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RESUMO
ABSTRACT
1
2 Segurança e saúde no trabalho na fumicultura
1. INTRODUÇÃO
O setor agropecuário no Brasil é de grande importância para a economia nacional e
apresenta um grande desempenho no mercado de exportações. O agronegócio representa
todas as operações da agricultura e pecuária, sejam elas insumos, produção básica, pro-
cessamentos e serviços. Das muitas culturas importantes no sul do Brasil, a produção de
fumo chama a atenção por ser rentável e polêmica. Apesar de todo esclarecimento da no-
cividade do consumo do tabaco e das campanhas antitabagismo, muitas famílias retiram
das lavouras de fumo seu sustento e não encontram nenhuma outra cultura tão lucrativa
por hectare.
Por ser a principal atividade geradora de renda de milhares de famílias, a fumicul-
tura tem uma grande importância social e econômica. De acordo com a AFUBRA, a pro-
dução de tabaco tem rentabilidade por hectare muito maior que outras culturas como ar-
roz, soja, milho ou gado de corte, o que faz com que seja a melhor opção de plantio para
os minifundiários. Em geral, a atividade da fumicultura é pouco mecanizada e sugere
maior atividade de esforço físico. Em praticamente todos os processos na produção de ta-
baco o trabalho é manual e exaustivo, existindo poucas ferramentas para facilitar o servi-
ço, o que faz com que os trabalhadores se exponham a condições de trabalho inadequa-
das. Conhecer a forma como o trabalho é realizado e quais os seus riscos permite detectar
problemas e sugerir formas a solucioná-los, além de estudos de novos métodos de traba-
lho ou ferramentas e máquinas que facilitem a atividade.
Atualmente o Brasil possui 109.032 propriedades produtoras de tabaco e a atividade
ocupa 596.240 trabalhadores. Para que estas famílias obtenham êxito em suas produções,
durante dez meses que compõem o ciclo do fumo, os trabalhadores rurais do plantio do
tabaco realizam trabalhos com esforço físico, longas jornadas de trabalho e diversos riscos
ocupacionais. Quais os riscos envolvidos na fumicultura e como preveni-los? O fumicultor
conhece estes riscos que ele mesmo está exposto? Este trabalhador sabe como prevenir os
riscos?
Este estudo tem por objetivo apresentar quais os riscos ocupacionais da fumicultura,
bem como, quais são as formas de prevenção indicadas para evitar a exposição dos traba-
lhadores desta atividade laboral. E objetivos específicos: demonstrar a base conceitual do
gerenciamento de risco e ferramentas de aplicação; descrever os principais riscos ocupaci-
onais aos quais os trabalhadores da fumicultura estão expostos, bem como, quais são as
formas de prevenção e correção para estes riscos; destacar a importância da adoção das
Normas Regulamentadoras para prevenção de riscos ocupacionais existentes na fumicul-
tura.
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2. DESENVOLVIMENTO
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dores rurais do plantio do tabaco realizam trabalhos com esforço físico, longas jornadas
de trabalho, postura inadequada, trabalho em ambiente confinado, manipulação de agro-
tóxicos e fertilizantes químicos. Estes riscos ocupacionais a curto ou longo prazo podem
levar o agricultor ao afastamento do trabalho. (VILAGRA, et al., 2007)
Em média, em cada propriedade 3 pessoas trabalham diretamente na lavoura. Des-
tes trabalhadores rurais, 89,9% tem o ensino fundamental incompleto, sendo a média de
frequência escolar a 7ª série. (AFUBRA, 2018) Fica a dúvida então do grau de esclareci-
mento destas pessoas e a capacidade destes de gerenciar os riscos de sua própria ativida-
de.
