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O Valor da Ciência na Bíblia

Algumas Considerações Introdutórias

Em primeiro lugar, Deus criou o homem numa unidade múltipla perfeita: corpo, alma e
espírito - uma unidade composta -, por isso é um ser muito complexo, tanto na sua fisiologia, como
na sua psique; e nessa complexidão soma-se o aspecto espiritual, que é vital, porque o homem é um
ser divino criado por Deus.
Tudo o que foi escrito vem depois do homem caído por causa do seu pecado original;
afastado da fonte de toda a sabedoria o ser humano precisou aprender. Antes do pecado Adão foi
tentado com o falso argumento da serpente de que ele não possuía conhecimento, só que Adão
estava diante daquele que tem "todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento" (Colossenses
2:2,3). Sim, diante dele estava todos os conhecimentos - via Deus face a face! -, e se queria saber,
por exemplo, o que era o mal bastava perguntar - "Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria,
peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida", Tiago 1:5.
Mas, o orgulho e a falta de temor, "O temor do Senhor é o princípio do saber, mas os loucos
desprezam a sabedoria e o ensino", Provérbios 1:7, tiraram o homem do jardim de Deus e Deus do
seu coração. Agora, temos que aprender com muita dificuldade - "em fadigas" (Gênesis 3:17), com
muitos "cardos e abrolhos" (Gênesis 3:18) e "No suor do rosto comerás o teu pão" (Gênesis 3:19).
O que era fácil para aprender ficou muito difícil devido o nosso estado de pecado porque
tudo o que Deus criou foi com uma ciencia fantástica. Deus fez o homem com condições de
aprender, só que não tem ninguém com a inteligência de Adão que criou nomes para todos os
animais e guardava-os de memória; isso é só um pequeno exemplo registrado na Bíblia da perfeição
do intelecto de Adão, sem contar que o homem não morria, Adão tinha saúde perfeita. Depois do
pecado o homem ficou debilitado em todas as áreas e passou a morrer.
Adão e Eva perderam a sua moradia e nesta sociedade que começaram a construir não é
mais aquele horto agradável, aquele jardim pronto e feito pelo próprio Deus; é, antes, um corpo
social de convivência entre as pessoas e grupos muito difíceis. Felizmente, o Senhor Deus por sua
infinita misericórdia nos ajuda nas fadigas, nos cardos e abrolhos - dos espinhos de viver essa vida
-, e enxuga o nosso suor e nos ajuda na produção do nosso pão, mas como? - Deus concede a
ciência e alarga a nossa capacidade – “Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o
efetuar, segundo a sua boa vontade”, Filipenses 2:13. Com essa ajuda do Senhor Deus, mesmo o
homem não reconhecendo isso, ele faz a sociedade funcionar através da sua graça comum, sem a
qual o homem, refem de si de do Maligno, teria sucumbido dentro desse inferno de viver e alguns
reconhecem a boa mão de Deus e escapam de viver no inferno para sempre. Em suma, leitor: Deus
concede a ciência e amplia, assim, a capacidade do homem; e, através da sua graça comum, o
Senhor impede a falência total de nossa civilização porque, em contraste do que se pensa, o homem
não está no comando da história. Pense na humanidade como um grande trem no qual Deus é o
condutor. Dentro, o homem só tem a liberdade de arrumar os seus vagões como ele quiser, mas nada
vai impedir do trem chegar ao seu destino estabelecido por Deus.

O Conhecimento

A Bíblia ensina a buscar conhecimento: A "ciência" na Bíblia refere-se a todo tipo de


conhecimento, seja do mundo natural, seja do espiritual. Mas, entre os vários tipos de
conhecimento, o conhecimento mais importante é Deus, claro! Além disso, anteriormente Moisés
no Egito precisou da sua ciência - “E Moisés foi instruído em toda a ciência dos egípcios; e era
poderoso em suas palavras e obras”, Atos 7:22 – da mesma forma, nós precisamos da ciência desse
mundo que vivemos.
Imagine se tudo que Deus mandasse fazer fosse, antes, necessário dar explicações, isto
denotaria falta de fé no seu caráter - obedecer é mais uma questão de fé no maravilhoso Senhor. Por
outro lado, se o Senhor explicasse os porquês de tudo a Bíblia seria um livros demasiadamente
grande e ficaria impraticável o acesso e a sua leitura. Com a sua graça comum o Senhor Deus
levantou homens de ciência para que a sociedade, ela se encontra debaixo do pecado, não fosse
destruída. Bendito seja Deus!
Veja estes versículos: "Se clamares por conhecimento, e por inteligência alçares a tua voz",
Provérbios 2:3; "Com sabedoria se constrói a casa, e com discernimento se consolida", Provérbios
24:3-4; "Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a
despesa e verificar se tem os meios para a concluir?", Lucas 14:28; "Disse mais o Senhor a Moisés:
Eis que chamei pelo nome a Bezalel [...] e o enchi do Espírito de Deus, de habilidade, de
inteligência e de conhecimento, em todo artifício, para elaborar desenhos e trabalhar em ouro, em
prata, em bronze, para lapidação de pedras de engaste, para entalho de madeira, para toda sorte de
lavores", Êxodo 31:1-5. Indubitavelmente, Deus é a fonte de todo conhecimento, ele é o
conhecimento. A Bíblia deixa claro que o nosso Deus dá sabedoria e conhecimento àqueles que o
buscam. Agora, existem muitos conhecimentos diferentes durante a trajetória do homem no mundo
e do povo de Deus, inclusive, a Palavra de Deus mostra isso. Sempre o entendimento protege dos
erros e auxilia a tomar decisões certas ou as melhores possíveis. O Senhor Deus pode, também,
conceder-nos conhecimento, de um modo até sobrenatural, quando pedirmos em oração, lendo a
Bílblia, mantendo a nossa comunhão viva com ele. Em resumo, podemos ir em outras fontes para
buscar conhecimentos específicos, não é pecado, e procurar em Deus toda sabedoria necessária,
principalmente, para manter sadia a vida espiritual. Se, por acaso, ainda está em dúvida, observe
essa regra de ouro em Filipenses 4:8: "tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que
é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se
algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento".
Não podemos esquecer que estamos no Egito e precisamos da sua ciência para nos ajudar no
entendimento desse mundo, do homem e da sociedade. Deus não nos forneceu esses conhecimentos,
deu-nos a matéria-prima e um cérebro para pensar. Como já falei, imagine o Senhor Deus ensinando
tudo na Bíblia, seria um livro demasiadamente grande, ficaria impraticável, ademais, João o
apóstolo, disse: "Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez. Se todas elas fossem relatadas
[...] nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos", João 21:25. Inegavelmente,
precisamos das diversas ciência extrabíblicas: medicina, engenharia, psicologia, Física, Química
etc.
Finalmente, existe uma frase em latim que diz assim: "Timeo hominem unius libri" - "Eu
temo o homem de um livro". Leandro Karnal1, historiador e professor brasileiro, diz que essa frase
referia-se a alguém com especialização tornando-o num palestrante bem preparado. Porém, o
sentido antes atribuido, domínio numa só área, segundo Leandro Karnal, é preocupante porque para
aquele que lê apenas um livro está preso a uma única visão e, como resultado, possui uma
explicação limitada desse assunto. Ele não vai está à par da realidade e da complexidade dos
múltiplos aspectos dessa sociedade por falta da leitura de vários livros. A pessoa de um livro só,
limitado a uma única visão, torna-se muitas vezes intransigente, inflexível.
Por fim, leia a Bíblia como autoridade única com relação ao conhecimento de Deus e da
Salvação, sabendo que nesse livro santo não tem tudo o que você quer saber, tem tudo o que você
precisa saber e frequentimente Deus levanta homens e mulheres trazendo conhecimentos em outras
áreas. Se assim não fosse não haveria necessidade dos dons da sabedoria e da ciência que a Santa
Bíblia se refere e que o Senhor Deus confere, primeiro, aos seus filhos e, depois, ao mundo no geral
em forma "Graças Gerais" para que a sociedade debaixo do pecado não se destrua e nós crentes
neste mundo não sofra ainda mais. O EOP fala um pouco sobre a evolução da sociedade como
misericórdia de Deus, por exemplo, a escravatura, tão comum no tempo de Filemom, hoje é um
tema ofensivo mundialmente; antes aprovado, agora se faz veladamente, porém é crime em escala
global; é ação de Deus na história do homem mudando sua episteme. Glória a Jesus!

1
<https://www.facebook.com/prof.leandrokarnal/posts/final-do-artigo-de-hoje-do-contardo-calligaris-sobre-um-
radical-segundo-daniel-k/1873545302887833/>, 22 de abril de 2020.
As Ciências

- O que é ciências? R.: O verbete vem do latim: “scientìa,ae” que significa: conhecimento, saber,
ciência, arte, habilidade, prenda (Dicionário Houaiss da língua portuguesa). Eu defino “ciências”
como um corpo de conhecimento, obtidos a partir de um interesse em responder às quatro perguntas
fundamentais: Por que? Como? Quando? Onde?

Noé e Moisés.
Em Hebreus 11.7 diz assim: “Pela fé Noé, quando avisado a respeito de coisas que ainda não
se viam, movido por santo temor, construiu uma arca para salvar sua família. Por meio da fé ele
condenou o mundo e tornou-se herdeiro da justiça que é segundo a fé”. Noé foi obediente e fez a
arca conforme o projeto dado por Deus em Gênesis 6. 14 a 16: (14)“Você, porém, fará uma arca de
madeira de cipreste; divida-a em compartimentos e revista-a de piche por dentro e por fora”, os
versos seguintes são as medidas dadas pelo Senhor. Dá mesma forma, foi com Moisés que
obediente a Deus constrói o Tabernáculo, de acordo com o projeto do Senhor, em Êxodo 26.30:
“Faça o tabernáculo de acordo com o modelo que lhe foi mostrado no monte”.
Tanto Noé como Moisés utilizaram os materiais, ferramentas e técnicas de suas épocas para
executar o projeto de Deus colocados em seus corações. Se ficou muito difícil com os parcos
recursos humanos, daquela época, o celestial entrava em ação, por exemplo, Deus concedeu a
Moisés instruções específicas e qualificou pessoas para fazer o Tabernáculo conforme Êxodo 31.1,
2, 3, 6: “1 Disse então o Senhor a Moisés: 2 Eu escolhi Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo
de Judá, 3 e o enchi do Espírito de Deus, dando-lhe destreza, habilidade e plena capacidade artística
… 6 Além disso, designei Aoliabe, filho de Aisamaque, da tribo de Dã, para auxiliá-lo. Também
capacitei todos os artesãos para que executem tudo o que lhe ordenei”. Não é diferente hoje, O
Espírito Santo continua a capacitar os escolhidos para a sua obra, basta tão somente fazê-la -
conforme Filipenses 2.13, citado acima, e 1Corítions 12.11: “Todas essas coisas, porém, são
realizadas pelo mesmo e único Espírito, e ele as distribui individualmente, a cada um, como quer”.
Primordialmente, o ponto que pretendo frisar é o seguinte – Deus deu modelos para Noé e
para Moisés, porém, eles colocaram em execução com aquilo que tinham em mãos, tanto em técnica
como em ferramentas, com a ajuda do Senhor. Por certo, hoje é assim com relação as ciências
existentes em nossa época, tais como: Psicologia, Psiquiatria, Psicanálise, Sociologia, Filosofia,
História, Arqueologia, Engenharia, Física, Medicina e assim por diante. Certamente, nada substitui
a Bíblia Sagrada com relação aos ensinamentos preciosos para nossa vida espiritual, muitos deles
em forma ordem e regras, conforme Isaías 28.10: “Pois o que se diz é: Ordem sobre ordem, ordem
sobre ordem, regra e mais regra; um pouco aqui, um pouco ali”. Antes, porém, a obediência de
muitos mandamentos eram por fé; hoje, com ajuda das ciências extrabiblicas, elas não só
confirmam Bíblia, também, ampliam nosso entendimento, passamos a entender melhor o porquê
Deus disse para fazermos assim. Isto não dizer que para obedecer a Palavra de Deus é preciso
entender o porquê, claro que não! A obediência é uma questão de fé no caráter nobre e lindo do
nosso Deus em Cristo Jesus e, principalmente, devemos obedecê-lo por amá-lo - “Quem tem os
meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama. Aquele que me ama será amado por meu
Pai, e eu também o amarei e me revelarei a ele”, João 14.21. Vejamos estes exemplo de obediência
e firmeza cegas ao nosso Deus: “Pela fé Abraão, quando chamado, obedeceu e dirigiu-se a um lugar
que mais tarde receberia como herança, embora não soubesse para onde estava indo”, Hebreus 11.8;
“Pela fé deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível”,
Hebreus 11:27
Por fim, quero pedir ajuda para a psicologia, psicanálise, sociologia e filosofia para tratar de
alguns aspectos na Epístola a Filemon além daqueles já tratados pelo Espírito Santo diretamente no
coração de Filemon. Filemon obedeceu com ajuda da graça de Deus. E é, justamente, no que foi
necessário ser mudado em Filemon que nós iremos trabalhar: a sua cosmovisão e ideologias. São
questões muito profundas ligadas à cultura, socialização, subjetividade e outros aspectos na vida
dele e só o Espírito Santo para ir fundo no homem interior, no mais íntimo do seu íntimo, para
operar as mudanças necessárias. Só Deus para ajustar o grau das lentes para os nossos míopes olhos
espirituais enxerguem com clareza esta sociedade.
Sociedade, Cultura e o Supracultural

Vamos falar sobre cada um em pinceladas rápidas, uma vez que o espaço que dispomos é
muito pequeno. Tentaremos ser o mais precisos possível porque sociedade, cultura e o supracultural,
cada um, traz em si aspectos amplos de estudo, sem contar ainda que eles estão interligados.

- Pensamentos: Certos costumes colados na alma criam fortalezas em nossas mentes que precisam
ser quebradas.

O que é uma Teoria?

Na história das ciências existem muitas explicações para os fenômenos observados; várias
delas são concorrentes entre si para uma mesma observação e todas querem alcançar o pódio de
primeiro lugar como teoria final. Por exemplo: O fenômeno da queda dos corpos, vejamos:

- Na Física de Atistóteles: Os corpos sempre caem, o seu lugar natural seria o chão, enquanto, o
fogo e o ar sobem, lá em cima é o seu lugar natural.
- Na Física de Newton: Desenvolve o conceito de força gravitacional.
- Na Física de Einstein: Propôs um novo modelo - a curvatura do espaço-tempo.

Hoje, muitos diriam que a gravidade é um fato2, porém, o único fato aqui observável,
independente de qual física, é: os corpos caem. Esse é o único consenso constatado. Por fim, uma
teoria é idealizada na forma de um modelo daquilo que é consensual, dado pela observação, de
forma a da dar uma explicação sobre o porquê os corpos caem e até prever o que irá acontecer
quando o tal fenômeno for submetido a outras condições.

2
Psicologia Social de David G. Myers – 10. ed., p.38.
O que é indivíduo, sociedade e cultura?

Na epístola a Filemon dos versículos 10 a 16, temos:

Sim, solicito-te em favor de meu filho Onésimo, que gerei entre algemas.
Ele, antes, te foi inútil; atualmente, porém, é útil, a ti e a mim.
Eu to envio de volta em pessoa, quero dizer, o meu próprio coração.
Eu queria conservá-lo comigo mesmo para, em teu lugar, me servir nas algemas que
carrego por causa do evangelho;
nada, porém, quis fazer sem o teu consentimento, para que a tua bondade não venha a ser
como que por obrigação, mas de livre vontade.
Pois acredito que ele veio a ser afastado de ti temporariamente, a fim de que o recebas para
sempre,
não como escravo; antes, muito acima de escravo, como irmão caríssimo, especialmente de
mim e, com maior razão, de ti, quer na carne, quer no Senhor.

Olhando a figura abaixo vamos tentar entender o que ela quer dizer.

