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Morango: tecnologias de produção ambientalmente corretas 11

Produção integrada
Fagoni Fayer Calegar io 1
Larissa A kem i I wassaki 2
M ário Eidi Sato 3
H éleio Costa 4
Maria Aparecida Crtssilha Zawadn eak 5

Resumo - O morango é um produto de forte apelo entre os consumidores e uma


ótima fonte de renda para os agricultores familiares. No entanto, problemas com
contaminações por agrotóxicos, principalmente, prejudicam a imagem do fruto e do
produtor. A produção integrada surgiu como um sistema de produção agrícola al-
ternativo em que, embora ainda seja permitido o uso de agrotóxicos, esta prática
deve ser feita de forma criteriosa, de preferência depois de esgotadas as formas de
controle físicas e biológicas. Essa é a base do Programa Produção Integrada Agrope-
cuária (PI Brasil), dentro do qual foram estabelecidos os requisitos técnicos específi-
cos para a produção de morangos seguros e de qualidade. Apresentam-se os objeti-
vos, desafios e avanços do Programa Produção Integrada de Morango (PI Morango).
Palavras-chave: Fragaria. Morango . Produção agrícola. PI Brasil. Legislação.

INTRODUÇÃO vez maiores por parte de clientes, consumi- ou acima do limite máximo de resíduos
dores, governos, comércio internacional e (LMR) manteve-se sempre acima de 35%
No mundo de hoje, as pessoas buscam,
mídia, que passaram a discutir conceitos e (BARJZON et ai. , 2013), chegando-se a
cada vez mais, saúde e bem-estar. Os in-
a exigir qualidade, segurança de alimentos identificar até seis ingredientes ativos (i.a.)
teresses, que antes moviam o consumo de
(inocuidade) e sustentabi lidade. diferentes em uma amostra de morango
um alimento perfeito em aparência e com
No caso do morango , em especial, (ANVlSA , 201 0). Tais constatações refor-
preço acessível , atualmente envo lvem
a pressão na cadeia produtiva ocorre de çam a necessidade de melhoria na forma-
questões mais profundas . A sociedade
forma mais intensa. ção de produtores rurais e o acompanha-
passou a se interessar por detalhes das Desde 200 I, com o início do Programa mento do uso de agrotóxicos na agricultura
formas de produção primária de alimen- de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em brasileira, a fim de garantir as Boas Práticas
tos, certificando-se de que o ambiente, os Alimentos (PARA), da Agência Nacional Agrícolas (BPA) (ANVISA , 20 13).
trabalhadores rurais e os animais foram res- de Vigilância Sanitária (Anvisa), que di- Os relatórios daAnvisa são amplamente
peitados. Questiona quais tipos de insumos vu lga anualmente o resultado das análises divulgados na mídia e, ao terem contato
foram utilizados. Conhece razoavelmente o de produtos frescos , o morango aparece com as matérias jornalísticas, muitos con-
conceito de produção orgânica e preocupa- como uma das culturas que apresentam sumidores passaram a declarar que evitam
se com a utilização indiscriminada de os maiores porcentuais de irregularidades o consumo do morango cultivado por meio
agrotóxicos , chegando a rejeitar a lguns (BARIZON et ai. , 20 13). A partir de 2002, da produção convencional. As irregularida-
produtos. Consequentemente, as cadeias o porcentual de amostras de morango que des encontradas neste produto são de dois
de produção agrícola sofrem pressões cada contém agrotóxicos não registrados e/ tipos : o primeiro, refere-se a detecções de

1
Engª Agr', D.Sc., Pesq. EMBRAPA Meio Ambiente, Jaguariúna-SP, e-mail: fagoni.calegario@embrapa.br
2
Engª Agr', M.Sc. Sanidade, Segurança Alimentar e Ambiental no Agronegóc io, Tecnologista Jr. INSTITUTO NACIONAL DE TECNOLOGIA,
Rio de Janeiro-RJ , e-mail: iwassaki.akemi @gmail.com
3
Engº Agrº, D.Sc. , Pesq. Científico/Prof. INSTITUTO BIOLÓGI CO, Campinas-SP, e-mai l: mesato@biologico.sp.gov.br
4
Engº Agrº, D.Sc., Pesq . INCA PER - Centro Regional de Desenvo lvimento Rural Centro Serrano, Venda Nova do lmigrante-ES , e-mail:
helciocosta@incaper.es. gov.br
5 Engª Agr', D.Sc. , Prof! UFPR- Setor de Ciências Biológicas, Curitiba-PR, e-mail : mazawa@ufpr.br