Antes de mais nada, deve-se conhecer os conceitos de gestão de riscos e suas meto-
dologias. Conceitua-se gerenciamento de riscos, segundo Ruppenthal (2013, p. 32-35): a
gerência de riscos é a ciência, a arte e a função que visa a proteção dos recursos humanos,
materiais e financeiros de uma empresa. Ou ainda:
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Fica claro que, assim como em qualquer processo produtivo, na fumicultura tam-
bém há uma gestão de riscos por parte dos trabalhadores, ainda que involuntária ou ins-
tintiva. Os erros cometidos, a troca de informação entre agricultores e a relação agricul-
tor/indústria fumageira promove um gerenciamento de riscos.
Todavia, os acidentes e doenças estão presentes na atividade e continuam causando
prejuízos. No ano de 2010 foi publicado uma pesquisa de cunho qualitativo sobre as con-
dições de trabalho e as repercussões sobre a saúde do trabalhador na fumicultura. Este ar-
tigo apresenta algumas entrevistas de agricultores:
Logo que o fumo é colocado nos galpões, as folhas largam um forte
odor, e às vezes a gente passa mal, sentindo tontura e mal-estar no
estômago (Isaura). Mas, assim, não tem força, desânimo, só vontade de
chorar, não podia ir trabalhar, nem caminhar não, tomava uma suadeira
para dar uns passos. Sim, daí não tem mais força para o trabalho, a gente
fica esquecida, fica esquecida, longe, que nem ali quando eu tava bem
doente eu fazia as coisas e não sabia o que é que ia fazer, voltou, mas
não é como antes, não fica bem certo (Ana). Sofro de alergia também,
que a alergia é procedida dos venenos. Sim, sai uma coceira, uma hora é
num lugar, de repente já troca de lugar, quando pego o sol forte também
sinto que prejudica, também tenho bastante. Acho que é do próprio
fumo, acredito que seja o efeito do veneno que já está no sangue (João).
(SCHLINDWEIN, 2010)
Diversos outros relatos são anexados ao artigo, mas neste trecho fica evidente que
alguns eventos promovem insegurança e atingem os trabalhadores de diferentes formas.
Seja um mal-estar por inalar vapores, depressão ou dermatose são doenças do trabalho e
comprovam que a gestão dos riscos à saúde do trabalhador não é muito eficaz.
A eficácia do gerenciamento dos riscos depende de uma boa metodologia de aplica-
ção da ferramenta. O processo, como todo procedimento de tomada de decisões, deve
identificar e analisar os riscos envolvidos. Uma boa ferramenta de identificação, análise e
avaliação dos riscos pode auxiliar o agricultor, que é seu próprio gerente de riscos, a sanar
os problemas que lhe podem causar perdas.
A identificação dos riscos e perigos é um processo no qual as situações de risco de-
vem ser analisadas de forma contínua e sistemática. Uma das ferramentas para essa iden-
tificação é a Técnica de Incidentes Críticos (TIC). Sua aplicação é recomendada em ativi-
dades que visam a identificação de perigos onde o tempo ou o uso de técnicas mais com-
plexas são limitados. A técnica consiste em entrevistar um grupo de pessoas de diferentes
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Diferente de outras culturas como milho ou soja, o fumo não é semeado diretamente
na lavoura. As sementes são depositadas em canteiros previamente elaborados. Na maior
parte das propriedades o sistema de semeio é por float. Trata-se de bandejas de isopor,
preenchidas com um substrato específico, que são colocadas em piscinas. Neste reservató-
rio é diluído venenos, fungicidas e fertilizantes para promover o desenvolvimento de
mudas com mais vigor, resistentes a pragas e estiagens. (ALMEIDA, 2005, p 55)
Fica claro que desde o início produtivo do tabaco em folhas há uma concentração de
agentes nocivos a saúde dos trabalhadores. O estudo de Etges demonstra que a água utili-
zada no floating das mudas de fumo é uma calda de produtos tóxicos de alta nocividade.
Aqui encontra-se o primeiro risco a que os trabalhadores da fumicultura estão expostos,
os tóxicos.
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Todos estes químicos são tóxicos de alguma forma, ainda que de baixo potencial. É
provável que não existam exposições mínimas em nível seguro para suas consequências.
