI como órgão que presta asses-
soramento à rv!(;sa. Outros deis acrescentaram. como ór-
gãos de as:-:essoramento existindo concomitantemente com
o GAT. os funcionários das comissões.

Seria interessante pesquisar-se ~e de fato alguns dos


funcicnários burocráticos da C2.sa. lotados nas comissões,
estão realm2nte desempenhando. como p3recem indicar
as respc,c tas dos dois últimos dos entre\"Ístados, funções
de as"e~soramento tal como foram definidas por nós. Ou
trata-se. no caso. de mais um exemplo de má conceitua-
ção do têrmD assessoramento. identificando-o com a mera
exeCUf;ao ele serviço" burocráticos e rotineiros?
102 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO ptELICA

3 - Utilizaçâo dos órgcios de asse,"soromento da Casa

a.l - Nunca ou muito raram~nte t·omam a ini-


ciativa de consultà-los 4

3.2 - Consultam quando não podem resolver


por si

3.:; - Reçc~Tem freqüentemente a êles J

:;.4 - Utilizam-,e dêles para outros fins que


não propriamente o de assessoramento 2

TOTAL 10

Sumário das opiniões dos entrevistados

3. Nunca ou muito raramente tomam a iniciativa de


consultá-los.

"O assessoramento do GAT é deficiente. Utilizo a3se3-


sôres particulares e amigos".

"Eu mesmo identifico os problemas que serão objeto


da minha atuação legislativa, pela minha próp~'ia obser-
vação. Conheço bem minha região. As vêzes atendo a
pedido de certos setores e regiões. Eu mesmo, às vêzes
auxiliado por amigos, faço a coleta de dados, seleciono os
yue interessam. identifico as alternativas e elaboro os pro-
jetos".

"O deputado não encontra assessoramento dentro da


Casa, está sozinho. Recorro 3.0 GAT, mas raramente. Só
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 103
---------------------
quando preciso saber quando a determinado assunto cabe
uma lei, indicação ou moção".

"Quando o legislador conhece bem o assunto pode


prescindir do assessoramento. A Assembléia não tem asses-
sôres de minha especialidade. Quando preciso, recorro ao
Executivo. Conto com os serviços burocráticos da Assem-
bléia".

3.2 Consultam quando Hão podem resolrer por si só

"'Em geral trabalho sozinho. Um assessoramento indi-


vidual é muito caro e no GAT não há diversificação de co-
nhecimentos. Lanço mão dêsse órgão para a elaboração
jurídica de tlm projeto. Em algum casos êle dá também
informações sôbre o conteúdo do mesmo".

3.3 - Recorrem freqüentemente a êles

"Conto com a assistência jurídica e com a colaboração


do GAT na rase de coleta de informações".

"Conto freqüentemente com o GAT, que prepara e


enquadra o projeto dentro das normas legais e informa
quanto ao conteúdo do mesmo".

"Conto com o GAT principalmente na comissão que


presido" .

3.4 - Utilizam para outros fins

"Costumo recorrer ao GAT para datilografar os meus


projetos. Em geral assessoro-me com pessoas fora da
Casa".

"Valho-me sempre da minha própria experiência e de


informações colhidas fora da Assembléia. Quando não
quero resolver um determinado problema. mando para o
GAT que ü engaveta".
,

104 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


------~

A análise das respostas acima enumeradas nos leva a


crer que. se é' tendência manifesta se mantiver constante
em tôda a Assembléia. a grande maioria dos deputados
como tais niio recorre aos órgãos de assessoramento para
obter serviços dessa natureza.

Apenas três entre os dez entre\'istados declaram re-


correr com freqüência ao GAT. principal órgão de asses-
soramento da Casa. Obtêm dêle esclarecimentos. orienta-
ção e informações que se referem tanto à forma quanto ao
conteúdo de proposições. Um dos entrevistados recorre
mais ao ôrgão com') Presidente da Comissão do que em
assuntos referentes à sua atuação indi\'idual de parla-
mental'.

Alguns en 1.re os que nunca ou raramente recorrem ao


GAT ou a outro órgão da Assembléia para obter asses-
soramento dão como razão principal de tal procedimento
a deficiência do assessoramento prestado por êsses órgãos.

Há indícios razoáveis para acreditarmos na existênci'l


bastante carecterizada de sentimentos de auto-suficiência
no deputado paulista. Cinco dos p3rlamentares entrevista-
dos afirmam explicitamente que, em geral. trabalham so-
zinhos. Valem-se de sua própria experiência, de seus co-
nhecimentos e de suas observações. Um dêsses vai mais
longe afirmando que o aosessoramento não é indispensá-
vel para o legislador que conhece bem o assunto do qual
vai tratar.

É interessante notar-se o uso indevido que alguns dos


deputados fazem do órgão de assessoramento. Um dêles
utiliza o GAT para ter os seus projetos datilografados. O
outro. partindo da idéia de que o órgão é disfuncional e ex-
tremamente burocratizado. envia-lhe os problemas dos
quais não estb interessado em obter soluções. Teria dado
assim uma satisfação a sua clientela interessada no assunto
sem ter que levá-lo mais adiante.
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 105
-----------------------------
4 - Imagem dos órgàos de aS5essoramento da Assem-
bléia

4.1 - Favorável 3

4.2 - Favcrável apenas quanto ao aspecto regi-


mental e jurídiCO
----------

4.3 - Nem favoráVE'l, nem desfavorável 2

4.4 - Desfavorável 3
-----------

TOTAL 10

Os legisladores tendem a identificar os órgãos de asses-


soramento da Assembléia com o Gabinete de Assistência
Técnica (GAT).
Três dos entrevistados manifestaram-se de modo fa··
vorável a respeito dês::e órgão. A assessoria da Casa é
vista como de boa qualidade. Fazem, contudo. algumas
observações sôbre o assessoramer,to em geral. como por
exemplo: "quando há necessidade a Assembléia lança mão
de assessor3mento externo, principalmente do Executivo",
ou "apenas em casos excepcionais há necessidade de se
contratar pessoal estranho para dar pareceres especiais",
ou ainda "0 GAT funciona bem mas êle só não basta. De-
veria haver assessoramento especializado nas comissões".
Dois outros parlamentares acreditam que o assessora-
mento prestado pelos órgãos da Assembléia está adstrito ao
aspecto regimental e jurídico da elaboração legislativa.
:1',' esse aspecto afirmam que a Assembléia supre as neces-
sidades de assessoramento. Ambos criticam a composição
do GAT. integrado apenas por bacharéis em Direito. O
GAT, segundo um dêles, "deveria recrutar técnicos de
106 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO Pl;BLIC\

variadas especialidades e não apenas advogados". O ou-


tro concorda com essa idéia sugerindo a "diversificac3.o
de conhecimentos culturais" do GAT. .

Dois entrevistados adotam, na sua avaliação do órgão,


posição intermediária. Não o criticam mas, ao mesmo tempo,
esclarecem que a situação do assessoramento na Assem-
bléia não é a ideal.
Os três parlamentares incluídos na últimas categoria
manifestavam-se inequivocamente de modo desfavorável
com referência ao principal órgão de assessoramento da
casa. Um dêles estende sua crítica aos próprios parlamen-
tares, afirmando: "O assessoramento legislativo é muito
deficiente. Como os deputados só querem saber de perfu-
maria política, o GAT basta".
Como se vê, a maioria dos deputados não está satis-
feita com o status quo do assessoramento legislativo. Mes-
mo entre os que se manifestaram favoràvelmente, algumas
ressalvas nos levam a acreditar que comungam da idéia
de que o asse::soramento legislativo poderia ser melhorado.
O que parece preocupar mó.is os parlamentares é a falta
de assessoramento técnico diversificado com que pudessem
contar. Além dos problemas referentes a pessoal especia-
lizado, problemas de material e de instalações na Assem-
bléia são apontados também como causas da deficiência
do assessora~ento.

5 - Suficiência dos orgãos de assessoramento

5. 1 - Suprem as necessidades 2

5.2 - Não suprem 8


.. __..- - - - -~ Ii
TOTAL 10
!
o ASSE."SORA:\IEXTO LEGISL.-\TlVO 107

o quadro acima suplementa o anteriormente apresen-


tado. Neste vemos bem caracterizada a insatisfação dos par-
lamentares paulistas entrevistados quanto ao status quo do
assessoramento na Assembléia. À pergunta: "A Assem-
bléia. por si só. supre à3 necessidades de assessoramento
legislativo?". oito em dez responderam negativamente. As
causas aventadas já foram expostas acima. Apenas dois,
coerentes com a opinião favorável ao assessoramento pres-
tado pela Assembléia, já mencionada anteriormente, afir-
mam que a situação atual do assessoramento é suficiente
para permitir o bom andamento dos trabalhos legislativos.

6 - Assessoramento externo

Especie 3im Não Tutal

ti.l - Assessoramento p:ll1:icular p::rma-


nente 3 10

ti ~ - Consulta, remunerad3~ a e.<pecia-


listas ou a orgamzações privadas e
públicas 10

'5 .. ) - Asses.scramento ~porádico prestado


graciosamente por especialistas 10 o 10

ti 4 - Consultas a titulo grs.cio.."o a insti-


tuições de estudos, pesquIsas e
dccumentação, particulares 0:.1 pú-
blicas 9

6.5 - Assessoramento informal prestado


por amigos e parentes 10 o 10

I
I
6. b - Assessoramento prestado pelos par-
tidos pol1ticos o 10 10
108 Cr\DE'i"OS DE AD::\fINISTRACÃO Pt:BLICA

Os deputados dependem, em grande escala. para as


suas decisõe5. de um assessoramento que transcende os li-
mites da Assembléia Legislativa.
Três dos deputados entrevistados afirmam contar com
assessôres particulares. Um dêles tem um contrato infor-
mal, remunerado. de assessoramento com ad\'ogado es-
pecializado em assuntos administrativos. Essa pessoa já er.=t
sua amiga antes de sua eleição. Outro afirma contar com
dois assesEôres particulares, um dêles. pôsto à sua dispD-
sição pela Assembléia, que se encarrega de o secretariar
administrativamente. acompanhar a tramitação de propo-
sições e verificar o andamento de processo de sua cliente13.
nas secretarias do Estado. outro. pessoa de sua confic;n-
ça e por êle remunerada. é seu cabo eleitoral e se en::Of-
rega de atender à sua clientela. de prestar-lhe assistÊ'Lcia
social e .iurídica. Funciona como elo de ligação entre o
deputado e seu eleitorado. (Ésses "assessôres·'. a nos:o '."e~·.
exercem. um dêles. funções predominantemente admiYlis-
tlativas, que paro nós não siio consideradas como de asse,-
soramento. e o outro. funções de assessoramento prf"domi-
nantemente político).
Outro deputado conta com um assessor de meio peno-
do. Essa pes:;;c;a é amiga sua e bacharel em Direito. É fun-
cionário comissionado e recebe uma ajuda-de-cus:o do
deputado.
Os que não contam com assessôres particularc·s em
geral dão como razão disso a folta de reCUí:O:OS para a COI1-
!ratação de elementos de bom nível.
Ka Assembléia Legislativa paulista Ja se delineia a
f 01 mação de uma atitude bvorúvel à contratação remu-
nerad'l de sen-ic:os profissionais de especia:;stas. Q~'2tl·,)
dos entrevis:~"dos .iá recorreram a êsse tipo ele éluxílio. T;é)-
gandu. de seu pró!Jr;" bôlso a orientação recebida. A ,)ti-
lizaé:ão onerosa de técriicos. contudo. é ainda eSDorúd;cJ.
A me,:a pode tam hém. em certo~ casos. segundo -informa-
ções prestad~;s pelo Presidente da A.ssembléia. obter pare-
ceres dêsse tEor. utilizando-se da verba de represent8ção
de que di';põe. Raramente. poróm, tal providência é tO'TIa-
o .-\S~E5S0RA"'lENTO LEGISL.-\TIVO 109

da. Todos os entrevistados recorrem a especialistas em de-


terminados a::suntos, amigos ou não, obtendo dêles orien-
tação gratuita. O assessoramento informal prestado por
amigos e colegas do deputado é, também, amplamente uti-
lizado.
Dos dez entrevistados apenas um dos parlamentares
afirma já haver se dirigido, em busca de orientação e in-
formações, a instituições de estudo. pe=quisa e documenta-
ção. Quatro dos restantes costumam ler as publicações qU0
algumas dessas instituições editam e as estatísticas qUe
hajam por bem divulgar. Um dêle~ manifestou a opinião
de que seria interessante poder recorrer-se a el?s, desde
que a Assembléia cobrisse os custos.
Os partidcs políticos, como a unanimidade das respos-
tas comprov:l, não fornecem qualquer tipo de aosessora-
mento ao parlamentar. Os deputados paulistas em geral
não fazem O'.ltras observações referentes à atuação dos par-
tidos. Apenas um dos entrevistados, afirmando que essas
organizações não prestam a~sessoramento aos seus repre-
sentantes, acrescenta "É lastimável".

6.7 - Auxílio prestado por grupo.> de interêsse em assun-


tos que lhes dizem respeito.

ti. 7. 1 - Fazem apenas pressão 3

ti. 7.2 - As vêzes auxiliam

6 7 3 - Auxiliam b'lstante, trazenc::> dados apro-


veitáveis

6 7 4 - Omissão

TOTAL 10
110 CADERNOS DE AD:\IINISTRAÇ.~O PÍ'ELIC\
-------

Dos nove entre\'istados que se manifestaram. apenas


üm afirma que os grupos de interêsse não se limitam a de-
fender somente os seus interêsses imediatos mas se preo-
cupam também com os da região em que se acham loca-
lizados.
Os outres oito condlcionam a atuação do grupo de lD-
terêsses a assuntos que lhes dizem respeito. Quanto à SU:1
atuação no processo legislativo três dos deputados entre-
vistados acham que êles são desorganizados. lerdos em
tomar conhecimento de assuntos que lhes interessam e
"tu ando mais como reiyindicadores do que prestando au-
xílio de qualquer natureza.
Quatro dos deputados ocupam poslcao intermediária
no que se refere à sua opinião quanto à atuação dos grupos
c('mo assessôres do processo legislativo. Às yêzes trazem
informaçces esclarecedoras que são apro\'eitadas pelo par-
lamentar.
Dois dêles as"umem atitude mais favorável quanto à
atuação dos grupos, afirmando que são muito úteis ao pro-
cesso legislaij\,o trazendo dados e sugestões que podem ser
aproveitados. Um dêles afirma que êle próprio toma a ini-
ciativa de consultar grupos dêsse tipo. recebendo déles
llma colaborüção efeti\'a.
Nas respostas d2das. contudo. à primeira pergunta de
nosso questionário: "Como surgem. em geral. os proble-
mas que são transformados em objeto de legislação?" que.
devido a dificuldades de ordem metodológica deixaram de
ser incluídas no presente trabalho. sete dos dez deputados
entrevistados fizeram referências expressas a entidades de
classes e associações que procuram o deputado. Daí perce-
ber-se que o papel que cabe aos grupos de interêsse no
procesó'o legislativo é bem maior do que tenderíamos rt
supor, se levássemos em conta apenas o quadro acima. Êles
ajudam a definir o que é o interêsse público no Estado de
São Paulo. Parece, contudo, não existir uma ação continurt
e organizada por parte dos grupos de interêsse. Um3 \'ez
apresentadas suas rei\·indicaçõe3. parecem nao se pre-
CC'lpar lU. pElo menos. não tentar intervir no tratament')
o ASSESSORA:\lE.KTO LEGISLATIVO 111

a ser dado ao assunto. l\Iesmo os deputados que se mostra-


ram favoráveis às possibilidades de assessoramento por
parte dos grupos de interêsse. não vão tão longe ao ponto
de afirmar que, todo e qualquer projeto que envolva in-
terêsses de terminados setores. seja alvo de tentativas de
influenciação, expressas por atos de aSSEssoramento, pO:'
parte dêsses ~etores.

Relaç6es Legislatico-E:reC'ut:l'o

6.8 Busca de informações, orientaçeio e pareceres nas


repartições públicas

ti. 8. 1 ~ T~dC:i cs deputadcs pro:U!'am órgão" do


Executivl.. p.lra oo'_ençãs d~ info!'nlaçõe-.;.
orientação e parecec-es 'j

ti.1:I 2 ~ Apenas cs da situação procU!'l1m órgãcs


do Executivo

ti. 1:1. 3 ~ Em geral os deputados não procuram 0:0


órgãos do Executivo 2

TOTAL 10

A grand~ maioria dos entre\'istados (7 em 10) é dI,:


opinião que 8S repartições públicas são procur8das, com
regularidade, oficialmente e extra-oficialmente, por todo;:;
os deputados, sem discriminação partidária. Os meios in-
formais de contato com o Poder Executi\'o são amplamen-
7e utilizados. Opiniões como: "Os deputados procuram obter
informações dos Secretários. através de entre\'istas. " Vou
pe3soalmente para merecer fé", "Os deputados procuram
os órgãos do Executi\'o. São consultas informais. Geral-
mente o cidadão que informa tem certo interêsse pessoal
em atender o deputado", "Todos os deputados procuram.
112 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PVBLICA

Obtêm dados, informações, estatísticas", são exemplos ilus-


h'ativos dêsse intercâmbio informal entre o legislador e o
funcionário público.
Exemplos de consultas formais são também apontados
pelos entrevistados: "As Comissões convocam os secretá-
rios quando querem se inteirar de determinados assuntos",
"Quando os deputados precisam de informações específicas
requerem, através da Mesa, 80 Chefe do Executivo".

O único parlamentar que integra a segunda categoria


representada no quadro (apenas os da situação procuram
órgãos do Executivo) assim se manifesta: "A oposição nã,]
conta com a boa vontade do Govêrno. Quando pede infor-
mações ao Executivo êste não responde ou dá informações
inadequadas. desnorteadoras. Parece que elementos da si-
tuação contam mais com êsse auxílio".

Dois dos entrevistados negam uma comunicação fre-


qüente do legislador com os órgãos do Poder Exe~utivo.
"Muito raramente e em casos de pequena importância os
deputados se dirigem aos órgãos do Executivo", afirma um
dêles. Apenas os deputados "despachantes," no entender
do segundo, preocupados em resolver problemas dos elei-
tores, dirigem-se ao Executivo.

6.9 - Iniciativa do Poder Executi'l'o em fornecer infor-


mações e orientação aos parlamentares.

(j.9.1 - o Executivo não pro~Ul'a os parlamenta-


res para lhes prestar esclarecimentos e
crientação 7

(; 9.2 - O Executivo procura 03 parlamentares


para lhes prestar escl:uecimentos e orien-
tação 3

TOTAL 10
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 113

Sete entre os dez entrevistados negam a iniciativa do


Poder Executivo em fornecer elementos referentes à ela-
boração legislativa aos deputados diretamente.

Apenas três dêles afirmam que os deputados são pro-


curados pelos órgãos do Executivo com vistas à atividade
legislativa.

As respostas dadas pelos entrevistados nos levam a


acreditar, se a tendência fôr representativa da Assembléia,
que, em geral, a comunicação Legislativo-Executivo em
São Paulo não obedece a canais formais e partidários. Os
parlamentares, não importa o partido, dirigem-se aos ór-
gãos do Executivo para obtenção de informações e orien-
tação. Apenas quando têm necessidade de uma manifes-
tação formal do Executivo sôbre determinado assunto é
que recorrem ao expediente dos requerimentos, através
da Mesa wlicitando-a ao Chefe do Executivo, ou à convo-
cação pelas comissões de altos funcionários do Estado.

Em contrapartida, o Executivo parece preferir os


canais competentes de influenciação do processo legislati-
vo. Não toma a iniciativa de prestar esclarecimentos aos
deputados em geral. Dos dez entrevistados apenas três afir-
mam que o Executivo procura o parlamentar para Ih'2
prestar esclarecimentos quanto a determinado problema.
Dois dêles condicionam êsse tipo de assessoramento de inl-
ciativa do próprio Executivo à defesa de projeto em anda-
mento de sua autoria ou de seu interêsse na Assembléia.
Apenas um não faz menção ao fato, dizendo apenas que
"As repartições públicas às vêzes convidam o deputado
para lá comparecer e lhes dão explicações e orientação".

