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A Crítica de Bachelard e a Crítica Psicanalítica

Francisco Raimundo Chaves de Sousa1

A crítica de Bachelard é resultado de suas pesquisas no campo imagético que se


mostraram através do amadurecimento dos estudos sobre a teoria do conhecimento científico,
ou epistemologia. Assim o estudo desenvolvido por Gaston Bachelard, teve como bases ou
fundamentos a imaginação como forma de consciência. (Samuel, p.84)
Através das imagens, a princípio: terra, água, fogo e ar, poder-se-ia chegar à
consciência, e a partir daí estudar-se-ia a criação poética. Tal criação estaria ligada a
percepções que o poeta tem dos espaços observáveis e de certa forma ficariam localizadas
num campo onírico. As causas da criação poética estariam ligadas a tipos de imaginação que
seriam: uma formal e outra material (Samuel, p. 84). A primeira ligada diretamente a
reprodução, o poeta faz parte de um mundo com estruturas prontas para serem assimiladas,
não parte do zero, por tanto este no espaço da imaginação formal estaria as imagens prontas e
superficiais que trabalhadas no viés da novidade podem surpreender. A segunda estaria mais
ligada aos sentimentos, portanto a profundidade do ser, a escrita poética não pode dispor de
nenhum dos tipos de imaginação sob pena de sofrer de incompletude.
A crítica bachelardiana apresenta os conceitos de ritmanálise e poético-análise que
segundo Voigt (p. 6, 2011), são “conceitos empregados para analisar a literatura fora do
padrão hermenêutico e psicanalítico”. A ritmanálise une noções de instante, ritmo e vibração
contribuindo para “apreender o dinamismo das imagens na imaginação poética. (Voigt, p. 6,
ano. 2011). A poético-análise traria referências a psicanálise e a fenomenologia esta ligada a
experiencia vivida e percebida através da consciência. A poético-análise estaria liga a
substância e a profundidade, bem como para a ideia de criação pois há a perspectiva de
projeção, assim compreendo que nessa projeção possa haver ressignificação.
Agora passemos a abordagem da crítica psicanalítica que segundo Rogel Samuel
(p.86) é dada apropriação da psicanálise pela atual crítica literária, com os estudos focados
nas contribuições de Freud e Lacan. Nesse momento o que se enfoca é subjetividade como
caminho para relacionar homem e mundo.
Nesse sentido busca-se a compreensão do fenômeno literário com base em discussões
sobre o subconsciente que por sua vez é apontador das nuances sociais e sentimentais dos
1 Aluno do Curso de Letras- Língua Portuguesa e Literatura da Língua Portuguesa da UFPI, Orientando em
ICV na área HQ’s e Cultura Pop. Email: franciscochavesph@gmail.com..
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indivíduos, assim o texto literário apresenta elementos replicadores e construtores de


significados o que levaria a discussões sobre identidade.
A identidade seria construída através da negação, ou seja, as características que
constroem um significado só são percebidas por meio de sua negação, podemos concluir que
o amor só é amor porque existe o ódio, não se chegaria a essa conclusão sem a negação de
características.
A crítica literária psicanalítica também faz apontamentos do processo que envolve:
autor-obra e leitor-obra, chegando a conclusão de que nem a obra diz tudo e nem o leitor
consegue perceber tudo que a obra proporciona, nesse sentido o caráter artístico é ressaltado e
a arte da obra literária que faz dos escritores esse objeto de interesse para psicanálise, um
diálogo de interesse recíproco é estabelecido entre crítica literária e psicanálise trazendo
contribuições para ambas, assim:

A crítica literária psicanalítica tem apresentado modificações: antes se


privilegiava a leitura preocupada em captar as motivações do autor,
dando lugara uma interpretação psicologizante do texto, uma
psicografia; hoje, se usa do método interpretativo aplicado ao texto
literário privilegiando o método psicanalítico de pesquisa do
inconsciente. ( Bartucci apud Dacorso, p. 152, 1996).

Enfim, as contribuições tanto crítica de bachelardiana, como dá crítica psicanalítica


enfocam em atributos da psiquê: seja ela do autor, do leitor, da personagem ou da própria
obra, deixando marcas positivas na teoria literária.
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EMÍLIO, Aline. Panorama Evolutivo: Estilística e Estilo. Linguagem em (Dis)curso,


Tubarão. v.3, n.2, p. 121-134, 2014.

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