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Epagri pesquisa fruta exótica

O
achachairu, também conhe- (Garcinia gardneriana), comum em estão a boa produtividade, a facilidade
cido como bacupari boli- pomares das regiões Sul e Sudeste de manejo, a longa durabilidade do
viano, é objeto de estudo de brasileiras. A espécie nativa tem como fruto após a colheita e a tolerância ao
pesquisadores da Epagri/Estação habitat a Mata Atlântica e ocorre do manuseio e ao transporte. “Em ensaios
Experimental de Itajaí. Os testes com Ceará ao Rio Grande do Sul. Os frutos preliminares, verificamos que o
a fruta exótica são realizados no litoral são lisos, com polpa de sabor bacupari boliviano pode permanecer
de Santa Catarina e em regiões de acidulado e amadurecem de outubro na planta por até dois meses e, na
média altitude com o objetivo de a janeiro. prateleira, por até 30 dias”, detalha.
avaliar o potencial da espécie para Já a espécie boliviana tem frutos Originário da floresta tropical de
cultivo comercial no Estado. A meta com peso médio de três a quatro vezes média altitude da Bolívia, o
é incluir a espécie na recomendação maior (34 a 44g, contra 9 a 10g do achachairu foi introduzido
de cultivares da Epagri já no próximo nativo) e teor de polpa elevado. “Além recentemente em São Paulo e no
ano. disso, ela é menos atacada pela mosca- Nordeste brasileiro. Ainda há poucos
Na Epagri, o achachairu foi -das-frutas, a principal praga do estudos consistentes sobre a planta,
introduzido em 2005 pelo litoral, provavelmente pela maior que pode atingir de 5 a 6m de altura e
pesquisador Takazi Ishi, que trouxe espessura da casca, e o sabor é excelen- é multiplicada por sementes, com
frutos dessa espécie da Bolívia. Dois te”, acrescenta o engenheiro-agrô- início de produção no quarto ou
anos depois, a espécie também foi nomo e pesquisador Eliséo Soprano. quinto ano após o plantio. O período
identificada na propriedade do de produção vai de janeiro a abril. O
produtor Walnir Machiavelli, de Potencial de mercado fruto, com polpa branca e suculenta e
Camboriú, onde havia sido plantada sabor doce-acidulado, é consumido in
pelo morador anterior. A partir daí, Soprano acredita que a frutífera natura e também pode ser usado como
as 15 plantas da propriedade tem grande potencial para o cultivo no ingrediente de doces, sorvetes, picolés
passaram a ser estudadas. A pesquisa litoral catarinense e deve ser bem e licores. Além disso, é rico em
inclui avaliação da produtividade e aceita pelos consumidores dentro e potássio e contém quantidades
da qualidade dos frutos e testes de fora do Estado. Entre as vantagens razoáveis de vitaminas B e C.
multiplicação vegetativa e por
sementes.
No ano agrícola 2009/10, foram
colhidos de 2 mil a 3 mil frutos por
planta, o equivalente a uma
produtividade de 12.580 a 18.870kg/
ha. Com sementes dos frutos de
Camboriú, foram obtidas mais de mil
plantas para a realização de testes
sobre o comportamento da espécie em
seis unidades demonstrativas
distribuídas pelo litoral catarinense.
A partir das observações nessas áreas,
Foto de Nilson O. Teixeira

serão feitas recomendações de locais


onde a frutífera poderá ser produzida
no Estado.
Pesquisas preliminares indicam
que o bacupari boliviano (Garcinia
humilis Vahl) tem larga vantagem em
relação ao bacupari nativo ou mirim O bacupari boliviano tem grande potencial para cultivo no litoral catarinense