Dois dos parlamentares entrevistados queixaram-se do


tratamento que o Govêrno dispensa à Oposição. Na opinião
de um dêles "?\'ão há entrosamento entre Executivo e Le-
gislativo. O Govêrno veta os projetos da Oposição". Para
o outro, já citado anteriormente. a Oposição não conta com
a boa vontadE: do Executivo.
114 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

7- Sugestões para melhoria do assessoramento

7.1 - Criação de assessoria individual 2

7.2 - Diversificação técnica do GAT 3

7.3 - Contratação de serviços fora da Assembléia 2

7.4 - Criação de assessoria especializada para


i as comissões 1
I
i

7.5 - Nenhuma sugestão 1

7.6 - Omissão 1

i
I
TOTAL 10 -

Dos nove deputados que se manifestaram, dois acre-


ditam que o assessoramento legislativo teria muito a lucrar
se, mantidos os demais órgãos, fôsse atribuída a cada depu-
tado a possibilidade de contratar, durante o seu mandato,
pessoa altamente qualificada para assessorá-lo. A Assem-
bléia deveria arcar com os custos dessa contratação.
Três dêles acham que o problema seria grandemente
re!':olvido se o GAT, ao invés de dispor apenas de advoga-
dos, passasse a contar, também, com especialistas de outros
ramos.
Dois dos entrevistados acreditam que a solução esta-
ria na contratação de serviços fora da Assembléia. Os ser-
viços deveriam ser contratados à medida das necessidades.
Um dêles afirma que deveriam ser utilizados, para tal fim,
órgãos privados. Com isso estar-se-ia ganhando em efici-
ência e evitando o "apadrinhamento" característico dos
órgãos públicos.
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 115

Apenas um dos parlamentares mencionou a criação de


assessorias especializadas nas comissões como meio de se
aprimorar o assessoramento legislativo.
Um dos entrevistados considera boa a situação do as-
sessoramento e não tem qualquer sugestão a fazer.
Houve uma omissão.
Como se vê, há tôda uma gama de sugestões. A que
contou com o maior número de adeptos entre os entrevis-
tados foi a da diversificação técnica do GAT, até agora in-
tegrado quase que exclusivamente por bacharéis em Di-
reito. Parece ser êsse o problema de maior alcance na As-
sembléia. Empat3.das em segundo lugar, cada uma com dois
votos, vêm a criação do assessoramento individual ao par-
lamentar e a instituição de meios que possibilitassem a
contratação de serviços, por tarefa. fora da Assembléia.
Essa última sugestão parece estar ligada à idéia de que
serviços públicos conotam, quase sempre, ineficiência e
alto custo para o tesouro público.
Apenas um dos deputados, mantendo-se fiel à sua linha
de pensamento, afirma que a situação atual do assessora-
mento legislativo é boa. Não é necessário melhorá-la. O
outro deputado que o havia acompanhado na sua opinião
de que os órgãos de assessoramento da Assembléia suprem
tôdas as necessidades da Casa, sugere que, para aprimo-
rar ainda mais o processo legislativo, "A AS3embléia po-
deria pagar ,"ssessor individual altamente qualificado para
o deputado".

8 - Organização da assessoria ideal: perspectivas dos


en trevistados

8.1 - órgão central apenas 1

8.2 - órgão central mais assessoramento indi-


vidual 2
116 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

11.3 - órgão central mais assessôres especializa- i


dos nas comissões 2

11.4 - órgão central mais assessôres especializa-


dos nas comissões mais assessoramento in-
dividual 3

11.5 - Assessoramento individual apenas 1

-----~---~- -----~

11.6 - órgão privado 1

TOTAL 10

o quadro acima demonstrou que não há consenso


entre os parlamentares entrevistados a respeito de qual
seria o melhor tipo de organização para o assessoramento
legislativo. A concentração de opiniões está entre aquêles,
que afirmam que o sistema de asse~soramento deve ser
misto, abrangendo o assessoramento individual ao parla-'
mentar (assessôres contratados pelo deputado e pagos pela
Assembléia), o asse,soramento especializado nas comis-
sões e o órgãD de assessoramento central.

Tôdas as opiniões, com exceção de duas, mencionam


o órgão central como componente do sistema de assesso-
ramento que reputam ideal. Em segundo lugar é o asses-
soramento individual (seis vêzes citado) o elemento mais
freqüente nessa organização ideal. O assessoramento téc-
nico localizado nas comissões ocupou o terceiro lugar
(cinco menções). Apenas um dos deputados elegeu o sis-
tema de assessoramento legislativo que se sustentasse num
órgão privado como a forma ideal de organização.
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 117

c- COnclHSÕeS

o sistema de assesôoramento legislativo, na Assem-


bléia Legislativa do Estado de São Paulo, está baseado na
existência de um órgão central de assessoramento, o Ga-
binete de Assistência Técnica (GAT). Ao lado dêste fun-
cionam, também, dois outros órgãos: Assistência Técnica
da Mesa (ATM) e Assistência Ténico-Jurídica da Presi-
dência que, pela sua natureza de assessôres do Presidente
e da Mesa, pouco contato têm com os deputados em geral.
A tentativa de se criar um assessoramento externo
permanente através da organização de um Conselho Téc-
nico-Consultivo de Assuntos Econômicos e Sociais redun-
dou em fracasso.
Quanto aos dez deputados entrevistados podemos con-
cluir, ainda que provisoriamente, que:

1 - a grande maioria enfatiza a necessidade do processo


de assessoramento institucionalizado (apenas um
deputado limita essa necessidade de assessoramento
à capacidade do legislador);
2 - todos estão informados da existência e funções do
órgão central de assessoramento;
3 - quanto à utilização que fazem dêsses órgãos, verifi-
ca-se que apenas três recorrem sistemàticamente a
êle para os fins devidos;
4 - apenas três manifestaram atitudes francamente des-
favoráveis ao órgão. Todos os outros, contudo, com
exceção de um, desejariam ver o processo de as:::es-
soramento aprimorado;
5 - o assessoramento externo é amplamente utilizado.
Alguns dos entrevistados utilizam inclusive o asses-
soramento externo remunerado;
6 - nenhum dêles conta com asôessoramento partidário;
118 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

7 - a maioria dos entrevistados já se utilizou de asses-


soramento prestado por grupos de interêsse;
8 - os canais de comunicação Executivo-Legislativo pa-
recem obedecer, no que se refere à comunicação do
Legislativo para o Executivo, a mecanismos infor-
mais de preferência e, no que se refere à comunica-
ção Executivo para Legislativo, a mecanismos for-
mais através da liderança e da Mesa;
9 - a diversificação técnico-especializada do GAT é a
sugestão mais freqüentemente apontada para a me-
lhoria do assessoramento legislativo na Assembléia;
10 - na organização do assessoramento ideal, os depu-
tados tendem a considerar soluções mistas que in-
cluiriam órgão central de assessoramento, assessora-
mento especializado nas comissões e assessoramen-
to individual ao parlamentar. Isoladamente o órgão
central é o componente de um sistema de assesso-
ramento que mais vêzes foi mencionado pelos en-
trevistados.
6 - A ASSEMBLÉIA LFGISLATIVA DO ESTADO
DA GUANABARA

A - Órgãos com funções de assessoramento na As-


sembléia Legislativa

As comissões técnicas integradas pelos próprios par-


lamentares são fàcilmente identificadas como órgãos de
assessoramento. O mesmo não acontece com alguns dos
órgãos que integram a Secretaria e estão diretamente su-
bordinados ao Diretor-Geral. Suas funções nem sempre
podem ser prontamente caracterizadas como de assessora-
mento. Mesmo os funcionários burocráticos de alto nível
da Casa divergem quanto à enumeração dos órgãos com
funções de assessoramento propriamente dito na Assem-
bléia.
Através da análise das opiniões emitidas e do estudo
da parte do regulamento da Secretaria, que já se encontra
organizada (o regulamento da Secretaria encontra-se em
fase de sistematização). chegamos à conclusão de que os
seguintes órgãos desempenham, ou deveriam desempenhar,
pelo menos em parte, funções de assessoramento:

1. Secretaria-Geral da Presidência;
2. Diretoria de Documentação e Pesquisa;
120 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

3. Diretoria de Biblioteca;
4. Diretoria de Legislação;
5. Consultor e Assessôres Jurídicos.

1 - Secretaria-Geral da Presidência.
À Secretaria-Geral da Presidência compete assistir à
Mesa, durante os trabalhos da Assembléia e da Mesa,
quando reunida. Durante as sessões, o Secretário da Pre-
sidência, ou o Assistente Técnico da Presidência ou da
Mesa que aquêle designar, deve prestar informações sôbre
as discussões, votações e questões de ordem, permitindo
que o Presidente resolva prontamente quaisquer dúvidas.
O Secretário-Geral da Presidência, Dr. Rosendo Ma-
rinho, bacharel em Direito, tem sob suas ordens trinta €'
oito funcionários.
Quando o Secretário não pode comparecer pessoalmen-
te, é substituído por um Assistente Técnico da Mesa ou
da Presidência. Os Assistentes Técnicos da Mesa, em nú-
mero de seis, são recrutados entre os funcionários da Casa.
Três dos cargos deverão ser extintos quando vagarem. Dos
seis Assistentes Técnicos da Mesa, três são bacharéis em
Direito. Há no momento cinco funcionários ocupando o
cargo de Assistente Técnico da Presidência. a ser extinto.
Suas funções não se distinguem das exercidas pelos Assis-
tentes Técnicos da Mesa.
A Secretaria se encarrega, também, da organização e
atualização de livros sôbre projetos de lei, projetos de de-
cretos legis13tivos, projetos de resolução legislativa, indi:
cações, requerimentos, mensagens e vetos.
2 - Diretoria de Documentação e Pesquisa.
Compete a essa Diretoria, pelo regulamento da Secre-
taria (artigo 22) :
a) fornecer as informações e os dados pedidos pejos
deputados, necessários ao estudo das matérias e à elabo-
ração de proposições;
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 121

b) pesquisar e coletar dados estatísticos e técnicos que


interessam aos trabalhos da Assembléia;
c) organizar arquivo sôbre os problemas de interêsses
gerais da cidade ou correlatos, classificados em pastas pró-
prias, bem como correspondente fichário-índice;
d) elaborar a estatística dos trabalhos da Assembléia,
das comissões e dos deputados;
e) apresentar, anualmente, relatório dos trabalhos exe-
cutados, bem como a estatística das coletas realizadas pela
Diretoria;
f) realizar pesquisas e fornecer dados pedidos pelo Di-
retor-Geral.
A Diretoria conta com dezesseis funcionários dos quais
três têm nível superior: dois são bacharéis em Direito e
um é médico.
Segundo informações prestadas pela Diretora-substi-
tuta, Sra. Camila Moreira Machado, a Diretoria é mais pro-
curada pelos parlamentares individualmente e informa
principalmente sôbre matérias de legislação em todos os
níveis: federal, estadual e interno. Dispõe de fichários para
a referência legislativa, organizados por assuntos e datas.
Em 1966 houve cêrca de quatrocentos pedidos de informa-
ções. Suas pesquisas limitam-se a proceder a levantamen-
to de dados. Como amostra de trabalho dêsse teor, foi ci-
tado o levantamento feito em diversas embaixadas sôbre
o regime político e forma de eleição de seus respectivos
países.
A Diretoria de Documentação e Pesquisa não toma a
iniciativa de oferecer indicações sôbre estudos e pesqui-
sas realizada::; aos parlamentares. Espera ser procurada por
êles.
Desde 1962 a Diretoria não vem elaborando estatísti-
cas sôbre os trabalhos da Casa. Em compensacão mantém,
deode 1948. pasta atualizada para cada deputado, contendo
tôdas as informações sôbre sua atuação parlamentar.
122 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

3 - Diretoria de Biblioteca.
A Biblioteca da Assembléia, segundo depoimento da
bibliotecária, Sra. Walkyria Augusta Rocha, é especializada
ultimamente, têm sido buscadas informações sôbre a le-
Atende, via de regra, às consultas da Casa, mas é, também,
franqueada 3. pessoas estranhas.
Os deputados, pessoalmente, freqüentam-na pouco.
Consultam-na mais por intermédio de seus auxiliares ou
de contínuos da Casa. Alguns deputados, porém são assí-
duos. A pouca freqüência de deputados, segundo a entre-
vistada, deve-se, em parte, à localização da Biblioteca. Se
estivesse situada junto ao Plenário, a Biblioteca teria, pro-
vàvelmente, maior clientela.
As obras mais consultadas são as coleções de leis fe-
derais e estaduais. Há, também, grande procura de legis-
lação e documentação referente ao antigo Distrito Federal.
ultimamente têm sido buscadas informações sôbre a le-
gislação revolucionária. Para atender a essa demanda, a
Biblioteca tem fichários de recortes de jornais.
A Biblioteca toma a iniciativa de informar aos que a
procuram sôbre livros novos e sôbre assuntos de interêsse
local (através de recortes de jornais, etc.).
Embora o regulamento da Secretaria não mencione,
funciona, de fato, na Biblioteca, um serviço de referência
legislativa, afirma a entrevistada.

4 - Diretoria de Legislação.

Essa Diretoria tem como competência regulamentar


fornecer de imediato, elementos informativos sôbre assun-
tos de legislação.
Para tanto, deveria manter, atualizada, cole cão de leis,
de decretos legislativos, de resoluções e de decretos vi-
gentes no Estado da Guanabara, bem como da legislacão
federal de interês~e para o mesmo. organizados também
por assuntos para facilitar a consulta.
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 123

A Diretoria, contudo, segundo dados obtidos na As-


sembléia, está, no momento, parada. Não vem desempe-
nhando nenhuma das suas atribuições regulamentares. A
sua tarefa de informação sôbre referência legislativa vem
sendo executada pela Diretoria de Documentação e Pes-
quisa que, para tal fim, dispõe dos fichários necessários.
Há oito anos não sai a edição ~ôbre as leis estaduais,
prevista no regulamento. Êsse material encontra-se, tod')
êsse tempo, na Imprensa Oficial à espera de publicação.
A Diretoria possui no momento dez funcionários, in-
cluídos nesse número o Diretor e o Subdiretor. Não há
exigência de nível universitário para nenhum dêles.

5 - Consultor e Assessôres Jurídicos.


Cabe a êsse órgão, segundo informações colhidas jun-
to ao Consultor, Dr. Carlos Osório de Almeida, dar parecer
sôbre tudo o que fôr pedido pela Diretoria-Geral, pelo 1.0
Secretário (membro da Mesa encarregado de administrar
e superintender os serviços da Secretaria), pelas comis-
sões e por qualquer dos deputados. É comum, também,
atribuir-se à assessoria jurídica a elaboração de antepro-
jetos. Como exemplo foi citado o Código Tributário Esta-
dual.
Além disso, compete também à Consultoria represen-
tar a Assembléia em juízo.
Grande parte do trabalho da Consultoria, contudo,
destina-se a dar pareceres sôbre processos administrativos
que vêm da Diretoria-Geral: contratos de trabalho, de
compras, inquéritos administrativos, etc.
Há, no momento, cinco assessôres jurídicos na Consul-
toria, além do Consultor. Um dos assessôres secretaria a
Comissão de Justiça. Outro, presta seus serviços junto à
Comissão de Finanças.
No entender do Consultor, seriam necessários pelo
menos quinze assessôres jurídicos para poderem atender,
de modo satisfatório, às exigências da Casa.
124 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

o assessoramento legislativo teria muito a lucrar tam-


bém, diz êle, se fôsse criado um órgão central de assesso-
ramento, e, paralelamente, a colocação de assessôres espe-
cializados junto às comissões. A Biblioteca deveria ser di-
namizada e atualizada a fim de poder oferecer melhor ma-
terial bibliográfico aos deputados.

* *
Não há, como se vê, qualquer órgão que chame a si a
responsabilidade integral e exclusiva de assessorar os par-
lamentares individualmente e as comissões. Resumindo o
acima exposto, poderíamos dizer que, para assessorar o
Presidente da Assembléia e a Mesa em matérias regimen-
tais, existe o Secretário-Geral da Presidência e, no caso
de sua ausência, o Assistente Técnico da Presidência ou o
Assistente Téénico da Mesa, por êle designados.
Além dês se órgão, cujo assessoramento é muito restri-
to, pois visa 8 atender mais à Mesa em matérias regimen-
tais, os deputados e as comissões lançam mão do auxílio
de outros dois órgãos:
a) da Consultoria Jurídica, que pode orientá-los sob o
aspecto jurídico, mas que, em virtude do número limitado
de pessoas que a integram e da grande massa de assuntos
que lhe competem além do da elaboração legislativo. deve
ter pouco impacto nesse processo;
b) da Diretoria de Documentação e Pesquisa que, pela
sua competência regulamentar, deveria ser o órgão mais
importante no que se refere ao conteúdo da elaboração le-
gislativa e que, segundo os depoimentos colhidos, vem-se
ocupando principalmente dos serviços de referência le-
gislativa.
Além desses órgãos, os deputados deveriam contar
também com o auxílio de outros dois:
a) Diretoria de Biblioteca;
b) Diretoria de Legislação.
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 125

Pelo que pudemos constatar, o auxílio prestado pela


Biblioteca é, em grande parte, semelhante ao que a Dire-
toria de Documentação e Pesquisa vem desempenhando,
isto é. informa principalmente sôbre matérias de legis-
lação.
A Diretoria de Legislação, por sua vez, que é o órgão
encarregado pelo Regulamento do Serviço de Referência
Legislativa, tem-se omitido de prestar qualquer auxílio
dessa natureza.
Na opinião do Diretor-Geral, Dr. Raul Duque Estrada
Lopes, o problema do assessoramento legislativo é um dos
mais graves na Assembléia Legislativa. Há necessidade
total e absoluta de assessoramento para tôda matéria le-
gislativa, diz êle. Todo projeto deveria passar antes por
um crivo.
A Assembléia não dispõe, porém, de um corpo de as-
sessôres técnicos que pude~se orientar os legisladores e as
comissões nas diferentes matérias de interêsse social.
Mesmo no que se refere à parte meramente jurídica da
elaboração legislativa, o número de assessôres jurídicos é
insuficiente para atender às necessidades dos cinqüenta e
cinco deputados e das Comissões. Além disso, êsses poucos
assessôres jurídicos muitas vêzes têm que se ocupar com
outros assuntos que não o de assistência geral aos depu-
tados e às comissões. Tôda \'ez que se constitui uma CPI.
por exemplo, um dêsses assessôres tem que ser designado
para secretariá-la, porque o Regimento aconselha que o
secretário da CPI seja um assistente jurídico.
Apesar de no corpo de funcionários da Assembléia fi-
gurarem médicos. advogados, engenheiros e outros técni-
cos, êles se encontram afastados de suas especialidades.
São funcionários que começaram como burocratas há al-
gum tempo e não querem abandonar o cargo. O ideal seria.
diz êle, colocá-los junto às comissões, mas isto significa-
ria desfalcar outros setores. Desde que não haja como
substituí-los nas suas respectivas funções, fica a Direto-
ria impossibilitada de removê-los.
126 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Não há, no momento, dotação orçamentária para ser-


viços técnicos ou especializados, a não ser quando votados
em plenário, para determinado fim, excluindo-se, apenas.
as CPI (em 1965 as CPI tinham uma dotação de NCr$
5.000,00. Os presidentes das CPI podiam utilizar êsse di-
nheiro para contratar serviços técnicos ou para gratificar
funcionários da Casa, a seu critério).

A preocupação com o assessoramento legislativo na


Assembléia não é nova. Uma das tentativas de se prover o
deputado de auxiliares diretos, levada a cabo em 1964.
redundou num grande escândalo, amplamente divulgado
pela imprens2 como o "Caso Panamá". 1

Como o orçamento de 1963 previsse uma dotação or-


çamentária para o pagamento de pessoal auxiliar, estabe-
leceu-se que cada deputado teria o direito de indicar até
quatro auxiliares para prestarem serviços diretamente a
êle, deputado. Essas pessoas passariam a integrar o quadru
de funcionários da Assembléia. Algumas delas deveriam
funcionar como assessôres do parlamentar. Certos depu-
tados, segundo depoimento de entrevistados, não se limi-
taram a indicar os quatro auxiliares previstos havendo
casos em que cêrca de trinta pessoas eram apresentadas
pelo mesmo parlamentar. Para o preenchimento dêsses lu-
gares não se exigia qualquer qualificação específica. Na
maioria das vêzes, o critério de escolha que prevaleceu
foi o do nepotismo; irmãos, tios, sobrinhos e amigos do
deputado eram indicados. Essa situação veio a público e

1) Segundo o Pequen:J Dicionário BraEileiro da Língua Portuguêsa,


de Aurélio BuarqL'e de Holanda Ferreira, 11.& edição, Ed. Civi-
°
lização Brasileira, Rio, 1964, têrmü "panamá" tem também a
seguinte definiçãü: "(fig.) administração ruinosa de uma com-
panhia cujos administradores procuraram locupletar-se à custa
dos acionistas; roubalheira em emprêsa ou repart.ição pública".
Este têrmo é mais usado no Serviço Público que nas emprêsas de
caráter privado. Teve SUa generalização após o escândalo do
Canal do Panamá."
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 127

foi amplamente combatida pela imprensa. Resultou na de-


missão em massa dêsse pessoal e em cassações de direitos
políticos de deputados envolvidos.

