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O
achachairu, também conhe- (Garcinia gardneriana), comum em estão a boa produtividade, a facilidade
cido como bacupari boli- pomares das regiões Sul e Sudeste de manejo, a longa durabilidade do
viano, é objeto de estudo de brasileiras. A espécie nativa tem como fruto após a colheita e a tolerância ao
pesquisadores da Epagri/Estação habitat a Mata Atlântica e ocorre do manuseio e ao transporte. “Em ensaios
Experimental de Itajaí. Os testes com Ceará ao Rio Grande do Sul. Os frutos preliminares, verificamos que o
a fruta exótica são realizados no litoral são lisos, com polpa de sabor bacupari boliviano pode permanecer
de Santa Catarina e em regiões de acidulado e amadurecem de outubro na planta por até dois meses e, na
média altitude com o objetivo de a janeiro. prateleira, por até 30 dias”, detalha.
avaliar o potencial da espécie para Já a espécie boliviana tem frutos Originário da floresta tropical de
cultivo comercial no Estado. A meta com peso médio de três a quatro vezes média altitude da Bolívia, o
é incluir a espécie na recomendação maior (34 a 44g, contra 9 a 10g do achachairu foi introduzido
de cultivares da Epagri já no próximo nativo) e teor de polpa elevado. “Além recentemente em São Paulo e no
ano. disso, ela é menos atacada pela mosca- Nordeste brasileiro. Ainda há poucos
Na Epagri, o achachairu foi -das-frutas, a principal praga do estudos consistentes sobre a planta,
introduzido em 2005 pelo litoral, provavelmente pela maior que pode atingir de 5 a 6m de altura e
pesquisador Takazi Ishi, que trouxe espessura da casca, e o sabor é excelen- é multiplicada por sementes, com
frutos dessa espécie da Bolívia. Dois te”, acrescenta o engenheiro-agrô- início de produção no quarto ou
anos depois, a espécie também foi nomo e pesquisador Eliséo Soprano. quinto ano após o plantio. O período
identificada na propriedade do de produção vai de janeiro a abril. O
produtor Walnir Machiavelli, de Potencial de mercado fruto, com polpa branca e suculenta e
Camboriú, onde havia sido plantada sabor doce-acidulado, é consumido in
pelo morador anterior. A partir daí, Soprano acredita que a frutífera natura e também pode ser usado como
as 15 plantas da propriedade tem grande potencial para o cultivo no ingrediente de doces, sorvetes, picolés
passaram a ser estudadas. A pesquisa litoral catarinense e deve ser bem e licores. Além disso, é rico em
inclui avaliação da produtividade e aceita pelos consumidores dentro e potássio e contém quantidades
da qualidade dos frutos e testes de fora do Estado. Entre as vantagens razoáveis de vitaminas B e C.
multiplicação vegetativa e por
sementes.
No ano agrícola 2009/10, foram
colhidos de 2 mil a 3 mil frutos por
planta, o equivalente a uma
produtividade de 12.580 a 18.870kg/
ha. Com sementes dos frutos de
Camboriú, foram obtidas mais de mil
plantas para a realização de testes
sobre o comportamento da espécie em
seis unidades demonstrativas
distribuídas pelo litoral catarinense.
A partir das observações nessas áreas,
Foto de Nilson O. Teixeira
A
contribuição da Epagri no A publicação também destaca Luiz Toresan, pesquisador da Epagri/
retorno social que as ações voltadas à geração de renda, à Centro de Socioeconomia e
tecnologias e ações da melhoria ambiental e das condições de Planejamento Agrícola (Cepa), que
Empresa geraram para Santa Catarina vida, à inclusão social, às questões de coordenou a elaboração do
em 2009 foi de R$ 531 milhões. Além gênero e geração e à segurança documento, esse instrumento é
disso, a cada real investido na alimentar. Em 2009, mais de 95 mil estratégico para avaliar as atividades
Empresa, R$ 2,52 retornam em famílias de pequenos agricultores e mostrar o nível de sustentabilidade
benefícios para a sociedade familiares e pescadores artesanais das organizações.