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Tomate sem resíduo de agrotóxico é produzido pela
primeira vez no Brasil
A
Embrapa Solos conseguiu, quando são necessários – e a proteção lavouras. O sistema de plantio direto
pela primeira vez, produzir física do ensacamento permitem na palha, por sua vez, reduz a erosão
tomate não orgânico sem reduzir o uso de agrotóxicos, evitam decorrente do preparo inadequado do
resíduo de agrotóxico. O feito foi o ataque de brocas e o depósito da solo.
possível com a aplicação de um novo calda na casca do tomate. Já a técnica De acordo com o pesquisador, a
sistema de produção chamado Tomate de fertirrigação possibilita mais técnica pode ser desenvolvida em
Ecologicamente Cultivado (Tomatec). eficiência no uso da água e de adubos qualquer região do País. “Em locais
As análises, feitas pela Fundação mais solúveis, reduzindo os fortes com muita precipitação é mais difícil
Oswaldo Cruz (Fiocruz), provaram a níveis de adubação registrados nas por causa do ensacamento. Mas já
pureza da hortaliça. temos demanda para levar o Tomatec
“O conceito do Tomatec é amplo. a todas as regiões”, conta Macedo.
Esse sistema envolve o trabalho de
Além de divulgar o sistema pelo País,
conservação de solo e água com a
o próximo passo é implantar a
introdução do plantio direto do
certificação e a rastreabilidade do
tomate na palha. Além disso, foram
introduzidas técnicas de fertirrigação, produto. Essas medidas garantirão ao
manejo integrado de pragas (MIP) e consumidor a compra de tomate sem
ensacamento da penca de tomate”, resíduo de agrotóxico, enquanto o
Foto da Embrapa produtor receberá mais pela venda da
resume o pesquisador da Embrapa
Solos e líder do projeto, José Ronaldo hortaliça.
Macedo. Mais informações com o
O MIP – que prevê o moni- pesquisador José Ronaldo Macedo
toramento da lavoura para aplicar Análises da Fiocruz atestaram a pureza pelo e-mail jrmacedo@cnps.embrapa.
agrotóxicos na medida certa e apenas da hortaliça br ou pelo fone (21) 2179-4549.

Retorno social da Epagri é de R$ 531 milhões

A
contribuição da Epagri no A publicação também destaca Luiz Toresan, pesquisador da Epagri/
retorno social que as ações voltadas à geração de renda, à Centro de Socioeconomia e
tecnologias e ações da melhoria ambiental e das condições de Planejamento Agrícola (Cepa), que
Empresa geraram para Santa Catarina vida, à inclusão social, às questões de coordenou a elaboração do
em 2009 foi de R$ 531 milhões. Além gênero e geração e à segurança documento, esse instrumento é
disso, a cada real investido na alimentar. Em 2009, mais de 95 mil estratégico para avaliar as atividades
Empresa, R$ 2,52 retornam em famílias de pequenos agricultores e mostrar o nível de sustentabilidade
benefícios para a sociedade familiares e pescadores artesanais das organizações.
catarinense. Os dados foram revelados receberam atendimen-
no Balanço Social de 2009. “O trabalho to da Epagri. As ações
da Empresa gera um grande impacto de inclusão social da
positivo para a sociedade, e o Estado Empresa envolveram
precisa tomar conhecimento desses 57 mil pessoas.
números”, afirma o presidente da O Balanço Social é
Epagri, Luiz Ademir Hessmann. um demonstrativo
O documento presta contas dos publicado anualmente
recursos que os catarinenses investem pelas empresas que
Foto de Aires C. Mariga

em pesquisa e extensão rural. Para presta conta dos re-


isso, foram avaliadas 28 tecnologias sultados e impactos
geradas e difundidas pela Epagri entre econômicos, sociais e
cultivares, sistemas de produção, ambientais resultantes
atividades e processos em uso pelos de ações e projetos
sistemas agropecuário e pesqueiro de desenvolvidos. Para o A cada real investido na Empresa, R$ 2,52 retornam em
Santa Catarina. engenheiro-agrônomo benefícios para a sociedade

