Você está na página 1de 128

Organizadora

Nôva Marques Brando

Catálogo Seletivo I
Escravidão, Liberdade e Tutela
- Processos Judiciais -
Volume 1

Porto Alegre
Rio Grande do Sul
Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul - APERS
2017

1
Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Governador José Ivo Sartori

Secretaria da Modernização Administrativa e dos Recursos Humanos


Secretário Raffaele Marsiaj Quinto Di Cameli

Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul


Diretora Aerta Grazzioli Moscon

Descrição do Acervo e Organização do Catálogo


Nôva Marques Brando
(TAC-Historiadora|APERS)

Fotografia e Capa
Nôva Marques Brando

Diagramação
Nôva Marques Brando

Revisão
Denise Nauderer Hogetop
(TAC - Linguista|APERS)

(Dados Internacionais de Catalogação na Fonte-CIP)

C357 Catálogo Seletivo I : escravidão, liberdade e tutela [livro


eletrônico] / Organizado por Nôva Marques Brando. – Porto
Alegre : APERS, 2017.

Dados eletrônicos (1 arquivo; 127 p.)


Sistema requerido: Adobe Acrobat Reader ou outro leitor
de arquivos PDF.
Modo de Acesso: <http://www.apers.rs.gov.br>.
ISBN 978-85-64859-16-6

1. Processos Judiciais de Tutela. 2. Escravidão. 3.


Pesquisa Histórica. I. Brando, Nôva Marques.

CDU 343.431(066)

Bibliotecária Responsável: Débora Dornsbach Soares CRB-10/1700


Classificação CDU – edição-padrão internacional em língua portuguesa

2
Sumário

Apresentação ............................................................................................... 04

Escravidão, liberdade e tutela - temática e fontes ..................................... 06


Levantamento documental, recorte cronológico e espacial ....................... 08
Descrição arquivística e as convenções adotadas ...................................... 09

Iª Vara de Família e Sucessão de Porto Alegre -


Verbetes........................................................................................................ 12

IIª Vara de Família e Sucessão de Porto Alegre -


Verbetes........................................................................................................ 42

IIIª Vara de Família e Sucessão de Porto Alegre -


Verbetes........................................................................................................ 78

Referências .................................................................................................. 103

Anexo I
LEI Nº 2.040, DE 28 DE SETEMBRO DE 1871 ..................................................... 104

Anexo II
DECRETO Nº 5.135, DE 13 DE NOVEMBRO DE 1872 ......................................... 108

3
Apresentação

O Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul - APERS -


Departamento da Secretaria de Modernização Administrativa e dos Recursos
Humanos, é um dos órgãos centrais que respondem à demanda de acesso à
informação. Uma das formas de acesso ocorre por meio da solicitação direta do
cidadão que procura a instituição em busca de determinado documento ou
informação específica. Outra é a difusão de acervos por meio de eventos e
publicações sobre documentos custodiados pelo instituição. Dentre as
publicações, o arquivo disponibiliza instrumentos de pesquisa que descrevem,
preservam, reúnem e divulgam informações que facilitam o acesso e a consulta
aos documentos, seja para um público especializado, seja para o público em geral.
Esses instrumentos são produzidos pela equipe técnico-científica, que compõe o
quadro de servidores do APERS, mediante criteriosa análise do acervo e suas
possibilidades de pesquisa.
No ano de 2006, o APERS publicou o primeiro catálogo seletivo da
coleção Documentos da Escravidão no RS, projeto desenvolvido com o objetivo de
difundir a temática da escravidão por meio da publicação de catálogos que
descrevem documentos relacionados à comercialização, à partilha de bens, aos
conflitos judicializados e ao registro da liberdade que envolveram a figuras de
negros e negras em nosso estado. Na publicação Documentos da Escravidão no RS
- Cartas de Liberdade, composta de dois volumes, foi descrita a série documental
Registro de Atos que contempla as cartas de liberdade, fontes encontradas em 54
fundos do Acervo dos Tabelionatos, recolhido à instituição. No total foram
descritos 18.712 documentos. À época, o projeto contou com o patrocínio do
Programa de Apoyo al Desarrollo de Archivos Iberoamericanos - ADAI, do
Ministério da Cultura da Espanha, que financiou a contratação de recursos
humanos, o que possibilitou o levantamento e a descrição das informações
impressas naquele importante instrumento de pesquisa, bem como da Secretária
de Administração e Recursos Humanos do Estado, responsável pela liberação de
Recursos financeiros necessários para a publicação do catálogo.
Em 2010 foram incorporados ao projeto outros quatro catálogos, cujo
escopo era a descrição de inventários, testamentos, cartas de compra e venda e
processos judiciais sobre crimes, documentos que compõem os acervos do
Judiciário e do Tabelionato. O recorte temporal abrangeu o período de 1763,
relativo a escritura pública mais antiga localizada no Acervo do APERS, até 13 de
maio de 1888, data da abolição da escravidão no Brasil. Foram descritos 545.600
registros notariais e 73.260 ações judiciais, o que totalizou 615.860 documentos.
Essa segunda etapa do projeto foi viabilizada por meio de um financiamento da
Petrobras.
Considerando o levantamento feito para a elaboração desses catálogos,
não seria exagero dizer que o Arquivo Público custodia o maior acervo do Estado
que dialoga com a temática da escravidão. Essa provavelmente é a razão pela qual
seguimos encontrando documentos salvaguardados no nosso acervo, nos quais é
possível extrair informações relevantes para o estudo dos temas relacionados à
escravidão e à liberdade no estado do Rio Grande do Sul. Exatamente esse foi o
4
caso dos processos judiciais de tutela que compõem o Acervo do Judiciário, os
quais não foram arrolados durante o planejamento e execução dos projetos
anteriores. Por meio da consulta deste instrumento de pesquisa, o Catálogo
Escravidão, Liberdade e Tutela - Processos Judiciais, torna-se possível fazer um
levantamento mais preciso para pesquisas que possam dialogar com essa
temática.
Em 2010, o professor Paulo Moreira, no prefácio dedicado ao volume
Processos Crime: o escravo como vítima ou réu do catálogo Documentos da
Escravidão no RS, lembrou da espera dos africanos e de seus descendentes para
terem reconhecida e valorizada a sua participação na história sulina. Decerto,
como ele mesmo desejou, a invisibilidade de muitos dos personagens históricos já
começou a se dissipar, em uma espécie de caminho sem volta, e é nesse caminho
que o APERS insere mais esse projeto.
Esperamos que o catálogo contribua para a materialização de novos
conhecimentos sobre a escravização, sobre a luta por liberdade, sobre as relações
étnico-raciais, sobre o mito da democracia racial; e que eles contribuam para a
construção de uma sociedade pautada pelo direito à reparação, em reposta ao
passado escravista, pela diversidade, pela respeito à diferença e pela justiça social.
Boa leitura!

Nôva Marques Brando


Técnica em Assuntos Culturais do APERS | Historiadora

Aerta Grazzioli Moscon


Diretora do APERS | Arquivista

5
Escravidão, liberdade e tutela - temática e fontes

Na segunda metade do século XIX, algumas leis voltadas para uma


abolição gradual da escravidão foram aprovadas no Brasil. Em 1850 a Lei Eusébio
de Queiroz proibiu o tráfico de escravos para o Brasil e em 28 de setembro de
1871, a Lei nº 2.040 do Ventre Livre objetivou emancipar, a médio prazo, a
população cativa, reorganizando as relações de trabalho no Império. Essa Lei,
resultado do confronto entre vários interesses e projetos, foi regulamentada pelo
Decreto nº 5.135 de 13 de novembro de 1872.
Com um total de dez artigos, a Lei Rio Branco, conhecida como Lei do
Ventre Livre, referia-se a dois sujeitos: ao escravo libertando, aquele em condições
de conquistar a liberdade, e ao filho da escrava, o ingênuo. De acordo com Papali
(2002), a lei regulamentou o acesso à liberdade do escravizado e trouxe a
legalização da formação de pecúlio pelos escravos para comprar alforria. Nesse
sentido, ocorreu a normatização da emancipação dos escravos, na forma de como
deveriam ser concedidas as alforrias e quais os critérios de avaliação; na criação
dos Fundos de Emancipação, que garantiam a emancipação indenizada,
assegurando a legitimidade da propriedade privada, dentre outros pontos.
Perussato (2009) acrescenta que a lei permitiu a humanização do escravo, uma
vez que houve o reconhecimento de sua personalidade legal e como
consequência, uma série de direitos costumeiros, dentre os quais estava a
liberdade do ventre.
Essa lei, conforme Cardoso (2012), facultava ao senhor duas
possibilidades: ficar com o menor até ele completar oito anos e depois entregá-lo
ao Estado em troca de uma indenização ou ficar com ele até a idade de vinte e um
anos - maioridade legal no período - utilizando seus serviços como forma de
pagamento pelas despesas com a sua criação. Ao analisarmos a documentação
produzida pelo Juízo de Órfãos, órgão responsável pela definição de normas que
regulamentassem a proteção dos menores, a segundo opção mostrou-se
consideravelmente mais frequente do que a primeira.
Por um lado, portanto, podemos inferir que a promulgação da Lei do
Ventre Livre representou uma das pontes que ligaram a escravidão à liberdade.
Segundo Perussatto (2010), pesquisas nos arquivos em Rio Pardo indicam que os
filhos livres nascidos de mulher escrava também passaram a ser incluídos nos
autos de inventários post mortem a partir de 1871. Isso aconteceu por conta da
"determinação legal de que esses menores deveriam acompanhar suas mães no
momento da partilha de bens" (Perussatto, 2010, p.1). Ao analisar cartas de
alforria a partir dessa data, a pesquisadora mostrou que a Lei regulamentou
práticas advindas do costume, que foram, para muitos escravos, consideradas
direitos conquistados, tal como negociações em torno da vida dos menores. . Por
outro lado, constituíam-se, de acordo com Perussatto (2010), em estratégia de
reorganização das relações de trabalho e de controle social responsáveis pela
acomodação ou pelo adiamento do término) da instituição escravista,
promovendo a manutenção das relações e estruturas de classes envolvidas
naquele processo.
Na mesma linha de Perussato, Maria Aparecida Papali (2002) destacou,
ao analisar 330 ações de tutela de órfãos na cidade de Taubaté entre os anos de
6
1871 e 1895, que menores órfãos, abandonados ou em condições de miséria,
eram tutelados por parentes próximos, por ex-senhores ou "homens idôneos" da
cidade. A partir de maio de 1888, ingressaram em juízo muitos processos de
tutela de ingênuos e ex-ingênuos. De acordo com a autora, "após a abolição,
muitos 'órfãos' passaram a ser designados como ex-ingênuos ou filhos de libertas
ou 'solteiras pobres', como justificava para tutoria" (Papali, 2002, p.11). Além
disso, salientou que a partir de 1888, a origem de muitos tutelados nas ações
constava apenas como filhos de mães "solteiras pobres". Muito embora
concordemos com a autora que esses tutelados pudessem guardar relações
escravistas, optamos por excluir do catálogo processos, nos quais não constassem
explicitamente características atribuídas ao escravizado ou liberto, tais como cor -
pardo - ou filiação - filho de escravo ou ex-escravo. Dessa forma, esclarecemos
que para além dos documentos descritos, existem outros processos nos quais
poderão ser encontradas questões relacionadas à escravidão.
Para Cardozo (2012), que estudou especificamente os processos de
tutela de Porto Alegre, o instrumento da tutela, criado para atender as crianças
órfãs das elites, ampliou-se com a Lei de 1871, passando a atender as crianças
desvalidas e os ingênuos. Para ele, "a tutela dos filhos das escravas foi uma das
estratégias empregadas por muitos adultos para continuarem a usufruir dos
serviços dos menores de idade". De acordo com o autor:

Ao invés do senhor dar os ingênuos ao estado e receber uma


quantia por estes, preferia continuar com estes até 21 anos de
idade fazendo-os trabalharem para si. Estratégia que se
perpetuou pelo século XX, sendo alvo inclusive da chamada de
atenção, por parte de um curador geral de órfãos, alertando
para a possibilidade dos adultos estarem, por meio do instituto
da tutela, arranjando criadinhos gratuitos. (Cardozo, 2012, p.93)

A partir da leitura dos processos judiciais de tutela relacionados neste


catálogo, foi possível observar, da mesma forma que o fizeram os autores citados,
que tais fontes são potenciais para o estudo da transição do trabalho escravo para
o trabalho livre no Brasil. Em outras palavras, da relação entre escravidão e
liberdade. A forma pela qual senhores, autoridades, governo e a população
escrava se utilizaram para controlar cada grupo em seu favor, pode ser observada
nos processos judiciais de tutela, uma fonte que se mostrou riquíssima para
responder questões vinculadas aos anseios pela manutenção de relações
escravistas, bem como à luta por liberdade.
Por esse motivo, a elaboração de um catálogo dos processos judiciais de
tutela mostrou-se necessária para as pesquisas relacionadas ao tema. Para a
publicação do primeiro volume do Catálogo, escolhemos os documentos da
Comarca de Porto Alegre compreendidos no período de 1871 a 1898. Nossa
intenção e prosseguir com a descrição de processos de outras comarcas no
próximo ano.
Cabe ressaltarmos que é por meio da descrição documental -
elaboração de instrumentos de pesquisa, tais como catálogos seletivos, que
facilitamos e qualificamos o trabalho de pesquisa, bem como contribuímos para a

7
preservação dos acervos. Além disso, esses instrumentos permitem a difusão do
acervo e da instituição para um público mais amplo.

Levantamento documental, recorte cronológico e espacial

A motivação para a elaboração desse catálogo surgiu da leitura de


artigos escritos a partir de processos de tutela do Arquivo Público, que revelaram
as potencialidades de um trabalho de descrição documental. Na etapa de
mapeamento inicial, nos deparamos com uma presença considerável de
processos, nos quais a figura do escravo, do liberto, do preto, do pardo se faz
presente, ou seja, das possibilidades de pesquisa de diferentes problemas ligados
à questão da escravidão e da liberdade. Dessa forma, decidimos por esse recorte
temático dentro do contexto maior dos processos de tutela.
Em um segundo momento, foi necessária a realização de uma pesquisa
mais detalhada que vinculasse essa tipologia documental às relações escravistas.
Apoiados nessa leitura foi possível realizar o corte cronológico para o trabalho de
descrição. Na medida em que fomos entendendo que as figuras dos escravos e
libertos, dos negros e pardos estavam registradas nos processos a partir da Lei do
Ventre livre de 1871, as datas limites para a descrição foram tomando corpo.
Inicialmente, pensamos em contemplar os processos desde essa data até a lei de
1888 que aboliu a escravidão. No entanto, passado esse período, ainda
encontramos documentos com referência à figura do ex-escravo, do negro e do
pardo. Optamos, então, por estender o intervalo por dez anos. Dessa forma, o
recorte temporal admitido para as descrições desse instrumento ficou definido
entre os anos de 1871 até 1898, dez anos após o final da instituição da escravidão
no Brasil, na perspectiva de possibilitar a visualização das relações de rupturas e
permanências, inscritas na documentação, nos primeiros anos do pós-abolição
naquilo que diz respeito à tutela.

"Com o final da escravidão, com o advento do 13 de maio, a Lei


rio Branco não mais se sustentou, caiu em desuso pela simples
evidência da inexistência de escravos no país. No entanto, se
não estava mais em vigor, deixou resquícios de permanência,
exatamente nas questões mais próximas ao direito costumeiro,
campo fértil e propício à criação de brechas legais. O ingênuo,
ou o ex-ingênuo, tornou-se o sujeito fragilizado nessa nova
ordem" (Papali, 2002, 11).

Por fim, coube-nos a decisão sobre qual a primeira localidade que


escolheríamos para iniciar o processo de descrição. Por ser uma das comarcas com
maior quantidade de documentos e por eles estarem todos indexados no Sistema
de Administração de Acervos Públicos - AAP - utilizado no Arquivo Público do
Estado do Rio Grande do Sul- APERS - optamos por descrever, nesse primeiro
momento, os documentos da Comarca de Porto Alegre. Pelo fato dos Juízos de
órfãos funcionarem ligados às Varas de Família e Sucessão, selecionamos aquelas
que continham processos compreendidos no período do corte cronológico.

8
Descrição Arquivísticas e as convenções adotadas
Compõe o Acervo do Poder Judiciário, os documentos da Vara de Família e
Sucessão (Subfundos) classificados no Fundo Comarca de Porto Alegre, que
também é o produtor.

Identificação do acervo:
Código de Referência : BR RSAPERS PJ004
Acervo: Poder Judiciário
Fundo: Comarca de Porto Alegre (produtor)
Data-limite: 1833-1980
Volume: 1.476,95 de metros lineares de documentos textuais, manuscritos e
datilografados.

Conteúdo e estrutura:
O Fundo é constituído por processos judiciais de acidente de trabalho,
adoção, alimentos, alvará, busca e apreensão, despejo, desquite, falência, dentre
outros, sendo dividido nos seguintes subfundos (Varas): Acidente de Trânsito,
Cível, Cível e Crime, Cível e Comércio, Criminal, Família, Família e Sucessão, Feitos
da Fazenda Pública, Justiça Federal Seção Rio Grande do Sul, Justiça Militar do
Estado, Provedoria, Tribunal de Apelação, Tribunal do Júri, Tribunal de Justiça,
Superior Tribunal de Justiça. De forma geral, o fundo possui um grande potencial
de pesquisa, uma vez que os processos que o conformam, registram uma série de
discussões, debates e disputas sobre uma infinidade de temas, tratados por
diferentes vozes, tais como as partes envolvidas, testemunhas, advogados, juízes,
dentre outros.
O acervo está organizado a partir da Comarca (fundo), tendo como
subfundos das Varas (Civil, Civil e Crime, Família, Família e Sucessão, etc.), e os
documentos hierarquicamente classificados em subsérie e espécies, sendo
distribuídos em acondicionadores por datas-limite.
De modo geral, nas Varas de Família encontramos processos relativos ao
casamento, aos filhos, ao núcleo familiar no geral. Nesse subfundo temos, por
exemplo, processos de desquite, divórcio, anulação de casamento, alimentos,
separação de corpos, tutela, rapto de menor, busca e apreensão de menor, licença
para casamento. Para esse projeto, foram considerados os processos de tutela da
1ª, 2ª e 3ª Varas de Família e Sucessão, que tramitaram no Juízo de Órfãos1, entre

1
Conforme Cardozo (2012), o Juízo de órfãos foi uma instituição jurídica que teve sua origem em
Portugal, em decorrência das ordenações Filipinas, que formaram o código jurídico do Império
Luso a partir de 1580. Foi instalado na Colônia Portuguesa ena capital do Rio Grande do Sul, esse
juizado vigorou de 1806 a 1933. Neste período foi responsável pela jurisdição de comendas que
envolviam crianças, adolescentes e jovens e promoveu soluções para os problemas enfrentados
por jovens daquela sociedade. Tinha como função, regulamentar a proteção dos menores de 25
anos de idade (21 a partir de 1831), no que competia à administração própria e à de seus bens.
Para isso, decisões relacionadas à constituição de um adulto legalmente responsável, eram
atribuições do Juízo. Esse adulto se fazia necessário em vista dos processos de separação de bens,
herança em virtude de falecimento do pai, ou pela completa orfandade. De certa forma, no
primeiro momento, dedicava atenção aos menores de idade que possuíssem bens ou fossem
descendentes de família de posses e/ou de prestígio social, de acordo com Cardozo.
Posteriormente, passou a responder, a partir das leis "antiescravistas", pela tutela dos ingênuos
filhos de mulheres escravizadas e de libertas. O juizado era composto por um juiz, um curador-
9
os anos de 1871 e 1898, e nos quais as figuras do escravo, do liberto, do ex-
escravo, do negro e do pardo estão presentes.

Acesso e Utilização:
O acesso aos documentos do fundo, de forma geral, é público, podendo
a documentação ser consultada e fotografada na Sala de Pesquisa do APERS até
mesmo porque, não foi estabelecido qualquer grau de sigilo no momento do
recolhimento da documentação ao arquivo. Entretanto, ao tratarmos do acervo de
uma Vara de Família, poderiam ser postuladas questões referentes ao sigilo para a
proteção da imagem, vida privada e honra das famílias em relação a algumas
tipologias documentais. Nesse sentido, todos os pesquisadores poderão consultar
o acervo apenas mediante assinatura de termo de responsabilidade.

Documentação associada:
O fundo relaciona-se amplamente com os demais fundos do Poder
Judiciário salvaguardados no APERS, assim como com documentos mantidos no
Arquivo Judicial Centralizado e em outros possíveis arquivos da Justiça.

Organização geral do catálogo:


O Catálogo está organizado por Vara, por acondicionadores e dentro de
cada acondicionador, por verbetes classificados por ordem numérica conforme
número do processo, um dos principais dados utilizados no momento da pesquisa
no Sistema de Administração de Acervos Públicos (AAP). Cada verbete conta com
seis campos: Processo, Tutelado, Tutor, Abertura, Encerramento e Descrição. Das
informações que compõem cada um dos campos, o leitor poderá acessar os
seguintes conteúdos:

Processo Número do processo conforme seu cadastro no AAP

Tutelado Nome do tutelado de acordo com informações e grafia


inscritas no processo.

Tutor Nome do último tutor nomeado no processo, também


de acordo com grafia inscrita no documento. Essa
informação, em alguns casos, não confere com os nomes
cadastrados no AAP, uma vez que na plataforma consta
o nome do tutor indicado na capa do processo, em
muitos casos, o primeiro tutor. Optamos pelo nome do
último tutor pela observação dos conflitos em torno dos
pedidos e nomeações de tutores.
Data de Indicação da data mais antiga registrada no processo. Em
abertura muitos casos, a solicitação de tutela, o relato do

geral, o escrivão, o tesoureiro e as partes interessadas. Também atuavam nele, o contador, o


avaliador, o partidor, o oficial de justiça, o porteiro de auditório e o ajudante de escrivão. E os
documentos produzidos por ele, encontram-se no Arquivo Público do RS. E esse é o caso dos
Processos de Tutela, documentos que registram as decisões relacionadas à guarda de menores
(além de processos de Rapto de Menor, Busca e Apreensão de Menor, Licença para Casamento,
Suplemento de Idade, Exame de Sanidade e Declaração de Pobreza).
10
interessado no processo, possuí uma data anterior ao
protocolo junto ao Juízo. Utilizamos esse dado.
Data de Indicação da última data na qual constaram resoluções
encerramento vinculadas às solicitações registradas no processo. Nesse
caso, excluímos as movimentações de vistas e de
arquivamento.
Descrição Descrição de um breve resumo sobre o processo. No
campo constam informações tais como, nome, idade e
vínculos familiares do tutelado; motivos pelos quais foi
solicitada ou outorgada a tutela; manifestação da mãe
do tutelado; conclusão do processo, dentre outras
informações de relevância para uma apresentação inicial
do documento.

Cabe mencionar que o leitor encontrará diferentes nomenclaturas e


definições distintas para o nome dos documentos que compõem o processo. As
nomenclaturas de ingênuos e menores, por exemplo, podem ser compreendidas
pela presença das duas leis fundamentais que atravessaram o recorte temporal
que conduziu a seleção dos documentos, a saber, a lei do ventre livre e a lei que
aboliu a escravidão no Brasil. Em princípio, após a abolição as crianças deixaram
de ser mencionadas como ingênuos e passaram a ser denominadas de menores,
embora o termo "ingênuos" continuasse a ser utilizado em alguns registros após
1888. Também os termos de tutela receberam mais de uma denominação, termo
de tutela e juramento, termo de juramento ao tutor - há, inclusive, um caso no
qual temos o registro de termo de juramento ao curador O leitor encontrará
algumas palavras entre colchetes que foram utilizados para demarcar a
interferência gráfica de quem descreveu o verbete, ou por ausência, no
documento original de palavra significativa para o sentido da informação ou por
ilegibilidade da grafia.
Além disso, outros documentos salvaguardados no APERS, como por
exemplo aqueles constantes do Fundo do Poder Judiciário, poderão auxiliar nas
pesquisas realizadas a partir das descrições publicadas nesse catálogo. Sem
dúvida, documentos como inventários e cartas de liberdade, já utilizados pela
historiadora Melina Perussatto, indicam a possibilidade de análise para a
problemática da tutela em diálogo com a Lei do Ventre Livre, por exemplo. Desse,
sabemos que a temática da escravidão e da liberdade produz infinitas perguntas,
para além, inclusive, daquelas que justificaram a elaboração de um projeto de
descrição documental. E que assim seja. Que muitos trabalhos possam ser escritos
na tentativa de responder, a partir do uso dessa documentação, as mais variadas
questões.

Boa leitura e boas pesquisas.

11
Iª Vara de Família e
Sucessão da Comarca de
Porto Alegre

12
Acondicionador 004.6768
_______________________________________

Processo: 2631
Tutelado: Maria
Tutor: Pedro Antonio da Silva Costa
Data de abertura: 02/03/1870
Data de encerramento: 12/03/1870
Descrição: Pedro relatou que uma crioula forra de nome Felisberta, mãe de
Maria, de nove anos, e de Manoel, de sete anos, antes de falecer,
manifestou o desejo de que ele ficasse com a menina. Solicitou sua
nomeação como responsável legal da menor. Em 12/03/1870, Pedro
Antonio da Silva Costa foi nomeado tutor de Maria por meio de assinatura
de termo de juramento.

Processo: 2632
Tutelado: Maria Justina da Conceição
Tutor: José da Silva Braga
Data de Abertura: 03/01/1870
Data de Encerramento: 26/03/1870
Descrição: José relatou que a preta forra Joanna Lopes Nunes, moradora das
ilhas de fronteira da cidade, entregou-lhe sua afilhada órfã de nome Maria,
crioula de 12 anos de idade, para que a conservasse, vestisse e educasse,
uma vez que as circunstâncias não permitiam que ela o fizesse. Por desejar
permanecer com a menina, solicitou ser nomeado tutor. Em 05/01/1870,
José da Silva Braga foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de
juramento. Em 23/03/1870, a madrinha questionou a tutela. Em
26/03/1870, em termo de declaração, Maria desmentiu as alegações e a
contestação da madrinha, declarando ser muito bem tratada pela família de
seu tutor.

Processo: 2638
Tutelado: Arthur
Nome do Tutor: José Bernardino dos Santos
Data de Abertura: 20/02/1872
Data de Encerramento: 11/04/1872
Descrição: O Juízo registrou a ocorrência de maus tratos sofridos pelo órfão
de nome Arthur, de sete anos de idade, de cor parda. A responsável seria a
parda liberta de nome Dialinda Pereira da Gloria. De acordo com o relato,
Arthur foi encontrado na casa de Dialinda, amarrado com uma corda ao pé
da cama, a boca em miserável estado de queimadura, além de outros sinais
de castigo corporais. A autoridade teria recolhido o menor para tratá-lo e
dar prosseguimento ao exame e auto de corpo de delito, a fim de instaurar
processo contra a referida parda, além de nomear um tutor que assegurasse
sua educação e encaminhasse o órfão para a classe dos menores do Arsenal

13
de Guerra. Foi Indicado como tutor, Pedro Antônio da Silva Costa, que não
aceitou o cargo. Em 11/04/1872, foi indicado José Bernardino dos Santos
para prestar juramento de tutoria.

Processo: 2642
Tutelado: Antonio
Tutor: Claudio Jose Monteiro
Data de Abertura: 03/11/1873
Data de Encerramento: 03/03/1893
Descrição: Claudio informou que o menor de nome Antonio, liberto, de cor
preta, sem pai e sem mãe, achava-se abandonado, após ter sido castigado e
mandado embora pela pessoa que o tinha em seu poder. Desta forma,
solicitou a nomeação de um tutor para o referido menor. Em 05/11/1878,
Claudio Jose Monteiro foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo
de juramento. No ano de 1893, Claudio informou que o menor já tinha mais
de 25 anos e que se encontrava em lugar desconhecido.

Processo: 2644
Tutelado: Vasco
Tutor: João do Prado Jacques
Data de Abertura: 25/06/1874
Data de Encerramento: 16/06/1882
Descrição: Antonio José da Silva Porto, testamenteiro, relatou que o finado
Luis Pereira da Silva deixou em seu testamento uma casinha no Beco do
Império para um pardinho de nome Vasco e para sua mãe Joaquina. Com o
objetivo de prestar conta a respeito do testamento, solicitou que fosse
nomeado um tutor para o menor mulatinho. Em 02/07/1874, João do Prado
Jacques foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de juramento.
Em 16/06/1882, foi anexada a documentação referente à prestação de
contas.

Processo: 2646
Tutelado: Maria/Josepha, Felippa e Felippo
Tutor: Clemente Francisco dos Santos Pinto
Data de Abertura: 29/10/1878
Data de Encerramento: 16/12/1878
Descrição: Clemente Francisco dos Santos Pinto, senhor da preta Quiteria,
relatou que concedeu a liberdade aos três filhos da escrava no ano de 1870
ou 1871 pela quantia de duzentos mil reis do fundo da sociedade Partenon
Literário. As crianças foram deixadas ao finado Caldre Fião e depois do seu
falecimento, ficaram em poder da viúva Maria Isabel Caldre Fião, que ao
retirar-se para fora da província, entregou os referidos menores para
diversas pessoas. Desta forma, solicitou que fosse nomeado tutor das
crianças. Em 05/12/1878, Maria Isabel declarou, observando os autos de
tutela requerida por Clemente, em favor de Josepha, Filippa e Filippe, que

14
não tinha fundamento e nem seria justa a pretensão de Santos Pinto de
querer retirar da sua companhia os referidos menores, sob o pretexto de
que não podiam ser separados da companhia da mãe. De acordo com ela,
esses menores foram libertos pelos esforços de seu marido, via Sociedade
Parthenon Literário, da qual Caldre Fião era o Presidente. A declarante
afirmou que após a entrega das cartas de liberdade, as crianças ficaram sob
a proteção de sua família, responsável pela sua criação, educação e bem-
estar, missão que seu marido desempenhou com zelo, a fim de cumprir o
compromisso contraído com a filantrópica sociedade e em razão de seus
sentimentos humanitários, espírito caridoso, e por não ter filhos, sendo os
libertos objetos de sua afeição. Maria seguiu relatando os motivos pelos
quais os menores estavam na companhia de outras pessoas, destacando,
além disso, que ao serem libertos, Clemente não manifestou preocupação
em separá-los da mãe. Sobre sua saída da província, relatou que foi uma
ausência saída temporária e que deixou os menores sob a responsabilidade
de seu procurador. Em 11/12/1878 Clemente Francisco dos Santos Pinto foi
nomeado tutor dos menores por meio de assinatura de termo de juramento.
Em 11/12/1878, Clemente solicitou que Maria Izabel fosse intimada para
informar onde estava Felippa, uma vez que o destino da menor era
desconhecido. Em 12/12/1878, foi expedido mandado para citar responsável
em cujo poder se achariam os menores Josepha, Felippa e Felippo e para
entregá-los a Clemente. Em 16/12/1878, Clemente declarou que Josepha e
Felippe foram entregues e estavam em sua companhia. Informou ainda que
a menor Felippa foi entregue por Isabel a Antonio Espinola Ramos, ex-
capataz do seu falecido marido, e que estava na comarca de São Leopoldo.
Solicitou que fosse emitida carta precatória para a autoridade competente
pela busca e entrega da menor. No mesmo dia foi repassada carta
precatória.

Processo: 2653
Tutelado: Paulino
Tutor: Graciano de Azambuja Cidade
Data de Abertura: 18/09/1876
Data de Encerramento: 22/11/1876
Descrição: o capitão José Salustiano Fernandes dos Reis relatou que gostaria
de desistir do direito que tinha aos serviços, pelo tempo da lei, do menor
Paulino, de três anos, filho de sua escrava de nome Lourença. Solicitou que
fosse tomado termo de desistência e nomeado um tutor. Em 22/11/1876,
Graciano de Azambuja Cidade foi nomeado tutor por meio de assinatura de
termo de juramento.

Processo: 2658
Tutelado: Anízio
Tutor: Pedro Lopes Ribeiro
Data de Abertura: 10/09/1877
Data de Encerramento: 23/01/1879
15
Descrição: José Martins de Lima relatou que o pardinho Anizio, de dez anos,
teria recebido, no dia seis do corrente mês, sua carta de liberdade e, por
isso, precisaria que lhe fosse designado um tutor. Em 18/09/1877, José
Martins de Lima foi nomeado tutor por meio de termo de juramento. Em
26/12/1878, José faleceu. Em 23/01/1879, Pedro Lopes Ribeiro foi nomeado
tutor por meio de assinatura de termo de juramento.

Processo: 2662
Tutelado: Emilia
Tutor: Luiz Manoel de Azevedo
Data de Abertura: 06/12/1877
Data de Encerramento: 26/07/1880
Descrição: Luiz Manoel de Azevedo relatou que, desde o princípio de junho
do corrente ano, estava em sua casa uma crioulinha, de dez anos, livre e órfã
de pai e mãe, que lhe foi entregue por uma preta também livre que dizia ser
sua madrinha. Desde então, o suplicante alimentava e vestia a menor em
troca de alguma coisa que teria ela condições de fazer. Segundo ele,
entretanto, a referida preta apareceu com exigências de pagamento de
jornais. Declarou disposição em conservar em sua casa a menor livre e
pagar-lhe algum jornal correspondente aos serviços que por ventura
pudesse prestar, deduzindo desse jornal as despesas com vestuário e outras
que fossem necessárias para sua manutenção. Em 18/12/1877, Luiz Manoel
foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de juramento. Em
26/07/1880, Luiz Manoel solicitou a dispensa do cargo de tutor, uma vez que
Emilia se ausentou de sua casa e que ele desconhecia o paradeiro da
menina.

Processo: 2664
Tutelado: Maria
Tutor: Manoel Antonio Ferreira
Data de Abertura: 07/02/1878
Data de Encerramento: 08/02/1878
Descrição: Manoel relatou que tinha em seu poder a crioula Maria, de cinco
anos, que lhe foi entregue por sua falecida mãe, Ignácia Josefa de Jesus,
também crioula, para que ele fosse responsável pela educação da menor.
Solicitou que fosse designado tutor. Em 08/02/1978, Manuel Antonio
Ferreira foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de juramento.

Processo: 2670
Tutelado: Rosa Baptista
Tutor: Israel Francisco Baptista
Data de Abertura: 16/03/1878
Data de Encerramento: 09/01/1882
Descrição: o comendador José Baptista Suares da Silveira Souza,
testamenteiro do seu finado tio João Baptista da Silveira e Souza, relatou

16
que necessitava apresentar a quitação do legado de uma casa deixada para
Rosa Baptista, de 18 anos, escrava do dito finado. Como ela não poderia
obter a quitação sem um tutor, por ser menor de idade, solicitou que lhe
fosse designado como tutor, Israel Francisco Baptista. Em 18/03/1878, Israel
Francisco Baptista foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de
juramento. A documentação a respeito de melhorias que deveriam ser feitas
na propriedade e de prestação de contas foram anexadas ao processo. Em
23/06/1881 Rosa Baptista se casou com Olympio Pinto de Azevedo. Em
09/01/1882, Olympio manifestou o desejo de quitação de contas ao seu
cunhado e ex-tutor de Rosa, Israel Baptista. No mesmo dia, Israel
compareceu ao cartório para dar plena e geral quitação do legado recebido
por Rosa.

Processo: 2671
Tutelado: Emilia
Tutor: João Guedes Pinto
Data de Abertura: 02/07/1878
Data de Encerramento: 23/07/1878
Descrição: João requereu que fosse nomeado tutor da menor Emilia, nascida
no ano de 1863, filha natural de Justina, escrava de herança da finada Anna
Silveira dos Santos. Em 23/07/1878, João Guedes Pinto foi nomeado tutor
por meio de assinatura de termo de juramento.