Os colchetes representam a sociedade num local e tempo onde viveram Onésimo e Filemon.
Uns dos aspectos marcante dessa sociedade era a escravatura, marcante para nós hoje, comum
naquele local e tempo. A seta representa aquela visão de mundo, a escravatura, ela estava
profundamente arraigada em Filemon, coladoda na alma dele, apesar de discípulo do Senhor Jesus,
cuja vida espiritual era digna de elogios por parte do apóstolo Paulo. Onésimo vivia o peso daquele
sistema, mesmo liberto da escravidão do pecado estava preso pela escravidão humana.
Estava fixada em Filemom a cultura da escravatura entremeada na sociedade da sua época.
Faltou-lhe o senso crítico para avaliar, à luz do evangelho, o que era a escravidão de um ser humano
diante do Senhor Jesus. Com ajuda do Espírito Santo, Paulo foi inspirado na escrita daquela carta, a
visão de Filemom foi ampliada, liberto ficou daquele sistema e soltou Onésimo.
As coisas em nossa volta, excluindo as espirituais, àquelas puramente terrenas, muitas delas
estão inseridas na cultura e a cultura é trançada no tecido da sociedade da qual fazemos parte,
pergunto: como pode a cultura nos influenciar, a tal ponto, que nossas ações terrenas não competem
mais com a vocação celestial, elas simplesmente andam juntas, agimos de modo tão natural, sem o
peso da culpa, porque dentro da nossa cabeça, o nosso ponto de vista diz: não está errado, por
exemplo, ter um escravo, ou ser um dirigente despota, ou ser um crente grosso e mal educado etc;
como pode ser isso?
Em primeiro lugar, a Sociologia é uma ferramenta poderosa para evoluir o nosso senso
crítico e, principalmente, o evangelho é eficaz, por ser o poder de Deus, para descolar de nossas
almas aquilo que é errado, nos libertar dessas amarras culturais.
Sem dúvida, vivemos em sociedade3 e nós humanos temos necessidades que precisam ser
preenchidas para a nossa sobrevivência, sejam elas de alimento, moradia e roupas, que são as mais
básicas, como também precisamos de normas, valores, costumes, relações de poder, arte e entender
o que é a vida e o mundo em si; são coisas típicas da raça humana, elas mostram que não somos
meros animais em busca de comida e proteção; fomos criados pelo único Deus, mediante Jesus
Cristo, “em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos” (Colossenses
2.3).
Finalmente, é preciso acrescentar que Deus não nos fez para vivermos sozinhos, “não é bom
que o homem esteja só” (Gênesis 2.18), e sim em sociedade, isto é, numa reunião de homens, não
como um simples ajuntamento de gente dentro de um trem, por exemplo, mas sim numa
coletividade que se caracteriza pelo fato de todos cooperarem nessa manufatura do que é essencial
para cada um de nós e para todos; é isso que nos define como seres humanos feitos à imagem de
Deus. Por fim, nos convencemos disso: a sociedade é o lugar que se contará os feitos do homem,
dos grupos e das classes ali formadas, e é no meio dela onde veremos o agir de Deus na condução
da História do homem na Terra.

3
Tomazi, Nelson Dacio. Sociologia para o ensino médio / Nelson Dacio Tomazi. 2. ed. São Paulo : Saraiva,
2010. Capítulo 1, pg.9.
Cultura

Diante do exposto podemos arriscar uma definição de cultura, se não, vejamos:


De acordo com Ralph Linton4, o vocábulo "cultura" encarado pelo estudos mais profundos no
campo social não inclui aspectos literais mais populares. Cultura diz respeito ao modo de vida visto
num todo, ou seja, quando se reune todas as partes e vê-se como um todo. As partes como, por
exemplo, sei compor uma obra de arte, falo vários idiomas, ou qualquer outra ação das mais simples
para as mais complexas, elas são apenas elementos que compõem o todo da cultura de uma
sociedade. Dentro de uma visão da ciência social não existem pessoas ou sociedades sem cultura.
Toda forma de sociedade tem uma cultura, seja ela a mais simples que for, e quem faz parte dela é
culto porque sofre influência dela desde que nasceu. Se observarmos bem temos no verbete
"Cultura" o significado de um conceito mais geral, fundamentado no estudo e na comparação de
várias outras culturas. Quando se diz que cultura tem certos aspectos, na verdade, isto quer dizer,
tendo em vista todas as culturas observadas, cada uma delas apresentam esses mesmos aspectos
individualmente, uma vez que, o elemento comum em toda e qualquer sociedade é o homem. Seja o
ser humano que for, ele sempre terá as mesmas necessidade característica da espécia, seja no ambito
orgânico ou espiritual. Entretanto, a forma de suprir essas necessidades será tratada de uma forma
particular por cada sociedade assim constituída. Essa forma peculiar de qualquer povo em tratar
suas necessidades dá a origem a cultura local. Por conseguinte, cada cultura diferente observada faz
parte de uma sociedade específica, diferente de outra. Numa sociedade específica há culturas
específicas e estas culturas são tudo aquilo que precisam existir de uma forma organizada e que visa
um uso prático, útil, dentro de tais sociedades. E é, justamente, nessa cultura específica onde se tem
o cenário para o estudo e melhor compreenção de um indivíduo.

4
Cultura e Personalidade. Ralph Linton. Editora Mestre Jou. 1967.
A Sociologia5

Você já se perguntou sobre a razão das pessoas comportarem-se dessa maneira e não de
outra, ou, porque motivo nos relacionamos com os outros de uma forma um tanto patronizada, ou
ainda, qual é o motivo das desigualdades sociais? E o que diremos sobre cultura e a ideologia, como
é inconteste o fato delas estarem nos meios de comunicação global através das redes sociais. Há
outras tantas perguntas que só podem ser respondidas com a ajuda da Sociologia. Ela é um meio
que nos permite conhecer criticamente as questões sociais e, também, as individuais, afastando-nos
do senso comum. Com ajuda da Sociologia podemos entender melhor o comportamento de Filemon
e Onésimo frente a sua época. Vamos para a Sociologia.

- O que é Sociologia?

“A Sociologia – de sócio = social + log(o) + ia = estudo – é a ciência que investiga, fazendo


uso de métodos e técnicas de pesquisa empírica (isto é, baseada na observação controlada
dos fatos), o fenômeno social, não só o descrevendo, como também o explicando mediante
proposições (teses) mais gerais. Por fenômeno social se entende aquele fato que não está
meramente no interior da mente humana, mas se exterioza na comunicação entre homens,
resultando pois, dessa comunicação, como algo novo.
A Sociologia estuda, pois, os fenômenos sociais e, especialmente, o fenômeno
grupal mais amplo, que é usualmente denomidado “sociedade”6.

Vejamos a conexão entre indivíduo, sociedade e cultura. Os três termos apesar de possuírem
uma profunda dependência são distintos entre si. Se olharmos para o indivíduo, ele sozinho tem
pouca relevância, salvo se possuir um grande prestígio, são as carências dele as quais precisam ser
supridas e as competências que possui para isso, é onde fundamenta-se todas, e não algumas,
ocorrências que podem ser observadas no âmbito social e cultural. Com relação a sociedade já
temos o conceito básico e devemos melhorá-lo. Sociedade vem do latim “societas”7 uma palavra
oriunda de “socius”, companheiro, por isso “societas” tem o sentido de colaboração com outros
indivíduos com objetivos comuns, ou seja, serviços recíprocos formando, então, uma sociedade.
8
Sociedade = união de indivíduos, cada um contribuindo da sua forma, e organizadamente visto
como um todo. A Igreja é uma sociedade - “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu
nome, ali estou no meio deles” (Mateus 18.20). 9Dentro da etimologia da palavra Igreja, ela vem do
grego “ekklesía”, um substantivo que quer dizer, ao pé da letra, “chamado para fora”. O termo

5
https://cursosabeline.com.br/.
6
Livro “A explicação sociológica: uma introdução à sociologia”. Cláudio Souto e Solange Souto. São
Paulo:EPU, 1985., p.1.
7
Wikiquote. Desenvolvido pela Wikimedia Foundation. Apresenta conteúdo enciclopédico. Disponível em:
<//pt.wikiquote.org/w/index.php?title=Sociedade&oldid=164196>. Acesso em: 15 jun. 2019.
8
Dicionário de Filosofia de Jacqueline Russ da editora scipione.
9
https://www.estudantesdabiblia.com.br/licoes_cpad/2017/2017-03-08.htm.
“ekklesía” aparece em Efésios 2.19: “Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos
dos santos, e sois da família de Deus” e, na Almeida Revista Corrigida, em Hebreus 12.23: “à
universal assembleia e igreja dos primogênitos inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos
espíritos dos justos aperfeiçoados”. A Igreja deve ser um lugar que manifesta grande prazer e alegria
por ser uma sociedade de salvos pelo Senhor Jesus Cristo, uma reunião de remidos, já cidadãos
pertencentes, pela fé, ao corpo social celestial, Apocalipse 5.11-13.
Na tríade indivíduo, sociedade e cultura, a cultura é, tão somente, as respostas dos membros
de uma sociedade. Segundo Ralph Linto, essa tríade apresenta a seguinte relação de dependência:

“[…] interdependência funcional do individuo, da sociedade e da cultura. [...]


A despeito das inter-relações funcionais do indivíduo, da sociedade e da cultura,
podem estas três entidades, e de fato devem, ser diferenciadas para fins descritivos. Embora
qualquer indivíduo particular seja raramente de grande importância para a sobrevivência e
funcionamento da sociedade a que pertence ou da cultura de que participa, o indivíduo, com
suas necessidades e potencialidades, jaz na base de todos os fenômenos sociais e culturais.
As sociedades são grupos organizados de indivíduos e as culturas, em última análise, nada
mais são do que as reações organizadas e repetidas dos membros de uma sociedade. Por
esta razão, é o indivíduo o ponto de partida lógico para qualquer investigação de
configuração maior”10.

Na vida em sociedade e perante aos fatos que nos rodeiam a Sociologia nos ajuda a ver,
pensar e agir. A Sociologia contribui para uma melhor elaboração das ideias e valores com respeito
aos acontecimentos que estão em minha volta. É o que faz a Sociologia Bíblica da vida em
sociedade dos tempos bíblicos e da Igreja no dias de hoje. Isto não quer dizer que dispensamos a
atuação do Deus Espírito Santo através das revelações e o seu poder de convencimento quando fala
aos corações, claro que não! Na verdade, o sociólogo bíblico, primeiramente subordinado à Palavra
de Deus e com os seus joelhos dobrados, tem nas mãos uma ferramenta poderosa para ajudá-lo na
análise do mundo do Antigo e do Novo Testamento; não só o passado mas também, os dias hoje do
povo de Deus na sociedade em sua volta; do mesmo modo aconteceu com Paulo, através do exame
que ele fez de sua época, auxiliado pelo Espírito Santo, o apóstolo redigiu uma carta para Filemom
e as cadeias da escravidão de Onésimo foram quabradas. Pergunto, para os dias de hoje qual seria a
leitura que faríamos da Igreja nesse cenário global? Mas, será preciso mesmo fazer alguma leitura,
não é melhor deixar para lá?
Felizmente, os apóstolos não pensavam assim, observe o Novo Testamento, ele é um
compósito de cartas com conteúdos os mais diversos, alguns deles tratavam do padrão dual de
comportamento entre os crentes daquele tempo, dentro deles não havia uma emulação entre o santo
e o mundano, as duas vocações conviviam em paz, da mesma forma foi na vida de Filemom.
Presentimente, este padrão dual está de volta, forte como nunca, não para uma maioria

10

Cultura e Personalidade. Ralph Linton. Editora Mestre Jou. 1967, pg. 18,19.
esmagadora de cristãos convictos da sua chamada, e sim, dentro de uma minoria bastante expressiva
de crentes, expressiva porque alguns deles fazem parte das lideranças.
Com toda a certeza, a Sociologia contribui na ampliação do nosso senso crítico, uma vez
que, nem tudo precisa o Senhor Deus revelar por meio de profetas; bastar olhar, com bastante
atenção, em volta e dentro de nós e em volta e dentro da Igreja, sem dúvida, teremos o
discernimento do que está acontecendo nas nossas vidas, bem como no âmbito da Igreja - “porque,
em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos” (1 Coríntios 13.9).
A Sociedade das Ovelhas

Vamos resumir o que foi dito acima sobre sociedade, cultura e indivíduo com a “A
Sociedade das Ovelhas”. Além de repetirmos alguns conceitos para reforço, introduziremos aqui a
ideia do supracultural, uma vez que, é uma sociedade das ovelhas de Cristo, elas pertecem ao Reino
de Deus.
Em primeiro lugar, devemos definir o que é supracultural. Segundo Bruce J. Nicholls11
supracultural são "os fenômenos da crença e do comportamento culturais que têm sua origem fora
da cultura humana” - um conceito mormente aceito pela Igreja -, continua Nicholls “Em última
análise, a crença na supracultura é um passo da fé (Hb. 11:6)" (op. cit., p.11).
O que é aceito pela fé pelo cristão está em contraste com o admitido pelo pesquisador no
campo da ciência social, na sua mente martela o “talvez”. De acordo com a visão deles a sociedade
é hermética, é o que disse Nicholls, eles - “Supõem que o mundo é um sistema fechado” (op. cit.,
p.12) -; realmente, a ciência social considera a religião um produto das atividades do homem na
tentativa de suprir suas necessidades em questões espirituais. Em suma, Deus e a religião são, por
certo, um elemento cultural. Nicholls pontua, de modo bem claro, essa visão do antropólogo e do
sociólogo - “alegações acerca do conhecimento de âmbitos supraculturais são, elas mesmas, o
produto do sistema” (op. cit., p.12).
Da mesma forma como Jesus chamou à atenção de Tomé - “Disse-lhe Jesus: Porque me
viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram” (João 20:29) -, o crente é
chamado à atenção para a existência real no supracultural, a exemplo de Moisés que “ficou firme,
como vendo o invisível” (Hebreus 11:27). Deus “é o Criador e Senhor soberano que controla o
mundo criado e age dentro dele de acordo com o Seu próprio propósito. Os conceitos bíblicos da
profecia, dos milagres, da escatologia e, supremamente, da Encarnação, indicam a realidade desta
convicção” (Nicholls, op. cit., p.12). Por exemplo, a formação da sociedade de Israel demonstra que
sua cultura não era somente terrena, mas uma manufatura sob a influência do supracultural e,
também, das condições e circunstâncias em que viviam - “A cultura dos hebreus não era apenas o
produto do seu meio-ambiente, mas era a interação entre a supracultura e os hebreus no seu meio
ambiente e na sua história” (Nicholls, op. cit., p.12).
Por fim, a Bíblia nos convence que Satanás também faz parte dessa realidade supracultural -
“A outra origem supra-cultural dos fenômenos na cultura é a demoníaca” (Nicholls, op. cit., p.12).
Este reino satânico atua neste mundo através da “concupiscência da carne, a concupiscência dos
olhos e a soberba da vida” (1 João 2:16).

11
NICHOLLS, BRUCE J. , Contextualização: Uma Teologia do Evangelho e Cultura. Editora Vida Nova, 1987.
(p.11,12).
Algumas coisas sobre as ovelhas (definições básicas)

Necessidade

A minha base de pesquisa para o texto abaixo estão nas seguintes fontes: 1. “Comunicação
não-violenta: Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais”, de Marshall B.
Rosenberg; 2.“Comunicação Não-Violenta Diálogos e Reflexões”. Organizadores: Mayara
Carvalho, Lucas Jeronimo, Elaine Cristina da Silva. Belo Horizonte - MG. 2020; 3.”Teoria das
necessidades humanas básicas Processo de enfermagem”, da Profa Adriene Kviatkovski; 4. O texto
“Processo de cuidar em enfermagem”, <www.ifcursos.com.br> Prof.ª: Rhamize Sousa; 5.Nelson
Dacio Tomazi. Do seu livro "Sociologia para o ensino médio, 2. ed. — São Paulo : Saraiva, 2010".
Segundo o Salmo 23 nós somos seres humanos e, ao mesmo tempo, ovelhas dentro do
aprisco do nosso Pastor Jesus Cristo - ele sempre nos leva para beber nas águas tranquilas e comer
em pastos frescos. Todos, sem exceções, temos essas necessidades no campo biológico, emocional e
espiritual. Precisamos sempre preenche-las e é uma tarefa que nunca acaba enquanto estivermos
aqui nesta Terra. Vejamos quais são as três áreas que o Salmo 23 revela:
- Alimento (pasto): comida e águas tranquilas. É claro que precisamos trabalhar para alcançar isso.
- Proteção (aprisco): São os diversos grupos nos quais estamos inseridos para ali nos relacionamos -
família, trabalho, Igreja etc -, lugares onde encontramos as “águas tranquilas” para o nosso
emocional.
- Orientação para desenvolver a nossa vida espiritual: Jesus Cristo, Salvação e a Igreja.