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agrotóxicos acima do LMR, o que pode ser UVA E VINHO, 20 13). Ainda, de acordo entorno - , seguido por métodos fi sicos
evitado pela adoção de BPA. O produtor com Embrapa Uva e Vinho (20 13), esses e/ou biológicos de controle. Em último
que seguir adequadamente as instruções do mecanismos demonstram, de forma confi- caso, se os prejuízos com pragas e doenças
rótulo e da bula, calibrar pulverizadores e ável e com provável, que a produção é feita ultrapassarem o nível de dano econômico,
respeitar períodos de carência dos agrotóxi- em bases sustentáveis e capazes de mini- a utilização de agrotóxicos registrados
cos pode evitar este tipo de irregularidade. mizar, ou mesmo anular os riscos de con- para a cultura é permitida, desde que de
Já o segundo tipo refere-se à detecção de taminações fisicas, químicas ou biológicas. forma extremamente disciplinada, sempre
resíduos de produtos não registrados para Dentro dessa lógica, exatamente por se registrando todos os procedimentos com a
a cultura. Nesse caso, não se trata de ne- tratar de um produto considerado perigoso, finalidade de gerar um histórico rastreável.
gligência nas BPA, mas de dificuldades em mas extremamente atrativo para crianças Nesse modelo de produção, técnicas
obter agrotóxicos registrados para culturas e adultos, existem grandes oportunidades de plantio, manejo, colheita e pós-colheita
com menor retomo de investimentos no re- para o produtor de morango que optar por são implementadas de forma otimizada,
gistro dessas substâncias (BARlZON et ai., adotar tais mecanismos que diferenciarão resultando em produtos de maior qualida-
20 13). Culturas desse tipo são conhecidas seu produto, certificando sua produção. de e com garantia de inocuidade, ou seja,
como mino r crops ou culturas com suporte O morango, especificamente como pro- isenção de perigos físicos, químicos ou
fitossanitário insuficiente (CSFI). Cultiva- duto da agricultura familiar, gera emprego biológicos, que coloquem em risco a saúde
das em áreas pequenas, os produtores de e renda, fixa a mão de obra no campo e, se ou integridade dos consumidores.
CSFJ acabam utilizando agrotóxicos não conduzido com qualidade, tem o potencial A Produção Integrada Agropecuária
autorizados, em razão do reduzido número de projetar positivamente a imagem dos (Pl Brasil) é um Programa de adesão
de produtos registrados para a cultura (BA- municípios produtores, resgatando a credi- voluntária, coordenado pelo Ministério
RlZON et ai., 2013). bilidade das regiões e do próprio produto. da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Os resíduos químicos não são os únicos (MAPA), que publica protocolos (na forma
que podem colocar em risco a inocuidade PRODUÇÃO INTEGRADA de Normas Técnicas Específicas), a fim
do morango. Mattos e Canti llano (2004) COMO ALTERNATIVA de definir requisitos mínimos, nas áreas
detectaram a presença de coliformes to- VIÁVEL PARA MORANGOS técnica e ambiental, e também quanto às
SAUDÁVEIS
tais e outras enterobactérias (Salmonella, questões trabalhistas. O Instituto Nacional
Shigella, Klebsiella, Enterobacter, Proteus, Ferramentas como organ ização do de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (In-
Yersinia) em amostras de morangos cul- setor produtivo, boas práticas cu lturais, metro) participa da Pl Brasil organizando e
tivados em Pelotas, RS . Esses autores rastreabilidade e certificação surgem nes- regulamentando o processo de avaliação da
alertam para a necessidade de focar os se contexto de produção integrada como conformidade, acreditando as certificado-
cuidados nas mãos e luvas do produtor excelentes formas de reagir às pressões, ras que farão a avaliação da conformidade,
e nas caixas de colheita. Em amostras de mostrando que existem maneiras de obter oferecendo a chancela para o selo Brasil
água, também constataram a presença de um morango comp letamente saudável. Certificado- Agricultura de Qualidade.
microrganismos. Diante disso, o fo lder Essas ferramentas ajudam a planejar e a Em 27 de setembro de 2001, o MAPA
" Riscos Microbianos na Produção Inte- comprovar a adequação dos procedimentos publicou a Instrução Normativa nº 20, con-
grada de Morango" foi publicado como adotados em todas as etapas de produção tendo as Diretrizes Gerais para Produção
forma de orientar o produtor para os pontos agropecuária. A certificação, em especial, Integrada de Frutas (DGPIF) e as Normas
críticos de contro le das contaminações permite apresentar evidências objetivas Técnicas Gerais para a Produção Integrada
microbiológicas: água, mãos, luvas, cai- dos cuidados e controles utilizados na de Frutas (NTGPJF), (BRASIL, 2001 ). No
xas, animais e lonas plásticas (MATTOS; produção e, ainda, identificar o produto ano seguinte (2002), o Inmetro publicou a
CANTILLANO, 2009). final com um selo de qualidade que chega Portaria nº 144 (INMETRO, 2002), que
É fato que o morango, em virtude das até o consumidor. estabelecia o Regulamento de Avaliação
divulgações na mídia sobre contaminações, O sistema de produção integrada teve da Conformidade (RAC), ou seja, as con-
principalmente por resíduos de agrotóxicos, origem na década de 1970, na Europa, dições necessárias para pessoas fís ica e
tomou-se um produto estigmatizado. Por como evo lução do manejo integrado jurídica e Organismos de Certificação de
outro lado, é notória a tendência atual de os de pragas (M IP), que é a utilização de Produto (OCP) participarem do processo
consumidores darem preferência a produtos estratégias com base no monitoramento da Produção Integrada de Frutas (PIF).
que atendam a protocolos de qualidade e das pragas de uma cultura, enfatizando, Com a adesão de outras cadeias pro-
que sejam submetidos a mecanismos de prioritariamente, sua prevenção - pro- dutivas, além da fruticultura, aos ideais do
rastreabilidade e certificação (EMBRAPA moção do equi líbrio da lavoura e do seu sistema de produção integrada, a Instrução
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Normativa nº 27 foi publicada pelo MAPA, produtor considerar que não é viável buscar
em 20 I O (BRASIL, 20 I Ob ), atualizando a certificação, poderá apenas participar dos
as Diretrizes Gerais e alterando o nome Programas, como forma de obter infor-
do programa para "Produção Integrada mações técnicas para conduzir a lavoura
Agropecuária" (PI Brasil). Em 20 li , o empregando conhecimentos e tecnologias
lnmetro publicou a revisão dos Requisitos mais modernos. Nesse caso, ao implantar
de Avaliação da Conformidade, descritos BRaSIL
CeRTIFICaDO
os procedimentos normativos, certamente
na Portaria nº 443 (INMETRO, 20 li). obterá melhorias contínuas na produção.
AGRICUlJURA DE QUAUDAOE
Dentre essas alterações, as novas Dire- Porém, uma vez que o morango da
trizes estabelecem a formação de Comissões 1!!!!1 ~ Pl produção integrada não é tão conhecido
nos âmbitos estadual e nacional, além da xxxxxxxxxxxx ~
pelos consumidores quanto os morangos
divisão por cadeia produtiva e produto, para da produção orgânica, ainda é necessário
assessoramento na elaboração e implanta- um trabalho de divulgação das vantagens
Figura 1 - Selo Brasil Certificado - Agricu l-
ção dos programas e projetos da PI Brasil. do produto para obter um preço diferen-
tura de Qualidade
As Normas Técnicas Específicas (NTE) ciado por morangos da PI Brasil. Como
FONTE: INMETRO (2011 ).
também passaram a "contemplar quantas atualmente apenas um pequeno grupo de
áreas temáticas forem necessárias por pro- produtores de A ti baia possui a certificação,
duto ou grupo de produtos", e estas "em No entanto, observa-se que, para que não existe volume de morangos certifica-