Processo: 2672
Tutelado: Honória Maria da Conceição
Tutor: Pedro Jobim Porto
Data de Abertura: 07/12/1878
Data de Encerramento: 12/12/1878
Descrição: De acordo com José de Magalhães, faleceu envenenado o pardo
de nome Belisario. Afirmou que dias antes do falecimento, depois de ter
tomado veneno, Belisario declarou ter uma filha de nome Honória Maria da
Conceição, que se achava em poder de sua madrinha, a preta de nome
Felisberta. Ele teria pedido a José que cuidasse dela, visto que ficaria órfã de
pai e mãe. Após empregar os meios necessários para descobrir a órfã,
conseguiu que fosse entregue por sua madrinha. Entretanto, ela estava com
uma moléstia contagiosa e podia passá-la a outras crianças, por isso, foi
encaminhada para sua irmã, para que com ela ficasse até melhorar. José
providenciou medicamentos e alimentação. Segundo ele, após sua
recuperação, no entanto, sua madrinha, que vive sendo alugada, não quis
entregá-la. Por isso, solicitou que fosse designado tutor da menor. Em
10/12/1978, em termo de declaração, Felisberta disse não concordar com a
pretensão do suplicante. Declarou a amizade que tem por Honória, sua
afilhada de batismo, criada por ela desde tenra idade, estando em seu poder
logo após o falecimento de sua mãe. Quanto ao fato alegado por Pedro de
estar ela alugada, disse ser verdadeiro, mas que isso não seria motivo para a
menina ser tirada da casa do senhor Antonio Manoel Fernandes, pessoa de
17
todo o respeito. Acrescentou que o genro dele, senhor Pedro Jobim Ferreira
Porto, ofereceu-se para tomar a si a tutoria da menor, promovendo a sua
educação e bem-estar. Em 12/12/1978, Pedro Jobim Ferreira Porto foi
nomeado tutor por meio de termo de assinatura de termo de juramento.

Processo: 2683
Tutelado: Clemencia
Tutor: Manoel José de Campos
Data de Abertura: 08/04/1880
Data de Encerramento: 10/04/1880
Descrição: Manoel, casado com Marianna Clara Bittencurt de Campos por
contrato antenupcial e com a cláusula de cada um gerir os seus bens, relatou
que sua esposa vendeu uma escrava de nome Marianna com inclusão de
serviço de menor ingênuo. Em poder de Manoel, entretanto, teria ficado a
menor de nome Clemencia, de três anos. Por isso, requereu que fosse
nomeado tutor da menor, liberando-a de serviços e tornando-a livre desde
esse momento. Em 10/04/1880, Manoel José de Campos foi nomeado tutor
por meio de assinatura de termo de juramento.

Processo: 2685
Tutelado: Florencia
Tutor: Francisco Pereira da Silva Lisbôa
Data de Abertura: 09/11/1880
Data de Encerramento: 11/11/1880
Descrição: Francisco declarou que contratou a preta liberta Francisca para
prestar serviço doméstico. Afirmou que ela levou consigo uma menor de 10
anos de nome Florencia. Francisco solicitou que fosse nomeado responsável,
uma vez que a mãe era pobre e a menina não tinha tutor. Em 11/11/1880,
Francisco Pereira da Silva Lisbôa foi nomeado tutor por meio de assinatura
de termo de juramento.

Processo: 2687
Tutelado: Vitória
Tutor: Germano Martins da Cunha
Data de Abertura: 13/08/1880
Data de Encerramento: 16/08/1880
Descrição: Germano relatou que contraiu matrimônio com Maria Joaquina
Pilar Jacques, com quem encontrava-se a menor de nome Victoria, de doze
anos, filha de uma escrava de nome Rosa, a quem ele concedeu liberdade.
Não havendo o casal filhos e estimando a dita menor, solicitou que fosse
nomeado responsável legal de Vitoria. Em 16/08/1880, Germano Martins da
Cunha foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de juramento.

18
Processo: 2691
Tutelado: Marcelina
Tutor: José Landell
Data de abertura: 09/06/1881
Data de encerramento: 10/06/1881
Descrição: José relatou que estava em sua companhia há muito tempo a
menor Marcelina, de quatorze anos, preta, órfã de pai e mãe, a quem ele
havia criado e educado. Por isso, solicitou que fosse nomeado responsável
legal de Marcelina. Em 10/06/1881, José Landell foi nomeado tutor por meio
de assinatura de termo de juramento.

Acondicionador 004.6769
__________________________________________

Processo: 2703
Tutelado: Fernando
Nome do Tutor: Manoel Ferreira Porto de Carvalho
Data de abertura: 27/02/1882
Data de encerramento: 20/10/1883
Descrição: Manoel declarou ser padrinho de batismo do crioulo Fernando,
de doze anos, filho da preta Bárbara, liberta e ex-escrava de Dona Maria do
Carmo Ferreira Porto. De acordo com ele, o menino lhe foi entregue, para
que cuidasse de sua educação, quando tinha a idade de seis anos. O menino,
agora mais velho, estaria sendo desencaminhado e teria fugido de sua
companhia. Na data de 02/03/1882, Manoel Ferreira Porto de Carvalho foi
nomeado tutor. Em 06/09/1883, solicitou que fosse nomeada outra pessoa
para o cargo de tutor, tendo em vista o mau comportamento do tutelado e a
permanência do menor na companhia de Bárbara, sem o seu
consentimento. Em 12/10/1883 o Juízo solicitou a intimação do tutor, para
que apresentasse os motivos pelos quais requereu sua exoneração do cargo
de tutor. Em 13/10/1883, Manoel foi citado. Em 17/10/1883, ele explicou ao
Juízo que Fernando manifestou mau comportamento e que havia se retirado
para a casa de sua mãe, onde se achava atualmente, sem seu
consentimento. Em 20/10/1883, Manoel Ferreira foi citado novamente.

Processo: 2704
Tutelado: Lei
Tutor: Antonio Pereira Salgado
Data de abertura: 28/01/1882
Data de encerramento: 14/02/1882
Descrição: o Major Antônio relatou que estava em seu poder uma criança
chamada Lei, de cinco anos de idade, filha de sua ex-escrava Maria
Napunucena. Informou que Maria, naquele momento, era escrava de
Joaquina dos Santos Falcão, que havia desistido dos serviços de Lei. Dessa

19
forma, e conforme a legislação vigente, a menina ficou inteiramente livre.
Antônio Pereira, em 28/01/1882, indicou como tutor Florencio da Silva
Camara, uma vez que não se considerava apto, na qualidade de militar em
serviço, para ser investido no cargo. No entanto, em 14/02/1882, o major
Antonio Pereira Salgado foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo
de juramento ao tutor.

Processo: 2706
Tutelado: Plinio, Maria da Conceição e Laura
Tutor: João Evaristo da Costa
Data de abertura: 16/06/1882
Data de encerramento: 16/10/1882
Descrição: Ernesto Carneiro da Fontoura, em 16/06/1882, procurou o Juízo
de Orphãos para indicar que os filhos livres menores de sua escrava Joana, a
saber, Plinio, Maria da Conceição e Laura, ficassem sob a tutoria de seu
antigo dono, João Evaristo da costa. Solicitou que fosse dispensado das
obrigações que por lei (artigo 5º da Lei 2040 de 28 de setembro de 1871) lhe
seriam impostas, uma vez que João e sua esposa faziam questão de
permanecer com os menores. O parecer foi desfavorável à solicitação, tendo
em vista que a legislação vigente era incisiva quanto a obrigação do senhor
de escravos ser o responsável pelos filhos livres do escravizado, até a idade
de doze anos, tendo eles de permanecer na companhia da mãe, com direito
de serem criados e tratados pelo proprietário de sua progenitora. No
entanto, em 16/10/1882, foi concluído que a Lei permitia que os senhores
renunciassem, mediante indenização pecuniária, aos serviços dos filhos
menores de suas escravas. Nessas condições, os menores tinham o direito a
tutoria e, por isso, foi nomeado como tutor, na forma requerida, João
Evaristo da Costa.

Processo: 2708
Tutelado: Julia e Captulina
Tutor: Manoel José Gonsalves
Data de abertura: 16/06/1882
Data de encerramento: 14/07/1882
Descrição: Manoel recorreu ao Juiz de órfãos para solicitar que fosse
nomeado tutor das filhas da escrava Florisbella, Julia e Captulina, vendida
para Ernesto Carneiro da Fontoura. Por conta da lei 2040 de 1851, as
meninas deveriam, ainda que livres, ficar sobre a responsabilidade do
comprador até completarem 12 anos. No entanto, por conta da estima que
sua esposa dedicava a elas, solicitou sua nomeação como tutor, para que
elas permanecessem na companhia de sua família. Em 08/07/1882, o pedido
de Manoel foi negado, devido as previsões da lei atentas à obrigação de que
os filhos de escravas que tivessem idade inferior a doze anos, deveriam
permanecer na companhia de suas mães, sendo responsáveis por eles, o
proprietário da escrava. No dia 10/07/1882, foi registrado no processo,
informações referentes ao artigo 2° da Lei 2040 e ao artigo 6° do Decreto
20
5135, que previam a possibilidade de autorização da mãe escrava para a
concessão de tutoria das filhas. Dessa forma, em 14/07/1882, Manoel José
Gonsalves foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de juramento
ao tutor.

Processo: 2709
Tutelado: Rosalina
Tutor: Carlos Augusto Pereira da Cunha
Data de abertura: 15/01/1883
Data de encerramento: 15/01/1883
Descrição: Chegou ao conhecimento do Juízo que Rosalina, filha da preta
Eva, estava sem tutor. Carlos foi indicado para ocupar o cargo e foi
notificado para prestar juramento. No entanto, em 15/01/1883, Augusto
Pereira da Cunha foi nomeado tutor por meio de assinatura de termos de
juramento ao tutor.

Processo: 2714
Tutelado: Izabel
Tutor: Manoel Ignacio Rodrigues
Data de abertura: 02/07/1883
Data de encerramento: 10/07/1883
Descrição: A parda Castorina da Silva, mãe de Izabel, alegou viver de aluguel
e não ter condições de ter a filha junto de si. Solicitou a nomeação de um
tutor que pudesse cuidar da educação da menor. Foi nomeado Manoel
Ignacio Rodrigues para ocupar o cargo. No dia 10/07/1883, Manoel assinou
o termo de juramento ao tutor.

Processo: 2717
Tutelado: Maria
Tutor: Francisco Antônio Vieira Caldas
Data de abertura: 14/11/1883
Data de encerramento: 23/11/1883
Descrição: Ernestina relatou que vivia de seus trabalhos domésticos com
muito sacrifício e que pagou a quantia de 500$000 à Rita Bernardina de
Amorim pela liberdade de sua afilhada Maria, de quem cuidava desde os seis
anos de idade. Por desejar vê-la bem amparada e em casa de família
honesta, solicitou que lhe fosse nomeado um tutor. Em 15/11/1883,
Francisco Antônio foi nomeado tutor de Maria por meio de assinatura de
termo de juramento ao tutor. Em 19/11/1883 Francisco recorreu ao Juiz de
órfãos e informou que Maria seguiu para a cidade de Jaguarão na
companhia do tenente Carlos Augusto Pinto Pacca e sua família, sem que
fosse solicitada autorização ao Juízo, e que tal companhia se tornou
prejudicial aos interesses dela, uma vez que não estava sendo oferecido a
ela educação, salário e nem vestuário descente. Solicitou ao Juiz de órfãos
que encaminhasse uma carta precatória ao Juiz de órfãos de Jaguarão a fim

21
de mandar intimar o tenente Pacca para devolver a menor ao poder do
tutor. Em 23/11/1883, a carta precatória foi encaminhada à cidade de
Jaguarão.

Processo: 2721
Tutelado: Procópio
Tutor: Clarimundo de Almeida Santos
Data de abertura: 31/12/1884
Data de encerramento: 12/01/1885
Descrição: Fructuoso José relatou que recolheu, por ordem do Delegado de
Polícia, a preta Joana, que se achava alheia, ao hospício. Com ela, estaria o
filho menor de nome Procópio. Em 02/01/1885 foi nomeado Luiz Leivas para
o cargo de tutor. No mesmo dia, ocorreu a outra nomeação. Clarimundo de
Almeida Santos foi intimado para servir de tutor do menor. Em 12/01/1885,
Clarimundo assinou o termo de juramento ao tutor.

Processo: 2723
Tutelado: Joaquim, preto
Tutor: José Pedro Goeres
Data de abertura: 21/08/1884
Data de encerramento: 22/09/1884
Descrição: José Pedro, mestre relojoeiro, relatou que tinha em sua
companhia um menor liberto de nome Joaquim, preto, dez anos, filho de pai
incógnito e da preta Narcisa, ao qual estava ensinando o ofício de sua
profissão. Solicitou que fosse nomeado tutor do menor para que pudesse
continuar a educá-lo , ensinando-o a ler, escrever e contar e colocá-lo em
soldado quando tivesse idade para isso. Em 21/08/1884, José Pedro foi
nomeado tutor por meio de assinatura de termo de juramento ao tutor. Em
01/09/1884, Narcisa Maria Nunes relatou que João José Marques Rodrigues
havia pedido a José Joaquim para libertar ela e seu filho, ambos presos na
cadeia civil desta cidade. O conflito também envolveu Victor Bernardes da
Silva, Francisco Ferreira Barbosa e José Pedro, por conta do pagamento de
valores referentes às taxas para efetivação da soltura e por conta de seu
filho Joaquim. A nomeação do tutor teria sido um ato de vingança. Em
02/09/1884, José Pedro Goeres, que recebeu uma notificação sobre uma
representação de Narcisa contra sua nomeação como tutor, apresentou
defesa. Em 09/09/1884, José Pedro relatou que Narcisa levou o filho consigo
e solicitou mandado de apreensão para que o menor voltasse para a
companhia dele. Em 09/09/1884, foi expedido o mandado. Em 12/09/1884,
Narcisa solicitou que fosse nomeado outro tutor. Em 20/09/1884, o parecer
previu a destituição do tutor e em 22/09/1884, foi solicitado a indicação de
outro nome para a tutoria.

Processo: 2726
Tutelado: Rita
22
Tutor: Manoel Candido de Campos
Data de abertura: 31/05/1884
Data de encerramento: 05/06/1884
Descrição: Manoel relatou ao Juiz de órfãos que Rita, crioula, dezesseis anos,
encontrava-se na sua casa desde pequena até a presente data. Por isso,
solicitou ser investido no cargo de tutor, uma vez que possuía as condições
para proteger e cuidar do bem-estar da menor. Em 05/06/1884, Manoel
Candido de Campos foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de
juramento ao tutor.

Processo: 2728
Tutelado: Tolentina
Tutor: Firmiano Antonio de Araujo
Data de abertura: 18/03/1884
Data de encerramento: 18/03/1884
Descrição: Feliciano Joaquim de Bosmam registrou a consideração pelo
interesse de Firmiano em assumir o cargo de tutor de Tolentina, filha de
Leonida, sua escrava. De acordo com ele, a escrava Leonida estava alugada
para Firmiano e que ele possuía condições para educar e amparar a menor
em seu futuro. Por isso, solicitou que fosse nomeado tutor. Em 18/03/1884,
Feliciano assinou o termo de cessão, no qual desistia dos serviços a que
tinha direito da ingênua Tolentina, a fim de que a ela fosse destinado um
tutor. Em 18/03/1884, Firmiano Antonio de Araujo foi nomeado tutor por
meio de assinatura de termo de juramento ao tutor.

Processo: 2735
Tutelado: Luiza
Tutor: Zeferino Freitas de Oliveira Pradel
Data de abertura: 01/09/1885
Data de encerramento: 01/09/1885
Descrição: A liberta Maria Magdalena de Almeida declarou não poder cuidar
da subsistência e promover educação necessária para sua filha Luiza, de
treze anos, devido à extrema pobreza em que vivia. Por isso, solicitou que
fosse nomeado um tutor para a menor. Indicou o nome de Zeferino Freitas
de Oliveira Pradel, pessoa idônea conforme exigências da lei. Em
01/09/1885, Zeferino foi nomeado tutor por meio de termo de juramento ao
tutor.

Processo: 2736
Tutelado: Maria
Tutor: Francisco José Carvalho Freitas
Data de abertura: 09/12/1885
Data de encerramento: 11/12/1885
Descrição: Maria José de Carvalho Freitas relatou que libertou, em
condições de prestação de serviço, a crioula menor de nome Maria, que
23
estava naquele momento interessada em um inventário em Santo Antonio
da Patrulha. Para isso, apontou a necessidade de que fosse representada.
Solicitou a nomeação de um tutor. Em 11/12/1885, Francisco José Carvalho
Freitas foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de juramento ao
tutor.

Processo: 2737
Tutelado: Victorino, Sabino e Anna
Tutor: João Antunes da Cunha Netto
Data de abertura: 08/02/1886
Data de encerramento: 08/02/1886
Descrição: Josefa Francisca da Silva, viúva do Capitão Manoel da Silva
Machado, declarou que estava em sua companhia os crioulinhos Victorino,
Sabino e Anna – dez, oito e seis anos respectivamente —, todos filhos da ex-
escrava e contratada Maria Magdalena. Segundo Josefa, Magdalena deixou
sua casa. Devido ao afeto que teria pelos crioulinhos, por querer protegê-los,
dando-lhes o necessário sustento, vestuário e educação, o que não poderia
fazer a mãe dos menores por falta de recursos e por já ter consigo outros
três filhos, ela sugeriu o nome de seu genro para a tutoria das crianças. Em
08/02/1886, João Antunes da Cunha Netto foi nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de juramento ao tutor.

Processo: 2742
Tutelado: Adelina
Tutor: Antonio Pedro Caminha
Data de abertura: 28/06/1886
Data de encerramento: 28/06/1886
Descrição: Antônio solicitou ser nomeado responsável da menina Adelina,
de oito anos, que estaria na casa de Maria Ignes. A menor era filha da parda
Corina, que morava na cidade de Pelotas e que teria lhe encarregado de
receber sua filha e fazê-la seguir para Pelotas, a fim de que retornasse à
companhia da mãe. Em 28/06/1886, Antonio Pedro Caminha foi nomeado
tutor por meio de assinatura de termo de juramento ao tutor.

Processo: 2744 (133)


Tutelado: João, Alfredo e Eva
Tutor: Irineu Francisco de Sousa e Silva
Data de abertura: 17/08/1886
Data de encerramento: 19/08/1886
Descrição: Irineu relatou que, há anos, Angelico Fraga, curador do
interditado Antero Fraga, encarregou-lhe de manter nessa cidade uma
escrava de nome Eva, a qual esteve sempre alugada. Eva era mãe de três
ingênuos e há meses teria falecido. Dessa forma, Irineu declarou o interesse
em ser o responsável dos menores. Em 19/08/1886, foi nomeado tutor por
meio de assinatura de termo de juramento ao tutor.

24
Processo: 2745
Tutelado: João, Joaquim, Luciana e Manoela
Tutor: Pedro Luiz Barth
Data de abertura: 05/11/1886
Data de encerramento: 05/11/1886
Descrição: Pedro relatou que estava na sua companhia, desde muito tempo,
o menor de nome João, filho da preta Narcisa, que, por ordem de habeas
corpus, foi solta da cadeia civil desta cidade. Pedro manifestou interesse em
ser tutor de João, de nove anos, e dos outros filhos da mesma preta,
Joaquim, de doze anos, Luciana, de oito anos, e Manoela, de três anos. Em
05/11/1886, Pedro Luiz Barth foi nomeado tutor por meio de assinatura de
termo de juramento ao tutor.

Processo: 2746
Tutelado: Antonio
Tutor: Jeronymo dos Santos Paiva
Data de abertura: 23/11/1886
Data de encerramento: 25/11/1886
Descrição: Jeronymo relatou que Antonio, de doze anos, esteve na
companhia de sua família por mais de oito anos, que estava matriculado em
aulas públicas e que agora estava sendo desencaminhado por sua mãe,
vagando maltrapilho pelo bairro da Azenha. Declarou que Maria,
progenitora do menor e liberta, vivia sem moralidade e desregradamente.
Solicitou que fosse nomeado tutor de Antonio. Em 25/11/1886, Jeronymo
dos Santos Paiva foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de
juramento ao tutor.

Processo: 2747
Tutelado: Luciana
Tutor: Albino Pereira Pinto
Data de abertura: 21/12/1886
Data de encerramento: 22/12/1886
Descrição: Albino relatou que Luciana necessitava de tutor, tendo em vista a
condição de miséria na qual vivia sua mãe, a liberta Narcisa, e por ser órfã de
pai. Ainda relatou que a menor vivia na companhia de Josephina Leopoldina
Loureiro, por quem era devidamente tratada. Em 22/12/1886, Albino foi
nomeado tutor por meio de assinatura de termo de juramento ao tutor.

Processo: 2750
Tutelado: Eliseo
Tutor: João Carlos Ozorio Bordini
Data de abertura: 14/01/1887
Data de encerramento: 15/01/1887

25
Descrição: João requereu ser o responsável de Eliseo, de doze anos, filho da
preta liberta Elisa, contratada da avó de sua esposa. Em 15/01/1887, João
Carlos Ozorio Bordini foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de
juramento ao tutor.

Processo: 2751
Tutelado: Maria
Tutor: João Thomaz de Souza Machado
Data de abertura: 27/06/1887
Data de encerramento: 27/06/1887
Descrição: João relatou que a crioula Maria, de seis anos, filha da falecida
Maria Antonia, estava na companhia de sua sogra Maria de Quadros
Martins, a qual faleceu e que ele e sua esposa seriam padrinhos da menina.
Por esse motivo, solicitou que fosse o responsável legal de Maria para lhe
prover educação e meios de subsistência. Em 27/06/1887, João Thomaz foi
nomeado tutor por meio de termo de juramento ao tutor. No mesmo dia, o
tutor solicitou a expedição de mandato para que a menor lhe fosse
entregue. O mandato foi expedido.

Processo: 2752
Tutelado: Matheus, Emílio e Carlos
Tutor: João Caetano Ferraz
Data de abertura: 14/03/1884
Data de encerramento: 16/03/1884
Descrição: João relatou que comprou a escrava Geralda, de cor preta, de 33
anos de idade, acompanhada de seus filhos Matheus, Emilio e Carlos com
idades de doze, dez e sete anos respectivamente. Para Geralda foi concedida
carta de liberdade com a condição de prestação de serviço por sete anos a
Henriqueta Carolina da Silva Ferraz, filha de João Caetano. João solicitou ser
o responsável legal dos filhos de Geralda. Em 16/03/1884, João Caetano
Ferraz foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de juramento.

Processo: 2758
Tutelado: Francisco
Tutor: Antonio Alves Rolim
Data de abertura: 26/10/1887
Data de encerramento: 29/10/1887
Descrição: Antonio relatou que criou o menor Francisco, filho da contratada
Carolina, ex-escrava de Franklim Gonçalves Ferrugem. Posteriormente,
transferiu os serviços da contratada à Dona Antônia. Entretanto, de acordo
com ele, Carolina gostaria que seu filho permanecesse na companhia dele.
Antonio solicitou que fosse legalmente o responsável do menino. Em
29/10/1887, Antônio Alves Rolim foi nomeado tutor por meio de assinatura
de termo de juramento ao tutor.

26
Processo: 2761
Tutelado: Olympio e Reinaldo
Tutor: Alexandre Ignácio da Silveira
Data de abertura: 25/05/1888
Data de encerramento: 25/05/1888
Descrição: o Capitão Alexandre relatou que os menores Olympio, de dez
anos, filho natural de Gabriela, que foi sua escrava, e Reinaldo, também de
dez anos, filhos de pais desconhecidos, estão em sua companhia. Alexandre
gostaria de criá-los e educá-los com autoridade legal. Em 25/05/1888,
Alexandre Ignácio da Silveira foi nomeado tutor por meio de assinatura de
termo de juramento ao tutor.

Processo: 2762
Tutelado: João e Brasiliano
Tutor: Antonio Manoel Gonsalves Pires
Data de abertura: 21/05/1888
Data de encerramento: 22/05/1888
Descrição: Antonio relatou que estavam em sua companhia dois menores,
de nome João e Brasiliano, filhos de sua ex-escrava Sinphorosa, e que
desejava de ser o responsável legal das crianças para criá-las e educá-las até
a maioridade. Em 22/05/1888, Antonio Manoel Gonsalves foi nomeado tutor
por meio de assinatura de termo de juramento ao tutor.

Processo: 2763
Tutelado: Capiano, João, José, Manoel, Capitulina, Maria Bertulina e
Theodoro
Tutor: Francisco Antônio Pereira
Data de abertura: 17/05/1888
Data de encerramento: 27/08/1888
Descrição: Francisco relatou que estavam na companhia de sua família, sua
ex-escrava Jacintha e seus filhos: Capiano, João, José, Manoel, Capitulina,
Maria Bertulina e Theodoro. Também declarou o desejo de ser responsável
pelos menores. Em 27/08/1888, Francisco Antônio Pereira foi nomeado
tutor dos menores por meio de assinatura de termo de juramento ao tutor.

Processo: 2766
Tutelado: Carolina
Tutor: Antonio Carlos Ferreira da Silva
Data de abertura: 26/04/1888
Data de encerramento: 28/04/1888
Descrição: Antonio manifestou o interesse em ser responsável pela menor
Carolina, de três anos, filha da ex-escrava Izabel. Em 28/04/1888, Antonio
Carlos Ferreira da Silva foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo
de juramento ao tutor.

27
Processo: 2769
Tutelado: Maria do Carmo
Tutor: Francisco de Paula da Silva Rangel
Data de abertura: 05/07/1888
Data de encerramento: 07/07/1888
Descrição: Francisco requereu a tutoria de Maria do Carmo, de oito anos,
filha da ex-escrava Cantidia. Em 05/07/1888, Francisco de Paula foi nomeado
tutor da menor por meio de assinatura de termo de juramento ao tutor. Em
07/07/1888, Francisco recorreu ao Juiz, informando que Maria do Carmo foi
arrebatada de sua casa e encontrava-se na casa da preta Generosa Maria da
Conceição. Solicitou que a menor fosse apreendida e lhe fosse entregue. Na
mesma data, o Juiz de Direito de Órfãos autorizou o oficial de justiça a
apreender Maria do Carmo e entregá-la ao tutor. Ainda no mesmo dia, a
menina foi entregue a Francisco.

Processo: 2770
Tutelado: Maria, Adão, Bernardo, Felisardo e Pedro; Josefa e Venancio
Tutor: Affonso Joaquim da Silva
Data de abertura: 17/07/1888
Data de encerramento: 23/07/1888
Descrição: Affonso manifestou o desejo de cuidar dos menores Maria, Adão,
Bernardo, Felisardo, e Pedro, com idades de 11, 12, 9, 7 e 5 anos
respectivamente, filhos da preta Marcelina; e Josefa e Venancio, com idades
de 13 e 8 anos, filhos da preta Juliana, ambas suas ex-escravas. Segundo ele,
depois que a lei aboliu a escravidão no Império, as mães retiraram-se de sua
casa, levando consigo seus filhos, que estavam acostumados com o lugar.
Acossados pela fome, diversas vezes, eles retornariam e permaneceriam por
alí por alguns dias, até que novamente as mães os levassem. Afonso, que os
viu nascer e crescer, lamentou seu abandono e solicitou que fosse nomeado
tutor dos menores. Em 23/07/1888 foi nomeado tutor dos menores por
meio de assinatura de termo de juramento ao tutor.

Processo: 2771
Tutelado: Felippina
Tutor: Domingos Joaquim de Castro
Data de abertura: 08/08/1888
Data de encerramento: 14/08/1888
Descrição: Eva declarou o desejo de que a filha, Felippina, de cinco anos,
ficasse sob os cuidados de Domingos Joaquim, cidadão respeitável,
proprietário e negociante estabelecido na capital. Afirmou que o dito
cidadão aceitou o encargo. Em 14/08/1888, Domingos Joaquim de Castro foi
nomeado tutor por meio de assinatura de termo de juramento ao tutor.

28
Processo: 2772
Tutelado: Theresa, Bianca, Pedro
Tutor: Franklin José de Sousa
Data de abertura: 27/08/1888
Data de encerramento: 29/08/1888
Descrição: Franklin, fazendeiro e morador de Porto Alegre relatou que
Theresa, de treze anos, filha natural da ex-escrava Florentina; Bianca, de
nove anos, filha da ex-escrava Martha; e Pedro, de sete anos, filho de
Francelina, falecida, estavam em sua companhia e que era de seu interesse
ser responsável pela educação das meninas. Em 29/08/1888, Franklin José
de Souza foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de juramento
ao tutor.

Processo: 2773
Tutelado: Christovão
Tutor: Claudio José
Data de abertura: 20/09/1888
Data de encerramento: 21/09/1888
Descrição: Claudio manifestou o interesse em ser o responsável por
Christovão, de dez anos, filho de sua escrava chamada Damasia. Em
21/09/1888, Claudio José foi nomeado tutor por meio de assinatura de
termo de juramento ao tutor.

Processo: 2776
Tutelado: Paulino
Tutor: Francisco José Fagundes
Data de abertura: 07/12/1888
Data de encerramento: 07/12/1888
Descrição: Francisco informou que Paulino, de oito anos, filho da parda
Francisca, estava em sua companhia e que por ter amizade pelo menino e
por sua mãe, gostaria de ser nomeado tutor da criança. Em 07/12/1888,
Francisco José Fagundes foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo
de juramento ao tutor.

Processo: 2777
Tutelado: Antonieta
Tutor: João Henrique
Data de abertura: 28/03/1888
Data de encerramento: 02/04/1888
Descrição: João Henrique solicitou que fosse nomeado tutor de Antonieta,
de sete anos, filho da parda liberta Antonia. A menina foi caracterizada
como desvalida por João Henrique. . No dia 02/04/1888, João Henrique foi
nomeado ao cargo por meio de assinatura de termo de juramento ao tutor.

29
Processo: 2778
Tutelado: Camilla, Felippa, Romana
Tutor: Manoel de Oliveira Costa
Data de abertura: 20/03/1888
Data de encerramento: 21/03/1888
Descrição: Manoel relatou que as menores Camila, de oito anos, Felippa, de
sete anos, e Romana, de cinco anos, filhas de sua ex-escrava Eva, para quem
a família concedeu liberdade, foram nascidas e criadas na companhia e
cuidados de sua família; que gostaria de ser o tutor das menores não só para
continuar a cuidá-las e educá-las, como também para evitar que a mãe
daquelas menores, que não tinha domicílio certo nem meio de vida, quisesse
obrigá-las a miséria de sua vida. Em 21/03/1888, Manoel de Oliveira Costa
foi nomeado tutor por meio do termo de juramento ao tutor.

Processo: 2779
Tutelado: Joaquim
Tutor: Antonio José Rodrigues Bichinho
Data de abertura: 05/03/1888
Data de encerramento: 05/03/1888
Descrição: Antonio relatou que a parda Maria Joanna, sua ex-escrava não
possuía condições para educar, vestir e nem alimentar seu filho Joaquim, de
quatorze anos. Tampouco, poderia ampará-lo contra os desvios que tinham
aqueles que não estavam sob os cuidados e obediências paternas. Por esses
motivos, solicitou ser tutor de Joaquim. Em 05/03/1888, Antônio José
Rodrigues Bichinho foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de
juramento ao tutor.

Processo: 2782
Tutelado: Manoel
Tutor: Julio Cesar Carneiro da Fontoura
Data de abertura: 18/05/1888
Data de encerramento: 19/05/1888
Descrição: Julio relatou que Manoel nasceu em sua casa no ano de 1870 e é
filho de sua ex-escrava Joaquina, a quem concedeu a liberdade em agosto de
1884, com a condição dela servir-lhe durante cinco anos. Havendo pela lei
de 1888 cessada essa obrigação, solicitou a nomeação de tutor para o
menor. Em 19/05/1888, Julio Cesar Carneiro da Fontoura foi nomeado tutor
por meio da assinatura de termo de juramento.

30
Processo: 2783
Tutelado: Irineu e Evaristo
Nome do tutor: Manoel da Silva Oliveira Junior
Data de abertura: 26/05/1888
Data de encerramento: 29/05/1888
Descrição: Manoel relatou que nasceram na companhia de sua família duas
crianças filhas da preta Feliciana, Irineu, de cinco anos, e Evaristo, de 7 anos.
De acordo com ele, a mãe não tinha meios para educá-los e tratá-los. Sendo
assim, solicitou que fosse nomeado como responsável legal dos meninos. Em
29/05/1888, Manoel da Silva Oliveira Junior foi nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de juramento.

Processo: 2784
Tutelado: Irineu e Rita
Tutor: Rafael Tiburcio de Azevedo
Data de abertura: 01/06/1888
Data de encerramento: 02/06/1888
Descrição: Rafael relatou que Irineu e Rita, menores de dezesseis anos, eram
filhos de sua ex-escrava Lucinda e que a liberta era de muito mau
procedimento. Por essa razão, desejava tê-los sob sua responsabilidade. Em
02/06/1888, Rafael Tiburcio de Azevedo foi nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de juramento.

Processo: 2785
Tutelado: Marcelino, Maria e Vitalina
Tutor: Manoel Nunes do Nascimento
Data de abertura: 05/06/1888
Data de encerramento: 05/06/1888
Descrição: Manoel relatou que estava em sua companhia Marcelino, de
doze anos, filho de sua ex-escrava Aniceta; Maria e Vitalina, de quatorze e
doze anos, filhas de sua ex-escrava Esequieta. Manifestou o interesse de
continuar com os referidos menores, por serem crias de sua família.
Registrou que Marcelino frequentava a escola noturna e já tinha princípio de
ofício. Desta forma, solicitou que fosse o responsável legal das crianças. Em
05/06/1888, Manoel Nunes do Nascimento foi nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de juramento.

Processo: 2786
Tutelado: Gilberto
Tutor: Antonio Carneiro da Fontoura
Data de abertura: 01/06/1888
Data de encerramento: 05/06/1888
Descrição: Antonio relatou que o menor Gilberto, de sete anos, filho de sua
ex-escrava Mathilde, foi criado por sua família, recebendo educação e
cuidados. Como a mãe do menino não tinha meios para cuidá-lo e educá-lo,

31
solicitou que fosse o responsável legal da criança. Em 05/06/1888, Antonio
Carneiro da Fontoura foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de
juramento.

Processo: 2788
Tutelado: Maria, Rodolpho e Agostinho
Tutor: Arthur Dionisio Candal de Carvalho
Data de abertura: 23/04/1889
Data de encerramento: 02/05/1889
Descrição: Em 23/04/1889, foi nomeado Arthur Candal para o cargo de tutor
dos menores Maria, de sete anos; Rodolpho, de quatro anos e Agostinho, de
dezoito meses, filhos da liberta Candida, falecida. Em 26/04/1889, Arthur
Dionisio Candal de Carvalho assinou o termo de juramento ao tutor. Em
02/05/1889, Arthur solicitou ao Juízo que a quantia deixada por Candida, em
depósito na Caixa Econômica, lhe fosse entregue para que pagasse as
despesas de seu enterro e que toda a diligência fosse isenta de
emolumentos, custas e outras despesas.

Processo: 2789
Tutelado: Maria Benta
Tutor: José da Silva Mello Guimarães
Data de abertura: 12/08/1889
Data de encerramento: 20/08/1889
Descrição: José relatou que, tendo falecido a preta Marcilia, ex-escrava de
seu finado sogro, coronel João Pedro de Abreu, e deixado uma filha menor
de nome Maria Benta, gostaria de tornar-se o representante legal da
menina. Em 20/08/1889, José da Silva Mello Guimarães foi nomeado tutor
por meio de assinatura de termo de juramento.

Processo: 2790
Tutelado: José
Tutor: Antonio de Sousa Pereira
Data de abertura: 06/06/1889
Data de encerramento: 06/06/1889
Descrição: Antonio relatou que José, um menino de cor preta, filho de
Patrícia, estava em sua companhia e que desejava ensinar-lhe um ofício e
ser seu responsável legal. Em 06/06/1889, Antonio de Sousa Pereira foi
nomeado tutor por meio de assinatura de termo de juramento.

Processo: 2792
Tutelado: Alzira
Tutor: José Francisco Dias
Data de abertura: 15/04/1889
Data de encerramento: 10/09/1889

32
Descrição: O Juízo nomeou Luiz Nicolau para o cargo de tutor de Alzira, de
cinco anos, filha natural da parda Lelinda. Em 16/04/1889, Luiz Nicolau
assinou termo de juramento. Em 09/09/1889, Luiz relatou que não poderia
continuar como tutor da menor e solicitou a exoneração do cargo. Em
10/09/1889, José Francisco Dias foi nomeado tutor por meio de assinatura
de termo de juramento.

Processo: 2793
Tutelado: Domingas
Nascimento: 14 anos
Tutor: Luiz da Silveira Nunes
Data de abertura: 22/10/1889
Data de encerramento: 22/10/1889
Descrição: Luiz relatou que Domingas, de cor preta, era filha da preta de
nome Rita, ex-escrava de Maria Nunes da Silveira, e que a mãe da menina
havia manifestado o desejo de que ele fosse nomeado responsável por ela .
Em 22/10/1889, Luiz da Silva Nunes foi nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de juramento.

