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ma
ga-
5 fevereiro 2023 / Número 1602
Esta revista faz parte integrante
do Jornal de Notícias n.º 249/135
e do Diário de Notícias n.º 56173 e não
pode ser vendida separadamente
zi
ne
Igreja Católica
Radiografia a dias de ser
apresentado o relatório
dos abusos sexuais
e pés de barro
mudou de género
BEM-ESTAR
AS VERDADEIRAS
PROVAS DOS NOVE
COMPORTAMENTO
a testar sabores. P. 38
3
sumário#1602
ADOBE STOCK
RAIO-X
POR Ana Tulha
“Intolerável indefinição”
deixa eutanásia a marinar
À terceira não foi de vez e a despenalização da morte medicamente assistida
voltou a bater no poste. Juízes do Tribunal Constitucional (TC) apontaram o dedo
à conjunção utilizada na caracterização da tipologia do sofrimento – um “e”. Mas
não só. Partidos que escreveram o texto garantem que impasse é fácil de resolver.
* Campanha válida até 28 de fevereiro de 2023, para uma assinatura digital anual da revista Volta ao Mundo, pelo valor de 19,90 €. Campanha não acu-
mulável com outras em vigor. Valor com IVA incluído. Para mais informações: assinaturas.quiosquegm.pt | apoiocliente@noticiasdirect.pt | 219249999
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alma-
naque
AS HISTÓRIAS OS ROSTOS
DA SEMANA
DOS DIAS
POR Sara Sofia Gonçalves
À direita, obra
encontrada num celeiro
ESCOLA TEM AS
LUZES LIGADAS HÁ
MAIS DE UM ANO
PEDIATRAS Seis pediatras norte-americanos decidiram,
em nome da ciência e dos pais preocupados, Sérgio Conceição
Há quase um ano e
meio que as luzes da
DA CIÊNCIA
em média, até ser expulsa do organismo. Os re- pela primeira vez, o desligam. Um proble-
sultados foram publicados numa revista cien- caneco da Taça da ma no software que
tífica dos Estados Unidos e concluíram que o Liga e somou um re- controla a iluminação
tempo médio de excreção do pequeno objeto é corde: com um total faz com que as lâmpa-
de 1,71 dias. Os médicos podem agora, com de nove conquistas, das se mantenham liga-
base científica, assegurar aos pais que um obje- passou a ser o trei- das 24 horas por dia – e
to de dimensões semelhantes será expulso do nador com mais tí- ninguém consegue re-
corpo em menos de dois dias. tulos nos dragões. solver o problema.
Eva Ângelo
Por
Escolhas
da cineasta
MULHERES VISÍVEIS,
TRANSPORTE E UMA VOZ
JOANA CRAVEIRO
O contacto com os textos de Joana
Craveiro é precioso. Dramaturga,
antropóloga, atriz, encenadora,
realizou recentemente o documen-
tário “Elas também estiveram lá”,
sobre a invisibilidade das mulheres
Algures numa quinta em Kinderhook (Nova Iorque, Esta- em acontecimentos históricos. A
dos Unidos da América), esquecida dentro de um celeiro, sua escrita cruza diferentes figuri-
foi encontrada uma obra do artista Anthony van Dyck. O nos em que a recolha de histórias de
estado do quadro não era o melhor, já que foi achado co- vida é central na construção de
berto de fezes de pássaro. A descoberta aconteceu em narrativas em que memória e poesia
2002 e a pintura foi comprada por um colecionador por são traços essenciais. O humor subtil
menos de 600 euros. A autoria foi certificada em 2019 e, é outra força irresistível na sua obra.
quando em 2021 o colecionador detentor do quadro mor-
reu, a mesma foi entregue à casa de leilões Sotheby’s, que
a vendeu agora por 2,8 milhões de euros. BÉLA TARR
O quadro trata-se de um teste para uma obra final que está
atualmente em exibição no Museu Boijmans van Beunin- A sua cinematografia é uma forte
gen, em Roterdão (Países Baixos) e que retrata um homem experiência sensorial, “transporte”
nu sentado. puro. É surpreendente a forma como
trata a dignidade na errância, a esco-
7,5
lha dos lugares/atmosferas. Uma
alternativa de acesso à sua obra é a
coleção “Béla Tarr Volume I e II”,
com design e ilustrações belíssimas
de Rui Guerra.
INÊS MENESES
É uma voz singular. Nas suas entre-
vistas ouvimos conversas. Nelas
viajamos entre questões das mais
quilogramas é o peso com que simples e triviais às mais complexas
e contraditórias. “Fala com ela” e “O
uma criança nasceu no Hospital amor é”, com Júlio Machado Vaz, na
Padre Colombo, no Brasil. O recém- Antena 1, são companhia regular.
-nascido tem 60 centímetros e é um
dos bebés mais pesados nascidos
no Mundo. O recorde, de 10,2 Estreia a 16 de fevereiro “Morada”, filme documental
realizado por Eva Ângelo sobre a experiência de mulheres
quilogramas, mantém-se em Itália. cinéfilas, entre os 70 e os 90 anos, no Porto.
DIREITOS RESERVADOS
???
DIREITOS RESERVADOS
HEMEROTECA MUNICIPAL DE LISBOA
Fu
Fundados a 14 de março de 1945
1945, por Ordem de Serviço de Humberto
Delgado, então diretor do Secretariado da Aeronáutica Civil, os Transportes
Aéreos Portugueses tiveram um rápido crescimento. A 19 de setembro de
1946 foi aberta a primeira linha comercial, entre Lisboa e Madrid, e a 31
de dezembro foi inaugurada a Linha Aérea Imperial, entre Lisboa, Luanda
(na então ‘colónia’ de Angola) e Lourenço Marques, anterior designação
de Maputo (Moçambique). Portugal, com 12 escalas e duração de 15 dias
(ida e volta), era a mais extensa linha a nível mundial operada com os
aviões bimotores. Já a primeira linha doméstica, entre Lisboa e Porto foi
aberta em 1947. No ano seguinte, a TAP passou a ter voos para Paris e
Sevilha. As viagens para Londres, no Reino Unido da Grã-Bretanha e
Irlanda do Norte, iniciam-se em 1949; e para Casablanca e Tânger, em
Marrocos, em 1953. E assim continuou. Um início auspicioso que contrasta
com os sucessivos fracassos dos últimos anos. Os seus anúncios publicitários
mostravam longas rotas, exibiam mensagens acolhedoras para quem
partia e para quem chegava. Hoje, os cartazes que vemos são outros.
Empunhados por trabalhadores, falam de despedimentos, de polémicas
indemnizações, de má gestão da empresa, de frotas de luxo desnecessárias,
de bónus avultados para uma elite. Nacionalizar ou privatizar, que rota
tomar? Polémicas atrás de polémicas. Reestruturações. Prejuízos sem fim.
O voo do sucesso da companhia de bandeira portuguesa parece ter-se
perdido. E o preço do bilhete tem saído caro aos contribuintes.
Salvar os professores,
salvar o país
Com a saúde a ser Portugal é o país onde sempre se espera o melhor resultado com o pior dos in-
empurrada para os seguros vestimentos. Temos uma política de fé, quero dizer, uma que aposta mais numa
privados e com a educação a espécie de sorte do que na competência e na força inequívoca de se tomarem
ser empurrada para os decisões justas num sentido de missão pública. O PS e o PSD têm sido iguais no
colégios, o português que respeita ao esperado pela Educação. A vontade é ir empurrando o maior nú-
mero possível de alunos para as escolas privadas, depauperando a escola públi-
comum tem de ser um ca através, sobretudo, da desclassificação da carreira dos professores.
cidadão em extinção. A Curiosamente, sabe-se que as mais recentes são as gerações mais bem prepa-
hipótese de sobreviver às radas de sempre do país. Curiosamente, com a escola a ser desmontada lenta-
contas no fim de mês é mente, ainda se conseguiu esse incrível resultado. Embora estejamos a falar de
absolutamente nenhuma. alunos que, havendo oportunidade, fogem para trabalhar em países onde os sa-
lários tenham de verdade dignidade para tanto empenho.