quantos subitens forem necessários para o a produção integrada seja viabilizada no dos suficiente para atender às demandas
atendimento às especificidades dos produtos campo, é necessário que haja capacitação que surgem, havendo a necessidade de
ou sistemas em desenvolvimento" (BRA- contínua dos produtores e técnicos envolvi- motivar mais produtores para adotarem
SIL, 20 IOb), ao invés das 15 áreas temáticas dos. Assim, é fundamental haver interação esse sistema de produção.
estabelecidas na Instrução Normativa nº 20, entre instituições de ensino, pesquisa e Questões como essas foram considera-
de 27/9/2001 (BRASIL, 2001). extensão rural, para criação e transferência das numa oficina de alinhamento estratégi-
Já nos Requisitos de Avaliação da Con- de tecnologias. co que o MAPA promoveu, em dezembro
formidade, a revisão passou a incluir temas Uma forte organização de associações de 2011 , com a participação de 40 profis-
como: tratamento de não conformidade, ou cooperativas de produtores e de agen- sionais, de instituições públicas e privadas,
tratamento de reclamações, atividades tes públicos locais também é necessária envolvidos na Pl Brasil (BRASIL, 2011 b).
exercidas por OCP estrangeiros, bem como para promover políticas públicas, a fim Esses profissionais chegaram à conclusão
alterou os requisitos do uso da "Marca de de que haja incentivo e apoio na adoção que tornar a produção integrada reconhe-
Conformidade" para o do "Selo de Iden- das melhores técnicas agronômicas nas cida por suas vantagens, como produto
tificação da Conformidade" (fNMETRO, lavouras. O produtor precisa de apoio para diferenciado, junto aos diversos segmentos
2011 ), ilustrado na Figura I. ingressar nesses Programas, que exigem in- da sociedade (tanto nacional como interna-
Além das Diretrizes, para cada tipo de vestimento de tempo e dedicação, recursos cional) é o desafio mais importante, dentre
produto, NTE são publicadas no Diário para adequar a infraestrutura e contratar outros 15 identificados (BRASIL, 20 11 b ).
Oficial da União na forma de Instruções serviços e, finalmente, aceitar o desafio Assim sendo, no Relatório da Oficina
Normativas. As NTE-Produção Integrada para a mudança de hábito. Outro requisito (BRASIL, 20 11 b) foram elencadas ações
de Morango (PI Morango) estão publicadas importante é a presença de um responsável recomendadas para cada desafio listado,
como Instrução Normativa nº 14, de I de técnico, habilitado em PI Morango, a fim com os respectivos responsáveis. Essas
abril de 2008 (BRASIL, 2008), comple- de orientar os produtores antes, durante ações estão sendo realizadas, na medida do
mentada, posteriormente, pela Instrução e após as avaliações de conformidade ou possível, tanto pelo MAPA, quanto pelas
Normativa nº 24, de 4 de agosto de 20 I O auditorias realizadas pela certificadora. outras instituições envolvidas.
(BRASIL, 2010a). A opção pelo uso do selo é feita de Apesar dos desafios, é importante ressal-
Nas experiências com a cultura do mo- acordo com o interesse do produtor. Se este tar os inúmeros benefícios alcançados como
rango, a Pl Morango tem-se mostrado um constatar que existe demanda de mercado resultado das ações coletivas da Pl Brasil,
excelente caminho de conversão da produção para morangos certificados, pode concluir que também foram identificados e registra-
convencional para sistemas de produção mais que é economicamente interessante pleitear dos no mesmo relatório (BRASIL, 2011 b).
sustentáveis, podendo chegar a um equilíbrio a certificação e utilizar o selo Brasil Certi- De acordo com Brasil (20 11 ), dentre
tal que não haja necessidade de aplicação de ficado -Agricultura de Qualidade (Fig. I), os principais benefícios e realizações da
agrotóxicos nessa cultura. que diferencia o produto. No entanto, se o PI Brasil estão:
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a) melhoria da gestão e planejamento os requisitos que serão avaliadas tanto na Uma vez conhecendo as normas e
da propriedade, gerando aumento lavoura como no restante da propriedade adotando-as com o acompanhamento de
na sustentabilidade ambiental, me- (casa de embalagem, local de armazena- um responsável técnico habilitado, o pro-
lhoria de condições de trabalho e mento de agrotóxicos, facilidades para dutor deverá entrar em contato com uma
racionalização de custos; lavagem de mãos, banheiros, etc.), durante das certificadoras credenciadas para Pl
b) integração de equipes, produtores, as auditorias. De acordo com essas NTE, Morango no Brasil. Por ser uma relação
multiplicadores e agentes dos seto- o acompanhamento de um responsável comercial, o produtor tem liberdade para
res público e privado, para constru- técnico treinado nos requisitos específicos escolher a empresa que lhe apresentar a
ção do pensamento e dos programas; é obrigatório, devendo ser realizada, no melhor proposta.
mínimo, uma visita mensal aos locais, Vale a pena lembrar que o processo de
c) aumento da segurança jurídica no
onde o morango é produzido, embalado e
sistema produtivo; certificação tem o preço substancialmente
enviado para o mercado.
diminuído quando pequenos produtores
d) organização da base produtiva por No processo de certificação, todas as
o contratam em grupo, ao invés de fazer
meio do estímulo ao associativismo evidências objetivas do cumprimento das
e ao cooperativismo; contratos individuais. Por essa e outras
normas devem ser apresentadas na forma
razões, o fortalecimento de associações ou
e) formação de recursos humanos de registros e anotações nos cadernos; certi-
cooperativas, bem como dos vínculos entre
(produtores rurais, respon sáve is ficados de treinamentos; recibos de entrega
seus componentes é extremamente útil para
técnicos, auditores e técnicos de de embalagens de agrotóxicos vazias e lo-
alcançar a obtenção do selo.
campo), gerando equipes e valori- nas plásticas usadas; listas de presença em
zando a extensão rural ; reuniões; receituários agronômicos; notas
AVANÇOS TÉCNICOS NA
f) estabelecimento de documentos fiscais dos produtos adquiridos, principal-
PRODUÇÃO INTEGRADA DE
normativos (diretrizes, normas mente agrotóxicos; análises de solo, água
MORANGO
técnicas específicas, requisitos de e plantas; elogios ou reclamações de con-
sumidores; dentre outros (Fig. 2). Assim Os programas oficiais de Pl Morango,
avaliação da conformidade e ou-
sendo, o produtor e seu responsável técnico financiados pelo MAPA no Brasil, foram
tros), possibilitando sistematização
deverão estar o tempo todo atentos aos re- aprovados no final de 2004 e iniciados
e harmonização do conhecimento;
quisitos das normas, buscando evidenciar, em di versas regiões produtoras em 2005 .
g) conquista de mercados exigentes,
de forma objetiva, seu cumprimento. Ações em PT Morango foram desenvol-
por meio do incentivo à rastreabili-
dade, gerando segurança, qualidade,
competitividade e visibilidade dos
produtos brasileiros;
h) fomento e adoção do MIP e das
BPA, acarretando melhoria, inclu-
sive, das técnicas utilizadas pela
produção convencional;
i) criação de espaços de trabalho para
responsáveis técnicos, auditores e
outros profissionais;
j) identificação da necessidade de
pesquisa e de adaptação da pesquisa
disponível ;
k) criação de acervo bibliográfico
importante, proporcionando a apro-
ximação da pesquisa com o setor
produtivo e os consumidores.
Em termos práticos, o produtor que de-
sejar obter a certificação da PI Brasil para
morango deverá, inicialmente, conhecer Figura 2 - Aud itoria nos documentos de um dos produtores certificados - Atibaia, SP,
as NTE-Pl Morango. Essas NTE contêm agosto de 2013