Processo: 2807
Tutelado: Thomazia
Tutor: Affonso Ferreira Jardim
Data de abertura: 03/02/1890
Data de encerramento: 04/02/1890
Descrição: Afonso Ferreira relatou que Thomasia, de doze anos, filha de uma
preta pobre chamada Victoria, achava-se na casa de uma alemã de nome
Elisa, que não podia dar-lhe a necessária educação. Por isso, e pela amizade
que teria pela menor, solicitou ser o responsável legal da menina. Em
14/02/1890, Affonso Ferreira Jardim foi nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de juramento.

Acondicionador 004.6770
___________________________________________

Processo: 2808
Tutelado: Estevão
Tutor: Joaquim Pereira de Macedo Couto
Data de Abertura: 23/04/1890
Data de Encerramento: 28/04/1890
Descrição: Joaquim relatou que estava em sua companhia um menor de cor
preta, de nome Estevão, de doze anos de idade mais ou menos, filho natural
de uma preta de nome de Gervazia, residente em Pedras Brancas. Segundo
ele, a mesma preta pretendia retirar o menino de sua companhia. No
entanto, ela seria pobríssima, teria muitas filhas e, por isso, não portaria as
33
condições para criá-lo de modo a torná-lo um ente útil à sociedade. Em
28/04/1890, Joaquim Pereira de Macedo Couto foi nomeado tutor por meio
de assinatura de termo de juramento.

Processo: 2815
Tutelado: Ernesto
Tutor: Marcos de Araujo
Data de Abertura: 22/07/1891
Data de Encerramento: 22/07/1891
Descrição: Marcos manifestou o interesse de que Ernesto, nascido em 1883,
filho da preta Domingas, já falecida, ficasse em sua companhia. Declarou, no
entanto, que o menor se encontrava em poder de Severino, crioulo,
morador da Rua Sete de Setembro. Conforme escritura de 11/07/1891,
Marcos reconheceu como seu filho o menor Ernesto, de cor preta, batizado
na freguesia de Rosário, sendo seus padrinhos os africanos Manoel e
Adriana. Queria reconhecê-lo para todos os efeitos legais e para que ele
tivesse todos os direitos que a lei concedia aos filhos, chamando-se,
inclusive, Ernesto Araujo. Afirmou que gostaria que o menino morasse em
sua companhia até a maioridade. Em 22/07/1891, Marcos de Araujo foi
nomeado tutor por meio de assinatura de termo de juramento.

Processo: 2820
Tutelado: Christalina
Tutor: Mariano José do Canto Filho
Data de Abertura: 08/04/1892
Data de Encerramento: 09/04/1892
Descrição: O Juízo solicitou a intimação de Mariano para prestar juramento
de tutor da menor Christalina, de cinco anos, parda, filha da preta Joana, já
falecida. Em 09/04/1892, Mariano José do Canto Filho foi nomeado tutor por
meio de assinatura de termo de juramento.

Processo: 2821
Tutelado: Maria Carolina
Tutor: Guilherme Kluve
Data de Abertura: 24/09/1892
Data de Encerramento: 24/09/1892
Descrição: Guilherme declarou o desejo de ser tutor da menor Maria
Carolina, de sete anos de idade, de cor parda e filha da falecida Isabel Reis
dos Santos. De acordo com ele, essa seria a vontade da mãe da menina,
manifestada em seus últimos momento de vida à sua irmã Lucia. Por esse
motivo, solicitou que fosse nomeado como tutor. Em 24/09/1892,
Guilherme Kluve foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de
juramento.

34
Processo: 2833
Tutelado: Maria Antonia e João
Tutor: Sabino Antônio Feliciano
Data de Abertura: 01/12/1892
Data de Encerramento: 19/12/1892
Descrição: O Juízo solicitou que Sabino fosse citado para prestar juramento
de tutor dos menores Maria Antonia, filha da preta Christina, e João, filho da
crioula Libania. Em 19/12/1892, Sabino foi nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de juramento.

Processo: 2834
Tutelado: Maria Aurora
Tutor: Matheus de Magalhães
Data de Abertura: 14/09/1892
Data de Encerramento: 15/09/1892
Descrição: Matheus, casado, solicitou sua nomeação como tutor da menor,
sua filha natural, Maria Aurora, de 9 anos de idade, de cor parda e filha da
crioula Castorina, já falecida. Em 15/09/1892, Matheus de Magalhães foi
nomeado tutor por meio de assinatura de termo de juramento.

Processo: 2835
Tutelado: Maria Aurora
Tutor: Felippe Benício de Freitas Noronha
Data de Abertura: 13/maio/1892
Data de Encerramento: 01/06/1892
Descrição: Joaquim Antonio Nunes manifestou em juízo a necessidade de
nomeação de um responsável para cuidar de Maria Aurora, de doze anos de
idade, de cor preta, órfã de pai e mãe. Solicitou que fosse nomeado tutor da
menor. Em 16/04/1892, Joaquim Antonio Nunes foi nomeado tutor por meio
de assinatura de termo de juramento. Em 30/04/1892, Fausto de Castro
informou que tinha desde poucos dias assoldadada uma órfã, de onze anos
de idade mais ou menos, de cor preta, chamada Aurora. De acordo com ele,
a menina havia sido raptada por uma preta, cujo nome foi dado a polícia
para que fossem tomadas as providências cabíveis. Acreditava que o rapto
havia sido praticado por ordem ou de acordo com o tutor recentemente
nomeado Joaquim Nunes, açougueiro, estabelecido na rua Riachuelo.
Sugeriu que o tutor e a órfão fossem chamados para que fosse verificada a
situação e as condições da casa em que Maria havia sido posta. Também
observou o disposto da lei que garantia que o órfão seja dado a quem
melhores vantagens possa assegurar ao seu presente e futuro. Em
01/06/1892, Felippe Benício de Freitas Noronha foi nomeado tutor por meio
de assinatura de termo de juramento.

35
Processo: 2836
Tutelado: Octacilio e Emma
Tutor: Joaquim José Felizardo
Data de Abertura: 17/10/1892
Data de Encerramento: 18/10/1892
Descrição: O Juízo solicitou a citação de Joaquim José Felizardo para prestar
juramento de tutor dos menores Octacílio e Emma, pardos, filhos da finada
Constança Maria da Conceição. Em 18/10/1892, Joaquim José Felizardo foi
nomeado tutor por meio de assinatura de termo de juramento.

Processo: 2844
Tutelado: Carolina
Tutor: Manoel Antonio Pacheco
Data de Abertura: 03/11/1893
Data de Encerramento: 06/11/1893
Descrição: O Juízo designou para tutor da menor Carolina, parda, com onze
anos, filha da ex-escrava Mariana, o cidadão Manoel Antonio Pacheco. Em
06/11/1893, Manoel foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de
juramento.

Processo: 2846
Tutelado: Graciana
Tutor: José Manoel da Rosa
Data de Abertura: 01/04/1893
Data de Encerramento: 02/04/1893
Descrição: José relatou que vivia em sua companhia a menor Graciana,
parda de doze anos de idade, filha de pais desconhecidos. Solicitou a
nomeação de um tutor. Em 02/04/1893, José Manoel da Rosa foi nomeado
tutor por meio de assinatura de termo de juramento.

Processo: 2847
Tutelado: Honorata
Tutor: Victorino Borges de Medeiros
Data de Abertura: 31/05/1893
Data de Encerramento: 31/05/1893
Descrição: Victorino relatou que se achava em sua casa uma criança de
nome Honorata, de cor preta, de dez anos de idade, mais ou menos, filha de
pais incógnitos. Solicitou que fosse nomeado tutor. Em 31/05/1893,
Victorino Borges de Medeiros foi nomeado tutor por meio de assinatura de
termo de juramento.

36
Processo: 2865
Tutelado: Georgina
Tutor: João Alves de Carvalho
Data de Abertura: 03/04/1895
Data de Encerramento: 05/04/1895
Descrição: O Juízo solicitou a citação de João Alves de Carvalho para prestar
juramento de tutor da menor Georgina, parda, de quatorze anos. Em
05/04/1895, João foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de
tutela e compromisso.

Processo: 2870
Tutelado: Julio
Tutor: Fernando Theodozio Gonçalves
Data de Abertura: 17/08/1895
Data de Encerramento: 20/08/1895
Descrição: Fernando relatou que fazia mais de um ano que o menor Julio,
filho da parda Idalina, estava em sua companhia. De acordo com ele, a mãe
teria entregue a criança devido ao estado de miséria em que vivia, o que a
impossibilitava de, inclusive, alimentá-lo. Declarou que, às vezes, Idalina
intervinha de modo a desviá-lo da educação que recebia. Solicitou que fosse
nomeado para o menor um tutor em condições de poder educá-lo
convenientemente. Em 17/08/1895, Fernando Theodozio Gonçalves foi
nomeado tutor por meio de assinatura de termo de compromisso ao tutor.
Em 20/08/1895, Fernando informou que Julio encontrava-se em casa de
outra família e solicitou a emissão de mandado para que o menor lhe fosse
entregue.

Processo: 2874
Tutelado: Prudencia
Tutor: Oscar Haensel
Data de Abertura: 07/03/1893
Data de Encerramento: 06/08/1895
Descrição: O Juízo solicitou a citação do tenente-coronel Joaquim da Cruz
Ferreira Soares para prestar juramento de tutor da menor Prudencia, quinze
anos, filha da preta Romana. Em 08/08/1895, Joaquim foi nomeado tutor
por meio da assinatura de termo de juramento ao tutor. Em 31/07/1895, em
razão do interesse da menor Prudência, Joaquim foi destituído do cargo em
seu lugar foi nomeado Oscar Haensel, que assinou termo de compromisso
em 06/08/1895.

37
Processo: 2875
Tutelado: Pedro
Tutor: Luiz Paulino de Carvalho e Sousa
Data de Abertura: 22/10/1875
Data de Encerramento: 06/11/1895
Descrição: Luiz relatou que estaria em sua companhia um menor de nome
Pedro, de dezesseis anos, de cor parda e de filiação desconhecida. Solicitou
que lhe fosse nomeado um tutor. Em 24/10/1875, Luiz Paulino de Carvalho e
Sousa foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de compromisso.
Em 06/11/1895, Luiz informou que o menor desapareceu de sua casa e que
estava na casa do hoteleiro na rua da Alegria; solicitou emissão de mandado
a fim de que Pedro lhe fosse entregue.

Processo: 2876
Tutelado: Rosa e Ramiro
Tutor: Olavo Ferreira
Data de Abertura: 13/07/1895
Data de Encerramento: 13/07/1895
Descrição: Olavo relatou que, durante alguns anos, trabalhou para ele a
crioula Maria Thereza Santarem, falecida em julho desse ano. Devido ao
bom comportamento daquela criada, mandou fazer-lhe o enterro com a
necessária decência e que ela, antes de falecer, pediu ao suplicante para
tomar conta de seus filhos, Rosa e Ramiro, de treze e dez anos
respectivamente, e educá-los convenientemente. Os menores, conforme
Olavo, sempre estiveram em sua companhia. Solicitou que fosse nomeado
tutor. Em 13/07/1895, Olavo Ferreira foi nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de compromisso.

Processo: 2881
Tutelado: Capitulina
Tutor: José Vicente da Silva Telles
Data de Abertura: 25/04/1896
Data de Encerramento: 27/04/1896
Descrição: O Juízo nomeou o cidadão José Vicente da Silva Telles tutor da
menor Capitulina, parda, de 14 anos. Solicitou a intimação para que fosse
lavrado termo de compromisso. Em 27/04/1896, José Vicente assinou termo
de compromisso ao tutor.

Processo: 2884
Tutelado: Eva
Tutor: Felippe Schmitt
Data de Abertura: 24/03/1896
Data de Encerramento: 24/03/1896

38
Descrição: Felippe relatou que estava na companhia de sua família a menor
Eva, de treze a quatorze anos de idade, mais ou menos, filha da finada preta
Manoela. Solicitou a tutoria da menor. Em 24/03/1896, Felippe Schmitt foi
nomeado tutor por meio de assinatura de termo de compromisso.

Processo: 2886
Tutelado: Isaura
Tutor: Manoel Antonio Machado
Data de Abertura: 17/08/1896
Data de Encerramento: 04/11/1901
Descrição: Manoel relatou que, no dia 15 do corrente mês, apareceu em sua
residência a menor de cor preta de nome Isaura, de oito a nove anos. A
menina seria órfã de pai e mãe e teria contado que abandonou a casa onde
se achava devido aos maus tratos que recebia e que possuía provas deles em
seu corpo. Em 19/08/1896, Manoel Antonio Machado foi nomeado tutor por
meio de assinatura de termo de compromisso. Em 03/10/1901, Manoel
procurou o Juiz de órfãos para solicitar que fosse exonerado do cargo de
tutor, tendo em vista o péssimo comportamento de Isaura, apesar de todas
as tentativas para afastá-la do caminho errado. Em 04/11/1901, Manoel foi
intimado para comparecer ao Juízo.

Processo: 2893
Tutelado: Rafaela
Tutor: Thomé Gonçalves Ferreira Mendes
Data de Abertura: 03/02/1896
Data de Encerramento: 07/02/1896
Descrição: Thomé relatou que desapareceu a criada parda de nome Rafaela,
de 13 a 14 anos de idade, na noite do dia 30 de janeiro. De acordo com ele, a
referida menor teria sido criada em sua casa desde seus dois ou três meses
de idade..Solicitou a tutoria da referida menor, a fim de ter mais força e
direito de procurá-la. Em 07/02/1896, Thomé Gonçalves Ferreira Mendes foi
nomeado tutor por meio de termo de compromisso.

Processo: 2897
Tutelado: Agab e Parisina
Tutor: Antonio Pinto Gomes
Data de Abertura: 20/05/1896
Data de Encerramento: 05/02/1897
Descrição: Damasia de Meneses, atualmente casada com Antonio Pinto,
relatou que tem uma filha de nome Parisina, de 18 anos; que ela estava
desde muito tempo na casa de Jose Porfirio da Costa, comerciante na vila
Taquary; que procurou a filha com a intenção de trazê-la para sua
companhia; que Jose Porfirio se opôs, detendo arbitrariamente a menor,
com fúteis alegações, como a de ser ele o tutor. Seguiu alegando que essa
tutoria não tinha valor jurídico, pois além da ser mãe dessa menor, achava-

39
se, naquele momento, em condições de dar lhe a melhor educação e outra
ocupação que não a recebida na casa de Porfírio. Solicitou que Parisina fosse
encaminhada para sua companhia. Em 05/02/1897, Antonio Pinto Gomes foi
nomeado tutor de Agab e Parisina, filhas de Damasia, por meio de assinatura
de termo de compromisso.

Processo: 3000
Tutelado: Eugênia
Tutor: Antonio Ferreira Tinoco
Data de Abertura: 14/06/1897
Data de Encerramento: 29/10/1897
Descrição: Antonio declarou que estava a serviço de sua família a menor
Eugenia, de dez anos, parda, filha natural da preta Maria Thereza, mulher de
má conduta. Solicitou que fosse nomeado tutor da menina. Em 15/06/1897,
Antonio Ferreira Tinoco foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo
de compromisso. Em 29/10/1897, Antonio relatou que não podia mais
continuar com a tutoria da menor Eugênia, uma vez que ela teria sido
arrebatada de sua casa pela mãe, sem que até hoje fosse encontrada, apesar
das diligências para esse fim empregadas pelo subintendente do 1° distrito.
Desta forma, requereu a exoneração do cargo de tutor.

Processo: 3001
Tutelado: Gonsalino
Nome do Tutor: Francisco Antonio Pereira
Data de Abertura: 12/03/1897
Data de Encerramento: 16/03/1897
Descrição: Francisco declarou que estava em sua casa uma mulher de cor
parda de nome Vicentina, mãe de um menino de nome Gonsalino, de dois
anos e sete meses. Segundo ele, Vicentina não queria criar o filho e, por isso,
o suplicante estava cuidando do menino há dois anos. Vicentina teria
deixado sua casa. Solicitou tornar-se o responsável pelo menor. Em
16/03/1897, Francisco Antonio Pereira foi nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de juramento.

Processo: 3007
Tutelado: Romana
Tutor: Raul Martins Cesar
Data de Abertura: 11/12/1897
Data de Encerramento: 11/12/1897
Descrição: Raul Martins Cesar declarou que estava em sua companhia a
menor Romana, de onze anos, de cor parda, filha natural de Christina, que
lhe entregou a menina para que cuidasse de sua educação e do seu bem
estar. Por isso, solicitou que fosse nomeado tutor. Em 11/12/1897, Raul
Martins Cesar foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de
juramento.

40
Processo: 3013
Tutelado: Julio
Tutor: Antonio Marinho Loureiro Chaves
Data de abertura: 08/03/1898
Data de encerramento: 08/03/1898
Descrição: O Juízo nomeou Antonio Marinho Loureiro Chaves tutor de Julio,
de presumíveis onze anos de idade, cor preta, órfão de pai e mãe. Em
08/03/1898, Antônio assinou termo de compromisso ao tutor.

41
IIª Vara de Família e
Sucessão da Comarca de
Porto Alegre

42
Acondicionador 004.6785
______________________________________________

Processo: 79
Tutelado: Juvenal
Tutor: Boaventura Marques da Silva
Data de Abertura: 25/05/1888
Data de Encerramento:
Descrição: Boaventura relatou que estava em sua companhia o menor de
nome Juvenal, de dois anos de idade, filho da ex-escrava Joana. Solicitou que
fosse nomeado tutor para que continuasse cuidando do menino. Em
28/05/1888, Boaventura Marques da Silva foi nomeado tutor por meio da
assinatura de termo de tutela e juramento.

Processo: 81
Tutelado: Paulina e Paulino
Tutor: Bernardo Gomes da Silva
Data de Abertura: 04/06/1888
Data de Encerramento: 10/08/1888
Descrição: Bernardo relatou que estava em sua companhia os menores
Paulina, de seis anos de idade, e Paulino, de dois anos, ambos filhos de sua
ex-escrava Rita. Solicitou que fosse nomeado tutor das crianças. Em
10/08/1888, Bernardo Gomes da Silva foi nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de tutela e juramento.

Processo: 84
Tutelado: Christina e Antonio
Tutor: Zeferino José de Fraga
Data de Abertura: 02/08/1888
Data de Encerramento:
Descrição: Zeferino informou o falecimento da preta Senhorinha Maria Rita
da Conceição, que deixou dois filhos: Christina, de treze anos de idade, e
Antonio, de oito anos de idade. De acordo com ele, as crianças estavam em
poder de Maria Malvina, que os maltratava. Solicitou que fosse nomeado
tutor dos menores. Em 03/08/1888, Zeferino José de Fraga foi nomeado
tutor por meio de assinatura de termo de tutela e juramento.

Processo: 86
Tutelado: Zacharias Fontoura
Tutor: Antonio Carneiro da Fontoura
Data de Abertura: 25/05/1888
Data de Encerramento:
Descrição: Felisberta Carneiro relatou que o menor Zacharias, filho da liberta
Manoela, sua ex-escrava, era criado por ela. Devido a lei de 13 de maio de
43
1888 e para continuar cuidando do menor, indicou o nome de Antonio
Carneiro da Fontoura para servir ao cargo de tutor. Em 28/05/1888, Antonio
foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de tutela e juramento.

Processo: 86
Tutelado: Manoel
Tutor: Apelles José Gomes
Data de Abertura: 30/05/1888
Data de Encerramento:
Descrição: O Juízo nomeou Apelles José Gomes tutor do menor de nome
Manoel, de quatorze anos, filho da liberta Bonifácia. Em 02/06/1888 foi
citado e em 04/06/1888 Apelles assinou termo de tutela e juramento.

Processo: 89
Tutelado: Julia
Tutor: Luiz Candido Ribeiro
Data de Abertura: 21/07/1888
Data de Encerramento: 23/07/1888
Descrição: Luiz declarou ser o padrinho de batismo de Julia, de quatorze
anos de idade, filha de Josepha, que foi escrava de Flora, sua sogra. De
acordo com ele, a menor estava em seu poder desde muito tempo, recebia
alimentação, vestuário e educação. Solicitou ser nomeado tutor para que
seguisse protegendo a menina. Apresentou certidão de batismo, realizado
em 1874. Em 23/07/1888, Luiz Candido Ribeiro foi nomeado tutor por meio
de assinatura de termo de tutela e juramento.

Processo: 90
Tutelado: Alfredo e Virgilio
Tutor: Justiniano Luiz de Vargas
Data de Abertura: 30/11/1888
Data de Encerramento: 03/12/1888
Descrição: Justiniano relatou que criou e que estavam em sua companhia os
ingênuos Alfredo, de nove anos de idade, filho da sua ex-escrava, a parda
Francisca; e Virgilio, de cinco anos de idade, filho da falecida preta Maria,
também sua ex-escrava. Solicitou ser nomeado tutor dos menores. Em
03/12/1888, Justiniano Luiz de Vargas foi nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de tutela e juramento.

Processo: 92
Tutelado: Vicentina
Tutor: Arthur Napoleão Ferraz Pereira
Data de Abertura: 29/10/1888
Data de Encerramento: Em 30/10/1888

44
Descrição: O Juízo nomeou Arthur Napoleão Ferraz Pereira para o cargo de
tutor da menor Vicentina, filha da parda Constancia. Na mesma data, Arthur
foi citado para prestar juramento. Em 30/10/1888, assinou termo de tutela e
juramento.

Processo: 94
Tutelado: Joaquim, Jacintha e Germana
Tutor: Fidelis Alves Ferraz
Data de Abertura: 12/06/1888
Data de Encerramento: 12/06/1888
Descrição: Fidelis afirmou ser o responsável pela criação de Joaquim,
crioulo, nascido em 23 de dezembro de 1871; Jacinta, parda, nascida em 22
de maio de 1874; e Germana, crioula, nascida em 11 de outubro de 1883.
Declarou que eram filhos da crioula Marcelina, ex-escrava, liberta por ele no
ano de 1885. Registrou que os menores estavam completamente livres em
decorrência da Lei de 13 de maio e que a mãe não tinha meios e nem
moralidade para tratá-los e educá-los. Solicitou que fosse nomeado tutor
dos menores. Em 12/06/1888, Fidelis Alves Ferraz foi nomeado tutor por
meio de assinatura de termo de tutela e juramento.

Processo: 96
Tutelado: Valladares
Tutor: Antônio da Silva Lopes
Data de Abertura: 22/08/1888
Data de Encerramento: 24/08/1888
Descrição: Antônio manifestou interesse para ocupar o cargo de tutor do
menor Valladares, de quatorze anos de idade, filho da parda Felippa. Em
24/08/1888, Antônio da Silva Lopes foi nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de tutela e juramento.

Processo: 99
Tutelado: Miguel, Lucio e Alberto
Tutor: Arsenio Gonçalves Marques
Data de Abertura: 26/06/1888
Data de Encerramento: 28/05/1890
Descrição: Arsenio relatou que os menores Miguel, de quatorze anos, Lucio,
de doze anos, e Alberto, de dez anos de idade, estavam sob seu poder e
eram filhos de sua ex-escrava Adelia. Solicitou que fosse nomeada pessoa
idônea para ocupar o cargo de tutor. Em 28/06/1888, Arsenio Gonçalves
Marques foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de tutela e
juramento. Em 28/05/1890, Arsenio requereu a exoneração do cargo de
tutor e a nomeação de outra pessoa.

45
Processo: 101
Tutelado: Bertholina, Dario, Cyrino, Lucio, Magdalena e Veridiano
Tutor: Miguel Pereira de Oliveira
Data de Abertura: 09/07/1888
Data de Encerramento: 09/07/1888
Descrição: Miguel relatou que Bertholina, Dario, Cyrino, Lucio, Magdalena e
Veridiano nasceram em sua casa, eram filhos de sua ex-escrava Engracia e
achavam-se ainda em sua companhia, necessitando de cuidados e educação.
Solicitou que fosse nomeado tutor dos menores. Em 09/07/1888, Miguel
Pereira de Oliveira foi nomeado tutor de Bertholina, Dario, Cyrino, Lucio e
Magdalena por meio de assinatura de termo de tutela e juramento.

Processo: 102
Tutelado: Maria e Ricarda
Tutor: Ventura Pinto de Oliveira
Data de Abertura: 22/09/1888
Data de Encerramento:
Descrição: Ventura relatou que Maria, de quatorze anos, e Ricarda, de dez
anos, filhas de sua ex-escrava Eufrasia, liberta no ano de 1884, viviam na
companhia de sua família desde que nasceram; que eram cuidadas pela sua
esposa, recebendo educação, vestuário e alimentação. De acordo com ele,
viviam satisfeitas. Solicitou ser nomeado tutor das menores. Em 24/09/1888,
Ventura Pinto de Oliveira foi nomeado tutor por meio de assinatura de
termo de tutela e julgamento.

Processo: 103
Tutelado: Gregório e Rita
Tutor: Antônio Victor de Sampaio Menna Barreto
Data de Abertura: 12/11/1888
Data de Encerramento: 13/11/1888
Descrição: Antônio relatou que estavam em sua companhia os ingênuos de
nome Gregorio, de doze anos de idade, filho da parda Fernanda; e Rita, de
onze anos de idade, filha da falecida Anna. De acordo com ele, Fernanda e
Ana foram suas escravas. Afirmou que os menores foram criados por ele e
que lhes estava fornecendo a necessária educação, alimentação e vestuário.
Solicitou ser nomeado tutor das crianças. Em 13/11/1888, Antônio Victor de
Sampaio Menna Barreto foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo
de tutela e juramento.

Processo: 104
Tutelado: Guilhermina
Tutor: Gustavo Biers
Data de Abertura: 05/05/1888
Data de Encerramento:

46
Descrição: Gustavo manifestou o desejo de ser tutor de Guilhermina, parda,
de treze anos de idade, filha de Maria de tal. De acordo com ele, a menor
não tinha pai, mãe e nem padrinho. Responsabilizava-se pela educação da
menina. Em 07/05/1888, foi nomeado tutor por meio de assinatura de
termo de tutela e juramento.

Processo: 105
Tutelado: Alexandre
Tutor: José Bernardino da Cunha Bittencourt
Data de Abertura: 18/05/1888
Data de Encerramento: 19/05/1888
Descrição: José declarou que até então havia sido o responsável pela
criação do pardo Alexandre, de quinze anos de idade. Manifestou o desejo
de que ele continuasse sob sua proteção, para dar-lhe a devida educação.
Solicitou que fosse nomeado tutor do menor. Em 19/05/1888, José
Bernardino da Cunha Bittencourt foi nomeado tutor por meio de assinatura
de termo de tutela e juramento.

Processo: 107
Tutelado: Alfredo
Tutor: Antônio Valente de Castro
Data de Abertura: 15/01/1889
Data de Encerramento: 16/01/1889
Descrição: Antônio declarou que criou o menor Alfredo, de doze anos de
idade, e que estaria lhe provendo educação. De acordo com ele, o menino
era filho de Joaquina, ex-escrava, falecida, e estava desvalido, sem parentes
que pudessem cuidá-lo. Solicitou que fosse nomeado tutor. Em 16/01/1889,
Antônio Valente de Castro foi nomeado tutor por meio de assinatura de
termo de tutela e juramento.

Processo: 108
Tutelado: Antonia
Tutor: João Thomas Ferreira da Silva
Data de Abertura: 16/01/1889
Data de Encerramento:
Descrição: João relatou que Antonia, de onze anos, de cor parda estava
sendo criada por sua mãe Maria Rita de Oliveira e Silva. De acordo com ele, a
menina era filha de Apolinaria, ex-escrava de sua mãe, mulher aquela que
vivia na vagabundagem e que, naquele momento, estava querendo retirar a
menor, contra sua vontade, da casa de Maria, lugar onde estava recebendo
cuidados e a necessária educação. Solicitou que fosse nomeado tutor de
Antonia, a fim de que ela continuasse na companhia em que se achava. Em
17/01/1889, João Thomas Ferreira da Silva foi nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de tutela e juramento.

47
Processo: 109
Tutelado: Izalina
Tutor: Ernesto dos Santos Paiva
Data de Abertura: 02/09/1889
Data de Encerramento: 02/09/1889
Descrição: O Juízo nomeou Ernesto dos Santos Paiva tutor da menor Izalina,
de dez anos de idade, filha natural da liberta Norberta. Em 02/09/1889,
Ernesto foi citado e assinou termo de tutela e juramento.

Processo: 112
Tutelado: Hilaria da Conceição
Tutor: João Vicente de Oliveira Guimarães
Data de Abertura: 17/10/1889
Data de Encerramento: 17/10/1889
Descrição: O Juízo nomeou João Vicente de Oliveira Guimarães tutor da
menor Hilária da Conceição, de doze anos de idade, filha da liberta Agueda
Maria da Conceição. Em 17/10/1889, João foi citado e assinou o termo de
tutela e juramento.

Processo: 114
Tutelado: Marieta
Tutor: Candido Pitta Pinheiro
Data de Abertura: 01/06/1889
Data de Encerramento: 01/06/1889
Descrição: Candido declarou que ele e sua mulher eram padrinhos de
batismo da menor Marieta, de cor parda, de oito anos de idade, filha da
preta Manoela. Afirmou que a menina foi criada em sua companhia e que
por ela sentia muito amor. Informou que a mãe da menor não tinha
condições de criá-la, instruí-la e educá-la e, por isso, solicitou ao Juízo que a
menina fosse amparada. Em 01/06/1889, Candido Pitta Pinheiro foi
nomeado tutor por meio de assinatura de termo de tutela e juramento.

Processo: 115
Tutelado: Augusta
Tutor: Joaquim Pedro Salgado
Data de Abertura: 15/06/1889
Data de Encerramento: 17/06/1889
Descrição: O Juízo nomeou Joaquim Pedro Salgado tutor da menor Augusta,
de nove anos de idade, filha da preta Justina. No mesmo dia Joaquim foi
citado para prestar juramento. Em 17/06/1889, assinou termo de tutela e
juramento.

48
Processo: 116
Tutelado: Zulmira
Tutor: Antônio Lustrosa de Lacerda
Data de Abertura: 07/03/1889
Data de Encerramento: 07/03/1889
Descrição: O Juízo nomeou Antônio Lustrosa de Lacerda para ocupar o cargo
de tutor da menor Zulmira, de cinco anos de idade, filha da finada preta
Magdalena. No mesmo dia Antônio foi citado e assinou termo de tutela e
juramento.

Processo: 122
Tutelado: Jorge e Maria do Rosario
Tutor: Antônio de Azevedo Lima
Data de Abertura: 21/06/1890
Data de Encerramento:
Descrição: Antônio relatou que estava em sua companhia os menores Jorge,
crioulo, de onze anos de idade, e Maria do Rosario, parda, de nove anos de
idade, ambos filhos da ex-escrava Mariana, falecida. Solicitou ser nomeado
tutor dos menores. Em 24/07/1890, Antônio de Azevedo Lima foi nomeado
tutor por meio de assinatura de termo de tutela e juramento.

Processo: 127
Tutelado: Hermilio Ferreira da Cunha
Tutor: Adão de Oliveira
Data de Abertura: 24/12/1889
Data de Encerramento: 07/03/1890
Descrição: Adão relatou que criou o pardo menor de nome Hermilio Ferreira
da Cunha, filho da preta Maria. Afirmou que promovia e a educação do
menor, o qual frequentava o Seminário Episcopal e apresentou documento
que comprovaria a educação. Para evitar que mãe do menino quisesse
retirá-lo de sua companhia, solicitou que fosse nomeado tutor do menor. Em
07/03/1890, Adão de Oliveira foi nomeado tutor por meio de assinatura de
termo de tutela e juramento.

Processo: 128
Tutelado: Abrahão
Tutor: Patrício Teixeira
Data de Abertura: 13/09/1890
Data de Encerramento: 13/09/1890
Descrição: O Juízo nomeou Patrício Teixeira tutor do menor Abrahão, de dez
anos de idade, filho da liberta Maria, falecida. Em 13/09/1890, Patrício foi
citado e assinou termo de tutela e juramento.

49
Processo: 131
Tutelado: Abel do Nascimento
Tutor: Antonio Joaquim Marques Guimarães
Data de Abertura: 09/06/1891
Data de Encerramento: 10/06/1891
Descrição: O Juízo nomeou Antonio Joaquim Marques Guimarães tutor do
menor Abel, de nove anos de idade, de cor preta, filho de Manoel do
Nascimento, falecido em abril ou maio daquele ano na Santa Casa. Em
10/06/1891, Antonio foi citado e no mesmo dia assinou termo de tutela e
juramento.

Processo: 133
Tutelado: Mario
Tutor: Antonio Soares da Rosa
Data de Abertura: 27/10/1891
Data de Encerramento: 27/10/1891
Descrição: Antonio relatou que estava na companhia de sua família, o menor
Mario, de cor parda, de quatro anos de idade. De acordo com ele, o menino,
com um mês de vida, lhe foi entregue pela mãe de nome Rosa, parda que
vivia amasiada. Solicitou que fosse nomeado tutor do menor. Em
27/10/1891, Antonio Soares da Rosa foi nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de tutela e juramento.

Processo: 135
Tutelado: Carolina Duclos
Tutor: Virgilio Carneiro da Fontoura
Data de Abertura: 03/08/1891
Data de Encerramento: 03/08/1891
Descrição: O Juízo nomeou Virgilio Carneiro da Fontoura, tutor da menor
Carolina Duclos, de doze anos de idade, branca, filha natural de Rosa, ex-
escrava de João Alfredo Duclos. Em 03/08/1891, Virgilio foi citado e assinou
o termo de tutela e juramento.

Processo: 137
Tutelado: Gabriela
Tutor: Francisco Antonio Pereira
Data de Abertura: 21/10/1891
Data de Encerramento: 21/10/1891
Descrição: Francisco declarou que criou a menor Gabriela, de cor parda, de
quatro anos de idade, filha de sua ex-escrava de nome Jacintha, de cor
preta, de 40 anos de idade. Solicitou que fosse nomeado tutor da menor. Em
21/10/1891, Francisco Antonio Pereira foi nomeado tutor por meio de
termo de tutela e juramento.

50
Processo: 141
Tutelado: Magdalena
Tutor: Joaquim Pinto Gomes
Data de Abertura: 02/09/1891
Data de Encerramento:
Descrição: O Juízo nomeou Joaquim Pinto Gomes tutor da menor de nome
Magdalena, de cor preta, de cinco anos de idade, filha da preta liberta de
nome Julia. Em 02/09/1891, Joaquim foi citado e assinou termo de tutela e
juramento.

Processo: 143
Tutelado: Lucia e Lucinda
Tutor: Vicente Trindade de Barcellos
Data de Abertura: 06/03/1891
Data de Encerramento: 06/03/1891
Descrição: A preta Belisaria Henrique de Oliveira declarou que tinha duas
filhas de nomes Lucia, de quinze anos, e Lucinda, de doze anos. Afirmou
ainda, não possuir meios para educá-las e, por isso, solicitou que fosse
designado um tutor para elas, indicando o nome de Vicente Trindade de
Barcellos. Em 06/03/1891, Vicente foi nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de tutela e juramento.

Processo: 144
Tutelado: Josepha
Tutor: Antonio Gomes de Carvalho
Data de Abertura: 02/10/1891
Data de Encerramento: 03/10/1891
Descrição: O Juízo nomeou Antonio Gomes de Carvalho tutor da menor
Josepha, preta, de dez anos de idade, filha de Felisberta. Em 03/10/1891,
Antonio foi citado e assinou termo de tutela e juramento.

