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14422017 3117
Abstract This study refers to the impact of the Resumo O presente estudo refere-se ao impacto
use of pesticides on human health in the São do uso de agrotóxicos sobre a saúde humana no
Francisco River Valley region, in which, through Submédio do Vale do São Francisco. Por meio de
semi-structured interviews, the objective was to entrevistas objetivou-se analisar a influência dos
analyze the influence of social, cultural and eco- condicionantes sociais, culturais e econômicos no
nomic determinants on the health-disease process processo saúde-doença dos trabalhadores expos-
of workers exposed to agrochemicals. For data col- tos a agrotóxicos. Para a coleta de dados foram
lection, 339 rural workers from irrigated perime- entrevistados 339 trabalhadores rurais de perí-
ters of the cities of Juazeiro, in the State of Bahia, metros irrigados dos municípios de Juazeiro-BA
and Petrolina, in the State of Pernambuco, were e Petrolina-PE. Todos do sexo masculino, sendo
interviewed. All were male, of which 182 (53,7%) 182 (53,7%) proprietários rurais e 157 (46,3%)
were rural owners and 157 (46,3%) were employ- empregados, predominando indivíduos entre 40 e
ees, predominantly between 40 and 59 years of 59 anos entre os proprietários e abaixo de 39 anos
age among owners and under 39 among workers. entre os trabalhadores. Mais de 50% apresentou
Over 50% have a low level of schooling and 55.2% baixo nível de escolaridade e 55,2% tinha rendi-
1
Programa de Pós-
Graduação Ciências of them have monthly incomes less than or equal mentos mensais menor ou igual a 2 salários mí-
da Saúde e Biológicas, to 2 minimum wages. Many of them know about nimos. Muitos sabem da importância do uso de
Universidade Federal do the importance of wearing personal protective EPIs e da obrigatoriedade do receituário agronô-
Vale do São Francisco
(UNIVASF). Av. José de equipment (PPE) and the mandatory license for mico para a utilização e a compra de agrotóxicos,
Sá Maniçoba s/n, Centro. the use and purchase of agrochemicals. However, entretanto cerca de 40% não usam EPIs ou fazem
56304-917 Petrolina PE about 40% do not use PPE or use it inadequate- uso de forma incompleta e 28,9% não apresentam
Brasil. cicero.corcino@
univasf.edu.br ly and 28.9% do not have a license to purchase. receituário durante a compra. Mais de 9% dos
2
Colegiado de Enfermagem, More than 9% of participants reported cases of participantes relataram casos de intoxicação, no
Universidade de intoxication, however, less than 7% sought spe- entanto, menos de 7% procuraram atendimento
Pernambuco. Petrolina PE
Brasil. cialized care. Workers are aware of the risks that especializado. Os trabalhadores sabem que o uso
3
Colegiado de Farmácia, the use of agrochemicals expose them to risk situ- de agrotóxicos nas lavouras os expõem a situações
UNIVASF. Petrolina PE ations, but this does not encourage them to change de risco, mas essa informação não é suficiente para
Brasil.
4
Centro de Ciências da their worksite behavior. alterar a conduta no exercício laboral.
Saúde, Universidade Key words Agrochemicals, Worker’s health, Agri- Palavras-chave Agroquímicos, Saúde do traba-
Estadual do Norte do cultural production and health lhador, Produção agrícola e saúde.
Paraná. Jacarezinho PR
Brasil.
3118
Corcino CO et al.
Para a coleta de dados foram efetuadas entre- Tabulação e análise dos dados
vistas utilizando o questionário semiestruturado
individual sobre condições de vida, ambiente e Os dados foram organizados e tabulados
trabalho e, morbidade referida, validado por Be- em planilha no programa Microsoft Excel 2010.
dor14. As informações coletas são relacionadas: Posteriormente foi realizada a análise descritiva
(a) ao perfil sociodemográfico do trabalhador: das variáveis estudadas por meio da avaliação de
médias, desvio padrão e frequência absoluta e re-
lativa percentual para variáveis continuas, frequ-
ência absoluta e relativa percentual para variáveis
dicotômicas. A análise descritiva caracterizou a
Tabela 1. Distribuição da amostra entre os perímetros população estudada conforme variáveis demo-
irrigados de Petrolina e Juazeiro.
gráficas, socioeconômicas e uso de agrotóxicos.
