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Desapaga POA

A história do Carnaval de Porto Alegre


01 julho 2021 por Redação

O atual Viaduto da Borges de Medeiros, ou Viaduto Otávio Rocha, nome do Intendente da época de execução da obra planejada no Plano
de 1914. Foto: Acervo Museu José Joaquim Felizardo e Banco de Imagens do Programa Monumenta

A
pesquisa, os textos e a elaboração dos roteiros deste episódio sobre
a HISTÓRIA DO CARNAVAL DE PORTO ALEGRE foram de Carlos

Raimundo Pereira e Orson Soares, com colaboração de Jane Mattos e

Pedro Vargas. A equipe de locução contou com Clara Falcão, Leila Mattos,
Lucas Samuel e Carlos Raimundo Pereira. Os áudios e a trilha sonora têm

a direção e criação de Bebeto Alves, com participação especial de Bernardo


Molleta. A comunicação é do Marketing da Ju e a edição é de Vítor Ortiz.

Ministério do Turismo, Secretaria Especial de Cultura, Secretaria Estadual da Cultura


e Fundação Marcopolo apresentam:

DESAPAGA POA / O podcast que chegou para desapagar os apagados da história de

Porto Alegre: negros, negras, negres, indigenas e periferias, às vésperas da cidade


completar 250 anos de sua data o cial de fundação.

Olá pessoal, estamos iniciando o último episódio desta primeira série do canal

DESAPAGA POA.

Este projeto foi selecionado no edital Criação e Formação – Diversidade das Culturas,

da Secretaria Estadual da Cultura – SEDAC/RS – e Fundação Marcopolo e é realizado

com recursos da Lei 14.017 de 2020 (a Lei Aldir Blanc).

Esta série teve 10 episódios que seguem disponíveis nos principais agregadores de

podcast, tendo sido transmitidos todos os sábados, desde o dia 1º de maio até este 1

de julho de 2021, pela rádio FM Cultura (107.7), apoiadora do projeto.

O DESAPAGA POA teve o apoio também do Matinal Jornalismo, revista Parêntese e

RogerLerina.com; e os conteúdos detalhados (o roteiro para leitura, a bibliogra a e as

imagens da pesquisa) cam disponíveis no site


www.matinaljornalismo.com.br/desapagapoa.

A pesquisa e os textos deste episódio sobre o carnaval foram de Carlos Raimundo

Pereira e Orson Soares, com colaboração de Jane Mattos e Pedro Vargas. A locução
dos áudios é de Lucas Samuel, Clara Falcão, Leila Mattos e Carlos Raimundo Pereira. A

montagem e a trilha sonora têm a direção e criação de Bebeto Alves. O marketing é da

Ju e a edição é minha e eu sou o Vitor Ortiz.

Eu te convido a seguir o Desapaga POA nas redes sociais e a continuar colaborando

com o projeto na nossa vaquinha digital no site APOIA-SE.

Neste episódio nal, vamos contar uma parte da história do carnaval de Porto Alegre,
desde as primeiras folias de rua com os entrudos, os blocos de corso, os cordões,

ranchos e marchinhas, chegando aos carnavais da elite nos salões dos clubes sociais,

em contraste com a festa popular do Rei Momo Lelé no Areal da Baronesa e os

des les das escolas de samba, que repetem em Porto Alegre o modelo do carnaval
carioca. Vamos também buscar as causas de uma parte da sociedade ter rejeitado a

construção da Pista de Eventos nas proximidades do centro e a sua transferência para

o Complexo Cultural do Porto Seco.

PARTE 1

O CARNAVAL DE PORTO ALEGRE

Orson Soares

O Carnaval no Brasil foi introduzido pelos portugueses, na passagem do século XVII


para o XVIII. O entrudo foi a primeira manifestação carnavalesca do país, muito

popular até meados do século XIX, quando a folia de rua começou a sofrer tentativas

de organização, nos anos nais do Império.

Nesse momento, o entrudo caiu em desuso, dando lugar aos disciplinados cordões,

ranchos e marchinhas. O entrudo era caracterizado pela ampla participação popular,

a folia consistia em zombarias, em jogar recipientes cheios de água suja ou até mesmo

urina nas pessoas em meio à agitação, e foi muito difundido no país.

O entrudo sofreu fortes críticas em relação ao seu aspecto violento e ofensivo e

sobretudo popular com a participação dos escravizados nesse tipo de folia. As elites

começaram a participar dos bailes de carnaval, em um espaço disciplinado e


selecionado em que era tocada a polca e o entrudo foi aos poucos desaparecendo.

Outra manifestação carnavalesca muito popular foram os chamados “Zé Pereiras”.