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vidas nos estados do Espírito Santo, Rio


Grande do Sul, Minas Gerais, São Paulo
e Paraná.
O Programa de Pl Morango em São
Paulo teve início em 2006, antes mesmo
da publicação das NTE-Pl Morango, que
o grupo se mobilizou para elaborar (CRE-
MONESI; HAMMES ; CALEGARIO,
2009; HAMMES; CALEGARIO; CRE-
MONESI, 2009). Em 2008, por iniciativa
da Associação de Produtores de Morango
e Hortifrutigranjeiros de A ti baia, Jari nu e
Região, apoiada por recursos financeiros
do Orçamento Participativo da Prefeitura Figura 3 - Unidade Demonstrativa Central da Produção Integrada de Morango (UDC-PI
de Atibaia, uma Unidade Demonstrativa Morango)
Central (UDC) da Pl Morango foi im- NOTA: Unidade onde ocorreu a primeira validação das Normas Técnicas (BRASIL, 2008)
e, posteriormente, a primeira certificação da Pl Morango no Brasil.
plantada no Parque Duílio Maziero, em
Atibaia, SP (Fig. 3). Nesse local, ocorreu
a primeira validação das NTE- Pl Moran-
go, publicadas no mesmo ano (BRASIL,
2008). Em 2011, a primeira certificação
do Brasil foi obtida por um grupo de seis
produtores dos municípios de Atibaia e
Valinhos, SP, que passaram por auditoria
de manutenção da certificação na safra
2013 (Fig. 4).
A fim de auxiliar essa validação e bus-
car alternativas tecnológicas, pesquisas
foram desenvolvidas na UDC-Pl Morango
desde a sua implantação. O controle de
o
·;:
ácaro-rajada (Tetranichus urticae), utili- o
O)
Q)