Como poderíamos, pois, continuar a retirar aos professores os ovos e esperar
que produzam omeletas e, desde logo, as melhores omeletas de sempre?
Portugal tem sido o país que, pagando entre os piores salários da Europa, tem
as casas mais caras do Mundo. A simples oportunidade de habitar começa a tor-
nar-se impossível para tanta gente que, mesmo estudada como nunca, não pas-
sa depois de uma miséria contida. Com a saúde a ser empurrada para os seguros
privados e com a educação a ser empurrada para os colégios, o português comum
tem de ser um cidadão em extinção. A hipótese de sobreviver às contas no fim
de mês é absolutamente nenhuma.
O problema das escolas não pode começar em saber se os programas estão ade-
quados à estranheza das novas gerações que, pelos vistos, não entendemos bem
como são e não sabemos que lhes fazer. O problema tem de começar pela defe-
sa franca dos professores, que precisam de ser respeitados como aqueles que nos
entregam todas as ciências e desenvolvem todas as capacidades. Aqueles que
efectivamente estruturam o país e o Mundo em todas as valências e todas as
complexidades. São eles que têm por ofício sofisticar o nosso pensamento, en-
riquecer o nosso imaginário de informação e favorecer, com isso, a nossa auto-
-estima abrindo o futuro.
Salvar os professores é salvar o país. Porque nenhum país sairá da miséria com
cidadãos educados pelo Google. Gente que nem saberá perguntar no sentido de
chegar à resposta de que precisa.
É um desastre que, uma e outra vez, se assista à tragédia contínua das escolas.
Há décadas que o mais que se faz é estrangular as carreiras e apontar a emigra-
ção como caminho para quem ensina e para quem aprendeu. Quem ainda não
viu que destruir os professores é destruir o país, ou não foi à escola ou foi e ca-
bulou do princípio ao fim.
Luís Guerreiro
LUÍS FILIPE Diz a amigos que “quase todo ele” é alentejano. para chefe de setor de Planeamento Mineiro da
PRATAS Paciente, calmo, descomplicado, teimoso, se- Mina de Neves Corvo, em Castro Verde. Mais
GUERREIRO nhor das origens. Bom ouvinte, apreciador do tarde, na petrolífera Partex, encontrou António
trabalho de grupo, é reservado e contido à pri- Costa Silva, que conhecera na faculdade. À rela-
Cargo meira vista. Mas as poucas falas desaparecem à ção profissional juntou-se uma “forte amizade”.
Presidente mesa, lugar de culto interdito a telemóveis, onde Homem de total confiança do ministro da Eco-
do IAPMEI se revela um bom contador de anedotas. Gostas- nomia, assumiu as funções de adjunto de Costa
se de “migas e papas” e seria “um alentejano per- Silva a 30 de março de 2022. “Os adjuntos são
Nascimento feito”, afirmam amigos. Não lhe falta, sequer, o uma espécie de pau para toda a obra, assessores
04/04/1961 gosto pela confeção de petiscos. Raro é o sábado que acompanham os ministros para todo o lado
(61 anos) em que não vai ao Mercado do Livramento, em e preparam os diferentes dossiês”, revela fonte
Setúbal, à procura de matéria-prima para a cal- do ministério. Onde era dos primeiros a chegar,
Nacionalidade deirada. depois de uma passagem pelo ginásio, que fre-
Portuguesa É também ao fim de semana que dá azo a um an- quenta por obrigação.
(Odemira) tigo prazer – a Triumph Tiger 800 XC, todo-o-ter- “Com gosto”, garantem amigos, assumiu ago-
reno de 193 quilos. Equipado a rigor. “Ele gosta so- ra a presidência da Agência para a Competitivi-
bretudo da adrenalina, da velocidade, da sensa- dade e Inovação (IAPMEI), criada em 1975 e “des-
ção de que se pode ir a todo o lado sem limitações.” tinada a promover a competitividade e o cresci-
Em viagens planeadas – Espanha ou Marrocos, mento empresarial das pequenas e médias em-
países que percorreu em duas rodas. Ou por deci- presas, visando o reforço da inovação do em-
são tomada em cima da hora – Bairrada, para o lei- preendedorismo”. Qual a ligação do engenheiro
tão, a Évora, para a tradicional carne de porco. “Se de minas à inovação? “A Partex é muito mais do
tivéssemos de lhe dar um presente seria decerto que uma empresa petrolífera. Investe muito na
algo ligado à mota”, concordam colaboradores. inovação. O Luís é uma pessoa extremamente
Luís Guerreiro nasceu há 61 anos, em Vale de interessada e curiosa.” Geriu vários projetos de
Santiago, terra de Odemira, em tempos perten- investigação e inovação com universidades na-
ça da ordem eclesiástica que lhe daria o nome. É cionais e estrangeiras, assinala o currículo apre-
uma freguesia do interior do concelho, situada sentado no site do IAPMEI.
entre o rio Sado e a ribeira de Campilhas, que “É um otimista com os pés no chão. Gosta de
abandonaria quando o pai, funcionário público, passar das palavras aos atos, não deixando para
e a mãe, doméstica, trocaram o sul por São João amanhã o que pode fazer hoje. É um líder que faz
da Madeira. Porém, apesar de ter apenas cinco parte da equipa, capaz de ouvir, mas com atitu-
anos, não perdeu a memória da planície, contac- de disruptiva perante o status quo, agora numa
to restabelecido de vez quando, com a família, casa com alguns vícios, que necessita de frescu-
regressou ao sul. Setúbal, onde cresceu ao som ra e revitalização.”
de Jorge Palma, Xutos & Pontapés, Zeca Afonso, O currículo realça a “liderança de equipas mul-
ILUSTRAÇÃO: JOÃO VASCO CORREIA
1 2345 678
1 8
Esta semana foi o fecho do A organizadora
or profissional
mercado e posso assegurarar Marie
Ma Kondo, famosa por
o,
os mais inquietos que não, cau de uma série docu-
causa
não foi desta que o mental
men na Netflix, admitiu
“The Guardian” me levou. u. que ao terceiro filho desis-
Ainda não sou o Porro ti “A minha casa está
tiu:
do cronismo. desarrumada”.
de Ao ouvir
isto,
isto Costa terá olhado para
G
o Governo e suspirado “ai,
2
filha,
filh a minha também”.
Começam a circular váriosos
anúncios de quartos paraa
7
alugar aos visitantes da
Jornada Mundial da Juven- n- Foi uma semana fria, com
tude, todos eles com preçosos aler do IPMA por todo o
alertas
pouco católicos. Por doiss país.
p Mesmo assim, o
mil euros espero bem quee executivo
ex da Câmara do
inclua brunch com o corpopo Port rejeitou a atualização
Porto
de Cristo coberto de abacate
ate do plano de contingência
e ovo escalfado. para as pessoas em situação
de sem-abrigo. Querem
3 aquecer-se?
aque Façam como os
especuladores
espe imobiliários
Também se soube que vai ai e peguem fogo a um
existir um Parque do prédio da Baixa.
Perdão, com um total dee
150 confessionários, cadaa
6
um com um sacerdote para ra
ns
“acolher e escutar os jovens Por
Po falar em estátuas: foi
peregrinos”. É assim umaa inau
inaugurada uma estátua da
espécie de speed dating, atriz
at Eunice Muñoz, em
que também acaba sempre re Paço de Arcos. É uma bonita
com uma das pessoas a hom
homenagem, já que como
sentir-se muito culpadaa Eunice
Eu se transformava
pelas suas escolhas. tanto
tan para os papéis, fize-
ram uma escultura em que
4 5
está irreconhecível.