Difundido por todo Brasil, também de origem portuguesa, foi ganhando

características próprias no Rio de Janeiro. O Zé Pereira tradicional caracterizava-se

por um des le tipo as procissões populares, no qual se salientavam os tocadores de


grandes bumbos. O cronista Achylles Porto Alegre descreveu o surgimento do Zé

Pereira na capital dos gaúchos, da seguinte maneira:

“Já por este tempo o ‘Zé Pereira’, barulhento, ia inaugurando aqui e


ali as suas ‘cavernas’, com enorme pânico para o vizindário, que até

altas horas da noite tinha que suportar o ensurdecedor ‘zabumba’, o

agudo ‘cornetear’ e ‘bestealogicos’ dos oradores improvisados que,

com ares demostênicos e gesticular ‘cicereano’, arrastavam a

gramática pela Rua da Amargura e, pelo espírito e ou pelo

‘despropósito’, nos faziam rir às bandeiras desbragadas. […] E esta

exibição humorística de uma originalíssima hilaridade palhacesca

aumentou, a ponto de retomar a ‘great-attraction’ das ruas”.

Em 1872, 16 anos antes da abolição da escravidão no Brasil, em 31 de dezembro, surgia

uma sociedade de negros, a Sociedade Floresta Aurora, mas somente em 1885 ela

iniciaria sua participação nos des les de carnaval das sociedades de Porto Alegre. Já

no início do século XX, no ano de 1902, foi fundada outra sociedade que cou
igualmente marcada na memória da comunidade negra local: o Satélite Porto-

Alegrense, mais tarde conhecido como Satélite Prontidão.

O surgimento das sociedades negras foi uma resposta à exclusão social, num contexto
de discriminação, e também a manifestação de um desejo de inclusão dessa

comunidade na vida social da cidade. Nestes espaços de sociabilidades, eram também

debatidos temas sociais, de difusão de cultura e de organização da comunidade negra.

Além disso, constituíram lugares que marcaram o carnaval da cidade com seus bailes

e corsos. Os corsos eram des les de carros ornamentados, promovidos por

sociedades no período do carnaval. A Sociedade Satélite destacava-se sempre, nesses

des les, por suas rainhas, como lembra Nilo Feijó.

Em oposição às festas da elite, os negros encontraram nas ruas o espaço para seu

divertimento, destacando-se nas periferias da cidade daquele tempo, como a Cidade

Baixa – especi camente o Areal da Baronesa e a Colônia Africana, entre outros pontos

também considerados como lugares de negros.

Nilo Feijó recorda quando o Carnaval entrou em uma nova fase. Um novo momento

que trazia os blocos de carnaval e os cordões, destacando-se pela simplicidade da

fantasia, apresentando um colorido das lanternas e a competência de Lupicínio


Rodrigues que, aos 14 anos, compôs a música “Carnaval” para o cordão Os Prediletos.

Os cordões eram chamados assim por se parecerem com uma longa la, lembrando

uma procissão, em que pessoas fantasiadas de temas variados des lavam pelas ruas

durante o Carnaval.

Em Porto Alegre, os cordões Turunas, Tesouras, Prediletos, Chora na Esquina,

Fazendeiros, Divertidos e Atravessados, Passa Fome e Anda Gordo, Ideal da Zona,

Filhos do Sul, entre outros, guravam o cast da folia. E entre as guras mais

conhecidas estavam Jhonson, Caco Velho, João Pena, Nelson Lucena, Veridiano Farias,

Albino Rosa, Alberto Martiano, além do já mencionado Lupi, que se destacavam como

compositores dos cordões.

Havia os ranchos, que eram des les em forma de cortejos, praticados e in uenciados

pelas festividades da zona rural nordestina. Esse des le contava com a presença de

um rei e uma rainha. É nessa manifestação carnavalesca que aparecem os portas

estandartes e mestre salas. Ao som de uma marcha-rancho, acompanhado por

instrumentos de sopro e corda, um ritmo mais pausado que o samba, onde não se
usava instrumentos de percussão.

Os blocos carnavalescos se colocavam em um meio termo entre o rancho e os

cordões.

Todas essas manifestações carnavalescas estão na raiz das conhecidas escolas de

samba. Os blocos normalmente caracterizados pelo improviso e a irreverência,


costumam arrastar multidões no período do carnaval.

AS TRIBOS CARNAVALESCAS

As tribos carnavalescas surgiram no cenário do carnaval porto–alegrense nos anos de


1940, aparecendo como alternativa popular aos carnavais de salão. Em entrevista para

Paula Sperb, repórter do Jornal Folha de São Paulo, o doutor em Letras pela UFRGS,

Jackson Raymundo – que pesquisou sobre as tribos carnavalescas de Porto Alegre -,

nos informa como elas surgiram, pontuando as diferenças entre Tribos e Escolas de

Samba. Conforme o pesquisador:

“As tribos carnavalescas nasceram em um contexto de a rmação da

nacionalidade brasileira. Nessa nacionalidade, todo mundo via o

indígena não como exótico, mas como parte de um todo. Esse todo

era um ser brasileiro.”