Etges, em seu estudo, avaliou diferentes sintomas e sua prevalência nos fumicultores em
três etapas distintas, início de safra, meio e fim.
Tabela 1: Prevalência de sintomas autorreferidos
Tabela 37- Prevalência de Sintomas Auto -Referidos em cada Etapa
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Para reduzir ou eliminar os riscos que os produtos químicos podem oferecer, deve-
se eliminá-los do sistema produtivo buscando produtos alternativos ou evitar o contato
do trabalhador com os produtos. Algumas industrias fumageiras tem auxiliado os agricul-
tores a fazer uma transição do fumo convencional para o fumo orgânico. O fumo orgânico
não tem contato com produtos químicos e os defensivos contra pragas são feitos com pro-
dutos naturais. Em contra partida, sua cultura torna-se mais difícil e trabalhosa.
O uso de máquinas para aplicação de agrotóxicos muitas vezes é inviável por ques-
tão de acesso aos canteiros e lavouras, obrigando o agricultor a aplicação manual. Desta
forma, é necessário que se faça uma proteção completa do trabalhador, protegendo seu
corpo e mucosas contra o contato com o produto, seja na forma líquida, gasosa ou em
forma de vapor ou névoa. É recomendado o uso de equipamentos impermeáveis e resis-
tentes ao químico aplicado como: Camisa, calça, avental, touca árabe, luvas, botas, viseira
e respirador.
Figura 2: EPI para aplicação de agrotóxicos
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tira as mudas das bandejas e coloca na cova. Uma terceira pessoa trabalha agachada ta-
pando as raízes da planta com terra. (LIMA, 2006)
Este método de plantio é bem rudimentar e apresenta um problema ergonômico de
postura inaqueada do trabalhador. Este tipo de postura por longos periodos na jornada de
trabalho pode causar problemas na coluna cervical e membros. O mais indicado para
evitar o esforço físico do trabalhador é um transplante de mudas mecanizado, mas muitas
vezes a aquisição de máquinas é inviável ao agricultor. Uma solução de baixo custo são as
plantadeiras manuais de muda, conhecidas também como matracas, embora exija esforço
físico, principalmente dos membros superiores, ela evita que o trabalhador fique longos
períodos agachado. É acoselhado porém intercalar pausas durante o trabalho.
Figura 3: Plantio manual de fumo
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uma ferramenta, como uma enxada. Já o manejo com adubo químico exige a utilização de
luvas, calças e camisa com manga comprida e respirador.
Após a capação do fumo começa a fase de colheita, cura e secagem das folhas, pro-
cesso que se dá de forma praticamente ou inteiramente simultânea. A colheita em sí é feita
por etapas, sendo a primeira a mais dificultosa. Trata-se das folhas mais rasteiras do pé de
fumo, chamada de baixeiro, na qual o trabalhador colhe o tempo inteiro curvado ou abai-
xado colhendo as folhas rentes ao chão. As folhas colhidas são colocadas em bolsas ou lo-
nas cujo peso aproxima 40 kg e posteriormente são transportadas até uma carroça ou re-
boque próximos. Além do esforço físico que a atividade demanda, as folhas de fumo sol-
tam uma seiva escura e pegajosa, que gruda nas roupas e membros dos trabalhadores.
(PAULILO, 1987, p. 05)
De acordo com relatos dos fumicultores a colheita é considerada por
todos como a etapa mais desgastante e penosa de toda safra, pois o
corpo é muito exigido. A colheita do fumo baixeiro, dentro de todas as
colheitas, é a que exige mais do corpo, pois o agricultor precisa flexionar
a coluna para alcançar as folhas mais baixas, conforme pode ser
verificado na Figura 27, e com apenas uma das mãos quebrar o talo da
folha, com a outra segurar o máximo de folhas que conseguir.
