Literatura Brasileira III Docente: Manoel Freire Discentes: Francisco Feliciano Bezerra; Kathya Hellen Bandeira Fernandes; Rayany Queiroz da Silva
Alfredo Bosi estuda as motivações de Mário de Andrade. O autor começa
falando do caráter paradoxal do título da obra “Macunaíma, o herói sem nenhum caráter”, onde o autor possuía duas motivações - lúdicas e estéticas ao escrevê-la. Bosi baseia nelas suas interpretações. Através de esquemas clássicos, baseando-se em novelas de cavalarias, conta a história de um ser “mítico e lendário”. Alfredo Bosi também cita que “Macunaíma” se firma num roteiro que faz bastante referencias à ideologia e a estética de Mário com preocupações raciais e sociais, bem como a estética de sua contemporaneidade, ou seja, a república velha, período em que se iniciou o modernismo. Por se tratar de uma obra em que não obedece ao tempo cronológico, Alfredo Bosi também cita que na literatura brasileira não há definição suficiente para “Macunaíma”, pois se trata de uma obra muito diferente do habitual, quebrando os costumes arcaicos e se esquivando do modernismo como forma de atrair os leitores mais jovens. O autor ainda vem dizer que Mario faz uma carnavalização dos moldes das novelas de cavalaria, o qual utiliza na sua obra. Isso se dá pelo fato da criação de um “herói sem nenhum caráter”, herói esse que seria completamente o oposto dos heróis daquela época, fazendo com que as características das novelas de cavalaria estejam presentes apenas na sua estrutura. Na segunda parte, o texto expõe a “inteligibilidade” de Mario de Andrade, para com a produção de Macunaíma. Visando uma ideia de otimismo, pessimismo e uma oscilação entre ambos. Uma outra ideia é a de confiança na providência e a energia do projeto. Podemos notar que tais ideais eram “meio inconscientes”, entretanto, aos poucos vai ganhando forma com o passar do tempo. O otimismo estaria diretamente ligado ao sentimento de nacionalidade, patriotismo, apreço ao indígena. Um pouco mais tarde vem a ideia de que esse otimismo efêmero se esgotava, transforma-se em pessimismo, é como se uma paixão fosse perdendo força e os nossos olhos enxergassem a realidade. Historicamente, o Brasil e o mundo passavam por várias transformações em todos os setores econômico, social, industrial etc. O declínio da cafeicultura, a implementação da indústria, e o subdesenvolvimento da parte sul do continente americano. Mario de Andrade não estava distante destes acontecimentos. Sob esse prisma, Mario de Andrade recorreu à cultura popular brasileira para representar o nosso povo sob esses dois aspectos “otimista, pessimista”, trazendo consigo também uma visão de miscigenação. Adotou um “herói sem nenhum caráter”, que a meu ver não é “mau caráter”. Representando não só o indígena mas também o sertanejo, mulato e o caipira. Assim sendo, podemos dizer que Macunaíma é uma obra de cunho crítico e fixador de memórias, identidades e culturas genuinamente nacionais.