O número de tribos carnavalescas chegou a ser superior ao das Escolas de Samba,

mais ou menos 17 entidades com nomes diversos: Charruas, Tupinambás, Navajos,

Comanches. A primeira tribo carnavalesca foi fundada em 1945 os Caetés; e em 1959

surgiu a dos Guaianazes.

A nova forma de manifestação carnavalesca surgiu nas periferias da cidade, com

diferenças em relação às escolas de samba. As tribos faziam um des le que em certo

momento era paralisado para que fosse realizada uma encenação, o que normalmente

remetia à ideia de ritual indígena e não cantavam um samba, e sim um hino, que tinha
características poéticas e melódicas.

Outra diferença das tribos em relação às escolas de samba, era a nomenclatura de

seus espaços de concentração, chamados de tabas, diferente das escolas, que se


reuniam nas quadras de ensaio, destaca Jackson Raymundo.

Conforme Joaquim Lucena Neto, em 1939 foi fundada a primeira entidade

carnavalesca enquadrada neste então novo universo chamado de “escolas de samba”.


Era a Loucos de Alegria. A ideia, importada do Rio de Janeiro, encontrou boa acolhida.

Nelson Lucena, pai de Joaquim, e seu irmão Joaquim Lucena Filho, foram os

fundadores da Escola da Samba que contou com ainda com a participação ativa de

Valdemar Lucena, Oswaldo e Mario Barcelos e Heitor Barros. No ano seguinte, a

família Lucena deixou a Loucos de Alegria e fundou a Gente do Morro. Foi o início da

“cariocarização” do carnaval da capital dos gaúchos.

Na década de 1960, a Academia de Samba Praiana – de onde se destacaram guras

emblemáticas como Giba Giba – foi a protagonista nas inovações nos des les da

capital. A referida agremiação apresentou uma estrutura de carnaval inspirada nas

Escolas do Rio, com muito luxo e organização.

Lucena destaca que em 1972 a Academia de Samba Relâmpago apresentou uma

inovação trazida de terras cariocas. Seria um novo ritmo, introduzindo o repenique e

o maracanã. Além das novidades no samba, trazia também, a estruturação do

carnaval, direção empresarial, quadras de ensaio, gravações de samba enredo e


participação em projetos sociais.

Um samba com sotaque? Reza a lenda que Mestre Marçal, uma das guras mais

icônicas do universo do samba carioca, cou impressionado com o ritmo do samba

tocado aqui em Porto Alegre. Quem conta esta história é o documentarista e

pesquisador Claudinho Pereira .

“Certa vez, recebendo em Porto Alegre o grande mestre Marçal,

víamos e ouvíamos o des le das escolas de samba da Cidade quando

percebi que ele cou encantado com o ritmo apresentado na

avenida. Burramente falei para o mestre que o samba das nossas

escolas deveria ter uma batida mais lenta, menos acelerada – como a

das escolas do Rio de Janeiro. Marçal me olhou com um ar estranho

e respondeu: ‘Aqui, o samba-enredo é lindo no ritmo e tem uma

cadência que eu nunca tinha ouvido. E esta é a beleza do samba da

sua terra; tem um diferencial do samba ouvido no resto do país.’ O

samba é isso: assim como o jazz, o samba tem variações em cima de

seu ritmo.”

Os des les das escolas de samba – antes da existência do Complexo Cultural do Porto

Seco, aconteciam em diversos espaços, entre o centro e a cidade baixa. Ao todo foram

12 lugares diferentes de des les, em 1949, o primeiro foi realizado na antiga Praça

Senador Florêncio, hoje Praça da Alfândega. Os lugares em que os des les

permaneceram por mais tempo foram na Avenida Loureiro da Silva (Avenida

Perimetral) de 1970 até o ano de 1980, quando passaram a acontecer na Avenida

Augusto de Carvalho, até o ano de 2003, tendo sido depois transferidos para o

Complexo Cultural Porto Seco. Com um tom de lamento, Joaquim Lucena Neto

re etiu sobre a mudança do local:

“Hoje atiram as cinzas do Carnaval no Porto Seco, mas esqueceram

de tirar as brasas. Tenho certeza de que elas ainda acenderão a

chama da cultura. Esta nunca se apagará e o sambista poderá

cantar… ‘A vida só tem valor com o samba/ o povo sorrindo/a

avenida se abrindo’… Infelizmente, sempre foi assim… pobre

Carnaval!

No ritmo da bateria e na cantoria do povo, o esplendor de um samba com sotaque

próprio, uma saudade imensa, nos faz perguntar. Carnaval, quando tu vais voltar?

“Os bambas criaram fama lá no bairro da Santana, até chegar no

des le principal, quem é que não se lembra do esplendor da

Broadway, da Festa dos Navegantes, o Guarani foi uma página

marcante, e a passagem tão bela, dos Bambas em tempo de Portela”.