6 Agropecuária Catarinense, v.24, n.1, mar. 2011


Pesquisas aliam preservação e rentabilidade em caívas

P
resentes na maior parte das oferta de forragem e o período de
propriedades rurais do Planalto utilização da área, com aumento Mais pasto no
Norte catarinense, as caívas são médio de 2 mil litros de leite/ha/ano. inverno
áreas formadas por vegetação Para melhorar a produção de pasto
remanescente de Floresta Ombrófila consorciada com a erva-mate, os Para garantir forragem em
Mista. Parte delas está fora da reserva pesquisadores também estão boa quantidade nas caívas
legal e da área de preservação estudando a adubação com cinza durante o inverno, os pesqui-
permanente e é usada para fins calcítica (produto da indústria de sadores recomendam que se faça
econômicos, como a criação de celulose) associada ao fosfato natural.
a sobressemeadura no mês de
animais e a extração de erva-mate. “O O projeto, que já apresenta bons
abril. “Essa técnica prevê a
manejo mais adotado nas resultados, é financiado pela
semeadura de pastagens anuais
propriedades é o pastejo intensivo sem Fundação de Apoio à Pesquisa
Científica e Tecnológica do Estado de de inverno, como azevém,
reposição de nutrientes. Como
Santa Catarina (Fapesc) e deve ser ervilhaca e trevo-branco,
consequência, a produção de pasto é
muito baixa e cessa nos meses de concluído até o fim do ano. diretamente sobre as pastagens
outono e inverno, tornando esse perenes de verão ou sobre os
sistema pouco interessante sob a ótica Riqueza natural potreiros, sem o uso de máquinas
econômica”, explica a engenheira- ou arados”, explica Ana Lúcia,
-agrônoma Ana Lúcia Hanisch, da As caívas têm diferentes que também faz algumas
Epagri/Estação Experimental de densidades florestais e estrato recomendações:
Canoinhas. herbáceo composto por pastagens - A pastagem deve estar bem
Com o objetivo de utilizar esse nativas ou naturalizadas, extensi- rebaixada, com 5 a 10cm de
bioma de forma racional e sustentável, vamente pastejadas. Elas abrigam altura.
garantindo a preservação das áreas, a espécies como araucária, erva-mate, - Antes de semear, aplique na
Epagri pesquisa alternativas para imbuia, canela, guamirim, congonha, área uma quantidade moderada
aumentar a produtividade das branquilho e várias frutíferas. De de adubo. Os estudos da Epagri
pastagens em caívas. Os trabalhos acordo com o Instituto Brasileiro de têm sido realizados com cama de
envolvem melhoria da qualidade do Geografia e Estatística (IBGE), estima- aviário (2t/ha), calcário (2t/ha) e
solo, sobressemeadura e pastoreio -se que a área total ocupada por caívas fosfato natural (400 a 800kg/ha).
rotativo. De acordo com Ana Lúcia, no Planalto Norte catarinense seja de,
A adubação pode ser substituída
essas técnicas possibilitam elevar a aproximadamente, 70 mil hectares.
por adubos formulados ou outras
fontes de matéria orgânica, como
esterco líquido de suíno (5 a
10m3/ha) ou, ainda, deixando o
rebanho dormir por vários dias
na área. Outra opção é a cinza
calcítica.
- O solo deve estar úmido.
Uma boa técnica é sobressemear
logo após a chuva.
- Use as quantidades certas de
sementes: 20 a 30kg/ha de
azevém, 30kg/ha de ervilhaca e
1 a 2kg/ha de trevo-branco
inoculado.
- Após a semeadura, deixe os
animais entrar na área para que
enterrem as sementes com o
pisoteio.
- Feche a área por no mínimo
70 dias para que as sementes
germinem e se desenvolvam. O
ideal é dividi-la em piquetes para
A área total ocupada por caívas no Planalto Norte catarinense é estimada em 70 mil prolongar a qualidade do pasto.
hectares