(HEEMANN, 2009, p. 129)
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da folha voltado para baixo. As estufas são ambientes fechados, escuros, com pequenas
janelas para inspeção das folhas, com apenas uma porta de acesso e com uma tubulação
por onde passa o calor para secagem das folhas. Quando com capacidade total, o fogo é
aceso na fornalha para início da secagem das folhas de tabaco, processo que leva de 4 a 7
dias. As estufas comportam em média 3 toneladas de fumo verde, equivalente a 500 Kg de
fumo seco. Durante a secagem das folhas, a temperatura e umidade interna na estufa deve
ser controlada 24 horas por dia. O trabalho além de exaustivo durante o dia, exige que os
agricultores se mantenham alerta durante toda a noite, verificando de 2 a 3 vezes as estu-
fas, para cuidar da temperatura de secagem e garantir qualidade ao fumo. (PAULILO,
1987, p. 06)
Aqui temos a fase mais crítica para a saúde dos trabalhadores. A adoção da postura
curvado ou abaixado durante a colheita pode provocar problemas na coluna, membros e
pescoço do trabalhador. Além disto, o transporte das folhas junto ao corpo e das bolsas
significam desconforto e excesso de carga. Ainda que a Consolidação das Leis do Traba-
lho (CLT) admita que é de 60 kg o peso máximo que uma pessoa possa transportar junto
ao corpo sozinha, devemos lembrar-nos que o texto da CLT é de 1943 e a redação que de-
creta este valor data de 1977. Estudos e normas mais atualizados, como o da National Ins-
titute for Occupational Safety and Health (NIOSH) afirmam que o peso máximo que uma
pessoa mediana pode transportar respeitando os limites de seu corpo e sem que tenha
consequências é de 23 kg. (CHECHETTO, 2011, p. 21)
Uma vez que a demanda de trabalho no cultivo do fumo é muito manual, pouco
pode-se fazer na operação destas tarefas. Para evitar a sobrecarga física na colheita é ne-
cessário a utilização de máquina, o que acarreta em duas inconveniências: A máquina tem
preço de aquisição extremamente elevado; A máquina colhe todas as folhas do fumo de
uma única vez, ao invés de apenas as folhas maduras, fazendo com que o tabaco fique
com má qualidade e preço de venda mais baixo. A sugestão então é, realizar uma rotação
de tarefas entre os trabalhadores, redução de carga horária, pausas frequentes para re-
composição do vigor físico, transporte de peso compartilhado entre duas pessoas e utili-
zação de roupas longas e luvas.
Outro problema são as estufas, que são projetadas para a secagem do fumo em fo-
lhas e não para a permanência humana em seu interior, e desta forma caracterizam ambi-
ente confinado. Novamente, não há muito o que se fazer, pois de alguma forma os fumi-
cultores precisam entrar neste ambiente para colocar e retirar as folhas de tabaco. A reco-
mendação é que se faça uma ventilação forçada no ambiente, com ventiladores residenci-
ais, permitindo que o ar externo circule no interior do ambiente. Também é recomendável
fazer um acompanhamento da temperatura interna, com os próprios dispositivos de con-
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trole que acompanham a estufa, para que os trabalhadores não trabalhem em temperatu-
ras muito elevadas, condição que pode levar a um desequilíbrio fisiológico e falta de oxi-
genação.
Conhecendo a realidade das atividades dos fumicultores, podemos observar a
exemplo da figura 4, que nem sempre os trabalhadores se provêm de prevenção. A ima-
gem de um trabalhador exposto ao sol, a resíduos de agrotóxicos, em terreno acidentado,
trabalhando de bermudas e chinelos é um pouco impressionante. De fato, para que os ris-
cos sejam atenuados, ainda que de forma simples como utilização de botinas, roupas
compridas e luvas, precisa de uma politica forte de educação, esclarecimento e apoio soci-
al, seja responsabilidade esta das indústrias fumageiras ou dos órgãos públicos.
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incentivar sua ingestão, além de, programar os trabalhos pesados para períodos em que a
temperatura esteja mais amena (amanhecer e entardecer, por exemplo).