PARTE 2

A PERIFERIZAÇÃO DOS DESFILES DO CARNAVAL DE PORTO ALEGRE

Carlos Raimundo Pereira

Em 1980, a Escola de Samba Sociedade Bene cente Cultural Bambas da Orgia des lou

e venceu no carnaval de Porto Alegre contando e cantando os seus quarenta anos de

existência. Os versos desta estrofe que ouvimos há pouco, dentro do que as

liberdades poéticas permitiram aos autores Jajá e Júlio Alves, descrevem uma

transformação no carnaval da cidade, que saiu dos bairros e dos blocos e cordões e foi

para a avenida com suas escolas de samba, num processo que a historiadora Helena

Cancela Cattani classi cou de cariocalização.

A escola de samba Academia de Samba Praiana, em 1961, foi a primeira a des lar com

alas e muitos mais componentes, como no Rio de Janeiro, no que foi seguida pelas
demais em anos seguintes. Fez-se uma tendência e o evento começou a crescer,

consolidando-se, sendo sediado por 40 anos nas avenidas da região central da cidade.

Atualmente, os des les ocorrem no Porto Seco, no bairro Rubem Berta, na Zona

Norte, bem distante do local onde nasceu o carnaval, das cercanias do Centro e da

Cidade Baixa.

Mas e esta foi uma mudança pací ca e natural?

Ou repetia desfechos históricos, como a transferência das Quitandeiras da Alfândega

para a Praça do Paraíso, por volta de 1820; ou como a remoção das lavadeiras para o

riacho, impostas pelo primeiro código de posturas no início do século XX; ou como a

retirada dos moradores das proximidades da Ponte dos Açorianos para a construção

do Viaduto da Borges
Borges; ou como a transferência de grande parte dos habitantes da

Ilhota para a Restinga? O povo pobre e negro de Porto Alegre tem motivos para

manter traumas com remoções abruptas.

Com certeza a mudança ocorrida não foi pací ca. A discussão foi ampla, envolvendo

representações e pertencimentos, e há de se considerar que, esse processo de

construção de uma pista de eventos no Porto Seco, teve, como uma de suas

consequências, a periferização também dos des les das escolas de samba no carnaval

da cidade.

Porto Alegre nasceu e se formou entre as águas. É portuária no nome, cresceu capital

e teve um povoamento característico das grandes metrópoles brasileiras, e como

todas, uma organização social marcada pela desigualdade, uma desigualdade que se

estabeleceu também por meio de segregação social histórica, com suas

consequências.

Depois de vinte anos de ditadura militar, repressão política e censura, em 1985, no

contexto da redemocratização do país, as capitais brasileiras voltaram a eleger seus

prefeitos e vereadores pelo voto direto. Porto Alegre – onde havia uma grande

expectativa com o retorno de Leonel Brizola do exílio – elegeu um Prefeito

Trabalhista, Alceu Collares, do PDT. Um prefeito negro, advogado, oriundo do MDB,

movimento adversário do partido de sustentação da Ditadura Militar, a Arena. Na

eleição seguinte, Olívio Dutra, o primeiro prefeito na história do Partido dos

Trabalhadores na capital, um sindicalista militante do SindBancários, sucedeu

Colares.

Porto Alegre viveria então uma longa sequência de governos democrático-populares,

já sob as luzes da Constituição Cidadã, de 1988.

Ambas as gestões trouxeram propostas inovadoras na relação da cidade com suas

periferias. Os conselhos populares e uma forte ligação com as associações

comunitárias nos diversos bairros na gestão de Alceu Collares e o Orçamento

Participativo – que se tornou mundialmente reconhecido – nas gestões do Partido

dos Trabalhadores demarcam bem esta tendência.

No Rio de Janeiro, nos anos 1980, com Leonel Brizola eleito governador, o governo do

Estado entregaria à cidade, e em especial ao Carnaval, um Sambódromo projetado por

Oscar Niemeyer. Uma grande estrutura que abarcaria além dos des les de escolas de

samba, outras atividades culturais e educacionais ao longo do ano, como os CIEPs, as

escolas de tempo integral. Não por acaso o nome o cial do sambódromo carioca é

Passarela Professor Darcy Ribeiro.

Desde então, Porto Alegre passou a desejar algo semelhante, que além do Carnaval

pudesse abrigar os des les dos dias 7 e 20 de Setembro, e que fosse também um
centro cultural. Os des les na avenida Augusto de Carvalho, ao lado do Parque da

Harmonia, se davam com o erguimento de estruturas provisórias, e foi na gestão de

Collares, correligionário de Brizola, que surgiram os primeiros movimentos visando a

construção de uma pista de eventos, tal qual o sambódromo carioca.

Evitava-se usar a designação sambódromo, para que os movimentos de setembro não

se sentissem incluídos e para que se pudesse consolidar a intenção de construção de

um equipamento que bene ciasse toda a cidade, justi cando amplamente o

investimento público.