catarinense. Os dados foram revelados receberam atendimen-
no Balanço Social de 2009. “O trabalho to da Epagri. As ações
da Empresa gera um grande impacto de inclusão social da
positivo para a sociedade, e o Estado Empresa envolveram
precisa tomar conhecimento desses 57 mil pessoas.
números”, afirma o presidente da O Balanço Social é
Epagri, Luiz Ademir Hessmann. um demonstrativo
O documento presta contas dos publicado anualmente
recursos que os catarinenses investem pelas empresas que
Foto de Aires C. Mariga
P
resentes na maior parte das oferta de forragem e o período de
propriedades rurais do Planalto utilização da área, com aumento Mais pasto no
Norte catarinense, as caívas são médio de 2 mil litros de leite/ha/ano. inverno
áreas formadas por vegetação Para melhorar a produção de pasto
remanescente de Floresta Ombrófila consorciada com a erva-mate, os Para garantir forragem em
Mista. Parte delas está fora da reserva pesquisadores também estão boa quantidade nas caívas
legal e da área de preservação estudando a adubação com cinza durante o inverno, os pesqui-
permanente e é usada para fins calcítica (produto da indústria de sadores recomendam que se faça
econômicos, como a criação de celulose) associada ao fosfato natural.
a sobressemeadura no mês de
animais e a extração de erva-mate. “O O projeto, que já apresenta bons
abril. “Essa técnica prevê a
manejo mais adotado nas resultados, é financiado pela
semeadura de pastagens anuais
propriedades é o pastejo intensivo sem Fundação de Apoio à Pesquisa
Científica e Tecnológica do Estado de de inverno, como azevém,
reposição de nutrientes. Como
Santa Catarina (Fapesc) e deve ser ervilhaca e trevo-branco,
consequência, a produção de pasto é
muito baixa e cessa nos meses de concluído até o fim do ano. diretamente sobre as pastagens
outono e inverno, tornando esse perenes de verão ou sobre os
sistema pouco interessante sob a ótica Riqueza natural potreiros, sem o uso de máquinas
econômica”, explica a engenheira- ou arados”, explica Ana Lúcia,
-agrônoma Ana Lúcia Hanisch, da As caívas têm diferentes que também faz algumas
Epagri/Estação Experimental de densidades florestais e estrato recomendações:
Canoinhas. herbáceo composto por pastagens - A pastagem deve estar bem
Com o objetivo de utilizar esse nativas ou naturalizadas, extensi- rebaixada, com 5 a 10cm de
bioma de forma racional e sustentável, vamente pastejadas. Elas abrigam altura.
garantindo a preservação das áreas, a espécies como araucária, erva-mate, - Antes de semear, aplique na
Epagri pesquisa alternativas para imbuia, canela, guamirim, congonha, área uma quantidade moderada
aumentar a produtividade das branquilho e várias frutíferas. De de adubo. Os estudos da Epagri
pastagens em caívas. Os trabalhos acordo com o Instituto Brasileiro de têm sido realizados com cama de
envolvem melhoria da qualidade do Geografia e Estatística (IBGE), estima- aviário (2t/ha), calcário (2t/ha) e
solo, sobressemeadura e pastoreio -se que a área total ocupada por caívas fosfato natural (400 a 800kg/ha).
rotativo. De acordo com Ana Lúcia, no Planalto Norte catarinense seja de,
A adubação pode ser substituída
essas técnicas possibilitam elevar a aproximadamente, 70 mil hectares.
por adubos formulados ou outras
fontes de matéria orgânica, como
esterco líquido de suíno (5 a
10m3/ha) ou, ainda, deixando o
rebanho dormir por vários dias
na área. Outra opção é a cinza
calcítica.
- O solo deve estar úmido.
Uma boa técnica é sobressemear
logo após a chuva.