Ainda sobre a Jornada:
A Por razões logísticas, vai ter
de
depois do palco dos cinco de ser retirada do parque a
milhões,
mi foi a vez do palco escultura de 90 toneladas
no
no Parque Eduardo VII, que feita por João Cutileiro.
te tido avanços e recuos.
tem É uma estátua muito
Para
P quem não conhece famosa porque, curiosa-
bem aquela zona de mente, se parece muito
L
Lisboa, posso dizer que é com o sítio para onde estão
muito pródiga em Marias
m a mandar o dinheiro dos
Madalenas. contribuintes com esta
Jornada.
mais e melhor
rias partes do Globo. No ano passado, lançou um
novo conceito de bioestimulantes naturais e, em
2023, fruto de pesquisas em andamento, prepa-
ra-se para entrar num mundo da microbiologia
O futuro da agricultura também está no que acontece com uma gama de biofertilizantes à base de mi-
no solo e a relação entre microrganismos e plantas crorganismos. Será mais uma resposta aos enor-
pode ser benéfica. A Timac Agro, especialista em mes reptos que se colocam à fileira agrícola, que
nutrição vegetal e animal, estuda estas sinergias. quer ser mais responsável e mais eficiente. ● m
ELEIÇÕES NA
dia 16. Entre os seis
candidatos ao lugar,
ORDEM DOS
os médicos Carlos
Cortes, atual presi-
3ª
MÉDICOS dente da secção regio-
nal do Centro, e Rui
Nunes, professor
catedrático da Facul-
4ª
dade de Medicina da
Universidade do
Porto, foram os mais
votados e vão à ronda
decisiva.
QUARTA-FEIRA
MÁRIO LAGINHA
NO PALÁCIO DE BELÉM
O programa que junta músicos e alu-
nos do 3.º Ciclo e Ensino Secundário
na casa da Presidência leva, desta vez,
Mário Laginha a palco, às 11 horas.
“Músicos no Palácio de Belém” decor-
re no Antigo Picadeiro Real e, até 31
de maio, ainda estão previstos nomes
como David Fonseca ou Camané.
18 05.02.2023 Notícias Magazine
5ª 6ª SEXTA-FEIRA
FESTIVAL POLÍTICA ESTREIA-SE EM COIMBRA,
LINDA MARTINI COMEÇAM TOUR EM LISBOA
Começa o warm-up do Festival Política – maior
evento do país dedicado aos direitos humanos
e à cidadania. Pela primeira vez em Coimbra,
no Convento São Francisco, é um aquecimento
para a edição de novembro, com atividades
gratuitas. Uma delas é uma conversa com Dino
D’Santiago, às 10.30 horas. No mesmo dia,
às 22 horas, os Linda Martini celebram 20 anos
de carreira com um
No sábado à noite, Hugo
van der Ding leva o espe- concerto no Lisboa
S
táculo de humor “A gran- ao Vivo, que marca
de mentira” ao warm-up o arranque da tour
do Festival Política “Merda & Ouro”.
DOMINGO
DIA DE CLÁSSICO:
SPORTING-F. C. PORTO
No futebol, é dia de clássico. Depois de se
terem defrontado na final da Taça da Liga
(os dragões saíram vencedores, uma
conquista inédita na história do clube),
Sporting e F. C. Porto voltam a medir
forças, desta feita na 20.ª jornada da Liga.
QUINTA-FEIRA SÁBADO A partida arranca às 18 horas, no Estádio
As lutas pelo aumento NOS 20 ANOS Rainha, no âmbito da 9.ª edição do festi-
val “Montepio às vezes o amor”. O festi-
D
dos salários multipli- arranca no sábado, dia 11, e tem concertos
agendados em 14 cidades, de Viana do
cam-se em Dia Nacio- A fadista está a cele- Castelo a Lagoa, até 14 de fevereiro.
nal de Indignação, Pro- brar 20 anos de
carreira e atua às 21.30
testo e Luta, convocado horas na Casa da
Música, no Porto. Há
pela CGTP. Há greve uma certeza: Mariza
em vários setores, no- vai interpretar
canções de Amália
meadamente na CP e Rodrigues, a quem
IP. No futebol, no Mi- dedicou o seu mais
recente álbum,
nho, Sp. Braga e Benfi- “Mariza Canta
Amália”, editado em
ca disputam, às 20.30, novembro de 2020.
os quartos de final da No mesmo dia, a Cruz
Vermelha Portuguesa
Taça de Portugal. celebra 158 anos.
TEXTO
Filomena Abreu
este limiar de 80% católicos na sociedade portuguesa se ex- nhecerem mal o pensamento destes pontífices, “aderem subs-
plica pelo peso do envelhecimento da população”. O que quer tancialmente a uma Igreja que não é a mais correta”, na opi-
dizer também que, “à medida que conhecemos uma certa nião do jornalista. “Aderem apenas a uma perspetiva da dou-
substituição geracional, esta paisagem religiosa pode sofrer trina deles, que é sobretudo a questão da moral individual,
grandes alterações”. O catolicismo em Portugal “representa aborto, eutanásia, bioética, não aderem depois a uma série de
um substrato importante de referência para a população e po- propostas que dizem respeito à prioridade das pessoas sobre
demos estar a viver uma mudança.” Por esse motivo, o espe- o laboral, o bem comum em relação ao uso da propriedade, a
cialista não vê eventos como a JMJ a ter um impacto durável, perspetiva da construção da paz, do armamento, da reforma
apesar da aparente adesão. “Não é seguro que este aconteci- da terra. Estas gerações nada conhecem destes pontos. Assim,
mento, que obviamente vai marcar a vida de muitos jovens, é natural que as gerações mais novas adiram às experiências
tenha reflexos no tecido católico da sociedade portuguesa.” como a JMJ, mas depois é uma adesão epidérmica, sem mui-
A jornada, que vai decorrer em Portugal entre 1 e 6 de agos- ta consistência e é normal que mais tarde se afastem.” O dire-
to, tem, para já, números de adesão que se situam “dentro da tor do jornal Sete Margens vai mais longe. “Por exemplo, em
fasquia dos 300 mil”, de acordo com o bispo auxiliar de Lisboa, relação à preparação da jornada, ainda não se percebeu uma
Américo Aguiar, coordenador geral da JMJ. Que faz questão ideia sobre o que os jovens andam a refletir e a debater nos te-
de alertar para a “montanha russa” previsível no evoluir de mas que se referem à sua vida, à guerra e paz, à educação, à saú-
inscritos. Aliás, a “incerteza é a palavra” que marca a organi- de mental, à habitação. O que vai ser destes jovens daqui a 20
zação deste encontro dos jovens com o Papa desde a primeira anos quando forem eles a decidir?”
