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Dos Pauliteiros de
Miranda à Dança dos
Ferreiros de Penafiel
O património cultural das
Danças Guerreiras Portuguesas
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• As danças guerreiras
portuguesas são uma
das mais antigas
manifestações da
cultura ancestral do
nosso país.
• As mais conhecidas,
como a dos Pauliteiros de
Miranda, o Jogo do Pau
de Cabeceiras de Basto
ou o Baile dos Ferreiros,
das Festas do Corpo de
Deus em Penafiel,
conservam ainda muito
da sua autenticidade,
plasmada nos
movimentos e nos trajes.
• As danças tradicionais
populares entraram nos
hábitos do povo devido
aos mais variados
contactos e influências,
enraizando-se pela via
das aculturações,
recebendo dele o cunho
do meio ambiente da sua Jogo do Pau, Cabeceiras de Basto
personalidade em
conformidade com o local
onde estava inserido.
• Normalmente, quando
falamos de danças
populares, lembramo-nos
das que eram usadas nas
romarias, a caminho e no
regresso das mesmas, nos
terrenos aos domingos de
tarde, nas noites de
– escapadelas,
– esfolhadas ou estonadas,
– espadeladas,
– esfarrapadas,
– malhadas
• E outras manifestações de
divisão ou de trabalho
rural, relegando-se para o
esquecimento sectores
sociais mais recuados ou
mais recentes que fizeram
época, tendo os primeiros
fornecidos bases muito
valiosas de que se serviam
as gentes das aldeias para a
sua encantadora, mas
simples e involuntária
criatividade, que
designamos por
aculturações.
• Quando falamos em
danças tradicionais
populares, associamos
o seu uso a um extrato
social menos
favorecido, o que é
discutível e até um
tanto polémico.
• Há danças tradicionais
que se popularizam,
sendo utilizadas por
diferentes escalões
sociais. Neste contexto,
podendo cada uma
delas ser tratada
especificamente, temos
danças religiosas,
guerreiras, de sedução,
de simples diversão e
de trabalho.
Danças guerreiras portuguesas 13
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• As Danças Guerreiras
• A celticidade desta
tradição é defendida
pelo historiador e
geógrafo grego,
Estrabão, no séc. I A.C
• As primeiras, defendem
os etnólogos, poderão ter
surgido no centro da
Europa, mais
precisamente na
Transilvânia, na segunda
Idade do Ferro, na altura
como uma dança de
espadas. Depois Dança de espadas, Redondela, Galiza, Espanha
espalhou-se pela Europa
Central, Alemanha,
Escandinávia e Ilhas
Britânicas, até chegar à
Península Ibérica.
• Plínio, historiador
romano do século I, já
falava deste tipo de
danças. No século III o
geógrafo latino Estrabão
refere que os celtiberos
instalados junto ao Rio
Douro se preparavam
para os combates com
danças guerreiras, onde
substituíam as espadas
por paus.
• Posteriormente, e ainda
na Península Ibérica,
romanos, suevos e
visigodos conservaram
estas danças nas suas
festas agrárias de
fertilidade.
• Já no século X, a Igreja
Católica adotou as
danças para as festas
dos santos
correspondentes às
épocas do solstício e
das colheitas.
Traunstein Sword Dance (Alemanha, Baviera)
• Por exemplo, os
Pauliteiros de Miranda
percorriam as
povoações na época
das festas religiosas
para recolher esmolas,
participando nas
procissões para, no
final, fazerem uma
exibição.
• Outros estudiosos,
como o Abade de Baçal
(Francisco Manuel
Alves) defendem que a
origem, desta feita, da
dança dos Pauliteiros
de Miranda está nas
danças pírricas, ou seja,
militares, dos gregos,
com a difusão a ser
feita pelos romanos.
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Pauliteiros de Miranda
• Os Pauliteiros de Miranda
é um grupo de oito
dançadores (quatro guias
e quatro piões), três
tocadores músicos e um
dançador suplente que
executa uma dança
folclórica das terras de
Miranda, em Portugal,
que simula uma luta com
paus.
• Os dançadores atuam
guiados por gaita de
foles, que é
acompanhada por caixa
de guerra e bombo ou
por flauta pastoril, que
é monotubular com
três buracos e que é
tocada com três dedos.
• Há cerca de
cinquenta
conjuntos de
danças e bailados
diferentes.
• Na Terra de Miranda e
em todo o Planalto
Mirandês ainda hoje se
celebram com bastante
pureza no seu ritualismo
original, as festas
solsticiais de Inverno. São
rituais de profundo
significado mitológico,
ritos de iniciação, “mitos
do eterno retorno” cuja
origem teremos que
procurar muito longe no
tempo.
• Os mais conhecidos
sãos de Miranda,
Palaçoulo e Urrós,
contudo há 10 grupos
de Pauliteiros de
Miranda “oficiais”
citados no folheto
“Grupos Culturais,
Concelho de Miranda
do Douro” da Câmara
Municipal de Miranda
do Douro de 2003:
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• Pauliteiros de
Palaçoulo, Sendim,
Duas Igrejas,
Malhadas, Fonte de
Aldeia, Cércio, São
Martinho de
Angueira, Granja,
Picote e os
Pauliteiros da
Associação dos
Professores do
Planalto Mirandês.
