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Caracteristicas de Transformadores de Corrente de Acordo Com As Normas Parte 2
Caracteristicas de Transformadores de Corrente de Acordo Com As Normas Parte 2
Paulo Sérgio Pereira1; Paulo Sérgio Pereira Junior2 & Gustavo Espinha Lourenço1
1
CONPROVE Engenharia; 2 CONPROVE Indústria
Sumário - Este artigo visa apresentar ao leitor um resumo geral dos parâmetros que definem a
escolha de um transformador de corrente (TC). Esta escolha deve ser realizada de acordo com as
normas vigentes, a fim de que o projeto se enquadre na linha de produção dos fabricantes. Definições
fora da norma implicam em projetos especiais e normalmente com custos mais elevados. Os
aspectos de especificação apresentados aqui foram agrupados de forma a facilitar a comparação
com base nas principais normas atualmente em uso.
Esta parte do trabalho foca as definições para os transformadores de proteção, com ênfase as
classes definidas pelas várias normas consultadas, a análise do comportamento transitório dos TC´s
e especificação da tensão de saturação considerando inclusive o tempo de operação do IED.
O estudo de Transformadores de Corrente é pouco explorado nas disciplinas acadêmicas, tanto nos
cursos técnicos como nas universidades brasileiras, o que gera uma carência na formação desses
profissionais. O artigo visa contribuir de forma a minimizar essa lacuna.
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Proteção e Comunicação de Sistemas Elétricos de Potência
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A norma IEC 60044-1 define os TC´s TPZ, que são os TC´s de proteção onde os
de proteção com a letra P e PR. O número na termos são definidos da seguinte forma:
frente define a Classe de exatidão. Como A Classe TPS – não define limites
exemplo pode-se escrever 5P e 10P. A norma para o fluxo residual e trabalha para pequenas
define que com a corrente limite da sua intensidades de corrente, com o
especificação e com carga nominal o erro funcionamento definido pela corrente de
composto (Ɛc) não deve superar os valores excitação e pelo erro de relação do número de
apresentados na tabela 3. Observa-se que a espiras.
norma menciona a existência da componente A classe TPX – não há limite de fluxo
alternada (senoidal) da corrente de falta. Os residual e tem precisão definida pelo erro
transformadores Classe P são normalmente instantâneo de pico para um ciclo de regime
de núcleo de ferro e toroidais, ou seja, de transitório especificado. Normalmente
baixa reatância de dispersão. possuem o núcleo totalmente de ferro, e
A norma também define os tipicamente são de baixa reatância de
transformadores de corrente da classe PR que dispersão, e assim ela pode ser desprezível
possuem controle do fluxo residual. Os TC´s na avaliação do seu desempenho.
dessa classe com 5% e 10% são descritos A classe TPY – possui limite de fluxo
como 5PR e 10PR respectivamente, onde 5 e residual, normalmente menor que 10%. Isso é
10 caracterizam a exatidão, a letra PR obtido com o uso de um gap de ar agregado
caracteriza que é um TC de proteção e há ao núcleo de ferro. Tem precisão definida pelo
controle no fluxo residual. Para esses TC´s, a erro instantâneo de pico para um ciclo de
saturação também não deverá ocorrer para a regime transitório especificado.
corrente simétrica (componente AC) de falta A classe TPZ – possui um gap de ar
para o qual ele foi especificado. O controle do maior para que ele se caracterize como linear
fluxo residual é normalmente obtido no projeto e o fluxo residual fique praticamente
com a introdução de um pequeno gap de ar desprezível. Como a indutância de
que combinado com o circuito magnético do magnetização fica baixa, a transferência da
ferro forma um conjunto que apresenta uma componente exponencial do primário para o
característica mais linear e, portanto, com secundário fica comprometida. A norma
baixo fluxo residual. A tabela 4 e 5 definem os expressa a precisão pelo erro de pico da
limites de erro de amplitude (relação) e de componente AC ( ac), durante uma única
fase. Observe na tabela 4 que a classe 5PR energização, tendo-se especificada a
tem erro de fase de 60 minutos, mas não é constante de tempo do secundário.
definido para a classe 10PR. .