hora: no início estava previsto para 2022, mas devido à pan-
demia acabou remarcado para 2023. Por isso, ninguém se ar- Uma transformação imposta há muito
risca a antecipar cenários, nomeadamente quanto à adesão José Manuel Pureza, professor universitário em Coimbra, di-
de participantes. Mas o bispo está confiante. “A minha leitu- rigente do Bloco de Esquerda, ex-vice-presidente da Assem-
ra é que os jovens estão despertos, estão aí e estão na perspe- bleia da República, o bloquista católico português mais reco-
tiva de acolher o que a JMJ pode significar para eles e para a nhecido, recorda precisamente a importância do Concílio Va-
Igreja. E esta é a primeira JMJ em que a idade nos coloca a to- ticano II. “Este processo de conversão de que hoje tanto ou-
dos na geografia do digital e nos posiciona, mais uma vez, na vimos falar, porque é disso que se trata, não nasceu agora. A
necessidade de refletirmos naquilo que significa comunicar Igreja como comunidade mundial impôs-se a si própria essa
de forma diferente.” Reforçando que há uma “feliz oportu- transformação há já muito tempo. O problema é que as pistas
nidade de nos convertemos a esta juventude que tem sede, renovadoras enunciadas nesse Concílio têm sido deliberada-
vontade e está disponível”, o bispo, um dos mais jovens do mente ignoradas por esse mecanismo de autoridade que tem
país, apelidado de “comunicador nato”, “fazedor” e tido como travado o processo.” Como praticante, o político cuja identi-
muito próximo da ala mais revolucionária da Igreja, assume dade como católico tem como centro absoluto a referência do
que nem sempre tem sido fácil o entendimento entre gera- testemunho da vida de Jesus Cristo, diz que resiste como cren-
ções. “Às vezes, parece que nem nós entendemos os mais jo- te porque a sua fé vai “para lá daquilo que são as vicissitudes,
vens, nem eles nos entendem a nós. Por isso, é muito impor- oscilações e fragilidades que a Igreja vai tendo”. E conhece
tante seguir as palavras do Papa Francisco. A expressão que muitas outras pessoas que procuram justamente viver dessa
ele usa é ‘hacer lio’. Os jovens têm de fazer barraca, barulho, forma, mais próxima do que Cristo pregou. “Isto não está tudo
temos de ouvir o que lhes vai nos corações. E eles têm de sen- mal, mas há uma tensão que está à vista de toda a gente.” Uma
tir que a Igreja encarna e ouve os seus problemas e dificulda- tensão entre a Igreja, uma estrutura de poder masculina, uma
des. É preciso proporcionar-lhes essa coragem de lutar. E va- estrutura de poder envelhecida e que zela por uma doutrina
mos fazer caminho juntos. Esta é a experiência que tenho tido e não por um estilo de vida, que é absolutista, com uma orto-
ao percorrer o país de Norte a Sul.” doxia que em muitos casos não tem muito ou nada a ver com
o primado da pobreza, da simplicidade e do amor. Tem a ver
“Adesão epidérmica” com os outros valores e esquemas. E isso tem vários nomes,
Em discordância, António Marujo toma precisamente a JMJ um deles é clericalismo. O Papa Francisco tem denunciado de
como referência para falar da relação da Igreja com os jovens. forma fortíssima o clericalismo, ou seja, uma estrutura de po-
Que, no seu entender, também tem graves lacunas. “Eu diria der que se legitima a si própria. Essa estrutura não tem tanto
que ainda há jovens que se mobilizam, isso é evidente, no- o primado do serviço, mas faz distinção entre povo e hierar-
meadamente nesta JMJ. Mas há cada vez menos na Europa. E quia. É no fundo um grande pecado da Igreja contemporânea.”
os que se mantêm são os que têm menos conhecimento da José Manuel Pureza chama à cena a recente polémica do pre-
doutrina social da Igreja das últimas décadas, mais concreta- ço do palco-altar. “Muita gente crente e não crente veio dizer
mente do Concílio Vaticano II e do pensamento dos diferen- que ofendia o primado da humildade e o pensamento e teste-
tes papas, João XXIII, João Paulo II, Papa Francisco.” E, por co- munho do Papa, um homem que tem tido a coragem de re-
MAURIZIO BRAMBATTI/EPA
visível em todo este processo dos escândalos mais acesos da perto de alguns casos, é que a comunicação social usa histó-
Igreja. A debilidade no mundo da comunicação. “O tempo rias de vítimas que ficam à vista de todos, desveladas, para
que demora a reagir ainda é muito lento. A Igreja ainda tor- chegar a saber se o processo foi bem conduzido. É preciso cui-
na tudo muito pesado e acho que também aqui há uma apren- dado para que as vítimas não se sintam novamente traídas
dizagem a fazer: a maneira como comunicamos, escutamos na sua intimidade.”
e falamos com os outros”, aponta. O provincial volta aos abu- Mas voltemos à pluralidade da Igreja, sobre a qual Alfredo
sos. “Porque é o tema.” Assumindo que, neste momento, “é Teixeira também tem algo a dizer. “Este projeto do Papa Fran-
muito doloroso para as próprias vítimas e aí há que se cen- cisco, esse caminho sinodal, tem no fundo um objetivo refor-
trar nesse ponto, o que podemos fazer para minorar o sofri- mista, não é sequer consensual dentro do tecido católico. Há
mento, repor alguma justiça, fazer todo o possível e reco- mais pessoas e grupos que vivem e querem viver um outro
nhecer que não estivemos bem. Só fazendo assim sabemos modelo de Igreja.” Regressamos ao significado do Concílio.
e mostramos que estamos a fazer caminho.” Há mais. “Esse “Este pontificado quer recuperar coisas que não foram bem
caminho de verdade é exigente. É uma luta contra o enco- recebidas nos pontificados de João Paulo II e de Bento XVI. O
brimento. Nesse ponto já se fez muito, mas ainda temos de projeto deste Papa lida com uma máquina institucional anti-
aprender com os muitos erros conhecidos.” Porque só reco- ga, viciada. Portanto, nesse sentido, o que se está a viver é, até
nhecer não chega. “Como é óbvio, e com razão, todo este do ponto vista do estudo das organizações, interessante.”
processo tem retirado credibilidade à Igreja. Afinal, a insti- Como é que uma organização tão complexa adota recursos
tuição que se apresentava como referência moral, quase ima- para a sua modernização? “Eu diria que o Papa Francisco ado-
culada, também tem telhados de vidro e pés de barro. Acei- tou este projeto do sínodo, com uma vasta ocultação das ba-
tar a nossa condição e não nos fecharmos em trincheiras é ses católicas, como instrumento de reforma mais importan-
fundamental. E não achar, como acontece em alguns seto- te. Elege este projeto sinodal como instrumento de reforma
res da Igreja, que as notícias são um ataque e uma persegui- interna. E ninguém tem bem noção do impacto que pode ter.
ção.” E neste ponto Miguel Almeida pede “um contributo Mas há claramente a ideia de que as pessoas sabem que se vive
mais eficaz” à comunicação social. “Por vezes, dão a enten- um momento de crise: a consciência clara de que algumas coi-
der que no fundo éramos todos um conjunto de encobrido- sas como existiam não podem substituir e de que há oportu-
res, ou que não quisemos ver o que se estava a passar. E não nidade de criar outras.” Particularmente sobre Portugal, o in-
é verdade. Não sabíamos mesmo. Estamos também nós a vestigador é perentório. “É preciso compreender que muito
aprender a lidar com isto. Esses que encobriram também daquilo que definia o catolicismo pode estar a desmoronar-
eram pessoas em quem confiávamos, mas afinal eram abu- -se. Estamos no epicentro de uma transformação importan-
sadores.” Além disso pede que se protejam as vítimas. “Cla- te que terá impacto na forma como a Igreja católica se inscre-
ro que descobrir quem encobriu é importantíssimo, mas o ve na sociedade portuguesa.”
que está a acontecer, quem está perto de vítimas, e estou A sociologia da religião tem estudado a fundo essa mudan-
DIREITOS RESERVADOS
áreas. Desde logo à Saúde. “Há proble- tir quotas”. “É um debate que o Bloco
mas enormes para ter acesso. Consultas está preparado para fazer. Há uma sub-
muito demoradas, filas de espera gigan- -representatividade clara das pessoas
tes, muitas queixas, profissionais de saú- trans na vida social e isso preocupa-nos
de que não estão minimamente prepa- porque ela decorre de um preconceito,
rados para receber pessoas trans,”, apon- de uma discriminação muito presente
ta Daniela Bento, da ILGA. Às vezes, até e violenta. Sendo que finalmente isto é
a alteração de nome pode ser um proble- algo que estamos a discutir.”