Processo: 151
Tutelado: Josefina
Tutor: Raymundo Caetano da Cunha
Data de Abertura: 19/09/1892
Data de Encerramento: 19/09/1892
Descrição: Anexo documento da Santa Casa de Misericórdia no qual foi
registrada a internação de Mariana Hortência da Conceição, de cor preta. De
acordo com o relatado, ela levou consigo a filha adotiva Josefina, uma
menor de cor parda. Por não poder ficar no hospital, a menor foi recolhida à
casa de Raymundo, que teria se comprometido a tratá-la bem. O provedor
que realizou o registro, solicitou, pela idade avançada da mãe adotiva e
pelas condições miseráveis na qual vivia, a nomeação de um tutor para a
menor. Em 19/09/1892, Raymundo Caetano da Cunha foi nomeado tutor de
Josefina por meio de termo de tutela e juramento.
51
Processo: 154
Tutelado: Ely
Tutor: Folentino Balbé
Data de Abertura: 09/02/1892
Data de Encerramento: 09/02/1892
Descrição: Folentino relatou que estava na casa de sua família a órfã Ely, de
cor preta, de três anos de idade, filha da preta Justina da Conceição, falecida
no final dos anos de 1890. Afirmou ser padrinho de batismo da menor, por
quem zelava. Solicitou que fosse nomeado tutor da menina. Em 09/02/1892,
Folentino Balbé foi nomeado tutor por meio da assinatura de termo de
tutela e juramento.

Processo: 155
Tutelado: João Guilherme de Souza
Tutor: Manoel Almeida
Data de Abertura: 05/11/1892
Data de Encerramento: 26/11/1892
Descrição: O Juízo nomeou Manoel Almeida, tutor do menor João Guilherme
de Souza, de sete anos de idade, pardo, filho da preta Maria Cecilia de
Sousa. Em 05/11/1892 Manoel foi citado e assinou termo de tutela e
juramento. Em 26/11/1892, Manoel relatou que tornou-se tutor do menor
João a pedido da mãe do menino. No entanto, de acordo com ele, o menor
estava na companhia de uma outra preta de nome Benedicta, que negou-se
a entregar João. Solicitou que medidas legais fossem tomadas a fim de que
ele fosse recolhido a sua companhia. Na mesma data, foi emitido mandado
de entrega.

Processo: 156
Tutelado: João
Tutor: Manoel Joaquim Ramos
Data de Abertura: 15/01/1892
Data de Encerramento:
Descrição: O Juízo nomeou José de Barros Pires Falcão para o cargo de tutor
do menor João, cor parda, de dois anos de idade e filho de Catharina,
falecida. Em 15/01/1892, José foi citado e assinou termo de tutela e
juramento. Em 18/01/1892, Manoel Joaquim Ramos questionou a
nomeação de José para tutor, apresentando declaração de Catharina, na
qual estava registrada a entrega do filho para Manoel. Na mesma data, o
Juízo tornou sem efeito a nomeação de José e no seu lugar nomeou Manoel,
que assinou termo de tutela e juramento.

Processo: 157
Tutelado: Alfredo, Risoleta e Julieta
Tutor: Angelino Barcelos
Data de Abertura: 13/08/1892
52
Data de Encerramento: 16/08/1892
Descrição: O Juízo nomeou Angelino Barcelos para o cargo de tutor dos
menores Alfredo, Risoleta e Julieta, filhos de Rita, ex-escrava da falecida
Rafaela Fagundes de Paiva. Em 13/08/1892, Angelino assinou termo de
tutela e juramento. Em 16/08/1892, Angelino informou que Rafaela
registrou em testamento uma quantia determinada que deveria ser
entregue aos menores tutelados. Solicitou que fosse emitida guia para que o
valor fosse recolhido à Caixa Econômica. Na mesma data, assinou texto de
declaração da entrega e recolhimento da quantia.

Processo: 158
Tutelado: Florencia Rodrigues de Lima, Maria da Gloria Rodrigues de Lima e
Francisco Xavier Rodrigues de Lima
Tutor: Antônio Carlos Ferreira Gomes
Data de Abertura: 13/07/1892
Data de Encerramento: 25/07/1892
Descrição: Antônio relatou que há três anos estava em seu poder a menor
de nome Florencia, de cor parda, de nove anos de idade; Maria da Gloria, de
oito anos; e Francisco, de sete anos, todos filhos dos pardos Marcelino José
de Azambuja e Bazilia Rodrigues de Lima, ambos falecidos. Informou que
durante o tempo indicado, foi responsável pela alimentação e educação das
crianças. Solicitou que fosse nomeado um tutor para os menores. Em
25/07/1892, Antônio Carlos Ferreira Gomes foi nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de tutela e juramento.

Processo: 159
Tutelado: Ernesto
Tutor: Fernando Brochado de Oliveira
Data de Abertura: 08/01/1892
Data de Encerramento: 08/01/1892
Descrição: Fernando manifestou o interesse de que o menor Ernesto, de
oito anos de idade, filho da preta Domingas, ficasse em sua companhia, a fim
de continuar recebendo vestuário e seguir frequentando a escola. Solicitou
ser nomeado tutor do menor. Declarou que o menino lhe foi entregue pela
mãe de criação chamada Adriana, quando ainda tinha um ano de idade.
Solicitou ser nomeado tutor. Em 08/01/1892, Fernando Brochado de Oliveira
foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de tutela e juramento.

Processo: 165
Tutelado: Clotilde Maria da Conceição
Tutor: Gustavo Lindermeyer
Data de Abertura: 06/12/1893
Data de Encerramento: 16/12/1893
Descrição: Gustavo manifestou o interesse em ser tutor da menor Clotilde,
de nove anos de idade, cor parda, filha de pais incógnitos. Em 16/12/1893,
53
Gustavo Lindermeyer foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de
tutela e juramento.

Processo: 173
Tutelado: Lucia Eulalia Torres
Tutor: João Pinto da Fonseca Guimarães
Data de Abertura: 30/11/1893
Data de Encerramento: 01/12/1893
Descrição: O curador geral de órgãos solicitou a nomeação de tutor para a
menor Lucia Eulalia, de treze anos de idade, de cor parda e órfã de pai e
mãe. Para o cargo, indicou o nome do coronel João Pinto da Fonseca
Guimarães, na casa de quem vive a menor. Em 30/11/1893, João foi citado e
em 01/12/1893, assinou termo de tutela e juramento.

Acondicionador 004.6786
______________________________________________

Processo: 174
Tutelado: Luiza
Tutor: Antonio Pinto Gomes
Data de abertura: 06/11/1893
Data de encerramento: 07/11/1893
Descrição: O Juízo nomeou o cidadão Antonio Pinto Gomes para o cargo de
tutor da menor de nome Luiza, cor parda, com oito anos de idade, deste
estado e filha de pais incógnitos. Em 07/11/1893, Antonio Pinto Gomes
assinou termo de tutela e juramento ao tutor.

Processo: 181
Tutelado: Maria
Tutor: João Damasceno Ferreira
Data de Abertura: 06/06/1894
Data de Encerramento: 06/06/1894
Descrição: João Damasceno Ferreira foi nomeado tutor da menor Maria, de
onze anos de idade, de cor preta, filha de pais incógnitos, natural do estado
do Rio de janeiro. Foi solicitado ao escrivão que lavrasse o termo. Em
06/06/1894, João assinou o termo de tutela e juramento ao tutor. Em
01/10/1895, João solicitou que fosse exonerado do cargo de tutor da menor,
uma vez que se retiraria da cidade.

54
Processo: 185
Tutelado: Clemencia
Tutor: Vicente Manoel Teixeira
Data de Abertura: 09/07/1894
Data de Encerramento: 10/07/1894
Descrição: O Juízo citou o cidadão Vicente e requereu sua presença para
prestar juramento de tutor da menor Clemencia, com sete anos de idade, de
cor preta, filha da finada Eufrazia Rosa da Conceição. Em 10/07/1894,
Vicente Manoel Teixeira assinou termo de tutela e juramento ao tutor.

Processo: 194
Tutelado: Isolino Santarem
Tutor: Alberto Virgilio Ferreira
Data de Abertura: 13/07/1895
Data de Encerramento: 13/07/1895
Descrição: Alberto declarou que estava em sua companhia, há dois anos, um
menor de nome Isolino, de doze anos, de cor parda, filho da crioula Maria
Thereza Santarém, falecida no corrente mês, na casa do cidadão Olavo
Ferreira; que Maria, antes de sua morte, manifestou o desejo de que seu
filho continuasse na sua companhia. Solicitou, por ser o menor afeiçoado à
família com quem estava vivendo e da qual não se queria separar, que fosse
nomeado tutor de Isolino. Em 13/07/1895, Alberto Virgilio Ferreira foi
nomeado tutor por meio de assinatura de termo de juramento ao tutor.

Processo: 196
Tutelado: Alcides Gonçalves Ferreira
Tutor: José Gaspar
Data de Abertura: 31/08/1895
Data de Encerramento: 31/08/1895
Descrição: Filisbino relatou que vivia em companhia da preta Maria Carolina
da Conceição e que com ela teve um filho, batizado com o nome de Alcides.
Segundo ele, Maria dava-se ao vício da embriagues habitual, não educava o
menino e se entregou à vadiação e aos maus vícios. Devido a esse estado de
embriaguez, ela teria reclamado de seu filho e recorrido à autoridade policial
que prendeu o menino e o entregou ao Capitão do Porto. Felisbino declara
ter se empenhado junto ao senhor José Gaspar, para que ele isentasse seu
filho da marinha. Com efeito, Gaspar teria isentando o menor, levando-o
para sua casa, onde estaria até aquele momento. Em 31/08/1895, José
Gaspar foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de tutela e
juramento ao tutor.

55
Processo: 207
Tutelado: Maria José
Tutor: José Maria da Silva Mesquita
Data de Abertura: 03/06/1895
Data de Encerramento: 06/06/1895
Descrição: O Juízo requereu a citação do cidadão José Maria da Silva
Mesquita e solicitou sua presença para prestar juramento ao cargo de tutor
da menor Maria José, de doze anos de idade, parda e filha de pais
incógnitos. Em 06/06/1895, José Maria assinou termo de tutela e juramento
ao tutor. Em 16/11/1895, José comunicou que a menor fugiu de sua
residência e encaminhou o juízo a caderneta da Caixa Econômica da menor.

Processo: 208
Tutelado: Avelino
Tutor: Antonio Ferreira da Costa
Data de Abertura: 18/11/ 1895
Data de Encerramento: 19/11/1895
Descrição: Belisario, ex-escravo do doutor Eugenio de Mello, declarou que
estava em seu poder o menor Avelino, de quatro anos de idade, mais ou
menos, filho da finada Benedicta, com quem era amasiado e que não podia
tomar para si o encargo de educar o menor. Solicitou que fosse designado
como tutor, Antonio Ferreira da Costa, casado e sem filhos, homem com
capacidade para ocupar o cargo. Em 19/11/1895, Antonio Ferreira da Costa
foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de tutela e juramento
ao tutor.

Processo: 213
Tutelado: Custódia e Rolina
Tutor: Joaquim de Souza Ferraz
Data de Abertura: 29/10/1896
Data de Encerramento: 23/11/1896
Descrição: Joaquim declarou que residia na cidade uma preta de nome
Catharina, que tinha duas filhas menores de idade, Custódia e Rolina. Em
30/10/1896, Joaquim foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de
tutela e juramento ao tutor. Em 20/11/1896, Catharina recorreu ao Juízo,
declarando que suas duas filhas estavam na casa do Comendador Manoel de
Souza Ferraz, o qual negou entregar as meninas quando procurado por ela.
Assim ,requereu que Custódia e Rolina lhe fossem entregues. Em
23/11/1896, O Juízo decidiu em favor de Catharina, tornando sem efeito o
compromisso assumido por Joaquim, e ordenou que as menores fossem
entregues à mãe.

56
Processo: 216
Tutelado: Maria
Tutor: José Luiz Fabrício
Data de Abertura: 18/12/1896
Data de Encerramento: 18/12/1896
Descrição: Por portaria, o doutor José Luiz Fabrício, foi nomeado tutor da
menor Maria, órfã de pai e mãe, de quatorze anos de idade, de cor preta. Foi
solicitado ao escrivão, que autuasse e lavrasse o competente termo de
compromisso. Em 18/12/1896, José Luiz Fabrício assinou termo de tutela e
compromisso ao tutor.

Processo: 223
Tutelado: Celina Guterres
Tutor: Joaquim Antonio Nunes
Data de Abertura: 27/04/1896
Data de Encerramento: 28/04/1896
Descrição: Joaquim Antonio Nunes relatou que a preta Anna Joaquina
Guterres havia lhe entregue há sete meses, mais ou menos, sua filha natural
de nome Celina, de dez anos, parda. Declarou o desejo de assinar a tutela da
menor, a fim de evitar que mais tarde aquela preta, incapaz de tê-la em sua
companhia devido ao vício da embriaguez, retirasse a menor de seu
convívio. Em 28/04/1896, Joaquim Antonio foi nomeado tutor por meio da
assinatura de termo de tutela e compromisso ao tutor.

Processo: 224
Tutelado: Inez
Tutor: Porfírio Macêdo
Data de Abertura: 23/03/1896
Data de Encerramento: 23/03/1896
Descrição: O Juízo nomeou Porfírio Macedo tutor da menor Ignes, de seis
anos de idade, de cor preta, filha de pais incógnitos. Em 23/03/1896, Porfírio
Macêdo assinou termo de tutela e compromisso ao tutor.

Processo: 229
Tutelado: Alzira
Tutor: Josué Duarte Silva Capella
Data de Abertura: 17/02/1896
Data de Encerramento: 18/02/1896
Descrição: Josué relatou que estava em sua companhia a menor Alzira, de
dez anos de idade, cor preta e órfã de pai e mãe. Solicitou que fosse
nomeado tutor da menina. Em 18/02/1896, Josué Duarte Silva Capella foi
nomeado tutor por meio da assinatura de termo de tutela e juramento ao
tutor.

57
Processo: 233
Tutelado: Marcos
Tutor: Angelo Francisco da Silveira
Data de Abertura: 01/02/1896
Data de Encerramento: 11/02/1896
Descrição: Angelo declarou que estava em sua companhia o menor órfão de
nome Marcos, de doze anos de idade, de cor preta. Declarou o desejo de
dar-lhe educação condigna. Solicitou que fosse nomeado tutor do menor.
Em 11/02/1896, Angelo Francisco da Silveira foi nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de tutela e juramento ao tutor.

Processo: 235
Tutelado: Bertolina
Tutor: Bartholomeu Fernandes da Silva
Data de Abertura: 10/02/1897
Data de encerramento: 13/02/1897
Descrição: Francisco de Paula Santo informou que a parda Leonor Xavier dos
Santos tinha em seu poder uma filha de nome Bertolina, de um mês e
dezenove dias de idade; que Leonor Xavier dos Santos era uma mulher de
costumes fáceis tendo aos quatorze anos de idade abandonado a casa de
seus padrinhos para prostituir-se, amasiando-se com um preto; que há seis
anos já havia dado seu corpo a vários indivíduos; e que não tinha como
prover a sua subsistência, pois andava de casa em casa, agasalhada por
misericórdia de uns e de outros. Por isso, Francisco solicitou que fosse
nomeado um tutor para Bertolina. Foram ouvidas as seguintes testemunhas
a respeito do relato de Francisco: João Gonçalves de Castro, Albino da Costa
Faria e Francisco Pinto. Em 13/02/1897, Bartholomeu Fernandes da Silva foi
nomeado tutor por meio de assinatura de tutela e compromisso ao tutor.

Processo: 239
Tutelado: Brigida
Tutor: Luiz Lara da Fontoura
Data de Abertura: 17/07/1897
Data de Encerramento: 14/06/1898
Descrição: O Juízo nomeou Luiz Lara da Fontoura tutor da menor Brigida, de
dezenove anos de idade, mais ou menos, de cor parda, filha de pais
desconhecidos. Em 19/07/1897, Luiz assinou temo de tutoria e compromisso
ao tutor. Em 14/06/1898, foi certificado o casamento de Brigida com Crispin
dos Santos.

58
Processo: 240
Tutelado: Britualdo Guimarães
Tutor: José Affonso Travassos
Data de Abertura: 20/03/1897
Data de Encerramento: 24/04/1897
Descrição: Foi requerida a citação do cidadão José Affonso Travassos e
solicitada sua presença ao Juízo para prestar juramento de tutor do menor
Britualdo, de onze anos de idade, pardo e filho de Isabel Pimentel
Guimarães. Em 05/04/1897 foi redigido termo de tutela e compromisso ao
tutor. Em 20/04/1897, José Affonso relatou que o menino encontrava-se sob
o teto e em companhia da viúva Dona Zerafina Pimentel de Lima Guimarães
e que por ela teria sido criado desde a mais tenra idade; que aquela senhora
havia lhe pedido para encarregar-se da tutela de seu protegido. Dessa
forma, manifestou o desejo de prestar esse benefício, solicitando ser
nomeado tutor do menor, que havia sido contemplado em testamento do
falecido marido de Dona Zerafina com o legado da quantia de quatrocentos
mil réis. Em 20/04/1897, José Affonso assinou auto de tutela e compromisso
ao tutor. Em 24/04/1897, declarou ter depositado a mesma quantia deixada
como herança em uma conta da Caixa Econômica, em nome do tutelado.

Processo: 248
Tutelado: Maria da Rocha
Tutor: Antônio Carlos Pereira da Cunha
Data da Abertura: 23/02/1897
Data do Encerramento: 23/02/1897
Descrição: O Juízo requereu a citação e a presença do doutor Antonio Carlos
Pereira da Cunha para prestar compromisso de tutor da menor Maria da
Rocha, com dez anos, mais ou menos, preta, filha de Gervazia Maria da
Conceição. Foi nomeado para o cargo, visto a incapacidade moral da mãe
para o exercício do pátrio poder. Em 23/02/1897, Antonio Carlos Pereira da
Cunha foi nomeado tutor por meio da assinatura de auto de tutela e
compromisso ao tutor.

Processo: 249
Tutelado: Maria da Glória
Tutor: Luciano Pereira de Souza
Data de Abertura: 13/10/1897
Data de Encerramento: 13/10/1897
Descrição: O Juízo requereu a citação e a presença do tenente coronel
Luciano Pereira de Souza para prestar compromisso de tutor da menor
Maria da Glória, de oito anos, mulata, filha de Luiza Alves Moreira, visto a
incapacidade moral da mãe para exercício do pátrio poder. Em 13/10/1897,
Luciano Pereira de Souza foi nomeado tutor por meio da assinatura de
termo de tutela e compromisso ao tutor.

59
Processo: 255
Tutelado: Mauricia
Tutor: João de Moraes Gamellas
Data de Abertura: 03/06/1898
Data de Encerramento: 08/10/1900
Descrição: João relatou que estava na sua companhia a menor Mauricia, de
treze anos, de cor preta, filha de Ignacia de tal, já falecida. Conforme ele, a
menina não tinha parentes próximos que pudessem encarregar-se da
tutoria. Solicitou que fosse nomeado tutor da menor. Em 08/06/1898, João
de Moraes Gamellas assinou termo de tutela e compromisso ao tutor. Em
08/10/1900, solicitou ser exonerado do cargo, uma vez que a menor achava-
se em poder de uma tia.

Processo: 259
Tutelado: Maria
Tutor: Victor Daniel
Data de Abertura: 15/04/1898
Data de Encerramento: 15/04/1898
Descrição: O Juízo nomeou Victor Daniel, tutor da menor Maria, de doze
anos presumíveis, órfã de pai e mãe, cor parda. No mesmo dia, Vitor assinou
termo de tutela e compromisso ao tutor.

Acondicionador 004.6803
_________________________________________________

Processo: 925
Tutelado: Maria
Tutor: Estâncio da Cunha Bitencourt
Data de Abertura: 28/09/1872
Data de Encerramento: 28/09/1872
Descrição: Dionisio Silveira relatou que uma pardinha livre de nome Maria,
menor de idade, lhe foi apresentada pelo inspetor interino do quarteirão
número onze desse distrito. Ela teria se queixado dos maus tratos que
recebia de um homem chamado Balthazar. Verificado a veracidade, resolveu
informar ao Juízo o fato. Em 28/09/1872, Estâncio da Cunha Bitencourt foi
nomeado tutor por meio de assinatura de termo de juramento ao tutor.

60
Processo: 926
Tutelado: Camillo
Tutor: Conego João Alves Leite de Oliveira Salgado
Data de Abertura: 12/02/1873
Data de Encerramento: 12/02/1873
Descrição: Conego relatou que apareceu em sua casa um mestiço de nome
Camillo, de dez anos de idade, filho natural da crioula liberta Maria Ignacia,
que o deixou desamparado. Desta forma, solicitou em Juízo que essa criança
fosse protegida por um tutor que lhe proporcionasse uma educação
apropriada às suas condições. Em 12/02/1873, Conego João Alves Leite de
Oliveira Salgado foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de
juramento ao tutor.

Processo: 929
Tutelado: Isabel
Tutor (curador): Francisco Olinto de Carvalho
Data de Abertura: 26/08/1873
Data de Encerramento: 06/10/1873
Descrição: Florinda Maria da conceição, preta forra, relatou que a inocente
Isabel nasceu livre em abril de 1872, filha da preta Joana, escrava de Vasco
da Silveira Maciel. Quando Maciel mandou a escrava a um Carlos de tal
Alemão, teria entregue a menina para ela. Segundo Florinda, ela deveria ter
recebido a quantia de cinco mil réis, promessa não cumprida e que, depois
do trabalho que passou, Carlos teria querido tirar a criança de sua
companhia. Por isso, solicitou a nomeação de um curador que melhor
guardasse e amparasse a menina. Em 26/08/1873, Francisco Olinto de
carvalho foi nomeado curador por meio de assinatura de termo de
juramento ao curador. Em 16/09/1873, Carlos pediu que fosse restituída a
posse sobre a crioula Isabel, filha da sua escrava Joana, que estava na
companhia da preta Florinda Maria da Conceição. Das alegações: que era ele
senhor e possuidor da escrava Joana; que a menor Isabel era filha de Joana,
sua escrava; que cabia o questionamento de a quem pertenceria a posse da
menor Isabel, nascida depois da Lei de 28 de Setembro de 1871 e a que
autoridade estaria ela sujeita;que observando os §1º e 5º do artigo 1º e do
§7 do artigo 4º da lei de 28 de setembro de 1871, dos artigos 5º e 20º do
Reg de 13 de novembro de 1872 a posse e autoridade de Carlos estariam
confirmadas; que, portando, mãe e filha deveriam permanecer na mesma
casa. Declarou que o despacho que atendeu aos desejos de Maria foi um
atentado não só aos seus direitos, expressamente garantidos pela lei, mas
também contra os direitos de maternidade que a lei protegeria. Nessas
condições, solicitou que o despacho fosse reconsiderado, determinando que
fosse expedido mandado para entrega da menor Isabel. Os envolvidos no
caso foram intimados no dia 06/10/1873.

61
Processo: 937
Tutelado: Laudelino e Eduardo
Tutor: João Pereira Maciel
Data de Abertura: 06/11/1872
Data de Encerramento: 21/08/1875
Descrição: Dona Clara Christina Fioravante relatou que concedeu liberdade
aos dois mulatinhos Laudelino e Eduardo, de onze e oito anos de idade
respectivamente, ambos criados em sua casa. Os meninos seriam herança
de seu finado marido Antonio Angelo Fioravante, como constava no
inventário. Entretanto, os pardinhos não teriam tutor ou curador que deles
cuidasse, estando um em seu poder e outro em poder de João Pereira
Maciel. Por esse motivo, requereu a nomeação de um curador para os
menores. Em 13/11/1872, Cirino de Oliveira Castro foi nomeado tutor dos
menores. Em 19/11/1872, João Pereira Maciel relatou que Laudelino estava
em sua casa, recebendo educação e, sabendo da nomeação do cidadão
Cirino como tutor do menor e porque tinha amizade e interesse pelo futuro
do menino, solicitou a reconsideração da decisão e requereu que fosse ele
nomeado tutor. Em 30/11/1872 Cirino assinou termo de juramento e
responsabilidade ao tutor. Em 03/06/1875, Clara Christina relatou que, por
duas vezes, requereu que o Juízo intimasse João Pereira Maciel, padrinho do
pardinho Laudelino, o qual recebeu liberdade sob condição de lhe prestar,
enquanto fosse viva, serviços compatíveis com sua condição. Segundo ela,
João, alegando frívolos motivos, requereu o mulatinho para sua companhia,
ficando ela sem a prestação de serviços. Desta forma, solicitou que fosse
passado mandado de entrega do pardinho. Em 09/06/1875, João Pereira
Maciel requereu a expedição de contra mandado, considerando que o
menor foi alforriado pelos motivos que constam na Carta, a qual continha a
cláusula de lhe prestar serviços enquanto viva fosse a ex-senhora; e ela
recorreria a essa cláusula agora para exigir a entrega do menor. De acordo
com ele, o juízo teria considerado sem valor a cláusula, tanto que o nomeou
tutor do menor em pleno gozo de sua liberdade. Em 11/06/1875, Clara, em
resposta, solicitou contra mandado para entrega do mulatinho. Em
20/08/1875, João Pereira Maciel, tutor e padrinho do menor Laudelino,
relatou que o menor, há cinco dias, retirou-se da sua casa, levando roupa e
algum dinheiro e achava-se na casa da Dona Clara. Requereu a utilização de
meios legais para que o menor lhe fosse entregue. Em 21/08/1875,
Laudelino foi entregue ao seu tutor.

Processo: 938
Tutelado: João
Tutor: Manoel Balthazar de Almeida e Silva
Data de Abertura: 23/01/1875
Data de Encerramento: 11/02/1875
Descrição: Manoel, negociante importador, relatou que tinha em seu poder
o menor liberto de nome João, idade de nove anos, de cor parda, do qual ele
e sua mulher eram padrinhos de batismo. O menor seria filho da parda
62
Felicidade, escrava do sogro de Manoel, Joaquim José da Silva Bastos, que
estaria em Portugal. Manifestou o desejo de ser nomeado tutor do menino.
Em 11/02/1875, Manoel foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo
de juramento ao tutor.

Processo: 944
Tutelado: Jeronimo
Tutor: David Ignacio de Oliveira
Data de Abertura: 24/04/1875
Data de Encerramento: 24/04/1875
Descrição: David relatou que chegou em sua casa um menor livre de nome
Jeronimo, de dez a onze anos de idade, de cor preta, que lhe contou- ser
muito mal tratado. De acordo com David, o menino já estava em sua casa há
dezoito meses e seria tratado como se filho fosse. Solicitou que fosse
nomeado tutor ou curador do menor. Em 24/04/1875, David Ignacio de
Oliveira foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de tutela.

Processo: 948
Tutelado: João Azevedo
Tutor: Manoel José Gonçalves Junior
Data de Abertura: 22/07/1876
Data de Encerramento: 26/07/1876
Descrição: Manoel declarou ter recolhido a sua casa o menor João Azevedo,
oito anos de idade presumíveis, cor parda, filho natural da africana liberta
Maria Rosa, falecida nos primeiros dias do mês. Solicitou ser nomeado tutor
ou a nomeação de outra pessoa que o juiz julgasse mais idônea, para que o
menor pudesse receber educação compatível com sua condição. Em
26/07/1876, Manoel José Gonçalves Junior foi nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de juramento ao tutor.

Processo: 951
Tutelado: Adriano e Maria
Tutor: Santiago de Araújo
Data de Abertura: 13/11/1876
Data de Encerramento: 15/11/1876
Descrição: Dona Luiza Christina de Miranda relatou que, para prestar contas
do testamento de sua tia Dona Rita Bernardes Machado, precisava da
nomeação de um tutor para os ingênuos Adriano e Maria. Os menores
teriam sido libertados por Dona Rita e dela teriam recebido um pequeno
legado. Solicitou a nomeação de um tutor para receber o que para eles foi
deixado e para dar quitação ao testamento. Em 15/11/1876, Santiago de
Araujo foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de juramento. O
processo contém registros sobre parte da herança de Dona Rita deixada aos
menores.

63
Processo: 955
Tutelado: Guiomar e Ernesto
Tutor: Moyses da Silva Soares
Data de Abertura: 27/07/1877
Data de Encerramento: 07/12/1877
Descrição: Joana Brilhante, liberta, ex-escrava de D. Ignácia Brilhante,
declarou ter dois filhos menores: Guiomar, de cinco anos, e Ernesto, de três
anos de idade. Afirmou que um neto de sua ex-senhora, de nome José, não
quer lhe entregar os filhos conforme o disposto do §4º do artigo 1º da Lei nº
2040 de 28 de setembro de 1871. Joana alegou que poderia, com seu
trabalho, educar seus filhos e indicou para tutor dos menores, Moyses da
Silva Soares, pessoa idônea e padrinho de um deles. Em 09/08/1877, Moyses
da Silva Soares foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de
juramento ao tutor. No dia 13/08/1877, Moyses, solicitou que fosse
expedido mandado contra João Candido de Castro, para que lhe fossem
entregues os menores. Em 14/08/1877, João Candido tentou reverter a
posição do Juiz de Órfãos. Em 20/08/1877 foi expedido mandado de entrega
em favor de Moyses. Em 07/12/1877, novamente foi confirmada a decisão
de que João entregasse as crianças ao tutor, com base na lei citada e no
decreto nº5.135 de 13 de novembro de 1872.

Processo: 957
Tutelado: Constancia
Tutor: Anastacio Rodrigues da Silva
Data de Abertura: 12/09/1877
Data de Encerramento: 12/09/1877
Descrição: Anastácio Rodrigues da Silva relatou que faleceu sua mulher
Ignacia Maria e que pertencia ao casal uma menor de nome Constancia, de
doze anos, a quem o suplicante deu a liberdade, embora ela permanecesse
em seu poder. Solicitou que fosse nomeado tutor da menor e informou ela
foi contemplada no inventário de Ignácia. Em 12/09/1877, Anastácio foi
nomeado tutor por meio da assinatura de termo de tutela e juramento.

Processo: 961
Tutelado: José
Tutor: Antonio José da Silva Guimarães
Data de Abertura: 23/01/1878
Data de Encerramento: 11/09/1878
Descrição: Bernardo Ribeiro da Fonceca relatou que José, de sete anos de
idade, cor preta, procurou abrigo em sua casa. O menor estaria forçado a
trabalhos superiores as suas forças, no cultivo de horta, na casa de Jesuína,
que não estaria habilitada para cuidar do menino. Solicitou que fosse
nomeado tutor na forma da lei, para ficar com José em sua companhia, para
ensinar-lhe um ofício e zelar por ele. Em 25/01/1878, Bernardo Ribeiro da
Fonceca foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de juramento.
64
Em 03/09/1878, Antonio José da Silva Guimarães relatou que sua sogra,
Jesuina Francisca da Silva, estava criando o menor José, sem tutor, devido ao
falecimento de Bernardo. Solicitou que fosse nomeado tutor. Em
11/09/1878, Antonio foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de
juramento.

Processo: 963
Tutelado: Manoel
Tutor: Camillo José Mendes Ribeiro
Data de Abertura: 20/04/1878
Data de Encerramento: 07/01/1885
Descrição: O Juízo foi informado que em poder de Manoel Telles da Cruz
estava um menor de nome Manoel, com oito anos de idade, filho de
Claudina, escrava de Fulano Costa Ferreira. O menor não teria tutor e, por
isso, foi indicado o nome de Camillo José Mendes Ribeiro para ocupar o
cargo. Em 20/04/1878, Camillo foi nomeado tutor por meio de assinatura de
termo de juramento. Em 07/01/1885, Camilo relatou que Manoel foi levado
para a cidade de Pelotas, onde se encontrava na companhia de Alfredo,
homem que praticava atividades ilícitas. Solicitou que o menor fosse
recolhido pela polícia e que fosse entregue ao senhor Gabriel Tavares Leite,
negociante de sua confiança.

Processo: 966
Tutelado: Demethilde
Tutor: José Pacheco Sobrosa Filho
Data de Abertura: 12/12/1878
Data de Encerramento: 14/12/1878
Descrição: O Juízo foi informado que a menor Demethilde, filha de
Marcellina, que se achava em companhia da parda Clemência, estaria
abandonada, uma vez que a parda havia se mudado para outra localidade.
Foi solicitada a nomeação de um tutor. Em 14/12/1878, José Pacheco
Sobrosa Filho foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de
juramento ao tutor.

Processo: 967
Tutelado: Francisco de Assis Ribeiro
Tutor: Francisco José da Silva Cruz
Data de Abertura: 29/07/1879
Data de Encerramento: 29/07/1879
Descrição: Francisco relatou que estava em sua companhia, há quatro anos,
o menor de nome Francisco de Assis Ribeiro, de seis anos de idade, cor
preta, filho natural da preta Thomazia da Conceição Ribeiro. De acordo com
ele, a mãe teria lhe entregue o menino por faltar a ela, meios para alimentá-
lo e vesti-lo. Solicitou que fosse nomeado tutor e apresentou documentação
para comprovar que o menor estava matriculado em aula pública. Em

65
29/07/1879, Francisco José da Silva Cruz foi nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de juramento.
Processo: 969
Tutelado: Theodoro
Tutor: José Antônio Pereira
Data de Abertura: 14/11/1879
Data de Encerramento: 17/11/1879
Descrição: Rita de Cassia Lisboa declarou ter solicitado a tutoria do menor
Theodoro, nascido no ano de 1873, filho da preta liberta Maria, ex-escrava
de seu pai Antonio. De acordo com o relato, era ela a responsável pelo
sustento, pelas vestimentas e pela instrução do menor. Mesmo assim,
afirma que teve seu pedido indeferido, uma vez que mulheres não podiam
ocupar o cargo de tutor. Dessa forma, indicou o nome de José Antônio
Pereira para ser responsável pelo menino. Em 17/11/1879, José foi nomeado
tutor por meio de assinatura de termo de juramento.

Processo: 972
Tutelado: Paulina e Silvana
Tutor: Edmundo Palmeira Pereira da Cunha
Data de Abertura: 03/09/1879
Data de Encerramento: 03/09/1879
Descrição: O Juízo foi informado que, em 02/03/1979, faleceu nesta cidade a
preta livre Gertrudes, deixando duas filhas menores de nome Paulina e
Silvana, de sete e quatro anos respectivamente. Em 03/09/1879, Edmundo
foi citado e nomeado tutor por meio de assinatura de termo de juramento.

Processo: 982
Tutelado: Julio
Tutor: Adolfo Jaeger
Data de Abertura: 30/07/1880
Data de Encerramento: 02/08/1880
Descrição: Luiza Schmith relatou que tem um filho menor, de nome Julio, a
quem não podia ter em sua companhia porque vivia alugada. Observou a
competência do Juízo de destinar tutor aos menores sem pai, solicitando a
nomeação de um tutor para seu filho. Em 02/08/1880, Adolfo Jaeger foi
nomeado tutor por meio de termo de juramento ao tutor.

Processo: 984
Tutelado: Estevão
Tutor: Pedro Fellipe Martins Filho
Data de Abertura: 10/06/1881
Data de Encerramento: 27/06/1881
Descrição: Pedro, padrinho do menor Estevão, filho de Maria, escrava já
falecida, solicitou que fosse nomeado tutor do menor. Em 27/06/1881,

66
Pedro Fellipe Martins Filho foi nomeado tutor por meio de assinatura de
termo de juramento.

Processo: 987
Tutelado: Adão
Tutor: Lucas Antônio Oliveira
Data de Abertura: 06/12/1881
Data de Encerramento: 09/12/1881
Descrição: O Juízo requereu a citação de Lucas Antonio de Oliveira para que
trouxesse a sua presença, as duas horas da tarde, o menor liberto Adão. Foi
também solicitada a citação de Dona Antonia Pires de Almeida, para assistir
o interrogatório do menor. Em 09/12/1881, Lucas Antônio Oliveira foi
nomeado tutor por meio de assinatura de termo de juramento ao tutor.

Processo: 995
Tutelado: Olavo
Tutor: Affonso Antunes da Cunha
Data de Abertura: 27/07/1882
Data de Encerramento: 27/07/1882
Descrição: Chegou ao conhecimento do juízo a existência do menor Olavo,
filho da preta liberta Innocencia, sem tutor. Foi intimado e nomeado para
tutor o cidadão Affonso Antunes da Cunha. Em 27/07/1882, Affonso assinou
o termo de juramento ao tutor.

Processo: 998
Tutelado: João
Tutor: Oliveira
Data de Abertura: 15/07/1882
Data de Encerramento: 24/07/1882
Descrição: Foi comunicada ao Juízo a existência de um menor de cor preta,
de nome João, de dez anos de idade, filho da preta livre Eva. Livre, de acordo
com a lei nº 2040 de setembro de 1871, estaria vivendo em companhia de
um indivíduo que desfrutaria dele e que não estaria cuidando de sua
educação. Em 24/07/1882, Oliveira foi nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de juramento ao tutor.