É evidente que cada ovelha de Jesus possuem as mesmas carências, também, elas tem as
suas predileções e maneiras próprias de satisfazê-las. Agora, não podemos confundir a necessidade
com a maneira de supri-la, uma vez que, essa forma de supri-la é uma escolha pessoal, e existem
muitas formas de satisfazer uma necessidade: são gostos, predileções e inclinações. Por isso são
chamadas de necessidades fundamentais porque são àquelas inerentes a todas os seres humanos,
sem exceções, todavia a forma como se apresentam e a maneira de supri-las é diferente de uma
ovelha para outra.
As necessidades são motivadoras das ovelhas, impulsionam o homem para a atividade,
trabalho e de se expressar. O Psicólogo americano Abraham Maslow (nasceu 1 de Abril de 1908 em
Nova Iorque. Morreu em 8 de Junho de 1970 na Califórnia12) em 1954 estabeleceu uma teoria
dentro do campo motivacional que, segundo ele, essas necessidades dividem-se em duas categorias
(Hierarquia de necessidades de Maslow13): 1. As as carências biológicas e da sensação de proteção;
2. Sentido de ser e de pertencer porquanto abrangem o intersocial (viver em sociedade), a relação de
si para si (autoestima) e conseguir algo na vida que satisfaça (autorrealização).
Todas essas carências possuem graus de subordinação, valores: primeiro preenche-se esta
necessidade por causa do seu grau de importância com relação a outra, a qual será suprida em
tempo oportuno, após àquela primeira ser satisfeita; e assim sucessivamente.
De acordo com Maslow, as exigências orgânicas, a proteção (abrigo, amparo), o ser amado e
amar, ter autoestima (estimar e ser estimado) e alcançar na vida o que queria ser, isso tudo
representam o que as ovelhas de Jesus, ou de outro aprisco, precisam ter num nível terrestre – o que,
aliais, é muito bem simbolizado, no Salmo 23, pela águas tranquilas e pelos pastos verdejantes.
Principalmente, esse Salmo apresenta uma outra necessidade mais fundamental que as demais que é
aquela demonstrada pelo pastor conduzindo as ovelhas em direção às águas tranquilas e pastos
verdejantes, ou seja – a nossa vida espiritual. Segundo João Mohana14 esta camada representa as
necessidades psicoespirituais, as quais abrangem três aspectos: o primeiro é o espiritual – um
adendo: para nós evangélico, segundo a Santa Bíblia, é a parte mais fundamental das ovelhas de
Cristo - o espiritual representa comunhão com Deus mediante a Salvação por Jesus Cristo, com
todos os aspectos religiosos característicos. Prosegue João Mohana e apresenta a ética e a filosofia
de vida, os demais aspectos daquilo que ele entende por psicoespiritual. Interessante que o
Psicólogo americano Abraham Maslow apresentou duas categorias de necessidades que João
Mohana classificou como psicobiológicas e psicossociais e Mohana acrescentou a psicoespiritual.

12
ABRAHAM MASLOW. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2019.
Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Abraham_Maslow&oldid=54564557>. Acesso em:
20/02/2021.
13
Ibidem.
14
Nome completo: João Miguel Mohana (nasceu em Bacabal, 15 de junho de 1925. Morreu em São Luís em 12
de agosto de 1995). Ele foi um padre, médico e escritor brasileiro. JOÃO MOHANA. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia
livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2020. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Jo
%C3%A3o_Mohana&oldid=58743979>. Acesso em: 20/02/2021.
Finalmente, podemos resumir as necessidades das ovelhas pontuando alguns tópicos,
conforme a figura abaixo:

Os homens são ovelhinha de Jesus

O que é Sociedade de ovelhas? Ela é um grupo de ovelhas que através do seus modos de ser,
sentir, pensar e de reagir mostram formas, em geral, homogêneas de viver. A Sociologia é a ciência
do viver em sociedade, ela trata das relações e do fatos sociais (são os fenômenos socias) realizados
pela ovelhas em sociedade. Estes fatos sociais produzido pelas ovelhas geram novidades na
sociedade podendo moldá-la e, ao mesmo tempo, eles moldam a ovelhinha. Em suma, as ovelhas de
uma sociedade, de um aprisco determinado, possuem suas maneiras de sentir, tem o seu ponto de
vista e o seu modo de comportar-se, elementos esses que produzem aqueles aspectos sociais
próprios dessa sociedade ou daquele aprisco em particular. Com efeito, essas formas de sentir, os
pontos de vista e a maneira comportar-se, elas se popularizaram, propaga-se para várias ovelhas –
esse fenômenos chama-se de fatos sociais. Por exemplo: valores, normas sociais e convenções. A
propósito, elas já estão ali quando a ovelhinha nasce (E. Durkheim15).
15
Seu nome completo é: David Émile Durkheim (nasceu em Épinal, 15 de abril de 1858. Morreu em Paris, 15 de
Por certo, qualquer ovelha de Jesus tem necessidades e a capacidade de supri-las dadas pelo
Criador. Conforme Ralph Linton no seu livro (op. cit.), toda ovelha de Jesus representa o indivíduo,
ele é a base dos fenômenos no campo social e cultural. Uma ovelhinha junta-se a outra, e a outra,
formando um grupo organizado, cada uma motivadas em suprir suas necessidades e carências,
juntas relacionam-se, protegem-se e mais fica trabalhar e compor as outras áreas da vida de cada
ovelha, por exemplo, plantar, colher, construir etc. Esse grupo organizados forma uma sociedade,
diferentemente de ovelhas apenas juntas bebendo água num bebedouro, por exemplo. Repito,
motivadas por suas necessidades, seja a ovelhinha qual for, ela se junta com outras para formar
grupos e assim suprir as suas carências. É nessa linha de ação em que aparece o fenômeno da
cultura. A cultura nada mais é do que aquilo que nasce dessa organização e é reproduzido pelas
ovelhinha membros de tal grupo, ou da sociedade no geral que é um grupo mais extenso.
Certamente16, as ovelhinha de Jesus precisam suprir suas básicas, àquelas que já falamos:
necessidades de comida (pasto), roupas (lã) e um lugar no qual ofereça resguardo e proteção
(aprisco), porém, tem outras carências tais como: valores, normas, costumes, uma visão do mundo e
da vida e, quando se quer alguma coisa que depende de outro, é preciso estabelecer uma relação de
poder; isso tudo vai acontecer porque estamos em sociedade, sociedade implica organização. Logo,
a vida da ovelhinha em sociedade é tomar parte nesta tarefa de suprir o básico e todas as demais
carências construindo, assim, a história daquelas ovelhinhas desse grupo, dessa sociedade. A ideia
de sociedade é de um “fenômeno grupal mais amplo17”
Enfim, para que essas coisas acima venham acontecer as ovelhinhas precisam estar unidas e
juntas elas amoldam o mundo ao redor delas em conformidade com àquilo que elas precisam e são
modeladas como consequencia disso. Neste processo de amoldar e de ser moldado é inevitável a
necessidade da conservação e da propagação disso tudo que está acontecendo, e isso se dá através
da cultura. Todas as ovelhas são potencialmente importantes em razão de cada delas poderem
contribuir para o seu grupo, para a sua sociedade.

novembro de 1917). Ele atuou em várias frente como - sociólogo, antropólogo, cientista político, psicólogo social e
filósofo francês. ÉMILE DURKHEIM. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2020.
Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=%C3%89mile_Durkheim&oldid=59782534>. Acesso em:
20/02/2021.
16
Nelson Dacio Tomazi. (op. cit., p.7)
17
Livro “A explicação sociológica: uma introdução à sociologia”. Cláudio Souto e Solanga Souto. São
Paulo:EPU, 1985.
Psicologia

Introdução

Antes de mais nada, o objeto de estudo da Psicologia é o homem, mas o interesse dela é
diferente com relação os outros ramos da Ciências Humanas porque o seu objeto formal é a psique
humana. Por certo, de acordo com Freud18 a “vida mental” e “nossos atos de consciência” são o
campo de estudo e tratamento do psicólogo.

Conhecemos duas espécie de coisas sobre o que chamamos nossa psique (ou vida
mental): em primeiro lugar, seu órgão corporal e cena de ação, o cérebro (ou sistema
nervoso), e, por outro lado, nossos atos de consciência, que são dados imediatos e não
podem ser mais explicados por nenhum outro tipo de descrição.

Ora essa, aquele pesquisador e médico da psique é homem também, ele tem um cérebro, o
local da “cena de ação” da psique, por conseguinte, ele mesmo pode influenciar às suas pesquisas,
às suas observações, de acordo com a sua visão de homem que ele carrega dentro de si. Sim, a
Filosofia, as doutrinas políticas, Economia, História etc, cada uma, do seu jeito, dá sua interpretação
de homem. Imaginem dois exemplos de formas de entender o homem19: uma, o psicólogo vê o
homem como o filósofo francês Rousseau via – um homem veio puro e foi estragado pela sociedade
e só a filosofia poderia ajudá-lo a voltar ao estado puro novamente. Outra, e se a visão de homem
daquele psicólogo fosse contrária a de Rousseau - o ser humano não muda, não importa a ação da
sociedade sobre ele. Ademais, no meu livro de pesquisa, Psicologias, definem o homem assim:
“Nós, autores deste livro, vemos esse homem como ser datado, determinado pelas condições
históricas e sociais que o cercam” (op. cit., p.22).
Por fim, Jung chamou à atenção para este perigo que a psicologia corre, ele disse:

Parece-me, às vezes, que a psicologia ainda não compreendeu nem a proporção gigantesca
de sua missão, nem a perplexidade e desanimadora complicação da natureza de seu tema
central: a própria psique. […] com a madrugada ainda muito obscura para compreendermos
perfeitamente o porquê da psique, constituindo-se no objeto da observação e do julgamento
científicos, ser ao mesmo tempo o seu sujeito, o meio através do qual se fazem tais
observações. A ameaça de um círculo tão espetacularmente vicioso tem-me levado a um

18
FREUD, S. (1940 [1938]) Esboço de psicanálise. Edição Standard Brasileira das Obras Completas de
Sigmund Freud,vol. XXIII. Rio de Janeiro: Imago, 1996. (p.92).
19
BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias – Uma introdução ao estudo de
psicologia. São Paulo: Ed. Saraiva: 2001., p.21,22.
extremo de relativismo e cuidado, quase sempre incompreendido20.

Subjetividade

Nos exemplos anteriores, eles deixam claro que existem uma diversidade de valores sociais,
certamente, surge na sociedade uma diversidade de tipos de pessoas, sem dúvida, cada uma elas tem
uma visão diferente da outra. Ao mesmo tempo, segundo Jung, existem uma grande variedade de
fenômenos psíquicos - “O que me perturba não são as teorias, mas, um grande número de fatos”
(Jung, op. cit., p.21,22). Como a psicologia tratará disso tudo: vários tipos de pessoas e uma
variedade fatos psíquicos? Diante dessas dificuldades, uma das maneiras da psicologia tratar o
homem é o estudo da sua subjetividade, mas o que é isso? (Psicologias, op. cit., p.21,22).
A Subjetividade – “Qualidade do que expressa pontos de vista e julgamentos de valor da
própria pessoa, seus sentimentos e preferências”21, em outras palavras, subjetividade é aquilo que
está em você e não nas coisas. Todavia, o simples significado dado pelo dicionário é por demais
resumido. Vamos ampliar o conceito de subjetividade.
Comecemos por aqui - subjetividade é aquilo que está em você e não nas coisas, mas quem
é você, quem somos nós? Somos seres humanos e cada um de nós revelamos várias coisas quando
nos apresentamos: uma é sobre a pele – todos veem -, são os nossos comportamentos; outra, já é
debaixo da pele – os sentimentos dentro da gente, aquilo que pensamos; outra ainda, cada um de
nós somos únicos, não existem dois iguais e, ao mesmo tempo, somos todos iguais – seres humanos
com as mesmas necessidades físicas, psicológicas e espirituais. Observe, de um ser humano
procedem vários elementos, do simples desenboca no complexo – isso se chama de síntese.
Portanto, a subjetividade é um síntese única de cada ser humano, nunca existiu duas iguais.
Se você chegou até aqui, poderia perguntar – por que a subjetividade é sui generis? Em
primeiro lugar, duas coisa que o ser humano faz e não tem escolha: ele se desenvolve, passa por
várias fases da vida humana até a morte e, tem ele experiências de vida porque existe na vida social
e cultural da sua sociedade. Lembre-se, cultura segundo Bruce J. Nicholls22 é:

Nas mentes de muitas pessoas, a palavra cultura é associada com atividades tais como o
teatro, a música, a arte, a poesia, a literatura; e uma pessoa culta é considerada como sendo
quem adquiriu um conhecimento sofisticado destas atividades […]. Esta definição popular
é por demais estreita, porque a cultura abrange a totalidade da vida. […] O termo cultura

20
Livro: Fundamentos de Psicologia Analítica. As Conferências de Tavistock. Coleção Psicanálise.
Por C.G.Jung. Vol. I. Editora Vozes, 1972; p.21.
21
Disponível em: < https://www.dicio.com.br >. Acesso em: 25/02/2021.
22
Fatores Culturais E Supraculturais Na Comunicação Doevangelho Nicholls, Bruce J., Contextualização: Uma
Teologia do Evangelho e Cultura. (p.10).
como tal é um conceito abstrato. Sempre se deve ter um conceito dele como sendo o
envolvimento na vivência.O professor John S.Mbiti, na Assembleia Pan Africana de
Liderança Cristã, em Nairobi, 1976, deu uma definição prática da cultura como sendo “o
padrão humano de vida como resposta ao ambiente do homem”.

Já falamos sobre isso, os seres humanos se reunem em grupos para suprirem suas
necessidade através de atividades, juntos sempre é mais fácil, por isso somos sociais, Deus nos fez
assim. Nesse “envolvimento na vivência” cria-se o “ambiente do homem” e, como resultado, é
criado a cultura desse grupo, um grupo extenso temos a sociedade. Nessa produção do homem para
suprir suas necessidades temos, em síntese, a cultura – parte do simples, reunião de pessoas, para
produzir o complexo, como mostra Nicholls: “[...] a agricultura, as artes, a tecnologia; [...] as
instituições, as leis, os costumes; [...] a linguagem, a filosofia, a religião, os valores espirituais, a
cosmovisão” (Nicholls, op. cit., p.10).
Nesse complexo acima demonstrado por Nicholls é o local social e cultural onde nós
existimos e temos nossas experiências de vida, é desse local que retiramos os diversos materias com
os quais formamos as nossas bases, as quais organizam o nosso interior, formando, assim, a nossa
subjetividade. Uma subjetividade que é pessoal, distingue você de outra pessoa e, ao mesmo tempo,
faz de você igual a qualquer um porque todos existem e tem suas experiências de vidas no mesmo
cenário social e cultural, apropiando-se dos mesmos materiais sociais. O que a subjetividade
constrói e organiza dentro da gente ao ponto de tornar-nos únicos, cada um ser diferente do outro?
São três elementos produzidos pela subjetividade: as “ideias, significados e emoções” (Psicologias,
op. cit., p.23) - cada ser humano tem suas próprias ideias, atribuem os seus significados carregados
de afetos pessoais e reagem do seu jeito emocionalmente. Além disso, e esse é momento certo para
mencionar que, dentro dessa construção pessoal, a subjetividade é construída em cima do biológico
que cada um tem - trazemos para este mundo a nossa pessoa, com nossas potencialidades -; o
biológico é uma característica distintiva de outra pessoa, e ajuda-nos nessa individualidade. Por fim,
é da subjetividade a procedência de nossas “manifestações afetivas e comportamentais”
(Psicologias, op. cit., p.23).
Se pensarmos um pouco sobre Filemom e Onésimo no tempo do apóstolo Paulo, naquela
sociedade onde a escravidão era algo tão comum - crescer e morrer vendo escravos, tendo escravos,
sendo escravo - era normal, lembre-se: “Nós, autores deste livro, vemos esse homem como ser
datado, determinado pelas condições históricas e sociais que o cercam” (Psicologias, op. cit., p.22)
– certamente, o cristão Filemom e possuidor de escravos era o homem do seu tempo, a sua
subjetividade estava alimentada pelo conteúdo social do seu tempo, pela forma daquela sociedade
entender a organização social de classes; são os modêlos, a espisteme da época com os seu
discursos, um deles foi a escravatura – pessoas até se faziam escravas para pagarem as suas dívidas
-, dá para ver como a escravidão estava bem costurada na vida social e cultural de Filemom,
Onésimo e do apóstolo Paulo. A subjetividade fornece uma boa explicação do o porquê do “Efeito
Onésimo no Pastorado”.
Sem dúvida, Filemom mudou através da carta do apóstolo Paulo - obra direta do Espírito
Santo -, no decorrer dela, Filemom foi confrontado por uma outra realidade que é o supracultural de
Deus – O Reino de Deus -, no qual ele era cidadão como cristão. É evidente que a subjetividade de
cada um vai mudando – você não é o que era e irá mudar -, e em áreas bem alicerçadas, que mais
parecem uma construção bem fortificada, a Palavra de Deus é poderosa para modificá-la:

4 Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para
destruição das fortalezas; 5 Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o
conhecimento de Deus, e levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo (2
Coríntios 10).