ma. “Há conservatórias que dizem que Júlia Mendes Pereira, que em 2014 se
não têm informação de que a lei mudou, tornou a primeira mulher trans dirigen-
que não fazem esse tipo de trâmites, que te de um partido político em Portugal,
não têm pessoal indicado para o fazer. ao ser eleita para a Mesa Nacional do Blo-
Quando, em teoria, todas as conserva- co de Esquerda (embora hoje já não in-
tórias o deviam fazer.” O acesso à habi- tegre aquele órgão), não tem dúvidas de
tação é outro bico de obra. “As pessoas que o caminho passa por aí. “É preciso
trans sentem uma dificuldade acresci- abrir espaços e postos para as pessoas da
da. Só o facto de irem ver uma casa ins- comunidade trans poderem entrar nas
pira receio. Porque temem ser percecio- mais variadas esferas”, entende a ativis-
nadas como tal e discriminadas. E depois Daniela Bento é ta. E, por falar em ativismo, de volta ao
vemos muitas vezes anúncios que são coordenadora do episódio no São Luiz e à discussão acesa
claros a dizer que determinados quartos GRIT – Grupo de que se seguiu. De um lado, os que enten-
são só para rapazes ou só para raparigas”, Reflexão e dem que, perante a falta de respostas a
alerta Tiago Castro, do Centro Gis – cujo Intervenção Trans outros protestos e a crónica opressão a
nome homenageia Gisberta, assassina- da ILGA que a comunidade trans está sujeita, só
da na cidade do Porto em 2006 –, a pri- um grito de revolta assim pode ser ouvi-
meira unidade no norte do país dedica- do. Do outro, os que entendem que foi
da a dar resposta às necessidades especí- cruzado o limite da razoabilidade, com
ficas da população LGBTi+. um ataque injustificado ao ator cis em
O psicólogo e técnico de apoio à vítima causa e, no limite, à classe artista no seu
desta unidade, que está integrada na as- todo. Júlia é clara. “Eu entendo que to-
sociação Plano i, chama ainda a atenção das as formas de protesto que sejam pa-
para outra questão, que nas últimas se- cíficas fazem sentido. Ali não se fugiu do
manas tem vindo a ganhar relevância: a pacifismo, não houve intenção de ma-
da representatividade das pessoas trans goar, mas sim de fazer ouvir uma men-
nas várias áreas da sociedade – que é hoje sagem que ainda não tinha sido ouvida.”
praticamente inexistente – e da impor- Aponta ainda o dedo à conotação pejo-
tância que ela teria. “Sobretudo no com- soas, que está em curso “a preparação de rativa do termo “transativismo”, que
bate à invisibilidade. Sabemos que a novos conteúdos pedagógicos” para as tem vindo a ser repetido pela extrema-
questão da identidade de género fica de- escolas. Lembrou ainda as campanhas -direita como algo subversivo.
finida desde muito cedo, por volta dos de sensibilização que têm sido promo- Dani Bento, da ILGA, está no mesmo
três anos. Se cresço com modelos posi- vidas e o mecanismo de queixa eletró- comprimento de onda. “Enquanto pes-
tivos, se vejo pessoas que sentem o mes- nica que tem disponível no seu site. soas privilegiadas, tendemos a achar que
mo que eu, isso valida o que estou a sen- Na esfera política, Isabel Moreira, do outras formas de ativismo são menores
tir. É empoderador e motivador, para PS, reconhece que ainda há um “enor- do que as nossas. Falta-nos entender que
que as pessoas trans tenham o mesmo me véu de ignorância em relação ao que estas vozes vêm muitas vezes de sítios
potencial de realização das outras.” é a comunidade trans”. Ignorância essa marginalizados e violentados, de uma
E isso leva-nos a uma questão-chave: que “alimenta o preconceito” e faz com necessidade mais premente de fazer
o que pode ser feito para reverter a frá- que falemos de “uma comunidade alta- uma mudança estrutural.” Maria João
gil situação em que se encontram as pes- mente ostracizada e incompreendida Vaz, a atriz trans que foi chamada para
soas trans em Portugal? Contactada pela em vários pontos do Globo”. Por isso, re- fazer de Lola na peça encenada por Da-
“Notícias Magazine”, a Comissão para conhece que as especificidades desta co- niel Gorjão, é mais comedida. “Eu subs-
a Cidadania e a Igualdade de Género munidade devem “estar presentes nas crevo a causa. Eu e a Keyla somos irmãs
(CIG) lembrou que tem vindo a traba- políticas públicas, em termos de acesso de luta. Mas, a título pessoal, não me
lhar as questões da diversidade LGBTI+ à saúde, à educação, ao emprego, à habi- identifico com este tipo de atos. Não vou
nos locais de trabalho “com algumas em- tação”. Mas prefere, para já, deixar a dis- cortar o trânsito nem vou atirar toma-
presas públicas e privadas e parceiros so- cussão das quotas de lado. Diz apenas tes. Embora entenda que as revoluções,
ciais”, que está a ser desenvolvido um que “medidas de outro tipo têm de ser muitas vezes, são feitas com sangue.” E,
programa de formação para órgãos de pensadas de um ponto de vista mais glo- a avaliar por todos os relatos que cons-
polícia criminal, “para um melhor aten- bal”. Já Joana Mortágua, deputada do tam destas linhas, esta revolução ainda
dimento, apoio e proteção” destas pes- Bloco de Esquerda, frisa que o partido está por chegar. ● m
TEXTO
Pedro Emanuel Santos
Os vinhos concen-
tram o grosso dos
provadores nacionais,
praticamente todos
reunidos debaixo da
alçada da Câmara de
Provadores do Insti-
tuto dos Vinhos do
Douro e do Porto.
A Autoridade de
Segurança Alimentar
e Económica (ASAE)
possui uma Câmara
de Provadores, que
avalia uma vasta
gama de alimentos
e bebidas.
Há produtos, como
Para chegar a provador, tal como os colegas de o café e o chocolate,
ofício, José Matias passou por uma “formação es- que não contam com
pecial” onde testou a avaliação sensorial. Todos uma categoria especí-
os anos realiza o que apelida de “ações de recicla- fica de provadores
gem” e procura intensificar os conhecimentos. oficiais, mas que têm
“Tudo em nome da afinação total”, realça. Por- profissionais com tal
que a responsabilidade é imensa e pelo seu crivo tarefa que desempe-
passam anualmente uma média de 80 queijos nham funções em
Serra da Estrela, “todos eles diferentes, devido à empresas da especia-
alimentação dos animais e ao seu leite”. lidade.
Um desígnio que José Matias jura “nunca ser sa-
turante”. Em nome de um bem maior, o de um
produto singular recheado de processos também
eles singulares. E que dá fama em forma de sabor
especial e proveito à zona mais alta de Portugal
continental. ●m
10,8%
Carlos Neto dá vários exemplos. Subir às árvores,
escorregar, rebolar no chão e na areia, jogar à bola,
andar de patins, de skate, de bicicleta, chapinhar na
água. Correr, saltar, dançar, o toca e foge, as escon-
didinhas, observar as maravilhas da Natureza, me-
É a percentagem de crianças que fre-
xer na terra. Há tanto para fazer fora de casa. Uma quentam creches e jardins de infân-
criança saudável tem os joelhos esfolados, segundo cia que brincam nos espaços exterio-
Carlos Neto. A roupa suja. res (recreios) durante os três meses
de inverno. É uma percentagem bas-
Estamos a falar de segurança e autonomia, sobrevi- tante baixa. Em média, os bebés com
vência e confronto com adversidades, superação e menos de um ano têm duas saídas ao
capacidade adaptativa. Brincar lá fora tem tudo isto. exterior no inverno.
AFEGANISTÃO
TALIBÃS CAUSAM AUMENTO DE TAXAS DE DESNUTRIÇÃO
A tomada do poder pelos talibã em 2021 levou à pobreza da população
e, agora, a fome está a bater recordes no Afeganistão. Segundo o Pro-
grama Alimentar Mundial, da ONU, metade do país está atualmente a
passar fome severa, com taxas de desnutrição críticas. De acordo com
a instituição, “existem quatro milhões de crianças e mães desnutridas”.