B - Os deputados

Através da análise e interpretação das entrevistas ob-


tidas com oito dos cinqüenta e cinco deputados da Assem-
bléia Legislativa do Estado da Guanabara, procuraremos
fornecer algumas informações a respeito da importância
que dão ao processo de assessoramento, papel que atribuem
aos órgãos da Assembléia com funções dessa natureza, uti-
lização que dêles fazem, sua satisfação com o status quo
do assessoramento legislativo, sugestões para aprimorá-lo,
que tipo de assessoramento externo os auxilia e qual é,
na opinião dêles, a organização ideal de um sistema de as-
sessoramento legislativo.

1) Importância do Assessoramento

1.1 - Necessário 8

1.2 - Necessário apenas para os parlamentares


que não têm preparo O ,
------------I-------!
1.3 - Indesejável
lO!
----------------------------, 8 1

TOTAL I I
I !

Embora os parlamentares divirjam quanto à interpre-


tação que dão aos têrmos "assessoramento" e "assessor" (al-
guns encaram-nos apenas do ponto de vista político e iden-
tificam o assessor como sendo o elo de ligação entre o par-
128 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

lamentar e seu eleitorado e outros incluem também como


funções de assessoramento as desempenhadas por funcio-
nários burocratas como, por exemplo, datilógrafas), todos
são unânimes em ressaltar a importância do assessora-
a
mento para elaboração legislativa.

Nenhum dos entrevistados julgou-se auto-suficiente ao


ponto de poder dispensar o assessoramento. Mesmo os que
afirmavam não contar com assessoramento atualmente,
usam expressões como imprescindível. fundamental, de
grande importância, para qualificar o papel do assessora-
mento legislativo.

2) As perseptcivas dos deputados quanto aos órgãos


de assessoramento da Assembléia.

Quatro dos oito deputados entrevistados afirmaram


não existir, atualmente. na Assembléia, órgãos de assesso-
ramento. Não desconhecem, em geral, a existência de ser-
viços tais como os da Biblioteca, os prestados pela Direto-
ria de Documentação e Pesquisa. pela Consultoria, etc.,
mas não os qualificam como de assessoramento. Assim .;e
manifestam: "Kão há órgão de asessoramento na Assem-
bléia. A Biblioteca é consultada mas não assessora. Todos
os outros órgãos são ineficientes, existem apenas no Re-
gulamento"; "Não existe assessoramento no momento.
Cada deputado tem que obtê-lo por intermédio de amigos
ou funcionários da Casa"; "Não há órgãos de assessora-
mento. A Biblioteca, a Diretoria de Documentação e Pes-
qui~a e a Diretoria de Legislação são todos órgãos con-
sultivos. A Consultoria assessora a Mesa"; "Não existe as-
sessoria especializada na Assembléia Legislativa ... "

Os quatro restantes atribuem a alguns dos órgãos da


Casa funções de asseo:soramento. Divergem, contudo, na
enumeração GOS órgãos que estariam desempenhando essas
funções e quanto às características das mesmas. .
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 129

Órgãos com funções de assessoramento


(número de vêzes que foram mencionados)

:!.l Comissões técnicas 3


~-~---~---~~ - - - -- - ----

:!.:! Diretoria de Documentação e pe.;oquisa 4

2.3 Biblioteca 4
-------~- ._--._-~ ... _-- ... _. __ .. _. . ~ -- ----

:!.4 Consultoria 3

2.5 Diretoria de Legislação 2

(Total de deputados que se manifestaram: 4)

A Diretoria de Documentação e Pesquisa foi mencio-


nada por todos os quatro deputados, ~empre associada à
Biblioteca. A ambas é atribuída a função de referência le-
gislativa. Dois dêsses deputados acrescentaram. como com-
petência da Diretoria de Documentação e Pesquisa, a
função de, quando solicitada, elaborar pesquisas. Os dois
restantes negaram, contudo, que a Diretoria venha se
ocupando dessa atribuição.
As comissões técnicas, integradas pelos próprios par-
lamentares, foram três vêzes lembradas por êles como ór-
gãos de assessoramento.
Por três vêzes a Consultoria figurou nas enumerações
dos órgãos de assessoramento. "A Consultoria vê o aspecto
jurídico das proposições", diz um dêles. "O único órgão a
que costumo recorrer é a Consultoria Jurídica", diz
outro. "A consultoria assessora, quando solicitada pelos
órgãos de direito", afirma o terceiro.
Os deputados que mencionaram a Diretoria de Legis-
lação como órgão de assessoramento, assim justificam essa
inclusão. "A Diretoria de Legislação é um órgão eminen-
130 CADER.."WS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
--------------------------~------------------

temente técnico. Vê o aspecto jurídico das proposições",


"A Diretoria de Legislação ajuda nas consultas à legisla-
ção de qualquer espécie".
Como se vê, não há consenso entre os deputados en-
trevistados a respeito do processo de assessoramento que
atualmente se desenvolve no âmbito da Assembléia Le-
gislativa. Os quatro que negaram a existência de órgãos
de asse~soramento referiam-se, via de regra, à ausência de
um órgão central especificamente incumbido de prestar
assessoramento legislativo à Casa. Não consideram fun-
ções predominantemente informativas como as desempe-
nhadas pela Diretoria de Documentação e Pesquisa pela
Biblioteca, como sendo de assessoramento. Não considera-
ram também a Consultoria Jurídica como órgão de asses-
soramento do qual se pudessem valer os legisladores e as
comissões.
Os quatro restantes apresentaram algumas variações
na enumeração dos órgãos incumbidos de assessoramento
na Casa e na identificação do papel que êstes desempe-
nham. A citação da Diretoria de Legislação como "órgão
eminentemente técnico", encarregado de se pronunciar
sôbre o aspecto jurídico das proposições, é um exemplo de
desconhecimento por parte de alguns legisladores das
funções desempenhadas por certos órgãos da Assembléia.

3) Utilização dos órnnns e funcionários da Casa para


fins de assessoramento.

3.1 - Nunca tomam a iniciativa de consultá-los 4

3.2 - Consultam quando não podem resolver 1


por si só
1-------------------------------------- - - - - - -

I 3.3 - Recorrem, em geral, a êles I 3

I~--~~~T-O-TA-L~~~~~~-----I
8
'I I
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 131

Quatro dos parlamentares afirmaram não contar com


qualquer tipo de assesoramento fornecido pela própria As-
sembléia.
Para desempenho de suas funções legisferantes recor-
rem, via de regra, a pessoas de sua confiança, não funcio-.
nárias da Ca~a, ou resolvem sozinhos os problemas que
têm de enfrentar. Assim se manifestam: "Não existe as-
sessoria especializada na Assembléia. Eu mesmo me en-
carrego da coleta de dados sôbre qualquer assunto. Às
vêzes recorro a deputados no Plenário. Minhas decisões
são sempre ditadas pelo que, no meu entender, mais con-
vém ao interêsse público"; "O parlamentar depende gran-
demente de assessôres para cumprir sua alta finalidade de
servir à coletividade. No meu caso conto com assessora-
mento de amigos e familiares"; "Não conto com assesso-
ramento na Assembléia. Sou eu mesmo que vejo o proble-
ma e redijo meus projetos"; "Não conto com assessora-
mento. Eu mesmo resolvo sozinho os problemas mas acho
que deveria haver assessoramento".
Um dos entrevistados, embora afirme não existir no
momento órgão de assessoramento na Assembléia, costu-
ma recorrer, quando necessário, a funcionários da Casa e
a amigos. "Conto com êsse tipo de assessoramento," diz
êle, "para fazer meus discursos e para obter dados esta-
tísticos".
Três outros, apesar de se valerem também de assesso-
ramento externo e de seu critério pessoal, costumam re-
correr também a órgãos da própria Assembléia. Transcre-'
vemos abaixo suas informações:
"U ma vez sugerida a idéia de se fazer um proj eto de
lei, vamos em primeiro lugar à Diretoria de Pesquisa para
saber se há alguma lei sôbre o assunto. Se não houver,
procuramos 0 assessor particular para que êle redija o
anteprojeto de lei e vamos, a seguir, às associações inte-
ressadas para discutir com elas," "Conto com a Diretoria de
Documentação e Pesquisa, mas apenas na fase de coleta de
dados. Nas outras fases da elaboração legislativa, não con-
to com assessoramento, e sim, com o critério pessoal.
132 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

"Particularmente, como deputado, não conto com asses-


soramento. O asse~soramento é feito com colegas meus
com quem estou identificado. Como Presidente de Comis-
são conto com o assessoramento do Secretário da Comis-
são, que é assessor jurídico, e com outros funcionários da
Casa. O único órgão a que costumo recorrer é a Consulto-
ria Jurídica".
A maioria dos deputados entrevistados parece não re-
correr sistemàticamente, no que ~e refere ao assessora-
mento, quer aos órgãos da Casa quer aos funcionários desta.
Parece haver, contudo, consciência por parte dos depu-
tados de que há necessidade de assessoramento e que,
como não é possível obtê-lo nos próprios órgãos da Casa,
têm que lançar mão de outros recursos. Não está bastante
caracterizada a posição de auto-suficiência dos parlamen-
tares. Nenhum dêles manifestou-se de modo inequívoco
no sentido de que, devido às suas condições particulares,
o assessoramento poderia ser dispensado. Mesmo os que
afirmam que se valem de seu critério pessoal para iden-
tificação de problemas, coleta de dados e elaboração de
anteprojetos, deixam entrever, pelas suas respostas, que
se ressentem da carência de assessoramento legislativo.
O órgão mais utilizado pelos deputados que costumam
recorrer a êsse tipo de auxílio é a Diretoria de Divisão e
Pesquisa, citada duas vêzes. Mesmo assim, o uso que dela
fazem os deputados é muito limitado. Consiste, principal-
mente, em indagar a respeito de assuntos de legislação e
a solicitar um ou outro levantamento de dados.

4) Suficiência do Assessoramento Legislativo da


Casa

4.1 - A Assembléia supre as necessidades de as-


sessoramento

4.2 - A Assembléia não supre as necessidades de


assessoramento

TOTAL -:-.
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 133

Observações
Apenas dois dos parlamentares entrevistados acredi-
tam que as possibilidades de assessoramento dentro da
própria Assembléia são suficientes para habilitá-los a de-
sempenhar bem suas funções. Um dêles afirma o seguinte:
"O que existe está bem. Alguns deputados não sabem do
que se valer dentro da Casa. Qualquer deputado pode
obter consultas a priori, antes de elaborar um projeto, e
é o que fazem os novatos". O outro afirma que até aquêle
momento não tinha havido qualquer fato que pudesse
apontar a deficiência dos órgãos da Casa.
Os demais parlamentares. contudo, assumem posição
oposta. Não estão satisfeitos com o status quo do assessora-
mento legislativo, embora divirjam nas soluções que da-
riam ao problema, como veremos mais adiante.
5) Assessoramento Externo
I I ,

Tipos de assessoramento ! Sim I Não Total !

Assessoramento particular perma- 'I i


5.1 -
nente
21_ I
I
6 8
_ _ __ \
:

5.2 - Consultas "remuneradas" a especia-


listas, a emprêsas privadas e pú- I i I I
I
i 7 8 i
I '
blicas i
- - - - - - - - - - - - - - - 1 - - -.---1'
1
1
5.3 - Assessoramento esporádico prestado I
8_i __0___8__ :
I ,

"graciosamente" por especialistas 1_ _

~~------I,,' i I
5. -1 - Consultas a título gracioso a insti-
tuições de estudos. pesquisas e
documentação, particulares ou pú- 'I i
blicas , 4 I 4 i 8
-- ---,---
5.5 - Assessoramento informal prestado
por amigos e parentes , ; O i8 ! 8
---------- - ---_.;-- -----,
'

5 _fj - Assessoramento prestado pelos par-


tidos políticos o 8 8
134 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Dois dos parlamentares entrevistados dispõem de as-


sessôres particulares. Êsses assessôres, porém, não estão,
no momento, sendo remunerados quer pela Assembléia,
quer pelo próprio parlamentar. No caso de um dos entre-
vistados, seus dois assessôres são antigos alunos e haviam
sido aproveitados como funcionários da Casa quando havia
a possibilidade do deputado nomear auxiliares. Como de-
corrência da demissão em massa dêsse pessoal, deixaram
de perceber pela Assembléia, mas continuaram a prestar
auxílio ao deputado. O outro deputado que possui asses-
soramento particular, qualifica-o de assessoramento po-
lítico. Seus assessôres são, na verdade, cabos eleitorais
mas se encarregam também, de assisti-lo na coleta de
dados e na elaboração de projetos.
Os que não possuem assessôres particulares são unâ-
nimes em afirmar que êsse tipo de assessoramento é de
grande utilidade para o deputado.
Apenas um dos entrevistados declarou já haver re-
corrido a especialistas através de consultas pagas: "Tenho
pareceres dados pelo Pontes de Miranda. Paguei do meu
bôlso. Com êles ganhei dois projetos."
Todos os parlamentares afirmaram, contudo, recorrer
a êstes especialistas, pedindo, a título gracioso, orientação
e sugestões. Com exceção do deputado acima mencionado,
que algumas vêzes pagou pelo parecer, os deputados va-
lem-se, em geral, de laços de amizade ou apelam para o
espírito público dos informantes.
Metade dos entrevistados respondeu afirmativamente
à pergunta sôbre conôultas a instituições de estudos, pes-
quisas e documentação. Essas consultas são. contudo, es-
porádicas, dizem êles, e as informações e orientações
são dadas graciosamente. A maioria dêles se utiliza das
publicações de alguns dêsses órgãos. A outra metade
afirmou que, infelizmente, o deputado não se socerro des-
sas instituições. Um dêles acrescenta que "As instituições
existem. Caberia à Direção da Assembléia informar ao
deputado da existência delas." Outro diz o seguinte: "Ins-
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 135

tituições dessa espécie não são procuradas pelos parlamen-


tares, mas d8veriam ser. Há necessidade de uma ligação
mais estreita entre o Legislativo. Executivo e êsses órgãos
técnicos que estão melhor aparelhados que êsses dois po-
dêres."
As respostas à pergunta: "Qual o papel das agremia-
ções partidárias no assessoramento legislativo?", foram
bastante ilustrativas do clima existente entre os legisla-
dores cariocas, com referência aos partidos políticos. Hou-
ve consenso lias respostas: os partidos não contribuem, de
forma alguma, com assessoramento legislativo.
Os deputados não se limitaram apenas a dar resposta
negativa. Todos êles tenderam a tecer considerações sôbre
a situação e papel desempenhado pelas agremiações parti-
dárias. Passamos a reproduzir algumas de suas observa-
ções:
"Onde estão os partidos? No Brasil pensa-se que
partido é apenas para eleger. Êles só operam de quatro em
quatro anos, quando, no entanto, há muito o que fazer
nesse espaço de tempo."
- "O partido não proporciona coisa alguma a nin-
guém. Só salas para os deputados poderem trabalhar e
tiram uma mensalidade nossa."
- " ... são duas aglomerações sem expressão alguma,
sem conteúdo ideológico, sem qualquer espírito público e
dominadas por grupos que visam, acima de tudo, seus in-
terêsses pessoais."
- "Não há espírito partidário no Brasil. Nós vemos
homens e não partidos."
- " ... é inoperante. Os partidos só se levantam ou
para criticar, ou para condenar a Mesa. Mas não há co-
laboração."
- "Não há assessoramento algum. Apenas as direções
partidárias se propõem, aqui, a impor um ponto de vista
que é delas 8 que muitas vêzes tem um fundo apenas ro·
lítico."
136 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

5.7 - Auxílio prestado por grupos de interêsse em as-


suntos que lhes dizem respeito.

5.7.1 - Não auxiliam


I
5.7.2 - Fazem apenas pressão
I---~
!------I

5 . 7. 3 - Às vêzes auxiliam 3

5. ,.4 - Auxiliam bastante trazendo dados apro-


veitáveis 3

TOTAL 8

A maioria dos deputados entrevistados manifestou


uma atitude positiva com respeito à atuação dos grupos de
interêsse como assessôres do processo legislativo. Apenas
dois dêles tenderam a considerar que êsses grupos não au-
xiliam o processo decisório legislativo, um dêles lamen-
tando a sua omissão ("Não tenho conhecimento de auxílios
prestados por grupos de interêsse. Seria ideal que essas
entidades prestassem assessoramento ao parlamentar por-
que haveria maior acêrto e os legisladores cumpririam suas
missões com mais eficiência e menos trabalho") e o outro
enfatizando o aspecto de pressão exercido por êsses grupos
("Êsses grupos atuam apenas como grupos de pressão. Não
assessoram os legisladores").
Três deputados afirmam que, às vêzes, os grupos de
interêsse assessoram o processo legislativo trazendo infor-
mações e sugestões. Assim se expressam: "Êsses grupos
algumas vêzes ajudam o deputado trazendo os elementos
da vivência dêles. Na minha comissão, sempre que surgem
problemas de interêsse de classes, eu convoco os seus re·
presentantes, que participam ativamente dos trabalhos e
emitem opiniões. Não são meros observadores"; "Êsses
grupos não funcionam como assessôres do deputado mas,
às vêzes, quando há interêsse, êles trazem boas informa-
çõeõ;"; "Auxiliam os deputados quando estão interessa-
dos".
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 137

Os três restantes, que responderam afirmativamente à


pergunta: "Funcionam os grupos de -interêsse como asses-
sôres do processo legislativo?", afirmam: "Grupos de inte-
rêsse como a Federação das Indústrias da Guanabara e o
Centro das Indústrias, por exemplo, assessoraram-me
quando fui relator da Reforma Tributária"; "Esses grupos
assessoram apresentando emendas, sugestões, idéias de
modificações, etc"; "Geralmente vêm êsses grupos aqui e
dão-me informações úteis. Na época da Reforma Tributá-
ria foram ouvidos todos os representantes da classe".
Embora predomine uma atitude positiva entre os
deputados entrevistados em relação aos grupos de interês-
se como elementos de auxílio do processo legislativo, suas
respostas deixam a entrever que a participação dêsses
grupos não é feita de modo sistemático.

Relações Legislativo-Executivo

5.8 - Busca de informações, orientação e pareceres nas


repartições públicas.

5.8.1 - Todos os deputadOs procuram órgãos do


Executivo para obtenção de informa-
ções, orientação e pareceres 6

5.8.2 - Apenas os deputados da situação pro-


curam órgãos do Executivo

5. li. 3 - Em geral os deputados não procuram os


órgãos do Executivo 1

TOTAL 8

Seis dos oito parlamentares entrevistados afirmaram


que os deputados, independentemente de sua filiação par-
tidária ou da posição que ocupam na Assembléia, utilizam-
se, sem maiores problemas, das fontes de informações do
138 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
------
Executivo, tanto formalmente, isto é, através de requeri-
mtHLUS pedmao intormações, quanto informalmente, ou se-
ja. através de pedidos diretos a amigos ou dirigentes de
órgãos do Executivo. Alguns, como no caso do deputado
que respondeu "Prefiro ir pessoalmente buscar as infor-
mações", recorrem, em geral, a essa segunda forma de con-
tato com o Executivo. Quanto à possibilidade de deputados
da oposição serem atendidos pelos órgãos do Executivo.
apenas um dêles, entre os seis que afirmaram que a possi-
bilidade está aberta para todos, fêz a ressalva de que "os
deputados do Govêrno gozem de maiores facilidades" para
tanto.
Apenas um dos entrevistados afirmou que os depu-
tados da oposição, via de regra, não se dirigem a órgãos
do Executivo para obter informaçõ~s e orientação. Diz êle:
"A possibilidade existe, mas, dadas as características da
política brasileira, a oposição tem escrúpulos em fazê-lo."