A NR 11 - Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais, de-
termina, entre outros, que é considerado transporte manual de sacos toda atividade es-
sencial em que o trabalhador suporta sozinho o peso da carga. A norma dispõe que a dis-
tância máxima de transporte é de 60 metros e que se deve dar preferência a utilização de
vagonetes, carros, carretas ou carros de mão ou qualquer outro tipo de impulsão para o
transporte destas cargas. Alinha ainda que caso não seja possível a utilização de um meio
de impulsão para a carga e descarga, o trabalhador deve ter um auxiliar. Podemos utilizar
destas instruções para o transporte, carga e descarga das bolsas de fumo, na lavoura e nos
galpões, tomando cuidado para que o reboque não fique muito distante dos pontos de
carregamento das bolsas, tentando utilizar carros de mão no transporte e realizando o car-
regamento entre dois trabalhadores.
A NR 12 – Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos, dispões de muitas
informações sobre máquinas industriais e, no que se refere a equipamentos agrícolas, trata
mais sobre dispositivos de segurança e disposições de dispositivos, acessos e outros ele-
mentos de projeto. Todavia cabe destacar a importância e cuidado com partes móveis em
equipamentos, como a tomada de força do trator, que deve ser protegida para evitar aci-
dentes. O transporte de passageiros nos tratores pela escada de acesso, paralamas, braços
hidráulicos ou em reboque é proibida e o operador da máquina deve ser capacitado, isto
é, que fez curso de capacitação para operação específica daquele tipo de máquina.
A NR 15 – Atividades e operações insalubres, alinha que a neutralização ou elimina-
ção da insalubridade dá-se com a utilização de equipamentos de proteção individuais ou
com a adoção de medidas que eliminem os riscos do trabalho. Dispõe sobre diversos pro-
dutos químicos e determina que o emprego de defensivos organofosforados caracteriza
insalubridade de grau médio. Destaca-se que o defensivo Orthene 750 BR utilizado na
fumicultura é um organofosforado e considerado de baixa toxidade. Nesta linha de pen-
samento, imaginemos o quão danoso é o Furadan 50g (carbamato) que é considerado ex-
tremamente tóxico e nem é citado nesta norma. Fica evidente o uso obrigatório do EPI
quando a extrema necessidade de aplicação destes agrotóxicos.
Depois temos a NR 17 – Ergonomia, que estabelece que as atividades devem permi-
tir a adaptação do trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores e não o
contrário. Isto significa, ainda, que não se trata apenas do aspecto físico do trabalhador
mas também do psicológico, ou seja, aspecto mental e emocional. Em sequência, nova-
mente as normas nos remetem ao transporte de peso manual e, esta norma, determina que
nenhum transporte de carga será admitido se o peso desta carga tiver potencial para com-
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proibido fazer ligações diretas, retirar do trator o sinal sonoro de marcha ré, retirar as pro-
teções existentes, não acessar a máquina se não pelo acesso específico, entre outros.
Por último, mas não menos importante, a NR 33 – Segurança e saúde dos trabalha-
dores em espaços confinados. Esta norma estabelece os requisitos mínimos para a identifi-
cação dos espaços confinados e o reconhecimento, avaliação, monitoramento e controle
dos riscos existentes nestes espaços. Define que, espaço confinado, é qualquer área ou
ambiente não projetado para a ocupação humana contínua, que possua meios limitados
de entrada a saída e onde a ventilação é inexistente ou insuficiente para que haja o enri-
quecimento de oxigênio em seu interior. Neste conceito, sem dúvidas, as estufas de fumo
ficam caracterizadas como espaço confinado, por terem apenas uma porta de entrada e sa-
ída e quase nenhuma outra abertura que permita a circulação de ar. A norma dispõe que
os espaços confinados devem ser identificados, isolados e fica proibida a entrada de pes-
soas não autorizadas. Os riscos nestes espaços devem ser antecipados e reconhecidos,
ações de controle devem ser tomadas e sua atmosfera deve ser constantemente controlada
antes e durante os trabalhos efetuados em seu interior.