À volta do Mundo
INSTAGRAM WORKIDSHOP
Mais de dez mil
pessoas já visita-
ram a primeira edi-
ção das Luzes Sel-
vagens no Zoo
Santo Inácio, em
Vila Nova de Gaia.
A inédita exposição
luminosa, que che-
gou a este espaço
em setembro, ter-
mina a 26 de feve-
reiro. Lê tudo em
tag.jn.pt.
APRENDER ARQUITETURA
É DESDE PEQUENINO
Há workshops e formações disto e daquilo, do que aprender sobre arquitetura, serve para
mas alguma vez ouviste falar de um sobre ar- aprender sobre o que nos rodeia.
quitetura? É a proposta da WorKIDshop e da Para os mais velhos há também novidades.
arquiteta Ana Teresa Verdasca. O próximo O WorKIDshop estreou recentemente os
evento acontece em Sesimbra, na próxima “Arch TEEN Talk”, uma conversa descontraí-
TESTE DO PEZINHO. semana, a 11 de fevereiro. da e divertida sobre arquitetura. “O que é a
SABES O QUE É? Através de noções básicas de arquitetura, profissão?”; “como é o curso?”; ou “o que se
o WorKIDshop de Sesimbra procura trans- faz como arquiteto?” são algumas das dúvi-
É uma picada no mitir conceitos “de uma forma simples e das que vão ser respondidas. Tudo isto acom-
calcanhar do bebé criativa”. E divertida! A formação de Sesim- panhado de bebidas e petiscos.
para colher algumas bra chama-se “Luz F” e já andou por outras O workshop de Sesimbra acontece a 11 de
gotas de sangue cidades do país. Aqui, vais aprender sobre jo- fevereiro, às 10 horas, no CAIES (Centro de
pouco depois do gos de luz e sombra – pondo mãos à obra. No Apoio à Incubação de Empresas de Sesim-
nascimento, entre final, vais poder levar a tua criação para casa, bra). As informações estão disponíveis na pá-
os terceiro e sexto para a “usar e relembrar os conceitos apren- gina de Instagram e as inscrições devem ser
dias de vida. Não é didos”. feitas através do email do grupo
uma bola de cristal, Destinado também aos mais pequenos, o (worKIDshop@outlook.pt). Cada bilhete
mas quase. O teste WorKIDshop está a preparar uma nova for- tem o custo de 15 euros. Para quem procura
do pezinho permite mação: “cor de vista”. E sobre isto, o que se oferecer uma prenda aos mais novos, o
detetar várias doen- sabe, para já, é que envolve cores e pulseiras WorKIDshop, um coletivo criado no ano pas-
ças de uma forma brilhantes. A inauguração do novo formato sado pela arquiteta com 15 anos de experiên-
precoce, ou seja, acontece a 4 de março, na Quinta dos Avós, cia na área, Ana Teresa Verdasca, vende vou-
bastante cedo. em Leiria. chers para as formações. ● m
Sabe mais no site Os workshops para crianças são destinados SARA SOFIA GONÇALVES
Outra
vez uma
reunião
?
KAI001/ADOBE STOCK
H
-lo. A isto se chama o contrato psicológico e as reu-
niões desnecessárias podem quebrá-lo. “Se acon-
tece sistematicamente a pessoa ir para uma reu-
á reuniões que podiam ter sido um nião e sentir que perdeu tempo, seja porque o ob-
email ou um memorando interno. jetivo não foi cumprido, seja porque a sua opi-
São incontáveis as que começam nião não foi ouvida, gera-se uma sensação de in-
com atraso e não têm hora para ter- satisfação que faz com que as pessoas se vão des-
minar. Grande parte não tem uma vinculando das equipas e da organização”, con-
agenda definida e, mesmo as que sidera Gabriela Gonçalves.
têm, rapidamente derivam para te-
mas estranhos aos objetivos do en- O ABC das reuniões
contro. Numas ninguém fala, nou- Muitos textos com orientações sobre como rea-
tras fala toda a gente ao mesmo tem- lizar uma reunião de sucesso começam com esta
po. No fim, uma parte significativa dos partici- recomendação: definir bem a agenda. Mas há
pantes não faz ideia da conclusão a que se chegou uma pergunta que tem de vir antes: é mesmo pre-
– provavelmente porque não se chegou a conclu- ciso marcar uma reunião? “Há três perguntas a
são nenhuma – e regressa à sua secretária a pen- fazer antes do agendamento: ‘Tenho uma razão
sar: ‘Afinal, o que é que estivemos a fazer?’. de peso para reunir pessoas?’, ‘preciso que as pes-
Em Portugal há poucas estatísticas disponíveis soas interajam com o conteúdo da reunião?’,
sobre o número de reuniões realizadas e as per- ‘pode outro formato, como um email, funcionar
cepções que os trabalhadores têm delas. Mas os tão bem ou melhor e ser mais eficiente?”, defen-
dados dos Estados Unidos da América mostram de Steve Rogelberg, que é uma espécie de guru
que as organizações gastam cerca de 15% do seu das reuniões. “Se as respostas forem sim, sim e
tempo em reuniões, onde os trabalhadores pas- não, vá em frente e tenha uma reunião. Qualquer
sam, em média, 31 horas por mês. Cerca de 45% outra combinação de respostas sugere que ela
dos funcionários sentem-se assoberbados com provavelmente não é necessária”, resume o pro-
tanto tempo despendido, 65% consideram que fessor de Psicologia Organizacional da Universi-
a atividade lhes rouba tempo de trabalho e 41% dade da Carolina do Norte – Charlotte, nos Esta-
admitem passar estes encontros a fazer, parale- dos Unidos (EUA), que já publicou mais de 150
lamente, outras tarefas. “O problema não são as artigos sobre eficácia, liderança e envolvimento
reuniões, é a maneira como elas são geridas”, fri- em equipas – parte deles sobre reuniões.
sa Gabriela Gonçalves, professora e investigado- Só depois disso é altura de pensar na agenda.
ra do Departamento de Psicologia e Ciências da Para isso, o especialista – também autor do livro
Educação da Universidade do Algarve. “De fac- ‘The surprising science of meetings: how you
to, a maioria das pessoas considera as reuniões can lead your team to peak performance’ (sem
desnecessárias, cansativas, desmotivantes e pou- edição em português – “A surpreendente ciên-
co produtivas. E que, se os participantes têm uma cia das reuniões, como levar a sua equipa ao de-
experiência tão negativa, isso acaba com as van- sempenho máximo”, numa tradução livre) – su-
As crianças e os
seus dentes. Escovas,
pastas, rotinas
A higiene oral dos mais pequenos exige atenção desde o nascimento.
Tem a sua arte e os seus cuidados. Limpezas, consultas, práticas.
Não é apenas uma questão estética da imagem, é sobretudo funcional
do mastigar e fonética do falar. E com isso não se brinca.