Processo: 1000
Tutelado: Maria dos Anjos
Tutor: Joaquim Alves Ribeiro Lisboa
Data de Abertura: 29/06/1882
Data de Encerramento: 02/07/1882
Descrição: Laudelino Pinheiro de Barcelos relatou que sua escrava de nome
Idalina tinha uma filha ingênua de nome Maria dos Anjos, com 18 meses de
idade mais ou menos. Solicitou que o senhor Joaquim Alves Ribeiro Lisboa,
com que se encontrava a menor, fosse nomeado o tutor da menina, uma vez
67
que teria condições de bem servir para semelhante cargo. Em 02/07/1882,
Joaquim foi nomeado tutor por meio de assinatura do termo de juramento
ao tutor.

Acondicionador 004.6804
____________________________________________

Processo: 3
Tutelado: Affonso
Tutor: José Bernardino da Cunha Bittencourt
Data de Abertura: 05/12/1883
Data de encerramento: 15/12/1883
Descrição: Bernardino da Cunha Bittencourt declarou que libertou na pia
batismal o menor pardo Affonso, de quinze anos de idade, filho de sua
escrava Maria. Manifestou o desejo de dar-lhe educação e proteção, como
relatou ter feito desde o nascimento do menino, e de habilitá-lo a ser um
cidadão útil à sociedade, proporcionando-lhe os meios de prover a própria
subsistência quando atingisse a maioridade. Requereu que fosse nomeado
responsável legal. Em 06/12/1883, José Bernardino da Cunha Bittencourt foi
nomeado tutor por meio de assinatura de juramento ao tutor. Na mesma
data, José solicitou que o menor, o qual estava em companhia de Paulino
Rodrigues Fernandes Chaves, lhe fosse entregue. Em 15/12/1883, foi
expedido o mandado de entrega do menor Affonso. Na mesma data,
Bernardino comunicou que Paulino, quando procurado, afirmou que Afonso
teria fugido de sua casa. Solicitou expedição de mandado de apreensão.
Segundo Paulino, o menor havia dito que não iria para a casa de Bernardino
pois ele o maltratava.

Processo: 1003
Tutelado: Joaquim
Tutor: Francisco Gomes Cardoso
Data de Abertura: 29/01/1883
Data de Encerramento: 30/01/1883
Descrição: Chegou ao conhecimento do Juízo que a menor órfã Joaquina,
filha da preta Ignacia, estava sem responsável legal. Foi nomeado como
tutor o cidadão Francisco Gomes Cardoso, o qual em 30/01/1883, assinou
termo de juramento ao tutor.

Processo: 1005
Tutelado: Sabrina
Tutor: José Caetano Ferraz Pereira
Data de Abertura: 13/09/1883
Data de Encerramento: 13/09/1883

68
Descrição: O Juízo intimou José Caetano Ferraz Pereira para prestar
juramento e ocupar o cargo de tutor da menor ingênua de nome Sabrina,
filha da ex-escrava Francisca, a qual, por seu estado, não poderia concorrer
com o necessário para educação e vestuário da menina. Em 13/09/1883,
José assinou termo de juramento ao tutor.

Processo: 1004
Tutelado: Antonio Ribeiro da Silva Filho
Tutor: Hygino
Data de Abertura: 20/08/1881
Data de Encerramento: 26/08/1881
Descrição: Antonio relatou que a crioula liberta Rita Maria da Conceição,
antes de falecer, entregou-lhe seu filho de nome Hygino, afilhado de
Antonio. Teria pedido a ele que tomasse conta, tratando-o e educando
convenientemente. Por isso requereu que fosse nomeado tutor do menor,
para que sobre ele pudesse exercer autoridade legal. Em 26/08/1881,
Antonio Ribeiro da Silva Filho foi nomeado tutor por meio de assinatura de
termo de tutela e juramento.

Processo: 1006
Tutelado: Leonor e Vicente
Tutor: Firmino D'Azambuja Rangel
Data de Abertura: 02/08/1883
Data de Encerramento: 06/08/1883
Descrição: Firmino relatou que sua escrava Leopoldina estava perto do
momento de libertar-se pelo fundo de emancipação e que ela era mãe de
Leonor, de sete anos, e de Vicente, de quatro anos. Por estimar os menores
e por tê-los criado, Firmino declarou o receio de que sua escrava quisesse
levar consigo os menores. Segundo ele, esse fato seria prejudicial para as
crianças, tendo em vista a falta de moralidade e de meios da mãe, a qual
estava impossibilitada de lhes proporcionar educação e de encaminhá-los na
vida. Solicitou que fosse nomeado tutor e registrou seu comprometimento
em ensinar-lhes a ler e escrever, instruí-los em tudo a que concernisse aos
serviços domésticos, tratando-os sempre bem. Em 06/08/1883, Firmino
D'Azambuja Rangel foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de
tutela e juramento.

Processo: 1011
Tutelado: Maria
Tutor: Silvestre Gonçalves de Carvalho
Data de Abertura: 14/07/1883
Data de Encerramento: 16/07/1883
Descrição: Silvestre relatou que Josefina Desideria tinha em seu poder a
ingênua crioula Maria, de cinco anos de idade, filha de sua escrava Eva. De
acordo com ele, Josefina havia desistido dos serviços da menor, mesmo
69
tendo esse direito garantido por lei. Como a mãe da menina teria mau
comportamento e seria incapaz de lhe dar educação, Silvestre solicitou que
fosse nomeado tutor. Em 16/08/1883, Silvestre Gonçalves de Carvalho foi
nomeado tutor por meio de assinatura de termo de tutela e juramento.

Processo: 1015
Tutelado: Alberto
Tutor: Camilo José Mendes Ribeiro
Data de Abertura: 04/12/1884
Data de Encerramento: 05/12/1884
Descrição: Camillo José Mendes Ribeiro relatou que cuidava do menor
Alberto, filho da preta Maximiana, ex-escrava de seu sogro, o falecido
Justino de Miranda. Afirmou que naquele momento o menino estava
desamparado, visto que a mãe dele seria uma infeliz. Desejando protegê-lo,
solicitou que fosse nomeado tutor do menor. Em 05/12/1884, Camilo José
Mendes Ribeiro foi nomeado tutor por meio se assinatura de termo de
tutela e juramento.

Processo: 1018
Tutelado: Maria, João e José
Tutor: José Caetano Ferraz Teixeira
Data de Abertura: 22/08/1884
Data de Encerramento: 23/08/1884
Descrição: José Caetano declarou ter concedido liberdade à sua escrava de
nome Maria Rita, mãe dos menores Maria, João e José de onze, nove e três
anos, respectivamente. Solicitou ser nomeado tutor das crianças, de acordo
com o disposto nos artigos 5º, 6º e 9º do regulamento de 13 de novembro
de 1872. Em 22/08/1884, José Caetano Ferraz Teixeira foi nomeado tutor
por meio de assinatura de termo de tutela e juramento.

Processo: 1020
Tutelado: Lucio
Tutor: José Soares Junior
Data de Abertura: 21/05/1884
Data de Encerramento: 26/05/1884
Descrição: José informa que Rufina, recém liberta, mãe de Lúcio, de quatro
anos de idade, de cor parda, pretendia tomar para si o menino. Solicitou que
fosse nomeado tutor, para cuidar da educação do menor, visto que a mãe do
menino não teria meios nem moralidade para cuidá-lo. Em 26/05/1884, José
Soares Junior foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de tutela e
juramento.

70
Processo: 1021
Tutelado: Gertrudes e Athanasia
Tutor: Luiz Candido Pereira
Data de Abertura: 29/08/1884
Data de Encerramento: 19/04/1886
Descrição: Luiz declarou que libertou condicionalmente sua escrava de
nome Lourença, mãe de duas jovens de nome Gertrudes e Athanasia, cujos
serviços ele teria direito. Solicitou que fosse nomeado tutor das menores.
Em 30/08/1884, Luiz Candido Pereira foi nomeado tutor por meio de termo
de tutela e juramento. Em 13/03/1885, Luiz informou que Athanasia
desapareceu de casa e solicitou que fosse emitido mandado para que lhe
entregassem a menina. Seguem registros sobre o mandado e não
cumprimento do mandado até a data de 19/04/1886.

Processo: 1023
Tutelado: Benjamim
Tutor: Francisco Pereira da Silva
Data de Abertura: 29/07/1884
Data de Encerramento: 11/10/1884
Descrição: Joaquim Francisco de Souza Motta relatou que no distrito da
Freguesia das Pedras Brancas, estava um pardinho de nome Benjamim, de
dez a doze anos de idade, filho natural da parda Fausta d'Oliveira, ambos
livres. Por conta do falecimento de Fausta, o menor estaria sob o poder do
preto Antão da Silveira, para quem prestaria serviços, sem receber a menor
educação. Informou ao Juízo para que fosse nomeado um curador e indicou
o nome de Francisco Pereira da Silva, pessoa com as habilitações necessárias
para dar ao menino um bom tratamento e conveniente educação. Em
02/08/1884, Francisco Pereira da Silva foi nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de tutela e juramento. Em 29/09/1884, Francisco
Pereira da Silva relatou que Antão negou-se a entregar-lhe o menor.
Solicitou a expedição de mandado que obrigasse a entrega de Benjamim,
requisitando, inclusive, o acompanhamento de um oficial de justiça, capaz
de retirar o menor da companhia do citado. Em 03/10/1884, foi emitido
mandado de entrega do menor e autorização de acompanhamento de oficial
de justiça. Em 11/10/1884, registrou-se o cumprimento do mandado e de
entrega do menor Benjamim.

Processo: 1026
Tutelado: Manoel
Tutor: José Maria da Fontoura Palmeiro
Data de Abertura: 09/05/1885
Data de Encerramento: 11/05/1885
Descrição: O Major José relatou que concedeu a liberdade gratuita a sua
escrava Marcolina, preta, natural desta província, solteira e de idade de 35
anos mais ou menos. Exigiu como condição que ela lhe prestasse serviços
por dois anos. Segundo ele, antes de findar o prazo, Marcolina deixou sua
71
casa e levou consigo dois filhos que teve durante o tempo que foi sua
escrava, um de oito anos mais ou menos e outro de dois anos incompletos.
Um dos filhos, chamado Manoel, estava naquele momento em companhia
de João que manifestou o desejo de tutelá-lo para lhe dar educação
convenientemente. Em 11/05/1885, José foi nomeado tutor por meio de
assinatura do termo de tutela e juramento.

Processo: 1028
Tutelado: Geraldina
Tutor: João Severino Pessoa
Data de Abertura: 26/02/1885
Data de Encerramento: 26/02/1885
Descrição: João relatou que a parda de nome Maria Joanna esteve na sua
casa no momento em que estava ausente e retirou, sem o seu
consentimento, a menor Geraldina, de nove anos de idade.. Declarou que a
menor seria filha do pardo Alexandre, ex-escravo para quem concedeu a
liberdade sem ônus. De acordo com ele, foi Alexandre quem lhe entregou a
filha, confiando a ele, a educação da menina, o que João fazia com esmero,
no intuito de beneficiá-la. Para evitar que a menor ficasse sob a direção de
pessoa sem capacidade, como a mencionada Maria Joanna, solicitou ao Juízo
que fosse designado como tutor e que fosse passado mandado de entrega
da menor. Em 26/02/1885, João Severino Pessoa de Andrade foi nomeado
tutor por meio de assinatura de termo de tutela e juramento. No mesmo dia
foi expedido mandado para que a menor fosse entregue, data na qual se
registrou que a menor foi levada ao tutor.

Processo: 1029
Tutelado: João
Tutor: Theophilo Manoel José de Oliveira
Data de Abertura: 10/12/1885
Data de Encerramento: 10/12/1885
Descrição: Theophilo relatou que a preta livre de nome Francisca entregou
para ele seu filho de nome João, de oito anos. Isso teria acontecido há dois
anos, mais ou menos, e desde então o menor permanecia em sua
companhia. Manifestou o desejo de educá-lo e para isso solicitou que fosse
nomeado tutor. Em 10/12/1885, Theophilo Manoel José de Oliveira foi
nomeado tutor por meio de assinatura de termo de tutela e juramento.

Processo: 1031
Tutelado: Arthur
Tutor: Boaventura Marques da Silva
Data de Abertura: 03/06/1885
Data de Encerramento: 18/06/1885
Descrição: Boaventura declarou estar em sua companhia o menor Arthur, de
seis anos, filho natural de sua ex-escrava Ezidra, hoje contratada por tempo
72
de três anos. Solicitou que fosse nomeado tutor para dar conveniente
educação ao menor. Em 18/06/1885, Boaventura Marques da Silva foi
nomeado tutor por meio de assinatura de termo de tutela e juramento.

Processo: 1035
Tutelado: Maria Benta e Esperança
Tutor: Francisco de Castilho Maia
Data de Abertura: 10/07/1885
Data de Encerramento: 10/07/1885
Descrição: O Juízo nomeou o cidadão Francisco de Castilho Maia para o
cargo de tutor das menores Maria Benta e Esperança, de oito e cinco anos
respectivamente, filhas da ex-escrava Marcolina. Em 10/07/1885, Francisco
de Castilho Maia, assinou termo de tutela e juramento.

Processo: 1036
Tutelado: Maria
Tutor: João de Andrade Fialho
Data de Abertura: 10/01/1885
Data de Encerramento: 19/01/1885
Descrição: João solicitou ao Juízo que lhe mandasse entregar a ingênua
Maria, de oito anos, filha da ex-escrava Maria da Gloria. Ela teria deixado a
casa de João e levado consigo a menina, sem indenizá-lo pelas despesas de
criação. Seria responsável pela má educação que a menina teria passado a
receber quando deixou a casa de João. Em 14/01/1885, João de Andrade
Fialho foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de tutela e
juramento. Em 15/01/1885, João requereu a emissão de mandado para que
a menor fosse retirada do poder daquele que com ela estivesse. Em
19/01/1885 foi expedido o mandado.

Processo: 1043
Tutelado: José e Leocádia
Tutor: João de Souza Castello
Data de Abertura: 02/07/1886
Data de Encerramento: 08/07/1886
Descrição: A parda Liberata, mãe dos menores José de nove anos e Leocadia
de três anos, relatou que os menores estavam na companhia da avó
materna, quando dela foram retirados por um indivíduo de nome Eustaquio,
que alegou ser o pai dos referidos menores. Advertiu que o homem não
possui a moralidade necessária para ter consigo as crianças e solicitou que
fosse nomeado um tutor, para que pudesse tê-los em sua companhia,
dando-lhes a educação precisa. Em 02/07/1886, João de Souza Castello foi
nomeado tutor por meio de assinatura de termo de tutela e juramento. Em
08/07/1886, João solicitou que fosse expedido mandado, por carta
precatória, para que Eustaquio entregasse os menores ao tutor.

73
Processo: 1047
Tutelado: Agostinha
Tutor: Boaventura Augusto dos Reis
Data de Abertura: 20/10/1886
Data de Encerramento: 04/11/1886
Descrição: Boaventura Augusto dos Reis relatou que libertou
condicionalmente sua escrava de nome Joana, a qual mais tarde teria
seguido para o Rio de Janeiro, deixando-lhe uma filha de nome Agostinha,
de dezoito meses de idade, nascida quando Joana ainda estava sob seu
poder. A menina, desde seu nascimento, estava sendo criada por sua família.
Manifestou o desejo de criá-la e dar-lhe a educação necessária e, para que
evitasse qualquer abuso da parte de Joanna ou de alguma terceira pessoa,
solicitou ser nomeado tutor. Em 04/11/1886, Boaventura foi nomeado tutor
por meio de assinatura de termo de tutela e juramento.

Processo: 1052
Tutelado: Alice e Antonio
Tutor: João Rita Pinheiro
Data de Abertura: 22/01/1884
Data de Encerramento: 24/01/1884
Descrição: chegou ao conhecimento do Juízo o fato de os menores Alice e
Antonio, filhos da finada ex-escrava Salomé, estarem sem responsável legal.
Foi nomeado como tutor o cidadão João Rita Pinheiro. Em 24/01/1884, João
assinou termo de tutela e juramento.

Processo: 1053
Tutelado: João
Tutor: Boaventura Marques da Silva
Data de Abertura: 01/10/1887
Data de Encerramento: 03/10/1887
Descrição: Boaventura Marques da Silva relatou que libertou sua escrava de
nome Rita e que ela deixou-lhe um filho de nome João, de seis anos de
idade. Por querer continuar com menor e dar-lhe a necessária educação,
solicitou que fosse nomeado tutor. Em 03/10/1887, Boaventura Marques da
Silva foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de tutela e
juramento.

Processo: 1054
Tutelado: Procópio
Tutor: Firmiano Antonio de Araujo
Data de Abertura: 14/11/1887
Data de Encerramento: 28/11/1887
Descrição: O Juízo nomeou Firmiano Antonio de Araujo para o cargo de
tutor do menor Procópio, de nove anos, filho da finada preta Escolástica,

74
contratada de Maria Candida Leous. Em 28/11/1887, Firmiano assinou
termo de tutela e juramento.

Processo: 1055
Tutelado: Henrique
Tutor: Antonio Lopes Areas
Data de Abertura: 03/01/1887
Data de Encerramento: 03/01/1887
Descrição: Antonio Lopes informou que concedeu liberdade à sua escrava de
nome Rosa, a qual pretendia retirar-se da casa de sua casa e deixar-lhe um
filho menor de nome Henrique, de seis anos de idade. Solicitou que fosse
nomeado tutor do menino para cuidar e tratar de sua criação. Em
03/01/1887, Antonio Lopes Areas foi nomeado tutor por meio de assinatura
de termo de tutela e juramento.

Processo: 1059
Tutelado: Emilia
Tutor: Antonio José Mendes Ribeiro
Data de Abertura: 14/11/1887
Data de Encerramento: 22/11/1887
Descrição: Antonio José Mendes Ribeiro foi nomeado para o cargo de tutor
da menor Emilia, de seis anos de idade, filha do finado preto Benedicto
Antonio da Silva. Em 22/11/1887, Antonio assinou o termo de tutela e
juramento.

Processo: 1062
Tutelado: Gervasio, Paulina e Nazaria
Tutor: Antonio Victor de Sampaio Menna Barreto
Data de Abertura: 16/05/1887
Data de Encerramento: 17/05/1887
Descrição: O coronel Antonio Victor de Sampaio Menna Barreto relatou que
concedeu liberdade, com ônus de prestação de serviço, à sua ex-escrava de
nome Clemencia. Afirmou que ela tinha três filhos de nomes Gervazio,
Paulina e Nazaria, de seis, quatro e dois anos respectivamente, que estavam
em poder da família do Coronel. De acordo com ele, Clemencia não tinha
meios para educá-los e alimentá-los e estava sujeita à execução de trabalhos
para garantir o futuro dos menores. Por esse motivo, solicitou que fosse
nomeado tutor, para que cuidasse do vestuário, da alimentação e da
educação das crianças. Em 17/05/1887, Antonio foi nomeado tutor por meio
de assinatura de termo de tutela e juramento.

75
Processo: 1063
Tutelado: Anna e Gaudencio
Tutor: Antonio Olinto de Figueiredo Neves
Data de Abertura: 25/02/1887
Data de Encerramento: 25/02/1887
Descrição: Antonio declarou que desistiu dos serviços de sua ex-escrava
Manoela, que deixou-lhe seus filhos menores de nome Ana e Gaudencio, de
onze e nove anos de idade, respectivamente. Por desejar cuidar dos
menores, obrigando-se a educá-los, vesti-los e tratá-los convenientemente,
solicitou que fosse nomeado tutor. Em 25/02/1887, Antonio Olinto de
Figueiredo Neves foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de
tutela e juramento.

Processo: 1064
Tutelado: Maria
Tutor: Antero Henrique da Silva
Data de Abertura: 28/01/1887
Data de Encerramento: 10/03/1890
Descrição: Antero solicitou que fosse nomeado tutor da menor Maria, filha
de sua ex-escrava, a contratada Floriana, para que tratasse de sua criação.
Em 31/01/1887, Antero Henrique da Silva foi nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de tutela e juramento. Em 10/03/1890, Antero relatou
que Floriana e o pardo Feliciano, com quem estava casada, manifestaram o
desejo de levar consigo a menor. Sem oposição ao fato, solicitou que fosse
dada baixa no documento que o responsabilizava pelos cuidados de Maria.

Acondicionador 004.6805
_______________________________________________

Processo: 1010
Tutelado: Maria da Gloria e Manoela
Tutor: João Durval
Data de Abertura: 06/08/1887
Data de Encerramento: 23/08/1887
Descrição: Felisbina, livre, relatou que entregou suas duas filhas de nome
Maria da Gloria e Manoela, de quinze e treze anos, respectivamente, a
Domingos, residente na rua Duque de Caxias, as quais estariam sofrendo
castigos rigorosos. Desta forma, solicitou ao Juízo que suas filhas lhe fossem
entregues ou que fossem encaminhadas para outra pessoa idônea,
solicitando a intimação de Domingos. Declarou ser pobre e não ter recursos
para as [custas] judiciais. Em 09/08/1887, João Durval foi nomeado tutor das
menores por meio de assinatura de termo de tutela e juramento ao tutor.
76
Em 10/08/1887, João relatou que já havia prestado o competente juramento
de tutor das menores Maria da Gloria e Manoela e solicitou a expedição de
mandado para que as menores lhe fossem entregues por Domingos Barbosa.
Requereu também os serviços de um oficial de justiça. Em 11/08/1887, foi
expedido mandado de entrega dos menores. Em 18/08/1887, Domingos
Martins Barbosa Filho respondeu à intimação informando que a acusação de
que maltratava as menores seria falsa e caluniosa e que as meninas estariam
sendo cuidadas e alimentadas como pessoas da família. Lembrou que
Felisbina carecia de direito, porque conforme estabelecia o artigo 9º do
decreto 5135 de 13 de novembro de 1872, às libertas, só seria permitido o
direito de levarem consigo os menores de oito anos. Os filhos maiores de
oito anos deveriam ficar com os senhores até completarem vinte e um anos,
conforme o artigo 10º do referido decreto. Nesses termos, Domingos
requereu que o mandado fosse declarado sem efeito. Domingos foi intimado
para que declarasse a data na qual libertou a ex-escrava Felisbina. Em
22/08/1887, contou que a preta foi liberta em março de 1884, deixando em
seu poder suas filhas Manoela e Maria. Em 23/08/1887, considerando a
documentação e a declaração, o Juízo decidiu que as ingênuas não poderiam
acompanhar a mãe.

Processo: 1108
Tutelado: Ricardo, Paulo e Angelino
Tutor: Martinho Rodrigues do Valle
Data de Abertura: 11/06/1884
Data de encerramento: 16/05/1901
Descrição: Em 11/06/1884, José Soares Junior, curador da preta Nazaria
Roza, que se achava abandonada na Santa Casa de Misericórdia, sofrendo de
uma paralisia geral, comunicou ao Juízo que ela teria três filhos de nomes
Ricardo, Paulo e Angelino, com onze, sete e quatro anos de idade,
respectivamente, os quais se achavam em poder da preta Lucinda. Requereu
ao Juízo que lhes fossem designados um responsável legal para que os
menores pudessem receber a educação devida. Em 12/06/1884, José Soares
Junior foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de juramento ao
tutor. Em 09/09/1884, José, nomeado curador da parda Nazaria Rosa,
falecida a 18 de julho último, e tutor dos menores, solicitou que fosse
dispensado dos cargos e que verificada a inclusa conta, lhe fosse dada a
respectiva quitação. Em 15/09/1884, Geraldo Jose do Nascimento foi
nomeado tutor por meio de assinatura do termo de tutela e juramento ao
tutor. Em 08/06/1886, foi solicitada a substituição do tutor. Em 21/06/1886
foi citado Afonso Ribeiro Alvares para prestar juramento como tutor, porém
em 12/17/1886, foi registrada a informação de que Afonso não aceitou ser
nomeado como tutor. Em 29/09/1886 foi nomeado Soter Caio da Silva como
tutor. Em 04/08/1887, Soter reclamou parcela de aluguel de casa que seria
de direitos dos menores. Em 28/02/1888, comunicou sua ausência da cidade
e solicitou que fosse exonerado do cargo de tutor, informando ainda sobre
os rendimentos do aluguel da casa alugada, que pertencia metade aos
menores e outra metade a preta Lucinda, de acordo com testamento de
77
Francisco José da Rosa. Em 02/03/1888, Martinho Rodrigues do Valle foi
nomeado tutor por meio de assinatura de termo de tutela e juramento. Em
14/05/1901, Argelino Rosa, completando sua maioridade, requereu que
Martinho Rodrigo, seu tutor, viesse a juízo prestar contas de sua tutoria e
lhe entregasse o que fosse de direito. Em 16/05/1901 foi repassada carta
precatória do Juízo de Órfãos de São Leopoldo para o Juízo de Porto Alegre.
Na mesma data, Martinho foi informado do conteúdo da precatória.

Acondicionador 004.6817
______________________________________________

Processo: 1943
Tutelado: Bertholino Vieira Rodrigues
Tutor: Ernesto Carlos Cezar
Data de Abertura: 20/06/1895
Data de Encerramento: ----
Descrição: Foi requerida a citação do tenente do exército Ernesto Carlos
Cezar e solicitada sua presença ao Juízo, para prestar juramento de tutor do
menor Bertholino Vieira Rodrigues, pardo, com dezesseis anos de idade,
filho de Manoela Vieira Rodrigues. Observação: no momento da descrição, o
processo encontrava-se incompleto (com apenas uma página e sem capa) no
acondicionador.

78
IIIª Vara de Família e
Sucessão da Comarca de
Porto Alegre

79
Acondicionador 004.1000
_______________________________________________

Processo: 3405
Tutelado: Carlos
Tutor: ----
Data de Abertura: 25/04/1879
Data de Encerramento: ----
Descrição: Foi informado que um menor de nome Carlos, com quatro anos
de idade, mais ou menos, visto no Beco do João Coelho, era maltratado por
uma preta que se dizia sua mãe. Foi solicitado o Juízo esclarecimentos e
solicitado que pessoa idônea fosse nomeada para o cargo de tutor. Processo
sem registro de andamento e conclusão.

Acondicionador 004.1836
_______________________________________________

Processo: 567
Tutelado: Adão Celestino de Almeida
Tutor: Fernando Theodozio Gonçalves
Data de Abertura: 27/07/1895
Data de Encerramento: 10/09/1895
Descrição: Foi requerida a citação do tenente João Baptista Martins Pereira
e solicitada sua presença ao Juízo, para prestar juramento de tutor do
menor Adão, filho da preta Maria. Em 27/07//1895, João Baptista Martins
Pereira foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de juramento ao
tutor. Em 29/07/1895, João Baptista relatou que no ato de receber o dito
menor, o qual estava empregado na casa de Francisco Monte (vulgarmente
conhecido como Chico), foi-lhe, por esse mesmo senhor, pedida a permissão
para que o Adão servisse de jokey para alguns cavalos nas corridas que
aconteceriam no dia 28/07/1895, no Prado Riograndense. A autorização foi
concedida e o menor apresentou-se ao senhor Monte, correndo no referido
prado. Entretanto, de acordo com João, Adão não tinha retornado e por essa
razão, , solicitou providências para que o menor lhe fosse entregue. Em
30/07/1895, foi expedido mandado para que qualquer oficial providenciasse
o retorno do menor. Em 13/08/1895, João Baptista comunicou que não
poderia mais continuar no cargo de tutor, requerendo sua exoneração e a
nomeação de outro tutor. Em 14/08/1895, Fernando Theodozio Gonçalves
foi nomeado tutor por meio de termo de juramento ao tutor. Em
17/08/1895, Maria Magdalena Conceição informou que seu filho menor,
Adão Celestino da Silva, achava-se de soldado em casa de Francisco, que era
responsável pelo seu sustento, vestiário e morada e recebia mensalidade,
quando por mandado de um juiz, foi retirado daquele poder e entregue a
Gonçalves. Maria afirmou que a tutela prejudicaria o menor e solicitou a
80
revogação imediata pelo motivo que se segue: o Superior Tribunal, em
acordam unanime (doe nº2) que "depois da promulgação do Decreto 124 de
janeiro de 1890, é um verdadeiro attentado à lei e ao direitos da mulher a
pratica geralmente seguida de nomear tutor aos menores filhos de mulher
solteira". Adverte que deveria ser ouvida na nomeação de tutor. Consta
pesquisa de Acordam.

Acondicionador 004.6819
_______________________________________________

Processo: 477
Tutelado: Serafim
Tutor: José Clemente Palma Dias
Data de Abertura: 20/11/1878
Data de Encerramento: 23/11/1878
Descrição: José Clemente Palma Dias relatou que no ano de 1875 faleceu
seu compadre, Serafim José da Silva, o qual vivia em estado de pobreza e
deixou um filho de nome Serafim, de nove anos de idade, de cor parda,
afilhado do suplicante. Solicitou ser nomeado tutor do órfão, a fim de levá-lo
para sua companhia. Em 23/11/1878, José Clemente foi nomeado tutor por
meio de assinatura de termo de juramento ao tutor.

Processo: 483
Tutelado: Miguelina e Salvador
Tutor: José Luiz Ribeiro
Data de Abertura: 16/01/1879
Data de Encerramento: 31/01/1879
Descrição: José Pereira relatou que lhe foram apresentadas duas crianças de
menor idade, de cor preta, Miguelina, de onze anos, e Salvador. Elas fugiam
constantemente da casa paterna, em consequência dos maus tratos e
castigos que sofriam por parte do pai, homem em estado quase habitual de
embriaguez. Solicitou que fosse nomeado um tutor. Em 31/01/1879, José
Luiz Ribeiro foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de
juramento ao tutor.

Processo: 484
Tutelado: Maria da Gloria
Tutor: Candido de Azambuja Villa Nova
Data de Abertura: 31/08/1880
Data de Encerramento: 06/09/1880
Descrição: No dia 23/08/1880, foi entregue ao Juízo uma carta anônima
datada de 12/08/1880 informando que na casa da crioula Leocadia existiria
uma criança, de cor parda, de 10 anos de idade, a qual seguidamente estaria
81
sendo espancada e maltratada pela referida mulher e por seu marido José. A
criança seria órfã de pai e mãe, falecidos na aldeia dos anjos e por isso, havia
a solicitação de que fosse nomeado um tutor. A crioula e a menor teriam
sido encontradas a noite e pelo observado no caso denunciado, não caberia
procedimento criminal. No entanto, entendeu-se que seria conveniente que
a menor fosse retirada de Leocadia. A menor declarou chamar-se Maria e
ser filha da liberta Maria da Glória, já falecida. Foi comunicado ao Juízo de
Órfãos a situação. Em 31/08/1880, foi requerida a citação da preta Leocadia
para comparecer no dia 02/09, na casa da residência do juiz substituto,
levando em sua companhia a menor Maria. Em 02/09/1880, foi realizado o
auto de inquirição. no qual Leocádia explicou ao Juiz sua situação e a
situação da menor Maria. Em 06/09/1880 foi nomeado Candido de
Azambuja Villa Nova como tutor por meio de assinatura de termo de
juramento de ao tutor.

Processo: 490
Tutelado: Augusto
Tutor: Francisco Pereira da Cunha
Data de Abertura: 25/02/1880
Data de Encerramento: 25/02/1880
Descrição: Francisco Pereira da Cunha declarou que criou o menor Augusto,
com sete anos de idade, filho da parda Laura. A mãe, sob fúteis pretextos,
queria retirar-lhe o menino, a quem estaria conservando como filho e dando
educação necessária. Solicitou que fosse nomeado tutor do menor, uma vez
que sua mãe não tinha meios para educá-lo. Em 25/02/1880, Francisco foi
nomeado tutor por meio da assinatura de termo de juramento ao tutor.

Processo: 498
Tutelado: Romana e Gervazia
Tutor: João Thomas de Sousa Machado
Data de Abertura: 10/06/1881
Data de Encerramento: 10/06/1881
Descrição: João Thomas de Sousa Machado afirmou ser padrinho dos
menores Romana e Gervazia, ambos filhos de Maria, mulher escrava já
falecida. Solicitou que fosse nomeado tutor das meninas. Em 10/06/1881,
João Thomas de Sousa Machado foi nomeado tutor por meio de assinatura
de termo de tutela.

Processo: 502
Tutelado: Perciliana
Tutor: Capitão Antonio Galdino Alves
Data de abertura: 15/02/1882
Data de encerramento: 16/02/1882
Descrição: Antonio relatou que concedeu liberdade para sua escrava
Januaria, mãe de Perciliana, menor de onze anos de idade. Informou que a
82
menor ficava exposta à vida desregrada da mãe e sem receber a menor
educação. Em 16/02/1882, Antonio Galdino foi nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de juramento ao tutor.

Processo: 503
Tutelado: Georgina
Tutor: Eugenio Pinto Cardoso Malheiros
Data de Abertura: 30/11/1882
Data de Encerramento: 19/12/1882
Descrição: Foi nomeado Eugênio Pinto Cardoso Malheiros como tutor da
ingênua Georgina, filha da parda Arminda, falecida, escrava de João Dias de
Castro, também falecido. Em 04/12/1882, Eugênio assinou o termo de
juramento ao tutor. Em 07/12/1882, Georgina relatou, por seu tutor abaixo
firmado, que todo o seu patrimônio, na quantia de cento e trinta e dois mil
quinhentos e trinta reis, estava depositado em conta-corrente no falido
Banco Mauá; que obrigou-se a fazer o pagamento de seu passivo com
abatimento na razão de cinquenta por cento, pagamento este que somente
poderia ser feito na capital do Império. Para isso, seria necessário constituir
procurador e fazer despesas que não comportariam a pequena quantia que
teria para receber. Por isso, o tutor solicitou autorização para a venda do
título creditário pelo preço que se pudesse alcançar nesta capital,
atendendo-se qualquer que fosse o produto em favor da menor. Em
19/12/1882, relatou o tutor que autorizado por este juízo, fez a venda,
mediante a quantia de trinta mil e quatrocentos reis, da dívida do Banco
Mauá de que era credora a finada mãe da menor tutelada. Requereu ao
Juízo que ordenasse o destino daquela quantia.

Processo: 504
Tutelado: José
Tutor: Pacífico José de Menezes
Data de Abertura: 21/09/1882
Data de encerramento: 28/05/1882
Descrição: A preta Francisca, ex-escrava de Pacífico José de Menezes,
alforriada pelo fundo de emancipação, declarou ser mãe de cinco filhos. O
menor de nome José, de seis anos de idade, pardo, estaria em companhia de
seu ex-senhor, Pacífico, que teria o interesse de cuidá-lo e educá-lo com
atenção de pai. Por isso, Francisca solicitou que Pacífico fosse nomeado
tutor do menino, declarando ser testemunha do bom tratamento e estima
que eram dispensados a seu filho. Estaria ela dispensada do ônus das custas,
por ser pobre e sem meios. Em 28/05/1882, Pacifico José de Menezes
passou procuração ao senhor Soter Caio da Silva para que assinasse termo
de tutela em seu favor.

83
Processo: 507
Tutelado: Abrahão
Tutor: José Custódio Paim de Oliveira
Data de Abertura: 14/06/1882
Data de Encerramento: 15/06/1882
Descrição: A preta Eva, escrava do senhor José Custódio Paim de Oliveira,
relatou que seu senhor lhe concederia liberdade, sem ônus, desde que fosse
nomeado tutor de seu filho ingênuo de nome Abrahão, de sete anos de
idade. Considerou uma generosa resolução que beneficiaria seu filho, tendo
em vista a falta de meios para criá-lo e educá-lo e a amizade e estima que
seu senhor sentiria pelo menor. Solicitou ao Juízo a nomeação de curador
para representá-la na ação. Em 15/06/1882, José Custódio Paim de Oliveira
foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de tutela.

Processo: 510
Tutelado: Ephigenia
Tutor: Demócrito Ferreira da Silva
Data de Abertura: 05/04/1883
Data de Encerramento: 07/04/1883
Descrição: O tenente Demócrito Ferreira da Silva relatou que lhe foi
entregue, pelo coronel José de Azambuja Villa Nova, a menor Ephigenia.
Com quatorze anos de idade, cor parda, e filha de Ephigenia, escrava do
mesmo Villa Nova, teria alcançado a liberdade na pia batismal e teria sido
entregue a Demócrito para aprender todo o serviço doméstico e alguma
instrução em aula primária. Assim, Demócrito solicitou que fosse nomeado
tutor pelo interesse que tinha pela felicidade da menina. Em 07/04/1883,
Demócrito Ferreira da Silva foi nomeado tutor por meio de assinatura de
termo de juramento ao tutor.