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Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
• Assim, tradicionalmente, os
Pauliteiros: São um grupo
constituído exclusivamente
de 8 rapazes e três músicos
(gaita de foles, caixa e
bombo). Executam o
peditório da forma antiga,
começando às 6.00 da
manhã, após a alvorada dos
gaiteiros dançando alguns
lhaços em frente às igrejas https://www.youtube.com/watch?v=czo2bkDKOhk
e capelas, rezam em frente
às casas que estão de luto,
etc.
• Ver dançar os
Pauliteiros é sempre
um espetáculo a não
perder, quer seja em
frente à Igreja depois
da missa da festa
religiosa local, quer seja
fora. Assim os
principais elementos
https://www.youtube.com/watch?v=gz_AnwgAE-M deste espetáculo são:
• Exibição do repertório
segundo um crescimento
do espetáculo
começando com o
“lhaço” 25 (lhaço para
partir os paus), a Bicha
(em que se utilizam
exclusivamente as Lhaço é o nome dado em língua
mirandesa para designar cada uma das
castanholas) e o Salto do melodias, texto e coreografia que fazem
Castelo (na qual um parte da dança dos pauliteiros. Ao
pauliteiro salta por cima bailarino atribui-se o nome de dançador
de uma torre humana). e não de pauliteiro.
• Música
• Os instrumentos
musicais tiveram e têm
ainda um lugar muito
importante na tradição
https://www.youtube.com/watch?v=OK- da Terra de Miranda,
Es0RXBnk&feature=youtu.be como focos irradiadores
As letras dos Lhaços são na sua grande maioria
de animação e fonte de
em mirandês, havendo algumas em castelhano e prazer para quem os
em português. Um Lhaço divide-se em quatro escuta e executa.
partes:
https://www.youtube.com/watch?v=bjSnFYX
Pjhs&feature=youtu.be
• Os instrumentos que
mais rapidamente
identificam a tradição
musical mirandesa são
a gaita de foles, caixa e
bombo pelo 1. Entrada: o gaiteiro toca a melodia da
acompanhamento que introdução a solo, servindo para afinar a gaita
fazem à dança dos e preparar o início da dança, é igual em todos
pauliteiros, no entanto os Lhaços. 2. Anunciar o Lhaço: ainda a solo, o
gaiteiro toca alguns compassos da melodia do
não se esgotam aqui os Lhaço que se vai executar, para que os
instrumentos musicais dançadores a identifiquem. 3. Lhaço: cada
mirandeses. lhaço tem a sua melodia, baseado no texto ou
numa linha melódica que lhe é particular. Cada
Danças guerreiras portuguesas Lhaço é repetido quatro vezes. 4. Bicha: trata-
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se da dança que serve para terminar o Lhaço.
Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
• Para o acompanhamento
vocal eram muitas vezes
usados os pandeiros,
pandeiretas, conchas de
Santiago, triângulos,
castanholas e pequenos
objetos que as pessoas
usavam no dia-a-dia, como
garrafas, testos de panelas,
tachos...
• Lenda do Naso
• A Capela Santuário de
Nossa Senhora do Nazo
é um polo de atração
principalmente em dia
de romaria.
• Estando o homem
pastoreando o seu
rebanho, apareceu-lhe
uma Senhora que pediu
para lhe construir
naquele local uma capela,
indicando-lhe, nessa
mesma noite, na Serra do
Naso, por meio de uma
procissão com luzes, o
local exato onde a capela
deveria ser erigida.
• O homem recusou-se,
temendo a mulher, mas
Nossa Senhora insistiu
no pedido. Muito a
medo, o homem fez
saber à mulher do
desejo da Senhora.
• Assim se construiu a
capela desejada por
Nossa Senhora, cuja
administração é feita,
ainda hoje, por alguém
contratado pelos
descendentes daquela
família.
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• A dança do paulitos
dança é uma expressão
quase imemorial, que
no séc. XV se exibia nas
festas do Corpus
Christi.
• Os atores do bailado –
em número de 16, na
dança completa, ou de 8,
na meia dança –
manejam com agilidade
uns pequenos bastões
com cerca de 35
centímetros, “palotes” ou
“paulito“, com os quais
marcam o compasso,
batendo com eles
reciprocamente.
• Os dançantes, “peões” e
“guias” em mangas de
camisa, tendo nas costas,
ao pendurão, lenços
floridos de seda, dançam
numa exaltação febril,
saltitando, volteando,
cruzando-se e
contorcionando-se com
simplória graça, num
estilo que perturba e
entontece, ao mesmo
tempo que os bastões se
entrechocam
ritmicamente.
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• Os Trajes
• Constam de um largo
chapéu braguês, preto,
engalanado de
lantejoulas, penas de
pavão e flores, tendo
pendentes da aba duas
longas fitas.