Outro afirma que a busca de informações no Executi-


vo é feita não pelos parlamentares individualmente mas
de preferência pelas comissões técnicas que baixam os
processos em diligência. Três outros parlamentares haviam
também acrescentado, às demais, essa possibilidade de ob-
tenção de informações no Executivo.

S.9 - Iniciativa do Poder Executivo em fornecer infor-


mações e orientação aos parlamentares.

5.9.1 - O Executivo geralmente não procura oc


parlamentares para lhes prestar escla-
recimentos e orientação 6

5.9.2 - O Executivo toma !l. iniciativa de pro-


curar os parlamentares para lhes pres-
tar esclarecimentos e orientação 2

TOTAL 8
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 139

A maioria dos parlamentares entrevistados (seis em


oito) afirma que os deputados, como tal, não são geral-
mente procurados por representantes do Poder Executivo
no que se refere à elaboração legislativa. Um afirma que
pode acontecer, "mas é raro". Outro esclarece: "Nunca fui
procurado por nenhum membro do Executivo. Mantenho
absoluta independência" e vai mais longe, afirmando:
"Nem à própria bancada eu obedeço". Três outros salien-
tam o aspecto de pressão exercida pelo Executivo. Diz
um dêles: "Os deputados só são procurados quando êstes
órgãos do Executivo querem que seja aprovado um proje-
to que lhes interessa" e dá exemplos. O outro centraliza
as tentativas de influenciação do poder Executivo sôbre o
Legislativo nos membros das comissões. O terceiro afir-
ma que o Executivo não traz espontâneamente qualquer
subsídio à elaboração legislativa e acrescenta: "Faz pressão,
mas por intermédio do líder da maioria e da bancada e
não sôbre o deputado diretamente".
O último deputado incluído nessa categoria esclarece
que a posição por êle ocupada (Líder da Maioria) o torna
diferente dos outros deputados. É procurado pelo Poder
Executivo.
Dentre os dois que afirmam que o Executivo toma a
iniciativa de procurar os deputados individualmente, há
divergências quanto à freqüência com que o Executivo age
dessa forma. Para um dêles, o Executivo procura os depu-
tados, "às vêzes." Para o outro, "muito mais do que nós
(deputados) o procuramos".
Se se pudesse generalizar a tendência aqui compro-
vada, chegaríamos, talvez. à conclusão de que os canais de
comunicação entre Legislativo e Executivo na Guanabara
estão mais abertos no que refere à iniciativa de comunica-
ção Legislativo para Executivo, através de canais infor-
mais e formais, do que a do Executivo para Legislativo,
que em geral parece obedecH aos canais formalmente es-
tabelecidos (através da liderança e Mesa). A explicação
para isso pode ser, talvez, encontrada no fato de que o Exe-
cutivo dispõe de outros meios de participação na elabora-
140 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ção legislativa. Tudo que êle considera importante pode


ser objeto de legislação, bastando para tanto que envie
mensagem ao Legislativo (hoje em dia a sua participação
na função legislativa aumentou ainda mais com as possi-
bilidades trazidas pela lei delegada) . Podendo dispor dêsses
recursos, basta, parece, ao Poder Executivo. recorrer aos
canais competentes para estimular ou reprimir qualquer
atividade do corpo legislativo que lhe interesse de modo
precípuo. A institucionalização do bipartidarismo e da prá-
tica da fidelidade partidária, já vigente na época em que
a pesquisa foi realizada. devem ter contribuído para
maior tranqÜIlidade do Executivo em face ao Legislativo,
uma vez que, na Guanabara, gozava na época de maioria
na Assembléia.
6) Sugestões para melhoria do assessoramento legis-
lativo na Assembléia.
ti.l - Volta ao sistema de assessoria individual 2

6.2 - Criação de um quadro de as.oessôres


-,----------- -----
6.3 - Criação de um órgão de aEsessoramento

6.4 - Requisição de 3.Esessôres do Poder


Executivo

6.5 - Nenhuma sugestão 3

TOTAL 8

Os dois deputados que, perguntados sôbre o que po-


deria ser feito no sentido de melhorar o assessoramento le-
gislativo na Assembléia, pleitearam a volta ao sistema de
assessoramento individual já tentado, fizeram questão de
frisar que o recrutamento dêsses assessôres deveria obede-
cer a critérios mais rígidos, a fim de se evitar, como antes
havia ocorrido. a deturpação do sistema.
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 141

Um outro defendeu a criação de um quadro de assessô-


res especializados que deveriam ser colocados na Divisão
de comissões e teriam como função atender aos parlamen-
tares e às comissões nas suas necessidades de asse5sora-
mento.
A criação de um "Departamento de Assessoria com
assessôres que ficassem à disposição dos deputados, perma-
nentemente durante seus mandatos e nas comissões." foi
defendida por outro parlamentar.
Um dos entrevistados encontrou a solução do problema
do assessoramento na convocação de funcionários do Poder
Executivo. Diz êle: "Cada repartição do Estado deve ter
um assessor à disposição da Assembléia Legislativa junto
às comissõe5. No corpo técnico da Comissão de Finanças já
existe um".
Entre os três que não têm sugestões a dar quanto à
possibilidade de aprimoramento do assessoramento legis-
lativo da Assembléia, dois estão coerentes com a opinião,
já manifestada, de que as necessidades de assessoramento
do deputado e das comissões são plenamente satisfeitas
pelos próprios órgãos e funcionários da Casa. O terceiro,
embora tivesse declarado anteriormente que o assessora-
mento da forma como é feito na Assembléia deixa muito
a desejar. adota uma atitude pessimista quanto às possibi-
lidades que teria a Assembléia de melhor atender a êsse
aspecto. Afirma que acha impossível uma melhoria: "Te-
ria que ser criado um numeroso corpo técnico para essa
finalidade" .
A experiência do assessoramento individual. fracas-
sada na Assembléia, parece ter deixado raízes bastante
profundas em alguns dos legisladores. Pelo menos quatro
dos entrevistados demonstraram tendências no sentido de
desejarem poder contar com auxílio direto e permanente
de assessôres. Dois dêles defendem explicitamente a volta
ao sistema em que o parlamentar podia nomear livremente
seus auxiliares, passando êstes a integrarem o quadro de
funcionários da Assembléia.
142 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
------

Os outros dois, embora defendam a criação de quadro


de assessôres ou órgão de assessoramento com assessôres
recrutados, não pelo próprio parlamentar mas pela Assem-
bléia, manifestam o desejo de verem postos à sua disposi-
ção auxiliares dessa categoria, que deveriam permanecer
diretamente ligados a êles durante todo o seu mandato.
A idéia da criação de um órgão central de assessora-
mento, que seria consultado na medida das necessidades,
não está bastante caracterizada entre os entrevistados.
Apenas um dêles se referiu a êsse tipo de organização e
mesmo êste encara o órgão não como constituído de uma
equipe integrada de funcionários técnicos mas como uma
espécie de distribuidor de assessôres entre os parlamenta-
res e comissões.
7) Organização da assessoria ideal: perspectiva dos en-
trevistados

I
I 7.1 - órgão central apenas I 2

I 7.2 - órgão central mais assessoramento indi-


vidual 2
I

I 7.3 - órgão central mais assessôres especializa-


! dos nas comissões mais assessoramento
II
individual 1

7 .4 - Ass~sôres especializados nas comissões


mais assessoramento individual 1
I
I
7.5 - Assessoramento individual apenas 1

7.6 - O que existe atualmente 1

TOTAL 8
I
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 143

Perguntados se lhes fôsse atribuída a responsabilidade


de organizar o assessoramento legislativo da Assembléia e,
se dispusessem de meios para tanto, qual seria a organi-
zação ideal do asseswramento, dois dos parlamentares de-
fenderam a criação de um órgão central de assessoramento.
Dois outros acham que, ao lado da criação de um órgão
central, deveria coexistir o assessoramento individual ao
parlamentar. Um dêles defende a existência de três tipos
de asse:;:soramento: individual, assessôres especializados
nas comissões e órgão central que deveria ser ouvido em
última instância. Para um dos parlamentares bastaria que
a Assembléia contasse com assessôres individuais ao par-
lamentar. Outro acha que a organização ideal do asses-
soramento é a que existe atualmente na Assembléia.
Nem todos os parlamentares são, porém, coerentes com
as respostas anteriormente dadas. Um dêles que, como
sugestão de aprimoramento do assessoramento da Assem-
bléia. havia defendido a volta ao sistema de assessora-
mento indivldual, nessa outra pergunta afirma que na
organização de assessoramento ideal bastaria a criação de
um órgão central de assessoramento. Outro, que havia
afirmado não encontrar "deficiência" no assessoramento
que a Assembléia presta e, portanto, não ter qualquer su-
gestão a fazer no sentido de melhorá-lo, se fôsse encar-
reg3do de reorganizá-lo criaria um quadro de assessôres
individuais (frisa que êsse seria o asseosoramento mais
importante) , e. paralelamente, um órgão central, "pois ve-
rificamos que há muita disputa nas comissões".
Fatos como êsses podem indicar que alguns parlamen-
tares não têm ainda uma opinião suficientemente crista-
lizada a respeito do assessoramento legislativo. Levados
a se decidirem, sem que tivessem tido tempo de meditar
mais sôbre o assunto, dão às vêzes respostas pouco coe-
rentes.
No cômputo geral das preferências, a criação do órgão
central de assessoramento se equip3ra à da instituição de
um qlladro dp. assessôres individuais ao parlamentar. Cada
um dêsses tipos de assessoramento foi mencionado cinco
144 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

vêzes. Se, porém, analisarmos uma das respostas que de-


fendem a criação do órgão central, veremos que êsse órgão
tem a função de recrutar, e colocar à disposição dos depu-
tados e das comissões, assessôres especializados. Diz êle:
"Deveria ser um departamento próprio integrado por asses-
sôres individuais ligados ao deputado e servindo nas co-
missões". Isso dá uma pequena margem de vantagem ao
assessoramento individual.
Nenhum dos entrevistados mencionou, como parte da
organização do assessoramento ideal, qualquer possibili-
dade de se institucionalizarem consultas a outras organiza-
ções não integrantes do Poder Legislativo.

c- Conclusões

A Assembléia Legislativa do Estado da Guanabara


não di,põe, no momento, de um órgão especificamente -des-
tinado a prestar assessoramento aos parlamentares em ge-
ral. às comissões e ao processo legislativo como um todo.
As funções de assessoramento vêm, em parte, sendo desem-
penhadas pelas próprias comissões técnicas da Casa e por
alguns órgãos que integram a sua Secretaria. Pelo que
pudemos constatar, o deputado' carioca parece dispor de
amplos meios de obtenção de esclarecimentos sôbre a le-
gislação vigente ou em fase de elaboração. Embora a Di-
retoria de Legislação, órgão encarregado dêsse serviço pelo
regulamento, não esteja operando nesse sentido, tanto a
Biblioteca quanto a Diretoria de Documentação e Pesquisa
dispõem de serviços de referência legislativa, além dos man-
tidos pela Secretaria-Geral da Presidência, órgão de asses-
soramento da Mesa. A possibilidade de contar com asses-
soramento no que se refere à elaboração técnico-jurídica
das proposições, contudo, é muito pobre. O órgão que
estaria, talvez, mais capacitado para prestar êsse auxílio,
a Comultoria Jurídica, possui número limitado de asses-
sôres e tem outras responsabilidades além das de atender
ao parlamentar e às comissões. No que se refere à parte
técnico-especializada, ao conteúdo da elaboração legisla-
tiva, as possibilidades de asse~soramento funcional pare-
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 145

cem decrescer ainda mais. O órgão que parece ser o mais


bem talhado, dentre os da Assembléia para auxiliar o
deputado e as comissões nas matérias de conteúdo espe-
cializado, é a Diretoria de Documentação e Pe~quisa. Êsse
órgão, contuào, por deficiência, talvez, de pessoal, não vem
se ocupando dessa matéria,
Quanto às opiniões dos deputados entrevistados, pode-
mos concluir, ainda que provisoriamente, o seguinte:
1 - todos enfatizam a importância e necessidade do asses-
soramento legislativo para a racionalização do pro-
cesso legislativo;
2 - a metade dos deputados entrevistados afirma não
existir, no momento, assessoramento legislativo na
Guanabara, o que os obriga a recorrer a outras fon-
tes de ~ssessoramento informais ou externas. Os res-
tantes citam órgãos da Secretaria e as comissões per-
manentes como órgãos de assessoramento da Casa;
3 - os que recorrem, via de regra. aos órgãos da Secre-
taria (apenas três) dão, em geral, preferência à Dire-
toria de Documentação e Pesquisa, quase sempre no
sentido de obterem serviços de referência legislativa:
4 - o assessoramento externo é amplamente utilizado,
quase sempre a título gracioso;
5 os partidos políticos não os assessoram na elaboraçã'J
legislativa;
6 - os grUlJOS de interêsse são \"Ístos, pela maioria dos
entrevistados, como auxiliares do proceôso legisla-
tivo (ernbora a presença dêsses grupos não seja cons·
tante e sua atuação, organizada ou sistemática);
7 a comunicação entre Legislath'o e Executi\'o parece
obedecer a canais de preferência formais quando se
refere à comunicação Executivo para Legislativo e
a canais formais e informais, qu:mdo diz respeito à
comunicação Legislativa para Executivo;
146 CADERNOS DE ADMINISTRACÃO PÚBLICA

8 - a grand.e maicria dos deputados entrevistados não


está satisfeita com o status quo do assessoramento le-
gislativo (apenas dois manifestaram atitude favorá-
vel à situação vigente) ;
9 os deputados entrevistados valorizam a importância
do assessoramento individual. direto ao parlamentar.
em comparação com outras formas de assessoramento,
quer ao sugerirem medidas de aprimoramento do pro-
cesso vigente quer ao descreverem o sistema que,
para êles, seria o ideal. Nessa descrição, contudo, pre-
ferem adotar sistemas ecléticos em que o assessora-
mento individual coexistiria com outras formas de
assessoramento.
7 - A CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO

A - Órgãos com funções de assessoramento na Câ-


mara Municipal

Os servicos auxiliares e de assessoramento da Câmara


Municipal d~ São Paulo são executados por órgãos da sua
Secretaria. Não há, até o presente momento, regulamento
dispondo sôbre a organização e funcionamento da Secre-
taria. Fomos informados de que o mesmo encontra-se em
fase de elaboração.
A Resolução n.O 8 de 1959 que estruturou os trabalhos
da Secretaria estabeleceu quatro órgãos de assessora-
mento:
1 - Assessoria da Mesa
2 - Assessoria Técnico-Legislativa (AT.L.)
3 - Assessoria de Elaboração Legislativa (AE.L.)
4 - Assessoria Técnico-Administrativa (AT.A)
A Câmara conta ainda com uma Biblioteca.

1 - A Assessoria da Mesa
Pela Resolução n.o 8. de 1959, a Assessoria da Mesa
subordina-se à Diretoria dos Serviços de Plenário que por
148 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

sua vez é órgão da Diretoria-Geral. As demais assessorias,


contudo, não se vinculam a Diretorias, subordinando-se di-
retamente à Presidência.
Na opinião de seu Assessor-Chefe, Dr. 03waldo Quin-
tino da Silva, essa subordinação na prática não existe,
"N a execução de suas funções, os Assessôres como não po-
deria deixar de ser, recebem orientação direta. da Presi-
dência". A Eituação atual traz, contudo, dificuldades, uma
vez que certas providências que beneficiariam o anda-
mento dos serviços da Assessoria só podem ser tomadas
por intermédio da Diretoria a que está subordinada. A au-
tonomia, segundo o entrevistado, traria vantagens de maior
rapidez de comunicação. O Assessor-Chefe tem-se empe-
nhado em solucionar êsse problema que, no seu entender,
constitui verdadeira aberração. Em todos os Parlamentos,
a Assessoria de Mesa está vinculada diretamente à Presi-
dência, diz êle.
A função da Assessoria da Mesa é a de assistir à Mesa
durante a sessão. Deve controlar e orientar os trabalhos,
tendo em vista o regulamento da Casa. Integram seu qua-
dro cinco assessôres, dos quais três são bacharéis em Di-
reito. um é formado em Filosofia e outro em Psicologia.

A não exigência de especialização em Direito, para as-


sessôres cuja função principal é a de orientar a Mesa em
problemas de ordem regimental, prende-se ao fato de que,
quando em 1958 cuidou-se da estruturação da Secretaria,
adotou-se o critério de nível universitário na seleção de
assessôres para êsõe órgão, sem discriminação de especia-
lização.
Embora não existam diferenças profundas nas fun-
ções desempenhadas por qualquer dos cinco assessôres (o
trabalho é exercido de maneira uniforme por todos êles) ,
êles estão escalonados de modo diferente: dois são consi-
derados Assessôres e três recebem a denominação de As-
sessôres Auxiliare3.
o ASSESSORAMENTO LEGISLA TlVO 149

o entrevistado mencionou que, durante os últimos


cinco anos em que a Assessoria da Mesa tem prestado as-
sistência, apenas uma vez, e por motivos políticos, o pa-
recer e orientação dos Assessôres deixou de ser acatado
pela Presidência da Câmara.

2 - A Assessoria Técnico-Legislativa (A.T.L.)


É órgão wbordinado diretamente à Presidência da Câ-
mara. Todos os projetos, em virtude de dispositivo regi-
mental (art. 175), têm que, forçosamente, serem informa-
dos pela A.T.L. antes de serem enviados à Comissão de
Constituição e Justiça.
A função principal da Assessoria é a de se manifestar
sôbre o aspecto jurídico do projeto, sem entrar no mérito
do mesmo. Além disso, a lei comete aos a,sessôres bacha-
réis em Direito a Procuradoria da Câmara. Têm ainda uma
função legal remanescente: a de se manifestarem em todos
os processos administrativos da Câmara, tais como conta-
gem de tempo de serviço, concessão de licenças, etc ..
Compõe-se a A.T.L. de nove assessôres, dos quais seis
são bacharéis em Direito, um é economista, um engenheiro
e outro contador. Dois dos bacharéis em Direito ocupam,
respectivamente, as funções de Assessor Chefe e Assessor
Subchefe. São Todos efetivos e já há 17 anos trabalham
juntos na As~essoria.
A A.T.L. não é procurada individualmente pelos ve-
readores. Só cuida dos projetos depois que êles passam a
pErtencer à Câmara.
Segundo estimativa do Assessor Chefe, Dr. Asdrubal
FErreira de Freitas, em 99'; dos casos, as informações da
A TL ~ão acatadas.
3 - A Assessoria de Elaboração Legislativa (A.E.L.)
É também órgão vinculado diretamente à Presidência.
Compete à AEL assessorar, quando solicitada, a Mesa,
as cemissões técnicas, as bancadas partidárias e os ve-
150 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

readores individualmente, em qualquer fase da elaboração


das proposições, inclusive no estudo da realidade social a
que o Município deva atender (Art. n.O 6/66). Tem tam-
bém a seu cargo a organização de um :iierviço de pesquisas
sôbre assuntus de interêsse coletivo, bem como o registro
para consulta dos dados obtidos.

A ATL conta com um Assessor Chefe. um Assessor


Subchefe e treze Assessôres, todos de nível universitário.
Dêstes, doze são bacharéis em Direito, incluindo-se o Chefe
e o Subchefe, dois são dentistas e um é formado em So-
ciologia.

Na maioria das vêzes, a AEL se encarrega de atender


aos vereadores individualmente.

No entender do Assessor Chefe, Dr. Sebastião Simôes


de Lima, a AEL está muito aquém, por culpa dos próprios
vereadores, dos serviços que poderia e deveria prestar. Na
maioria das vêzes, sua função é reduzida a de simples re-
datora de projetos. Grande número de vereadores se diri-
ge à AEL com uma determinada idéia, diz êle, e pede que
a Assessoria elabore um projeto, atendendo aos pormeno-
res já indicados pelo vereador. A Assessoria cuida, então,
apenas de dar forma jurídica ao projeto. Apenas uma
minoria, diz êle, permite que a AEL funcione realmente
como deveria funcionar, isto é, pedindo que estude um
determinado problema e opine sôbre a conveniência de se
elaborar um projeto tratando do assunto. Exemplo dêsse
tipo de atividade foi o estudo que fizeram sôbre a conve-
niência da construção de um ginásio industrial em São
Paulo. Depois de pesquisarem e estudarem o assunto, con-
cluíram que seria melhor deixar ao Estado essa iniciativa.

A AEL, afirma o entrevistado, também funciona por


iniciativa própria, colhendo informações, fazendo estudos
e pesquisas sóbre assuntos de interêsse da municipalidade.