Com toda a certeza a subjetividade de cada um vai mudando – sem dúvida, você não é o que
era e irá mudar. Por que? Porque mundo externo muda, vivenciamos novas coisas, crescemos e
envelhecemos. Vamos falar sobre isso.
A subjetividade não nasce com você, ela é elaborada dentro gente, tendo como primeiro
elemento o nosso biológico. Ela passa a utilizar os materias sociais (social e cultural) sobre o nosso
biológico e, a tua subjetividade, o você de agora - “datado, determinado pelas condições históricas e
sociais que o cercam” (Psicologias, op. cit., p.22) – é formado. Consoante ao que foi dito, David G.
Myers diz:

A psicóloga social Hazel Markus (2005) resume: “As pessoas são, acima de tudo,
maleáveis” [...] Nossas atitudes e comportamento são moldados por forças sociais externas.
Forças internas também importam. Não somos folhas soltas, simplesmente levadas
por este ou aquele caminho pelos ventos sociais. Nossas atitudes internas afetam nosso
comportamento. [...] Nossas opiniões sobre o tabagismo influenciam nossa suscetibilidade
às pressões sociais para fumar23.

Porém, David G. Myers acrescenta - “Forças interna também importam. Não somos folhas
soltas, simplesmente levadas [...] pelos ventos sociais” (Myers, op. cit., p.31) -, é uma referência ao
conceito já exposto anteriomente - trazemos para este mundo a nossa pessoa, com nossas
potencialidades –, não só sofremos à ação do social, mas também praticamos ações, agimos nesta
sociedade, obramos sobre ela – obramos24: operamos, labutamos, trabalhamos, realizamos, fazemos,
fabricamos. Da mesma forma - “Criando e transformando o mundo (externo), o homem constrói e
transforma a si mesmo” (Psicologias, op. cit., p.23). Por isso, o homem é “datado” porque a nossa

23
Psicologia Social de David G. Myers – 10. ed. - Porto Alegre: AMGH, 2014., p. 31.
24
Disponível em: < https://www.dicio.com.br >. Acesso em: 27/02/2021.
sociedade não para, ela evolui por causa do próprio homem movimentá-la com novos materiais
sociais e culturais,
por exemplo, avanço na tecnologia, novas leis, outros costumes, variações na linguagem, mudança
na cosmovisão etc (Nicholl, op. cit., p.10). São novas matérias-primas para fundamentar as nossas
subjetividades – somos transformados para novamente transformar, com “pitadas do nosso prório
tempero”.
Quando paramos para observar as subjetividades, nossa e de outros, elas espelham o
quando do “cultural, do político, do econômico e do histórico” (Psicologias, op. cit., p.23) estão
dentro e fora de nós através de comportamentos carregados de afetos. Os afetos ela compõem a
nossa subjetividade - “Nossas expressões não podem ser compreendidas, se não considerarmos os
afetos que as acompanham” (Psicologias, op. cit., p.190) – por exemplo: “Nosso modo de reagir ao
insulto de um amigo depende de se o atribuirmos à hostilidade ou a um mau dia” (David G. Myers,
op. cit., p.19).
Em todos ramos das Ciências Humanas, e cada um trabalha o homem da sua maneira, no
ramo da Psicologia, independente de qual seja o seu campo de ação, sempre partirá da síntese do
homem chamada subjetividade - “é o homem-corpo, homem-pensamento, homem-afeto, homem-
ação” (Psicologias, op. cit., p.23).

O que é o homem em poucas palavras

Queremos trazer à memória acerca desse pequeno livro o “Efeito Onésimo no Pastorado”:
ele busca explicações dentro das ferramentas atuais das Ciências Humanas sobre a causa de
Filemom proseguir como senhor de escravos, apesar de ser um cristão confesso e elogiado pelo
apóstolo Paulo. Não que o cristão precise desse esclarecimento para alimentar a sua fé, claro que
não, caso contrário, tal crente tem sérios problemas. Quando discorremos sobre “As Ciências”
comentamos sobre o personagem bíblico de Noé. Imagine se um novo Noé fosse chamado para
construir uma nova arca hoje, em pleno século XXI, como ele construiria? Ele usaria as técnicas dos
tempos bíblicos do seu predecessor ou as modernas técnicas de construção naval? É evidente que
ele usaria a tecnologia moderna e não as rústicas do seu antecessor, e nem por isso seria menos
crente, porquanto, o objetivo aqui é construir a arca nas medidas dadas por Deus e não copiar os
costumes, o modo corrente de como as coisas eram feitas nos tempos bíblicos, com o objetivo
aparente de santidade, não tem sentido isso! Por isso, a Bíblia deixa você à vontade para procurar,
com bom senso, as melhores técnicas, escolher àquelas que ajudam a construir uma explicação sem
afetar “as medidas” dadas por Deus contidas na Bíblia Sagrada, assim endossou o apóstolo Paulo -
Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro
edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode pór outro
fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo (1 Coríntios 3:10,11) - Edicação25: ato,
processo ou efeito de edificar(-se); ação de instruir, esclarecer, informar.
Novamente queremos pedir ajuda para a psicologia, psicanálise, sociologia, filosofia e tem
mais uma ciência: a Psicologia Analítica. Ela é bem interessante para as nossas pesquisas. O
médico, Psicólogo, psiquiatra suíço Carl Gustav Jung (Nasceu em Kesswil, Suíça, em 26 de julho
de 1875. Faleceu em Küssnacht, Suíça, em 6 de junho de 1961) foi um dos principais seguidores de
Freud, mas ele se afastou da psicanálise para criar a psicologia analítica26. A Psicologia Analítica é
menos mecanicista porque ela entende que nem tudo pode ser explicado apenas por leis e teorias da
matéria, como quer o mecanicismo doutrina do século XVIII. É uma psicologia que abre certos
parentesis, como descrevemos abaixo, não que Jung fosse religioso, inclusive, ele achava muito
importante qualquer religião para o desenvolvimento do ser humano, dentro da sua visão de
psicólogo, é claro! Como pesquisador, Jung não fechava a questão, deixava em aberto, não ficava
testanto hipótesis ou subjugando um fenômeno a esta ou àquela teoria; o importante para ele era
descrever e analisar. Por isso, Jung tinha por hábito utilizar o termo "como se"27 quando abordava
temas complexos, por exemplo, a alma humana; Jung compreendia bem as limitações da mente
humana em compreender temas tão difíceis. Não é à toa o seu interesse nos dados experimentais e
nos fatos bem determinados porque, segundo ele, é difícil conciliar as ideias com a realidade e um
assunto pode ter muitos modos de apreciá-lo (Op. Cit., p.7). Jung vê "o homem na sua realidade
individual e concreta" - o homem é feito de matéria e psique e devemos tratar da alma humana sob
vários ângulos (Op. Cit., p.8). Por isso a Psicologia Analítica trata o homem total:

[…] na sua totalidade existencial, carne e espírito ao mesmo tempo, consciente e


inconsciente, realidade histórico-cultural. […] Jung afirma[…] que a experiência das
profundezas da alma é uma experiência mística […] no sentido de […] descoberta
existencial do mistério da alma (Op. Cit., p.9).

É bem interessante uma ciência com esse entendimento. Muitas coisas que Jung disse
fornecem materiais para construção de boas explicações em certos assuntos na Bíblia, embora ele
não estava nem pensando no livro santo – ele mirava numa coisa e inconscientemente acertava em
outra -, “e de pensar que era preciso abordar a alma humana de diferentes pontos de vista” (Op. Cit.,
p.8) -, realmente, um dos pontos de vista é do próprio criador do homem – Deus.

25
Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa.Versão 2a – Abril de 2007.
26
©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
27
Fundamentos de Psicologia Analítica. As Conferências de Tavistock. Coleção Psicanálise. Por C.G.Jung. Vol.
I. Editora Vozes, 1972; p.7.
Nos cinco tópicos abaixo sobre homem as minhas fontes de pesquisas, além da Bíblia, foram
no ótimo livro de Watchman Nee - “O Homem Espiritual”. Editora Betânia -, e na revista de no 60
da Série Lições da Palavra de Deus - Corpo, alma e espírito: de onde eu vim; qual o meu propósito;
para onde eu irei? Comentarista: Joá Caitano (4o Trimestre/2019).

1- O que é o homem?

A Bíblia responde: Um ser físico espiritual porque foi modelado da terra (físico) por Deus e
recebeu algo da parte dele (espiritual). O homem tem uma alma livre, ele pensa, sente e faz o que
quer, mas só não é livre da “fome” de Deus e enquanto essa fome não for saciada nunca terá paz. O
Senhor Deus fez assim para proteger homem de si mesmo. São os instintos da alma. O homem na
condição de imagem e glória de Deus (1 Coríntios 11.7) cuida daquilo que pertence ao Senhor: o
Planeta Terra e tudo que nele há (Gênesis 1.26), e ainda deve povoá-la (Gênesis 1.28). Portanto,
homem é: um ser físico espiritual; alma livre, pensa e sente, feito para a imagem e glória de Deus
(1 Coríntios 11.7), mordomo daquilo que pertence ao seu Senhor, isto é, o Planeta Terra, e tudo que
nele há (Gênesis 1.26), e ainda deve habitá-la (Gênesis 1.28).

2- O Homem é um ser Uno e ao mesmo tempo Trino

“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo,
sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo", 1
Tessalonicenses 5:23. Essa tríplice divisão que as Santas Escrituras faz do homem é uma maneira
didática para compreende-lo melhor, porém, isso não pode ofuscar o fato do Senhor Deus tratar-nos
de forma oniconpreensiva quando chama, por exemplo, pelo nosso nome: "E chamou o Senhor
Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás?" Gênesis 3:9. E também da maneira como o Senhor Deus
examina o ser humano e, uma delas, é da forma dinâmica: "Portanto, pelos seus frutos os
conhecereis", Mateus 7:20. O Senhor Deus nos vê de forma completa. Agora, a biopsicomecânica
do ser humano é fantástica.
Não é à toa que tudo sobre a criação de Deus é extremamente difícil, por isso recisamos
criar modelos para tentar entende-la. Pois é, estamos falando de uma mente infinitamente sábia do
Senhor Deus. Nós ficamos tal qual os magos no Egito tentando, através da ciência, repetir os
milagres que Moisés realizava por Deus, chega uma hora que não dá para fazer igual visto a
complexidade e superioridade das obras de Deus; no máximo que podemos fazer é criar hipóteses,
modelos e no final ficamos frustrados igual aos magos: "Então disseram os magos a Faraó: Isto é o
dedo de Deus [...]", Êxodo 8:19.
Realmente, o homem foi feito pelos dedos de Deus: “E formou o Senhor Deus o homem do
pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente", Gênesis
2:7. Está foi a vontade da Trindade Santa: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem,
conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o
gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra", Gênesis 1:26. O salmista
declara esse momento da criação lindamente:

Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste; Que é o
homem mortal para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o visites? Pois
pouco menor o fizeste do que os anjos, e de glória e de honra o coroaste. Fazes com que ele
tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés: Todas as
ovelhas e bois, assim como os animais do campo, As aves dos céus, e os peixes do mar, e
tudo o que passa pelas veredas dos mares. Ó Senhor, Senhor nosso, quão admirável é o teu
nome sobre toda a terra!, Salmos 8:3-9.

3- Por que fomos criados?

O profeta Isaías responde: “A todos os que são chamados pelo meu nome, e os que criei para
a minha glória: eu os formei, e também eu os fiz”, Isaías 43:7. A cada dia nasce seres humanos,
cada um que nasce deverá ou deveria ser para louvor do criador. O ser humano vem a este mundo
através das leis biológicas criadas por Deus, segundo o modelo feito diretamente pelas mãos do
Onipotente: “E à mulher disse: [...] darás à luz filhos [...]”, Gênesis 3:16. Interessante que o ventre
materno é retrato nos Salmos:

Eu te louvarei, porque de um modo assombroso, e tão maravilhoso fui feito; maravilhosas


são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem. Os meus ossos não te foram
encobertos, quando no oculto fui feito, e entretecido nas profundezas da terra. Os teus olhos
viram o meu corpo ainda informe; e no teu livro todas estas coisas foram escritas; as quais
em continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas havia Salmos 139:14-16.

Muito bem, o Senhor Deus criou-nos para a sua glória e louvor. De posse desse
entendimento vamos nos ater um pouco na mecanica do funcionamento do ser humano, tentar
entender a natureza humana através do processamento maquinal do seu ser.
Antes de mais nada, anteriormente comentamos como a psicologia trataria dos vários tipos
de pessoas e com a diversidade de fatos psíquicos existentes e, diante desses obstáculos, uma das
formas que a psicologia encontrou foi ocupar-se da subjetividade do homem. Lembre-se, a
subjetividade é aquilo que está em você e não nas coisas; nós somos seres humanos e cada um de
nós dar-se a conhecer por meio de várias coisas, coisas que todos veem – aquilo que está sobre a
pele. Mas, tem aquelas outras coisas localizadas debaixo da pele, ou seja, os sentimentos dentro da
gente e tudo aquilo que pensamos - ver o homem é vê-lo sobre e debaixo da sua pele, é complexo.
Recorda-se, que cada um de nós somos únicos e, ao mesmo tempo, somos todos iguais; e do ser
humano tem origem toda sorte de elementos. Por isso, precisamos contemplar o homem como uma
síntese e a sua subjetividade é esta síntese. Muito bem, já fizemos isso, mas precisamos trabalhar
em dois conceitos, um é a Psique – por meio dela alimenta-se a nossa subjetivadade. O outro
conceito é sobre a Alma. Ela confundi-se com a psique, todavia, não são iguais. Queremos dar um
tratamento um pouco maior nestes dois termos, não de modo exaustivo, esgotando cada pedacinho
deles; não é o escopo desse livro. Daremos um pouco mais de atenção, por dois motivos: 1.
Demonstraremos que há certos termos científicos, os quais, por serem tão complexos, vários livros
precisariam ser escritos para estudá-los e, mesmo assim, não esgotaria totalmente o assunto. 2. A
vertente desse livro é de cunho cristão, portanto, qualquer tópico a respeito desse assunto,
consideraremos a possibilidade de ir um pouco mais afundo, com critério, é claro!
Psique ou Alma ou Espírito

Em primeiro lugar, é preciso deixar bem claro que este conceito, juntamente com a alma, são
complexos, principalmente quando foge da linha cristã. A princípio, nossa intenção é o básico
dentro de uma visão geral no léxico, com Freud e Jung. Finalmente, é preciso acrescentar a visão
cristã sobre a alma e sobre o espírito. Vamos para uma visão no léxico de cada língua.
A Psique são os “nossos atos de consciência, que são dados imediatos [...]”28. Na visão de
Jung da psique: “[...] a totalidade dos processos psíquicos conscientes e inconscientes”29. O termo
“psique” vem do “grego psykhe, sopro, alma, vida (Jacqueline Russ, Op. Cit., p.237). Ainda, por
Psique podemos dizer que é o “Antigo termo grego que indica o lado mental, emocional e espiritual
do homem; conceito que pode ser representado, em linguagem moderna, por termos como 'mente',
'eu' ou 'alma'”30.
A alma, segundo Descartes: "De sorte que este eu, isto é, a alma, pela qual sou o que sou, é
inteiramente distinta do corpo..."31. O termo “alma” vem do latim "anima, ar, sopro, princípio da
vida; o masculino "animus", designa a sede do pensamento, mas também a do sentimento e das
paixões” (Jacqueline Russ, Op. Cit., p.9).

28
FREUD, S. (1940 [1938]) Esboço de psicanálise. Edição Standard Brasileira das Obras Completas de
Sigmund Freud,vol. XXIII. Rio de Janeiro: Imago, 1996. (p.92).
29
Dicionário de Filosofia Jacqueline Russ; 1994; editora Scipione., p.237 – A autora coloca a citação de Jung e
a fonte de pesquisa: Tipos Psicológicos, p.405, Librairie de l'Université Georg et Cie., Genebra.
30
Do livro "Psicologia: personalidade e comportamento social", de Henry Lindgren e Don Byrne. -Rio de
Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora S.A.,1982., p.219.
31
Dicionário de Filosofia Jacqueline Russ; 1994; editora Scipione., p.9 – A autora coloca a citação de Descartes
e a fonte de pesquisa: Discurso do Método, 4a parte, in Descartes, (Euvres, Letter, p.148, La Pléiade, Gallimard.)
Psique
Origem Significado
Grego Psykhe: sopro, alma,
vida.
- “lado mental,
emocional e
espiritual”.

Significado
Moderno:“mente”,
“eu” ou “alma”.
Latim anima: alma

Alma Espírito
Origem Significado Origem Significado
Latim "anima, ar, sopro, Latim animus.
princípio da vida
Latim o masculino "animus", Grego pneuma: vento, espírito. Soprar ↔ Vento (faz que o vocábulo Psique seja
designa a sede do intercambiável com Pneuma)
pensamento, mas
também a do
sentimento e das
paixões”

Psique

A minha pesquisa nesse assunto da psique foi feita no livro, por sinal, muito bom:
“Introdução à Psicologia Junguiana”, de Heráclito Pinheiro, no capítulo 1 - O que é Psique para
Jung? O texto abaixo é uma adaptação direta desse capítulo. Tomamos a liberdade de pegar
emprestado alguns termos que ele utilizou, porque o texto dele está perfeito, a tal ponto, que fica
difícil adaptá-lo sem pegar emprestado algumas palavras, e tudo o que estiver entre aspas é uma
citação direta do autor Heráclito Pinheiro.
Os termos psique, alma, espírito foram apresentados acima numa tabela e abaixo tem um
resumo. Destaco da tabela os significados de 'Soprar' e 'Vento' que aparecem em psique, alma e
espírito, inclusive ele fazem com que o vocábulo Psique seja intercambiável com Pneuma.

