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Luíza Eckert Locatelli

Os desafios das pessoas com deficiência na pandemia

A pandemia foi um momento de grandes desafios e, dessa forma,


implicou na adaptação da rotina de todas as pessoas. O surgimento e propagação
do vírus responsável pela Covid-19 fez com que fosse necessário o uso de
máscaras de proteção facial em ambientes públicos, o distanciamento social e a
constante higienização das mãos e superfícies de alto contato. As pessoas com
deficiência, além de experienciarem o medo e as mudanças como todos, ainda
tiveram que lidar com desafios únicos relacionados às suas necessidades.
O uso de máscaras, não só dificultou a comunicação de pessoas surdas
que utilizam a leitura labial, como também causou desconforto em pessoas com
transtorno autista que não conseguem lidar com o material em seu rosto. Ambos os
casos são ilustrados através de histórias reais na reportagem do jornal “Diário do
Grande ABC”, intitulada de “Pandemia é desafio extra para deficientes”. Já a
necessidade do distanciamento social foi um fator prejudicial para pessoas cegas,
como conta Márcia de Souza na reportagem. Segundo a entrevistada, conseguir
ajuda para atravessar a rua se tornou uma tarefa complicada, já que as pessoas
estavam receosas de se aproximarem umas das outras.
A partir dos relatos presentes na reportagem do “Diário da Grande ABC”,
percebe-se que pessoas com deficiência vivenciaram dificuldades para além do
perigo da contaminação da doença. Dessa forma, nota-se, ainda, que essas
pessoas não são lembradas em momentos de grandes acontecimentos, como a
pandemia do coronavírus, onde cada um tende a preocupar-se primeiro consigo
mesmo em uma atitude “cada um por si”. Durante o período, não ouvimos falar, em
larga escala, sobre as dificuldades que pessoas com deficiência poderiam estar
vivenciando, nem paramos para pensar, como sociedade, em ações que poderiam
ser realizadas para amenizar, se não solucionar, os problemas encontrados por
esse público. Sendo assim, fica ainda mais claro que a inclusão não é a prioridade
de órgãos públicos, empresas e cidadãos no geral.
Para que a inclusão seja realmente efetiva, ela deve permear todos os
aspectos do cotidiano e deve ser pensada durante todos os momentos, para que as
necessidades das pessoas com deficiência não sejam percebidas apenas depois
destas terem tido que experienciar momentos de dificuldade.

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