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Tecnologia identifica doenças em tempo real
U
m diagnóstico rápido e preciso evitando prejuízos causados pelo uso nibilizada a pesquisadores, cientistas
de doenças que atacam as tardio ou inadequado de fungicida ou e professores, enquanto o Digilab 200
lavouras é fundamental para inseticida, número de aplicações é voltado para consultores e técnicos
assegurar o sucesso da colheita. Com insuficiente ou excessivo, assim como com o objetivo de melhorar a assistên-
essa preocupação, a Basf criou o outras despesas desnecessárias que cia ao produtor rural. Mais infor-
Digilab 200, um serviço gratuito que possam reduzir a rentabilidade. mações no site www.agro.basf.com.br.
auxilia na identificação dos sintomas O banco de dados foi desenvolvido
de doenças que atacam os principais com base em literatura especializada
cultivos do Brasil e ajuda o produtor e com apoio de pesquisadores
a escolher o procedimento correto de universitários. Na atual versão, estão
prevenção e controle. Com um disponíveis informações sobre
microscópio digital capaz de doenças que afetam lavouras de 15
aumentar a imagem até 200 vezes, o culturas. A tecnologia é utilizada em
equipamento traz um software com 13 Estados e mais de 150 cidades do
banco de dados e imagens das País.
principais doenças.
Ao suspeitar que a lavoura esteja Nova versão
sofrendo ataque de uma doença, o
produtor recolhe amostras das plantas No início deste ano, a Basf lançou
e as encaminha ao Gestor de o Digilab 500, que alia um microscópio
Produtividade (profissional capa- digital capaz de aumentar as imagens
citado para operar o equipamento) em até 500 vezes a um software que
mais próximo e, em poucos segundos, armazena um banco de dados com
obtém o diagnóstico da lavoura. Isso mais de 4.500 informações sobre
permite ao produtor realizar o imagens de pragas, doenças e ervas Microscópio digital amplia a imagem em
tratamento no momento certo, daninhas. A ferramenta é dispo- até 200 vezes

Homeopatia previne doenças na ovinocultura


A
pesar de o uso da homeopatia Orgânica Homeopatia Veterinária, O criador confirma um aumento de
animal estar mais concentrado Adenei Mattana, a técnica pode ser custos da ordem de 10% para quem
em bovinos de leite, criadores usada em todo o ciclo produtivo, ingressa na homeopatia, mas diz que
de ovinos vêm obtendo bons atuando de forma preventiva ou as despesas se diluem com o passar
resultados na sanidade dos rebanhos melhoradora de desempenho em casos do tempo com a eliminação de
com essa prática milenar. A maior como aumento da fertilidade, tratamentos alopáticos porque o
procura é para uso na prevenção e no prevenção de mastites, maior animal vai criando resistência natural
controle de verminose, a principal eficiência na assimilação de nutrientes e se torna imune a doenças. “Os
praga da ovinocultura. e redução de estresse. “Em algumas resultados surgem em média 2 anos
Segundo o diretor técnico e enfermidades específicas os produtos
após a introdução da homeopatia”,
farmacêutico homeopático da são utilizados de forma curativa,
conta.
apenas ajustando-se a dose”, explica.
No longo prazo, além da redução
O Conselho de Criadores de
de custos com manejo e alopáticos, a
Cordeiro do Alto Uruguai
Catarinense, com mais de 70 homeopatia contribui para elevar o
produtores, adotou o tratamento há 3 valor de mercado da carne e evita o
Foto de Aires C. Mariga

anos no rebanho de cerca de 4 mil descarte de leite. A redução do uso de


matrizes. Os produtores conseguiram produtos químicos também faz com
resolver praticamente 100% da que predadores naturais de muitos
infestação por verminose. “Os animais parasitas retornem ao ambiente e
estão sempre prontos para o abate, contribuam com o controle de
Prática melhora a imunidade dos animais com boa condição corporal e alta infestações.
e ajuda na prevenção e no controle da imunidade a doenças”, afirma Flávio
verminose Fontana, integrante do Conselho. Fonte: Arco Jornal.