PROJETO DA NOVA PISTA FOI APRESENTADO EM 1994

Em 1994, um projeto de construção de uma pista de eventos foi apresentado pelo

executivo ao legislativo da cidade, e como num processo natural de continuidade, a

avenida Augusto de Carvalho foi sugerida como local para a estrutura. O otimismo dos

envolvidos na elaboração do projeto e dos carnavalescos da cidade fez-se pensar, à

época, que aquele seria o último carnaval com as estruturas provisórias, não foi.

Ao longo do ano, cada vez mais justi cativas contrárias ao projeto foram sendo

apresentadas. Uma comissão especial foi instaurada na Câmara de Vereadores, com o

relator apresentando uma negativa ao nal, baseada em questões ambientais.

Em verdade, não havia grandes problemas do ponto de vista ambiental. A avenida

Augusto de Carvalho era uma área de aterro, onde atualmente estão parques e

diversos edifícios de órgãos públicos foram construídos ao seu redor no mesmo


período, sem encontrar percalços. Mas causalmente partiram desses órgãos as

primeiras manifestações negativas, que alegavam que os dias agitados de carnaval

neste entorno prejudicava os processos públicos e sua integridade, confrontando

ainda com a ideia de construção de um centro administrativo federal na área onde

hoje estão os edifícios da Justiça e da Receita Federal.

Os moradores do centro se manifestaram contrários através de sua associação,

alegando que sofreriam problemas com os ruídos, insegurança, desordem, estragos e,

na mesma frequência dos órgãos públicos, mostravam-se preocupados com as

consequências da realização do evento de carnaval.

Neste ponto principiou uma dissociação. As preocupações se mostravam unicamente

direcionadas aos dias de Momo, sem nenhum posicionamento contrário aos dias de

des les cívico-militares e ou do des le regionalista de setembro. Aliás, o movimento

tradicionalista nunca demonstrou interesse em se somar aos esforços pela

construção de uma estrutura de uso comum com os carnavalescos, pois não

consideravam o Carnaval uma manifestação da cultura regional.

O ambiente controverso contribuiu para que a discussão se prolongasse então por

dez anos. A historiadora Laura Galli, em sua dissertação de mestrado, aprofundou-se


na análise dos jornais e documentos municipais deste período entre 1994, quando da

apresentação do primeiro projeto pelo executivo municipal, até 2004, ano do primeiro

des le nas novas instalações no Porto Seco.

O projeto da Prefeitura, apresentado em 1994, no mandato do então Prefeito Tarso

Genro, entre comissões especiais estabelecidas, manifestações de moradores e

instituições ambientais, e decisões políticas e jurídicas, tramitou até ser rejeitado ao

nal daquele ano.

Em 1995 foi reapresentado e voltou a ser rejeitado. A negativa se embasava no suposto

impacto ambiental, mas o referido impacto era apenas um cortinamento do real

motivo da contrariedade daqueles que se insurgiram contra a proposta. Por trás da

cena, estava um preconceito escancarado com o carnaval e suas raízes negras.

Negava-se à festa mais negra da cidade o direito de ter um lugar onde ela havia

nascido, lugar que se transformara em área nobre da cidade, habitada por uma classe

média remediada, mas que se identi cava com valores elitistas e conservadores.

Entre 1997 e 98, na gestão do Prefeito Raul Pont, terceiro mandato consecutivo do

Partido dos Trabalhadores à frente da Prefeitura, o executivo assumiu a competência

de execução do projeto e lançou um edital orçamentário, que em seguida foi suspenso

por liminar com base no embargo anterior ao projeto.

A localização inicialmente proposta, na Avenida Augusto de Carvalho, foi então

trocada pela Prefeitura para o bairro Menino Deus, próximo ao Parque Marinha do

Brasil e ao estádio Beira Rio. Justi cou-se a recorrente negativa pelas mesmas

pressões de moradores e de possíveis impactos ambientais, e neste caso, ainda pela

proximidade com um hospital e asilo do bairro.

Houve manifestações públicas dos dois lados, caminhada e apitaço em ruas e esquinas

demonstrando a insatisfação de um grupo de moradores que não queria o

sambódromo. No centro da cidade, encontros de entidades carnavalescas faziam o

contraponto na tradicional Esquina Democrática, ou em ritmo de samba no Largo

Glênio Peres, a favor da construção da pista.

A proximidade com um período eleitoral incensou o debate e acusações de fraudes

nanceiras com recursos municipais para o carnaval resultaram na instalação de uma

CPI na Câmara dos Vereadores. Novamente o projeto de construção de uma pista de

eventos foi paralizado, e a CPI, inócua, de oportunismo eleitoreiro, cou também pelo

caminho.

Fracassadas as iniciativas de 1994 e 1999, em 2001 o ponto de debate passou a ser a

escolha do local onde seria construído o sambódromo de Porto Alegre, diante do

consenso que antes não havia de que o carnaval deveria ter o seu templo na cidade, a

sua pista de eventos e o lugar dos barracões das escolas de samba.

Os de setembro, tanto o militar como o tradicionalista permaneceram com seu lugar

de sempre na área central, consolidando-se a situação de desalojado, despejado e

sem-teto do carnaval.