É uma responsabilidade, uma enorme responsa- mento. O normal é o bebé ter 20 dentes de leite
bilidade, entre tantas tarefas diárias. Cuidar dos que geralmente nascem a partir dos seis meses
dentes dos bebés e das crianças exige muita aten- de idade”, explica João Espírito Santo, dentista,
ção e bastante cuidado. De todos os lados. Não se especialista em cirurgia oral. Pode ser mais cedo,
pode facilitar nesta questão porque os dentes não pode ser mais tarde, varia muito. Pode ser um pro-
são um pormenor na vida de miúdos e graúdos. cesso simples, sem complicações, ou mais com-
Desde cedo, muito cedo. Até porque os dentes de plexo que causa desconforto. Cada caso é um
leite formam-se ainda na barriga da mãe e rom- caso. “Os dentes de leite têm vários papéis im-
pem as gengivas antes do primeiro ano de vida. portantes desde estéticos (autoestima), funcio-
Comecemos pelo princípio, portanto. “Todos nais (mastigação), fonéticos, além do papel ime-
os dentes temporários estão formados ao nasci- diato têm um papel importante de manter o es-
a ingestão, antes de ir para a cama, de leite e de ali- tar, o inchaço, por vezes. É tudo o que advém daí.
mentos líquidos açucarados”, sublinha. E quando Não conseguir comer, não conseguir sossegar.
o bebé tiver idade suficiente para beber qualquer Mariana Seabra é clara neste ponto. “Se não for
outra coisa que não leite, a melhor bebida é água. tratada, a cárie pode ocasionar dor e infeção, o
João Espírito Santo acrescenta mais conselhos. que pode prejudicar a alimentação, reduzindo a
Depois de um ano de idade, não comer ou beber, ingestão de alimentos, causar irritabilidade e dis-
exceto água, antes de ir para a cama. “Não colo- túrbios do sono.” A fase aguda da infeção não é
que outras bebidas além do leite no biberão do para brincadeiras. Por isso, tudo fazer para que os
seu bebé, nem adicione qualquer coisa, como açú- dentes não cheguem a esse estado. “Os cuidados
car ou mel.” Incentivar a escovar os dentes pelo “OS DENTES preventivos devem incluir aconselhamento so-
menos duas vezes ao dia quando tiverem idade DEVEM SER bre o uso de pasta dentífrica com flúor, aconse-
para isso. “Os dentes devem ser escovados antes ESCOVADOS lhamento dietético adequado, aplicação de se-
de ir para a cama, para que a última coisa na boca ANTES DE IR lantes de fissuras e instruções de higiene oral”,
seja pasta de dentes com flúor”, afirma. especifica a odontopediatra.
A higiene oral dá trabalho. A preguiça de lavar
PARA A CAMA, Tirar dentes não é bom, sobretudo dentes per-
os dentes todos os dias, várias vezes ao dia, du- PARA QUE manentes, não restauráveis. As desvantagens fi-
rante toda a vida. O que está dentro da boca não A ÚLTIMA cam à vista. “A extração prematura de molares
ocupa espaço nas preocupações do dia a dia. Mas COISA NA decíduos pode resultar na perda de espaço para a
devia. E atenção, muita atenção. “A cárie dentá- BOCA SEJA erupção dos dentes permanentes”, diz João Es-
ria ainda é uma das doenças mais prevalentes em PASTA DE pírito Santo. E mais. “A perda precoce dos den-
crianças”, revela João Espírito Santo. A cárie, ao tes incisivos também pode afetar negativamen-
contrário do que se possa pensar, diagnostica-se
DENTES COM te a aparência da criança e diminuir a sua autoes-
muito antes do dente surgir com uma cavidade. FLÚOR” tima”, repara Mariana Seabra. Daí a importância
“Muitas vezes, é possível reverter lesões de cá- João Espírito Santo de consultas preventivas, em vez de curativas, e
rie de mancha branca através de medidas conser- Dentista, especialista o acompanhamento regular da higiene dos mais
vadoras”, avança o especialista em cirurgia oral. em cirurgia oral pequenos. Por isso, os cuidados desde cedo, mui-
Uma cárie é tramada. São as dores, é o mal-es- to cedo, para que os dentes durem uma vida. ● m
O mestre e o aprendiz
A arte também serve como “A Fuga de Wang-Fô” é um dos mais belos contos escritos por Marguerite Your-
cenar que recria uma lenda chinesa milenar. Wang-Fô era o mais famoso pin-
meio para projetarmos os tor do seu tempo, o Imperador cresceu fechado no seu palácio a admirar o tra-
nossos sonhos e ideais, balho do génio que decorava salas e corredores, retratando a China bela, limpa
sejam eles para o Universo, e pura, sem sombras nem maldade. Quando o Imperador se fez homem e co-
nheceu o país com todos os seus horrores, sentiu-se enganado pelo pintor, or-
ou para o nosso coração, o denou a sua prisão e condenou-o à morte. Wang-Fô, como todos os grandes mes-
que no fundo é quase a tres, tinha por companhia um jovem aprendiz chamado Lin, que o seguia por
mesma coisa. todo o lado. Perante a crueldade da sentença, pediu um último desejo: pintar
uma parede do palácio. O imperador acedeu em conceder-lhe a derradeira von-
tade e Wang-Fô começou por pintar o mar, com suaves ondas. O mar galgou as
paredes e foi inundando a sala. Então, o pintor desenhou uma pequena embar-
cação com dois remos e um rochedo. Quando a água já atingira uma altura con-
siderável, subiu para a embarcação com Lin, e remou em direção ao rochedo. Ao
passar por trás deste, a embarcação desapareceu.
Um artista nunca vê as coisas como elas realmente são. Se visse, deixaria de
ser artista. A bela China retratada no interior do palácio talvez fosse a China que
o pintor via, através dos seus olhos iluminados pela arte, ou a China como ele
gostaria que fosse. A arte também serve como meio para projetarmos os nossos
sonhos e ideais, sejam eles para o Universo, ou para o nosso coração, o que no
fundo é quase a mesma coisa. O Imperador não lhe perdoou a ilusão que tomou
como uma mentira, sem perceber que uma das funções da arte é exatamente a
de iludir a realidade, ainda que por vezes a retrate de forma crua. Como dizia a
minha querida Agustina, é preciso mascarar a realidade para a ir domesticando.
Quando o mestre e o aprendiz escapam à morte através de um artefacto fanta-
sioso, é fácil fecharmos os olhos e imaginarmos que foi assim que tudo aconte-
ceu. A narrativa é tão bela e libertadora que nos dá uma sensação de vitória pelo
sucesso da fuga.
Quantos de nós, em momentos crucialmente dolorosos da nossa existência,
não desejámos pintar uma fuga que nos liberte do caminho das pedras a que a
realidade nos obriga, a via cruccis da eterna repetição dos mesmos erros, o peso
de subir todos os dias a mesma montanha, qual Sísifo dos tempos modernos? A
fuga do pintor é um hino à liberdade e à capacidade de superação, por mais difí-
ceis que sejam as circunstâncias.
Às vezes gosto de imaginar o que aconteceu ao pintor e ao seu aprendiz depois
de terem escapado à sentença cruel do Imperador. A China sempre foi imensa,
um mundo dentro do Mundo, em parte fechada por uma muralha mais exten-
sa do que a fronteira de muitos reinos. Será que o Imperador, ultrajado com tal
proclamação de liberdade, ordenou a captura dos foragidos ou, vencido pelo en-
genho da arte, encolheu os ombros e secretamente se regozijou com tamanha
audácia?
Todos carregamos dentro de nós um Imperador, alguém que se agarra à rea-
lidade e à razão e que condena os sonhadores, ou um sonhador otimista e in-
curável, que nunca se cansa de desafiar todas as paredes e muros. Prefiro ser o
mestre, despojado e livre, que vence todos os muros com a suavidade da água,
a servir o monstro da racionalidade. Prefiro a ausência e o vazio à tristeza das
sombras.
10
O
ROST
9
7
6 4
HIDRATAÇÃO
CORP
16
TEZENIS
Conjunto
corpete e
cuecas
ELEGANTES
A lingerie pode ter o poder
de apimentar uma relação,
até por tornar os pares atraentes
aos olhos um do outro. Sugestões
em vermelho não faltam para
o Dia dos Namorados, mas
há outras cores a explorar.
A NM TEM UM ESPAÇO PARA QUESTÕES DOS LEITORES NAS ÁREAS DE DIREITO, JARDINAGEM, SAÚDE, FINANÇAS PESSOAIS E SUSTENTABILIDADE.
sopa, tigelas e respetivas tampas, bem como cuvetes de
alumínio, devem ser escorridos e colocados no ecoponto
amarelo, mesmo que estejam sujos de gordura. Atenção:
escorrer não é lavar! Não desperdicemos água em embala-
gens que vão ser lavadas em processos industrializados.