A criação da AEL contou com a oposição de certos ve-


readores. Alguns, segundo o Assessor Chefe, acreditam que
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 151

o fato de solicitarem assessoramento diminui as suas prer-


rogativas de legislador.

A AEL não está desempenhando atualmente papel de


grande relevância, diz êle, porque não é consultada como
deveria ser. Reconhece que a Assessoria apresenta sérias
deficiências: não tem um serviço de pesquisa coordenado
com os demais órgãos; há necessidade de treinamento apl'o-
priado para o seu pessoal; funciona em instalações precá-
rias, não dispondo de pessoal auxiliar algum, mas o prin-
cipal fator que impede o seu aprimoramento liga-se ao
mau uso que dela fazem os vereadores que pouco se preo-
cupam com o conteúdo de um projeto, dando mais impor-
tância à forma. Exemplifica afirmando que às vêzes os
parlamentares encaminham à AEL uma carta ou notícia
de jornal e pedem um projeto sôbre o assunto. As vêzes,
apenas por demagogia, pedem que atendam a determina-
da solicitação, não se interessando pela forma como a AEL
poderá fazê-lo. Pedem que ela faça qualquer coisa: pro-,
jeto, indicação, requerimento, etc ..

o entrevistado afirma ainda que a nova legislação, es-


tabelecendo prazos especiais para o Executivo, vem acres-
centar uma dificuldade a mais ao processo de assessora-
mento. O assessor não tem tempo de se manifestar, como
devia, sôbre o conteúdo do mesmo.

4 - Assessoria Técnico-Administrativa (ATA)

Subordina-se, também, diretamente à Presidência da


Câmara.
Compete-lhe, principalmente, segundo depoimento de
um dos seus assessôres, assessorar a Mesa, mas também a
Diretoria-Geral, as comissões e os vereadores através da-
quela, em todos os assuntos administrativos, como, por
exemplo, assuntos de pessoal, inquéritos, assuntos finan-
ceiros: orçamentos, compras, concorrências. etc.
152 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
~------------------------~------------------

Compete-lhe, também, segundo o entrevistado, a orga-


nização de um dossier completo de todos os assuntos muni-
cipais: políticos, econômicos, jurídicos, obras, educação,
higiene e saúde pública. Não vem, contudo, desempenhan-
do essa tarefn. Alguns dados foram coligidos e organizados
há algum tempo, mas, no momento, nada se faz no sentido
de atualizá-los e aprimorar o serviço.

o órgão, segundo o no~so informante, não vem traba-


lhando como uma equipe. Dos quatro assessôres que possui,
todos bacharéis em Direito, incluindo-se neste número o
Assessor-Chefe, dois encontram-se atualmente vinculados
a grupos de vereadores, a êles prestando diretamente seus
serviços. Ainda na opinião do entrevistado, a Assessoria
está pràticamente destinada a ser extinta.
Êsse órgão não conta com funcionários administra-
tivos.

A título de esclarecimento, transcrevemos, abaixo, as


informações, a nó, fornecidas por escrito, sôbre a compe-
tência da Assessoria:

Câmara Municipal de São Paulo

ASSESSORIA TÉCNICO-ADMINISTRATIVA A.T.A.

A A.T.A. tem função, principalmente, quanto a ma-


téria de fato.

Assemelha-se a órgãos como o Depart3mento Admi-


nistrativo do Serviço Público - DASP - e o Departamen-
to Estadual de Administração - DEA - bem como a
outras Assessorias dês se tipo existentes junto aos Legis-
lativos e Executivos.

Não é um órgão destinado a cuidar apenas de assuntos


de cconomi3. interna (Câmara); sua ação deve estender-se
<:.os problemas .do Município, como 03 de educação. saúde
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 153

e assistência. economia e finanças, transportes, etc., aos


problemas de pessoal e sobretudo de organização, para o
que deve reunir subsídios os mais diversos, dados infor-
mativos, est3tísticas. enfim, todos os elementos conveni-
entes a respeito de tudo o que ~e faz em outras grandes
cidades do Brasil e de outros países. de maneira a servi-
rem, como módulos comparativos e experimentais. aos es-
tudos e soluções legislativas.
Por isto, não interfere nos assuntos da competência de
cutr 3.s Asseõsorias ou órgãos da Câmara mas. ao contrário.
pode com êles. eficientemente, colaborar.

Biblioteca

A Biblioteca subordina-se diretamente à Diretoria dos


Serviços Gerais da Secretaria.
Conta no momento com seis funcionários, não dispon-
do, porém, de bibliotecária, embora já tenham requisitado
uma à Prefeitura. O cargo de Chefe encontra-se vago. O
seu preenchimento deverá ~er efetuado por concurso entre
candidatos de nível universitário. Responde pelo expedi-
ente, no momento, o Sr. Radamés Manaro, que nos forne-
ceu os dados aqui apresentados.

A Biblioteca tem, por finalidade, atender às consultas


feitas pelos vereadores. Atende, contudo, também a pessoas
estranhas à Casa e principalmente a repartições públicas.
As consultas, em geral, versam sôbre matéria de legisla-
ção federal, estadual e municipal.

Possui arquivos organizados por assuntos, discrimi-


nando os da esfera municipal, estadual e federal e por nú-
mero.
Não se dedica a pe~quisas, limitando-se a fornecer o
material bibliográfico solicitado.
154 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

RELATóRIO (MOVIMENTO DE CONSULTAS)


1.0 Semestre de 1967

Livros ......................................... 162


Diario Oficial do Município .................... 55
Diário Oficial do Estado 33
Diário Oficial da União 4
Diário Oficial da Justiça 155
J ornais e Revistas ............................ 47
Livro de recortes das Leis Municipais ........ 15
Dicionários .................................... 10
Regimento Interno ............................ 6
Lei Orgânica Municipal ...................... 9

A Câmara Municipal de São Paulo, como podemos


constatar, está bem provida de órgãos de assessoramento.
Além da Assessoria da Mesa, que atende, de modo precí-
puo, ao Presidente e aos membros da Mesa em matérias
de natureza regimental, a Câmara dispõe de três outras
assessorias: a ATL, que não assessora o parlamentar prà-
priamente dito mas sim a Casa e, principalmente, a Comis-
são de Constituição e Justiça, uma vez que simplifica o
trabalho desta, instruindo os diversos processos que vão
ser objeto de sua atenção; a AEL, que quando solicitada,
atende ao vereador individualmente (tanto no que diz res-
peito à forma jurídica das proposições quanto ao seu con-
teúdo), à Mesa e às comissões em qualquer faôe da ela-
boração legislativa e a ATA, cuja competência se liga mais
a problemas administrativos, embora devesse encarregar-
se, também, da organização de informações de interêsse do
Município.
Enquanto que a AEL e a ATA se manifestam apenas
quando solicitadas, a ATL é consultada compubàriamente,
em virtude de dispositivo regimental. Toma conhecimento
de tôdas as proposições que passem a pertencer à Câmara,
no que se refere ao seu aspecto jurídico e de técnica legis-
lativa.
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 155

A análise da composição educacional dos asse~sôres


(ver quadro) indica-nos que apenas pessoas de nível uni-
versitário são selecionadas para êsses cargos. Dos trinta e
três aõsessôres (incluindo-se nesse número os Chefes e
Subchefes) que desempenham suas funções na ATM, ATL,
AEL e ATA, vinte e cinco são bacharéis em Direito. Os
restantes são distribuídos pelas seguintes especialidades:
dois dentistas, um formado em Filosofia, um formado em
Psicologia. um formado em Economia. um Engenheiro e
um Contador.

ASSESSORES

óRGAOS
ESPECIALIZAÇÕES
I

N.O ATM ATL:, AEL I ATA

Direito ....................... ! 25 3 6 12 4

FilOSOfia .................. .

PSicclogia

Economia

Engenharia ............. .

C. Contábeis e Atuariais .... i


I .
SOCiologia .... 1 I I
Odontclogia ............. _... . 2 -
:'
: 2
.j
i -
I
__ -_1---

TOTAL ................ . 33 9 ! 15 i 4 I
I i

Como se vê, mais de 75~é da formação educacional de


nível superior dos assessôres foi feita em Faculdades de
Direito. É interessante notar-se a forma pela qual a Câ-
mara distribui os assessôres dessa formação. A ATM, que
156 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

tem como função precípua lidar com problemas de ordem


regimental e que poderia encontrar no bacharel em Di-
reIto o assessor adequado, em virtude de seu treinamento
em matéria de legislação, é o órgão que, proporcionalmen-
te, tem o menor número dêles. 605i dos seus assessôres
têm essa formação. A ATL que, devido ao tipo de proble-
mas que enfrenta (de técnica legislativa, de constitucio-
nalidade das leis. de defesa da Assembléia em juízo e de
assi~tência jurídica a processos administrativos), poderia,
também, funcionar de modo adequado, contando princi-
palmente com bacharéis em Direito. vem em segundo
lugar com 64,4':; do seu pessoal nessa categoria. A AEL,
que, pela natureza de suas funções, deveria ser a mais di-
versificada quanto à especialidade dos asses~ôres que in-
tegram seu quadro, conta principalmente com bacharéis
em Direito (80;; de ~eu pessoal). Possui apenas três as-
sessôres de outras especialidades, dois dos quais formados
em Odontologia. Tendo-se em vista que o tipo de formação
dêsses últimos é bastante restrito em seu objetivo, difícil
se torna imaginar de que forma podem êles ser úteis,
aproveitando a sua e,pecialização ao processo de elabora-
ção·legislativa. A ATA, cuja competência não está. em
nosso entender, bem estabelecida, conta apenas com advo-
gados.
Os componentes da ATL, livres de um contato mais
íntimo com os vereadores e protegidos por normas regi-
mentais que asseguram a sua participação no processo le-
gislativo, parecem formar uma equipe integrada e satis-
feita com o tipo de trabalho que executa. O mesmo não
parece acontecer com os assessôres da AEL, em que pêsem
às informa;õe; prestadas pelo Assessor-Chefe. Obrigados
a trabalhar em estreita vinculação com os vereadores e
membros das comissões, ressentem-oe da pouca importân-
cia que lhes dão certos legisladores e da má utilização que
algun:;: fazem de seus serviços.
A Biblioteca, segundo pudemos constatar, não vem
desempenhando funções nítidas de assessoramento, limi-
tando-se a fornecer as informações e livros requisitados
pe los legisladores.
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 15í

B - Os vereadores

Nes~a segunda parte de nosso trabalho referente à Cà-


mara Municipal de São Paulo, visamos, através da aná-
lise e interpretação dos dados obtidos em entrevistas, for-
necer informações a respeito dos onze vereadores entre-
vistados e de suas relações com o meio-ambiente: qual a
importància que atribuem ao assessoramento; qual o co-
nhecimento que têm a respeito dos órgãos que desempe-
nham na Càmara essa função; qual o uso que dêles fazem;
qual a sua opinião sôbre êsses órgãos; que sugestões têm
a oferecer p3ra o seu aprimoramento; de que tipo de as-
sessoramento informal ou externo à Càmara êles se utili-
zam; qual seria a organização ideal do assessoramento le-
gislativo.

1 - Importância do Assessoramento.

1.1 - Necessário 7

1.2 - Necessário para os legisladores que não


têm preparo 3

1.3 - Indesejável

TOTAL 11

A maioria dos vereadores entrevistados (sete em onze)


considera qUf' o papel que o assessoramento tem a deõem-
penhar na elaboração legislativa é de extrema importància.
Alguns justificam sua opinião. Dizem: "Como não somos
enciclopédicos, há necessidade de assessoramento"; "O as-
sessoramento é de importància capital. O parlamentar não
158 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

pode ser especializado em todos os assuntos para poder


analisar todos os problemas"; "O assessoramento represen-
ta uma economia de tempo"; "O trabalho fica muito mais
produtivo".
Três dos entrevi~tados acham que o assessoramento é
muito útil mas apenas para os vereadores que não têm
preparo. Todos êsses identificam preparo com formação e
prática em advocacia. Assim se manifestam: "O assesso-
ramento é útil pois dá organicidade aos projetos. Não são
todos os vereadores que abrangem o assunto em têrmos
técnico-legislativos. Eu sou advogado militante. Não tenho
assessôres pois disponho de condições técnicas para o bom
desempenho de minhas funções"; "O assessoramento é
muito importante para o parlétmentar que não é advogado.
O assessoramento dá orientação jurídica ao projeto"; "A
mim não faz falta um assessor pois sou advogado militan-
te". Os vereadores incluídos nessa categoria c;ncaram I) as-
sessoramento apenas como auxílio de natureza técnico-ju-
rídica. Dão ênfase ao aspecto jurídico e formal da elabo-
ração legislativa.
Apenas um dos vereadores entrevistados adota a po-
sição, tão divulgada na literatura, de que os legisladores
em geral vêem como interferência indevida no processo
legislativo a atuação de elementos não-políticos incumbi-
dos de assessoramento. Afirma: "Acho uma indignidade
utilizar-me dos órgãos de assessoramento. Não seria um
representante autêntico do povo se tivesse que me soco~'-:
rer de um Tlão-representante do povo para dar a minha
opinião".
Para alguns vereadores, a deficiência no assessora-
mento de alto nível ao parlamentar pode ser co-responsá-
vel pela má qualidade das decisões do poder legislativo. A
falha principal. contudo, encontra-se no próprio sistema
que possibilita o acesso a êsse cargo de pessoas não-capa-
citadas para bem desempenhá-lo. "O povo deve ser asses-
sorado para escolher o bom homem político", sugeriu um
dêles. "O cidadão candidato devia freqüentar curws p.spe-
ciais para saber como legislar", afirma outro.
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 159

2 Conhecimento, pelos parlamentares, dos órgãos


da Câmara que prestam assessoramento (número
de vêzes que órgão foi mencionado).

2.1 - AEseEsoria Técnico-Legislativa (ATL) 10

2.3 - Assessoria de Elaboração Legislativa


(AELJ 6
!
2 .;) - Assessoria Técnico-Administrativa (ATA) ' ____ ~._J
I I
2.4 - Funcionário das comissões 3

2.5 - Comissões técnicas 1

2.6 - Não sabe 1

(Total de vereadores entrevistados: 11)

A Assessoria Técnico-Legislativa (ATL) é o órgão de


assessoramento mais conhecido pelos vereadores entrevis-
tados. Dos onze que foram ouvidos, dez mencionaram o
órgão.
Apenas seis se referiram à Assessoria de Elaboração
Legislativa (AEL).
Somente uma vez a Assessoria Técnico-Administrati-
va (ATA) foi incluída como órgão que presta assessora-
mento na Câmara.
Três vêzes os funcionários das comissões foram men-
cionados em resposta à pergunta: "Quais os órgãos de as-
ses~oramento da Casa?"
Apenas um dos parlamentares inclui como órgão dessa
natureza as comis8ões técnicas integradas pelos próprios
parlamentares.
Um outro. o que havia manifestado a opinião de que
consideraria uma indignidade de sua parte recorrer a
órgãos de assessoramento, declarou desconhecer que órgãos
da Câmara estariam incumbidos dessa função.
160 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Como se deduz do quadro acima, nem todos os parla-


mentares estão inteirados ou realmente conscientes das
possibilidades de asseswramento que a Casa oferece. Por
exemplo, cinco dêles desconhecem, ou não lhes ocorreu
mencionar, a Assessoria de Elaboração Legislativa (AEL).
Pode-se, talvez, concluir, que não costumam recorrer a ela
como fonte de auxílio na elaboração legislativa.
O fato de os funcionários das comissões terem sid·}
mencionados três vêzes, quando se solicitou que os órgãos
de assessoramento fôssem enumerados, é passível de, pelo
menos, duas interpretações: ou os funcionários das comis·
sões exerecem realmente, em alguns casos, funções de as-
se~soramento aos trabalhos das comissões, empenha'1do-
se em tarefas de natureza intelectual e opinativa, colhen-
do dados, fazendo pe:;:quisas, selecionando, enfim, alterna-
tivas para a tomada de decisões, ou os vereadores que os
incluíram na lista de órgãos de assessoramento da Cas'l
não utilizam o conceito de assessoramento da mesma for-
ma que nós e a literatura ~ôbre o assunto o empregamos,
identificando tarefas como as exercidas por secretários e
datilógrafos, como sendo dessa natureza.
As comissões técnicas da Casa, embora exerçam real-
mente funções de assessoramento, facilitando o trabalho
dos legisladores em Plenário, não são, em geral, percebidas
como órgãos de assessoramento da Casa.

3 - Utilização dos órgãos de assessoramento da Casa.

:l.l - Nunca tomam a iniciativa de consultá-los i 5

3.2 - Consultam quando não podem resolver


por si só 6

3.3 - Recorrem freqüentemente a êles O


- ---- -----------1

TOTAL 11
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 161

Se pudéssemos generalizar, para tôda a Câmara, a ten-


dência demonstrada na "amostra", poderíamos afirmar que
o vereador paulista não tem o hábito de recorrer sistemà-
ticamente aos órgãos de assessoramento da Casa. Cinco
dos entrevistados afirmam nunca tomar a iniciativa de
consultá-los. Os restantes recorrem a êles esporàdicamen-
te, quando nãc podem resolver por sua conta, ou com o au-
xílio externo, os problemas que surgem no desempenho
de seu cargo.
Incluídos na primeira categoria, encontram-se dois Vê-
readores que. em virtude de sua formação e prática em Di-
reito, julgam-se em posição de dispensar assessoramento,
um que considera consultas des~a espécie como incompa-
tíveis com a sua função de representante do povo, um
outro que não confia nos órgãos da Casa e assim se ma-
nifesta: "Resolvo por minha própria iniciativa. Em geral
os assessôres são mal remunerados e são despreparados. Os
poucos que ~êm preparo não se preocupam muito" e um
último que prefere se utilizar, quando necessário, das re-
partições públicas. Êste declara: "Não conto com assesso-
ramento. Eu mesmo identifico o problema. Faço junto ao
povo a coleta de dados ou recorro aos órgãos técnicos da
Frefei tura. Não há assessôres especializados na Câmara".,
Entre os que estão incluídos na segunda categoria,
nota-se, também, tendência para se considerarem auto-
suficientes cu atitudes de descrédito em relação aos órgãos
de assessoramento da Casa. Passamos a reproduzir algu-
mas de suas opiniões:
"Eu mesmo faço meus projetos. Sou advogado mili-
tante. Só quando preciôo de alguma informação mais
específica recorro a um técnico. Quando a Câmara não
dispõe de um técnico mais especializado, requeiro ao
Executivo".
"Há problemas que eu próprio identifico com exati-
dão. Quando tenho dúvidas, recorro à assessoria da
Câmara, a especialistas particulares. a amigos e a
fontes externas".
162 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

"Conto, em geral, com os meus conhecimentos pes-


soais. Só quando necessário, recorro aos assessôres,
cujos pareceres poderei, ou não, aceitar".
"Conto, 2S vêzes, com a ATL na elaboração e revisão
de um projeto. Em geral, eu próprio identifico o pro-
blema. Na coleta de dados é o próprio legislador que
deve procurar as informações necessárias".
"Quase não recorro aos órgãos da Câmara, pois a AEL
funciona muito mal, não é objetiva ou prática. Seus
assessôres têm menos iniciativa e menos conhecimento
que nós".
"O assessoramento interno é muito superficial. Conto
com pouquíssimo assessoramento".
Analisando as respostas emitidas pelos onze entrevis-
tados, verificamos que as razões para a pouca utilização
dos órgãos de assessoramento da Ca~a podem ser, assim.
categorizadas:
1 - sentimento de auto-suficiência dos parlamentares.
Devido a suas condicões pessoais, êles podem resol-
ver, sozinhos, seus problemas;
*2 atitude de descrédito. Consideram o assessoramento
disponível como sendo de má qualidade ou pouco es-
pecializado;
3 - por questão de princípios, acham que compete ao
próprio legislador a tarefa de identificar e pesquisar
prohlemas do interêsse público. coligir e selecionar
dados e elaborar projetos.
Embora um dos legisladores haja feito menção a au-
xílios a êle diretamente prestados pela Assessoria Técnico-
Legislativa, êsse órgão, segundo depoimento de seu Asses-
sor-Chefe. encontra-se fechado às consultas individuais do
parlamentar. Compete a êle, por dispositivo regimental,
conhecer todos os projetos da Câmara mas apenas d"p~is
que passem a pertencer a ela. Isso limita as possibilidades
de assesôoramento ao legislador, que na fase de elabora-
ção tem que se haver principalmente com a AEL.
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 163

4 - Imagem dos órgãos de assessoramento da Câmara.

