Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1. Hermenêutica (Direito) I. Azevedo, Luiz Carlos de. II. Flores, Alfredo de J. III.
Título.
05-1217 CDU-340.132.6
INTERPREIAÇÃO
JURÍDICA
Do modelo juspositivista-legalista
do século XIX às novas perspectivas
Apresentação
Luiz Carlos de Azevedo
Tradução
Susana Elena Dalle Mura
Revisão e notas
^redo de J. Flores
ISBN 85-203-2723-0
Justificadamente
para Marita,
com exclusividade
APRESENTAÇÃO
O Autor
PRÓLOGO À EDIÇÃO ARGENTINA
O Autor
SUMARIO
Capítulo 1
I. Introdução............................................................................................. 35
II. O modelo dogmático........................................................................... 36
1. A ontologia jurídica.................................................................... 37
2. Univocidade cognitiva............................................................... 37
3. O objeto da interpretaçãojurídica............................................ 37
4. Estrutura da interpretação jurídica............................................ 38
5. A Constituição............................................................................ 38
6. O sistema jurídico....................................................................... 39
7. Ontologismo verbal................................................................... 39
8. Confiança nos métodos interpretativos.................................... 40
III. Insuficiência do modelo dogmático. Novos problemas e propostas.. 40
1. Matéria da interpretação jurídica.............................................. 41
2. Sujeitos interpretativos.............................................................. 46
3. O saber jurídico como saber prático........................................ 47
4. As fontes do direito.................................................................... 49
5. Enfraquecimento do sistema..................................................... 51
6. Enfraquecimento da norma....................................................... 54
7. Importância da argumentação justificativa............................. 56
8. Sincretismo metódico................................................................. 58
9. Revalorização da filosofia jurídica........................................... 59
26 INTERPRETAÇÃO JURÍDICA
Capítulo 2
Capítulo 3
I. Advertência inicial............................................................................... 80
II. Questões implicadas na interpretação jurídica................................ 82
III. O direito, objeto da interpretação jurídica........................................ 83
1. O direito em sentido original: o justo (to dikaiori)................ 83
2. O direito em sentido derivado: a arte jurídica......................... 84
IV. O saber jurídico-interpretativo: seu caráter teórico ou especula
tivo ............................................................................................... 87
V. O método da interpretação jurídica: a dialética............................... 88
VI. As fontes do direito.............................................................................. 91
1. A natureza como fonte do direito............................................. 92
2. Teoria do direito positivo ou dos textos escritos (regula juris).. 95
VII. Avaliação crítica final........................................................................... 99
Capítulo 4
A INTERPRETAÇÃO DA LEI
COMO SABER PRUDENCIAL-RETÓRICO
Capítulo 5
Capítulo 6
I. Introdução............................................................................................. 141
II. Critérios distintivos entre normas e princípios jurídicos................ 143
1. O conteúdo................................................................................... 143
2. A origem...................................................................................... 144
3. A validade.................................................................................... 144
4. Capacidade de justificação......................................................... 144
5. A aplicação................................................................................. 145
6. O trabalho que exigem............................................................... 145
7. A identificação............................................................................ 145
8. A revogação................................................................................. 146
9. As exceções.................................................................................. 146
10. Os destinatários........................................................................... 146
11. Resolução de contradições........................................................ 146
12. O cumprimento........................................................................... 146