• Talheres descartáveis, palhinhas e guardanapos, inde-
pendentemente do material de que são feitos, não são
O AMOR
ESTÁ NO BAR
O Dia dos Namorados aproxima-se. Aqui ficam cinco boas razões
para o comemorar. Dois espumantes, um tinto com banda sonora,
um moscatel do Douro e um licor de maracujá. Bar aberto de
ç
emoções p
a São Valentim. Boas provas.
E
EXCELÊNCIA
E
EXCELÊNCIA
E
EXCELÊNCIA
AS AMOSTRAS PODEM SER ENDEREÇADAS PARA NOTÍCIAS MAGAZINE – GARRAFEIRA – EDIFÍCIO JORNAL DE NOTÍCIAS - RUA GONÇALO CRISTÓVÃO, 195 – 4049-011 PORTO
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Arinto 19,99 euros (1 litro) Carvalha e Tinta Roriz Espadeiro Adega de Favaios
30 euros 39,99 euros 5,99 euros Moscatel Galego
150 euros (50 cl)
Este 100% Arinto Criado há quase qua- Um tinto com banda Um espumante de Mas que bem está a
possui as qualidades tro décadas, este li- sonora. A garrafa Vinho Verde que é comemorar a Adega
indispensáveis a um cor de maracujá, com exibe um QR code amor à primeira vis- de Favaios os 70 anos
espumante de elei- ADN brasileiro e pro- que dá acesso a uma ta para os amantes de vida. Um blend
ção. Ou não fosse as- dução francesa, con- playlist de músicas da casta Espadeiro. dos anos 1964, 1975,
sinado por Osvaldo tinua a somar fãs. selecionadas por lo- A cor rosa salmão, a 1980, 1999, 2007,
Amado, um dos reis Doce e frutado, per- cutores de rádio. bolha fina, os aromas 2011 e 2020 que é
da enologia nesse re- mite diversas opções Tinta Amarela a nor- cítricos e os aponta- uma homenagem às
gisto. Método clássi- – de misturas mais te ou Trincadeira a mentos de morango sete décadas de his-
co, cinco anos de es- simples a trabalha- sul, para além de ou- e framboesa enamo- tória tão ligadas ao
tágio, bolha fina e dos cocktails –, pro- tras designações ram. O perfil – jo- moscatel e o prenún-
persistente, cor citri- porcionando uma noutras zonas, este vem, fresco, irreve- cio de um futuro ins-
na marcante, aroma inspiradora dose de vinho tem nessa rente – abre portas pirador. A riqueza
complexo com apon- exotismo e uma sur- casta, presente em às mais variadas oca- aromática, onde se
tamentos de tosta, preendente paleta de 80%, a impressão di- siões e pretextos. destacam os aponta-
irreverente, frutado, sabores. Como o po- gital: apontamentos A competente enolo- mentos florais e as
saboroso, estaladiço. pular Porn Star Mar- florais e vegetais, gia de João Gaspar especiarias, e o sa-
Amigo de todas as tini, cuja “fórmula fruta preta, sedutora adota com mestria bor, equilibrado e
ocasiões. Um fiel mágica” poderá en- acidez. Ganha pelo o método charmat. elegante, anunciam
embaixador da Bair- contrar no contrarró- ouvido. E pelo cor- Boa relação qualida- um final longo. Um
rada. Excelente. tulo da garrafa. po, melodioso. de-preço. tesouro fascinante.
Carneiro Balança
21.03 a 20.04 23.09 a 23.10
Tendência para se libertar de preconceitos As relações no trabalho podem ser benefi-
e situações que não funcionam. Forte ciadas pela capacidade sinérgica que sente
consciência de tudo o que está a solidifi- na interação com os outros. As ideias
car. As ações podem não ser rápidas. Surge fluem e procura apoio nas suas iniciativas. Dom Sherwood
a oportunidade de sarar feridas antigas. Os investimentos geram desilusão. Ator, 32 anos
Os meus
camaradas pais
Conheço casos, e não Não, não, não: eu não estou disponível para me reduzir ao estranho que volta
necessariamente de más do trabalho às seis da tarde, brinca um pouco com ele no parquinho, trata do ba-
nho e depois passa o resto da semana a gabar-se, naquele misto de vaidade e sen-
pessoas: mães a quem a timento de culpa que tem sido a fragilidade de tantos de nós: “Eu é que lhe dou
escassez dos pais tornou banho”. Quero – e felizmente posso – ser mais do que isso.
proprietárias dos filhos. Não que o estranho seja antipático, note-se. Tem uma barbinha cómica e pa-
rece saber a letra de algumas canções bem parvas. Mas às vezes também pica
um bocado, aquele barbão todo. E, seja como for, a mamã é a mamã.
E vai continuar a sê-lo, claro. Não tenho ilusões: no dia em que pela primeira
vez partir a testa contra a esquina do aparador, o meu filho não vai correr para
mim, mas para a Marta. A Marta tem argumentos poderosos: dá-lhe de mamar,
pode dormir ao lado dele que a biologia não lhe permite esmagá-lo, tem aquele
colo adorável que até ao pai sabe bem e, ademais, pôde parar o trabalho nestes
primeiros meses – é-me impossível equivaler-me a ela.
Mas ainda há pouco, enquanto eu lhe trocava a fralda, o Artur chorava abun-
dantemente, atormentado com os gases intestinais, e chegou a hora em que
não me restava senão entregá-lo à mãe, porque entretanto tinha um zoom. Pen-
sei: se pára agora, parte-me o coração. Mas continuou a chorar com o mesmo en-
tusiasmo, para meu grande alívio. O que prova duas coisas: há pelo menos uma
situação em que o colo do pai não é tão evidentemente menos reconfortante
do que o da mãe; e bastam dois meses de paternidade para qualquer um come-
çar a eengolir as acusações de egoísmo que fez aos seus pais.
Nat
Naturalmente, tudo isto tem custos. Há anos que luto com as dores de cabe-
ça, as pulsáteis e as outras todas – desde que começou isto dos gases, é pior. O tra-
balho também vai mal, muito obrigado: há programas que me custam a fazer,
esta pprópria coluna tem semanas difíceis, os livros planeados estão todos atra-
sados e até o jardim, onde todas as semanas eu passava duas tardes a comple-
ment
mentar o trabalho do Chico, se desorganizou.
Mas também não há dia de stresse ou de sentimento de culpa (sempre o sen-
timento de culpa) em que olhar para aqueles sorrisos que ele me faz enquanto
time
o visto
vist de manhã – mesmo as lágrimas e os soluços com que exige o biberão an-
tes da fralda de madrugada – não valha a pena. E assim a Marta também não cede
tentação de se tornar proprietária dele.
à ten
Nun
Nunca a teria, acho: tudo na sua conduta diária é para me envolver – olha o
papá, que bonito é o papá, que bonito é o bebé ao colo do papá, vamos tirar uma
fotografia ao bebé com o papá. Mas eu podia empurrá-la para uma situação em
fotog
que n não tivesse outra alternativa. Conheço casos, e não necessariamente de
más p pessoas: mães a quem a escassez dos pais tornou proprietárias dos filhos –
enfim, se adaptaram a isso, como num sacrifício não totalmente desprovido
e, enf
de va
vantagens.
E, n
no entanto, continuo a ouvir de outros pais que nem uma fralda mudaram,
mudam e/ou mudarão. Não percebem, com certeza, que foram, são e/ou serão
muda
eles a perder – desde o primeiro dia e para sempre. E, se fosse preciso um homem
chega
chegar aos 50 anos para o perceber, então talvez nenhum devesse ser pai aos 30.
O AUTOR
AUTO ESCREVE DE ACORDO COM A ANTERIOR ORTOGRAFIA.