População População Amostra Também foram efetuados os testes estatísticos
Local (N) (%) (n) Qui-quadrado e Exato de Fisher entre grau de es-
Petrolina 2.127 100 250 colaridade e número de intoxicações, sem distin-
Bebedouro 166 8 20 ção de grupo, e Teste Qui-quadrado e Teste G de
Mª Tereza + 1961 92 230 Independência entre os grupos proprietários ver-
Senador Nilo sus trabalhadores para as variáveis: uso de EPIs;
Coelho
frequência de aplicação de agrotóxicos; frequên-
Juazeiro 715 100 89 cia de intoxicações; nível de escolaridade; idade e,
Curaçá 265 37 33 separadamente para ambos os grupos para as va-
Mandacaru 54 8 07 riáveis: uso de EPIs e nível de escolaridade; idade
Maniçoba 360 50 44 e uso de EPIs; idade e intoxicações; uso de EPIs e
Tourão 36 5 05 intoxicação; considerando significativo valor de p
3120
Corcino CO et al.
< 0,05. O programa utilizado na análise estatísti- todos atuavam ativamente nas tarefas da agricul-
ca foi o SPSS versão 20. tura relativas ao manejo de agrotóxicos.
Para mensurar a exposição ocupacional fo- No contexto da agricultura nas pequenas
ram consideradas as variáveis: exposição (prepa- propriedades são os homens que trabalham di-
ro da calda, aplicação e/ou ajuda na aplicação de retamente com os agrotóxicos, manipulando-os
agrotóxicos, limpeza dos equipamentos e EPIs), durante a sua preparação (preparação da calda
o tempo de exposição (em horas, dias/mês e anos - diluição do produto concentrado) e/ou aplica-
de exposição), o uso de EPIs, o tipo de aplicação ção, entre outras atividades (ajudar na aplicação,
(Pulverizador manual e/ou mecanizado), cultu- limpeza dos equipamentos de aplicação e EPIs,
ras (perenes e/ou temporárias) e produtos (agro- transportar/armazenar, re-entrar em local pós
tóxicos) utilizados. aplicação), estando assim mais expostos a esses
produtos, em relação às mulheres. Esse dado
está em conformidade com pesquisas anteriores,
Resultados e discussão como a realizada na mesma região, em 2009, por
Bedor et al.11, onde 74% dos trabalhadores ru-
Os resultados descritos são baseados nas infor- rais que utilizavam frequentemente agrotóxicos
mações prestadas pelos participantes da região na lavoura eram do sexo masculino, assim como
estudada em resposta ao questionário semiestru- no estudo realizado por Faria et al.15 em distri-
turado. tos de Bento Gonçalves no Estado do Rio Gran-
As características sociodemográficas dos in- de do Sul que apresenta um índice de 95,2% dos
divíduos estudados estão sumarizadas na Tabela trabalhadores rurais que utilizavam agrotóxicos
2. Com a aplicação dos critérios de inclusão foi pertencentes ao sexo masculino, e o de Melo e
obtida uma amostra composta apenas por in- Gonçalves16, em Paty do Alferes, região Centro
divíduos do sexo masculino, sendo 53,7% pro- Sul Fluminense, que também mostrou a predo-
prietários rurais que trabalhavam diretamente minância do sexo masculino, totalizando 92% da
em suas terras e 46,3% empregados. Entretanto, amostra.
de produção agrícola implantado e adotado pelo do São Francisco (ACAVASF), que é uma enti-
agronegócio dessa região, voltado para fruticultu- dade sem fins lucrativos, mantida pelas empre-
ra irrigada, que visa o aumento da produtividade sas revendedoras de agrotóxicos da região, e que
e do crescimento econômico regional, os agrotó- anualmente faz o recolhimento das embalagens
xicos são usados intensamente. Ao todo, foram ci- vazias junto aos agricultores de toda a região,
tados 108 agrotóxicos utilizados, classificados em tendo como objetivo a destinação final das mes-
67 ingredientes ativos e 17 misturas, incluindo to- mas, a fim de contribuir para a proteção da saúde
das as classes de agrotóxicos. Houve maior preva- humana e do meio ambiente31.