Dez regiões foram mapeadas, entre elas o Porto Seco, inicialmente descartado, assim

como a Restinga, a Augusto de Carvalho e a orla do Guaíba foram novamente deixadas

de lado. O Hipódromo do Cristal, a área da Viação Férrea, a Hípica, uma a uma, ou por

não atender os requisitos ou por somente atendê-los parcialmente, foram sendo

descartadas. Com sete descartes, os três possíveis locais que permaneceram na

disputa eram na Zona Norte: nas proximidades das avenidas Voluntários da Pátria,

Neugebauer e A J Renner, sendo esta última, no bairro Humaitá, a preferida pela

comissão criada para de nir a questão.

Novamente surgiu um movimento de moradores, inclusive com um abaixo-assinado

de cinco mil assinaturas, posicionando-se contrário às pretensões de execução do

projeto, sob as mesmas alegações anteriores: barulho, perturbação do sossego,

segurança, etc. Havia um outro e importante aspecto a considerar, era recente

aprovação no Orçamento Participativo da construção de três mil casas populares na

região, uma concomitância de projetos em proximidade de tempo e espaço que

poderia ser prejudicial a ambos.

Assim, em conformidade com o que vinha acontecendo, comissão após comissão, ano

após ano, seguiu a pista de eventos de Porto Alegre o seu destino de impasse, até que,

invertendo a ordem dos processos, duas comunidades se manifestaram desejando

sediar o carnaval da cidade: “se o Humaitá não quer, nós queremos!” Restinga e Porto

Seco ofereceram-se e a comissão e o executivo, que os havia descartado, diante da

controversa escolha, viu-se então entre estas três opções: Humaitá – de onde vinha

um não; Restinga e Porto Seco, que se manifestavam com um sim.

A ESCOLHA DO PORTO SECO PELO CONSELHO DO PLANO DIRETOR

O Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental (CMDUA),

reconhecido simplesmente por Conselho do Plano Diretor, procedeu então uma

votação. A preferência do executivo era pelo Porto Seco, a maior parte das entidades

carnavalescas consideravam o Humaitá mais adequado, e com menores chances,

porém com apoio de sua comunidade, apresentava-se a Restinga.

Com seus 25 integrantes entre representantes dos poderes público federal, estadual e

municipal, de entidades ligadas ao planejamento urbano e representantes das oito

regiões do Orçamento Participativo, o Conselho do Plano – entre estudos, análises e

discussões – partiu para a votação, resultando o pleito em 12 votos pelo Porto Seco, 7

para a Restinga, 3 para o Humaitá e duas abstenções.

As entidades carnavalescas, que preferiam o Humaitá, mesmo diante da oposição de

parte daquela comunidade, disseram que se sentiram traídas com cinco votos que

teriam sido alterados, mudando o resultado da votação.

Tradicionalistas, para não se afastarem do local do acampamento farroupilha, e

militares, para que os des les fossem mantidos perto do centro, garantiram que

continuariam utilizando a avenida Augusto de Carvalho. Os empresários

transportadores instalados no Porto Seco, por questões de logística, se manifestaram

contra a decisão. A de nição teve uma única aprovação inconteste: a dos moradores

do bairro Rubem Berta, que viram na obra a possibilidade de investimentos e

melhorias de infraestrutura e serviços na sua região.

Além da resistência inicial dos empresários, houve ainda um outro problema para a

Prefeitura solucionar, que advinha das famílias que ocupavam o local de nido para

receber a nova pista de des les do carnaval, numa área de ocupação.

Os des les de 2002 e 2003 ainda foram nas instalações provisórias da Augusto de

Carvalho, e em fevereiro de 2004, nas instalações, em parte também ainda

provisórias, no Porto Seco, inaugurado sem que o projeto proposto tivesse sido

integralmente concluído. A obras de implantação do Complexo Cultural do Porto Seco

foi uma das principais realizações da gestão do ex-Prefeito João Verle, que substituiu

Tarso Genro, que deixara a Prefeitura em 2002 para disputar as eleições para o

Governo do Estado.

Margarete Moraes, que foi vereadora e secretária de Cultura de Porto Alegre,

comenta este contexto de transferência do carnaval para o Porto Seco, mas valoriza a

obra realizada pela Administração Popular:

Os barracões somente foram entregues para o carnaval de 2005 e as arquibancadas e

camarotes seguem até hoje sendo provisórios.

Estacionamento, banheiros, serviços, estruturas para o cinas passaram a ser

resolvidos por cada uma das escolas em seu espaço de barracão, o grande acréscimo

às estruturas das escolas, algo há muito almejado, cuja necessidade de existência era

percebida pela população em geral sempre que um carro alegórico trancava o trânsito

ou que se exigia até remoção de uma parada de ônibus para que o carro passasse nos

dias de des le de carnaval.