Processo: 513
Tutelado: Cassiano
Tutor: Francisco Ferreira da Varzea
Data de Abertura: 25/01/1883
Data de Encerramento: 29/01/1883
Descrição: João Pereira Maciel relatou que o menor Cassiano, liberto, como
provariam os documentos que submeteu ao Juízo, estava vivendo como
escravo de Antonio Marques Afonso. Em certidão, havia a informação de
que Dona Anna Joaquina da Fonseca Dores havia desistido dos serviços de
Cassiano, filho da liberta Eufenia, permitindo-lhe gozar de liberdade plena
sem ônus ou qualquer obrigação. Em 29/01/1883, Francisco Ferreira da
Varzea foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de juramento ao
tutor.

84
Processo: 514
Tutelado: Argemira
Tutor: João Pereira Maciel
Data de abertura: 24/01/1883
Data de encerramento: 14/04/1883
Descrição: João Zeferino relatou que faleceu a preta Feliciana, escrava de
herança de Dona Candida Pereira Netto, mãe de Argemira, parda, de um ano
de idade, de quem ele seria padrinho e pai adotivo. Solicitou que fosse
nomeado tutor da menor e que ela lhe fosse entregue, pois estava em
poder de Candida, pessoa sem parentesco algum com Argemira. Apresentou
documento de batismo e de adoção. Em 14/04/1883, João foi nomeado
tutor por meio da assinatura de termo de juramento ao tutor.

Processo: 515
Tutelado: Pedro
Tutor: José Joaquim do Nascimento Filho
Data de abertura: 30/12/1883
Data de encerramento: 11/06/1884
Descrição: Maria José do Nascimento relatou que estava em sua companhia
o menor de nome Pedro, alugado do Alferes Agostinho Gouvea. Entretanto,
de acordo com a carta da esposa do alferes, teria sabido que o menor era
forro. Por desejar que Pedro permanecesse em sua companhia, solicitou que
fosse nomeado tutor. Em 11/06/1884, José é nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de juramento ao tutor.

Processo: 517
Tutelado: João
Tutor: João de Oliveira Guimarães
Data de abertura: 04/10/1883
Data de encerramento: 11/06/1886
Descrição: João de Oliveira Guimarães declarou que estava em sua
companhia o menor desvalido de nome João, de dez anos de idade, cor
parda, órfão de pai e mãe. De acordo com ele, o menor foi seduzido a sair de
sua casa pelo carroceiro José Antônio Machado, o qual não poderia dar-lhe
educação e nem lhe oferecer benefício. Solicitou ser nomeado tutor, a fim
de retirá-lo da prejudicial companhia em que se encontrava. Em 04/10/1883,
João de Oliveira Guimarães foi nomeado tutor por meio de assinatura de
termo de juramento ao tutor. Em 11/06/1886, João relatou que seu tutelado
estava sendo seduzido pelo português de nome José Henrique Ferreira para
deixar sua casa. Segundo ele, desde o dia cinco daquele mês, o menor estava
na casa de Manoel, o qual se negou a entregá-lo. Requereu a expedição de
mandado para que a lei fosse cumprida.

85
Processo: 518
Tutelado: Mathilde
Nome do Tutor: Boaventura Marques da Silva
Data de Abertura: 14/08/1884
Data de encerramento: 18/08/1884
Descrição: Boaventura Marques da Silva relatou que Constancia, escrava
para quem concedeu a liberdade, deixou em sua companhia uma filha de
nome Mathilde, com idade de cinco anos. Solicitou ser nomeado tutor da
menor para dar-lhe educação e garantir-lhe o futuro. Em 18/08/1884,
Boaventura foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de
juramento ao tutor.

Processo: 522
Tutelado: Florinda
Tutor: Amaso Candido de Souza
Data de abertura: 16/02/1884
Data e encerramento: 18/03/1884
Descrição: Pedro Maria declarou que libertou, em 13 de abril de 1881, pelo
fundo de emancipação, a escrava de nome Catharina. Segundo ele, ela levou
consigo a filha menor de nome Florinda, de quem teria direito a serviços
pelo tempo previsto em lei. Afirmou que a ex-escrava, devido à pobreza em
que vivia, não tinha condições para cuidar da menina, motivo pelo qual foi
encontrada a menor, por várias vezes, em estado de abandono. Solicitou
que fosse nomeado tutor da menor, a fim de dar-lhe educação. Em
21/02/1884, Pedro foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de
juramento ao tutor. Em 23/02/1884, Pedro informou que sua ex-escrava
negou-se a entregar Florinda. Requereu expedição de mandado a fim de que
a menor lhe fosse entregue. Em 17/03/1884, Pedro foi exonerado do cargo e
em 18/03/1884, Amaso Candido de Souza foi nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de juramento ao tutor.

Processo: 523
Tutelado: Maria Altina
Tutor: Severino de Freitas Prestes
Data de abertura: 27/08/1884
Data de encerramento: 17/09/1884
Descrição: A preta Thomazia relatou que tinha em sua companhia uma filha
de oito anos de nome Maria Altina. Solicitou a designação de um tutor que a
recebesse e cuidasse da menina. Em 17/09/1884, Severino foi nomeado
tutor por meio de assinatura de termo de juramento ao tutor.

86
Processo: 524
Tutelado: Angela
Tutor: Jeremias Dexheimer
Data de abertura: 17/07/1884
Data de encerramento: 17/07/1884
Descrição: Chegou ao conhecimento do juízo que a menor Angela, de 10
anos de idade, filha da finada preta Generoza, estava sem tutor. Para o
cargo, foi nomeado o cidadão Jeremias Dexheimer. Em 17/07/1884,
Jeremias assinou o termo de juramento ao tutor.

Processo: 525
Tutelado: Olimpia
Tutor: Erico Lima
Data de abertura: 22/09/1884
Data de encerramento: 21/10/1884
Descrição: João Moreira Guimarães relatou que a preta Eva estava em sua
companhia e que era mãe de uma menor de nome Olimpia. Solicitou que
fosse nomeado tutor da menina, ponderando ao Juízo que a menor achava-
se na casa de Leonel Pereira de Sousa, contra a vontade da mãe e lá estaria
recebendo maus tratos. Em 24/09/1884, João foi nomeado tutor por meio
da assinatura de termo de juramento ao tutor. Em 16/10/1884, Leonel
Pereira de Sousa declarou que estava em seu poder, há dois anos, a menor
de nome Olimpia. Constando-lhe que o individuo João Moreira Guimarães
requereu a tutoria da referida menor, achou por bem informar que o
referido individuo era cidadão português e não era casado. Por acreditar que
estaria em condições de continuar a ter em sua companhia a referida
menor, dando-lhe educação precisa, requereu ao Juízo a tutoria da menina.
Em 16/10/1884, Eva, sabendo da impossibilidade da permanência de João
Moreira Guimarães no cargo de tutor, solicitou a nomeação de novo tutor e
manifestou desaprovação ao nome de Leonel, em razão dos maus tratos
sofridos pela menina. Em 17/10/1884, João confirmou ser cidadão
português e solicitou que fosse nomeado outro tutor que não Leonel. Em
20/10/1884, Erico Lima foi nomeado tutor por meio da assinatura de termo
de juramento. Em 21/10/1884, Erico requereu expedição de mandado para
que Leonel lhe entregue a menor no prazo de 24 horas sob as penas da lei. O
mando foi repassado na mesma data.

Processo: 526
Tutelado: Alvaro
Tutor: Manoel dos Santos Cardoso
Data de Abertura: 21/05/1884
Data de Encerramento: 23/05/1884
Descrição: o Major Manoel relatou que concedeu liberdade para sua escrava
Maria, de vinte e seis anos de idade, de cor parda. Ela teria deixado em sua
companhia o filho menor de nome Alvaro, de seis anos de idade, de cor
87
parda. Solicitou que fosse nomeado tutor do menino. Em 23/05/1884,
Manoel dos Santos Cardoso de Menezes foi nomeado tutor por meio da
assinatura de termo de juramento ao tutor.

Processo: 527
Tutelado: Paulina
Tutor: João Francisco de Oliveira Furtado
Data de Abertura: 12/12/1884
Data de Encerramento: 17/12/1884
Descrição: Joaquim Francisco de Oliveira Furtado relatou que a liberta Maria
deixou-lhe uma filha ingênua de nome Paulina, de sete anos de idade, mais
ou menos. Solicitou ser nomeado tutor da menor, a fim de legalmente
assumir a responsabilidade de criação e educação da menina. Em
17/12/1884, Joaquim foi nomeado tutor por meio da assinatura de termo de
juramento ao tutor.

Processo: 528
Tutelado: Alvaro, Philomena e Geronima
Tutor: Augusto Cezar da Silva
Data de abertura: 11/03/1885
Data de encerramento: 14/03/1885
Descrição: Augusto Cezar da Silva relatou que estavam em sua casa os
ingênuos Alvaro, Philomena e Geronima, filhos da sua ex-escrava Gabriella.
Solicitou que fosse nomeado tutor dos menores. Em 14/03/1885, Augusto
foi nomeado tutor por meio da assinatura de termo de juramento.

Processo: 531
Tutelado: Justina
Tutor: Epaminondas Pereira de Campos
Data de abertura: 12/08/1885
Data de encerramento: 24/08/1885
Descrição: Epaminondas relatou que a menor Justina, filha de Caetana, ex-
escrava de sua falecida mãe, Dona Regina Gonçalves de Campos, estava em
sua companhia e achava-se sem tutor. Solicitou que fosse nomeado tutor da
menina. Em 24/08/1885, Epaminondas Pereira de Campos foi nomeado
tutor por meio da assinatura de termo de juramento ao tutor.

Processo: 533
Tutelado: Adão, Benjamim e Manoel
Tutor: João Pitta Pinheiro
Data de abertura: 11/12/1885
Data de encerramento: 12/12/1885
Descrição: o capitão João relatou que concedeu liberdade a escrava de
nome Rosaura e a seus filhos menores, Adão, Benjamim e Manoel.

88
Manifestou o desejo de que os menores permaneçam em sua companhia,
para educá-los convenientemente. Assim, solicitou que fosse nomeado
tutor. Em 12/12/1885, João Pitta Pinheiro foi nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de juramento.

Processo: 538
Tutelado: Maria, Ricardo e Firmina
Tutor: Joaquim Gonsalves Bastos Monteiro
Data de abertura: 21/08/1885
Data de encerramento: 22/08/1885
Descrição: Joaquim relatou que concedeu liberdade sem ônus à ex-escrava
Jeronima, mãe de Maria, Ricardo e Fermina, de treze, doze e dez anos
respectivamente. Declarou o interesse em conservar os menores em sua
companhia, para alimentá-los, vesti-los e dar-lhes a devida educação.
Solicitou que fosse nomeado tutor dos menores. Em 22/08/1885, Joaquim
Gonçalves Bastos Monteiro foi nomeado tutor por meio de assinatura de
termo de juramento ao tutor.

Processo: 535
Tutelado: Carolina
Tutor: Manoel Martins dos Santos Penna
Data de abertura: 09/03/1885
Data de encerramento: 14/03/1885
Descrição: Manoel comunicou que a crioula Carolina, menor de 15 anos,
órfã de pai, filha de preta Maximiliana, encontrava-se na cidade, sem
amparo nem meios para subsistir. Solicitou que fosse nomeado tutor da
menor e comprometeu-se a cumprir os deveres inerentes ao cargo. Em
14/03/1885, Manoel Martins dos Santos Penna foi nomeado tutor por meio
de assinatura de termo de juramento ao tutor.

Processo: 542
Tutelado: Rita
Tutor: Frederico Duval
Data de abertura: 31/03/1886
Data de encerramento: 05/04/1886
Descrição: O Juízo nomeou o tenente Coronel Frederico Durval tutor da
menor ingênua Rita, filha da liberta Joana. Em 05/04/1886, Frederico
assinou termo de juramento ao tutor.

Processo: 543
Tutelado: João
Tutor: Zeferino Pereira da Silva
Data de abertura: 07/12/1886
Data de encerramento: 07/12/1886
89
Descrição: Foi informado ao Juízo que João, de treze anos mais ou menos,
filho da falecida Rita, preta, achava-se sem tutor. Zeferino Pereira da Silva
solicitou o cargo. Em 07/12/1886, Zeferino foi nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de juramento ao tutor.

Processo: 546
Tutelado: Avelina
Tutor: Julio Cezar Leal
Data de abertura: 15/03/1886
Data de encerramento: 16/03/1886
Descrição: O Juízo nomeou Julio Cezar Leal, tutor da menor Avelina, de onze
para doze anos de idade, filha de pais incógnitos. Em 16/03/1886, Julio
assinou o termo de juramento ao tutor. Em 16/03/1886, Julio Cezar Leal
relatou que Avelina tinha sido seduzida por sua ex-criada e levada para casa
de João. Solicitou emissão de mandado para que a menor, criada por ele
desde os três anos, retornasse para sua casa.

Processo: 552
Tutelado: Maria Magdalena
Tutor: Pedro Felippe Martino
Data de abertura: 17/06/1887
Data de encerramento: 08/07/1887
Descrição: Pedro relatou que estava em seu poder uma ingênua de nome
Maria Magdalena, de sete anos de idade, órfã, filha de Maria, escrava de sua
mãe. Solicitou que fosse nomeado tutor da menor para cuidar de sua criação
e educação. Em 25/06/1887, Pedro Felippe Martins foi nomeado tutor por
meio da assinatura de termo de juramento ao tutor. Em 08/07/1887, João
Thomaz de Souza Machado contestou a nomeação da tutoria.

Processo: 553
Tutelado: Procópio José da Silva
Tutor: Cecília
Data de abertura: 09/08/1887
Data de encerramento: 09/08/1887
Descrição: O Juízo nomeou o cidadão Procópio, tutor da menor ingênua de
nome Cecília, de oito anos, filha natural da liberta Joaquina, a qual consentiu
que a menina permanecesse em companhia do citado Procópio. Em
09/08/1887, Procópio José da Silva assinou o termo de juramento ao tutor.

Processo: 554
Tutelado: Cecília e Maria
Tutor: Pedro Antonio da Silva Horta
Data de abertura: 29/12/1886
Data de encerramento: 07/01/1887
90
Descrição: Chegou ao conhecimento do Juízo que as menores Cecília, de
sete anos, e Maria da Conceição, de treze anos, filha e irmã,
respectivamente, da finada preta livre Maria Antonia, estavam sem tutor.
Pedro solicitou que fosse nomeado tutor das meninas. Em 07/01/1887,
Pedro Antonio da Silva Horta foi nomeado tutor por meio de assinatura de
termo de juramento ao tutor.

Processo: 556
Tutelado: Palmyra
Tutor: Adolfo Ignacio da Silva
Data de abertura: 30/04/1888
Data de encerramento: 04/05/1888
Descrição: Claudina de Souza e Silva, viúva do Tenente Coronel Manoel
Ignácio da Silva, relatou que estava em sua companhia a ingênua de nome
Palmyra, de dez anos, de cor preta, filha de sua ex-escrava de nome Eva.
Solicitou que fosse nomeado um tutor para cuidar da educação e promover
os interesses da menor. Indicou seu filho Adolfo Ignacio da Silva para o
cargo, uma vez que reunia as condições exigidas pela lei. Em 03/05/1888,
Adolfo foi nomeado tutor por meio da assinatura de termo de juramento ao
tutor. Em 04/05/1888, Adolfo Ignacio informou que Palmyra se achava em
poder de Ragusino de Campos Nunes, morador no Arado, distrito de Belém,
solicitando a emissão de mandado para que a menor lhe fosse entregue.

Processo: 557
Tutelado: Amaro
Tutor: Candido de Azambuja Villanova
Data de abertura: 25/10/1887
Data de encerramento: 10/12/1887
Descrição: Candido relatou que estava em sua companhia o menor Amaro,
filho de sua ex-escrava Philomena. Solicitou que fosse nomeado tutor do
menor para educá-lo convenientemente. Em 10/12/1887, Candido de
Azambuja foi nomeado tutor por meio da assinatura de termo de tutela e
juramento.

Processo: 559
Tutelado: Paulina, Adão, Rita, Sophia, Eva, Gaspar e Alaride
Tutor: João Baptista de Magalhães
Data de abertura: 21/05/1888
Data de encerramento: 27/12/1888
Descrição: João relatou que nasceram em seu poder os menores Paulina, de
dezoito anos, Adão, de dezessete anos, Rita, de quinze anos, Sophia, de
treze anos, Eva de dez anos, Gaspar, de seis anos, e Alaride, de quatro anos,
todos filhos da preta Deodata. Informou que desde que nasceram, cuidou,
vestiu e educou os menores, preparando-os para um futuro decente.
Solicitou que fosse nomeado tutor dos indicados, uma vez que a mãe deles
91
não teria condições para sustentá-los. Em 30/05/1888, João Baptista de
Magalhães foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de
juramento ao tutor. Em 27/12/1888, Rodolfo Luiz Corrêa comunicou que
casou-se com Deodata Candida Luiza da Costa e solicitou que fossem
entregues os filhos de sua mulher, Paulina, Rita, Adão, Sophia e Eva, que se
achavam em poder de seu ex-senhor João Baptista de Magalhães.

Processo: 560
Tutelado: Pio
Tutor: Guilherme Mariante
Data da abertura: 05/06/1888
Data de encerramento: 08/06/1888
Descrição: Guilherme relatou que criou e educou o menor Pio, de onze anos
de idade, filho da ex-escrava parda de nome Fausta. O menor estaria em sua
companhia e em virtude do Decreto de 13 de maio do corrente ano.
Solicitou que fosse nomeado tutor do menino, tendo em vista a escassez de
meios e da falta da necessária idoneidade que impossibilitariam a mãe do
ingênuo de cuidá-lo. Em 08/06/1888, Guilherme Mariante foi nomeado tutor
por meio de assinatura de termo de juramento ao tutor.

Processo: 561
Tutelado: Estácio
Tutor: José Manoel de Moraes
Data de abertura: 28/06/1888
Data de encerramento: 28/06/1888
Descrição: José relatou que estava em sua companhia, desde que nasceu, o
pardinho de nome Estácio, de sete anos de idade, filho da liberta Severiana.
Informou que o menor estaria na idade de frequentar a escola, para mais
tarde ter uma ocupação que lhe permitisse viver honestamente. Por isso,
solicitou que fosse nomeado tutor, para que continuasse em sua companhia,
que além de casa, comida e vestuário, dar-lhe-ia a necessária educação. Em
28/06/1888, José Manoel de Moraes foi nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de juramento.

Processo: 563
Tutelado: Fidelis, Bento, Candida, Izidro e Joaquina
Tutor: João José Gularte
Data de abertura: 17/09/1888
Data de encerramento: 17/09/1888
Descrição: João informou o desejo de se tornar tutor dos menores Fidelis, de
quinze anos, Bento, de onze anos, Candida, de oito anos, Izidro, de seis anos
e Joaquim, de quatro anos, todos filhos da preta Elisa, falecida. Solicitou que
fosse nomeado para o cargo de tutor dos menores. Em 17/09/1888, João
José Gularte foi nomeado tutor por meio da assinatura de termo de
juramento ao tutor.
92
Processo: 565
Tutelado: Diogo Alves Ferraz
Tutor: Izidoro
Data de abertura: 12/06/1888
Data de encerramento: 15/06/1888
Descrição: O Tenente Coronel Diogo relatou que estava em sua companhia
um ingênuo, pardo, de nome Izidoro, nascido a 24 de janeiro de 1872, filho
de sua escrava, preta, de nome Perpétua, já falecida. Em virtude da Lei de 13
de maio daquele ano, pela qual perdeu o direito aos serviços do menino
ingênuo, solicitou que fosse nomeado tutor do menor, o qual foi criado e
educado em sua casa. Em 15/06/1888, Diogo Alves Ferraz foi nomeado tutor
por meio de termo de juramento ao tutor.

Processo: 568
Tutelado: Felipina
Tutor: José Francisco da Silva Netto
Data de abertura: 17/05/1888
Data de encerramento: 28/05/1888
Descrição: Israel Rodrigues Barcellos relatou que estava em sua companhia
uma pardinha ingênua, Fellipa, nascida em 26 de maio de 1883, filha da
parda Eva, então sua escrava. Informou que devido a Lei nº 327 de 28 de
setembro de 1885, cessou o direito dos senhores de escravos à prestação de
serviço dos ingênuos. Afirmou que a mãe era uma criatura perversa e de
costumes depravados e que aquela criança estava sendo criada em sua
companhia e na de sua neta, madrinha da menor. Desta forma, solicitou que
fosse nomeado tutor da menina. Em 28/05/1888, José Francisco da Silva
Netto foi nomeado tutor por meio de assinatura do termo de juramento ao
tutor.

Processo: 570
Tutelado: Paulina
Tutor: Julio Fernandes Barboza
Data de abertura: 03/06/1888
Data de encerramento: 05/06/1888
Descrição: O capitão Julio Fernandes Barboza relatou que estava em sua
companhia a menor Paulina, filha da parda Juliana, mulher que estava
perdida e que era reconhecidamente de maus costumes. Solicitou que fosse
nomeado tutor para proteger e dar educação à menor. Em 05/06/1888, Julio
Fernandes foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de juramento
ao tutor.

Processo: 573
Tutelado: Roberto
Tutor: José Antonio Rodrigues Frotta
Data de abertura: 01/05/1889
93
Data de encerramento: 07/05/1889
Descrição: O tenente José Antonio relatou que estava em sua companhia o
ingênuo de nome Roberto de dez anos de idade, filho da parda Juliana, que
vivia amasiada e não tinha capacidade para cuidar do filho. Informou que o
menor foi criado por ele e que recebia educação, alimentação e vestuário.
Solicitou que fosse nomeado tutor do menino. Em 07/05/1889, José Antonio
Rodrigues Frotta foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de
juramento ao tutor.

Processo: 579
Tutelado: Pedro
Tutor: Victor Modesto Bernardo da Silva
Data de abertura: 15/03/1889
Data de encerramento: 23/03/1889
Descrição: João relatou que Pedro, de treze anos, vivia em sua companhia
desde os quatro anos de idade. Informou que o menor era filho natural de
Maria Joaquina, que vivia amasiada com um preto velho de maus costumes,
chamado Justo. Segundo ele, Maria Joaquina lhe entregou o menino para
que fosse educado convenientemente, uma vez que não podia lhe
proporcionar educação devido ao seu estado moral e às circunstancias
precárias em que vivia. De acordo com o relato de João, Pedro estava
equiparado a órfão, por não ter pai conhecido e por ser filho de mulher
perdida e de maus costumes. Solicitou que fosse nomeado tutor do menor.
Em 15/03/1889, João Victor da Silva foi nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de juramento ao tutor. Em 16/03/1883, João
comunicou que Pedro estava na casa de Julio de Carvalho, para onde teria
ido no dia 14/03/1889, vítima de sedução, não querendo e não podendo
regressar ao lar. Solicitou emissão de mandato de entrega do menor. No
mesmo dia foi expedido mandado. Em 23/03/1889, João declarou que não
podia mais ser tutor de Pedro porque retirar-se-ia da capital. Indicou o nome
de Victor Modesto Bernardo da Silva para o cargo, ficando ele obrigado a
educar, vestir e alimentar o menor. Em 23/03/1889, Victor foi nomeado
tutor por meio de assinatura de termo de juramento ao tutor.

Acondicionador 004.6820
______________________________________________

Processo: 589
Tutelado: Maria e Crespeim
Tutor: Francisco Pereira de Macedo Netto
Data de Abertura: 29/12/1891
Data de Encerramento: 29/12/1891
Descrição: Francisco relatou que estava em seu poder Maria e Crespim, de
dez e oito anos, respectivamente, e que cuidava dos menores desde há mais
94
de cinco anos. Crespim seria seu afilhado de batismo. As duas crianças lhe
foram entregues por sua mãe, Maria Rosa, preta e solteira. De acordo com
Francisco, Maria Rosa, devido à sua má conduta e falta absoluta de meios,
não tinha condições de educar as crianças convenientemente. Solicitou que
fosse nomeado tutor. Em 29/12/1891, Francisco Pereira de Macedo Netto
foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de juramento ao tutor.

Processo: 598
Tutelado: Virgilina
Tutor: Albino Pereira Pinto
Data de abertura: 13/06/1891
Data de encerramento: 13/06/1891
Descrição: O Juízo nomeou o cidadão Albino Pereira Pinto para o cargo de
tutor da menor de nome Virgilina, de três anos de idade, filha natural de
Vicentina Alves de Azambuja, ex-escrava do falecido João Rodrigues
Fagundes. Em 13/06/1891, Albino Pereira Pinto assinou termo de juramento
ao tutor.

Processo: 600
Tutelado: Maria José da Silva
Tutor: Felippe Benicio de Freitas Noronha
Data de abertura: 20/10/1891
Data de encerramento: 04/09/1897
Descrição: Em 20/10/1891, o Juízo nomeou o cidadão Mathias José Sehl
para o cargo de tutor da menor de nome Maria José da Silva, de cor preta,
idade de doze anos e filha legítima dos falecidos Serafino Ferreira da Silva e
Maria Antonia. Em 21/10/1891, Mathias assinou termo de juramento ao
tutor. Em 05/10/1892, Mathias solicitou que outra pessoa fosse nomeada
tutor da menor, tendo em vista o estado de saúde na qual se encontrava. Em
05/10/1892, Felippe Benicio de Freitas Noronha foi nomeado tutor por meio
de assinatura de termo de juramento. Em 25/08/1897, Maria José da Silva
informou que foi tutelada do falecido Felippe Benício de Freitas Noronha,
mas que atualmente achava-se nas condições de ser declarada maior e
investida da administração de seus bens, como provaria com documento
juntado ao processo. Como bens, Maria possuiria um pequeno prédio à rua
Coronel Fernando Machado, que lhe teria sido deixado por Anastácia
Christina Junqueira, e a quantia de um conto cento setenta e oito mil
novecentos setenta e três reis, depositado na Caixa Econômica pelo seu
falecido tutor, e o procedente do saldo de sua renda. Além disso, informou
que estava doente, em tratamento na Santa Casa, e que continuou a
receber uma mensalidade para suas despesas por intermédio do filho do
tutor, Oscar Pires Noronha. Para administrar seus bens, solicitou que fosse
declarada habilitada para os atos da vida civil. Em 04/09/1897, foram
repassados, por meio de quitação, os bens a Maria José da Silva.

95
Processo: 601
Tutelado: Hortencia
Tutor: Albino Alves Ferreira
Data de abertura: 11/10/1892
Data de encerramento: 13/10/1892
Descrição: O curador geral requereu que o cidadão Albino Alves Teixeira
fosse nomeado tutor da parda Hortência, de treze anos de idade, de quem
cuidava desde os seis anos, fornecendo-lhe educação decente. Em
13/10/1892, Albino foi nomeado tutor por meio de assinatura de termo de
juramento.

Processo: 602
Tutelado: Luiza
Tutor: Felisberto Porfírio de Souza
Data de abertura: 27/01/1892
Data de encerramento: 29/01/1892
Descrição: Foi solicitado ao escrivão que citasse o coronel Felisberto Porfírio
de Souza para que ele prestasse juramento de tutor da menor Luiza, preta,
de doze anos de idade e filha de Maria Rita, já falecida. Em 29/01/1892,
Felisberto assinou termo de juramento ao tutor.

Processo: 605
Tutelado: Paulina dos Santos e Julieta da Costa
Tutor: José Vicente da Silva Telles
Data de abertura: 26/12/1892
Data de encerramento: 26/12/1892
Descrição: Foi solicitado ao escrivão que citasse o cidadão João Vicente da
Silva Telles para que ele prestasse juramento de tutor das menores Paulina
dos Santos, filha da crioula Joana e Julieta da Costa, filha da crioula Izaura.
Em 26/12/1892, José assinou o termo de juramento ao tutor.

Processo: 608
Tutelado: Antonio Joaquim de Carvalho
Tutor: Joaquim José Felizardo
Data de abertura: 03/02/1892
Data de encerramento: 17/02/1892
Descrição: O Juízo nomeou o cidadão Joaquim José Felizardo para o cargo de
tutor do menor de nome Antonio Joaquim de carvalho, de cor parda, com
sete anos de idade e filho natural da preta Silvana Maria Mafalda, já falecida.
Em 17/02/1892, Joaquim José Felizardo assinou termo de juramento ao
tutor.

96
Processo: 615
Tutelado: Paulino
Tutor: Fausto José da Veiga
Data de abertura: 03/02/1893
Data de encerramento: 29/04/1893
Descrição: Avelina Maria da Conceição relatou que faleceu há oito meses
sua irmã solteira, Maria Juaquina da Conceição, que deixou na orfandade um
filho menor de sete anos de nome Paulino. O menino estaria na casa de
Mariana Paulina de Oliveira, de cor preta, e seria maltratado, não recebendo
educação de classe alguma, passando o tempo na rua. Por esse motivo,
Avelina solicitou, como tia carnal, que fosse nomeado um tutor para o
menor e indicou o nome do capitão Gustavo Christiano Desouzart, chefe de
família a quem foi pedir-lhe para proteger o sobrinho. Em 06/02/1893,
Gustavo Christiano Desouzart foi nomeado tutor por meio de assinatura de
termo de juramento ao tutor. Em 29/04/1893 Gustavo foi exonerado do
cargo e foi nomeado Fausto José da Veiga, que assinou termo de juramento
ao tutor.

Processo: 617
Tutelado: Glória
Tutor: Amphiloquio de Azevedo
Data de abertura: 11/08/1893
Data de encerramento: 12/08/1893
Descrição: Foi solicitado ao escrivão que citasse o doutor Amphiloquio de
Azevedo, morador nesta cidade, para que prestasse juramento de tutor da
menor Gloria, parda, com onze anos de idade e filha da preta Juliana. Em
12/08/1893, Amphiloquio assinou termo de juramento ao tutor.

Processo: 624
Tutelado: Honorina
Tutor: Conrado Alvaro de Campos Penafiel
Data de abertura: 19/01/1893
Data de encerramento: 20/01/1893
Descrição: Foi solicitado ao escrivão que citasse o doutor Conrado Alvaro de
Campos Penafiel, para que prestasse juramento de tutor da menor
Honorina, com dez anos de idade, filha da finada parda Rufina. Em
20/01/1893, Conrado foi nomeado tutor por meio de termo de juramento.

Processo: 625
Tutelado: Idalina
Tutor: Raul Pedro de Amorim
Data de abertura: 19/06/1893
Data de encerramento: 21/06/1893
Descrição: Raul relatou que estava sob seu poder a menor Idalina, de dez
anos de idade, de cor parda. Informou que ela não tinha pai, mãe ou pessoa
97
que por ela se interessasse. Solicitou a nomeação de um tutor pra a menina.
Em 21/06/1893, Raul Pedro de Amorim foi nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de juramento.

Processo: 633
Tutelado: Evaristo
Tutor: Luiz Celestino de Castro
Data de abertura: 08/02/1896
Data de encerramento: 23/11/1896
Descrição: a preta Anna informou que era mãe de três filhos menores e que
não tinha condições para mantê-los e educá-los, tendo em vista seu estado
de pobreza. Por isso, entregou Evaristo, de sete anos, ao tenente coronel
Doutor Luiz Celestino de Castro. Solicitou que Luiz fosse nomeado tutor. Em
13/02/1896, Luiz Celestino de Castro foi nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de juramento. Em 17/08/1896, Anna Maria relatou que
Luiz Celestino de Castro ausentar-se-ia da cidade, partindo para o Rio de
Janeiro e levando consigo Evaristo. Solicitou que fosse nomeada tutora do
filho. Em 19/08/1896, Luiz, que foi intimado, relatou que há dois anos, mais
ou menor, a preta livre, mãe do menor Evaristo, requereu ao Juiz de órfão a
nomeação de um tutor para seu filho, visto não poder atendê-lo; que foi
nomeado para o cargo e que assinou termo de compromisso; que não era
exata a informação que seguiria viagem para o Rio e que isso não importaria
na remoção de tutela. O juiz, no entanto, considerou informações dadas por
Anna. Em 05/09/1896, o coronel Luiz, inconformado com o despacho com
força de sentença, apelou para o Juiz da Comarca e em 11/09/1896 foi
lavrado termo de apelação. Seguiram as disputas judiciais e em 23/11/1896
foi mantido o despacho para o fim de ser ordenada a entrega do menor
Evaristo a sua mãe.

Acondicionador 004.6821
______________________________________________

Processo: 641
Tutelado: João
Tutor: Antonio Chaves Barcellos
Data de abertura: 09/11/1895
Data de encerramento: 09/11/1895
Descrição: Foi solicitado ao escrivão que citasse o comendador Antonio
Chaves de Barcellos para que prestasse juramento de tutor do menor João,
pardo, com treze anos de idade, mais ou menos. Em 09/11/1895, Antonio foi
nomeado tutor por meio de assinatura de termo de juramento ao tutor.

98
Processo: 644
Tutelado: Francisca
Tutor: João Antonio Nunnes Sobrinho
Data de abertura: 20/02/1895
Data de encerramento: 20/02/1895
Descrição: João Antonio Nunnes Sobrinho relatou que estava em sua casa a
menor de nome Francisca, de dez a doze anos, de cor cabloca, filha de pais
já falecidos. Informou que apareceu também em sua casa um indivíduo de
cor preta, que estava desencaminhando a menor a fim de tirar dela algum
proveito. Por desejar resguardar o futuro da menor, solicitou que fosse
nomeado um tutor para Francisca. Em 20/02/1895, João Antônio foi
nomeado tutor por meio de assinatura de termo de juramento ao tutor.

Processo: 647
Tutelado: Pedro
Tutor: José Gonçalves Corrêa Netto
Data de abertura: 21/10/1895
Data de encerramento: 31/10/1895
Descrição: José Gonçalves Corrêa Netto relatou que estava em seu poder o
menor Pedro, de quatorze anos de idade, mais ou menos, de cor preta, filho
de pais incógnitos. Solicitou que fosse nomeado tutor para o menino. Foi
solicitada a nomeação e a emissão de termo de compromisso, no qual
estivesse expressa a obrigação do tutor contribuir mensalmente com cinco
mil reis para a Caixa Econômica em favor do menor. Em 31/10/1895, José
Gonçalves assinou termo de juramento ao tutor.

Processo: 655
Tutelado: Gilberto
Tutor: Carlos da Gama Lobo d'Eça
Data de abertura: 23/07/1896
Data de encerramento: 24/07/1896
Descrição: O Juízo nomeou o cidadão Carlos da Gama Lobo d'Eça como tutor
do menor Gilberto, pardo, com dois anos mais ou menos de idade. Em
24/07/1896, Carlos assinou termo de juramento.

Processo: 659
Tutelado: Octacilia da Conceição Mendes
Tutor: Francelino Dias Fernandes
Data de Abertura: 27/10/1896
Data de Encerramento: 29/10/1896
Descrição: Francelino Dias Fernandes declarou que estava em seu poder a
menor Octacilia da Conceição Mendes, desde o tempo de seu nascimento,
em 4 de novembro de 1885. A menor seria filha natural da falecida parda
Belmira da Conceição Fialho, que, em 1887, teria se casado com o pardo
Cyrio José Fialho, que foi criado de Francelino por nove anos. Informou que
99
Cyrio deixou sua casa e que pretendia levar consigo Octacilia, sem que
estivesse habilitado para tal fim, acrescentando que seu ex-criado não
possuía recursos sequer para alimentar os filhos, tanto que os levou para a
companhia da sogra, a parda Leopoldina. De acordo com Francelino, a
menor Octacília estava, em sua casa, recebendo vestuário, calçado,
alimentos, botica e educação, frequentando a mesma escola primária que
seus filhos; que a menina recebia de sua mulher os mesmos carinhos e zelo
como se filha fosse. Solicitou que fosse nomeado tutor. Em 29/10/1896, foi
nomeado tutor por meio de assinatura de termo de juramento ao tutor.

Acondicionador 004.6822
_________________________________________________

Processo: 668
Tutelado: Olympia Maria do Nascimento
Tutor: Normelio Proza
Data de Abertura: 01/11/1896
Data de Encerramento: 02/11/1896
Descrição: Foi solicitado ao escrivão que citasse o doutor Normelio Proza
para que prestasse juramento de tutor da menor Olympia Maria do
Nascimento, de treze anos de idade, parda, órfã de pai e mãe. Em
02/11/1896, Normelio assinou termo de juramento ao tutor.