13. A estrutura lógica....................................................................... 147
14. Incorporação ao sistema jurídico............................................. 147
15. Compromisso histórico.............................................................. 147
16. Localização no ordenamento jurídico..................................... 147
17. Caráter operativo com a lógicaformal..................................... 148
18. O aporte à completude do sistema........................................... 148
19. Componentes.............................................................................. 148
20. Funções........................................................................................ 148
III. Conclusão............................................................................................. 149
Capítulo 7
Capítulo 8
I. Introdução............................................................................................. 172
II. A interpretação do testamento dentro de uma teoria da norma
jurídica........................................................................................... 174
III. Momentos na interpretação dos testamentos................................... 176
1. A voluntas defuncti..................................................................... m
a) Interpretação gramatical..................................................... 180
b) Visão unitária do testamento............................................. 180
30 INTERPRETAÇÃO JURÍDICA
Capítulo 9
Capítulo 10
“RECURSO DE ACLARATÓRIA”:
SUAS QUESTÕES FUNDAMENTAIS
2. Instrução........................................................................................ 219
3. Quem aclara.................................................................................. 220
VI. Efeitos da interposição do “recurso de aclaratória” quanto ao ter
mo para apelar.............................................................................. 222
Capítulo 11
“SENTENÇAS PLENÁRIAS”:
ANÁLISE CRÍTICA E SUBSTITUIÇÃO
PELA INICIATIVA LEGISLATIVA DO PODER JUDICIÁRIO
Capítulo 12
CONSIDERAÇÕES JUSFILOSÓFICAS
SOBRE O “ABUSO DE DIREITO”
Capítulo 13
Capítulo 14
DESCRÉDITO E NECESSIDADE
DA FILOSOFIA DO DIREITO
I. Introdução
1. A ontologia jurídica
2. Univocidade cognitiva
“não cria nada novo, nem pode fazer mais do que esclarecer os elementos
jurídicos substanciais já existentes”.3 Sem dúvida, uma tarefa menor e
carente de relevância jurídica, já que se limitava a repetir a lei sem trazer
nada de novo. Já havia imortalizado Montesquieu o ideal de juiz como “um
ser inanimado que repete as palavras da lei”.4 Laurent doutrinava: “Os
códigos não deixam nada ao arbítrio do intérprete; este já não tem por
missão fazer o direito: o direito está feito. Não existe incerteza, pois o di
reito está escrito em textos autênticos”.5 Na França, para as improváveis
dúvidas que poderíam advir do Código, instituiu-se o référé legislativo.
Intérprete “autêntico” era chamado o legislador, de onde se inferia impli
citamente a falta de autenticidade da interpretação feita por outros. O cos
tume jurídico só teria valor interpretativo quando a lei assim o dispusesse.
5. A Constituição
Esta, mais que uma fonte do direito ou uma norma jurídica, era um
programa político dirigido ao legislador, que tinha a responsabilidade
(3) IHERING, R. Von. Espíritu dei derecho romano en las diversas etapas de
,su desarrollo. La dogmática jurídica. Buenos Aires: Losada, 1946. p. 132.
|4> Del espíritu de las leyes. Buenos Aires: Claridad, 1977. p. 194.
Cours élémentaire de droit civil. 1.1, p. 9.
<6) Cours de droit français. 1.1, p. 135.
PROBLEMAS E TEORIAS ATUAIS 39
6. O sistema jurídico
7. Ontologismo verbal
pois está claro que um ceticismo radical supõe remeter os direitos huma
nos ao campo da pura retórica ou da luta política.
Parece que, hoje em dia, mais que posturas céticas em matéria ética
ou axiológica, predominam posições intersubjetivas (éticas do consenso,
do diálogo, comunitarismos etc.) ou objetivas (a nova escola do direito
natural de Grisez, Boyle, Finnis etc.). Até mesmo aquelas questões que
tentam desdobrar-se apenas no plano formal ou procedimental terminam
fazendo concessões que avançam sobre o material ou substancial.
ram mais sobre palavras do que sobre conceitos ou realidades, dado que
chamamos coisas distintas com termos iguais, ou vice-versa. Não é de
mais fazer referência à própria realidade argentina, onde assistimos uma
atitude transgressora em tomo da linguagem, que se projeta numa notável
ignorância, pobreza ou violação das regras da gramática do idioma espa
nhol, ou seja, tudo o que perturba o uso da linguagem.
2. Sujeitos interpretativos
4. As fontes do direito
1221 Cf. meu artigo Una teoria distintiva fuerte entre normas jurídicas y princípios
jurídicos. Revista de Doctrina y Jurisprudência de la Província de Santa
Fe, Panamericana, n. 2, p. 55.