1.Psique: (grego) - significa alma.


2.Psique: (alto alemão é Seele) - alma.
3.Psique: (latim é anima) – alma; (latim animus) - espírito.
4.Pneuma: (grego) – vento e significa também espírito.
5.Psique em grego se aproxima com psycho, soprar.

Sobre a alma, dentro de uma visão mais primitiva (o pensamento inicial), eles pensavam da
seguinte forma: “a alma era essencialmente a vida do corpo, o sopro de vida, que penetrava no
corpo e o abandonava em sem último suspiro” - eles viam na alma, por exemplo, observavam num
simples ato de inspirar e expirar o ar dos pulmões um “sinal de vida”. Nesse sentido, somos, dentro
da expressão bíblica, 'alma vivente' (Gênesis 2:7), por estarmos vivos.
Devido os significados serem tão parecidos, tanto em grego como em latim, ou até iguais,
por exemplo: sopro em um, vento em outro, tornam os termos alma, psique e espírito facilmente
intercambiáveis. Ainda, dentro dessa visão primitiva, inicial, para eles “o psíquico surge como uma
fonte de vida, uma presença da natureza, espiritual, mas objetiva” - a psique é objetiva, porque
simplesmente é o contrário de subjetivo, i.e., não é o nosso eu; a psique é “subsistente em si mesmo,
possuidor de vida própria”. Em suma, podemos dizer:

- Inicialmente, o conceito de alma e da psique são a mesma coisa, graças aos significados serem tão
parecidos, ou mesmo iguais, sopro em um, vento em outro;

- São termos que simbolizavam a vida dentro do corpo, mas com um caráter espiritual, vida própria,
e, portanto, distinta do nosso eu.
Na visão atual da Psicologia, a alma é aquilo vivenciamos sem mediação, ou seja, qualquer
coisa que experienciamos vem da psique. Segundo esse ponto de vista da Psicologia, podemos dizer
que psique é 'a realidade total do ser individual' (Dicionário Houaiss da língua portuguesa). Nessa
intepretação da Psicologia moderna, tudo o que está em volta de nós são imagens, isto é, são uma
'representação ou reprodução mental de uma percepção ou sensação anteriormente experimentada'
(Houaiss, Op. Cit.) ou 'representação mental de um ser imaginário, um princípio ou uma abstração'
(Houaiss, Op. Cit.). Além disso, para Jung somente aquilo que exerce uma ação, uma influência,
possui existência de fato, por conseguinte, é necessário que se considere a existência de uma
vontade expressamente livre do inconsciente sobre à consciência, que mais parece como algo
transcendente, divino, em outras palavras, “numinoso”. Se o inconsciente tem esta característica de
numinoso, isto quer dizer que ele não depende da sua vontade, por exemplo, aquela medo de altura
surge quando você olha para baixo num parapeito de um prédio muito alto; você não tem controle
dessa fobia.
Ainda mais, nessa visão atual da Psicologia, a alma é aquilo vivenciamos sem mediação, ou
seja, qualquer coisa que experienciamos vem da psique. Assim, é “a alma que confere cor e som ao
mundo e a experiência é um aglomerado complicadíssimo de imagens psíquicas”. Enfim, o que vem
ser a psique? Pensamos na psique como sendo imagens, i.e., representações mentais, uma após a
outra, numa escala enorme, daquilo que percebemos, sentimos, imaginamos e, não só isso, deve-se
incluir junto com essas representações os “ processos cerebrais simples”, tais como pensamento,
memória, emoções, movimento, linguagem etc.
No ponto anterior ligamos a psique como imagens sucessivas, sem fim, daquilo que
percebemos, sentimos, imaginamos somados aos processos cerebrais que ali ocorrem. Por outro
lado, imagem vem do alemão “Bild” e esta palavra foi utilizada por Jung junta com outras: “bilden,
Bildung”. Elas trazem uma carga semântica muito grande e entre os seus diversos significados,
temos: “formar, modelar, cultura, educação, instrução e pintura, ou retrato”. Antes de mais nada,
até agora continuamos na visão da psicologia moderna. Sem dúvida, graças aos termos pintura ou
retrato, eles enriquecem o significado de psique, senão vejamos: “a nossa realidade imediata é uma
espécie de retrato psíquico de fontes obscuras que fluem até nós de dentro para fora” - por certo,
essa ampliação desse significado nos remete ao fato que além do nosso consciente existe o
inconsciente. Mas também podemos dizer que a psique foi pintada - “pintura é feita com as cores da
alma”, com efeito é uma “experiência imediata”. Sem dúvida, esta experiência de caráter imediata é
aludida por Freud quando refere-se ao aparelho psíquico: 'Daquilo que chamamos de nossa psique
(vida psíquica), conhecemos duas coisas: em primeiro lugar, o órgão físico e cenário dela, o cérebro
(sistema nervoso); por outro lado, nossos atos de consciência, que são dados imediatamente e não
nos podem ser esclarecidos por nenhuma descrição'32. Além dessa ação imediata de dentro para fora
da psique, também, tudo aquilo que vivenciamos no mundo em volta entra dentro nós através da
nossa psique, ou seja, é “mediado pelo psíquico”. Por exemplo, a cultura ela é mediada pelo
psíquico, através dele tudo o que vivenciamos ao longo de nossa existência entra para dentro de nós
- são imagens sucessivas do mundo ao redor e elas nos influênciam fortemente na nossa forma de
ser, de proceder, o nosso jeito particular de encarar a realidade em volta de nós.
Estas imagens para Jung são “representação imediata” e se processam da seguinte forma:
algo em nossa volta (fora da gente) produz “uma imagem da fantasia inconsciente” (dentro da
gente), ou seja, esta “fantasia inconsciente” diz respeito à percepção. A percepção na Psicologia é
ela se dá debaixo da pele, vejamos o que diz o professor de Psicologia Julian E. Hochberg33:

Um dos processos básicos na interação do homem e seu meio é o que governa a


recepção da informação sobre os estímulos e eventos que o cercam […].
O estudo da recepção e função do estímulo pode ser utilmente dividido em duas
partes. Uma parte analisa os mecanismos de recepção informativa e recebeu o nome de
sensação. A outra, que estuda a informação recebida em combinação com outras
informações e experiências passadas, foi designada por percepção (Op. Cit. Isso, a
propósito, é informado ao leitor na orelha do livro, junto a capa).

Quando o professor Hochberg diz - 'que estuda a informação recebida em combinação com
outras informações e experiências passadas, foi designada por percepção' -, então, a percepção de
algo externo se liga indiretamente com a imagem, i.e., com a representação que faço dentro de mim
desse algo; porque, entre o esse algo externo e a imagem formada dentro de mim, existe 'outras
informações e experiências passadas', tanto ao nível da consciência como do inconsciente. Segundo
Jung - “A consciência é como uma superfície ou película cobrindo vasta área inconsciente, cuja
32

Livro: “Freud. Compêndio da psicanálise. Tradução do alemão de Renato Zwick. L&PM Editores.”
33

Livro: “Percepção” por Julian E. Hochberg. - 3 ed. 1982. Zahar Editores, Rio de Janeiro.
extensão é desconhecida”34. Por isso, Jung se concentra mais no inconsciente porque ele fala de
“uma imagem da fantasia inconsciente”, certamente, o inconsciente torna-se uma lente - 'Existe uma
realidade objetiva lá fora, mas sempre a enxergamos pelas lentes de nossas crenças e nossos
valores'35. Eis a razão do termo “fantasia” que é sinonímia de conjectura - ato ou efeito de inferir ou
deduzir que algo é provável, com base em presunções, evidências incompletas, pressentimentos;
conjetura, hipótese, suposição (Dicionário Houaiss da língua portuguesa). Porém, Jung diz que essa
“imagem da fantasia”, na verdade, não é obtida somente pela lente do inconsciente diante da
percepção. A “imagem da fantasia”, i.e., a forma como enxergo àquele algo em questão, dar-se a
conhecer, potencialmente, “a situação psíquica como um todo”. Heráclito Pinheiro coloca uma
citação de Jung sobre isso: "A psique é o espelho do SER, é o conhecimento dele e de tudo o que se
move nela". Em outras palavras, a psique deixa transparecer o SER e, ao mesmo tempo, mostra
tudo o que está incutido, que influencia, que agita, que altera, que inquieta, que comove essa psique.
Finalmente, para Jung a psique (ou alma, lembre-se que na psicologia psique e alma são
intercambiáveis) está intimamente ligada com o biológico, ou seja, com o corpo, i.e., o cérebro,
mais glândulas, mais anatomia e todo resto biológico; mas a psique não é um produto desse corpo,
por certo, a psique não é produto do cérebro. O cérebro é 'o órgão físico e cenário dela' (Freud, Op.
Cit.); o cérebro é o cenário onde atua a psique e dela sái o seus 'atos conscientes' (Freud, Op. Cit.).
Portanto, a alma não é “epifenômeno de causas materiais”, de fato, a alma não é um 'fenômeno
secundário e condicionado por processos fisiológicos' (Dicionário Houaiss da língua portuguesa).

A Psique em Resumo

Primeiramente, apesar dos termos psique, alma e espírito serem intercambiáveis, por motivo
já exposto, e a Psicologia Moderna explora isso, vamos nos concentrar, daqui por diante, somente
em cada um deles, admitindo o fato de existirem certas diferenças. Então, o que é Psique? Essa é a
pergunta que tentaremos responder de acordo com o texto anterior. Para isso, nos fixaremos só no
termo psique, se aparecer alma consideraremos psique, com as devidas exceções. Não citamos as
fontes porque elas já foram citadas no texto anterior, uma vez que, este texto é uma visão geral do
texto acima.

O que é Psique?

34
Fundamentos de Psicologia Analítica. As Conferências de Tavistock. Coleção Psicanálise. Vol. I. Editora
Vozes, 1972; p.23.
35
Psicologia Social de David G. Myers – 10. ed., p.29.
1. Freud: são os 'nossos atos de consciência, que são dados imediatos'; Jung: é 'a totalidade dos
processos psíquicos conscientes e inconscientes'.
2. Na visão atual da Psicologia, a psique é aquilo vivenciamos sem mediação, ou seja, qualquer
coisa que experienciamos vem da psique.
3. Nessa intepretação da Psicologia moderna, tudo o que está em volta de nós são imagens. Mas, o
que são imagens? Elas são uma representação ou reprodução mental, mas de quê? De uma
percepção ou sensação anteriormente experimentada ou de um ser imaginário, um princípio ou uma
abstração.

O que são Imagens?

Ainda, nesse campo de imagens elas são tudo aquilo que é formado dentro da nossa psique
(mente), seja oriunda de fora pela percepção, ou uma memória guardada quem vem à tona, ou um
ser imaginário, ou uma abstração. Tirando a percepção, o resto cai na afirmação de Jung que
considera tudo capaz de exercer uma ação, uma influência, possui existência de fato, por
conseguinte, é necessário que se considere a existência de uma vontade expressamente livre do
inconsciente sobre à consciência - ou seja, não considerando a percepção de algo externo e nem a
consciência, o resto pode vir do inconsciente. Uma das características do inconsciente é que ele não
depende da sua vontade, por exemplo, aquela medo de altura; você não tem controle dessa fobia.
Pensamos na psique como sendo imagens, i.e., representações mentais, uma após a outra,
numa escala enorme, daquilo que percebemos, sentimos, imaginamos e, não só isso, deve-se incluir
junto com essas representações os “ processos cerebrais simples”, tais como: pensamento, memória,
emoções, movimento, linguagem etc.

A psique é:

i. A nossa realidade imediata.


ii. É uma espécie de retrato psíquico de tudo aquilo que vem de dentro nós para fora.
iii. Por certo, esse tudo aquilo que vem de dentro nós nos remete ao fato que além do nosso
consciente existe o inconsciente.

A psique é:
i. O lugar onde produz os seus atos de consciência: no cérebro.
ii. O cérebro não é a psique - é o lugar da atuação da psique.
iii. Existe na psique aquilo que vem de dentro para fora (atos de consciência e do inconsciente),
os quais são imediata - dentro para fora da psique.
iv. Agora, tudo aquilo que vivenciamos no mundo em volta, entra dentro nós através da nossa
psique, ou seja, só entra pelo intermédio do psíquico - o que vem de fora só entra através da psique.

Dentro desse contexto, pergunto: o que é cultura? A cultura é mediada pelo psíquico e
através dele tudo o que vivenciamos ao longo de nossa existência entra para dentro de nós,
formando as imagens sucessivas desse mundo ao redor. Estas imagens nos influênciam fortemente
na nossa forma de ser, de proceder, o nosso jeito particular de encarar a realidade em volta de nós.
Portanto, cultura são as imagens sucessivas geradas dentro nós pelos elementos trazidos por
intermédio da psique, retiradas desse mundo social através daquilo que vivenciamos e
experiênciamos. Estas imagens nos influênciam fortemente na nossa forma de ser - formam a nossa
subjetividade.
A propósito, como se formam estas as imagens dentro de nós? Primeiro, Jung diz que estas
imagens são formadas sem mediação porque não vem de fora, como se fosse uma projeção num
telão; elas são processadas dentro. É preciso acrescentar que estas imagens são executadas da
seguinte forma:

i. Vivenciamos e experienciamos a vida social e cultural - tudo o que está em nossa volta entra
dentro de nós através da psique.

ii. O foco aqui não são os sentidos, e sim, depois dos sentidos, quando a informação já se localiza
na psique. O que entra em jogo, nesta instância, é a percepção, por exemplo - não é o que vemos, é
como vemos.

iii. A informação recebida pelos sentidos, entra na psique e ali reuni-se com o conjunto de outras
coisas, sejam elas: experiências, vivências e informações. É do resultado dessa reunião que forma a
nossa percepção.

iv. Daí, podemos concluir que a percepção de algo externo se liga indiretamente com a imagem, i.e.,
com a representação que faço dentro de mim desse algo.

v. Entre aquilo externo que vivenciamos e experienciamos e a representação que fazemos, ou seja,
as imagens geradas dentro de nós, existem 'outras informações e experiências passadas', tanto ao
nível da consciência como do inconsciente.

vi. Porém, deve-se dar mais peso para o inconsciente, uma vez que, segundo Jung, é uma vasta área
de tamanho desconhecido coberta por uma fina camada da consciência. Certamente, o inconsciente
torna-se uma lente.

vii. Pense neste conceito da lente. Aquilo que é externo - o que vivenciamos e experienciamos no
seio da sociedade -, constantemente enxergaremos, i.e., será compreendito, formará a seguinte ideia
na nossa cabeça, será organizado dentro gente etc, ou seja, todas àquelas coisas externas, em nossa
volta no mundo social, serão vistas por meio das lentes dos valores e das crenças que temos.
viii. São desse valores e crenças que vem a conjectura, o ato ou efeito de inferir ou deduzir que algo
é provável, com base em presunções, evidências incompletas, pressentimentos; são as lentes da
conjetura, hipótese e suposição. Por exemplo: com que lente exergava Filemom a sociedade de sua
época e a sua vocação celestial ao por ser senhor de escravo?

ix. Mas, Jung diz qua a imagem que foi gerada não somente revela a forma como enxergamos pelas
lentes dos valores e das crenças, como também denúncia, potencialmente, a condição em que se
encontra a nossa psique como um todo.

O que é a psique?

i. A psique está intimamente ligada com o biológico, mas ela não produto do corpo e nem do
cérebro.

ii. Diante de tudo o que foi exposto, com Jung entendemos que a psique deixa transparecer o SER
com os seus valores e crenças e, ao mesmo tempo, mostra tudo o que está incutido, que influencia,
que agita, que altera, que inquieta, que comove essa psique; mostra o estado dela como um todo.
Alma

Em primeiro lugar, o texto é uma adaptação, juntamente com outras pesquisas, sobre o que a
a Enciclopédia Britânica36, a Barsa, fala sobre a alma. O que estiver entre aspas é citação direta da
Barsa. Utilizei também o Dicionário Houaiss da língua portuguesa, ele foi de grande ajuda na busca
de significados e sinônimos.
Já vimos que um dos significados de alma é "sopro", como “princípio ativo do corpo”. O
conceito de alma é abrangente, se apresenta em diversas sociedades e sempre acha espaço para o
pensamento no campo filosófico, da psicologia, da psicanálise e principalmente no campo religioso.
O conceito sobre alma diz respeito à existência de uma dimensão imaterial, sendo, ao
mesmo tempo, um “elemento vital do ser humano”. Sobre a alma, vejamos o que já pensaram sobre
ela.