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Embalagens de leite viram artesanato no Oeste

E
m São Lourenço do Oeste, caixas três litros de leite cada uma, sionista Cleonice em parceria com
vazias de leite não são lixo. beneficiando cerca de 400 crianças. Até professores e instrutores das
Transformadas em peças como hoje, cerca de 70 mil litros de leite já entidades, os participantes aprendem
vasos, cachepôs, embalagens de foram distribuídos e nenhuma a transformar as caixas em
presente, lixeiras, brinquedos e embalagem foi para o lixo. embalagens de presentes, vasos,
pulseiras, elas ganham uma nova Para receber o leite, as famílias pulseiras e brinquedos. A cada oficina
utilidade e ainda ajudam a construir devolvem as embalagens limpas da surgem ideias e novas peças são
um município mais limpo, com entrega anterior. As caixas são criadas. “Cada embalagem trabalhada
cidadania e qualidade de vida. “Hoje repassadas para projetos que dão é menos lixo contaminando o
temos um novo olhar para a destino adequado ao material. No ambiente, é mais criatividade sendo
embalagem de leite vazia. Sabemos Projeto de Artesanato, elas viram trabalhada, é terapia. Quem começa
que ela pode ser reciclada, matéria-prima nas mãos de mulheres não para até ver o resultado do
transformada e reutilizada”, afirma e estudantes do município, que, com trabalho”, conta a extensionista.
Cleonice Trevisan Sutilli, extensionista criatividade, produzem uma série de A maioria das famílias faz o
da Epagri/Escritório Municipal de São peças. O trabalho beneficia as famílias artesanato para decorar a própria casa
Lourenço do Oeste. atendidas pelo programa e outras ou para dar de presente, mas algumas
A iniciativa está vinculada ao famílias do município em escolas, artesãs e entidades já comercializam
Programa Leite das Crianças – Leite clubes de mães, grupos de terapia e as peças a preços que variam de R$
Tipo Cidadania, criado pela Prefeitura outras entidades. Cerca de 500 pessoas 2,00 a R$ 20,00. “Nosso objetivo é
em 2007 para reforçar a alimentação de São Lourenço do Oeste já ensinar que podemos transformar as
das crianças nos fins de semana. aprenderam a técnica. embalagens em lindos trabalhos que,
Conduzido pela Secretaria Municipal futuramente, podem se tornar uma
de Desenvolvimento Social em Criatividade fonte de renda”, destaca Cleonice. Para
parceria com as secretarias de multiplicar a ideia fora de São
Educação, de Saúde, de Desen- O projeto é disseminado em Lourenço do Oeste, a Epagri promove
volvimento do Interior e Agricultura oficinas organizadas por grupos oficinas em municípios vizinhos e
e a Epagri, o programa atende 200 interessados em conhecer a atividade. para extensionistas da região.
famílias que recebem, semanalmente, Nas aulas, oferecidas pela exten- Outro projeto de reaproveitamento
das caixas vazias de leite
é o Reciclar Para Viver,
coordenado pelo exten-
sionista da Epagri Vol-
mir Pinto de Oliveira.
Nessa iniciativa, as
embalagens são usadas
no plantio de mudas de
árvores nativas e
ornamentais no Viveiro
Municipal de São
Lourenço do Oeste. “O
mais importante é o
resultado que esse
trabalho traz: ocupação,
criatividade, autoes-
tima, conhecimento,
troca de ideias e, acima
de tudo, a convicção que
podemos fazer algo para
melhorar o meio
ambiente e, com esse
trabalho, lançar um
olhar diferente sobre o
que consideramos lixo”,
Material é transformado em peças que podem se tornar fonte de renda para as famílias destaca Cleonice.