Os barracões também eram vistos como a grande solução para a continuidade do

carnaval – o carnaval o ano inteiro – e sua pro ssionalização, visando inclusive atrair

turistas para Porto Alegre. No estilo do carnaval carioca, com escolas de samba

des lando ala por ala numa avenida, o carnaval da capital gaúcha estava entre os

maiores do Brasil, em público e desempenho artístico, alegorias, passistas, destaques,

porta-estandartes, baterias, intérpretes de samba-enredo e fantasias.

As novas instalações eram também uma esperança de fortalecimento da chamada

economia do carnaval com suas costureiras, gurinistas e seus diversos pro ssionais

envolvidos, da música à decoração do carro alegórico. Antes da sua existência, grande

parte do que era preparado num ano acabava perdido para o outro, da cola aos

adereços, e tudo tinha que ser novamente comprado para que o carnaval ocorresse.

O Complexo Cultural do Porto Seco queria ser também um polo de desenvolvimento

econômico e social que traria um projeto urbanístico para a região até hoje ainda

pouco valorizada, ideias que caram pelo caminho com as mudanças de governo a

partir de 2005 e com a mudança de foco dos prefeitos que se seguiram.

De fato, na esteira de construções de pistas de eventos no modelo sambódromo

carioca que se espalhou pelo país, Porto Alegre transferiu o evento de escolas de

samba, dissociando-o dos momentos setembrinos. Construiu um lugar para os

des les de carnaval, mas outra vez se colocou diante do dilema tantas vezes

repeitdos: o da periferização de tudo que é dos negros, caracterizando mais uma das

diásporas urbanísticas da cidade.

Desse modo, é de se perguntar realmente: e o Carnaval? Quando voltará o Carnaval?

“Eu sou passado, eu sou presente, eu sou futuro, sou bem feliz por isso eu vivo a
cantar, batam palmas batam palmas, para me felicitar, hoje estou de aniversário e o

que eu quero é sambar, na passarela…”

(1980 – Magia e Esplendor de Quatro Décadas de Glória: 40 Anos de Bambas)

DEPOIMENTO DA ATUAL PRESIDENTE DA IMPERADORES DO SAMBA/ LUANA COSTA

Olá, pessoal. Eu sou Luana

Costa, primeira mulher

presidente da Imperadores do

Samba, que é uma das mais

vitoriosas e tradicionais do

carnaval de Porto Alegre, que

possui uma grande

comunidade e mobiliza

milhares de pessoas durante o

ano inteiro. A Imperadores

tem uma grande contribuição

nos cenários social e cultural

da cidade, com
Luana Costa, atual e primeira mulher
reconhecimento em todo o
presidente da Escola de Samba Imperadores.
Brasil.
Foto: Arquivo pessoal

Eu tenho, sim, muita

esperança no carnaval de Porto Alegre, apesar de estarmos passando pelo pior momento

da história dessa manifestação cultural. O carnaval de Porto Alegre começou a se

enfraquecer em 2017, quando houve um rompimento da relação com o poder público, que

até então auxiliava as escolas de samba com apoio nanceiro e na estruturação do

Complexo do Porto Seco.

Com a saída do governo Marchezan e a entrada do governo Melo nós recuperamos a

esperança de diálogo porque o novo governo tem demonstrado uma postura um pouco

diferente. Mas infelizmente ainda não tivemos ações efetivas, talvez por conta da

pandemia da COVID-19.

O carnaval vive hoje exclusivamente da sua comunidade. Precisamos fazer eventos para

garantir arrecadação, gerando aglomeração de pessoas. Mas não podemos fazer isto em

função da pandemia. Então o que precisamos? Precisamos ter de volta o apoio do poder

público porque cultura é um direito. O carnaval, além da contribuição cultural, gera

empregos, gera impostos, principalmente em Porto Alegre, que ca praticamente parada

durante o verão, momento em que as quadras das escolas de samba não param e os

barracões trabalham a todo vapor. Além disso, em Porto Alegre fazemos sim carnaval o

ano inteiro.

Hoje, as comunidades das escolas de samba, mais do que nunca, têm tido uma grande

atuação social. As quadras, hoje, têm sido espaços de ações sociais de arrecadação de

alimentos, de agasalhos. Na quadra da Imperadores tivemos vacinação, tornando a

escola a primeira do Sul do Brasil a se transformar em posto de vacinação. Isto mostra

que a comunidade, apesar do mau momento, está dentro da escola atuando de alguma

forma.

A nossa eleição na Imperadores renovou a esperança da nossa comunidade, que voltou


para dentro da escola com mais força, com mais garra e é isso que me faz acreditar que,

sim, nós vamos superar este momento difícil. A união, o amor, o esforço de toda a

comunidade carnavalesca, com certeza, não deixarão o samba morrer.

FECHAMENTO

Este foi o último episódio deste primeiro projeto do canal DESAPAGA POA.