- Na Filosofia: Na “abordagem platônica” - a alma é divina. Pertence ao campo do pensamento, ao


ponto de muitos pensarem ser o próprio pensamento. A alma é “eterna, imortal, indestrutível”. Na
visão de Platão, a alma estava presa no corpo, o que reforçava o conceito de “uma entidade oposta à
existência corpórea”.

36
©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
- No Discurso sobre o método: A alma, segundo Descartes: 'De sorte que este eu, isto é, a alma, pela
qual sou o que sou, é inteiramente distinta do corpo...'37.

- Religião:

Com relação a Bíblia, ela é para nós cristãos a única autoridade sobre o assunto homem.
Deus criou o homem como uma unidade composta. Mas, o Santo Livro de Deus, todavia, não
advoga a favor da dicotômia, alma e corpo, ou nem da tricotômia, espírito, alma e corpo. O que
Bíblia deixa claro, quando se refere à alma, é o seguinte: o homem é muito mais do que uma alma
vivente, ele é um SER, portanto, individual, com consciência e vontade. Doutor Heber Carlos de
Campos sintetiza o conceito bíblico sobre homem com muita propriedade, senão vejamos38:

A apresentação que a Escritura dá do homem não é a de uma tricotomia (embora


haja dois textos que pareçam favorecer essa corrente), nem da dicotomia (embora muito
mais textos favoreçam, como veremos, a apresentação dicotômica), mas é a da unidade do
homem. Cada ato do homem contempla-se como sendo um ato do homem completo. Não é
a alma que peca, mas o homem que peca; não é o corpo que morre, mas o homem que
morre; não é a alma que Cristo redime, mas o homem. O homem é uma unidade. Portanto,
quando a Escritura fala do corpo, ela está falando do homem; quando fala da alma, está
falando do homem; ou quando fala do coração, está falando do homem. A concentração das
Escrituras não é nas partes que compõem o homem, mas na unidade que cada parte
apresenta.
Temos sempre que ver o homem como uma unidade. E assim que a Bíblia o
apresenta.

Daí por diante, fica ao sabor dos filósofos, teólogos, psicólogos etc, para deduzirem o que
quiserem sobre a parte imaterial do homem, como já foi demonstrado mais acima. Neste tópico da
religião, vejamos os pensamentos das diversas correntes teológicas.
i. Para os hebreus, eles viam que "a personalidade do homem era um corpo animado, não uma alma
encarnada".

ii.Porém, a doutrina do filósofo grego Platão e de seus seguidores, sobre a questão da alma, mostra
como ela veio reverberar muito mais sobre os cristão do que os pensadores hebreus, com suas

37
Dicionário de Filosofia Jacqueline Russ; 1994; editora Scipione., p.9 – A autora coloca a citação de Descartes
e a fonte de pesquisa: Discurso do Método, 4a parte, in Descartes, (Euvres, Letter, p.148, La Pléiade, Gallimard.)
38
Antropologia Bíblica. Estudo da Doutrina do Homem e do Pecado. Heber Carlos de Campos., p.26.
tradições. Um testemunho eloquente disso é a patrística e a escolástica.

- A patrística é filosofia cristã criada pelos padres da Igreja nos primeiros séculos da era cristã. Eles
estavam preocupados com a descrença e com o paganismo. Então, eles começaram a defender a sua
religião através da apologética, com a ajuda dos conceitos e argumentos vindas da filosofia grega.

- A escolástica é o pensamento cristão da Idade Média. É um sistema filosófico e teológico. É uma


tentativa de conciliação entre a fé e a razão através dos dogmas da religião cristã, aplicando a
racionalidade pelo método especulativo. Aqui, na escolástica com Tomás de Aquino, ele pensa na
alma como sendo “a forma substancial do corpo”.

Neste ponto queremos abrir um parêntesis nesta dissertação para considerar um pouco mais
dessa influência grega sobre os cristãos. O doutor em Teologia Sistemática Heber Carlos de
Campos, no seu trabalho sobre Antropologia Bíblica39, ele fala sobre isso, e com as nossas palavras,
ele disse que a dictomia e a tricotomia são o tudo o que se entendia sobre a natureza humana ao
longo da história da igreja. Começou com a divisão básica da dicotomia: material, corpo e imaterial,
alma. Mas, veio a filosofia grega e abre um pouco mais dessa questão sobre a natureza humana,
coloca um terceiro elemento na visão cristã sobre a natureza mais íntima do homem – o espírito;
nasce a tricotomia. Dentro dessa visão grega, temos: a alma une o corpo com o espírito. Ainda
dentro dessa visão, dependendo da direção que você foca a alma temos: a alma comparada com o
espírito era imaterial; a alma comparada com o corpo era material. No entanto, a forma mais
conhecida sobre tricotomia se apresenta da seguinte forma:

i. Corpo: Matéria biológica e anatômica em contato com o mundo material.


ii. Alma: A causa primária da vida orgânica.
iii. Espírito: É imortal e está relacionado com a razão. É através do espírito que o homem tem
condição de comunhão com Deus.

A visão da tricotomia foi amplamente aceita no início da era cristã por muitos. No período
da Idade Média a visão predominante era a dicotomia, mantendo-se essa visão na Reforma, com
alguns dissidentes. Fechamos o parêntesis dando prosseguimento aos tópicos.

iii.Protestantismo: Na teologia das igrejas protestantes está inserido este dualismo, em que há no
homem uma parte matéria e outra imaterial, no mesmo ser, todavia, eles demonstram que a Bíblia

39
Heber Carlos de Campos, Op. Cit., p.26.
divide, também, o imaterial - além da alma, existe o espírito. É verdade que a Santa Bíblia
decompôs o homem em biológico, alma e espírito, porém, ela mesma não descreveu
pormenorizadamente a função de cada uma, por isso, suscitou dentro das igrejas protestantes uma
falta de unidade de pensamento quanto à divisão dessa parte imaterial em alma e espírito como
distintos ou não; já falamos dessa permutação de vocábulos diferentes, mas unidos com os
significados parecidos, por exemplo, alma: lat.'sopro', espírito: gr.'vento' – o sentido de ambos os
termos são: ar em movimento, vida etc.
Vamos abrir mais um parêntesis. Com relação a esta permutação de termos, veja o que disse
Myer Pearlman40, judeus que converteu-se a ao Senhor Jesus Cristo, professor no Instituto Bíblico e
autor de diversos livros:

Ambas as opiniões são corretas quando bem ompreendidas. O espírito e a alma


representam os dois lados da substância não-física do homem; ou, em outras palavras, o
espírito e a alma representam os dois lados da natureza espiritual. Embora distintos, o
espírito e a alma são inseparáveis, são entrosados um no outro. Por estarem tão interligados,
as palavras "espírito" e "alma" muitas vezes se confundem (Ecl. 12:7; Apoc. 6:9); de
maneira que em um trecho a substância espiritual do homem se descreve como a alma
(Mat. 10:28), e em outra passagem como espírito (Tia. 2:26).

Em seguida Myer define o que é faz cada parte do homem resumidamente, através de uma
citação de outro teólogo e escritor, senão vejamos: 'Sendo o homem "espírito", é capaz de ter
conhecimento de Deus e comunhão com ele; sendo "alma", ele tem conhecimento de si próprio;
sendo "corpo", tem, através dos sentidos, conhecimento do mundo. — Scofield'.
Esta definição dada por Myer, e por tantos outros teólogos, exige ainda um esclarecimento.
O famoso médico e psiquiatra C.G.Jung usava o termo 'como se' quando tratava de assuntos
complexos, tais como a alma humana. Ele entendia até que ponto era possível ir nas suas pesquisas
diante dessas questões difíceis e por causa das limitações da nossa mente em compreende-las41. De
fato, a Bíblia converge 'não é nas partes que compõem o homem, mas na unidade que cada parte
apresenta' (Heber Carlos de Campos, Op. Cit.) - Deus fala com o homem e não para as suas partes -
Gênesis 3:22 - 'Entäo disse o SENHOR Deus: Eis que o homem é como um de nós, […]'; quando as
Santas Escrituras menciona alma, espírito, ou corpo, na verdade, ela refere-se ao homem integral; a
simples menção de qualquer uma das partes da natureza humana é apenas para dizer que o nosso
Poderoso Deus pode ir no mais íntimo do homem, onde o homem não consegue ir dentro do seu
próprio ser. Por isso, o teólogo precisa utiliza-se do 'como se' quando for além daquilo que Bíblia
não disse - Mateus 10:24,25 - 'Näo é o discípulo mais do que o mestre, nem o servo mais do que o

40
Através Da Bíblia livro por livro por Myer Pearlman. Segunda Edição-1969. Emprevan Editora., Traços
Biográficos do Autor.
41
Fundamentos de Psicologia Analítica. As Conferências de Tavistock. Coleção Psicanálise. Vol. I. Editora
Vozes, 1972; p.7.
seu senhor. Basta ao discípulo ser como seu mestre, e ao servo como seu senhor. […]'. Fechamos
mais este parêntesis, dando prosseguimento aos tópicos.

- Martinho Lutero: O homem é corpo, alma e espírito, segundo ele: "a alma é o mesmo espírito...
contudo, em outra operação. O espírito é a casa onde habita a palavra de Deus, e a alma faz que o
corpo tenha vida."

- Emil Brunner: É calvinista suíço. Para ele o homem é corpo, alma e espírito e segundo a sua
visão:

i. Alma: A alma não é o 'eu' que diferencia um homem do outro. O que faz um homem não ser
igual ao outro é o seu pensamento e o seu espírito. A alma comunica ao homem com o mundo
externo do social e cultural.

ii. Espírito: O espírito repousa sobre a alma e está ligada a ela, a tal ponto, que é extremamente
difícil explicar este vínculo entre os dois.

iii. Corpo: O corpo é a única parte que está interposta entre o homem e o mundo externo a ele. A
alma usa o corpo para realizar aquela comunicação.

Na teologia quem mais se aproxima da visão bíblia são:

- Karl Barth, outro teólogo suíço: ele utiliza-se da filosofia de Aristóteles para ajudá-lo na teologia
bíblica, quando diz: "O homem é a alma de seu corpo, a alma racional guiando o organismo
vegetativo e animal que está a seu serviço. Mas é um só e o mesmo ser, não dois domínios
separados; trata-se sempre de um todo, do homem". Observe, Karl Barth foca-se no conceito bíblico
do homem integral e não em partes.

- Rudolf Kittel: Protestante e teólogo. Ele coloca também em destaque o homem integral em meio a
sua natureza composta.

- A Igreja Católica na teologia mantém o conceito bíblico de homem integral.


Definição de Psicologia

Certamente, a Psicologia já abriu diversas trilhas que estão sendo pavimentas com o
conhecimento mais profundo; outras trilhas estão sendo abertas, assim é toda ciência quando ela é
tão profícua. Evidentemente, a cada novo lugar que a psicologia chega, a sua característica muda, e
isso reflete na sua identidade, é claro! Mesmo diante desse fato, e de tudo o que já foi falado até
agora, pode-se dar uma definição resumida, mas substanciosa sobre o que é Psicologia?
Sim, é possível, porque não importa as diversas psicologias existentes, todas elas tem algo
em comum – o ser humano. Quando falamos do homem, falamos da sua subjetividade, se falamos
do homem, falamos da sua psique. Finalmente, se falamos de psique, falamos de Psico + logia -
“grego 'psykhe', alma, e 'logos', ciência. Termo registrado desde o fim do séc. XVI”42. A Psicologia
é a ciência da alma (psique); é a ciência da subjetividade; é a ciência cuja a matéria-prima é a
psique do homem.

42
Dicionário de Filosofia Jacqueline Russ; 1994; editora Scipione., p.236.
Psicologia Social

Definições

O que é Psicologia Social? Ela é uma das vertendes da Psicologia. Definições:

Psicologia social é a área da Psicologia que procura estudar a interação social. […]
A interação social, a interdependência entre os indivíduos, o encontro social são os objetos
investigados por essa área da Psicologia. (BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA,
M. L. T. Psicologias – Uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Ed. Saraiva:
2001., p.135)

[…] ela é o estudo científico de como as pessoas pensam, influenciam e se relacionam


umas com as outras. (Psicologia Social de David G. Myers – 10. ed. - Porto Alegre:
AMGH, 2014., p.28)

[…] a Psicologia Social estuda a relação essencial entre o indivíduo e a sociedade, esta
entendida historicamente, desde como seus membros se organizam para garantir sua
sobrevivência até seus costumes, valores e instituições necessários para a continuidade da
sociedade. (O que é psicologia social. Silvia T. Maurer Lane. — São Paulo : Brasiliense,
2006. Coleção primeiros passos ; 39)

A psicologia social é o estudo científico acerca de como os pensamentos, sentimentos e


ações das pessoas são afetados pelos outros. Os psicólogos sociais consideram os tipos e as
causas do comportamento do indivíduo em situações sociais, examinando como a natureza
das situações em que nos encontramos influencia nosso comportamento. (Introdução à
psicologia. Robert S. Feldman. – 10. ed. – Porto Alegre : AMGH, 2015., p.528)

Certamente, existem muitos problemas dentro do campo da Psicologia e um deles são as


ações entre pessoas quando se encontram e, talves, por força dessa reunião, casual ou não, coisas
aconteceram que não aconteceriam se estivessem sozinhas, fazendo-as pergutarem de si para si: por
que fiz o que fiz? Com efeito, a Psicologia Social na tentiva em responder a essa pergunta, ela
considera:
- O potencial interno de cada um, isto é, as personalidades envolvidas na evolução de algo nesse
encontro.
- A nossa base genética – viemos a este mundo com certas possibilidades e com certas respostas
instintivas.
- As influências da vida social e cultural, elas são forças modeladoras do comportamento individual
e grupal.
- O pensamento que temos, a nossa visão particular sobre algo, altera o nosso comportamento
individual, até de modo divergente da influência social.
- O homem é um ser biopsicossocial.
Em primeiro lugar, quando se dá um encontro social entre dois ou mais indivíduos, esse
encontro vai ser caracterizado pela existência da interação entre eles porque há o diálogo e
influencia de um sobre outro, fortalecido por uma relação de dependência mútua, isto é, uma
interdependência – não existe encontro social numa fila de banco ou dentro de um trem lotado.
Neste campo de estudo da Psicologia Social termos como: interação, interdependência,
influenciam, relacionam, relação, ações das pessoas, afetados pelos outros etc, fazem parte do
vocabulário dessa área de estudo da Psicologia; observe as definições acima de vários autores: - “A
interação social, a interdependência entre os indivíduos, o encontro social” (Psicologias, Op. Cit.,
p.135) -, ou - “como as pessoas pensam, influenciam e se relacionam” (David G. Myers, Op. Cit.,
p.28) -, ou ainda - “a relação essencial entre o indivíduo e a sociedade” (Silvia T. Maurer Lane, op.
cit) -, e mais este - “como os pensamentos, sentimentos e ações das pessoas são afetados pelos
outros […] situações em que nos encontramos influencia nosso comportamento (Robert S. Feldman,
Op. Cit., p.528).
Quando duas ou mais pessoas se encontram a primeira coisa que começa entre elas é a
“percepção social” - conforme exemplo anterior, não é simplesmente estar fisicamente no lado de
alguém como se fosse uma fila de banco ou um trem lotado -, percepção é o “ponto de partida” do
“encontro social” (Op. Cit., p.135). Sem dúvida, ver e perceber não tem o mesmo significado no
campo da Psicologia. Na literatura poderia escrever - “eu vi fulano bisbilhotando...” -, ou - “percebi
fulando bisbilhotando...”-, porém, na Psicologia a percepção é algo que se dá muito mais debaixo da
pele, senão vejamos o que diz o professor de Psicologia Julian E. Hochberg43:

Um dos processos básicos na interação do homem e seu meio é o que governa a


recepção da informação sobre os estímulos e eventos que o cercam […].
O estudo da recepção e função do estímulo pode ser utilmente dividido em duas
partes. Uma parte analisa os mecanismos de recepção informativa e recebeu o nome de
sensação. A outra, que estuda a informação recebida em combinação com outras
informações e experiências passadas, foi designada por percepção (Op. Cit. Isso, a
propósito, é informado ao leitor na orelha do livro, junto a capa).
[…] novo campo da percepção social. Os objetos estudados aí incluem pessoas, suas
relações sociais e suas qualidades pessoais, as quais são todas de interesse para os
psicólogos sociais, [...] (Op. Cit., p. 17).