lência no uso de inseticidas (43,9%), seguido dos Foi observado que o procedimento de trípli-
fungicidas (24,2%), acaricida/inseticida (12,9%), ce lavagem das embalagens vazias é realizado por
acaricida/inseticida/nematicida (5,6%), herbicida todos os participantes antes da sua devolução, e
(4,6%) e acaricida (3,7%), as demais classes jun- que as mesmas são conservadas em sacos plásti-
tas representaram 5,1%. Os produtos mais citados cos e armazenadas por 47,2% deles em depósito
foram aqueles pertencentes aos grupos químicos coberto e distante da residência, conforme pre-
Piretróides (18,4%) e Organofosforados (17%). conizado em legislação vigente, e por 52,8% a
De acordo com a classificação toxicológica e de céu aberto em algum local da propriedade, antes
periculosidade ambiental29 os produtos utilizados do recolhimento pela ACAVASF. Todos afirma-
por pequenos produtores na região do Submédio ram fazer a devolução das embalagens vazias de
do Vale do São Francisco são extremamente tóxi- agrotóxicos a ACAVASF durante as campanhas
cos ao homem (42,6%) e altamente perigosos ao de recolhimento das mesmas. O descarte das
meio ambiente (63%). A classificação dos agro- embalagens vazias deve ser realizado seguindo o
tóxicos conforme sua toxicidade e periculosidade disposto na legislação, pois o descarte indevido
deveria ser parâmetro para criação de medidas de pode resultar em sérios danos ao homem, ani-
controle e de gerenciamento de riscos30. Entretan- mais e ao meio ambiente32. Pelos dados supraci-
to, no Brasil, essa classificação é meramente sim- tados pode-se constatar que houve uma evolução
bólica, dado que, não há diferença entre produtos no nível de conscientização dos trabalhadores ru-
classificados como extremamente ou pouco tóxi- rais dessa região ao longo dos anos em relação à
cos para os seres humanos ou meio ambiente, vis- importância do descarte correto das embalagens
to que os mesmos podem ser indicados, comer- vazias de agrotóxicos, uma vez que no estudo de
cializados e utilizados por qualquer indivíduo14. Bedor et al.11, nesta mesma região, 7% das emba-
Em relação à procedência e local onde os lagens eram queimadas, 13% ficavam retidas nas
agrotóxicos eram adquiridos, excetuando-se propriedades, 2% eram devolvidas as lojas e 78%
17,1% dos participantes que não sabiam o local eram entregues a ACAVASF.
de compra, pois já recebiam o produto do em- A frequência de aplicação de agrotóxicos ge-
pregador, todos os demais afirmaram que com- ralmente é realizada em horários em que a tem-
pravam em casas agropecuárias especializadas. peratura encontra-se mais amena. A maior dis-
Entretanto, apesar da obrigatoriedade legal do re- tribuição de participantes, 30,1%, foi na faixa de
ceituário agronômico na hora da compra, 28,9% 4 a 5 aplicações mensais, sendo a média de apli-
dos entrevistados admitiram não o possuir. cação estimada em 4,33 vezes por mês (± 3,57). É
Quanto à orientação de uso do produto, importante destacar que 24,2% frequentemente
83,5% declararam que recebem orientação, mui- aplicam agrotóxicos 8 vezes ou mais por mês, e
tas vezes fornecida pelo próprio vendedor da loja, que em alguns casos, dependo da infestação de
e que também contam com a assistência técnica pragas e doenças, recorre-se a aplicações diárias,
prestada por empresas terceirizadas contratadas até combater ou controlar esse inconveniente.