- Use as quantidades certas de
sementes: 20 a 30kg/ha de
azevém, 30kg/ha de ervilhaca e
1 a 2kg/ha de trevo-branco
inoculado.
- Após a semeadura, deixe os
animais entrar na área para que
enterrem as sementes com o
pisoteio.
- Feche a área por no mínimo
70 dias para que as sementes
germinem e se desenvolvam. O
ideal é dividi-la em piquetes para
A área total ocupada por caívas no Planalto Norte catarinense é estimada em 70 mil prolongar a qualidade do pasto.
hectares
E
m São Lourenço do Oeste, caixas três litros de leite cada uma, sionista Cleonice em parceria com
vazias de leite não são lixo. beneficiando cerca de 400 crianças. Até professores e instrutores das
Transformadas em peças como hoje, cerca de 70 mil litros de leite já entidades, os participantes aprendem
vasos, cachepôs, embalagens de foram distribuídos e nenhuma a transformar as caixas em
presente, lixeiras, brinquedos e embalagem foi para o lixo. embalagens de presentes, vasos,
pulseiras, elas ganham uma nova Para receber o leite, as famílias pulseiras e brinquedos. A cada oficina
utilidade e ainda ajudam a construir devolvem as embalagens limpas da surgem ideias e novas peças são
um município mais limpo, com entrega anterior. As caixas são criadas. “Cada embalagem trabalhada
cidadania e qualidade de vida. “Hoje repassadas para projetos que dão é menos lixo contaminando o
temos um novo olhar para a destino adequado ao material. No ambiente, é mais criatividade sendo
embalagem de leite vazia. Sabemos Projeto de Artesanato, elas viram trabalhada, é terapia. Quem começa
que ela pode ser reciclada, matéria-prima nas mãos de mulheres não para até ver o resultado do
transformada e reutilizada”, afirma e estudantes do município, que, com trabalho”, conta a extensionista.
Cleonice Trevisan Sutilli, extensionista criatividade, produzem uma série de A maioria das famílias faz o
da Epagri/Escritório Municipal de São peças. O trabalho beneficia as famílias artesanato para decorar a própria casa
Lourenço do Oeste. atendidas pelo programa e outras ou para dar de presente, mas algumas
A iniciativa está vinculada ao famílias do município em escolas, artesãs e entidades já comercializam
Programa Leite das Crianças – Leite clubes de mães, grupos de terapia e as peças a preços que variam de R$
Tipo Cidadania, criado pela Prefeitura outras entidades. Cerca de 500 pessoas 2,00 a R$ 20,00. “Nosso objetivo é
em 2007 para reforçar a alimentação de São Lourenço do Oeste já ensinar que podemos transformar as
das crianças nos fins de semana. aprenderam a técnica. embalagens em lindos trabalhos que,
Conduzido pela Secretaria Municipal futuramente, podem se tornar uma
de Desenvolvimento Social em Criatividade fonte de renda”, destaca Cleonice. Para
parceria com as secretarias de multiplicar a ideia fora de São
Educação, de Saúde, de Desen- O projeto é disseminado em Lourenço do Oeste, a Epagri promove
volvimento do Interior e Agricultura oficinas organizadas por grupos oficinas em municípios vizinhos e
e a Epagri, o programa atende 200 interessados em conhecer a atividade. para extensionistas da região.
famílias que recebem, semanalmente, Nas aulas, oferecidas pela exten- Outro projeto de reaproveitamento
das caixas vazias de leite
é o Reciclar Para Viver,
coordenado pelo exten-
sionista da Epagri Vol-
mir Pinto de Oliveira.
Nessa iniciativa, as
embalagens são usadas
no plantio de mudas de
árvores nativas e
ornamentais no Viveiro
Municipal de São
Lourenço do Oeste. “O
mais importante é o
resultado que esse
trabalho traz: ocupação,
criatividade, autoes-
tima, conhecimento,
troca de ideias e, acima
de tudo, a convicção que
podemos fazer algo para
melhorar o meio
ambiente e, com esse
trabalho, lançar um
olhar diferente sobre o
que consideramos lixo”,
Material é transformado em peças que podem se tornar fonte de renda para as famílias destaca Cleonice.