• Colete guarnecido
caprichosamente e no
qual se distingue um
losango de tecido
branco, na parte
posterior que se ajusta
às costas.
• Meias de lã branca,
ensilveiradas a preto e
sapatos de baqueta
branca, ornamentados
a cores.
• Estilos e variantes da
dança
• A celebração de Corpus
Christi é uma
celebração solene da
Igreja Católica, que
celebra a presença
permanente de Jesus
Cristo no sacramento
da Eucaristia.
• A Festa de Corpus
Christi surgiu em Liége,
Bélgica, no seculo XII:
um Movimento
Eucarístico na Abadia
de Cornillon fundada
em 1124 pelo Bispo
Albero de Liege.
• A comemoração de
Corpus Christi acontece
sessenta dias após o
domingo de Páscoa
(ressurreição de Jesus
Cristo) ou na quinta-
feira seguinte ao
domingo da Santíssima
Trindade (um só Deus
na forma do Pai, Filho e
Espírito Santo).
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• A festa secular do
Corpo de Deus, em
Penafiel, é detentora de
um vasto e riquíssimo
património histórico e
natural. Estas
comemorações reúnem
o sagrado e o profano,
desde 1540.
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Boi Bento
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Carro Triunfal e a Figura da Cidade
• O Carro Triunfal (ou Carro dos
Anjos) é um elemento único
da procissão do Corpo de
Deus de Penafiel, que está
presente desde, pelo menos,
o séc. XIX. Encimado pela
Figura da Cidade, o delegado
do povo que personifica a
urbe, transporta um conjunto
de crianças que pretendem
simbolizar figuras de anjos,
sendo normalmente um grupo
de meninas que traja os
vestidos da sua comunhão e
Este carro é puxado por uma junta de bois, vai atirando flores sobre a
engalada com rico jugo decorado, conduzida
multidão que assiste.
por uma lavradeira com traje minhoto, e
antecede a parte religiosa do cortejo,
dividindo-o da parte profana da procissão.
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• A organização destas
festas estava a cargo das
câmaras municipais, mas
toda a sociedade civil e
religiosa se fazia
representar na procissão,
cabendo aos vários
grupos profissionais do
concelho um conjunto de
contribuições
obrigatórias.
• No entanto, por
determinação régia de
1724, as danças foram
banidas das procissões,
não podendo mais os
grupos atuar durante o
cortejo religioso,
integrando apenas o
conjunto de figurantes
passivos do desfile.
• A Cavalhada integra
atualmente os habituais
cavaleiros, a Bicha
Serpe, os Bailes e a
Figura da Cidade,
apresentando-se frente
à Câmara, perante o
Executivo Municipal.
https://www.youtube.com/watch?v=6MKoNMfI
b44&feature=emb_imp_woyt
• Estes Bailes, ou
invenções, como também
eram designados,
constituíam uma
contribuição obrigatória
dos vários ofícios para a
celebração do Corpo de
Deus, cuja participação
estava bem definida e
decretada no Tombo das
Festas do Corpo de Deus,
documento de 1657.
• Vêm já referidas no
documento seiscentista a
Dança da Mourisca
(representada pelos
alfaiates, albardeiros e
vendeiros), a Dança da
Retorta (apresentada
pelos sapateiros e
tosadores), a Dança dos
Moleiros (dada pelos
moleiros do Cavalúm e do
rio Sousa), a Dança das
Espadas (pelos ferreiros e
serralheiros), entre
outras.
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Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
• Ao longo da segunda
metade do séc. XX a
maior parte destes
Bailes deixaram de se
realizar, à exceção do
Baile dos Ferreiros que
sempre se manteve
ativo, tendo o
Município de Penafiel
conseguido recuperar
entre 2008 e 2011
outros cinco Bailes.
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Cadeira de Património Cultural e Paisagístico Português
• De todas as danças
destaca-se o Baile dos
Ferreiros, formado por
um grupo de homens
que dançam uma
rápida e difícil dança de
espadas.
http://adancaportuguesaagostardelapropria.ped
exumbo.com/?pag=vid&ID=30
Bibliografia
https://folclore.pt/dancas-cantares/
https://portugaldeantigamente.blogs.sapo.pt/pauliteiros-de-miranda-29948
https://www.tsf.pt/portugal/cultura/pauliteiros-dancas-entre-rituais-guerreiros-e-
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https://folclore.pt/a-danca-dos-paulitos-de-miranda-do-douro/
https://folclore.pt/dancas-tradicionais-populares/
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https://folclore.pt/a-danca-dos-paulitos-de-miranda-do-douro/
https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2021-06/historia-da-solenidade-de-
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http://adancaportuguesaagostardelapropria.pedexumbo.com/?pag=vid&ID=30
http://riquezasetradicoesdepenafiel.blogspot.com/2019/06/baile-tradicionais-
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Cadeira de Património Mundial e Turismo Cultural
Bibliografia
• https://www.igeoe.pt/index.php?id=5