pela CODEVASF, a PLANTEC em Petrolina e Foi observado que a média de exposição diária
a PLENA em Juazeiro. Em alguns casos os em- é de 3,68 horas (± 2,44) e que não há diferença
pregados recebem a orientação do empregador (p = 0,10) quanto às horas de exposição diária a
ou em programas de treinamento. No entanto, agrotóxicos entre proprietários e trabalhadores,
16,5% alegaram não receber nenhum tipo de in- assim como, não existe diferença entre a frequên-
formação, a não ser a dosagem do produto a ser cia de aplicação de agrotóxicos (p = 0,11) entre os
utilizada. Dentre os participantes, 80,8% assegu- grupos (Tabela 3). O que é condizente com o fato
ram que realizam a leitura dos rótulos da emba- de todos os entrevistados participarem de forma
lagem e bulas dos agrotóxicos antes da utilização. ativa no manejo de agrotóxicos.
As embalagens vazias são encaminhadas para Sobre os anos de trabalho no manejo de agro-
Associação do Comércio Agropecuário do Vale tóxicos, 39,2% dos participantes informaram já
3123
trabalhar a bastante tempo, entre 19 e 31 anos. estão em acordo com outras investigações epide-
Esse tempo de exposição é maior entre os pro- miológicas em zonas rurais que expressam uma
prietários, onde a média é de 20,2 anos ± 15,2, realidade cruel, onde crianças e jovens em idade
em comparação com os trabalhadores (17,4 anos escolar iniciam na atividade agrícola, com expo-
± 15,5), o que mostra que entre esses dois gru- sição a agrotóxicos33.
pos há diferença (p < 0,01) quanto aos anos de No tocante aos hábitos que podem diminuir
manejo desses produtos (Tabela 3). Tais dados riscos durante o labor, como a autoproteção du-
podem ser justificados pela existência de uma rante a manipulação de agrotóxicos, 56,9% dos
maior proporção de proprietários na faixa etária participantes asseguram que trabalham comple-
de 60 anos ou mais (Tabela 2). Em geral, a maio- tamente paramentados com todos os EPIs. Em
ria dos trabalhadores rurais brasileiros iniciam consonância à legislação vigente, o uso destes,
precocemente as atividades agrícolas33; o que é um imperativo legal quando se trabalha com
caracteriza os longos anos de exposição, já que substâncias químicas18, no entanto, foi observado
muitos permanecem nesse ofício durante toda a que 38,4% utilizam de forma parcial a vestimenta
idade produtiva. Tal situação foi confirmada pelo mínima necessária para proteção contra intoxi-
presente estudo, observando-se que 25,7% dos cações. Fato ainda mais preocupante é que 4,8%
participantes ingressaram muito cedo nas ativi- não fazem uso de qualquer um dos itens de pro-
dades agrícolas, com idade inferior a 18 anos, o teção. O motivo alegado pelos participantes para
que é proibido por lei18. Os dados pesquisados a não utilização dos EPIs foi principalmente o
3124
Corcino CO et al.
desconforto propiciado por eles em razão da ele- principalmente pela falta de entendimento das
vada temperatura da região, sendo os itens mais informações contidas nos rótulos dos produtos36
utilizados, botas e boné. No total 94% dos par- e dificuldades na interpretação das figuras dis-
ticipantes afirmaram lavar EPIs e equipamentos poníveis37, limitando o acesso às recomendações
de aplicação ao final das atividades; apenas 4,4% de segurança24,37,38 e orientações quanto ao uso
responderam que não lavam. Foi verificado que correto dos agrotóxicos28,39, contribuindo desta
existe diferença na forma de uso de EPIs entre forma para potencialização dos riscos37.