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Trigo: cultivares da Embrapa são opção para a
próxima safra
P
ara os produtores que se plantada no Paraná, o maior Estado Pereira, destaca a amplitude de
preparam para semear a produtor do País. “Com elevado adaptação, a qualidade de panificação
próxima safra de trigo, a potencial produtivo, resistência ao e os altos potenciais de produtividade
Empresa Brasileira de Pesquisa acamamento e boa sanidade, ela com boa resistência a doenças.
Agropecuária (Embrapa) dispo- também pode ser produzida em Santa Outra cultivar recomendada para
nibiliza sementes com características Catarina e em São Paulo”, conta Luis cultivo no Paraná e em Santa Catarina
agronômicas ideais para produção em César Tavares, pesquisador da é a BRS 208. O grande destaque é a
diversas regiões do País. Uma delas é Embrapa Soja, em Londrina, PR. O resistência a doenças foliares, como
a cultivar da classe pão BRS 220, que rendimento médio em ensaios no oídio, ferrugem da folha, manchas
no ano agrícola 2009/10 foi a mais Paraná está em torno de 4.300 a foliares e vírus do nanismo amarelo
4.500kg/ha. Em Santa da cevada (VNAC), permitindo que se
Catarina, a produtividade obtenham rendimentos satisfatórios
média varia entre 4.200 e com baixo uso de fungicidas químicos.
4.300kg/ha. No Rio Grande do Sul, segundo
As cultivares BRS Pardela Estado que mais planta trigo, a BRS
e BRS Tangará, das classes Guamirim foi a cultivar da Embrapa
melhorador e pão, foram mais requisitada na última safra. “A
lançadas recentemente e já cultivar superprecoce da classe pão
ocupam espaço significativo apresenta resistência ao acamamento
no mercado em função de e ótima sanidade foliar, além de ser
suas características agro-
Foto da Embrapa

altamente produtiva e ter ampla


nômicas. Entre elas, o gerente adaptação às regiões tritícolas do sul
de cereais de inverno da e centro-sul do País”, aponta Pereira.
Embrapa Transferência de Mais informações podem ser
BRS 220 tem rendimento médio de 4.200 a Tecnologia em Passo Fundo obtidas pelo fone (43) 3371-6000 e pelo
4.300kg/ha em Santa Catarina (RS), Francisco Tenório e-mail tavares@cnpso.embrapa.br.

Abelhas fazem cálculos complexos para


determinar rota de voo
A
s abelhas podem solucionar são capazes de façanhas publicados no jornal The American
problemas matemáticos extraordinárias”, comenta Nigel Naturalist.
complexos, superando até Raine, que participou da pesquisa.
mesmo a capacidade de computadores A conclusão foi possível com a Fonte: Folha.com.
para cálculos. Essa é a conclusão de ajuda de um computador
um estudo desenvolvido por cientistas que controlou flores
do departamento de ciências artificiais para identificar o
biológicas da Universidade de comportamento das abe-
Londres, no Reino Unido. lhas. A ideia era mostrar se
Os insetos aprendem a utilizar a os insetos seguiam uma rota
rota mais curta para chegar até as comum conforme encon-
flores que costumam ser encontradas travam as flores ou se
Foto de Nilson O. Teixeira

aleatoriamente pelo caminho, ou seja, procuravam instintivamen-


a rota que economiza tempo e poupa te a mais curta. O estudo
energia: um dos princípios da questão concluiu que, depois de
matemática conhecida como explorar a região florida,
“problema do caixeiro-viajante” elas rapidamente tendem a
(traveling salesman problem, em inglês). voar pela rota mais curta. Os Insetos escolhem rota com menor distância e menor
“Apesar de seu pequeno cérebro, elas dados da pesquisa foram gasto de energia