zando estratégias com base nos princípios o


u
do MIP foi uma das áreas estudadas. Q;
>-
0
u.
O ácaro-rajada é considerado uma das ·c:
oO)
principais pragas do morangueiro no Brasil o
u.
(MORAES; FLECHTMANN, 2008), senão Figura 4 - Morango com selo Brasil Certificado - Agricultura de Qualidade
a principal (FADINI et ai., 2006). Na safra
de 2008, foram desenvolvidas pesquisas
na UDC-Pl Morango, buscando fornecer monitoradas por meio de contagem em entre junho e setembro, utilizou apenas
subsídios para o manejo de T urticae em laboratório, para as duas áreas (1WASSAKI pulverizações de acaricidas, de acordo
morangueiro, comparando as estratégias et ai., 2008). com um calendário semanal de aplicações
de controles químico e biológico dentre Na área de produção integrada, com (IWASSAKI et ai., 2008).
os sistemas de produção convencional e base nos resultados do monitoramento, eram Na área da Pl Morango, o monitora-
integrada de morango, a fim de gerar uma realizadas liberações de ácaros predadores mento também permitiu observar como
orientação prática. Um dos objetivos iniciais da espécie Neoseiulus californicus. Quando outros fatores, tais como sanidade das
era incentivar a utilização dos agentes de essa prática não se mostrou suficiente para mudas, barreira quebra-vento e condições
controle biológico e, assim, reduzir o uso o controle do ácaro-rajada, foram feitas climáticas, influenciavam na flutuação das
de acaricidas (IWASSAKI, 2010). então pulverizações de acaricida seletivo, populações dos ácaros-praga e predadores
Semanalmente, durante toda a safra com base no trabalho de Sato et ai. (2002). e, consequentemente, nas tomadas de
de 2008, as populações de ácaros fitófa- Na área de produção convencional, o decisão sobre as estratégias de controle
gos (ácaro-rajado) e predadores foram controle foi realizado pelo produtor, que, integrado (IWASSAKI, 20 I 0).