U
ma nova tecnologia susten-
tável capaz de combater
doenças nas videiras está
animando produtores brasileiros. O
equipamento, batizado de Thermal
Pest Control (TPC), foi desenvolvido
pelo chileno Florencio Lazo e funciona
liberando para as plantas jatos
laminares de ar quente, com
temperatura entre 120 e 150°C.
O ar liberado pelo TPC beneficia a
lavoura de duas formas. A primeira é
o auxílio no controle de fungos,
bactérias e insetos que não resistem a
essa temperatura. Outro efeito é o
estímulo à produção de fitoalexinas,
substâncias de autodefesa das plantas,
aumentando o grau de imunidade das
videiras. O equipamento é movido a
gás liquefeito de petróleo (GLP) e
puxado por trator.
A Vinícola Geisse, de Bento
Gonçalves, RS, foi a primeira a utilizar
a tecnologia no Brasil. Em uma área
Tecnologia auxilia no controle de fungos, bactérias e insetos, além de melhorar a
de 22ha plantada com as variedades
imunidade das plantas
Chardonnay e Pinot Noir, o TPC é
usado uma vez por semana a partir da
brotação das plantas, dispensando o reduzida, o trabalho ficou mais fácil e tecnologia também já foi testada em
uso de defensivos químicos. rápido. culturas como tomate, alface,
“Começamos a usar a tecnologia na morango, couve-flor, maçã, pera,
safra de 2007, com resultados Aplicações variadas ameixa e cereja, com resultados
surpreendentes desde o início”, positivos. Pesquisadores da Epagri/
conta Carlos Abarzua, enólogo e No Brasil, cerca de 40 produtores Estação Experimental de Videira
diretor da vinícola. utilizam o equipamento, fabricado acompanham a evolução dos testes
Além de preservar o meio pela Lazo TPC. Na grande maioria são para recomendar e desenvolver novos
ambiente, a tecnologia melhorou a produtores de uvas do Rio Grande do trabalhos na área caso a tecnologia se
sanidade das plantas e a qualidade das Sul, da região do Vale do Rio São mostre viável.
uvas sem elevar o custo de produção. Francisco, de São Paulo e de Santa Graças a uma parceria entre a Lazo
“Estamos nos enquadrando no que Catarina. “Como a tecnologia está em TPC do Brasil e a SHV Gas Brasil,
poderia ser chamado de produção fase de implantação, focamos na proprietária da marca Supergasbras,
ecológica e ecoeficiente. Já podemos produção de uva, laranja e café. Com o equipamento é fornecido em
garantir produtos sem nenhum tipo a uva, consolidamos excelentes comodato para empresas e
de resíduo químico”, explica o resultados no Brasil, na Nova produtores. “Como os produtores
enólogo. O uso do TPC também Zelândia, no Chile, na Europa e na usam GLP como combustível, o custo
preserva a saúde dos trabalhadores da Califórnia. No caso do café, estamos da máquina é momentaneamente
lavoura, que não têm mais contato trabalhando para aumentar o subsidiado pela Supergasbras”,
com produtos químicos durante a conhecimento sobre os já explica Valério.
maior parte do processo produtivo. comprovados resultados positivos, e, Os produtores interessados em
Além disso, a vinícola conseguiu no caso da laranja, o equipamento usar a tecnologia devem entrar em
reduzir o uso de água, que era usada precisará sofrer alterações”, explica contato com a Lazo TPC do Brasil pelo
nos tratamentos com agrotóxicos, e, Diego Arpini Valério, gerente telefone (54) 3464-0478 ou pelo e-mail
embora a mão de obra não tenha sido executivo da Lazo TPC do Brasil. A contato@lazotpcdobrasil.com.