10 Agropecuária Catarinense, v.24, n.1, mar. 2011


Kit Diversidade resgata produção de
alimentos de famílias rurais
E
m Guaraciaba, no extremo oeste feijão, milho, batatinha, alho, ervilha, sementes entre as comunidades,
de Santa Catarina, uma arroz, abóbora, moranga, melão, contribuindo para a conservação da
experiência inédita no Brasil amendoim, tomate, batata-doce e biodiversidade”, afirma.
realizada pela Epagri, em parceria melancia. Além disso, traziam Com o projeto, a porcentagem de
com o Projeto Microbacias 2, resgatou, orientações para o cultivo das famílias que não produziam o próprio
entre famílias de agricultores, a variedades baseadas no conhecimento arroz caiu de 75% para 42%. Para o
tradição de produzir alimentos para dos agricultores e técnicos envolvidos feijão, a redução foi de 50% para 23%.
consumo próprio. A iniciativa nasceu no projeto. Diagnósticos realizados em 2008 com
em 2004, quando se descobriu que 75% famílias de baixa renda revelaram que
Guadagnin destaca que o Kit
do arroz, 65% da batata e 50% do feijão a produção de cereais, como arroz e
Diversidade resgata a autoestima dos
usados na alimentação das famílias feijão, itens de origem animal, como
agricultores em produzir alimentos
das Microbacias Rio Flores e Lajeado leite, ovos e mel, e artigos
Ouro Verde não eram mais cultivados conservando a sabedoria dos processados, como queijo, salame,
nas propriedades. antepassados e o conhecimento banha, melado e conservas, gerou uma
A partir desse diagnóstico, e com técnico sobre o cultivo dessas economia anual variável entre R$ 750
a participação das Associações de variedades. “Além disso, serve como e R$ 4.500. “Essa poupança representa,
Desenvolvimento das Microbacias, foi ferramenta para discutir o no mínimo, 30% da renda bruta da
criado o Kit Diversidade, um conjunto desenvolvimento sustentável e maioria das famílias”, calcula
de sementes de diferentes espécies e possibilita a troca solidária de Guadagnin.
variedades locais produzidas e
distribuídas entre os agricultores para
promover a alimentação de acordo
com princípios da agroecologia. “O
objetivo foi melhorar a qualidade de
vida e a segurança alimentar dos
produtores. O programa envolveu 504
famílias e 52 variedades de 16 espécies
vegetais”, conta Clístenes Antônio
Guadagnin, extensionista da Epagri/
Escritório Municipal de Guaraciaba.
Em reuniões com as comunidades,
foram identificadas as espécies e as
cultivares de interesse das famílias. Projeto melhorou a qualidade de vida e a segurança alimentar dos produtores
“Em todos os encontros surgiam
informações sobre variedades de
feijão, arroz, batatinha de ano, alho, História publicada
melancia, amendoim, abóbora e
aspectos relevantes de cultivo, como Para compartilhar o sucesso da
época de plantio, tratos culturais, experiência, os idealizadores do projeto
colheita e conservação das sementes”, produziram o livro “Kit Diversidade:
lembra Adriano Canci, técnico estratégias para a segurança alimentar e
facilitador do Microbacias 2. valorização das sementes locais”.
As sementes que compuseram o kit Lançada no final de 2010, a publicação foi
foram multiplicadas, colhidas, organizada por Adriano Canci, do
selecionadas e beneficiadas pelas Microbacias 2, Clístenes Antônio
famílias com acompanhamento e Guadagnin, da Epagri, e pelo professor
assistência técnica dos facilitadores do Antonio Carlos Alves, do Departamento
Microbacias 2 e extensionistas da de Fitotecnia da Universidade Federal de
Epagri. Durante o ciclo de cultivo Santa Catarina (UFSC). Para adquirir a
houve acompanhamento de técnicos e obra, basta entrar em contato pelo e-mail
agricultores vizinhos. emguaraciaba@epagri.sc.gov.br ou pelo
Os kits distribuídos entre as telefone (49) 3645-0249. A publicação
famílias continham sementes de 5 a 12 custa R$ 10,00.
cultivares de 5 a 8 espécies, como