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De modo geral, as estratégias de con- por 500 ácaros predadores (NeoMIP - Essa diferença pode ser explicada pela
trole integrado de ácaro-rajado foram efi- Neoseiulus californicus). falta de critérios de seleção e classificação
cientes para manter os níveis de infestação No caso de controle químico, os va- na produção convencional: os frutos são
menores na área de produção integrada, lores dos produtos (Omite 720EC, Ortus embalados desde que sej am grandes e/
resultando na redução da frequência de 50SC, Protmax e Vertimec 18EC) tiveram ou vermelhos, e vários com defeitos (em
aplicação de acaricidas em seis vezes. No como base pesquisas em lojas de produtos qualquer grau) são colocados para pre-
período de uma safra, enquanto a popu- agropecuários nos municípios de Ati baia. encher as cumbucas. Já na Pl Morango,
lação máxima de T urticae foi de 59,9 O produto Protmax é definido com uma a seleção criteriosa prioriza a disposição
ácaros por folíolo, na produção conven- mistura de óleos vegetais, e é utilizado, uniforme dos frutos, para ser mais atrativa
cional esse número foi de 140,9 ácaros por segundo o produtor, em conjunto com o ao consumidor.
folíolo, ambos para a cultivar Oso Grande acaricida Yertimec. O preço médio para os frutos tipo in-
(IWASSAKl, 2010). O custo da mão de obra para o monito- dústria da Pl Morango foi maior que o da
Além da flutuação populacional, ramento de T urticae, liberação de ácaros produção convencional, ao contrário do
realizou-se, também, o monitoramento da predadores e aplicação de acaricidas foi que se observa para os frutos tipo mesa
resistência do ácaro-praga aos acaricidas calculado com base nos valores obtidos (Quadro 2). A falta de divulgação fez com
utilizados. Os resultados indicaram au- do Instituto de Economia Agrícola (2009), que, muitas vezes, os frutos da PI Moran-
mento de, pelo menos, 40% da resistência estando de acordo com a quantidade má- go fossem vendidos como convencionais.
do ácaro T urticae aos produtos abamec- xima permitida de horas trabalhadas da Assim, como os recipientes continham
tin e fenpyroximate em um período de, Constituição de 1988 (BRASIL, 1988). um peso maior (média de 2 kg por caixa
aproximadamente, quatro meses entre as O tempo gasto para liberação de ácaros de morangos da Pl Morango e 1,2 kg por
avaliações. Já na área de produção inte- predadores e a pulverização foi estimado caixa de morangos da produção conven-
grada, ao contrário, observou-se aumento com base nos horários registrados durante cional), o preço por quilo acabou reduzido
significativo da sensibilidade de T urticae o acompanhamento das atividades na área (IWASSAKI, 2010).
a abamectin. A porcentagem de indivíduos da PI Morango (30 minutos para cada libe- Uma alternativa para incrementar a
resistentes diminuiu, aproximadamente, 6% ração e 50 minutos para preparo de calda, comercialização dos frutos da Pl Moran-
para um período de igual duração. Para pulverização e organização dos equipa- go foi o evento chamado colha-e-pague,
fenpyroximate e propargite, não se obser- mentos - tempo médio observado durante realizado em três datas (6 e 13 de julho e
vou alteração significativa na frequência o acompanhamento das atividades). Para 20 de setembro de 2008), que resultou em
de indivíduos resistentes a esses acaricidas o monitoramento, a estimativa utiliza- um total de 196,6 kg de frutos colhidos
(IWASSAK.l, 2010). da foi de duas horas a cada 0,2 hectare (Quadro 1), vendidos ao preço de R$ 10,00
Ao final da safra, foram calculados a (IWASSAK.l et ai., 2009a). Foram feitos 33 o quilo (Quadro 2). Foi também uma
produtividade e os custos das estratégias monitoramentos ao longo da safra. forma eficaz de entretenimento de visi-
de controle integrado. Foi designado apenas um funcionário tantes e turistas, bem como uma excelente
Informações sobre a produtividade das para o preparo e aplicações de agrotóxicos ferramenta de divulgação da PI Morango
áreas e quantidade de frutos colhidos tam- nas duas áreas. Não foram computados (CALEGARlO; SALUSTIO, 2009).
bém foram comparados, tanto para mesa, dados de depreciação de equipamentos. As estratégias implantadas para controle
quanto para indústria. Os valores de preços Apesar de a população de plantas na de ácaro-rajado durante a safra de 2008 per-
médios obtidos na venda dos frutos foram área de produção convencional ser 2,67 mitiram reduzir de 12 para duas aplicações de
calculados com base nos registros e recibos vezes maior, sua produção total de frutos agrotóxicos durante uma safra, o que, por sua
mantidos pelos responsáveis pela venda. foi, em quilos, apenas I ,81 vezes maior que vez, reduziu os custos com controle químico
As análises referentes às estratégias na área da PJ Morango, o que refletiu na a quase um décimo do valor gasto na produ-
de controle integrado tiveram como base produtividade por planta ( 1,4 7 vez maior ção convencional. Foram gastos R$ 50 I ,00
custos de liberação de ácaros predadores na área de Produção Integrada) (Quadro I). com acaricidas e R$ 64,45 com mão de
e de aplicações de acaricidas. A quantidade de frutos para consumo obra na área de produção convencional,
O custo dos ácaros predadores foi estabe- in natura (tipo mesa e colha-e-pague) totalizando R$ 565,45 (Quadro 3). N a
lecido com base no preço de venda utilizado representou 68,5% do total produzido na área de PI Morango, o valor total foi de
em 2008, pela empresa PROMIP Manejo PI Morango, enquanto que, na produção R$ 5 1,85 ( I L do acaricida Omite 720EC
Integrado de Pragas6 , que foi de R$ 17,50 convencional, essa fração foi de 74,6%. mais mão de obra), representando um

6
Mais informações acessar: www.promip.org.br

Informe Ag rope cu ário , Bel o Hor izonte , v.35, n.279 , p.11 -21 , mar. / ab r. 2014
Morango: tecnologias de produção ambientalmente corretas 17