4.1 - Favorável 3

4.2 - Favorável apenas quanto ao aspecto regi-


mental e jurídico 3

4.3 - Nem favorável, nem desfavorável 1

4.4 - Desfavorável 3

4.5 - Omissão 1

TOTAL 11

Dos onze vereadores entrevistados, três manifestaram-


se de modo favorável em relação aos órgãos que prestam
assessoramento. Um dêles acrescentou que êsses órgãos
"não falham. Dispõem de material humano muito bom, es-
pecializado em decorrência do tempo".
Três outros afirmam que apenas o aspecto regimental
e jurídico da elaboração legislativa conta com assessora-
mento de boa qualidade. Assim se expressam: "Apenas a
ATL é boa. As outras duas, AEL e ATA, funcionam muito
mal. São cabides de emprêgo e ainda reclamam mais fun-
cionários"; "Os órgãos da Câmara não suprem, em sua to-
talidade, as necessidades de assessoramento, principalmen-
te no campo técnico. A AEL não funciona"; "O assessora-
mento é fraco. A ATL é boa. Vê a constitucionalidade ou
não do projeto, depois de elaborado. A AEL que deveria
funcionar na elaboração, não funciona. É um órgão fan-
tasma".
Um dos entrevistados adota posição intermediária: "O
assessoramento da Câmara é bom mas não é o ideal". Pos-
teriormente fará sugestões, como veremos adiante, para
que êle seja melhorado.
Opiniões francamente desfavoráveis aos órgãos de as-
sessoramento da Casa são declaradas por três parlamenta-
164 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

res. Um dêles atribui à infra-estrutura os problemas que


surgem com referência ao assessoramento legislativo. Diz
ê!e: "O assessoramento é muito falho. Como decorrência
do empreguismo, os funcionários são incapazes. Além
disso, o funcionário público não ganha nem para as suas
necessidades. Faz do serviço público um bico". Outro se
ressente da falta de assessôres especializados na Câmara.
O terceiro afirma que "os órgãos da Casa não suprem as
necessidades de assessoramento. Há a ATL, que pertence
à Presidénci::l e a AEL. Nunca recorri a êsse último mas
já fui procurado por êles para lhes dar orientação".
HoU\'e uma omissão.
Como se percebe, a ATL goza de maior prestígio entre
os parlamentares entrevistados do que a AEL. Esta últi-
ma é alvo de sérias críticas por parte de alguns dêles.
Essas críticas ou dizem re5peito à falta de especialização
diversificada dos assessôres (a grande maioria é constituí-
da de bacharéis em Direito), ou à sua incapacidade ou falta
de interêsse l'efletidas na qualidade dos serviços prestados
pela Assessoria. Fatôres de ordem político-econômico-
sociais, como empreguismo e má remuneração do funcio-
nalismo também são correlacionados por alguns dos en-
trevistados com a deficiência do assessoramento prestado
pela Câmara.
5 - Suficiência dos órgãos de assessoramento da Câ-
mara.

5.1 - Suprem as necessidades de assessoramento 4

5.2 - Não suprem as necessidades de asses- I


rornm~~ 6

5.3 - Omissão 1

TOTAL 11
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 165

Perguntados se "a Câmara Municipal de São Paulo,


por si só, supre as necessidades de assessoramento legisla-
tivo?" quatro dos entrevistados responderam afirmativa-
mente. Um dêles fêz a ressalva de que o assessoramento
poderia, contudo, ser melhorado.
Dos sete restantes, um preferiu omitir-se e seis res-
ponderam negativamente.
Êste quadro suplementa o anteriormente apresentado.
É um retrato simplificado de como os legisladores perce-
bem o estadv atual do assessoramento legislativo na Câ-
mara.

6 - Assessoramento externo.
,
Sim . Nãe \ Total
----~~-~---~ ~~-- -- i
~-_._'--~.