Processo: 671
Tutelado: Albertina
Tutor: Oscar de Noronha
Data de Abertura: 24/03/1896
Data de Encerramento: 25/03/1896
Descrição: Foi solicitado ao escrivão que citasse o doutor Oscar de Noronha
para que prestasse juramento de tutor da menor Albertina, parda, com seis
anos de idade. Em 25/03/1896, Oscar de Noronha assinou termo de
juramento ao tutor.

Processo: 672
Tutelado: Armelinda
Tutor: Joaquim Sabino Pires Salgado
Data de Abertura: 10/07/1896
Data de Encerramento: 13/07/1896
Descrição: O Juízo nomeou o general Joaquim Sabino Pires Salgado tutor da
menor Armelinda, de sete anos de idade, preta, filha da finada Honorata. Em
13/07/1896, Joaquim assinou termo de juramento ao tutor.

100
Processo: 682
Tutelado: Ignez da Silva
Tutor: João Pereira Maciel Filho
Data de Abertura: 22/10/1897
Data de Encerramento: 22/10/1897
Descrição: Foi solicitado ao escrivão que citasse o cidadão João Pereira
Maciel Filho para que prestasse juramento de tutor da menor Ignez da Silva,
de dezoito anos de idade, da cor parda, filha dos falecidos Claudino Luiz da
Silva e Joanna Leite. Em 22/10/1897, João Pereira assinou termo de
juramento ao tutor.

Processo: 691
Tutelado: Antônio Joaquim de Oliveira
Tutor: João Baptista Parreira Machado
Data de Abertura: 08/02/1898
Data de Encerramento: 08/02/1898
Descrição: João Baptista Parreira Machado relatou que estava em seu poder
o menor Antonio Joaquim de Oliveira, de doze anos de idade, de cor parda e
filiação ignorada. Informou que seria o responsável pela sua criação,
educação e sustento. Solicitou que fosse nomeado tutor, responsabilizando-
se pelo menor, de acordo com os preceitos legais. Em 08/02/1898, João foi
nomeado tutor por meio de assinatura de termo de juramento ao tutor.

Processo: 698
Tutelado: Gil Monteiro
Tutor: Martiniano Lopes
Data de Abertura: 26/03/1898
Data de Encerramento: 26/03/1898
Descrição: O Juízo nomeou o cidadão Martiniano Lopes, tutor do menor Gil
Monteiro, de onze anos de idade presumíveis, cor preta, órfão de pai e mãe.
Em 26/03/1898, assinou termo de juramento ao tutor.

Processo: 695
Tutelado: João Gabriel
Tutor: José Carlos de Abreu e Mello
Data de Abertura: 04/05/1898
Data de Encerramento: 04/05/1898
Descrição: O Juízo nomeou o cidadão José Carlos de Abreu e Mello, tutor do
menor João Gabriel, de quinze anos presumíveis, órfão de pai e mãe, cor
parda. Em 04/05/1898, José assinou termo de juramento ao tutor.

101
Processo: 701
Tutelado: Felicíssimo Antonio
Tutor: Domingos Martins Barboza
Data de Abertura: 20/04/1898
Data de encerramento: 20/04/1898
Descrição: Domingos Martins Barboza Filho relatou que estava em sua
companhia o menor Felicíssimo Antonio, de onze anos, filho da parda Luisa.
Informou que a parda, sua ex-escrava, já falecida, lhe entregou o menino
quando ainda era recém-nascido e que, desde lá, alimentou e vestiu o
menor. De acordo com ele, por ter atingido onze anos, Felicíssimo precisaria
de outros cuidados e despesas, tais como frequentar a escola, e que,
portanto, desejaria continuar a cuidar do menor. Solicitou que fosse
nomeado tutor. Em 20/04/1898, Domingos foi nomeado tutor por meio de
assinatura de termo de juramento ao tutor.

102
Referências

AAP - Sistema de Administração de Acervos Públicos do Estado. Disponível em:


www.aap.rs.gov.br.

Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul. Documentos da Escravidão (Catálogos


Carta de Liberdade, Testamento, Inventários, Processos-crime, compra e venda).
Disponível em: http://www.apers.rs.gov.br/portal/index.php?pagina=2&menu=artigos.

MOREIRA, Paulo R. S. Podem minha cabeça e orelhas levar, mas meu corpo não: os
processos criminais como fontes para a investigação das culturas negras meridionais. IN:
PESSI, Bruno; SILVA, Graziela (coord). Documentos da Escravidão: processos crime.
Porto Alegre: Companhia Rio-Grandense de Artes Gráficas (CORAG), 2010.

BRASIL. LEI Nº 2.040, DE 28 DE SETEMBRO DE 1871. Declara de condição livre os filhos


de mulher escrava que nascerem desde a data desta lei, libertos os escravos da Nação e
outros, e providencia sobre a criação e tratamento daquelles filhos menores e sobre a
libertação annaul de escravos. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lim/LIM2040.htm

BRASIL. DECRETO Nº 5.135, DE 13 DE NOVEMBRO DE 1872. Approva o regulamento


geral para a execução da lei nº 2040 de 28 de Setembro de 1871. Disponível em:
http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-5135-13-novembro-
1872-551577-publicacaooriginal-68112-pe.html

CARDOZO, José Carlos da Silva. A tutela dos filhos de escrava em Porto Alegre. Revista
Latino-Americana de História. vol 1, n.3, março de 2012 (Edição Especial - Lugares da
História do Trabalho). Disponível em:
http://projeto.unisinos.br/rla/index.php/rla/article/viewFile/71/49.

PAPALI, Maria Aparecida C. R. A legislação de 1871, o Judiciário e a tutela de ingênuos


na cidade de Taubaté. IN: Revista Justiça e História. vol 2, n.3, 2002. Disponível em :
http://www.tjrs.jus.br/export/poder_judiciario/historia/memorial_do_poder_judiciario/
memorial_judiciario_gaucho/revista_justica_e_historia/issn_1676-5834/v2n3/doc/09-
Papali.pdf .

PERUSSATTO, Melina Kleinert. Quando o Estado intervém: apontamentos sobre a Lei do


Ventre Livre de 1871. Ágora - Revista do Departamento de História e Geografia da
UNISC. vol. 15, n.2, 2009. Disponível em:
https://online.unisc.br/seer/index.php/agora/article/view/1848/1354.

PERUSSATTO, Melina Kleinert. Tutela de Ingênuos em um município Sul-Rio-grandense


na última década do escravismo. X Encontro Estadual de História . O Brasil no Sul:
cruzando fronteiras entre o regional e o nacional. Santa Maria-RS. Junho de 2010.
Disponível em: http://www.eeh2010.anpuh-
rs.org.br/resources/anais/9/1279503215_ARQUIVO_Melina_Perussatto.pdf.

103
Anexo I

LEI Nº 2.040, DE 28 DE SETEMBRO DE 1871

Declara de condição livre os filhos de mulher escrava que nascerem desde a data desta lei,
libertos os escravos da Nação e outros, e providencia sobre a criação e tratamento daquelles
filhos menores e sobre a libertação annaul de escravos.

A Princeza Imperial Regente, em nome de Sua Magestade o Imperador e


Senhor D. Pedro II, faz saber a todos os subditos do Imperio que a Assembléa Geral
Decretou e ella Sanccionou a Lei seguinte:

Art. 1º Os filhos de mulher escrava que nascerem no Imperio desde a data


desta lei, serão considerados de condição livre.

§ 1º Os ditos filhos menores ficarão em poder o sob a autoridade dos senhores


de suas mãis, os quaes terão obrigação de crial-os e tratal-os até a idade de oito annos
completos. Chegando o filho da escrava a esta idade, o senhor da mãi terá opção, ou de
receber do Estado a indemnização de 600$000, ou de utilisar-se dos serviços do menor
até a idade de 21 annos completos. No primeiro caso, o Governo receberá o menor, e
lhe dará destino, em conformidade da presente lei. A indemnização pecuniaria acima
fixada será paga em titulos de renda com o juro annual de 6%, os quaes se considerarão
extinctos no fim de 30 annos. A declaração do senhor deverá ser feita dentro de 30 dias,
a contar daquelle em que o menor chegar á idade de oito annos e, se a não fizer então,
ficará entendido que opta pelo arbitrio de utilizar-se dos serviços do mesmo menor.
§ 2º Qualquer desses menores poderá remir-se do onus de servir, mediante
prévia indemnização pecuniaria, que por si ou por outrem offereça ao senhor de sua
mãi, procedendo-se á avaliação dos serviços pelo tempo que lhe restar a preencher, se
não houver accôrdo sobre o quantum da mesma indemnização.
§ 3º Cabe tambem aos senhores criar e tratar os filhos que as filhas de suas
escravas possam ter quando aquellas estiverem prestando serviços. Tal obrigação,
porém, cessará logo que findar a prestação dos serviços das mãis. Se estas fallecerem
dentro daquelle prazo, seus filhos poderão ser postos à disposição do Governo.
§ 4º Se a mulher escrava obtiver liberdade, os filhos menores de oito annos,
que estejam em poder do senhor della por virtude do § 1º, lhe serão entregues, excepto
se preferir deixal-os, e o senhor annuir a ficar com elles.
§ 5º No caso de alienação da mulher escrava, seus filhos livres, menores de 12
annos, a acompanharão, ficando o novo senhor da mesma escrava subrogado nos
direitos e obrigações do antecessor.
§ 6º Cessa a prestação dos serviços dos filhos das escravas antes do prazo
marcado no § 1°, se, por sentença do juizo criminal, reconhecer-se que os senhores das
mãis os maltratam, infligindo-lhes castigos excessivos.
§ 7º O direito conferido aos senhores no § 1º transfere-se nos casos de
successão necessaria, devendo o filho da escrava prestar serviços á pessoa a quem nas
partilhas pertencer a mesma escrava.

104
Art. 2º O Governo poderá entregar a associações por elle autorizadas, os filhos
das escravas, nascidos desde a data desta lei, que sejam cedidos ou abandonados pelos
senhores dellas, ou tirados do poder destes em virtude do art. 1º § 6º.

§ 1º As ditas associações terão direito aos serviços gratuitos dos menores até a
idade de 21 annos completos, e poderão alugar esses serviços, mas serão obrigadas:
1º A criar e tratar os mesmos menores;
2º A constituir para cada um delles um peculio, consistente na quota que para
este fim fôr reservada nos respectivos estatutos;
3º A procurar-lhes, findo o tempo de serviço, apropriada collocação.
§ 2º As associações de que trata o paragrapho antecedente serão sujeitas á
inspecção dos Juizes de Orphãos, quanto aos menores.
§ 3º A disposição deste artigo é applicavel ás casas de expostos, e ás pessoas a
quem os Juizes de Orphãos encarregarem da educação dos ditos menores, na falta de
associações ou estabelecimentos creados para tal fim.
§ 4º Fica salvo ao Governo o direito de mandar recolher os referidos menores
aos estabelecimentos publicos, transferindo-se neste caso para o Estado as obrigações
que o § 1º impõe ás associações autorizadas.

Art. 3º Serão annualmente libertados em cada Provincia do Imperio tantos


escravos quantos corresponderem á quota annualmente disponivel do fundo destinado
para a emancipação.
§ 1º O fundo de emancipação compõe-se:
1º Da taxa de escravos.
2º Dos impostos geraes sobre transmissão de propriedade dos escravos.
3º Do producto de seis loterias annuaes, isentas de impostos, e da decima parte
das que forem concedidas d'ora em diante para correrem na capital do Imperio.
4º Das multas impostas em virtude desta lei.
5º Das quotas que sejam marcadas no Orçamento geral e nos provinciaes e
municipaes.
6º De subscripções, doações e legados com esse destino.
§ 2º As quotas marcadas nos Orçamentos provinciaes e municipaes, assim
como as subscripções, doações e legados com destino local, serão applicadas á
emancipação nas Provincias, Comarcas, Municipios e Freguezias designadas.

Art. 4º É permittido ao escravo a formação de um peculio com o que lhe


provier de doações, legados e heranças, e com o que, por consentimento do senhor,
obtiver do seu trabalho e economias. O Governo providenciará nos regulamentos sobre
a collocação e segurança do mesmo peculio.
§ 1º Por morte do escravo, a metade do seu peculio pertencerá ao conjuge
sobrevivente, se o houver, e a outra metade se transmittirá aos seus herdeiros, na
fórma da lei civil. Na falta de herdeiros, o peculio será adjudicado ao fundo de
emancipação, de que trata o art. 3º.
§ 2º O escravo que, por meio de seu peculio, obtiver meios para indemnização de seu
valor, tem direito a alforria. Se a indemnização não fôr fixada por accôrdo, o será por
arbitramento. Nas vendas judiciaes ou nos inventarios o preço da alforria será o da
avaliação.

105
§ 3º É, outrossim, permittido ao escravo, em favor da sua liberdade, contractar
com terceiro a prestação de futuros serviços por tempo que não exceda de sete annos,
mediante o consentimento do senhor e approvação do Juiz de Orphãos.
§ 4º O escravo que pertencer a condominos, e fôr libertado por um destes, terá
direito á sua alforria, indemnizando os outros senhores da quota do valor que lhes
pertencer. Esta indemnização poderá ser paga com serviços prestados por prazo não
maior de sete annos, em conformidade do paragrapho antecedente.
§ 5º A alforria com a clausula de serviços durante certo tempo não ficará
annullada pela falta de implemento da mesma clausula, mas o liberto será compellido a
cumpril-a por meio de trabalho nos estabelecimentos publicos ou por contractos de
serviços a particulares.
§ 6º As alforrias, quér gratuitas, quér a titulo oneroso, serão isentas de
quaesquer direitos, emolumentos ou despezas.
§ 7º Em qualquer caso de alienação ou transmissão de escravos, é prohibido,
sob pena de nullidade, separar os conjuges, e os filhos menores de 12 annos, do pai ou
da mãi.
§ 8º Se a divisão de bens entre herdeiros ou sócios não comportar a reunião de
uma familia, e nenhum delles preferir conserval-a sob o seu dominio, mediante
reposição da quota parte dos outros interessados, será a mesma famlia vendida e o seu
producto rateado.
§ 9º Fica derogada a Ord. liv. 4º, titl 63, na parte que revoga as alforrias por
ingratidão.

Art. 5º Serão sujeitas á inspecção dos Juizes de Orphãos as sociedades de


emancipação já organizadas e que de futuro se organizarem.
Paragrapho unico. As ditas sociedades terão privilegio sobre os serviços dos escravos
que libertarem, para indemnização do preço da compra.

Art. 6º Serão declarados libertos:


§ 1º Os escravos pertencentes á nação, dando-lhes o Governo a occupação que
julgar conveniente.
§ 2º Os escravos dados em usufructo à Corôa.
§ 3º Os escravos das heranças vagas.
§ 4º Os escravos abandonados por seus senhores. Se estes os abandonarem por
invalidos, serão obrigados a alimental-os, salvo o caso de penuria, sendo os alimentos
taxados pelo Juiz de Orphãos.
§ 5º Em geral, os escravos libertados em virtude desta Lei ficam durante cinco
annos sob a inspecção do Governo. Elles são obrigados a contractar seus serviços sob
pena de serem constrangidos, se viverem vadios, a trabalhar nos estabelecimentos
publicos. Cessará, porém, o constrangimento do trabalho, sempre que o liberto exhibir
contracto de serviço.

Art. 7º Nas causas em favor da liberdade:


§ 1º O processo será summario.
§ 2º Haverá appellações ex-officio quando as decisões forem contrarias á
liberdade.

106
Art. 8º O Governo mandará proceder á matricula especial de todos os escravos
existentes do Imperio, com declaração do nome, sexo, estado, aptidão para o trabalho e
filiação de cada um, se fôr conhecida.
§ 1º O prazo em que deve começar e encerrar-se a matricula será annunciado
com a maior antecedencia possivel por meio de editaes repetidos, nos quaes será
inserta a disposição do paragrapho seguinte.
§ 2º Os escravos que, por culpa ou omissão dos interessados, não forem dados
á matricula, até um anno depois do encerramento desta, serão por este facto
considerados libertos.
§ 3º Pela matricula de cada escravo pagará o senhor por uma vez sómente o
emolumento de 500 réis, se o fizer dentro do prazo marcado, e de 1$000 se exceder o
dito prazo. O producto deste emolumento será destinado ás despezas da matricula e o
excedente ao fundo de emancipação.
§ 4º Serão tambem matriculados em livro distincto os filhos da mulher escrava,
que por esta lei ficam livres. Incorrerão os senhores omissos, por negligencia, na multa
de 100$ a 200$, repetida tantas vezes quantos forem os individuos omittidos, e, por
fraude nas penas do art. 179 do codigo criminal.
§ 5º Os parochos serão obrigados a ter livros especiaes para o registro dos
nascimentos e obitos dos filhos de escravas, nascidos desde a data desta lei. Cada
omissão sujeitará os parochos á multa de 100$000.

Art. 9º O Governo em seus regulamentos poderá impôr multas até 100$ e


penas de prisão simples até um mez.

Art. 10º Ficam revogadas as disposições em contrário.

Manda, portanto, a todas as autoridades a quem o conhecimento e execução


da referida lei pertencer, que a cumpram e façam cumprir e guardar tão inteiramente
como nella se contém. O Secretario de Estado de Negocios da Agricultura, Commercio e
Obras Publicas a faça imprimir, publicar e correr. Dada no Palácio do Rio de Janeiro, aos
vinte e oito de Setembro de mil oitocentos setenta e um, quinquagesimo da
Independencia e o Imperio.

PRINCEZA IMPERIAL REGENTE


Theodoro Machado Freire Pereira da Silva.
Este texto não substitui o publicado na CLBR, de 1871

107
Anexo II

DECRETO Nº 5.135, DE 13 DE NOVEMBRO DE 1872

Approva o regulamento geral para a execução da lei nº 2040 de 28 de


Setembro de 1871.

Usando da attribuição que me confere o § 12 do art. 102 da Constituição


Politica do Imperio, Hei por bem approvar o regulamento geral, que com este baixa,
organizado para a execução da lei nº 2040 de 28 de Setembro do anno passado, e
assignado por Francisco do Rego Barros Barreto, do Meu Conselho, Senador do Imperio,
Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e Obras
Publicas, que assim o tenha entendido e faça executar.

Palacio do Rio de Janeiro, em treze de Novembro de mil oitocentos setenta e dous,


quinquagesimo primeiro da Independencia e do Imperio.

Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.


Francisco do Rego Barros Barreto.

Regulamento a que se refere o Decreto nº 5135 de 13 de Novembro de 1872

CAPITULO I
DOS FILHOS LIVRES DA MULHER ESCRAVA

Art. 1º Os filhos da mulher escrava, nascidos no Imperio desde a data da lei nº


2040 de 28 de Setembro de 1871, são de condição livre. (Lei - art. 1º)
Art. 2º Os assentamentos de baptismo dos filhos de mulher escrava devem mencionar o
dia do nascimento.

Art. 3º A declaração errada do parocho, que no assento de baptismo inscrever


o filho livre de mulher escrava como de condição servil, é causa de multa ou punição
criminal, conforme as circumstancias do facto.
Paragrapho unico. Os parochos, para isentarem-se de responsabilidade,
deverão exigir declaração escripta, ou simplesmente assignada, do senhor da mãi
escrava, sobre as circumstancias necessarias ao assentamento de baptismo, e, na falta
da referida declaração, bastará a que fôr feita verbalmente, pelo senhor ou quem o
representar, ante duas testemunhas, que attestem ou assignem o assentamento.

Art. 4º Quaesquer erradas declarações nos assentamentos de baptismo, em


prejuizo da liberdade, deverão ser rectificadas pelos senhores ou possuidores das mãis
escravas, perante o parocho respectivo e na matricula a que se refere o § 4º do art. 8º
da lei.
§ 1º A rectificação espontanea, durante o primeiro anno de idade do
prejudicado em sua liberdade, isenta de culpa.

108
§ 2º A mesma isenção aproveitará ao parocho, se dentro do dito prazo corrigir
o engano ou erro, sendo seu; o que communicará ao senhor ou possuidor da mãi
escrava e á estação fiscal encarregada da matricula.

Art. 5º Os filhos da mulher escrava, livres pela lei, ficarão em poder e sob a
autoridade dos senhores de suas mãis até á idade de 8 ou de 21 annos, conforme as
condições da mesma lei.

Art. 6º Até á idade de 8 annos completos, os senhores das mãis são obrigados a
crial-os e a tratal-os (Lei - art. 1º § 1º), sob pena de pagarem, desde o dia do abandono,
salvo o caso de penuria, os alimentos que, a prudente arbitrio, forem taxados pelo juizo
de orphãos, até que os menores sejam entregues a alguma das associações
mencionadas na lei, ás casas de expostos ou ás pessoas que forem encarregadas de sua
educação.
Paragrapho unico. Se o abandono do menor se revestir de circumstancias que o
caracterisem crime, será como tal processado e punido, e mais serão taxados os
alimentos.

Art. 7º Ainda que falleçam as mãis antes que os filhos completem os 8 annos de
idade, subsistem as disposições do artigo e paragrapho antecedentes.

Art. 8º A cessão de menores, a que refere-se o art. 2º da lei, não poderá ser
feita sem o assentimento do juiz de orphãos; nem antes da idade de tres annos (Ord. liv.
4º, tit. 99 in princ.), excepto se a mãi houver fallecido, ou se tiver tal impedimento, que
não possa criar, ou se houver associação beneficente que se preste a receber as crianças
antes daquella idade.

Art. 9º A mulher escrava, que obtiver sua liberdade, tem o direito de conduzir
comsigo os filhos menores de 8 annos (Lei - art. 1º § 4º), os quaes ficarão desde logo
sujeitos á legislação commum. Poderá, porém, deixal-os em poder do senhor, se este
annuir a ficar com elles (Lei - ibid).

Art. 10. A declaração do senhor, para habilital-o a requerer ao governo a


indemnização pecuniaria em titulo de renda de 600$000 com juro annual de 6 %, será
feita ante qualquer autoridade judiciaria, em fórma de protesto, dentro de 30 dias a
contar daquelle em que o menor attingir á idade de 8 annos; e, se o não fizer então,
ficará entendido que opta pelo arbitrio de utilisar-se dos serviços do mesmo menor até
á idade de 21 annos completos. (Lei - art. 1º § 1º).
§ 1º O protesto será intimado ao agente da fazenda nacional, no districto da
jurisdicção do juiz, que o houver mandado tomar por termo; e , na falta, ao agente fiscal
que fôr mais vizinho, por carta precatoria.
§ 2º Não poderá ser recebido protesto para ser reduzido a termo, se não forem
juntas ao requerimento inicial as respectivas certidões de matricula.

Art. 11. Estando em termos o requerimento de protesto, o juiz ordenará a


exhibição do menor, a quem interrogará, e procederá ás diligencias necessarias para
verificar a identidade de pessoa. O agente fiscal deverá ser citado para assistir a todas
essas diligencias.
109
Art. 12. Se o agente fiscal reconhecer que não ha direito á indemnização, ou
porque de facto o protesto haja sido requerido fóra do prazo legal, ou porque o menor
exhibido não seja o mesmo individuo mencionado nas certidões de baptismo e de
matricula, ou emfim porque existam outros quaesquer fundamentos juridicos,
requererá, dentro de 10 dias, que seja tomado por termo o seu contraprotesto nos
mesmos autos.
Paragrapho unico. A falta de contraprotesto por parte do agente fiscal não
prejudica á fazenda nacional, se sobrevier o conhecimento de algum dos fundamentos
que obstem á indemnização. O agente fiscal responderá por qualquer damno a que der
causa por dólo, culpa ou negligencia.

Art. 13. O processo original será remettido á thesouraria de fazenda na


respectiva provincia, e ao thesouro nacional na côrte, extrahido traslado para existir no
cartorio.

Art. 14. A thesouraria de fazenda em sessão da junta examinará o processo; e,


em vista das provas dos autos, de outras que exigir, sendo precisas, e depois de ouvido,
por escripto, o procurador fiscal, reconhecerá ou denegará o credito, interpondo, no
caso de denegação, recurso suspensivo para o thesouro.

Art. 15. Sendo reconhecidos os creditos, a thesouraria emittirá os titulos de


renda, logo que lhe sejam fornecidos pelo thesouro; e ficarão vencendo o juro annual de
6 % desde o dia do reconhecimento da divida. Semelhantemente procederá o thesouro
na côrte. Estes titulos de renda se considerarão extinctos no fim de 30 annos. (Lei - art.
1º § 1º)

Art. 16. Os serviços optados, em conformidade da lei, são intransferiveis, salvos


os casos dos § § 5º e 7º do art. 1º da mesma lei, ou, se o menor fôr de idade superior a
12 annos, havendo accôrdo com assistencia de um curador ad hoc e consentimento do
juiz de orphãos.

Art. 17. O menor poderá remir-se do onus de servir, mediante prévia


indemnização pecuniaria , que por si ou por outrem offereça ao senhor de sua mãi,
procedendo-se á avaliação dos serviços pelo tempo que lhe restar a preencher, se não
houver accôrdo sobre o quantum da mesma indemnização. (Lei - art. 1º § 2º).
Paragrapho unico. O processo de arbitramento correrá perante o juizo de orphãos, e
será identico ao do art. 39 deste regulamento. O preço será taxado, pura e
simplesmente, sobre as condições da idade, saude e profissão. O menor será
representado ou acompanhado por um curador ad hoc, nomeado pelo juiz. A appellação
do senhor não terá effeito suspensivo.

Art. 18. Cessa a prestação dos serviços dos filhos das escravas, antes de
atingirem elles a idade de 21 annos, se, por sentença do juizo criminal, reconhecer-se
que os senhores das mãis os maltratam, infligindo-lhes castigos excessivos. (Lei - art. 1º
§ 6º)

110
Art. 19. A privação de alimentos, ou a sujeição a actos immoraes, produzirá
effeito igual ao do artigo antecedente.
Paragrapho unico. O juiz de orphãos, verificando administrativamente, com
citação da parte interessada a existencia destes factos, si julgar que ha fundamento
bastante para a acção no juizo commum, nomeará depositario e curador ao menor.
Art. 20. No caso de alienação da mulher escrava, seus filhos livres, menores de
12 annos, a acompanharão, sob pena de nullidade do çontracto, havendo-o; ficando o
novo senhor da escrava subrogado nos direitos e obrigações do antecessor. (Lei - art. 1º
§ 5º).
Paragrapho unico. A disposição deste artigo, especial aos filhos livres, não
prejudica nem limita a do § 7º do art. 4º da lei, relativa aos filhos escravos.
Art. 21. O direito conferido aos senhores no § 1º do art. 1º da lei, transfere-se
nos casos de successão necessaria, devendo o filho da escrava prestar serviços á pessoa
a quem nas partilhas pertencer a mesma escrava. (Lei - art. 1º § 7º).
Art. 22. Incumbe tambem aos senhores criar e tratar os filhos que as filhas
livres de suas escravas tenham durante o prazo da prestação de serviços. (Lei - art. 1º §
3º).
§ 1º Essa obrigação cessa logo que findar a prestação dos serviços, e os filhos
ficarão desde logo sujeitos á legislação commum, salva a disposição do paragrapho
seguinte. (Lei - ibid.)
§ 2º Se as mãis fallecerem antes de findo o prazo da prestação de serviços, seus
filhos deverão ser postos á disposição do governo, que lhes dará qualquer dos destinos
designados no art. 2º da lei. (Lei - ibid).

CAPITULO II
DO FUNDO DE EMANCIPAÇÃO

Art. 23. Serão annualmente libertados, em cada provincia do Imperio, tantos


escravos quantos corresponderem á quota disponivel do fundo destinado para
emancipação. (Lei - art. 3º)
§ 1º O fundo de emancipação compõe-se:
I. Da taxa de escravos; (Lei - ibid. § 1º)
II. Dos impostos geraes sobre transmissão de propriedade dos escravos;
III. Do producto de seis loterias annuaes, isentas de impostos, e da decima
parte das que forem concedidas para correrem na capital do Imperio; (Lei - ibid.).
IV. Das multas impostas em virtude deste regulamento; (Lei - ibid.)
V. Das quotas que sejam marcadas no orçamento geral e nos provinciaes e
municipaes; (Lei - ibid.)
VI. Das subscripções, doações e legados com esse destino. (Lei - ibid.)
§ 2º As quotas marcadas nos orçamentos provinciaes e municipaes, assim como
as subscripções, doações e legados, se tiverem destino local, serão applicadas á
emancipação nas provincias, comarcas, municipios e freguezias designadas. (Lei ibid. - § 2)

Art. 24. Para distribuição do fundo de emancipação, o governo tomará como


base a estatistica organizada em conformidade do decreto nº 4835 do 1º de Dezembro
de 1871.

111
Paragrapho unico. Aos presidentes de provincia será remettida copia parcial da
estatistica da população escrava na respectiva provincia, por municipios e por
freguezias.

Art. 25. O fundo de emancipação será distribuido annualmente pelo municipio


neutro e pelas provincias do Imperio na proporção da respectiva população escrava.
Paragrapho unico. Não serão contempladas no fundo divisivel a importancia das quotas
decretadas nos orçamentos provinciaes e municipaes, e bem assim a importancia das
subscripções, doações e legados, se tiverem destino local. Essas quantias serão
applicadas á emancipação na fórma determinada no § 2º do art. 3º da lei, e no § 2º do
art. 23 deste regulamento.

Art. 26. Os presidentes de provincia, reunindo a quota distribuida e as quantias


destinadas pelas assembléas provinciaes e por particulares á emancipação nas
respectivas provincias, sem designação de localidade, dividirão o total pelos municipios
e freguezias na proporção da população escrava.

Art. 27. A classificação para as alforrias pelo fundo de emancipação será a


seguinte:
I. Familias;
II. Individuos.
§ 1º Na libertação por familias, preferirão:
I. Os conjuges que forem escravos de differentes senhores;
II. Os conjuges, que tiverem filhos, nascidos livres em virtude da lei e menores
de oito annos;
III. Os conjuges, que tiverem filhos livres menores de 21 annos;
IV. Os conjuges com filhos menores escravos;
V. As mãis com, filhos menores escravos;
VI. Os conjuges sem filhos menores.
§ 2º Na libertação por individuos, preferirão:
I. A mãi ou pai com filhos livres;
II. Os de 12 a 50 annos de idade, começando pelos mais moços no sexo
feminino, e pelos mais velhos no sexo masculino.
Na ordem da emancipação das familias e dos individuos, serão preferidos: 1º,
os que por si ou por outrem entrarem com certa quota para a sua libertação; 2º, os mais
morigerados a juizo dos senhores. Em igualdade de condições a sorte decidirá.

Art. 28. Haverá em cada municipio, para classificação dos escravos que possam
ser libertados, uma junta composta do presidente da camara, do promotor publico e do
collector. No municipio em que não residir o promotor servirá o seu ajudante, e onde
não houver collector, o chefe da repartição fiscal encarregado da matricula ou o
empregado por este designado. O presidente da camara será substituido, em seus
impedimentos, pelo vereador immediato na votação e que esteja no exercício do cargo.

Art. 29. O presidente da junta será o da camara municipal ou o seu substituto


legal. Um dos escrivães do juizo de paz da freguezia, em que se reunir a junta, servirá
nos trabalhos desta, á requisição do presidente. A falta ou impedimento do escrivão
será supprida pelo cidadão que o mesmo presidente nomear.
112
Art. 30. A junta deverá reunir-se annualmente na primeira dominga do mez de
Julho, precedendo annuncio por editaes. A primeira reunião, porém, verificar-se-ha na
1ª dominga de Abril de 1873.
Qualquer pessoa do povo poderá dirigir á junta as informações que julgue dignas de
consideração para o trabalho que incumbe á mesma junta.

Art. 31. O ministerio da agricultura, commercio o obras publicas fornecerá os


livros necessarios para os trabalhos das juntas e lançamento do quadro das
classificações dos escravos, numerados, rubricados e encerrados do mesmo modo que
os da matricula dos escravos, na fórma do art. 8º do decreto nº 4835 do 1º de
Dezembro de 1871.

Art. 32. Para a classificação, além dos esclarecimentos que os senhores ou


possuidores de escravos podem espontaneamente prestar-lhe, a junta os exigirá,
quando lhe sejam precisos, dos mesmos senhores e possuidores, dos encarregados da
matricula e de quaesquer funccionarios publicos; e observará as seguintes disposições:
§ 1º Os alforriados com a clausula de serviços durante certo espaço de tempo,
ou sujeitos a cumprir alguma outra especificada condição, não serão contemplados na
classificação; e, se classificados, serão omittidos, salvo o caso do art. 90, § 3º
§ 2º Embora classificados serão preteridos na ordem da emancipação:
I. Os indiciados nos crimes mencionados na lei de 10 de Junho de 1835;
II. Os pronunciados em summario de culpa;
III. Os condemnados;
IV. Os fugidos ou que o houverem estado nos seis mezes anteriores á reunião
da junta;
V. Os habituados á embriaguez.
§ 3º O escravo que estiver litigando pela sua liberdade, não será contemplado
na execução do art. 42; mas ser-lhe-ha mantida a preferencia, que entretanto houver
adquirido até a decisão do pleito, se esta lhe fôr contraria.

Art. 33. Feita a classificação, e affixadas ás portas das matrizes do municipio


para conhecimento dos interessados, serão extrahidas duas copias, uma para ser
remettida ao juiz de orphãos do termo e outra ao presidente da provincia. Na côrte esta
segunda copia será remettida ao ministro da agricultura, commercio e obras publicas. As
copias deverão ser rubricadas, em todas as paginas, pelos membros da junta.
Paragrapho unico. No prazo de 15 dias, depois de concluidos os trabalhos, o
livro da classificação será tambem remettido ao juizo de orphãos, que será o da 1ª vara,
onde houver mais de um.

Art. 34. Perante o juiz de orphãos deverão os interessados apresentar suas


reclamações dentro do prazo de um mez, depois de concluidos os trabalhos da junta. As
reclamações versarão sómente sobre a ordem de preferencia ou preterição na
classificação.
Paragrapho unico. Se houver reclamações, o juiz de orphãos as decidirá dentro
do prazo de 15 dias.

113
Art. 35. Não havendo reclamações, ou decididas estas pelo juiz de orphãos,
considerar-se-ha concluida a classificação.

Art. 36. São competentes para reclamar e recorrer na fórma do art. 34:
I. O senhor ou o possuidor do escravo;
II. O escravo, representado por um curador ad hoc.
Paragrapho unico. As reclamações são isentes de sello e de emolumentos. (Lei -
art. 4º § 6º).

Art. 37. Concluida a classificação do modo acima prescripto, o collectos, ou o


empregado fiscal de que falla o art. 28, promoverá, nas comarcas geraes, ante o juizo
municipal, salva a alçada para o julgamento final, e, nas comarcas especiaes, ante o juizo
de direito, o arbitramento da indemnização, se esta não houver sido declarada pelo
senhor, ou, se declarada, não houver sido declarada pelo senhor, ou, se declarada, não
houver sido julgada razoavel pelo mesmo agente fiscal, ou se não houver avaliação
judicial, que o dispense.
Art. 38. São partes para o arbitramento o senhor e o empregado fiscal
mencionado nos artigos antecedentes. No caso de condominio, os condominos
presentes deverão combinar entre si para que uma só pessoa os represente, sob pena
de serem considerados revéis. Assim, nos casos de usufructo e de fidei-commisso. Nos
casos de penhor com ou sem a clausula de constituti, e de hypotheca convencional ou
judicial, o credor ou exequente tem preferencia ao senhor para ser parte no
arbitramento. Se forem mais de um credor ou exequente, procederão como os
condominios. Nas massas fallidas, o curador fiscal e depois a administração
representarão o senhor. Assim, na cessão civil de bens.

Art. 39. O processo de arbitramento consistirá sómente na nomeação dos


louvados, na decisão da suspeição de algum delles, se fôr allegada, e na resolução dos
arbitradores, seguindo-se o disposto nos arts. 192, 193, 195, 196, 197, 201 e 202 do
regulamento nº 737 de 23 de Novembro de 1830. O juiz nomeará arbitradores á revelia
das partes, na ausencia do senhor, credor e exequente fóra do termo, sem ter deixado
procurador, e bem assim no caso de litigio sobre o dominio. O terceiro arbitrador é
obrigado a concordar com qualquer dos louvados divergentes, se não houver accôrdo.
Paragrapho unico. Feito o arbitramento, o juiz respectivo o remetterá
immediatamente ao de orphãos, de que trata o art. 42.
As custas do processo do arbitramento correrão por conta do fundo de emancipação.