QUADRO 1 - Produção de morango nos sistemas convencional e integrado menor risco ao ambiente e ao produto
Produção convencional PI Morango final.
Item Cultivares Oso Grande e Cultivares Oso Grande, Com base nos dados do experimento
Aleluia Camino Real e Camarosa da safra 2008 e observações feitas pelos
Plantas (n") 25.000 9.358 produtores e parceiros do Projeto de Pro-
Área (ha) 0,39 0,16 dução Integrada de Morango de São Paulo
Total de frutos (kg) 12.749,8 7.052,9 (PI Morango-SP), foi desenvolvida uma
Total de frutos tipo mesa (kg) 9.514,8 4.636,0 adaptação da metodologia de monitora-
Total de frutos tipo indústria (kg) 3.235,0 2.220,3 mento realizado em laboratório, testada
Total de frutos colha-e-pague (kg) - 196,6 na UDC-PI Morango durante a safra de
Produtividade (kg/planta) 0,51 0,75 2009. Essa adaptação consiste na contagem
FONTE: Iwassakl (2010). do número de ácaros ainda no campo, no
NOTA: PI Morango - Produção Integrada de Morango. momento da coleta do folíolo, com lupa de
aumento de dez vezes. De acordo com a
quantidade de ácaros T urticae observada
QUADRO 2- Preços médios obtidos na venda dos frutos dos sistemas convencional e inte- no folíolo (Quadro 4), estacas de bambu
grado, entre os meses de maio e novembro de 2008 coloridas de branco, amarelo ou vermelho
Valor unitário Produção convencional PI Morango são espetadas junto à planta amostrada
(preço médio) (preço médio) (IWASSAKI et al., 2009).
R$/kg (fruta tipo mesa) 3,95 3,63 A quantidade de estacas de cada cor ao
(variação entre 2,50- 5,40) (variação entre 1,25 - 6,00) final do monitoramento, em relação ao total
R$/kg (fruta tipo indústria) 0,58 1,25 de pontos amostrados, indica as medidas a
(variação entre 0,50- 0,65) (variação entre 0,50- 2,00)
serem tomadas (Quadro 4). Sugere-se que
R$/kg (colha-e-pague) (!110,00
o monitoramento seja feito pelo menos
FONTE: Iwassaki (2010).
uma vez por semana.
NOTA: PI Morango - Produção Integrada do Morango.
(1)Preço exato. Na safra de 2009, foi possível re-
alizar somente c inco monitoramentos
(IWASSAKI et al., 2009b), pois a severa
gasto I 0,9 vezes maior na primeira área pelo aumento crescente do número de incidência de um problema conhecido
(IWASSAKI, 2010). consumidores dispostos a adquirir produtos como vermelhão (KMIT, 20 14; KMIT;
Porém, quando somados ao custo do isentos de resíduos químicos. MORANDI; CALEGARIO, 20 11 ) forçou
controle biológico, o valor gasto foi maior Por fim, vale lembrar que os custos a retirada da cultura antecipadamente. Em
na área da PI Morango: além dos R$ 51 ,85 relativos ao controle na safra de 2008 nenhuma das ocasiões monitoradas foram
das pulverizações, somam-se R$ 547,39 de não são necessariamente válidos para os necessárias medidas de controle.
gastos nas estratégias de controle biológi- anos seguintes. Mudas isentas de pragas, Quanto à aplicação prática da meto-
co (ácaros predadores e mão de obra dos manutenção de plantas que são fontes dologia proposta, os técnicos treinados
monitoramentos e liberações), totalizando alternativas de alimento e refúgio para declararam que esta é simples e viável,
R$ 599,24 (custo total 10% maior na área PI inimigos naturais, por exemplo, podem e que sua implementação torna-se mais
Morango) (Quadro 3) (IWASSAKI, 2010). retardar a entrada ou dispersão do ácaro- rápida, à medida que o próprio monitor de
Esse maior custo, no entanto, resultou praga, reduzindo os custos de produção pragas adquire mais prática (IWASSAKI
em duas grandes melhorias: a exposição (IWASSAKI, 2010). et al., 2009b).
seis vezes menor dos trabalhadores aos De qualquer forma, as decisões quanto Visando faci litar o treinamento de pro-
agrotóxicos e a produção de alimentos às estratégias de controle nas áreas de pro- dutores e técnicos, a equipe da Embrapa
livres de perigos químicos (IWASSAKI, dução integrada são dinâmicas, e concluiu- Meio Ambiente criou o Jogo do Alerta, uma
2010). se que o constante monitoramento foi uma ferramenta lúdica para auxiliar as capaci-
Madail et ai. (2007) citam que, apesar importante ferramenta. tações. Trata-se de um jogo de tabuleiro
dos índices de rentabilidade muito próxi- A partir daí , desenvolve u-se um a (representando uma lavoura de morango),
mos, de toda a estrutura produtiva existente metodologia prática e de baixo custo para que tem como principal objetivo treinar o
e mercados já conquistados pela produção monitoramento de T urticae, a fim de produtor rural para proceder ao correto mo-
convencional, a produção integrada tem facilitar a compreensão dos produtores nitoramento de ácaro-rajado, de forma di-
boas perspectivas de difusão justamente e incentivá-los a práticas de controle de vertida e sem necessidade de ir ao campo.
Informe Agropecuá ri o, Belo Ho rizonte , v.35 , n.279, p.11-21, mar. /abr. 20 14
18 Morango: tecnologias de produção amb ientalmente corretas