Quando o professor Hochberg diz - “que estuda a informação recebida em combinação com
outras informações e experiências passadas, foi designada por percepção” -, ele refere-se
diretamente a subjetividade. Já comentamos que a subjetividade não nasce com você, ela é
elaborada dentro gente, ela passa a utilizar os materias sociais sobre o nosso biológico e, a tua
subjetividade é o você de agora. Nós comentamos sobre o que disse David G. Myers - “Forças
interna também importam. Não somos folhas soltas, simplesmente levadas [...] pelos ventos sociais”
(Op. Cit., p.31), ou seja, não só sofremos à ação do social, mas também praticamos ações, agimos
nesta sociedade, obramos sobre ela – somos transformados para novamente transformar, com
“pitadas do nosso prório tempero” -, foi o que dissemos. Se obramos com o nosso “tempero”, isso
indica que somos ativos na sociedade mediante as nossas atitudes. Quando pensamos em atitudes
nada melhor que a definição lexical dessa palavra para tornar claro o nosso raciocínio, senão
vejamos: “Maneira de se comportar, agir ou reagir, motivada por uma disposição interna ou por uma
circunstância determinada”44. Porém, a definição da Psicologia Social sobre atitude difere um pouco
do dicionário, veremos o porquê disso.

Atitudes

Quando David G. Myers aborda sobre esse assunto ele pergunta qual era a conexão entre o
que fazemos sobre nossa pele (comportamentos, ações) e o que estava debaixo dela motivando agir
assim (o porquê de se comportar assim). Myers comenta que anteriormente os psicólogos sociais
pensavam – atitude está ligada às ações (igual ao dicionário) e que, mais tarde, concluiu-se que
atitude e comportamento não é algo tão direto assim. A ideia é a seguinte: As atitudes (ações: agir
ou reagir): sobre a pele, aquilo externo, pode se mudado e os comportamentos (o porquê de se
43
Livro: “Percepção” por Julian E. Hochberg. - 3 ed. 1982. Zahar Editores, Rio de Janeiro.
44
Disponível em: < https://www.dicio.com.br >. Acesso em: 02/03/2021.
comportar assim): debaixo da pele, mais profundo, difícil de mudar (Op. Cit., p.113).
Mas, segundo Myers entende-se que o conceito de atitude é um núcleo aglutinador de outros
conceitos: 1. (Volição) - “Capacidade em que se pauta o comportamento consciente, determinando a
conduta, para decidir de acordo com as vontades ou motivações individuais”45 - nesse caso da
atitude é uma tendência em se comportar assim, mais que tem a volição no meio disso; 2. (Afeto) –
emoções e sentimentos; 3. (Cognição) - “Agrupamento de processos mentais a partir dos quais é
possível perceber, pauta-se nos sentidos, pensamentos, memórias etc”46. Certamente, a atitude é
uma síntese porque de uma simples ação corresponde aspectos bem mais complexo, vejamos:
- Um atitude não é só o que está sobre a pele, temos que considerar, também, tudo aquilo debaixo
dela: “crenças e sentimentos relacionados a uma pessoa ou a um fato e a consequente tendência de
comportamento” (Myers, Op. Cit., p.114); parecida com a definição lexical, vamos comparar com a
definição da Psicologia Social, aliais, o estudo sobre as atitudes estava no topo da lista quando essa
vertente da Psicologia começou a se configurar. Sobre atitude:
- (dicionário): Formas de se comportar, causado por uma tendência, uma inclinação dentro da
pessoa ou por uma conjuntura do momento .
- (Myers, Op. Cit., p.114): “Uma reação favorável ou desfavorável em relação a algo ou alguém
(com frequência enraizada em nossas crenças e exibida em nossos sentimentos e comportamento
pretendido)”.

Afeto

É um dos três conceitos que orbitam o núcleo da atitude. O afeto também é um conceito
composto porque ele diz respeito às emoções e sentimentos, os quais possuem características
distintas. Estudar sobre o afeto é muito importante, sabe por quê? - “[...] Porque ela é parte
integrante de nossa subjetividade. Nossas expressões não podem ser compreendidas, se não
considerarmos os afetos que as acompanham”47. Segundo a Vera Lúcia do Amaral, Secretária de
Educação a Distância, ela diz:

Observar a maneira como uma pessoa reage afetivamente é fundamental para


compreendê-la [...], uma vez que isso faz parte da sua subjetividade. [...] Algumas vezes,
não entendemos por que nossos alunos reagem de forma agressiva a observações
“inocentes” [...] procurarmos entender por que aquelas palavras foram desencadeadoras de
tal emoção, podemos definir melhor a nossa futura maneira de agir com as pessoas.
Os afetos, sejam emoções ou sentimentos, também têm uma função importante
45
Disponível em: < https://www.dicio.com.br >. Acesso em: 03/03/2021.
46
Ibidem.
47
BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias – Uma introdução ao estudo de
psicologia. São Paulo: Ed. Saraiva: 2001., p.190.
na motivação da conduta e para a aprendizagem. […] São situações em que observamos
como o afeto pode interferir na nossa capacidade racional de agir48.

A atitude e afetos são assuntos complexos, portanto, fogem ao nosso escopo neste momento.

O Supracultural Na Psicologia Social

Em primeiro lugar, no tópico Psicologia antes da definição preparemos o terreno. Aqui,


neste tópico de Psicologia Social, queremos, além das significações e delimitações dadas,
acrescentar um outro elemento. A intenção é intensificar o supracultural, reforçar o fato do homem
ser, não somente biopsicossocial, mas biopsicopneumasocial - o homem é, também, um ser
espiritual (pneuma). O supracultural entra na cultura social e nas ideologias existentes. Finalmente,
queremos dar a nossa definição de Psicologia Social com o supracultural.

Sobre a Sociologia e a Psicologia, lembramos:

A Sociologia entende que cada pessoa se comporta de uma maneira. Ela sabe que existem
certos padrões nos relacionamentos. Está patente aos seus olhos as muitas desigualdades no campo
social. Ela também presencia a evolução da sociedade com suas novidades, tais como, as redes
sociais, as quais nos levam ao mundo todo, fazendo da comunicação algo global; e a Sociologia está
inteirada dessa novidade das redes sociais e que, através delas, a cultura e a ideologia fluem fácil
48
Psicologia da educação.Vera Lúcia do Amaral. - Natal, RN: EDUFRN, 2007. 208 p.: il., p.8.
por estes novos caminhos, como água numa mangueira de jardim regando as palntas do mundo
todo.
A Sociologia, e somente ela, pode mostrar-nos o que está fora de alcance da nossa vista
dentro da sociedade; com ela, descortina-se aquilo detrás das questões sociais, e como a sociedade
evolui ao longo do tempo. A Sociologia põe as lentes certas sobre a pouca visão do senso comum;
dessa maneira, permiti-nos ver mais nitidamente àquelas questões sociais, dando-nos conhecê-las
criticamente.
A Sociologia, quando aplicada na Bíblia, ajudava compreender a maneira de proceder de
Filemon e Onésimo, face a face com o seu tempo, vendo escravos, tendo escravos, e sendo escravo,
era uma situação usual e considerada comum dentro daquela sociedade. Dissemos acima, sobre o
ser humano “ser datado, determinado pelas condições históricas e sociais que o cercam”
(Psicologias, Op. Cit., p.22); sem dúvida, Filemon e Onésimo, tiraram o material para as suas
subjetividades com o conteúdo social do seu tempo, dando para cada um eles a sua visão de mundo;
sobre a subjetividade, ela foi bem tratada pela Psicologia, como você leu no tópico precedente. Mas,
é preciso acrescentar outro elemento que a carta de Paulo para Filemom revelou-nos, e dissemos
anteriormente: o supracultural de Deus e do Maligno -; sim, este novo ingrediente será importante
para a nossa definição de Psicologia Social. Antes disso, vamos rever o conceito de sociologia com
introdução mais explicíta do conceito do supracultural.

Supracultural

Recorde-se que o supracultural são "os fenômenos da crença e do comportamento


culturais que têm sua origem fora da cultura humana” (Nicholls, Op. Cit., p.11). É um conceito em
oposição direta com a visão de uma sociedade hermética, de um mundo dos homens, portanto
fechado. Lembre-se, a ciência social diz que a religião, Deus e o Maligno, eles são um produto das
atividades do homem na tentativa de suprir suas necessidades em questões espirituais, por isso, a
religião é uma instituíção. Consequentemente, o discurso da ciência social é contrário ao da Santa
Bíblia, nós cremos na Palavra de Deus, e quando ele é tratada dentro dos limites que ela mesma
impõem sobre si, como uma autoridade divina, quando qualquer ciência chocar-se com ela, tal
ciência, ela sim, precisa rever os seus conceitos.
Agora, precisamos concentrar-nos no supracultural, ele é um elemento de interação Deus-
homem e Maligno-homem; eles atuam de modo subjacente ou sobrejacente na relação homem-
homem; além disso, o homem é ponto de partida da sociedade, e qualquer influência no homem,
seja ela direta ou indiretamente, interfere na sociedade. Por exemplo, quando Filemon leu a carta de
Paulo, o Espírito Santo tocou em seu coração para Onésimo ser um cristão livre da escravidão e
sentar-se ao seu lado na Igreja – temos uma ação do supracultural subjacente, Deus-homem, que
interferiu da relação homem-homem. Outro exemplo desse supracultural, agora de forma
sobrejacente, foi na Crucificação e Ressurreição do nosso Senhor Jesus Cristo, fato histórico; daí
viria a Igreja Cristã com sua mensagem bendita de Salvação – salvou Paulo, Filemon, Onésimo - e
nós. Por outro lado, o supracultural do mal, Maligno-homem, atua, por certo, dessas duas maneiras
no homem-homem, p.ex., da forma subjacentemente: o Maligno conspirou contra Abel, o justo,
para matá-lo e usou Caim – primeiro fratricídeo na família -, então, começou esse tipo de morte por
assassínio e dá início ao reino de violência sem fim – uma ação sobrejacente dentro da sociedade. N
Nesses exemplos anteriores, na ação subjacente queremos dizer que o supracultural não se
manifesta claramente, ficando encoberto na sua maneira de agir. Com relação ao sobrejacente, ele é
oposto, deixa mais evidente a atuação do supracultural do bem e do mal.

Novamente: O que é Sociologia?

A Sociologia é a ciência que estuda, detalha, esclarece e interpreta o fenômeno social. O


Fenômeno social é tudo aquilo que surge na sociedade como fruto da comunicação entre homens. O
que a Sociologia faz é o estudo desses fenômenos sociais em grupos e na sociedade, que é um grupo
mais extenso e de grande dimensões (Cláudio Souto e Solange Souto, Op. Cit., p.1).

Novamente: O que é Psicologia?

Não vamos defini-la de novo, apenas vamos recordar com as palavras de Jung: “Parece-me,
às vezes, que a psicologia ainda não compreendeu nem a proporção gigantesca de sua missão, nem
a perplexidade e desanimadora complicação da natureza de seu tema central: a própria psique”
(Jung, As Conferências de Tavistock, Vol. I, Op. Cit., p.21). O tema fundamental da Psicologia é a
psique.
Às vezes precisamos aquecer as nossas memórias com relação as definições<tipos Jung>.
De fato, Jung disse49:

“[…] pois é no campo da psicologia, como em nenhum outro, que aparecem as maiores
variações de conceitos e que ocasionam, muitas vezes, os piores mal-entendidos. […]O
pesquisador da psicologia está sempre forçado a descrever a realidade observada por meio
de circunlóquios e, por assim dizer, indiretamente. Só podemos falar de exposição direta
quando se trata de comunicar fatos elementares ligados a números e medidas”

Nós cremos que, não é somente na psicologia, mas em qualquer ciência urge que as
definições sejam claras, o máximo possível precisas e, uma das razões, entre outras, apontada por
Connie Zweig e Jeremiah Abrams50 é a seguinte: “Reconhecemos que nosso idioma cria, assim
como reflete, atitudes que estão impregnadas na nossa cultura”. Por isso, nosso desvelo neste
quesito nas definições no Efeito Onésimo no Pastorado.
Por certo, a Sociologia é a ciência que estuda o fenômeno social, que é tudo aquilo que
surge na sociedade como fruto da comunicação entre homens – atenção na palavra comunicação. A
Psicologia trata da psique, nela existe aquilo que vem de dentro para fora dela através dos nossos
atos de consciência e do inconsciente; tudo aquilo que vivenciamos no mundo em volta, por sua
vez, entra dentro de nós pelo intermédio da nossa psique. Muito bem, chamamos à sua atenção,
olhando para o contexto social, para a comunicação a que se estabelece entre seres humanos, aquilo
que entra e sai mediada pela psique de cada homem, comunicando “ideias, sentimentos e vontades,
reagem sempre ao que é comunicado e, não raro, aceitam em comum o que se comunica […] e se
permanece o seu relacionamento, o fenômeno é não só social, mas também grupal” (Cláudio Souto
e Solange Souto, Op. Cit., p.1). Ainda, segundo Cláudio Souto e Solange Souto, um grupo social
surge porque é aprovado por algumas pessoas e, se forem uma quantidade grande de gente, teremos
uma sociedade. Muito bem, falamos sobre comunicação de caráter social, mediada pela psique,
onde o psiquismo é a ponte que liga a Psicologia com a Sociologia. Podemos disser que a psique é a
tônica da Psicologia Social, ou seja, a Psicologia Social é a subjetividades e a psique de cada
indivíduo numa interação social.
Anteriormente, falamos sobre a cultura, que é mediada pelo psíquico, e é através da
psique que entra para dentro de nós tudo o que vivenciamos ao longo de nossa existência, formando
as imagens (representações mentais) sucessivas desse mundo ao redor - vamos repetir o texto dentro
do tópico Psicologia tratado por nós - Estas imagens nos influênciam fortemente na nossa forma de
ser, de proceder, o nosso jeito particular de encarar a realidade em volta de nós -, repito: <Estas
imagens nos influênciam fortemente na nossa forma de ser> - elas contribuem para formação da
nossa subjetividade.