50 INTERPRETAÇÃO JURÍDICA
<23) G. G. Valdecasas afirma que, admitindo nos princípios “su caracter informador
dei ordenamiento jurídico, resulta un contrasentido subordinados a las leyes
y costumbres por ellos informadas (...) en buena lógica, no puede, o no debe
existir contradicción entre los princípios informadores dei ordenamiento jurí
dico y las normas particulares (leyes y costumbres) por ellos informadas. Y,
si tal contradicción existiera el conflicto debería decidirse a favor dei princi
pio general, superior por su propia validez o fuerza intrínseca” (Los princípios
generales dei derecho en el nuevo título preliminar dei Código Civil. Anuário
de Derecho Civil, t. XXVIII, fase. II, n. 325).
<24> Cf. meu livro Interpretación constitucional. Buenos Aires: Abeledo-Perrot,
1993. p. 181-191.
PROBLEMAS E TEORIAS ATUAIS 51
5. Enfraquecimento do sistema
<25) O original art. 17 do Cód. Civil argentino prescrevia: “As leis não podem ser
revogadas, no todo ou em parte, senão por outras leis. O uso, o costume ou a
prática não podem criar direitos, senão quando as leis se referem a eles”,
enquanto a redação atual é a seguinte: “Os usos e costumes não podem criar
direitos senão quando as leis se refiram a eles ou em situações não reguladas
legalmente”. Cf. meu livro Integración de la ley. Buenos Aires: Astrea, 1978.
1261 Op. cit., p. 123.
52 INTERPRETAÇÃO JURÍDICA
6. Enfraquecimento da norma
<29) ATIENZA, M. Las razones dei derecho. Madrid: Centro de Estúdios Cons-
titucionales, 1991. p. 25.
PROBLEMAS E TEORIAS ATUAIS 57
8. Sincretismo metódico
Ainda que não haja uma vinculação direta com o problema interpre-
tativo, parece-nos interessante incluir no presente trabalho alguma refe
rência às análises enriquecedoras que a teoria formulou quanto aos dife
rentes tipos de normas jurídicas, que, em última instância, servem para
mostrar as mudanças que toda a teoria jurídica vive. Para o modelo dog
mático não havia mais do que um tipo de norma: aquela que imputava um
ato coercitivo a certo ilícito; quer dizer, o direito não era mais que uma
técnica social baseada no poder coercitivo do Estado.
Contra esse reducionismo normativo, tipicamente kelseniano, em
bora com antecedentes em Austin ou Ihering, reagirá Hart com a sua teo
ria das regras primárias (estabelecem os deveres jurídicos) e das normas
secundárias (têm por objeto as primeiras, e se dividem em de adjudicação,
de alteração e de reconhecimento). Mas uma das críticas mais interessan
tes oferece Bobbio quando, na década de 1970, confessa as insuficiências
dos estudos estruturais do direito e começa a perfilar o que passou a cha
mar de uma teoria funcional do direito, cuja pergunta central é “o direito
serve para quê?”.37
O professor italiano, após comprovar que “na teoria geral do direito
contemporânea a concepção repressiva do direito é ainda predominante”,
chama a atenção para a necessidade de pensar o direito em termos preven
tivos, estimulando certas condutas mediante instrumentos persuasivos e
especialmente mediante consequências favoráveis ou prêmios, nos casos
em que se levem a cabo as condutas desejadas. Esta inquietude manifesta
da por Bobbio se dirige a todos os juristas e, portanto, também aos intér
pretes, ainda que, talvez, não vislumbremos por ora como assimilá-la.
(38) Cf. meu artigo Poder judicial y democracia. In: BARRA, et al. En tomo a la
democracia. Santa Fe (Argentina): Rubinzal-Culzoni, 1990.
Capítulo 2
A INTERPRETAÇÃO JURÍDICA
EM RONALD DWORKIN*