proprietários e trabalhadores (p = 0,04), havendo Ao relacionar a escolaridade, idade e ocorrên-
uma maior proporção de trabalhadores (63,1%) cias de intoxicações com o uso de EPIs, o resul-
que fazem uso completo das ferramentas de pro- tado revela que não existe associação no nível de
teção em relação aos proprietários (51,7%). Tam- escolaridade e uso de EPIs entre os proprietários
bém, 2,5% dos trabalhadores declaram que não (p = 0,22) e os trabalhadores (p = 0,41); não ten-
usam EPIs enquanto que entre os proprietários do também nenhuma associação entre o uso de
essa proporção era bem mais acentuada (7,1%) EPI’s e a idade tanto entre os proprietários (p =
(Tabela 3). 0,07) quanto entre os trabalhadores (p = 0,25);
Com relação às ocorrências de intoxicações assim como não existe associação entre uso de
causadas pelo uso inadequado de agrotóxicos em EPIs e proporções de intoxicação nos proprie-
decorrência da exposição nas atividades de rotina tários (p = 0,57) e nos trabalhadores (p = 0.42)
do grupo pesquisado, 9,1% dos participantes de- (Tabela 4). Verificou-se ainda, que não existe di-
clararam ter sofrido intoxicação, sendo que 6,2% ferença nas proporções de intoxicação entre as
procuraram atendimento especializado. Apenas faixas etárias tanto nos proprietários (p = 0,15)
48,4% dos participantes sabiam o nome do pro- quanto nos trabalhadores (p = 0,76) (Tabela 4),
duto relacionado à sua intoxicação, sendo que não sendo observada qualquer associação en-
1 deles sofreu intoxicação 2 vezes pelo mesmo tre idade e intoxicação, podendo esta acometer
produto. Esses dados estão muito próximos dos qualquer individuo independentemente da faixa
encontrados na literatura, onde 7% dos trabalha- etária.
dores rurais da Região do Submédio do Vale do Dos entrevistados, 74,6% já apresentaram
São Francisco e 12% da Serra Gaúcha relataram algum dos sintomas relacionados à intoxicação
ter sofrido episódios de intoxicação pelo menos no decorrer da vida. Os sintomas mais relatados
uma vez na vida11,34. Não foi observada diferença por eles, como dor de cabeça, irritação na pele,
entre os grupos proprietários e trabalhadores (p tontura, espirros e coceira intensa (Tabela 5),
= 0,81) quanto a frequência de intoxicação por coincidem com os de outro estudo realizado na
agrotóxicos (Tabela 3). Os produtos pertencentes região. O estudo de Araújo et al.38 realizado com
ao grupo químico dos organofosforados (OFs) produtores de tomate no Vale do São Francisco
foram responsáveis por 68,8% das intoxicações e no município de Camocim de São Félix - PE
agudas relatadas pelos participantes, corrobo- menciona tontura, náuseas e dor de cabeça como
rando com a descrição da literatura que aponta os principais incômodos relatados pelos agricul-
os OFs como os responsáveis pelo maior número tores, além de observar que as queixas de saúde
de intoxicações agudas e mortes registradas no referidas são as esperadas para os grupos expos-
país35. Os principais agrotóxicos responsáveis tos a agentes químicos como os agrotóxicos, con-
pelas intoxicações foram o Tamaron (25%) e o forme os dados da literatura especializada. Esses
Folisuper (18,8%), ambos do grupo químico or- sintomas muitas vezes passam despercebidos pe-
ganofosforado. los entrevistados, que geralmente não fazem ne-
Quando aplicado o teste Qui-quadrado, foi nhuma associação a sintomatologia apresentada
observado que não houve diferença significativa ao uso de agrotóxicos durante ou após manipu-
(p = 0,15) frente à influência do nível de esco- lação do produto, parecendo não os reconhecer
laridade dos participantes em relação às intoxi- como sinais de intoxicação40,41. Fazendo com que
cações por agrotóxicos. Entretanto, foi possível os mesmos não recorram a atendimento especia-
verificar que a maior prevalência de intoxicações, lizado, por associarem os sintomas aos de uma
que correspondeu a 20%, ocorreu entre os parti- simples indisposição, virose ou que estes são pro-
cipantes não alfabetizados, demostrando que so- cessos naturais decorrentes do seu trabalho. Por
cialmente esta condição pode levar a uma maior isso sintomas subjetivos e constantes da exposi-
vulnerabilidade no meio rural, uma vez que se ção ocupacional podem ser um indício precoce
presume maior exposição a situações de risco, da intoxicação17.
3125
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