6.1 - Assessoramento particular perma-


nente 2 11
'I
__
'r

~i_I j

1i.2 - Consultas remuneradas a especialis- i


tas oc a organizações privadas e pú-
blicas Oill, 11
,, :, II
~~~'--I--I--I
. ,
li.;) - Assessoramento esporádico prestado' , i i
graciosamente por especialistas 11 O I 11
-~i--!-'
!
6. '1 - Consultas, a título gracioso, a insti-
tuições de estudos, pesquisas e
documentação, particulares ou pú-
blicas 5 7 I 11
._~ __ i__~.
I
6.5 - Assessoramento informal prestado
por amigos e parentes 11 O : 11
I
!
----,--~.

li. ti - Assesscramento prestado pelos par-


tidos políticos O 11 11
166 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Auxílios externos à Câmara, que podem ser caracteri-


zados como de assessoramento num sentido lato, desem-
penham papel importante no processo de elaboração le-
gislativa. Todos os entrevistados declararam recorrer, sem-
pre que têm necessidade, a uma ou mais formas dêsse as-
sessoramento que se distingue dos até aqui tratados, prin-
cipalmente por não ser fornecido por órgãos ou funcioná-
rios da Câmara Municipal.

Perguntados se dispunham de assessôres particulares


a êles diretamente vinculados, somente dois dêles respon-
deram afirmativamente. Em um dos casos, o cônjuge é que
funcionava como assessor permanente. No outro, essa ta-
refa é desempenhada por um irmão, jornalista. Ambos su-
blinharam o aspecto de permanência dêsse auxílio e a sua
gratuidade.

Quanto ao que se refere à contratação de serviços re-


munerados a especialistas ou organizações, nenhum dos en-
trevistados havia lançado mão dêsse auxílio, quer através
da Câmara, quer por iniciativa própria.

Cinco dêles afirmaram que instituições de estudos, pes-


quisas e documentação são consultadas pelos legisladores.
Dois dêsses acrescentaram que essas consultas são espo-
rádicas. Outro assim se manifestou: "Consulto a Univer-
sidade, a Federação das Indústrias e a Federação do Co-
mércio". Outro disse que a "A.E.N.T., por exemplo, é con-
sultada". Na opinião de um outro "Com alguma freqüên-
cia são ch9mados técnicos dessas organizações para expo-
rem assuntos relacionados com projetos". Tôdas essas con-
sultas, porém, não são remuneradas.

Entre os sete que afirmaram não consultar diretamen-


te essaõ instituições, três costumam ler as revistas e in-
formações que algumas delas publicam.
Todos os entrevistados, sem exceção, declararam re-
correr, sempre que necessário. a amigos e parentes na ob-
tenção de informações, orientação e pareceres.
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 167

Houve. também, unanimidade nas respostas referentes


ao possível assessoramento prestado por partidos políticos.
Todos concordaram que os partidos não prestam qualquer
auxílio dessa natureza. Alguns acrescentam: "Não existem
programas partIdários. As eleições são em tôrno de indi-
víduos e não de programas. Somos involuídos"; "Os par-
tidos não têm assessôres ou departamentos de estudo. Sua
atuação é exclusivamente política".

6.7 - Auxílio prestado por grupos de interêsse em assun-


tos qne lhes dizem respeito.

6.7. 1 - Fazem apenas pressão 2

6.7. 2 - ÀS vêzes auxiliam 3

6.7.3 - Al:xiliam bastante, trazendo dados


aproveitáveis 5

6.'1.4 - Omissão 1

TOTAL 11

Como se percebe pelo quadro acima, os parlamenta-


res entrevistados anresentam uma atitude bastante favo-
rável aos grupos d~ interêsse no que se refere à atuação
dêsses grupos como assessôres da elaboração legislativa.
Apenas dois ':ereadores se manifestaram no sentido de que
êsses grupos não facilitam a tarefa do legislador. Tôdas as
suas tentativ",s de influenciação são motivadas por razões
egoistas e desprovidas de racionalidade. Não apresentam
informações, dados estatísticos ou qualquer outro tipo de
auxílio que pudesse contribuir para uma decisão mais
acertada por parte dos vereadores ou do Poder Legislativo
como um todo.
168 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Três dos entrevistados afirmam que algumas vêzes a


atuação dos grupos de interêsse é útil para a elaboração
legislativa. Diz um dêles: "As vêzes, os grupos funcionam
como assessôres. Quando interessados, êles se manifestam
dando a sua opinião no sentido de esclarecer e colaborar".
Outro dos vereadores, depois de responder afirmativamen-
te à pergunta: "Funcionam os grupos de interêsse .,.
como assessôres do processo legislativo?", acrescenta "atra-
vés de abaixo-assinados, sugestões escritas, movimentos de
opinião" (com exceção das sugestões escritas, os demais
exemplos citados caracterizam, principalmente, o fator
pressão dessa atividade grupal). O terceiro incluído nessa
categoria afirma que "êsses grupos, embora tragam com
certa freqüência apenas pedidos, às vêzes trazem, também,
informações válidas".
Na última categoria encontram-se os cinco vereadores
que desenvolveram uma atitude bastante favorável quan-
to às possibilidades de assessoramento por parte dos gru-
pos de interêsse. Quase todos êles, porém, enfatizaram que
a atuação dos grupos não é feita de modo sistemático e
que nem todos os grupos se manifestam sôbre os assuntos
que lhes dizem respeito diretamente. Passamos a reprodu-
zir algumas de suas opiniões:

"Nas propoóições de grande interêsse, as entidades se


manifestam. Fornecem elementos técnicos aproveitá-
veis e consideráveis".

"Sim. A assessoria que mais funciona é a dos grandes


grupos econômicos. As vêzes são êles que dão as bases
para a elaboração legislativa".

·'Sim. Por exemplo, no projeto do Prefeito, alterando


o horário do comércio, o Sindicato dos Empregados do
Comércio de São Paulo se manifestou contra, apresen-
tando razões e a Prefeitura retirou o projeto".

"Atuam como assessôres mas apenas quando há inte-


rê~sedêles. Procuram o vereador e querem colaborar".
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 169

Relações Legislativo-Executivo
8.8 - Busca ae uqormaçoes, onentação e pareceres do
Legislativo nas repartições públicas.

6.8.1 - Apenas oficialmente e sempre através


das comissões e da Mesa 3

6.8.2 - Oficialmente e extra-oficialmente 7

6.8.3 - Não procura as repartições pÚblicas


------- -----
TOTAL 11

Todos os entrevistados, com exceção de um que se re-


feriu ao seu caso particular de não procurar os órgãos do
Executivo para obtenção de informações e orientação, afir-
mam que a possibilidade de obtenção das informações de-
sejadas no Poder Executivo está aberta a todos os verea-
dores, independentemente de sua filiação partidária. Três
dêles, contudo, dizem que essa busca de informações no
Executivo é 5empre feita oficialmente através de requeri-
mentos ou d; convocação de seus membros para presta-
rem esclarecimentos na Câmara. Sete dêles afirmam que
canais informais de obtenção dos dados desejados operam
paralelamente aos formais. Dizem, por exemplo: "Os
órgãos do Executivo são procurados e utilizados dentro
das limitações da lei. Quando não posso obter oficiosamen-
te uma informação, requisito-a burocràticamente através
de requerimentos"; "Faço requerimento ao Executivo pe-
dindo informações. Além disso, informalmente, entro em
contato com os funcionários quando necessito de dados".
"Os vereadores procuram as repartições públicas muitas
vêzes através da Mesa mas também por iniciativa própria.
Prccuro os diretores das repartições que dão informações
graciosamente. pois apelo para o espírito público".
Alguns dos entrevistados afirmam que embora a pO.i-
sibilidade de entrar em contato com o executivo visando
ao aprimorsmento do processo legislativo estivesse aberta 8.
170 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

todos os vereadores nem todos lançam mão dêsse recurso:


"só aquêles (vereadores) que têm interêsse em trabalhar
pela causa comum", diz um dêles.

6.9 - Iniciativa de órgãos do Executivo em fornecer infor-


mações e orientação aos parlamentares.

6.9.1 - Não procuram os vereadores em geral 7

6.9.2 - Procuram cs vereadores individualmente , 2

6.9.3 - Omissão 2

TOTAL 11

Dos nove vereadores que se manifestaram, apenas dois


afirmam que os órgãos do Executivo, sempre que estive-
rem interessados em determinado assunto, tomam a ini-
ciativa de procurar os vereadores individualmente, sem se
limitarem aos líderes do Govêrno ou aos parlamentares si-
tuacionistas. Diz um dêles: "Procuram individualmente os
vereadores quando estão interessados em determinado pro-
jeto. Não importa o partido". O outro assim se expressa:
"Os vereadores são sempre procurados. Há um entrosa-
mento, uma colaboração dos dois podêres para a maior efi-
ciência do trabalho".
Os veeradores incluídos na primeira categoria (sete)
concordam que os órgãos do legislativo concentram suas
tentativas de influenciação em determinadas pessoas dentro
da Câmara, mas discordam sôbre quais seriam essas pes-
soas. Aôsim diz um dêles: "Só os da situação são procura-
dos e apenas quando o Executivo quer defender seus inte··
rêsses". Na opinião de outro, "Só são procurados determi-
nados vereadores que estão em harmonia política total com
o Prefeito. Excepcionalmente, os vereadores chamados in-
dependentemente provocam a manifestação do Executivo."
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 171

Outro assim se pronuncia: "Quando a Prefeitura tem um


projeto do seu interêsse, ela procura o líder e o vice-líder
do partido do Prefeito"; Só a mesa é procurada", concluiu
um outro. Os três restantes acham que a manifestação do
Executiyo está sempre condicionada à provocação do Le-
gislativo.
Não há, como se vê. percepção uniforme por parte dos
vereadores entrevistados quanto às tentativas de influen-
ciação do Poder Executivo sôbre o processo legislativo. A
opinião da maioria, contudo, parece indicar que não há
grandes oportunidades de comunicação entre os represen-
tantes do Poder Executivo e os da Câmara Municipal, in-
discriminadamente.

7 - Sugestões para melhoria do assessoramento na


Câmara (número de vêzes que foram menciona-
das) *

7.1 Relacionadas diretamente com problemas de


pessoal 6

"i.2 Estabelecidas em têrmos amplos (reorganiza-


ção. racionalização) 3

7.3 Ligadas ao espaço físico

7.4 De ãmbito externo 3

7.5 Omissão (nenhuma sugestão> 3

TOTAL DAS SUGESTõES 16

, • I Como certos vereadores apresentaram mais de uma sugestão. o


total de sugestões (16) não coincide com o número de verea-
dores entrevistados (11).
172 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ObseT'Vações

Três dos entrevistados consideram satisfatório, e, por-


tanto, nada têm a sugerir. o status quo do assessoramento
legislativo da Câmara.

A maioria das sugestões para aprimorá-lo dizem res-


peito a problemas de pessoal: realização de concurso in-
terno visando selecionar os mais capazes para os cargos de
assessoramento; redistribuição do pessoal especializado pe-
las comissões; melhoria da remuneração dos assessôres
para se poder contar com melhor qualidade de funcioná-
rios: criação de possibilidades de contratação temporária
de técnicos: treinamento e melhor apro\'eitamento do pes-
~oal disponível.

Três sugestões sào estabelecidas em têrmcs bastante


amplos, envclvendo uma completa reestruturação de car-
gos e funções. com a criação de novos cargos e extinção
de outros e racionalização do serviço de assessoramento.
Uma delas envolve a aglutinação das três assessorias em
uma só que deveria informar antes das comissões toma-
rem conhecimento do projeto.

Uma sugestão diz respeito à necessidade de mudanç:.l


para o prédio nôvo.

Certos vereadores. contudo, nào se limitam a tecer


considerações sôbre o estado atual do assessoramento na
Câmara. Pleitei3m mudanças na superestrutura, mudanças
estas que viriam. segundo êles. beneficiar o processo de
assessoramento e o processo legislativo como um todo. As-
sim se manifestam: "Sugiro a revogação dos Atos Institu-
cicnai;: porque o Legislativo tem que ter plena liberdade";
"Aumentar os prazos nos projetos do Executivo".

Outro parlamentar sugere que seja criado um assesso-


ramento partidário. Mesmo o trabalho de assessoramento
das comissões ficaria a cargo dos partidos.
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 173

8 - Organização da assessoria ideal: perspectivas dos


entrevistados.

8.1 órgão central apenas 5

8.2 órgão central m{/is assessoramento individual 1

8 . 3 Assessôres especializados nas comissôeE


mais assessoramento individual 2

8.4 Assessoramento partidário apena~ 1

8.5 Assessoramento partidário mais assessôres


especializados nas comissões mais assessora-
mento individual 1

8.6 Não deve haver órgão de asessoramento 1

TOTAL 11

As perspectivas dos entrevistados variam enormemen-


te quanto ao tipo de organização ideal do assessoramentu.
Um dêles condena a existência de órgãos de assesso-
ramento no Poder Legislativo, porque considera que o par-
lamentar deveria estar em condições de resolver os pro-
blemas sem a interferência de elementos não políticos e
que órgãos burocráticos dessa natureza só se prestam ao
"empregui~mo".
O órgão central de assessoramento é o que conta com
a preferência dos entrevistados. Foi mencionado por seis
vereadores, um dos quais optou por um sistema misto em
que êsse órgão existiria paralelamente com o asse,sora-
mento individual direto ao parlamentar. Em segundo lugar
aparece o assessoramento individuaL mencionado quatro
\'êzes. sempre, porém. em combinação com outros tipos
174 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

de assessoramento. Três vereadores incluíram, também, na


sua organização do assessoramento legislativo, a criação
de um tipo de assessoramento integrado por pessoas espe-
cializadas e que deveria prestar seus serviços diretamente
a cada uma das comissões.
o assessoramento partidário como componente da or-
ganização de um sistema ideal foi lembrado por dois ve-
readores. Um dêles acha que bastaria êsse tipo de auxílio.
Para o outro, o assessoramento prestado pelos partidos po-
líticos deveria vir ligado ao assessoramento especializado
nas comissões e ao assessoramento individual.

c- Conclusões

A análise feita na Câmara Municipal de São Paulo


permite-nos chegar. ainda que provisoriamente, às seguin-
tes conclusões:

1 - a mera existência de órgãos de assessoramento não


implica em C'ontribuição para a racionalização do processo
legislativo. Dois (AEL e ATA) dos quatro órgãos com fun-
ções específicas de assessoramento da Câmara, se não po-
dem ser considerados totalmente como disfuncionais, estão
longe de estar atingindo, de modo satisfatório, os objeti-
voz para os quais foram criados;

2 - a maioria dos vereadores entrevistados reconhece a


necessidade do procesw de assessoramento, embora o ín-
dice das opiniões que limitam a importância do processo,
subordinando-o à capacidade do vereador, acrescido da
opinião de que o assessoramento é indesejável. seja bas-
tante elevado (mais de 36~();

3 - muitos vereadores não conhecem tôda a organização


do assessoramento na Câmara;
4 - nenhum dêles recorre sistemàticamente aos órgãos
de assessoramento (usam auxílios externos ou resolvem
sozinhos os problemas);
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 175

5 - a maioria dêles desenvolveu uma atitude negativa


com referência ao assessoramento legislativo atual, exce-
ção feita ao élssessoramento de natureza predominantemen-
te jurídica e regimental;
6 - o assessoramento externo é utilizado por todos os ve-
readores entrevistados, sempre a título gratuito;
7 - a atitude predominante com referência aos grupos
de interêsse É' a de que êsses grupos assessoram o processo
legislativo;
8 - há unanimidade na afirmativa de que os partidos polí-
ticos não assessoram os legisladores;
9 - os entrevistados divergem quanto às suas experiên-
cias e percepções referentes à comunicação Executivo-Le-
gislativo;
10 - problemas relacionados com pessoal (recrutamento,
treinamento, salário, etc.) são vistos pela maioria dos en-
trevistados como ponto de partida para o aprimoramento
do serviço de assessoramento na Câmara;
11 - os veeradores divergem quanto à organização do
assessoramento legislativo ideal (a maioria das opiniões
elege, contudo, o órgão central como elemento necessário
num sistema de assessoramento).
8 - óRGÃOS DO PODER EXECUTIVO COM FUNÇõES
DE ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO

A - Assessoria Técnico-Legislatit'a do Govêrno de


São Paulo

A Assessoria Técnico-Legislativa do Govêrno do Es-


tado de São Paulo é órgão do Poder Executivo do Estado
e diretamente subordinado ao Governador.
Compete a essa Assessoria: 1.0) assessorar o Govêrno
em tudo qu= diga respeito à sua atividade de legislador.
Assim, elabora todo! os projetos de lei do Executivo, todos
os seus vetos, examina todos os assuntos que digam res-
peito à técnica legislatiya, acompanha, na Assembléia, os
projetos de interêsse do Executivo, etc. Para isso está or-
ganizada em dois setores: Setor Legislativo, que se en-
carrega, precipuamente. da tramitação dos processos na
Assembléia, e Setor de Elaboração. que cuida da elabora-
ção das mensagens do Governador e de seus vetos, bem
como de tôda pesquisa que se faça necessária para tais
fins. Mantém ainda, além de serviços administrativos, um
Serviço de Documentação e Biblioteca que é, inclusive,
procurado pela própria Assembléia Legislativa do Esta-
do; 2.° assessorar os deputados federais e senadores que
integram a bancada paulista. Para isso dispõem em BrasÍ-
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 177

lia e no Rio de Janeiro de órgãos encarregados de auxiliar


os legisladores paulistas (Escritório de Assistência Técni-
ca). Êsses órgãos auxiliam os representantes de São Paulo
na sua tarefa legislativa. independentemente do partid,)
político a que pertençam. A manutenção do escritório no
Rio decorre da grande quantidade de dados que sómente
podem ser encontrados na ex-Capital.

Segundo depoiIT}entos dos dois assessôres entrevista-


dos, Dr. Paulo Celso Fortes, em São Paulo e Dr. Nestor
Cavalcanti, em Brasília, êsses órgãos são às vêzes também
procurados por legisladores de outros Estados.

N a opinião dêles, é a própria administração paulista


que se encarrega, de fato. do assessoramento. Um problema
referente à Saúde Pública, por exemplo, é encaminhado
ao Secretário da Saúde, que fornece as informações dese-
j adas. A Assessoria funciona mais como órgão centraliza-
dor e coordenador de informações.
A Assessoria Técnico - Legislativa em São Paulo
dispõe de cêrca de 100 funcionários dos quais 18 são asses-
sôres. Dêstes, 16 são bacharéis em Direito e 2 são técnic03
em Administração. São todos funcionários do Estado, pos-
tos à disposição do órgão. Êsses assessôres gozam de certa
estabilidade na função, não estando sujeitos a remoções
de ordem política ocasionadas pelas mudanças de govêrno.
exceção feita ao Assessor-Chefe.

o Escritório de Assistência Técnica em Brasília conta


com 6 assessôres. dos quais 2 são funcionários do Estado,
postos à disposição do órgão, e 4. contratados. São todos
bacharéis em Direito. O Escritório funciona dentro do pré-
dio do próprio Congresso. É raramente procurado pelos
senadores mas atende a um grande número de deputados.
O Escritório no Rio funciona como coletor dos dados
requisitados pelos demais órgãos, dados êstes que somente
podem ser encontrados na ex-Capital, e acompanha, tam-
bém, os processos de interêsse do Executivo paulista nos
Ministérios. Tem. além dessas. outras atribuições.
1í8 CADER:-.IOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Fomos informados pelo Dl'. Washington Coelho. res-


ponsável pela Secção de Orçamento. que o e,critório no
Rio dispõe. no momento. de vinte e sete funcionários admi-
nistrativos - todos bacharéis em Direito. embora nüo
ocupem todos êles o cargo de advogado do Estado (dois
são redatores, um é exator e um, apenas, é advogado).
Nosso informante acrescentou ainda não existir problemas
de grande mobilidade geográfica déose pessoal. Em geral
permanecem bastante tempo nas suas funcões.
B - A Assessoria Legislatira do Gorêrno de Sall1a
Catarina
Este órgão pertence ao Poder Executi\'o de Santa C3-
tarina. Subordina-se diretamente il Pr()curadoria Admini')-
trativa do Estado ..:.
Compete-lhe assistir aos parlamentares que integram
a bancada de Santa Catarina em tudo que diz respeito ,'1
sua atuação legislati\'a.
Para tanto dispõe de dois as~essôres. Um deles é ba-
charel em Direito e o outro, dentista. Conta ainda com
mais dois auxilares administrativos.
Com exceção da datilógrafa. que é contratada. os de-
mais são todos funcionários do Estado ele Santa Catarina.
pcstos à disposição da assessoria.
Esse órgão funciona. também. no próprio prédio riu
Congresso.
Via de regra. é mais procurado pelos deputados do qUr>
pelos senadores. O volume de trabalho. segundo nossa in-
formante. é. contudo. pequeno.
c- Assessoria LeÇJislatit:a do GOl'hno do Acre
Funciona também no prédio do Congresso um órgão de
aEsessoramento legislativo pertencente ao Poder Executi\'o
do Estado do Acre.
Compete a êsse órgão prestar assessoramento aos inte-
grantes da bancada daquele Estado no Congresso Nacional.
,•) :::>egundo informações prestadas, na amência dos assessõl'(,i;. pela
datilógrafa.
PARTE 111

CONCLUS6ES
9 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

As soluções dadas ao problema de assessoramento \'a-


riam, como vimos nas diversas casas políticas estudadas.
Nota-se, contudo, uma tendência para se institucionalizar
o procesw através da criação de órgãos autônomos ou do
recrutamento de pessoal especificamente destinado a de-
sempenhar a função de assessoramento legislativo. Em-
bora existam, por parte de alguns legisladores, anseios
no sentido de poderem contar também com um assessora-
mento de natureza política. a institucionalização do asses-
soramento vem, em geraL se processando predominante-
mente em termos técnico-especializados. Um estudo com-
parativo das cinco casas legislativas estudadas (conside-
rando-se separadamente a Câmara dos Deputados e o Se-
nado Federal) permite-nos estabelecer certos pontos co-
muns. Tôdas elas abrigam a divisão de trabalho em Co-
missões Técnicas, Permanentes e Especiais, que se encar-
regam do estudo de determinados aspectos do processo le-
gislativo. Essas comissões são assessôras do Poder Legis-
lativo, funcionando como descobridoras de fatos, anali-
sando os assuntos a elas cometidos, fazendo pesquisas e
emitindo pareceres. Tôdas as casas políticas dispõem, ainda.
de órgãos ou pessoal especificamente destinados a prestar
assessoramento de natureza regimental, administrativa e
jurídica à Mesa e à Presidência do órgão. Nesse sentido,
13~ CADERNOS DE ADMINISTRAÇJ\O PUBLICA
~----~~~------------~--------------

o Senado Federal, a Câmara dos Deputados e a Assembléia


Legislativa do Estado da Guanabara contam, cada um dé-
les, com uma Secretaria-Geral da Presidência. A Assem-
bléia Legislativa do Estado de São Paulo. com a Assistên··
cia Técnica da Mesa e com a Assistência Jurídica da Presi-
dência. E a Câmara Municipal de São Paulo com a Asses-
soria da Mesa.

Contudo. quanto ao asoessoramento técnico-especiali-


zado aos parlamentares em geral e às comissões. cada uma
defsas ca~as adota sistemas diferentes.
o Senado Federal institucionalizou o processo de asses-
soramento num órgão central, a Diretoria da Assessoria
Legislativa. Além dêste. os senadores podem recorrer tam-
bém ao Serviço de Informação Legislativa e à Biblioteca.
A Câmara dos Deputados não dispõe de órgãos especi-
ficamente destinados a prestar assessoramento aos legisla-
dores e às comissões. O dispositivo regimental que cria
a Assessoria Legislativa não foi ainda implementado. Os
cargos de assessôres continuam vagos e a dotação orçamen-
tária que se destina a serviços de assessoramento, abrindJ
inclusive a possibilidade de contratos técnicos externos.
não vem =endo utilizada com êsse fim. Funções de asses-
soramento vêm sendo desempenhadas pela Biblioteca e
informalmente. por funcionários da própria casa .

. A Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo


adotou o sisrema de um órgão central de assessoramento,
o Gabinete de Assistência Técnica (GAT). Ês~e órgão di'i-
põe de vinte e cinco assessôres (Assistentes Técnicos),
vinte e três dos quais são bacharéis em Direito. Deve
conhecer, quando consultado, a~suntos que dizem respeito
tanto à forma quanto ao conteúdo das proposições. Em
geral se reconhece que falta ao GAT diversificação de es-
pecializações. A tentativa de se dotar a Assembléia de m~­
canismos externos de assessoramento, através de um Con-
selho Técnico-Conõultivo de Assuntos Econômicos e So-
ciais, não foi levada adiante.
lJ AC:C:ESSOR.\:\lENTO LEGISLATIVO 183

A As:-;embléia Legislati\'a do Estado da Guanabara não


conta ainda com um sistema de assessoramento institucio-
nalizado num órgão central. Algumas funções de assesso-
ramento são l'xercida~ pela sua Biblioteca e pela Diretoria
ele Documentação e Pesquisa, Nota-se que o tipo de asses-
soramento que êsses órgãos estão em posição de realizar
se refere. contudo e \'ia de regra. a informações sóbre
referência legislati"a. De\'ido a abusos por parte dos de-
putados. clin'inou-sc o éls:-;essoramento individual que exis-
tiu por algum tempo.
A Câmar<: Municipal de São Paulo optou pela criação
de três órgãos autônomos. a Assessoria Técnico-Legislativa
(ATL). a Assessoria de Elaboração Legislativa (AEL) e
a Assessoria Técnico-Administrativa (ATA). cada um dê-
les devendo se encarregar de determinadas funções de
assessoramento. (Nem todos êsses órgãos vêm, porém. :::e
comportando funcionalmente. como vimos). É a Câmara
:Ylunicipal que di5põe do maior número de funcionários ofi-
cialmente investidos no cargo de Assessor. São todos de
