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1 O caracol material
1
QUILLET, Pierre. Introdução ao pensamento de Gaston Bachelard.
Rio de Janeiro: Zahar, 1977.
2
No capítulo “A concha”, de A poética do espaço, Gaston
Bachelard sustenta o caráter misterioso e complexo da imagem do
caracol. Observa o filósofo: “Tudo é dialética no ser que sai de
uma concha”. (p.120) BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. São
Paulo: Martins Fontes, 2003.
irrefreável dos aprendizes, Bachelard dedica boa parte de
sua vida à poesia, vislumbrando na arte poética um meio
privilegiado para o estudo do devaneio literário e de sua
relação com os arquétipos presentes no inconsciente humano.
3
BACHELARD, Gaston. A psicanálise do fogo. São Paulo: Martins
Fontes, 1999. p.2.
nitidamente as duas valorizações
contrárias: o bem e o mal. Ele brilha no
Paraíso, abrasa no inferno. É doçura e
tortura. Cozinha e apocalipse. É prazer
para a criança sentada ajuizadamente
junto à lareira; castiga, no entanto,
toda desobediência quando se quer
brincar demasiado de perto com suas
chamas. O fogo é bem-estar e respeito. É
um deus tutelar e terrível, bom e mau.
Pode contradizer-se, por isso é um dos
princípios de explicação universal.4
4
BACHELARD, Gaston. A psicanálise do fogo. São Paulo: Martins
Fontes, 1999. p.11 e 12.
5
BACHELARD, Gaston. A psicanálise do fogo. São Paulo: Martins
Fontes, 1999. p.4.
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Em contraposição à teoria de Sigmund Freud, que define o
inconsciente como espaço catalisador dos conteúdos rejeitados
base nos conceitos jungianos, Bachelard defende que as
imagens arquetípicas constituem forças orgânicas presentes
no inconsciente de cada ser. Essas disposições não
representam impulsos estáticos, porquanto a ação imaginante
constantemente as manipula.
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BACHELARD, Gaston. A psicanálise do fogo. São Paulo: Martins
Fontes, 1999. p.18.
9
BACHELARD, Gaston. A psicanálise do fogo. São Paulo: Martins
Fontes, 1999. p.34.
A ciência é muito mais obra dos desejos, dos sonhos e
das inquietudes do homem diante do que conhece e do que
desconhece de si e do mundo, do que apenas um produto de
necessidades objetivas. Razão e imaginação não são
instâncias opositoras, mas complementares. Ao elaborar e
defender com clareza a dimensão onírica do pensamento
científico, Bachelard possibilita um questionamento arguto
em torno dos ideais que movem os pesquisadores e os impelem
a fazer ciência. O filósofo empenha-se em dar visibilidade
a um projeto de construção do conhecimento que questiona a
formação de um discurso unívoco, baseado no distanciamento
entre sujeito do conhecimento e objeto científico.