Esta série teve 10 episódios que seguem disponíveis nos principais agregadores de

podcast, tendo sido transmitidos todos os sábados, desde o dia 1º de maio até este 1

de julho de 2021, pela rádio FM Cultura (107.7), apoiadora do projeto.

O DESAPAGA POA teve o apoio também do Programa EcoViamão, do Instituto Federal

do RS, Campus Viamão.

Agradecemos a sua audiência e convidamos para que continuem seguindo nosso canal

nas redes sociais.

Em breve estaremos aqui outra vez para mais série do canal DESAPAGA POA.

BIBLIOGRAFIA

BITTENCOURT, Vinicius Oliveira. Des le das escolas de samba de Porto Alegre no


Porto Seco: uma análise da (ausência de) participação da sociedade carnavalesca
no processo de tomada de decisão. UFRGS/2016.
FERREIRA, Felipe. O livro de ouro do carnaval brasileiro. Rio de Janeiro: Ediouro,
2005.
FERREIRA, Felipe. Inventando carnavais: o surgimento do carnaval carioca no
século XIX e outras questões carnavalescas. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2005.
GERMANO, Iris. Rio Grande do Sul, Brasil e Etiópia: os negros e o carnaval de
Porto Alegre nas décadas de 1930 3 1940. Dissertação de mestrado,Universida
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1999.
GONÇALVES, Renata de Sá. Os Ranchos pedem passagem. Rio de Janeiro,
PPGSA/IFCS/UFRJ, 2003.
GALLI, Laura Spritzer. Um longo caminho até o Porto Seco: lutas e disputas por
espaço no Carnaval de Porto Alegre (1994-2004) – UFRGS/2019.
CATTANI, Helena Cancela. G.R.E.S. Porto Alegre: o processo de cariocalização do
carnaval de Porto Alegre (1962-1973). UFRGS/2014.
DUARTE, Ulisses Corrêa. O processo de modernização numa escola de samba de
Porto Alegre, o Império da Zona Norte e o Carnaval de 2009. UFRGS/2009.
GUTERRES, Liliane Staniscvaski. Sou imperador até morrer… um estudo sobre
identidade, tempo e sociabilidade em uma escola de samba de Porto Alegre.
UFRGS/1996.
OLIVEIRA, Guilherme Reolon de. Estética do frio, uma ontologia visual: ensaio-
vaigem sobre o ser gaúcho. UFRGS/2019.
PIMENTEL, João. Blocos: uma história informal do carnaval de rua. Rio de
Janeiro: RelumeDumará/Prefeitura, 2002.
PORTO ALEGRE, Achylles. História popular de Porto Alegre. Porto Alegre:
Typogra a do Centro, 1945.
PRASS, Luciana. Saberes musicais em uma bateria de escola de samba: uma
etnogra a entre os “Bambas da Orgia”. UFRGS/1998.
RAYMUNDO, Jackson. A poética do samba enredo: a canção das escolas de samba
de Porto Alegre. UFRGS/2105.
RAYMUNDO, Jackson. A construção de uma poética de brasilidade: a formação do
samba enredo. UFRGS/2019.
SANTOS. Irene. Negro em preto e branco: história fotográ ca da população
negra de Porto Alegre. Porto Alegre, Prefeitura de Porto Alegre, 2005.
SPERB, Paula. https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/02/tribos-
indigenas-fazem-parte-da-historia-do-carnaval-de-porto-alegre.shtml. Acesso
em 20/04/21.
VIEIRA, Daniele Machado. Territórios negros em Porto Alegre (1800-1970):
geogra ca histórica da presença negra no espaço urbano. UFRGS/2017.

Músicas utilizadas na trilha sonora do episódio 10

Tribos carnavalescas Guaianazes e Tapuias

https://www.youtube.com/watch?v=IQLtr0Hvzp8

Marchinhas anos 30

https://www.youtube.com/watch?v=3zRErmYP854

Academia de Samba Relâmpago Samba Enredo de 1987

https://www.youtube.com/watch?v=MvUyeUP3Xr0

Imperatriz Dona Leopoldina Samba Enredo dez/2003

https://www.youtube.com/watch?v=Bs947GW I2I

Samba Enredo da Restinga 2003

https://www.youtube.com/watch?v=MZ1TGEXoGrM

Samba Enredo dos Bambas da Orgia 1980

“Magia e esplendor de quatro décadas de glória: 40 de Bambas” / Samba enredo da

Sociedade Bene ciente Cultural Bambas da Orgia, vencedora do Carnaval de Porto

Alegre de 1980. Compisitores: Jajá e Júlio Alves.

https://www.youtube.com/watch?v=XCt_zwynIJE

Unidos da Vila Isabel Viamão) 2004

https://www.youtube.com/watch?v=PMhzuJ70rYo

Imperadores do Samba Samba Enredo 2004

https://www.youtube.com/watch?v=8dIsBIEkyQA

Cultura Desapaga POA Desapagapoa Guaranis História

Indígenas Kaigangues Negritude Periferia

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