nível uni\'er.sitário. predominando o bacharel em Direito,
É. também. ;:j únic8. das Casas estudadas que estabeleceu.
como dispOSItivo regimental. a obrigatoriedade de mani-
festação da Asses:oria (ATL) em todos os projetos da
Câmara. antes que os mesmos sejam enviados às Comissões.
Paralelarrlente ao assessoramento formal prestado p8r
órgão e assessóreõ das ca5élS legislati\'as e por órgãos do
Executivo. funciona um mecanismo de assessoramento in-
formal. COTI3ultas a amigos. a especialistas. aos próprios
colegas. a sindicatos c associações. a funcionários não asses-
~8res da casa. a funcionários do Executivo. a organizações
de documentação. estudos e pesquisas contribuem para a
elaboração legislativa.
A precariedade da nossa "amostra" (não representa-
tiva) não nos permite atingir conclusões que possam ::er
generalizada". sem perigo de desvios da verdade. sôbrc
a atitude do:, parlamentares brasileiros quanto ao asses-
soramento legi::lati\'o. Podemos. contudo, contribuir. atra-
vés do levantamento de hipóteses. para estudos posterio-
res nesse campo.
184 CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PUBLICA

Hipóteses a serem testadas

1 - Não existe, conscientemente, uma atitude negativa


por parte do legislador brasileiro quanto ao processo de
assessoramento.
Justificati1.;a: a literatura sôbre o assunto enfatiza
a aversão do político pelo técnico. O legislador suspeita do
assessor, vê néle um elemento estranho querendo sobre-
por suas idéias às do representante do povo. Dos quarenta
e sete entrevistados apenas dois deixaram transparecer
atitudes desfavoráveis ao processo em si: um vereador
da Câmara Municipal de São Paulo, que se expressa ine-
quivocamente nesse sentido, taxando-o de indesejável, inú-
til e pernicioso, e um deputado federal que dirige suas
críticas não especificamente ao processo mas à sua insti-
tucionalizaçãe (para êle o a,sessoramento deve obedecer
sempre a mecanismos informais). Pode bem ser, contudo,
que outros dos legisladores entrevistados tenham-se sen-
tido inibido::; de se manifestarem contra o processo ao
~erem consultados.

2 - Grande número de parlamentares desconhece a orga-


nização do assessoramento legislativo nas Casas políticas
a que pertencem, bem como os auxílios de natureza finan-
ceira e funcional com os quais poderiam contar na elabo-
ração legislativa.
Justificativa: de fato, as entrevistas reveleram que
alguns legisladores não estão bem informados a respeito do
sistema de assessoramento vigente e dos auxílios financei-
ros e funcionais que estariam à sua disposição.
3 - A mera existência formal de órgãos de assessora-
mento não implica na SUa existência real.
Justificativa: são vários os exemplos de órgãos que
existem quase que exclusivamente no papel: a Assessoria
Legislativa da Câmara dos Deputados, a Assessoria Téc-
nico-Administrativa na Câmara Municipal de São Paulo, o
Conselho Técnico-Consultivo de Assuntos Econômicos e
Sociais na A,sembléia Legislativa do Estado de São Paulo;
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 185

a Diretoria de Legislação da Assembléia Legislati\'a do Es-


tado da Guanabara, etc.

-! - Muitos órgãos de assessoramento não vêm alcançanoo


de modo satisfatório os objetivos para os quais foram
criados.

JHstificatira: notamos que alguns dos órgãos anali-


:::ados, embora disponham de pessoal técnico. são acusados
de inoperantes e ineficazes. Isso acontece, por exemplo,
com a As~essoria de Elaboração Legislativa da Câmara de
São Paulo. Os próprios assessôres reconhecem a ineficácia
do órgão, embora atribuam o fato principalmente ao des-
virtuamento de sua função pelos parlamentares (deixam
de ser assessôres técnicos para se transformarem em asses-
sôres políticos dos vereadores).
5 - Os parlamentares brasileiros têm grande tendência
para se considerarem auto-'uficientes.
Justificati'L'a: embora a maioria dos entrevistados re-
conheça a importância do processo de assessoramento e
muitos dêles estejam a par dos órgãos que desempenham.
nas casas políticas, funções dessa natureza, um grande
número declarou resolver sàzinho os problemas que sur-
gem na elaboração legislatÍ\'a (foi na Câmara Municipal
de São Paulo que essa tendência se revelou de forma mais
aguda) .
6 - Os parlamentares brasileiros utilizam, a título gra-
tuito, grande soma de auxílios externos na elaboração le·
gislativa.
JustificatiL'a: a quase totalidade dos legisladores en-
trevistados declarou recorrer, em maior ou menor grau,
a auxílios dessa espécie. São muito poucos, contudo, os
que declararam possuir assessoramento individual perma··
nente ou pagar consultas a técnicos e especialistas.
7 - Os partidos políticos não assessoram o parlamentar na
elaboração legislativa.
1;)6 CADEHNOS DE ADMINISTRAÇAo PÚBLICA

Justificativa: os partidos políticos não são encarados,


pela unanimidade dos entrevistados, como fonte de asses-
soramento ao legislador.
8 - Conforme a Casa política, varia a percepção dos legis-
ladores face às possibilidades de obterem assessoramento
por parte de grupos de interêsse,

Justificaitea: as opiniões variam bastante quanto a


essas possibilidades, Parece, contudo, que algumas Casas
legislativas, como a Câmara Municipal de São Paulo, ten-
dem a apres2ntar uma atitude mais favorável quanto a
um pretenso assessoramento prestado por grupos de in te-
rêsse do que outras, como a Câmara dos Deputados,
9 - A comunicação entre o Executivo e Legislativo obe-
dece, de preferência, a mecanismos formalmente institu-
cionalizados, quando se processa do Executivo para o Le-
gislativo, e a mecanismos informais, quando do l,egislativo
para o Executivo,
Justificativa: embora as opiniões \'ariem bastante.
parece existir uma tendência no sentido de os parlamenta-
res, independentemente da sua filiação partidária, se diri-
girem informalmente a funcionários e órgãos do Poder
Executivo em busca de informações, O Poder Executivo,
por sua vez, parece preferir os mecanismos formais de in-
fluenciação de proces,o legislativo, procurando, de prefe-
rência, seus líderes e membros da Mesa.
10 - As sU,~estões para aprimoramento do processo de
assessoramento legislativo feitas pelos parlamentares se
correlacionam com os aspectos por êles considerados ne-
gativos nas suas respectivas casas.
Justificativa: o sistema de assessoramento da casa
política e as funções realmente desempenhadas por seus
órgãos condicionam as sugestões dos parlamentares no sen-
tido de aprimorar o processo. Assim, a diversificação do
GAT na Assembléia Legislativa de São Paulo mereceu
bastante atenção de seus legisladores; a racionalização do
processo, com ênfase em problemas de pessoal, foi a suges-
l 0,
n~

o ASSESSOHAl\IE1'.'TO LEGISLA n\'()

tão mais apontada na Câmara Municipal de São Paulo; a


criação de órgão de assessoramento. na Assembléia da Gua-
nabara. e a criação de um sistema de assessoramento. n3
Câmara dos Deputados.
11 - As perspectivas dos legisladores brasileiros variam
quanto à organização de um sistema ideal de assessora-
mento. A existência de um órgão central. contudo. e a
solução preferida.
J ustificati ea: de fato. a tendência demon -irada nas
entrevistas foi nesse sentido na maioria das casas estuda-
das. A Câmara dos Deputados. contudo. abriga um número
bastante considerável de parlamentares que se opõem ex-
pressamente. por diversas razões. à criação dêsse órgão.
Para concluir o nosso trabalho. convém salientar que
o assessoramento legislativo se processa também, e cada
vez mais, dentro do Poder Executivo. O estudo da Asses-
soria Técnico-Legislativa do Govêrno de São Paulo serve
para exemplificar a forma de atuação de órgãos dessa es-
pécie: funciona como assessor do Governador, encarregan-
do-se de preparar suas mensagens. redigir seus vetos, acom-
panhar os projetos de interêsse do Executivo paulista na
Assembléia Legislativa e no Congresso Nacional e, tam-
bém, como assessor dos deputados que integram em Bra-
sília a bancada de São Paulo. sem discriminações parti-
dárias.
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Assembléia Legislativa do Estado da Guanabara - Regimento In-
terno f Resolução n.O 33. de 1962 e suas modificações), 1966.
Assembléia Legislativa do Estado da Guanabara - Resolução nO
107, de 1966 .
.'\.Ssembléia Legislativa do Estado da Guanabara - Resolução n." 79,
de 1966.
Camara Municipal de São Paulo - Regimento Interno - Resolução
n.O 28, de 12 de dezembro de 1963.
Camara Municipal de São Paulo - Reso.lução n.o 8. de 1959.
APÊNDICE

RELAÇÃO DOS PARLAMENTARES ENTREVISTADOS


<incluídos na amostra)

:--'0 Senado Federal


Daniel Krieger, Aurelio Viana. Oscar Passos, Ruy Carneiro, Ar-
gemiro de FigueIredo, \Vllson Gonçalves, Arthur Virgílio, Eurico
Rezende.

Sa Câmara dos Deputados

Adauto Cardoso, Raimundo Padilha. Vieira de Mello, Pedro


Aleixo, Souto :\laior, Djalma l\larinho, Carvalho Sobrinho, Unirio
:'lachado, Medeiros Netto, JOEe Bonifácio de Andrada .

.\'a Assembléia Legislatira de São Paulo

Francisco Franco. Francisco Amaral, Antônio Donato, Conceição


da Costa Neves. Pedro Paschoal, Raul Schwinden, Paulo Nakanda-
kare, Adhemar :-'Ionteiro Pacheco. Paulo Planet Buarque, Cesar Ar-
ruda Castanho .
.\'a Assembléia Legislati1.'a da Guanabara

Augusto do Amaral Peixoto. Castro :\Ienezes. Souza Marques. Car-


valho Netto. Fioravante Fraga. Paulo Ribeiro, Gonzaga da Gama
r'llho, Synval Sampaio .

.\'a Câmara .Uunicipal de Sâo Paulo

Manoel de Figueiredo Ferraz, Marcos Mélega, Laércio Côrte,


Hélio Djtlar. Monteiro de Carvalho. Agenor Mônaco, David LereI',
Brasil Vita, Aurelino de Andrade, Ana Lamberga Zeglio.
AP~NDICE 11

ROTEIRO DAS ENTREVISTAS

1. Como surgem, em geral, os problemas que são transformados


em objeto de discu.';são parlamentar?
2. O que pode ser considerado como as.'3essoramento legislativo?
3. lt importante o assessoramento legislativo? Por que?
4. Qual o papel do assessoramento legislativo:

a) na identificação dos problemas;


b) na coleta de dados;
c) na elaboração de um projeto?
5. No caso de os parlamentares contarem com asse..<:sôres par-
ticulares:
a) como são geralmente recrutados êsses assessôres?
bJ qual o tempo de permanência nessa função (durante deter-
minada tarefa, por todo o mandato do deputado, etc.)?
c) que tipo de vínculo empregatício existe (são contratados pela
Assembléia e postos à disposição do parlamentar? São re-
crutados diretamente por êste? Quem paga?)
d) na sua opinião, é acor.selhável êsse tipo de assessoramento?
eJ em caso pOSitIVO. qual o numero ideal (se existe) de asses-
sôres individuais para cada deputado? Deveriam ser êles
permanentes ou contratados à medida das necessidades?
Deveriam ser especializados? Que tipo de especialização?
6. Quais os órgãos da casa que se encarregam do assessoramen-
to legislativo (individual. à Mesa e às comissões)?
o ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO 195

7. Esses órgãos suprem as necessidades de assessoramento legis-


lativo?
ti. Que poderia ser feito no sentido de melhorar a sua eficiência
nesse aspecto?
9. São as repartições públicas procuradas pelos legisladores no
sentido de obterem informações, pesquisas, estudos, pareceres?
Pelos legisladores em geral? Pelos pertencentes à agremiação
partidária do govêrno sómente? Pelos membros das comissões?
10. São os parlamentares (em geral ou membros de comissões)
procurados por órgãos do Poder Executivo que se propõem a
orientá-los, sugerir diretrizes, dar informações, reivindicar de-
cisões?
11. São instituições como a FGV I Fundação Getúlio Vargas), a
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), o CNP
(Conselho Nacional de Pesquisas), o CNE (Conselho Nacional
de Economia), o IBBD (Instituto Brasileiro de Bibliografia e
Documentação), as universidades, etc., sistemàticamente con-
sultadas ou incumbidas de pesquisas e estudos sôbre determi-
nados assuntos?
12. Yuncicnam os grupos de interêsse como associações profis-
sionais, sindicatos, grupos religiosos, sociedades beneficentes,
associações de utilidade pública como assessôre do processo
legislativo? De que forma?
13. Costumam os parlamentares recorrer a amigos e pessoas de
sua confiança na obtenção de orientação, pareceres, etc.?
14. A técnicos e pessoas de notável saber? Em que circunstâncias
e de que forma (Pagando ou pedindo favor)?
15. Qual o papel das agremiações partidárias no assessoramento
legislativo?
16. Qual a influência do assessor na tomada de decisões do par-
lamentar individualmente, nas comissões e no Plenário? São
os pareceres técnicos acatados?
17. Qual o papel da Biblioteca no assessorament<l?
18. Com que tipos de auxílios intelectuais e consultivos contam
realmente as comissões"
19. Qual o volume das dotações orçamentárias para contratação de
a...-.sessoramento I nas comissões permanentes, especiais e de
inquérito) ?
20. Como deveria, na sua opinião, ser feito o assessoramento le-
gislativo (assessoramento individual ao parlamentar, assesso-
ramento às comiE,ões. órgãos central de assessoramento, etc.)?
APêNDICE 111

CLASSIFICAÇÃO DO ASSESSORAMENTO LEGISLATIVO.

I Quanto à Ima natureza


a) político
b) técnico

II Quanto ao destinatário
a) do Poder Executivo
b) do Poder Legislativo

1) ao parlamentar
2 ) às comissões
3) aos líderes
4) à Mesa ou à Presidência

In Quanto à área em que se processa


a) interno
b) externo

1 V Quanto ao mecanismo através do qual opera


a) formal
b) informal
o _\SSE~SORA:\lEI\TO LEGISLA TlVO 197

v Quanto ao proce'so de elaboração legislativa

aI referente ao ccnteúdo
b) referente à forma
('I referente à tramitaçãu

VI Quanto ao a,pecto económico

a) remunerado
bI gratuito

VII Quallto ao tempo l'nvolndo

a I estável
b) ('ventua!

VIII quanto à obrigatoriedade

aI compulsório
b I fact:!tativo
APÉNDICE IV

ENTREVISTA COM O DEPUTADO BONIFÁCIO DE


ANDRADA, DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DE MINAS
GERAIS *

A Assembléia Legislativa de Minas Gerais vem de atravessar um


periodo de reformas que vi.'iam ao aprimoramento do órgão e dão
enfase ao problema do aSEeSsoramento legislativo. Achamos interes-
.'ante. a titulo de ilustração. apresentar aqui a entrevista que tive-
mos com o Deputado Bonifácio de Andrada. então Presidente daquela
casa política.
De inicio. o parlamentar salientou a necessidade de o Poder Le-
;:lslativo adaptar-se às novas condições da vida moderna: "OU o
Poder Legislativo se aparelha para participar dc ."uas atribuiçõe'i
politlco-sooiais ou corre o risco de ser absorvido. burocràticamente.
pelo Poder Executivo", diz êle. E acrei'centa: "O Legislativo tem que
ler uma atitude crítica, de fiscalização. que é. atualmente. a sua fun-
çà'J magna. Urge reformar a sua administração. O problema do
a.<,s€,<"soramento legislativo é um des mais séri()~ e preocupa todos o,
p3rl3mento" modernos."
Sob a sua presidência. a Assembléia Legislativa de Minas Gerai,
procurou àtingir. através de reformas. padrões mais elevados de efi-
ciência. Com êõse objetivo foram contratados os serviços do técnico
Paulo Neves de Carvalho. Após seis meses de levantamentos e pes-
quisas. suas recomendações foram apresentadas e acatada,';.
Deram origcm à Resolução n." 800 de 6-1-67. O projeto. quc se en-
contra em fase de implementação. cl~u ênfase ao problema do a,s('~­
soramento.

,) Não foi feita a revisão pelo entrevistado


~oo C\DEHXOS DE .\D~ll:-;ISTR.\~· ..\O I'L'BLIC\

l)lic,F IL,j criado com a;, .'eguinte, atribuiçôe;,: a' cuidar do ceri-
1ll,'l1wl: b, planejar contactos com (',rupo~ de illterê~se, prefeitos. ye-
,'eaelOl e, e o povo em gE'!·al. A B:blioteca faz psrte do In~tituto de
l:.'tucio' Parlamentare'. A Diretoria Auxiliar da :Vlesa é o órgão
"'"e.'.'(1r elo Presidente e da ::\Iesa ela A.csembléia. O Serviço Social
CrH:' \'i'à a atender ac~ !~'ncionário~ é t;nl .'el'\'iço indi~pensável Cll1
qualquer orgão. Lina 0" parlamentare'i. e principalmente as comis-
.,m". ele terem que pe.'quisar e elecielir sôbre problemas do funcio-
!1ali'mo ela Assembléia. Encarrrga-."r dés.'e "erviço uma a'sistente
,-.:celal que ('.~luda os di\"er.-.:o~ ca,ü'3 t' reconlcllda soIuçõe;.,;,

H'-l. a t li.allllC'l1 t e. pl."ibilidadt.':-- (1,., "l' Cl'!lt r~1 Ltl' ;--l~ryi(,'lJ'" t l;cnicos
ext é!·110.'. O orçamento ele 1967 ndu 1ui feito tendo em vi:5ta a Re-
é-OIUÇ'ão n.' 800 mas a elnninação das .ses.'ô~s extraordinárias, deci-
fiIaa em H.esolução da, A"-Sembleia. acarretará uma economia de
cerca de ?\CrS ~OO.OOO.OO 'que se de'itinavalll ao pagamento do pes-
.'oal I ecrutado para atenàer a essas ,ec,ôe'i' que poderá 5('1' empre-
12~làa para tal fim.

Ymalizando. o deputadu acre.'l·(·lltou q'. t' U parlallll'IllU Illoder-


ni). para .'E" tornar Ulll ór~ão rralnll:!lt~' eficiente. ten1 que enfrentar
,no', grande' problema.s:

.~! (!!'? :lpl'(lxin12~'Úc t'll~!'f' o ped,:,l' C' n P~)\'O. atravé:.. de 1'c13-


C,)~''''' publica::: apriln:Jradac; C' planejada:-:,

000069602
"111111111111111111",11,,,,1111 II1I
o ASSESSORAMENTO LEGISLA TI\'O 199

Organ,wção da Assessoria

"O problema da Assessoria encontra-se. atualmente. em "nna~.


diz ele, dividido em dois grandes campos: 1) Assessoria ao Poder
Legislativo; 2) Assessoria ao Parlamentar. Quanto ao primeiro, atra-
\'és da Resolucão da Assembléia. estabeleceu-se a cbrigatoriedade da
mamfestação >da Assessoria em todos os projetos da Assembléia.
antes que os mesmos sejam enviados às suas respectivas comissões.
A Assessoria deve instruir o processo, opinando sõbre seus aspectos
positivos e negativos. Todos os projetos do Executivo passam, tam-
bem, pelo crivo dos técnicos. Às vêze.'3, mesmo para receber deter-
lllinado projeto, a Met;a pede audiência à Assessoria. Esta, porém,
atua sempre em caráter consultivo. Suas conclusões não obrigam
:lOS parlamentares.

Quanto ao assessoramento ao Parlamento, foi criado dentro da


Assembléia o Instituto de Estudos Parlamentares com o objetivo de
dar assLSténcia a cada um dos deputados. O Instituto assessora o
parlamentar. promove-o culturalmente e procura elevar sua pro-
jeçao no meio social. Como os parlamentares precisam de condições
mmimas de apresentação intelectual, cogita-se promover, através do
Instituto. seminários, circulos de estudos. conferências etc. visando
ao seu constante aperfeiçoamento e atualização. Mas tudo isso tem
que ser feito com muita habilidade a fim de se obter aceitação per
paHe do'3 parlamentareli e evitar ferir susceptibilidades."

orgâo.s de A~sessoramento

A Assembléia conta, atualmente, segundo o entre\'istado. com ("


seguintes órgãos. desempenhando funeões dl' a~sl'ssoramento:

A~sessoria Tecnico-Legisla tiva


lnHituto de Estudos Parlamentares
In~tituto de Relac;óe, Públicas
Biblioteca
DIretoria Auxiliar da Me.<a
Serviço Social
A Assessoria Tecnico-Legislativa ,; compo,ta ele departamel1lo~.
Um déles é o de Pesquisa,> e Documentação ao qual cEtá ligadlJ.
aClmll1lstrativamente. o Instituto de Estudos Parlamentare:;. É che-
fiada por nn Assessor-Chefe e integrada por vários a5."essõres téc-
lllco-consultivos. especializados em diferentes setores. O Instituto de
Estudos Parlamentares é dirigido por um Conselho de três depu-
tados, um dos quais é o seu Presidente. ÊSte Instituto mantém COl1-
tacto:; constantes com as univer'idades. O In~tituto dE' Relações PÚ-
CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
AD:\UNISTRACÁO GERAL
2 Plane,.1amento do Desen,"olyim\:n:c Econômico
de Países Subdesenvolvidos ROBERTO DE OLIVEIRA
CA:\lPOS
8 - Confronto entre a Admin:::t!"uç'-,o Púbiica e a
Administração Par!icular BE:çEDICTO SILVA
9 - Relações Humanas na Indú2t:',a E. DA',',-\,
11 - As Corporações Públlcas na G,ã·Brp.'nnl,a -- G'CSTAVO LESSA
15 - A Justiça Admlnistrnt.i,.C\ na FrGn~~ - FRA:-:COIS GAZIER
1~ - O Estudo da AdminL·t'·[\rãa "'006RO'Il WILSON
1~ - A Era do AdmiI'!istr:1do;:" PrC!"Fs:OP.11 BE:çEDICTO SILVA
21 - Assi~tÊ'ncia Técnica. em Adnl:ni...:t!:1(,úo P1jbl~c.'l. _. BE:çEDICTO SILVA
23 - Introdução à Teoria Ge;~:.l de Aài:ni~lE~tração
Pública - PEDRO :\rul'lOZ AMATO
25 - A Justlça _"'dmini.3~!'a~i",·a no E!'~::;ll J. G'LILHER~:E DE
ARAGAO
29 - O Conselho de E.stndo F:m,cts FRA:çCOIS GAZIER
30 - A Profis.3io~~:afia. do .-\d:nir:L';::;·:1dor cr~::t,., y rOPEZ
31 O Ambiente na Adminis!:'<1ç5.o Púb:i~a RO"-COE MA.RTIN
33 - Planejamento PEDRO M'L'NOZ A:-L"TO
34 - Execução Planejada HMU O':: S. PERSON
35 - Como Dirigir Reuniões E1:GENE RAUDSEPP
37 Ccnt"õle dos G:\Stos Eleitor",j" ('ER .-\1 DO 'NILSON
:çl::ç "'''i'
38 Procedimel"lto para "Forc:1r" A('(\~'do IRn~G J. LEE
39 -- Rela('ões Humanas n.:5 A::vid~1des :\r:;cl('~'n:ls ROBERT V:OOD JOH"i'SON
40- - O Gó'vêrno E~tadual n"s E~~s(:os l.-!1ido.::: C,EORC,E ','.t. BE~nS
43 O A ..:::;,c;:essornmento da pre::idê :::ca (:a Hepúb1:·:-:t CLEA:-;THO P. l.EITE
44 Ta\'!or e F:\':()l BE~EDICTO SILVA
45 A -Administr'nçáo Civil r..:t ~f,)t;~liz8('ão Bp:!r:\. BE:çEDICTO SILVA
49 Gênesis do Ensino de Admilli3tr~1ção Pública
no Bra.sil BE:çEDICTO SIL V Ao
50 Uma Teoria Gerf\l OP P13nf~:-1mrn+:o BE:çEDICTO SILVA
51 - Introdução ao Planej3mento Re~,iOnal JOHN R. P FRIEDMA:-'~
58 - Processo Decisório - CU:'so P,:6to "a EBAP MARIA PIA DUARTE
GO:\lES
61 - O Aumento do Preço do Açc da C. S. ~. -
Estudo de um Caso FRA~"K F SHER'NOOD
65 - Um:\ Crióc de Autor!d~de EL'RTCO MADEIRA
66 - C('nc·içeics dé \'iJa e P!.1f1'::'; l:-'! L f""'.' , f:~ic'" FRA'.'C!SCO \\'lIITAKER
FERREIRA
("1.0\'12 ZOBAR.-\"i' :\lO:ç·
TEIRO
';2 - O A2ses30ramento LE\;:2"i.ê.tiyo A:çA :\L-\RIA BRASILEIRO
/3 - A Reforma ~o\dmilli3-trrtti..,:a dc lf1 67 J. DE "AZAR1': T DIAS
AD1!I:çISTRAÇAO DE PE~SOAL
5 - A1guns Aspectos do Treinamento --.... FONSECA PIMENTEL
7 - Pequena Bib~iog!""afia sôb~e Tr('inf!.~e~:io A. FO"i'SECA PIME"i'TEL
12 As Funções elo AdI:lir.ist!·ad.::!· ce Pcs~oal
no Serviço Público HENRY REINING JR
13 Dois Pro~ramas de Aclrrlini3t:'~~ç~,r; de Pe:::3o;11
27 Classificarão de Cargos J. DE NAZAR!': T. DIAS
36 - Em B'...lSC·(\ de Execllti\"OS :"2,~·:1. CJ.: ;(':.'3 de
Direção Geral R03ERT N. MAf::\lL'RRA':'
48 - Introdução aos Te..::::cs Psico!t~,~:cc::. RUTH SCHEEFFER
56 - Fortnução para a Administração Fúb:ic3. RI\'A BACZER
59 - Labo!atór!o de Sensibilidade ~_. 'Lm Esn:do
E7íploratório FEL." :\!OSCOVICI
60 - Politica e Administração de Pe."soal. "EstUdO
de dois casos" CARLOS VER'SSnW DO
AMARAL E KLEBER T.\-
TINGE DO N.>.sCIMENTO
63 - F.ormação para a Administr2ç3.;1 Pu~<i(a - 1I - RI\',!, B.\.L7EP
70 - A Administração de Pessoa! \'i"3 pel.'s Chefes .',srtRIO DARDEAU
de Serviço ,,'TElRA
í'1 - O Processo Decisória no SE':··;iOG d'-) PP:C-:311:1; ASTERIO DARDE,".'·
""IEIRA
ADMI;\ISTRAÇ'\O DE .\IATERIAL

14 - Centralização de Compras para o Serviço Público - Jln!" p, S~,\\I'S' 1\

AD.\IIl'ISTRAÇ.W .\IL\ICIPAL

17 - Teoria das Funções Municirai, llE:\EDICTO SILVA


18 - Curso de Administração ,\Iuniciral - Progra:-na
e Justificação DIOGO LORDELLO DE
.\\ELI.O
26 - Panorama da Administ~~ção .\\t;nicira: Brasileira - DIOGO LORDELLO DE
.\lEI.l.O
~6 - A .\\oderna Administração ,'\uni~if'al DIOGO LORDELLO DE
.\\ELLO
57 - Organização do Municipio DIOGO LORDELLO DL
.\\El.LO

OHGA\IZAÇ.H) E .\IÉTOLJ05

4 - Teoria dos Departamentos de Cliente:a BE\EDICTU SILVA


10 - A Departamtntalização no :'\Iyel .\1inisf::rial GLSTA\'O LESSA
20 - O & M na Administração In:::li:sa filH:\ H, SI.\\PS0:\
22 - O & .\1 na Al!ministração "[leCa TAHAS S;,!LFO[lS
28 - Principais Processos de Organização e Dir<,ão CATHERY:\ SECl\LEll
Ifl'DSO",
42 - COla Análise das Teorias de Organiza.;:n BEA TI!lZ ,~1. DE SOl'ZA
\\',~ HRLlCH
53 - IntroGução ao PUiT Rásico P.fIE:\O OE:-1 ARI
.~4 Estudus de Organização: fJuis casos - LUZ CARLOS DE DA:\I;\
!(lRO
67 - t'ma AnáliSe de Sistema.5 ,\dl11ini.::.tra'.i\·ilS - BPE\O GE:\ARI

RELAÇOES PCBLlCA~

I - Relações Pu~licas, Divulgação e Propaganda RE"\EDICTO SII \'A


3 - Publicidade Administrati,'a RE:\EDICTO SIL,' A
24 - Relações Públicas no Govêrno ,\Iunicipal L.C, HILL

ORÇAr.IENTO E FI;\A\ÇAS PCRLlC AS

6 - Os Princlrios Orçamentários - SEflASTI.~O


SA:\T'A;\:\A E SILVA
32 Instituições Orçamentárias Fundamentais ;\EWTO:-; CORRÉA
RA.\\ALHO
41 - Orçamentos - PEDRO ~IC~OZ AMATO
47 - Teoria e Prática de Orçamento Mooicipal J TEIXEIRA MACHADO
jC"'IOR
52 - Estrutura do Orçamento e Classificação das Contas
Pulolicas "'A COES U:-llD,~<;
55 - Administração Orçamentária Corrr3fada I. TEIXEIRA MACHADO
)C:\IOR
62 - A Adoção do Orçamento Programa pelo Estado
da Guanabara FRA:\K p, SflER\\'OOD
fi4 - O Ca.o da Rarrilha AU'YS'O Gt.'I~'ARAES
69 - Arroyação d.1.S Conta;:: dI' E\:C'ccti\ () do. GlJana- E\'ALDO .\\ACEDO DE
bara em ]gr;2 OL!\'EIRA
COMO PARTICIPAR
,
DE A SSEMBLEIAS

de miguel de ulhôa cintra

,
E un1 livro que reSlllne as
. . . , .
prIncIpaIs regras necessarIas
à realizacão de reuniões e
J

Assen1bléias, cnl qualqueo


nível, desde a Assoeiaçãr
de bairro n1ais Sil11 pies a
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Fundação Getúlio Vargas. Seryi~'O de Publicaçõ2s


Praia de Botafcgc>. 18ó - c.P. 29 - ZC-02-
Riu de ,T;meiro - GB
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F U tSTE VOLUME DEVE SER DEVOLVIDO A BIBLIOTECA NA ÚLTIMA A R G A S
DATA MARCADA

;'c","';{\,( J ro Úé 1944. COm.


t ~., 1'.<11:0 1.:a \{I\) Ltcit'll.ll JI)

, 11 M,\I 199?
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SERVIÇO Di:: PUBLICAÇÕES

D::t ,t;J' Ill:C:':W:: :.L\l' HiCIO PINHEIRO

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YC.'iDAÇAO GETGLIO \'AHGAS

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lL'J àe Jancü'o -- GB

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N.Cham. PIEBAP CAP 72
Autor: Brasileiro, Ana Maria.
Título: O assessoramento legislativo ..

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57408

N" Pat.:2334/68

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