QUADRO 3- Planilha de custos das estratégias de controle de ácaro-rajado (químico e biológico) , em morangueiro, para a safra 2008
Produção convencional PI Morango
Item
Vertimec 18EC Ortus 50SC Protmax Omite 720EC NeoMIP
Controle químico
Total de aplicações 10 2 5 (com Vertimec) 2 -
Total de acaricidas adquirido (L) 2,0 1,0 4,0 1,0 -

Preço por litro (R$/L) 87 ,00 67,00 65,00 48 ,00 -

Custo final de acaricidas (R$) 174,00 67,00 260,00 48,00 -


Tempo de preparo + pulverização (h) 20,5 4,1 (1) _ (ZI1,47 -
131Custo de mão de obra (R$/h) 2,62 2,62 2,62 2,62 -
Custo final de mão de obra (R$) 53,71 10,74 (1)_
3,85 -
Custo do controle químico (R$) 565,45 51,85
Controle biológico
Monitoramento - - - - 33
Tempo gasto por monitoramento (h) - - - - 1,6
1 1Custo
3
de mão de obra (R$/h) - - - - 2,62
Custo de monitoramento (R$) - - - - 138,34
Frascos adquiridos - - - - 23
Custo de Neoseíulus californícus (R$/frasco) - - - - 17,50
Custo de N. californicus (R$) - - - - 402,50

Liberações de ácaros predadores - - - - 5


Tempo gasto por liberação (h) - - - - 0,5
131Custo de mão de obra (R$/h) - - - - 2,62
Custo final de mão de obra de liberações (R$) - - - - 6,55

Custo de liberações (R$) - - - - 409,05


Custo do controle biológico (R$) - - - 547,39
Custo final (R$) (químico + biológico) 565,45 599,24
NOTA: PI Morango - Produçao - Integrada de Morango.
(1) Tempo de preparo e pulverização (em horas) e custo final de mão de obra (em reais) para a aplicação do produto Protmax inclusos nos
valores para Vertimec 18EC, por ter sido utilizado em mistura com o acaricida. (2) Soma do tempo gasto para preparo e pulverização de
calda para área parcial (soma das áreas de Oso Grande e Camino Real PI Morango= 0,12 ha, em 30 de julho de 2008) e área total (0 ,16 ha,
em 18 de agosto de 2008). (3) Calculado com base nos valores para mensalistas, obtidos do Instituto de Economia Agrícola (2009) , dividido
pela quantidade máxima permitida de horas trabalhadas (BRASIL, 1988).

QUADRO 4 -Infestações de ácaro-rajada, cor sinalizadora e medidas de controle a ser toma- O jogo simu la todas as situações que o
das a cada faixa de infestação produtor pode enfrentar na lavoura, pre-
Ácaros por miando as tomadas de decisão corretas,
Folíolos infestados
folíolo Cor Medida a ser tomada que resultam em ganhos financeiros ,
(o/o)
(nº) representados por cartões com a figura
1a5 Branco Superior a 30% Liberação de ácaros predadores de um saco de dinheiro. Assim fica fácil
perceber, visualmente, a importância da
6a9 Amarelo Independe da porcentagem Manter sob observação, mas informação técnica para o aumento de
observada sempre comunicar ao responsá- receita do produtor capacitado (Fig. 5).
vel técnico Além do MIP, na área de pós-co lheita,
Lima, Calegario e Sanches (20 12) compa-
10 ou mais Vermelho Superior a 30% Comunicar ao responsável téc-
nico, para decidir qual acaricida raram o padrão de qualidade pós-colheita
seletivo deve ser utilizado (aparência, características físicas e quí-
micas, incidência de podridões e resíduo
Informe Agropecuário , Belo Horizonte , v.35 , n.279 , p.11·21 , mar ./ abr . 2014
Morang o: tec nologias de produ çã o ambientalmente co rreta s 19

CONSIDERAÇÕES FINAIS
E mbora a inda ex istam aspectos q ue
prec isa m ser tra ba lh ad os, os di versos
pontos e resultados positi vos observados
desde o iníc io do Programa Pl Morango
são incenti vos para o desenvo lvimento de
trabalhos técnicos e a busca pela coope-
ração dos setores, em vários âmbitos. É
satisfató ri o observar a di sseminação do
Programa pe lo Pa ís e o interesse pe los
produtores.

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Ato.do?me thod = detalharAtosArvore&tipo
estatisticamente, a aparênc ia dos frutos da características diferenc iais em comparação = INM&nu me roAto = 00000020&seqAto =O
produção integrada, considerada sati stàtó- com a produção convenc iona l. OO&valorAno = 2001 &orgao = MAA&codTi

Informe Agropecuário , Be lo Horizonte , v. 35 , n.279 , p.11-21 , mar ./ abr . 2014


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