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Máquina de ar quente elimina pragas em videiras

U
ma nova tecnologia susten-
tável capaz de combater
doenças nas videiras está
animando produtores brasileiros. O
equipamento, batizado de Thermal
Pest Control (TPC), foi desenvolvido
pelo chileno Florencio Lazo e funciona
liberando para as plantas jatos
laminares de ar quente, com
temperatura entre 120 e 150°C.
O ar liberado pelo TPC beneficia a
lavoura de duas formas. A primeira é
o auxílio no controle de fungos,
bactérias e insetos que não resistem a
essa temperatura. Outro efeito é o
estímulo à produção de fitoalexinas,
substâncias de autodefesa das plantas,
aumentando o grau de imunidade das
videiras. O equipamento é movido a
gás liquefeito de petróleo (GLP) e
puxado por trator.
A Vinícola Geisse, de Bento
Gonçalves, RS, foi a primeira a utilizar
a tecnologia no Brasil. Em uma área
Tecnologia auxilia no controle de fungos, bactérias e insetos, além de melhorar a
de 22ha plantada com as variedades
imunidade das plantas
Chardonnay e Pinot Noir, o TPC é
usado uma vez por semana a partir da
brotação das plantas, dispensando o reduzida, o trabalho ficou mais fácil e tecnologia também já foi testada em
uso de defensivos químicos. rápido. culturas como tomate, alface,
“Começamos a usar a tecnologia na morango, couve-flor, maçã, pera,
safra de 2007, com resultados Aplicações variadas ameixa e cereja, com resultados
surpreendentes desde o início”, positivos. Pesquisadores da Epagri/
conta Carlos Abarzua, enólogo e No Brasil, cerca de 40 produtores Estação Experimental de Videira
diretor da vinícola. utilizam o equipamento, fabricado acompanham a evolução dos testes
Além de preservar o meio pela Lazo TPC. Na grande maioria são para recomendar e desenvolver novos
ambiente, a tecnologia melhorou a produtores de uvas do Rio Grande do trabalhos na área caso a tecnologia se
sanidade das plantas e a qualidade das Sul, da região do Vale do Rio São mostre viável.
uvas sem elevar o custo de produção. Francisco, de São Paulo e de Santa Graças a uma parceria entre a Lazo
“Estamos nos enquadrando no que Catarina. “Como a tecnologia está em TPC do Brasil e a SHV Gas Brasil,
poderia ser chamado de produção fase de implantação, focamos na proprietária da marca Supergasbras,
ecológica e ecoeficiente. Já podemos produção de uva, laranja e café. Com o equipamento é fornecido em
garantir produtos sem nenhum tipo a uva, consolidamos excelentes comodato para empresas e
de resíduo químico”, explica o resultados no Brasil, na Nova produtores. “Como os produtores
enólogo. O uso do TPC também Zelândia, no Chile, na Europa e na usam GLP como combustível, o custo
preserva a saúde dos trabalhadores da Califórnia. No caso do café, estamos da máquina é momentaneamente
lavoura, que não têm mais contato trabalhando para aumentar o subsidiado pela Supergasbras”,
com produtos químicos durante a conhecimento sobre os já explica Valério.
maior parte do processo produtivo. comprovados resultados positivos, e, Os produtores interessados em
Além disso, a vinícola conseguiu no caso da laranja, o equipamento usar a tecnologia devem entrar em
reduzir o uso de água, que era usada precisará sofrer alterações”, explica contato com a Lazo TPC do Brasil pelo
nos tratamentos com agrotóxicos, e, Diego Arpini Valério, gerente telefone (54) 3464-0478 ou pelo e-mail
embora a mão de obra não tenha sido executivo da Lazo TPC do Brasil. A contato@lazotpcdobrasil.com.

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