A norma IEC 60044-6 designa os TC´s
com as seguintes classes:TPS, TPX, TPY e
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Tabela 4: Limites de erro para a classe PR dos TCs de proteção/ IEC 60044-1
Erro da corrente na Deslocamento de fase na Erro composto do limite de
Classe de
corrente nominal do corrente nominal primária precisão da corrente nominal
Exatidão
primário (%) Minutos Centirradianos do primário (%)
5PR ±1 ± 60 ±1.8 5
10PR ±3 - - 10
A norma IEEE C57-13, caracteriza os A classe P – indica TC´s que não tem
TC´s como com as letras C, T, X. controle do fluxo residual e que tem a sua
A letra C caracteriza que a relação é especificação de tensão de saturação definido
feita por cálculo, com limite de erro de 3% na para a corrente de curto simétrico que é
corrente nominal e 10% a 20 In. Nessa definida pelo fator de limite de precisão
definição fica subentendida apenas a corrente especificado (fator de sobrecorrente).
simétrica. A classe PR – caracteriza TC´s com
A letra T caracteriza que a relação é controle do fluxo residual (menor que 10%) e
ajustada por testes, também com limite de erro que tem a sua especificação de tensão de
de 3% na corrente nominal e 10% a 20 In. saturação definido para a corrente de curto
Nessa definição fica subentendida apenas a simétrico associada ao fator limite de precisão.
corrente simétrica. Esse transformador tem um pequeno gap de
A letra X caracteriza que ele tem limite ar para abaixar o fluxo residual.
de erro de 1% na corrente nominal e que para A classe PX – caracteriza TC´s de
20 In o erro é definido pelo usuário. baixa reatância cuja característica são
A tabela 5 resume esses valores. definidas pelo usuário, definindo a corrente
nominal do primário e secundário, o número
Tabela 5: Limites de erro TC proteção IEEE de espiras, a tensão de saturação com a sua
Classe que determina Corrente
20 vezes corrente de excitação associada, fator limite
os limites de erro nominal de exatidão, a resistência do secundário e a
Classificação C e T 3% 10% resistência de burden que será adotada.
Usuário Observa-se que na norma é sugerida a
Classificação X 1%
define definição da tensão de saturação
considerando somente a componente AC da
A norma brasileira NBR 6856 de 1992 corrente de falta.
adotava a nomenclatura de A e B, que A classe PXR – a especificação é
representavam respectivamente TC´s de alta similar aos da classe PX, todavia
alta e baixa reatância no secundário. Isso era considerando que existe controle do fluxo
realizado na construção do TC, onde se residual por introdução de pequeno gap no
maximizava ou minimizava a reatância de núcleo, e que o fluxo residual deve ficar abaixo
dispersão pela forma que se realizava o de 10%.As tabela 6 e 7 ilustram esses limites.
enrolamento secundário. Os transformadores A norma IEC 61869-2 expressa os
tipos B eram normalmente toroidais, tendo os TC´s de proteção definido pelas classes P,
seus enrolamentos uniformemente PR, PX, PXR, TPX, TPY e TPZ, conforme a
distribuídos. Os enrolamentos tipo A não tabela 8. Essa tabela ilustra os aspectos de
recebiam esse detalhe podendo ter os fluxo residual dos vários modelos. A tabelas 9
enrolamentos concentrados em uma só região ilustra os limites de erros para os P e PR e a
ou, se o projeto fosse distribuído, eles teriam tabela 10, ilustra para os TPX, TPY e TPZ.
um grande espaço de ar entre as espiras para
aumentar a dispersão.
A NBR 6856 de 2015 passou a
caracterizar os TC´s como P, PR, PXR e PXS,
sendo:
Tabela 6: Limite de erro para TCs de proteção classe P - NBR 6856- 2015
Erro da corrente na Deslocamento de fase na Erro composto do limite de
Classe de
corrente nominal do corrente nominal primária precisão da corrente nominal
Exatidão
primário (%) Minutos Centirradianos do primário (%)
5P ±1 ± 60 ±1.8 5
10P ±3 - - 10
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Tabela 7: Limite de erro para TCs de proteção classe PR- NBR 6856- 2015
Erro da corrente na Deslocamento de fase na Erro composto do limite de
Classe de
corrente nominal do corrente nominal primária precisão da corrente nominal
Exatidão
primário (%) Minutos Centirradianos do primário (%)
5PR ±1 ± 60 ±1.8 5
10PR ±3 - - 10
TPX Não a)
Defini um transformador de
TPY Sim corrente para atender os requisitos
do erro transitório sob as condições
de um curto circuito assimétrico
TPZ Sim
a) Embora não haja limite para o fluxo residual, gaps de ar são permitidos, ex: transformadores de corrente com
núcleo dividido
b) Para distinguir entre PX e PXR. O critério de fluxo residual é utilizado
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∧
TPX 0.5 ± 30 ± 0.9 ε = 10%
∧
TPY 1.0 ± 60 ± 1.8 ε = 10%
∧
TPZ 1.0 180 ± 18 5.3 ± 0.6 ε ac = 10%
Nota1: Em alguns casos, o valor absoluto do deslocamento de fase talvez seja de menos importância do que
alcançar o desvio mínimo da média de uma dada série de produção.