É vedada a realização de trabalho de forma individual, ou seja, sozinho. O trabalha-
dor submetido a atividades em espaço confinado deve ser capacitado e realizar exames
periódicos, conforme descrição do médico do trabalho. A norma estabelece ainda, dispo-
sições empresariais e de obrigatoriedade dos empregadores e exige uma documentação
específica para realização de serviços em espaço confinado, que não nos é viável nas con-
dições dos agricultores familiares. Outra ação importante é sobre o controle do ambiente,
que é feito com equipamento específico, como o Multi-gás, que é um equipamento de alto
valor de aquisição. De fato, não há registros de acidentes fatais em estufas de fumo relaci-
onado à asfixia, mas é muito provável que pequenos mal estar de agricultores não sejam
documentados. Saliento aqui, no entanto, a importância do controle de temperatura e
umidade do ambiente com os equipamentos próprios das estudas para que as atividades
não sejam realizadas com temperaturas e umidade elevadas, e ainda, a ventilação forçada
deste ambiente para o enriquecimento de oxigênio em seu interior.
Após analisadas e interpretadas as normas regulamentadoras, fica evidente que su-
as diretrizes podem beneficiar em muito a saúde e segurança do trabalhador na fumicul-
tura. Estas normatizações deveriam ser implementadas para que de fato contribuíssem
para o bem estar dos agricultores. Porém, não cabe única e exclusivamente ao agricultor
buscar estas informações, mas também, aos órgãos públicos e às indústrias fumageiras, às
quais os fumicultores têm um vínculo de parceria produtiva.
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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa propôs apresentar os riscos ocupacionais envolvidos na ativi-
dade de produção de fumo em folhas por agricultores, bem como, as formas de prevenção
indicadas para evitar a exposição dos trabalhadores rurais desta atividade laboral a estas
ameaças. Após analisar a importância social, econômica e o volume de produção da fumi-
cultura, foi esclarecido que existem diversos riscos nesta atividade e que há ineficiência de
controle dos agentes causadores. Desta forma, fez-se necessário o entendimento da impor-
tância da gestão destas ameaças e uma apresentação de técnicas eficazes em seu controle.
Baseando-se em diversos autores, foi atingido o objetivo de demonstrar os conceitos de
gerenciamento de risco e de ferramentas eficazes em seu progresso.
Seguido deste conceito para gerenciar os riscos da atividade, realizou-se uma análise
dos processos produtivos do tabaco em folhas para que pudessem ser identificados e ava-
liados os riscos da atividade. Desde o semeio do fumo até a etapa de colheita e secagem,
foram observados diversos riscos químicos, físicos e ergonômicos na atividade, o que
permitiu, que se fizesse uma série de recomendações para a promoção da segurança e sa-
úde dos trabalhadores, atingido assim, o objetivo de demonstrar formas eficazes de pre-
venção e correção dos impactos negativos destas situações adversas.
Posteriormente fez-se uma análise das normas regulamentadoras do ministério do
trabalho e emprego buscando meios que auxiliassem e reforçassem as prevenções reco-
mendadas anteriormente. Embora o cumprimento das normas não seja obrigatório em lei
por parte dos agricultores familiares, as normativas demonstraram conteúdo sólido e de
grande auxílio na prevenção de riscos na atividade da fumicultura, de forma que suas
técnicas podem promover a saúde e segurança dos agricultores.
Conclui-se, portanto, que é de grande importância o controle de saúde e segurança
no trabalho da fumicultura para que haja um beneficiamento de milhares de agricultores
que hoje sofrem as consequências das ameaças do trabalho. Este controle deve ser elabo-
rado com boas práticas e ferramentas como descritas neste artigo e apoiados em legislação
e normas como as do ministério do trabalho. Fica como proposta para futuros desenvol-
vimentos científicos o trabalho de campo, com o contato direto com os trabalhadores ru-
rais e a quantificação dos riscos para que os meios de prevenção possam ser aprofundados
e ainda mais eficazes.
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REFERÊNCIAS
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