Art. 40. Nas avaliações observar-se-hão as seguintes regras:


§ 1º O preço da indemnização será taxado sobre as condições da idade, saude e
profissão.
§ 2º Os escravos sujeitos a usufructo ou a fidei commisso serão avaliados sem
attenção a qualquer desses onus; o seu preço, porém, os representará para todos os
effeitos juridicos como se permanecessem escravos, salvas as seguranças a que,
segundo a legislação civil, julgue-se com direito o proprietario ou o successor.
§ 3º Os escravos, que houverem de ser vendidos judicialmente ou que ainda
não houverem sido adjudicados em partilha por sentença final, não dependem de
arbitramento; prevalecerá a avaliação judicial ou a do inventario.

114
§ 4º Na avaliação será levada em conta, para ser deduzida, qualquer quantia
que o escravo houver pago ao senhor para sua alforria, devendo ser declarada essa
circumstancia no termo da avaliação. Qualquer fraude, neste caso, será punida nos
termos do codigo criminal.

Art. 41. A verificação do valor dos escravos por algum dos meios precedentes
deverá estar concluida até 31 de Dezembro de cada anno, e comprehenderá tantos
escravos classificados, quantos possam ser libertados pela importancia do fundo de
emancipação.

Art. 42. Os juizes de orphãos, em audiencia previamente annunciada,


declararão libertos, e por editaes o farão constar, todos os escravos que, segundo a
ordem da classificação, possam ser alforriados pela respectiva quota de emancipação; e
entregar-lhes-hão suas cartas pelo intermédio dos senhores; assim como remetterão
aos presidentes, nas provincias, e ao ministerio da agricultura, commercio e obras
publicas, na côrte, uma relação em duplicada, a fim de ser ordenado o pagamento,
publicando-se os nomes do senhor e do liberto por edital impresso nas gazetas do lugar
e affixado na porta da matriz de cada parochia, com antecedencia de um mez, para
garantir direitos de quem quér que os tenha sobre o preço do mesmo liberto.

Art. 43. Dentro das forças da quota do fundo de emancipação, a alforria


declarada pelos juizes de orphãos é irretratavel e independente de quaesquer recursos,
com tanto que seja seguida a ordem das classificações.
Paragrapho unico. No caso de inversão da ordem das classificações, o culpado
será multado em 100$000, repetindo-se esta multa tantas vezes quantos forem os
escravos prejudicados; e no caso de fraude, será punido criminalmente.

Art. 44. Decorrido um mez depois da expedição das cartas de liberdade ria
fórma do art. 42, pelas thesourarias de fazenda nas provincias, e pelo thesouro na côrte,
será entregue o preço aos individuos mencionados nas relações dos juizes de orphãos,
se áquellas repartições não houver sido apresentada requisição judicial, ou reclamação
fundada de qualquer interessado para o deposito.
Paragrapho unico. Em geral o preço dos escravos sujeitos a penhor, hypotheca
judicial, hypotheca legal especialisada ou convencional, deposito, ou outros quaesquer
onus, em que o mesmo preço possa ser subrogado, não será entregue senão em virtude
de requisição judicial fundada, conforme o caso, sobre accôrdo ou sobre audiencia
contenciosa das partes.

Art. 45. As sobras das quotas das differentes parochias do mesmo municipio
serão reunidas para a libertação de um ou mais escravos immediatos nas classificações,
que tiverem em seu favor a preferencia estatuida no art. 27.
§ 1º A applicação do sobredito remanecente se fará ás familias e individuos que
nas diferentes classificações representem esse valor, segundo os preços accordados ou
arbitrados; observada a preferencia estabelecida no art. 27. Em igualdade de condições,
decidirá a sorte.
§ 2º Se a quantia das sobras fôr absolutamente insufficiente para a libertação
da familia ou individuo immediato nas classificações, conforme o paragrapho
antecedente, ou se, applicada a um ou mais escravos, deixar algum resto, e não houver
115
quem queira, em um ou em outro caso, reforçar esse residio até completar o preço de
uma alforria, nem escravo que o possa fazer com seu proprio peculio, será reservada
essa quantia a favor do municipio para accrescer á quota do anno seguinte.

Art. 46. O escravo é obrigado a contribuir, até á importancia do preço de sua


alforria ou da familia a que pertencer, com as doações, legados e heranças que tenha
obtido com esse destino especial. Os que não quizerem fazel-o perderão o lugar de
ordem na classificação e serão preteridos.

Art. 47. Os escravos mudados para o municipio depois da ultima classificação


só poderão ser ahi contemplados na do anno immediato.
Paragrapho unico. Em compensação não perderão no municipio, da qual foram
mudados, o seu numero de ordem para a libertação.

CAPITULO III
DO PECULIO E DO DIREITO Á ALFORRIA

Art. 48 E' permittido ao escravo a formação de um peculio com o que lhe


provier de doações, legados e heranças, e com o que, por consentimento do senhor,
obtiver do seu trabalho e economias. (Lei - art. 4º)
Paragrapho unico. As doações para a liberdade são independentes de
escriptura publica e não são sujeitas a insinuação.

Art. 49. O peculio do escravo será deixado em mão do senhor ou do possuidor,


se este o consentir, salva a hypothese do art. 53, vencendo o juro de 6 % ao anno; e
outrosim poderá, com prévia autorização do juizo de orphãos, ser recolhido pelo mesmo
senhor ou possuidor ás estações fiscaes, ou a alguma caixa economica ou banco de
depositos, que, inspire sufficiente confiança.
Paragrapho unico. E' permittido ao senhor receber, com o mesmo juro de 6 %,
o peculio do escravo, á medida que este o fôr adquirindo, como indemnização parcial de
sua alforria, urna vez que o preço seja fixada previamente em documento entregue ao
mesmo escravo. No caso de condominio, poderá ficar em mão do condomino que o
escravo preferir.

Art. 50. O senhor ou possuidor do escravo é obrigado a declarar a existencia do


peculio na occasião da matricula dos escravos ou de quaesquer averbações nesta, ou
quando haja de effectuar contractos, inventarios ou partilhas sobre elles, ou solicitar
passaporte para os mesmos, a fim de que esta sua declaração seja inserta nos
respectivos livros, instrumentos, autos ou papeis.

Art. 51. O peculio do escravo, no caso de transferencia de dominio, passará


para as mãos do novo senhor, ou terá qualquer dos destinos mencionados no art. 49.
Paragrapho unico. A transferencia de dominio comprehende a adjudicação por
partilha entre herdeiros ou socios; a adjudicação nestes casos não se fará sem exhibição
do peculio ou documento do seu deposito.

Art. 52. Quando haja impossibilidade de ser resgatado do poder do senhor o


peculio do escravo, este tem direito á alforria indemnizando o resto do seu valor, com
116
serviços prestados por prazo não maior de 7 annos. O preço da alforria será fixado por
arbitramento nos termos do § 2º do art. 4º da lei, se não existir avaliação judicial, que
deverá prevalecer.

Art. 53. O juizo de orphãos tem a faculdade de impedir que o peculio


permaneça era poder do, senhor ou do possuidor do escravo, ou de qualquer
estabelecimento particular onde tenha sido depositado, se reconhecer que não ha
sufficiente garantia, expedindo mandado para a comminação de sequestro.
Paragrapho unico. Os tutores e os curadores, e em geral quaesquer pessoas,
que não são senhores ou possuidores de escravos, são obrigados a exhibir, sob pena de
sequestro, o peculio e juros pertencentes a escravos que estiverem sob sua
administração, sempre que o juizo de orphãos o determinar, independentemente da
circumstancia da falta de garantia.

Art. 54. Em concurso de credores, o escravo pertencerá á classe de credores de


dominio, por seu peculio e juros, considerado este sob administração.

Art. 55. O peculio, recolhido ao thesouro nacional, e ás thesourarias de


fazenda, será equiparado a dinheiro de orphãos.

Art. 56. O escravo que, por meio de seu peculio, puder indemnizar o seu valor,
tem direito á alforria. (Lei - art. 4º § 2º)
§ 1º Em quaesquer autos judiciaes, existindo avaliação e correspondendo a esta
a somma do peculio, será a mesma avaliação o preço da indemnização (Lei - art. 4º 2º),
para ser decretada ex officio a alforria.
§ 2º Em falta de avaliação judicial ou de accôrdo sobre o preço, será este fixado
por arbitramento. (Lei - art. 4º § 2º)

Art. 57. Não poderá requerer arbitramento, para execução do art. 4º, § 2º da
lei, o escravo que não exhibir, no mesmo acto em juizo, dinheiro ou titulos de peculio,
cuja somma equivalha ao seu preço razoavel.
§ 1º Não é permittida a liberalidade de terceiro para a alforria, excepto como
elemento para a constituição do peculio: e só por meio deste e por iniciativa do escravo
será admittido o exercicio do direito á alforria, nos termos do art. 4º, § 2º da lei.
§ 2º Prevalecem na libertação, por meio do peculio, as regras estatuidas no
paragrapbo unico do art. 44, quanto á entrega do preço do escravo alforriado.

Art. 58. Além das regras do processo de arbitramento prescriptas nos arts. 39 e
40 deste regulamento, observar-se-hão mais as seguintes em execução do citado § 2º
do art. 4º da lei:
§ 1º O curso do dito processo não será prejudicado por outros trabalhos
judiciarias de natureza civil.
§ 2º No arbitramento figurará por parte do escravo um curador nomeado pelo
juiz. Quanto ao senhor, ou a quaesquer interessados no valor do escravo, observar-se-
ha o disposto no art. 38.
§ 3º Na avaliação dos escravos, cuja liberdade esteja promettida para certa
época, ou até que se cumpra especificada condição, se deverá attender, para a fixação
real do seu valor, a estas circumstancias como favoraveis ao libertando.
117
Art. 59. Por morte do escravo, metade do seu peculio pertencerá ao conjuge
sobrevivente, se o houver, e a outra metade se transmittirá aos seus herdeiros,
conforme a lei civil. Na falta de herdeiros e do conjuge, o peculio será adjudicado ao
fundo de emancipação geral. (Lei - art. 4º § 1º)
Fica subentendido que todo o peculio pertencerá ao conjugo sobrevivente, se o escravo
não tiver outros herdeiros.

Art. 60. Por fallecimento do escravo, deixando peculio e herdeiro escravo ou


menor livre, o juiz de orphãos, tomando a declaração do senhor ou possuidor, mandará
lavrar auto da existencia do dito peculio, no qual o partilhará sem mais formalidade
pelos herdeiros, ou o adjudicará ao fundo de emancipação geral. Só levantando-se
questão contenciosa, deixar-se-ha de observar este processo summarissimo, que fica
isento de sello e custas.

CAPITULO IV
DA CLAUSULA E DOS CONTRACTOS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

Art. 61. E' permittido ao escravo, em favor de sua liberdade, contractar com
terceiro a prestação de futuros serviços, por tempo que não exceda de sete annos,
mediante o consentimento do senhor e approvação do juiz de orphãos. (Lei - art. 4º §
3º).

Art. 62. O escravo que pertencer a condominos, e fôr libertado por um destes,
terá direito á sua alforria, indemnizando os outros senhores da quota do valor que lhes
pertencer. Esta indemnização poderá ser paga em serviços prestados por prazo não
maior de sete annos, em conformidade do artigo antecedente. (Lei - art. 4º § 4º)
Paragrapho unico. Nesta hypothese o exercido do direito do escravo não depende do
consentimento dos outros condominos.

Art. 63. A alforria com a clausula de serviços durante certo tempo não ficará
annullada pela falta de implemento da mesma clausula.
Em geral, os libertos com a clausula de prestação de serviços durante certo tempo, e os
que adquirirem a sua alforria mediante indemnização com futuros serviços, são
obrigados a taes serviços, sob pena de serem compellidos a prestal-os nos
estabelecimentos publicos, ou por contracto a particulares (Lei - art 4º § 5º), mediante
intervenção do juiz de orphãos.

CAPITULO V
DAS ASSOCIAÇÕES

Art. 64. Os juizes de orphãos poderão entregar a associações autorizadas pelo


governo os filhos de escravas, nascidos desde a dela da lei que sejam cedidos ou
abandonados pelos senhores, ou tirados do poder destes em virtude dos arts. 18 e 19
do presente regulamento. (Lei-art. 2º)
118
§ 1º A essas associações poderão ser entregues tambem os filhos das filhas
livres de escravas. (Lei - art. 1º § 3º)
§ 2º Na falta de associações ou de estabelecimentos creados para tal fim, os
menores poderão ser entregues ás casas de expostos, ou a particulares, aos quaes os
juizes de orphãos encarregarão a sua educação. (Lei - art. 2º § 3º)

Art. 65. As associações, as casas de expostos, ou os particulares terão direito


aos serviços gratuitos dos menores até á idade de 21 annos, e poderão alugar esses
serviços; mas têm a obrigação:
1º De criar e tratar os mesmos menores;
2º De constituir para cada um delles um peculio, consistente na quota que para
esse fim fôr marcada;
3º De procurar-lhes, findo o tempo de serviço, apropriada collocação. (Lei - art.
2º §§ 1º e 3º)
§ 1º As associações são sujeitas á inspecção dos juizes de orphãos, quanto aos
menores sómente (Lei - art. 2º § 2º); devendo dar annualmente conta das obrigações
que a lei lhes incumbe, e exhibir, para ser recolhido ao cofre dos orphãos, o peculio dos
mesmos menores. Os particulares e as casas de expostos devem igualmente prestar
contas e exhibir o peculio, qual fôr contractado.
§ 2º A's associações, ás casas de expostos e aos particulares são applicaveis as
disposições dos arts. 18 e 19 deste regulamento, quér no caso de utilisarem-se
directamente dos serviços dos menores, quér no caso de alugarem esses serviços, se
não providenciarem, dentro de prazo assignado após a intimação, a respeito dos
mesmos menores. O juiz decretará ex oficio deposito, se houver perigo; e, para ordenal-
o, é competente qualquer autoridade judiciaria.
§ 3º Os contractos de aluguel dos serviços serão feitos sob a inspecção do juiz
de orphãos, sómente para verificar as suas condições legaes e a idoneidade do locatario,
a fim de prevenir os factos mencionados nos arts. 18 e 19. O juiz de orphãos recusará a
pessoa do locatario, cujo procedimento ou profissão não garantir a vida, a saude e a
moralidade do menor.Só poderão ser alugados os serviços dos menores que houverem
completado 8 annos de idade.
§ 4º Igualmente é-lhes applicavel o disposto no art. 17, para o effeito de
poderem os menores remir-se do onus de servir, mediante prévia indemnização. Desde
o momento da remissão ficarão sujeitos á legislação commum, que rege os menores em
geral.

Art. 66. No juizo de orphãos deverá existir um livro especial, aberto, encerrado,
numerado e rubricado pelo juiz, para a matricula dos menores entregues em virtude do
art. 2º da lei ás associações, ás casas de expostos e aos particulares. Nesse livro constará
o nascimento, a filiação, a associação, estabelecimento ou particular, que aceitou o
menor, se foi cedido pelo senhor de sua mãi, se for tirado do poder do mesmo, ou
abandonado, em que data, e quilos as causas; e outrosim a remissão de serviços, a
emancipação por maioridade, o obito, se o individuo houver fallecido antes de ser
collocado em conformidade do art. 2º, § 1º da lei. Annualmente serão averbadas no
respectivo registro todas as circunstancias sobre a pessoa do menor e sobre o seu
peculio.
§ 1º O livro especial não dispensa o processo da tomada de contas, em autos.

119
§ 2º Se dous forem os escrivães, o governo, na côrte, e os presidentes, nas
provincias, designarão qual deverá ser o encarregado desse serviço.
§ 3º As custas do processo de contas serão pagas pelas associações,
estabelecimentos ou particulares, a quem forem entregues os menores.

Art. 67. O juizo de orphãos fiscalisará a instrucção primaria e a educação


religiosa dos menores, quér exigindo das associações, das casas de expostos e dos
particulares o cumprimento dessa obrigação, quér impondo-a aos locatarios de serviços
nos respectivos contractos.

Art. 68. Fica salvo ao governo o direito de mandar recolher os referidos


menores aos estabelecimentos publicos, transferindo-se neste caso para o Estado as
obrigações que o § 1º do art. 2º da lei impõe ás associações autorizadas. (Lei - art. 2º §
4º) Não entende-se, porém, que o governo possa retirar do poder das associações, das
casas de expostos e dos particulares os menores já entregues em virtude do art. 2º da
lei, salvo o caso do art. 65, § 2º.

Art. 69. Além das associações encarregadas da educação dos menores, são
tambem sujeitas á inspecção dos juizes de orphãos as sociedades de emancipação já
organizadas e que de futuro se organizarem. (Lei - art. 5º)
§ 1º Essa inspecção limita-se ao exame animal das contas entre as sociedades e cada um
dos manumittidos, de accôrdo com os estatutos ou com os respectivos contractos.
§ 2º Todavia, os juizes de orphãos poderão prover, sempre que o julgarem necessario,
sobre o tratamento dos manumittidos, em relação á sua moralidade, vida e saude.

Art. 70. As sociedades de emancipação terão privilegio sobre os serviços dos


escravos, que libertarem, para indemnização do preço da compra. (Lei - art. 5º
paragrapho unico.)
§ 1º Esses serviços não são devidos durante prazo maior de sete annos,
qualquer que seja o valor da indemnização. Será descontado no prazo o tempo de
prisão criminal e de fuga. Os menores de 21 annos completarão essa idade em poder
das sociedades, ainda que excedam o prazo prescripto, salvo o caso do paragrapho
seguinte. Em relação a estes, as sociedades de emancipação são equiparadas ás
associações do art. 64 para todos os effeitos juridicos.
§ 2º Os manumittidos poderão remir-se do onus de servir, mediante prévia
indemnização pecuniaria, que por si ou por outrem offereçam á sociedade, com a
cautela do art. 57, se o requererem em juizo.
Se não houver accôrdo sobre o quantum da indemnização, será esta calculada
sobre o preço da compra, dividido pelos annos de serviço para que seja paga pelo
tempo que ainda restar.
As sociedades têm direito ao accrescimo de 18 %, sobre o preço total
despendido, qualquer que seja o tempo decorrido.
Esta disposição applicar-se-ha, em geral, a todos os escravos libertados por preço certo,
com a clausula ou contracto de prestação de serviços.
§ 3º As sociedades de emancipação têm o direito de usar da providencia
permittida no art. 4º § 5º da lei e mencionada no art. 63 deste regulamento.

120
Art. 71. Aos manumittidos por sociedades e por particulares, com a clausula ou
contracto de prestação de serviços, é applicavel tudo o que na lei e neste regulamento
está determinado quanto á formação, guarda e disposição do peculio.

Art. 72. No juizo de orphãos haverá um livro especial, igual ao do art. 66 deste
regulamento, para a matricula dos escravos libertados por indemnização do seu preço
com a clausula da prestação de serviços, quér por sociedades, quér por individuos. No
registro de cada um liberto, além do nascimento e filiação constara o nome do que foi
seu senhor, o numero, de ordem na matricula especial, a data e o municipio em que
esta foi feita, a associação ou particular que o libertou, o seu preço, o tempo de
prestação de serviços e a sua aptidão; e outrosim a remissão ou o obito, se houver
fallecido antes de completar o tempo de serviço. Annualmente serão averbadas no
respectivo registro todas as circumstancias sobre a pessoa do liberto e sobre o seu
peculio. Os manumittidos, cujo tempo de serviço houver de completar-se antes da
maioridade, serão matriculados em outro livro especial, que será appenso ao anterior.
O mais como nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 66.
Paragrapho unico. A séde da sociedade ou a residencia do particular, que
libertar escravos com a clausula ou contracto de serviços, indemnizando seu valor, firma
a competencia do respectivo juizo de orphãos para a matricula. Assim, relativamente ás
associações para menores livres, filhos de escravas.

Art. 73. O § 3º do art. 1º da lei amplia-se ás associações, casas de expostos e


particulares, para o effeito de ser acautelada a sorte dos filhos das menores livres e das
menores sujeitas á prestação de serviços.

Art. 74. O governo garante ás associações a concessão gratuita de terrenos


devolutos, mediante as condições que estabelecer em regulamentos especiaes, para a
fundação de colonias agricolas ou estabelecimentos industriaes, em que sejam
empregados os libertos e se cure da educação dos menores.
Igualmente garante ás associações, pelo preço minimo, a concessão de terrenos
devolutos para fundação de estabelecimentos ruraes, que as mesmas associações
destinem para serem vendidos a immigrados.

CAPITULO VI
DOS LIBERTOS PELA LEI

Art. 75. São declarados libertos:


I. Os escravos pertencentes á nação, dando-lhes o governo a occupação que
julgar conveniente:
II Os escravos dados em usufructo á corda;
III Os escravos das heranças vagas;
IV. Os escravos abandonados por seus senhores. (Lei - art. 6º §§ 1º a 4º)
§ 1º Os escravos pertencentes á nação receberão as suas cartas de alforria, em
conformidade do decreto nº 4815 de 11 de Novembro de 1871, e terão o destino
determinado no mesmo decreto.
§ 2º Os escravos dados em usufructo á corôa são equiparados, para todos os
effeitos, aos escravos pertencentes á nação.
121
§ 3º Os escravos das heranças vagas receberão do juiz, que julgar da vacancia,
as suas competentes cartas. Não podem, pois, ser arrematados ex vi do art. 38 do
decreto nº 2433 de 15 de Junho de 1859, até á decisão sobre a vacancia da herança e
devolução desta ao Estado; e, durante esse tempo, os seus serviços serão alugados pelo
curador da herança, sob a inspecção e com acquiescencia do juiz.
§ 4º Os escravos abandonados por seus senhores receberão igualmente do
juizo, que julgar o abandono, as suas cartas.

Art. 76. Considera-se abandonado o escravo cujo senhor, residindo no lugar, e


sendo conhecido, não o mantem em sujeição, e não manifesta querer mantel-o sob sua
autoridade.

Art. 77. As cartas passadas aos escravos das heranças vagas, e aos escravos
abandonados, serão a certidão da sentença extrahida pelo escrivão e rubricada pelo
juiz.

Art. 78. Se os senhores abandonarem os escravos por invalidos, são obrigados a


alimental-os, salvo o caso de penuria, sendo os alimentos taxados pelo juiz de orphãos.
(Lei - art. 6º § 4º in fine)
Paragrapho unico. Os alimentos serão taxados na sentença que julgar o abandono.
Art. 79. Em geral, os escravos libertados em virtude da lei ficam durante cinco
annos sob a inspecção do governo. Elles são obrigados a contractar seus serviços, sob
pena de serem constrangidos, se viverem vadios, a trabalhar nos estabelecimentos
publicos. Cessará, porém, o constrangimento do trabalho sempre que o liberto exhibir
contracto de serviço. (Lei - art. 6º § 5º)

CAPITULO VII
DO PROCESSO

Art. 80. Nas causas em favor da liberdade:


§ 1º O processo será summario.
§ 2º Haverá appellações ex officio quando as decisões forem contrarias á
liberdade. (Lei - art. 7º e seus paragraphos.)

Art. 81. O processo summario é o indicado no art. 65 do decreto nº 4824 de 22


de Novembro de 1871.
§ 1º As causas de liberdade não dependem de conciliação.
§ 2º Os manutenidos em sua liberdade deverão contractas seus serviços
durante o litigio, constituindo-se o locatario, ante o juiz da causa, bom e fiel depositario
dos salarios, em beneficio de qualquer das partes que vencer o pleito. Se o não fizerem,
serão forçados a trabalhar em estabelecimentos publicos, requerendo-o ao juiz o
pretendido senhor.
§ 3º Estes processos serão isentos de custas.

Art. 82. O processo para verificar os factos do art. 18 deste regulamento é o dos
paragraphos do art. 63 do decreto nº 4824 de 22 de Novembro de 1871.

122
Paragrapho unico. Essa mesma fórma de processo servirá para verificação do
abandono conforme os arts. 76, 77 e 78 deste regulamento.

Art. 83. No caso de infracção do contracto de prestação de serviços, a fórma do


processo é a da lei de 11 de Outubro de 1837; e o juiz competente é o de orphãos nas
comarcas geraes, e o de direito nas comarcas especiaes, onde não houver juiz privativo
de orphãos.
Paragrapho unico. Havendo perigo de fuga, ou no caso de fuga, pôde ser
ordenada a prisão do liberto contractado, como medida preventiva, não podendo,
porém, exceder de trinta dias.

Art. 84. Para a alforria por indemnização do valor, para a remissão, é sufficiente
uma petição, na qual, exposta a intenção do peticionario, será solicitada a venia para a
citação do senhor do escravo ou do possuidor do liberto. Antes da citação o juiz
convidará o senhor para um accôrdo, e só em falta deste proseguirá nos termos
ulteriores. (Lei - art. 4º e seus paragraphos.)
§ 1º Se houver necessidade de curador, precederá á citação nomeação do
mesmo curador, em conformidade das disposições deste regulamento.
§ 2º Feita a citação, as partes serão admittidas a louvarem-se em arbitradores,
se houver necessidade de arbitramento; e o juiz proseguirá nos termos dos arts. 39, 40 e
58 deste regulamento, decretando a final o valor ou o preço da indemnização, e, paga
esta, expedirá a carta de alforria ou o titulo de remissão.
§ 3º Se a alforria fôr adquirida por contracto de serviços, esta circumstancia
será mencionada na carta; e, no caso de ulterior remissão, não se passará titulo
especial, mas bastará averbal-a na mesma carta.

Art. 85. Nos casos para que este regulamento não designa fôrma de processo, o
juiz procederá administrativamente.

Art. 86. O valor da indemnização para alforria, ou para a remissão, regulará a


competencia para o simples preparo ou para o preparo e julgamento, em conformidade
da lei nº 2033 de 20 de Setembro de 1871. Assim, o valor do escravo no caso de
abandono.

CAPITULO VIII
DA MATRICULA ESPECIAL

Art. 87. Proceder-se-ha á matricula especial de todos os escravos existentes no


Imperio, com declaração do nome, sexo, idade, estado, aptidão para o trabalho e
filiação de cada um se fôr conhecida. (Lei - art. 8º)
§ 1º O prazo em que deve começar e encerrar-se a matricula será annunciado
com a maior antecedencia possivel, por meio de editaes repetidos, nos quaes será
inserta a disposição do paragrapho seguinte. (Lei ibid. - § 1º)
§ 2º Os escravos que, por culpa ou omissão dos interessados, não forem dados
á matricula até um anno depois do encerramento desta, serão por este facto
considerados libertos. (Lei ibid. - § 2º)

123
§ 3º Pela matricula de cada escravo pagará o senhor, por uma vez sómente, o
emolumento de 500 rs., se o fizer dentro do prazo marcado; e de 1$000 se exceder o
dito prazo. O producto deste emolumento será destinado ás despezas da matricula e o
excedente ao fundo de emancipação. (Lei ibid. - 13º)
§ 4º Serão tambem matriculados em livro distincto os filhos da mulher escrava,
que pela lei nº 2040 de 28 de Setembro de 1871 ficaram livres.
Incorrerão os senhores omissos, por negligencia, na multa de 100$000 a 200$000,
repetida tantas vezes quantos forem os individuos omittidos; e, por fraude, nas penas
do art. 169 do Cod. Crim. (Lei ibid. - § 4º)
§ 5º Os parochos, são obrigados a ter livros especiaes para os registros dos
nascimentos e obitos dos filhos de escravas, nascidos desde a data da lei. Cada omissão
sujeitará os parochos á multa de 100$00. (Lei ibid. - § 5º)

Art. 88. A matricula será regulada pelos Decretos nº 4835 do 1º de Dezembro


de 1871, e nº 4960 de 8 de Maio de 1872.

CAPITULO IX
DISPOSIÇÕES GERAES

Art. 89. As alforrias, quér gratuitas, quer a titulo oneroso, são isentas de
quaesquer direitos, emolumentos ou despezas. (Lei - art. 4º § 6º)

Art. 90. A lei nº 1695 de 15 de Setembro de 1869 permanece em seu inteiro


vigor, com as seguintes alterações:
§ 1º Em qualquer caso de alienação ou transmissão de escravos é prohibido,
sob pena de nullidade, separar os conjuges, e os filhos, menores de 12 annos do pai ou
mãi. (Lei - art. 4º § 7º)
Esta disposição comprehende a alienação ou transmissão extrajudicial.
Em beneficio da liberdade, porém, podem ser separados do pai ou da mãi os filhos
menores de 12 annos, que forem manumittidos com ou sem a clausula de futuros
serviços.
§ 2º Nas vendas judiciaes e nos inventarios em geral, o juiz concederá carta de
alforria aos escravos que exhibirem á vista o preço de suas avaliações. Neste caso é
permittida a liberalidade directa de terceiro.
§ 3º As propostas de arrematação para alforria sem condições, respeitada a
avaliação, preferem a outras quaesquer. Em segundo lugar serão attendidas as
propostas para alforria com a clausula de contracto de serviços; e, entre estas, a que
conceder menor prazo para servir, havendo igualdade no preço da indemnização.
Havendo proposta dessa natureza, não será renovado annuncio por novo prazo, nem
será admittida impugnação de herdeiros ou de credores que requeiram adjudicação por
preço maior.
O escravo, que tiver direito a ser manumittido pelo fundo de emancipação, dentro do
anno em que fôr annunciada a arrematação, não será preterido, embora arrematado
com contracto de prestação de serviços; excepto se incorrer em alguma das faltas
mencionadas no art. 32, § 2º.

124
Art. 91. São intransferiveis os serviços, quér dos menores livres, salvos os casos
dos §§ 5º e 7º do art. 1º da lei, ou o prévio accôrdo do art. 16 deste regulamento, quér
dos manumittidos gratuitamente com a clausula de prestação dos mesmos serviços.
Poderão, porém, ser alugados.
§ 1º Esta disposição não comprehende os serviços contractados para acquisição
da alforria, seja judicial ou particular o contracto.
§ 2º A disposição do art. 1º, § 5º da lei, é applicavel tanto á alienação forçada,
como á onerosa ou gratuita.
No caso de disposição testamentaria, a alienação da mãi escrava não comprehende os
menores livres, se os legatarios não forem herdeiros necessarios, conforme o § 7º do
art. 1º da lei.

Art. 92. Se a divisão de bens entre herdeiros ou socios não comportar a reunião
de uma familia escrava, e nenhum delles preferir conserval-a sob o seu dominio,
mediante reposição da quota-parte dos outros interessados, será a mesma familia
vendida e o seu producto rateado. (Lei - art. 4º § 8º)
§ 1º Os filhos livres menores de 12 annos não acompanharão a mãi escrava
senão no caso de ser herdeiro necessario aquelle que adquirir na partilha a familia.
§ 2º Assim no caso de não ser herdeiro necessario, como no caso de divisão
entre socios, os menores ficarão á disposição do governo ou do juiz de orphãos.
§ 3º Todavia, tanto na hypothese dos paragraphos antecedentes, como na do
2º do art. 91, o juiz de orphãos preferirá os senhores das mãis para os encarregar da
educação dos menores; e, em todo caso, a separação não será feita senão depois que o
menor houver completado a idade de tres annos, salvas as excepções do art. 8º.

Art. 93. Nenhum inventario ou partilha entre herdeiros ou socios, que


comprehender escravos, e nenhum litigio, que versar sobre o dominio ou a posse de
escravos, será admittido em juizo, se não fôr desde logo exhibido o documento da
matricula. (Decreto nº 4835 do 1º de Dezembro de 1871, art. 45.)
Tambem se não dará passaporte a escravos, sem que sejam presentes á autoridade, que
o houver de dar, os documentos da matricula, cujos numeros de ordem, data e lugar,
onde foi feita, serão mencionados nos passaportes; e, se forem acompanhados por seus
filhos livres, devem os passaportes conter os nomes e mais declarações relativas a estes.
(Decreto citado - ibid.)

Art. 94. Fica derogada a Ord. Liv. 4º, Tit. 63, na parte que revoga as alforrias por
ingratidão. (Lei - art. 4º § 2º)

Art. 95. Quaesquer certidões requisitadas pelos juizes, curadores geraes de


orphãos, promotores publicos e adjuntos, ou pelos curadores particulares, para defesa
dos escravos, dos menores livres e dos manumittidos sujeitos a serviços, serão
extrahidas gratuitamente.

CAPITULO X
DAS MULTAS E DAS PENAS

125
Art. 96. Além das multas comminadas pelo decreto nº 4835 do 1º de Dezembro
de 1871, art. 33 e seguintes, serão impostas:
A de 10§000 até 50§000, a cada um dos membros das juntas municipaes de
emancipação, que deixarem de comparecer aos respectivos trabalhos sem motivo
justificado. Na mesma multa incorrerá o escrivão bem assim os funccionarios e os
individuos que não se prestarem a dar os esclarecimentos do art. 39 deste regulamento;
A de 20$000 até 60$000, aos individuos que, nomeados arbitradores, curadores ou
depositarios, recusarem-se sem motivo legitimo ou justificado;
A de 50$000 até 100$000, aos juizes e mais funccionarios, que não cumprirem, nos
prazos marcados, os deveres que este regulamento lhes recommenda;
A de 50$000 até 100$000, aos senhores e possuidores, e aos parochos, que
concorrerem para erro na declaração do art. 3º deste regulamento, se não fôr
rectificada em tempo, não sendo caso de punição criminal.
A de 50$000 até 100$000, aos juizes e escrivães que forem negligentes ou omissos no
cumprimento das obrigações que este regulamento lhes incumbe, além da
responsabilidade criminal;
A de 100$000, a cada um dos directores das associações, administradores das casas de
expostos e possuidores de menores livres, e de manumittidos com clausula ou contracto
do serviços, que não derem á matricula no juizo competente os menores e os
manumittidos sob sua autoridade, ou que annualmente não prestarem as contas, ou
não derem as informações necessarias para as averbações no registro respectivo.

Art. 97. Soffrerão a pena de prisão:


Os que de má fé não derem á classificação de que tratam os arts. 27 e seguintes
os nomes dos escravos para a emancipação pelo fundo publico: de 10 a 20 dias;
Os que, tendo em seu poder peculio de escravos ou de manumittidos sujeitos a
serviço, sem autorização legal, não o manifestarem em juizo dentro de prazo assignado
em edital: 30 dias;
Os que alliciarem menores sujeitos á autoridade dos senhores das mãis
entregues a associações, casas de expostos e particulares, ou manumittidos obrigados a
serviço: 30 dias.

Art. 98. São competentes para impôr as multas:


O ministro e secretario de estado dos negocios da agricultura, commercio e
obras publicas, na côrte, aos membros da junta municipal, aos parochos e aos juizes;
Os presidentes de provincia, aos individuos que devem compôr as juntas
municipaes, aos parochos e aos juizes;
As juntas municipaes, aos respectivos escrivães ou individuos, que os devam
substituir, e ás pessoas que recusarem-se a dar-lhes esclarecimentos solicitados;
Os juizes, aos seus subalternos, comprehendidas as autoridades inferiores,
escrivães, individuos nomeados curadores, depositamos ou arbitradores; aos senhores e
possuidores de menores livres e de manumittidos; ás associações e ás casas de
expostos.
Paragrapho unico. Em geral, as autoridades superiores podem impôr as multas
que as autoridades interiores não houverem imposto sem motivo justificado: multando-
as pela negligencia ou omissão em 50$000 até 100$000.

Art. 99. Da imposição de multa haverá recurso:


126
Para os presidentes, nas provincias, quando forem impostas pelas autoridades
administrativas e judiciarias da mesma provincia; para o ministro, quando impostas
pelos presidentes de provincia;
Para o conselho de estado, na fórma do art. 46 do Regul. nº 124 de 5 de
Fevereiro de 1842, quando impostas pelo ministro.
Na côrte os recursos serão interpostos para o ministro.

Art. 100. As multas serão cobradas executivamente, remettendo-se para esse


fim as certidões ás repartições fiscaes.

Art. 101. A pena de prisão será imposta pela autoridade judiciaria competente.

Art. 102. As multas comminadas por este regulamento farão parte do fundo de
emancipação.

Palacio do Rio de Janeiro, em 13 de Novembro de 1872


Francisco do Rego Barros Barreto

Este texto não substitui o original publicado no Coleção de Leis do Império do Brasil de
1872

127

Você também pode gostar