Note 2: Para núcleos TPY,a fórmula abaixo pode ser usada sob a condição de que o valor apropriado de Eal não
exceda a parte linear da curva de magnetização.
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t
^ Rp
-
V cos ωt - e L p
i (t ) = (6)
Z
^
A tensão de excitação é dada por:
V
i( a.c ) = cos ωt (7)
v(t ) = Vˆ . cos(ωt + γ ) (4) Z
impedância .
Z
A corrente de falta será composta de
duas componentes, uma componente AC e Com base no Circuito Equivalente do
uma componente DC. A solução geral do TC da figura 2, e considerando a impedância
circuito é dada ela equação. do Burden, a resposta do TC a essa excitação
é a solução desse circuito, resultando.
Vˆ − Tp
t
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τ1
t
−
τ1
e ≈ (13)
τ3
d −τ 3 −
t t
τ1
E da mesma forma que na corrente
e − e =0 (11) do primário, podemos considerar na corrente
dt do secundário as duas componentes:
permanente (ou AC) e transitória (ou DC).
t t A Componente permanente (ou AC)
1 − 1 −
τ3 τ1 da corrente instantânea de curto no
e = e (12)
τ3 τ1 secundário é dada por:
^
i 2' = I cos ωt (18)
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Figura 3: Comportamento transitório da corrente de magnetização durante falta (com núcleo não
saturado).
^
I 1 −τt 1 −τ 3
t
i =
'
e 1
− e
2
1 1 τ 1 τ3
(19)
−
τ1 τ3
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d 1 −τ 1 1 −τ 3
t t
e − e =0 (20)
dt τ 1 τ3
t t
1 − 1 −
τ1 τ3
e = e (21)
τ 12 τ 32
2
τ
t
−
τ1
e = 1 (22)
τ3
1 τ 2 1 ^ τ
^
≈
I 1 − =I 1
1 1 τ 1 τ 3 τ 3 τ3 (23)
−
τ1 τ 3
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Os Ciclos de Religamento:
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Sendo que K td (t ' ) é o fator para especificação de TC´s. Ele tem caráter
didático, focado no ensino de transformadores
atender a primeira energização e K td (t '' ) para de corrente a fim de facilitar a compreensão
atender a segunda solicitação que ocorre com das normas.
o religamento. Os autores deixam claro que as normas são
Se o TC possuir gap de ar, o fluxo documentos completos, que consolidam um
residual tende a cair para um valor bem baixo grande conhecimento e que a sua leitura é
e podemos esperar no TC a evolução do fluxo indispensável. Além dos assuntos tratados
como ilustrado na figura 13. aqui, elas detalham aspectos de efeitos do
ambiente da instalação nas especificações
(altitude, umidade, etc.), detalham métodos de
ensaios e vários outros aspectos de
importante leitura.
Referências Bibliográficas
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Proteção e Comunicação de Sistemas Elétricos de Potência
pela EFEI em 1977 e PhD pelo UMIST, do B-5 do CIGRE. Estruturou e é Instrutor da
University of Manchester, Inglaterra em 1980. CONPROVE em cursos da Norma IEC 61.850.
Lecionou na EFEI e na UFU nas disciplinas de Atualmente Diretor Técnico da Conprove
proteção (graduação e pós-graduação), onde Indústria e Comercio. Possui trabalhos
orientou teses e coordenou pesquisas. publicados a nível nacional e internacional.
Fundador da CONPROVE Engenharia e Para entrar em contato com o autor:
atualmente Diretor Técnico da mesma. psjunior@conprove.com.br
Membro do CIGRE do grupo B-5. Possui
trabalhos publicados a nível nacional e Gustavo Espinha Lourenço: graduado em
internacional. Para entrar em contato com o Engenharia Elétrica pela UFU em 1997, com
autor: psp@conprove.com.br pós-graduação a nível de especialização pela
UFU em 1999. Profissional de carreira na
Paulo Sergio Pereira Junior: graduado em CONPROVE, onde atua em desenvolvimento
Engenharia Elétrica, opção eletrônica, pela de softwares e pesquisas na área de Proteção
UFU, Universidade Federal de Uberlândia em de Sistemas Elétricos e Automação. Possui
2002, com MBA em Gerenciamento de trabalhos publicados a nível nacional e
Projetos pela FGV em 2003. Atua na internacional na área de proteção, estudos e
coordenação e desenvolvimento de projetos e automação de sistemas elétricos. É instrutor
desenvolvimentos de instrumentos na da CONPROVE em cursos de Proteção. Para
CONPROVE Indústria e Comércio. entrar em contato com o autor:
Representante Brasileiro no Grupo suporte@conprove.com.br
Internacional de Testes de IED´s de Proteção
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