49
Tipos psicológicos. De Carl Gustav Jung – Petrópolis, Vozes, 2015.
50
Ao Encontro da Sombra. O Potencial Oculto do Lado Escuro da Natureza Humana. Connie Zweig E Jeremiah
Abrams (Orgs). Editora Cultrix.São Paulo, texto de Connie Zweig e Jeremiah Abrams, Organizadores.
Chamamos à sua atenção na palavra “Ser”, um pouco mais de Psicologia, vamos repetir
um trecho desse tópico: Estas imagens para Jung são “representação imediata” (Heráclito Pinheiro,
Op. Cit., no capítulo 1) , ou seja, algo fora da gente produz “uma imagem da fantasia (sinonímia de
conjectura) inconsciente” dentro da gente, e isso diz respeito à percepção. A percepção de algo
externo se liga indiretamente com a imagem, i.e., com a representação que faço dentro de mim
desse algo – atenção: indiretamente -; porque, entre o esse algo externo e a imagem formada dentro
de mim, existe “outras informações e experiências passadas” (Julian E. Hochberg, Op. Cit.Orelha
do livro, junto a capa), tanto ao nível da consciência como do inconsciente. Lembre-se do que Jung
disse: “A consciência é como uma superfície ou película cobrindo vasta área inconsciente, cuja
extensão é desconhecida” (As Conferências de Tavistock, Op. Cit., p.23). É por causa disso que
Jung se concentra mais no inconsciente porque ele torna-se uma lente, e citamos Myers - “Existe
uma realidade objetiva lá fora, mas sempre a enxergamos pelas lentes de nossas crenças e nossos
valores” (David G. Myers, Op. Cit., p.29). Não obstante, Jung acrescenta um ponto muito
importante quando diz que essa imagem, na verdade, não é obtida somente pela lente do
inconsciente diante da percepção. A imagem em questão, i.e., a forma como enxergo essa realidade
objetiva, dar-se a conhecer, potencialmente, a condição a que se apresenta a psique de uma maneira
mais ampla. Em outras palavras, a psique deixa transparecer o SER e, ao mesmo tempo, mostra
tudo o que está incutido, que influencia, que agita, que altera, que inquieta, que comove essa psique
- "A psique é o espelho do SER, é o conhecimento dele e de tudo o que se move nela" (Heráclito
Pinheiro, Op. Cit., no capítulo 1, citação de Jung). Sem dúvida, a frase - "A psique é o espelho do
SER” - lendo-a, independemente do contexto, deixa bem claro: o “SER” não é a psique. Quando
falamos de “SER” vem a seguinte pergunta: Quem é você? Quem somos nós?
Somos seres humanos e cada um de nós revelamos várias coisas quando nos
apresentamos: uma é sobre a pele – todos veem -, são os nossos comportamentos; outra, já é
debaixo da pele – os sentimentos dentro da gente, aquilo que pensamos; outra ainda, cada um de
nós somos únicos, não existem dois iguais e, ao mesmo tempo, somos todos iguais – seres humanos
com as mesmas necessidades físicas, psicológicas e espirituais, já discutimos sobre esse tema. Isso
tudo é o que somos, e ele é refletido no espelho da psique, e quem olha para você, vê o espelho e a
imagem nela refletida, i.e., vê a psique e o seu SER. Muito bem, a psique não é o SER, ela é
mediadora das informações, mas será a psique a única forma de mediar a realidade objetiva?
O homem é um ser biopsicopneumasocial; ele possui uma parte espiritual (pneuma). Não importa o
que a ciência social pense; ensina-nos Jung, as deduções da ciência é “como se” fosse assim, então,
porque não conjecturamos na existência de outra porta de entrada e saída para o SER, e do SER; se
a porta fosse a parte espiritual, todos possuímos, admitamos tal hipótese “como se” fosse assim,
porquê não? - “Na verdade, há um espírito no homem, e a inspiraçäo do Todo-Poderoso o faz
entendido” (Jó 32:8). O supracultural atua fortemente no campo espiritual, tanto o supracultural de
Deus com do Maligno. Mais uma vez: o supracultural são "os fenômenos da crença e do
comportamento culturais que têm sua origem fora da cultura humana” (Nicholls, Op. Cit., p.11); os
fenômenos da crença afetam o comportamento - “Existe uma realidade objetiva lá fora, mas sempre
a enxergamos pelas lentes de nossas crenças e nossos valores” (Op. Cit.). O homem é influênciado e
influência a realidade objetiva (mundo em nossa volta), só que a realidade objetiva não é a única
informação que chega para nós, temos os sonhos e as visões espirituais, um campo muito explorado
na Bíblia Sagrada - “E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos
filhos e vossas filhas profetizaräo, os vossos velhos teräo sonhos, os vossos jovens teräo visöes”
(Joel 2:28) ; “e disse-lhe o Senhor em visäo: Ananias! E ele respondeu: Eis-me aqui, Senhor” (Atos
9:10). Vejamos os sonhos e as visões proféticas em Daniel 2:28, com relação ao sonho: “Mas há um
Deus no céu, o qual revela os mistérios; ele, pois, fez saber ao rei Nabucodonosor o que há de
acontecer nos últimos dias; o teu sonho e as visöes da tua cabeça que tiveste na tua cama säo
estes:”. A análise dos sonhos, segundo Jung, é um dos procedimentos para pesquisa do inconsciente,
juntamente, com o método de associação de palavras e o da imaginação ativa (Jung, As
Conferências de Tavistock, Vol. I, Op. Cit., p.20). Freud disse que eles são “a principal via para o
inconsciente”51. Evidentemente, “Nem todos os sonhos são igualmente úteis para tal propósito.
Muitos deles dizem respeito às preocupações diárias”52. No caso aqui, o sonho do rei
Nabucodonosor entra numa categoria dos sonhos precognitivos. Para certos tipos de fenômenos,
Jung batizou de “Sincronicidade” àqueles cuja “ocorrência quase simultânea, no tempo, de dois
eventos, um interior e um exterior, que parecem ter o mesmo significado. […] sonhos ou eventos
sincronístico […] requerem conhecimento e tratamento especiais”53. Com toda a certeza, este sonho
precisou de um tratamento especial, não em Psicologia Analítica, e sim, de um profeta do Senhor,
uma vez que, o sonho foi dado pelo nosso Deus. A Psicologia Analítica é humilde, enquanto falou
sobre sincronicidade, ao mesmo tempo é notável a constatação de James A. Hall acerca da vida
transpessoal - “A humildade é necessária. […] Devemos estar sempre conscientes da natureza
misteriosa dos sonhos, que existem no limite de nosso entendimento acerca do cérebro e da mente,
da vida consciente e inconsciente, da vida pessoal e transpessoal” (James A. Hall, Op. Cit., p.145).
É acima desse limite, o transpessoal, que o Senhor trabalha; Deus naquele sonho ou, dentro daquele
sonho, colocou uma mensagem profética, corroborada com visões que o Senhor anexara em sua
psique. Aqui temos uma clássica ação do supracultural de Deus. Evidentemente, isto é uma questão
de fé. Inclusive, este sonho profético de Daniel diz respeito ao reinos que surgiriam e, de fato,
51
Freud: uma biografia em quadrinhos. Corinne Maier, Anne Simon.-1a ed.- São Paulo: Quadrinhos na Cia., 2012.,
p.18.
52
Introdução à psicologia junguiana. Calvin S. Hall, Vermon J. Nordby.-1.ed. 11. reimpressão – São Paulo: Cultrix,
2014., p.105.
53
Jung e a interpretação dos sonhos: manual de teoria e prática. James A. Hall.- São Paulo: Cultrix, 2007., p.113.
surgiram e ainda tem coisas as quais serão realizadas no devido tempo. Neste sonho e visão descrita
no livro de Daniel, mostra-nos que no supracultural o Senhor está no controle da história do
homem. Já falamos que a história é tal e qual um um grande trem, cheio de vagões, indo para
estação final. Cada carro do trem é um período da história humama; e não importa a arrumação ou a
bagunça feita dentro desse vagão, isso não impedirá o trem, ele chegará ao seu destino traçado pelo
maquinista - o nosso guia é o Senhor Deus - “Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a
antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a
minha vontade” (Isaías 46:10). A metáfora do trem pode ser pobre, mas ela reflete bem o aspecto
geral desse sonho do rei Nabucodonosor sobre os reinos que surgiriam até aos nossos últimos dias.
Descrevemos como o supracultural do de Reino de Deus tem interagido na sociedade
humana; são de muitas maneiras. Também existe o supracultural do mal e sabemos que o reino
satânico atua neste mundo de muitas formas, uma delas é do modo subjacente, igual a brasa que
lentamente consome a lenha, as brasas aqui são: a concupiscência e a soberba que existem no ser
humano; brasas que o Diabo está soprando desde do Éden - “concupiscência da carne, a
concupiscência dos olhos e a soberba da vida” (1 João 2:16). A concupiscência fala da cobiça de
bens materiais e do anelo pelos prazeres sensuais; a soberba é o comportamento excessivamente
orgulhoso - é o terreno da arrogância e da presunção, tão bem explorados pelo supracultural
Maligno na relação homem-homem; e degenera-se a sociedade.Tudo isso é consequência do pecado
original, desde então, a concupiscência e a soberba tem produzido tantas desordem dos sentidos e
da razão. A propósito, estes dois reinos eles são antagônicos, sim, claro, porém, não estão em pé de
igualdade; é muito importante entender, biblicamente, que não existe uma luta do tipo Deus versus
Diabo. No máximo que o reino de Satanás, o supracultural do Mal, pode fazer é bagunçar o vagão
do trem com suas ideologias satanicas, agora, pilotar o trem, jamais - o maquinista é o nosso Todo
Poderoso Senhor Jesus Cristo. Bendito seja Deus! As ideologias são ferramentas perigosas nas em
mãos diabólicas. Mas, o que é ideologia?
O supracultural na Ideologia

Antes de mais nada, segundo a Enciclopédia Barsa54, foi no período da Antiguidade


clássica e também na Idade Média que, ao conjunto de ideias e de opiniões existentes dentro de uma
sociedade, os pensadores chamavam de ideologia. Nicolau Maquiavel (1469-1527) que foi escritor,
estadista e filósofo italiano pensou que as idealogias seriam diferentes conforme o padrão de vida,
segundo ele - as idéias são diferentes "no palácio e na praça". Não só Nicolau, mas também Karl
54
©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
Marx (1818-1883), Filósofo alemão e o ideólogo da revolução comunista, ele criou uma teoria bem
trabalhada com respeito “a origem e o papel da ideologia nas diversas formas de organização
social”. De acordo com Marx, a “ideologia é um conjunto de idéias e conceitos que corresponde aos
interesses de uma classe social”, sem bem que, nem todos os membros eram adeptos. Para Marx, a
burguesia (comerciantes, industriais, profissões liberais) tem a sua ideologia e o proletariado
(aquele que vive do seu salário; operário) tem a dele; não é muito diferente do que disse Nicolau -
as idéias são diferentes "no palácio e na praça" (©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações
Ltda). Segundo Nelson Dacio Tomazi55, o conceito de ideologia é amplo, existiu muitos outros que
refletiram sobre este tema, e há ainda outros que utilizaram aqueles pensadores sobre ideologia
como referência na elaboração do seu próprio pensamento sobre este assunto. Tomazi continua:

Todos nós participamos de certos grupos de ideias [...]. São espécies de "bolsões"
ideológicos, onde há pessoas que dizem coisas em que nós também acreditamos, pelas
quais também lutamos, que têm opiniões muito parecidas com as nossas. Há alguns autores
que dizem que na verdade nós não falamos de fato o que acreditamos dizer, haveria certos
mecanismos, certas estruturas que "falariam por nós". Ou seja, quando damos nossas
opiniões, quando participamos de algum acontecimento, de alguma manifestação, temos
muito pouco de nosso aí, reproduzimos conceitos que já circulam nesses grupos. Ideologia
não é, portanto, um fato individual, não atua inclusive de forma consciente na maioria dos
casos. Quando pretendemos alguma coisa, quando defendemos uma ideia, um interesse,
uma aspiração, uma vontade, um desejo, normalmente não sabemos, não temos consciência
de que isso ocorre dentro de um esquema maior, [...] do qual somos apenas representantes -
repetimos conceitos e vontades, que já existiam anteriormente56.

Sabemos que verbete ideologia faz parte da definição sobre o que é cultura humana, e
percebe-se, mediante o texto acima, o seu grau de influência numa sociedade e o perigo se ela for
utilizada para o mal; a ideologia torna-se, então, um vírus num organismo sadio, adoecê-lo-á. A
Jacqueline Russ no seu dicionário57 mostra-nos estes dois caminhos da ideologia, o seu caminho
normal: Dumont - “Ideologia: conjunto social de representações; conjunto de ideias e valores
comuns numa sociedade (= ideologia global).” (Ensaio sobre o Individualismo, p.263, Le Seuil.); e
o perigoso - Engels – “A ideologia é um processo que o pretenso pensador realiza sem dúvida
conscientemente, mas com uma consciência falsa. As forças motoras verdadeiras que o põem em
movimento permanecem-lhe desconhecidas, caso contrário não seria, de maneira nenhuma, um
processo ideológico.” (Carta Mehring, 14 de julho de 1893, in K. Marx, F. Engels, Études
Philosophiques, p. 165, Éditions Sociales.).
Vamos explicitar esse caminho arriscado das ideias. Segundo Ari Herculano de Souza, no

55
Sociologia para o Ensino médio. De Nelson Dacio Tomazi. 2. ed. – São Paulo: Saraiva, 2010. Volume Único,
p.178.
56
Nelson Dacio Tomazi, Op. Cit., p.178, 179 – cita Marcondes Filho, Ciro. Ideologia: o que todo cidadão precisa
saber sobre. São Paulo: Global, 1985. p. 20.
57
Dicionário de Filosofia Jacqueline Russ; 1994; editora Scipione. – A autora coloca as citações dos filósofos
Dumont e Engels., p. 138.
seu livreto “A Ideologia58”, ele diz assim:

“a produção da cultura é um trabalho dos indivíduos, de todos os indivíduos, mas o “uso”


desta cultura tem sido uma prática dominada por alguns apenas. E essa dominação, para ser
concretizada, passa pela consciência ingênua de grande parte da população, difundindo um
saber cheio de lacunas, de vazios, de inverdades, de coisas nunca ditas até o fim” (Op. Cit.,
p.7).

O texto de Ari Herculano deixa claro que a ideologia é algo amplamente utilizado pelo
supracultural do mal. Ideologia, resumidamente é:

“A Ideologia é um saber cheio de ‘lacunas’ ou de ‘silêncios’ que nunca poderão


ser preenchidos, porque, se forem, a ideologia se desfaz por dentro; ela tira sua coerência
justamente do fato de só pensar e só dizer as coisas pela metade e nunca até o fim” (Ari
Herculano de Souza , Op. Cit., cita Marilena Chauí, p.8).

O Diabo implantou a primeira ideologia, lá no Eden, quando disse uma mensagem “cheia
de lacunas, de vazios, de inverdades” para Eva em Gênesis 3:1-6. Senão, vejamos:

1 Ora, a serpente era mais astuta que todas as alimárias do campo que o SENHOR Deus
tinha feito. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Näo comereis de toda a árvore
do jardim? 2 E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos, 3
Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Näo comereis dele, nem
nele tocareis para que näo morrais. 4 Entäo a serpente disse à mulher: Certamente näo
morrereis. 5 Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abriräo os vossos olhos,
e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal. 6  E viu a mulher que aquela árvore era boa
para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do
seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela.

Se o Maligno contasse a verdade sobre o que iria acontecer, se ele preenchesse as “lacunas
ou os silêncios”, Adão e Eva não desobedeceria ao Senhor Deus. É assim que este “conjunto social
de representações; conjunto de ideias e valores comuns numa sociedade” (Dumount, Op. Cit.), isto
é, ideologia funciona e como ela pode ser mainpulada pelo supracultural do mal. Muitas vezes o
supracultural de Deus entra para escrever nos espaços em branco e revelar “as forças motoras
verdadeiras que o põem em movimento” (Engels, Op. Cit.). Por isso a Igreja deve pregar e orar -
“Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecaçöes, oraçöes, intercessöes, e açöes de
graças, por todos os homens; Pelos reis, e por todos os que estäo em eminência, para que tenhamos
uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade” (1 Timóteo 2:1,2). Fazendo assim,
não importa a força de qualquer ideologia manipulada pelo mau - “O rei de Samaria será desfeito
como a espuma sobre a face da água” (Oséia 10:7).

O supracultural na Cultura

58
A Ideologia. De Ari Herculano de Souza. – São Paulo: Editora do Brasil, 1989.
O supracultural na cultura atua da seguinte maneira. O que é cultura? Lembre-se, cultura
segundo Bruce J. Nicholls59 é:
O professor John S.Mbiti, na Assembleia Pan Africana de Liderança Cristã, em
Nairobi, 1976, deu uma definição prática da cultura como sendo “o padrão humano de vida
como resposta ao ambiente do homem” – expressado em formas físicas tais como a
agricultura, as artes, a tecnologia; nos relacionamentos inter-humanos tais como as
instituições, as leis, os costumes; e nas formas de reflexão sobre a realidade total da vida,
tais como a linguagem, a filosofia, a religião, os valores espirituais, a cosmovisão.

A cultura é “o padrão humano de vida como resposta ao ambiente do homem”, em outras


palavras: cultura é o nível de exigência criado dentro da sociedade usado como base de julgamento
como resposta ao conjunto de condições materiais, conhecimentos, informações, saberes adquiridos
e padões morais que envolve uma ou mais pessoas. Este - “o padrão humano de vida” - se exprime
em termos explícitos em três campos: “formas físicas”, “relacionamentos inter-humanos” e “nas
formas de reflexão sobre a realidade total da vida”. A cultura se exprime, então:

1. Em formas físicas tais como a “agricultura, as artes, a tecnologia”. A arte e tecnologia são duas
áreas onde o supracultural, tanto de Deus como do Maligno, atuam. Quando em 2020 surgiu aquela
terrível pandemia da COVID-19, por exemplo, cresceu nas redes sociais, através dos celulares e
computadores, o número de cultos (igrejas virtuais), estudos bíblicos, orações e testemunhos. Antes
da COVID-19, evidentemente, houve a presença cristã, mas não tanto como durante e depois dessa
enfermidade epidêmica. Coisa de Deus para despertar-nos na maneira certa de dispor dessa rede
social, antes usada com amplidão pelo supracultural do Maligno. Foi assim, também, nos anos 70
quando os crentes disseram que a Televisão “era coisa do Diabo!”; não deu outra – veio o Maligno
usando a TV, sem impedimento algum, até o momento que acordamos; passamos a utiliza-la com
culto nos lares e campanhas evangelísticas via TV. Surgiu os pastores na TV – os pastores
eletrônicos.
2. “Nos relacionamentos inter-humanos tais como as instituições, as leis, os costumes”. As
convivências entre os indivíduos - nas leis, nos costumes que são as práticas, as formas de
comportar-se dentro de uma sociedade dada60 e nas instituições61, i.e., segundo Durkheim “pode-se
chamar de instituição a todas as crenças e a todos os modos de conduta instituídos pela coletividade;
a sociologia pode então ser definida como a ciências das instituições, de sua gênese e de seu
funcionamento”.
3. “E nas formas de reflexão sobre a realidade total da vida, tais como a linguagem, a filosofia, a
religião, os valores espirituais, a cosmovisão”. Este item influência tremendamente o item dois, nos
59
Fatores Culturais E Supraculturais Na Comunicação Doevangelho Nicholls, Bruce J., Contextualização: Uma
Teologia do Evangelho e Cultura. (p.10).
60
Dicionário de Filosofia de Jacqueline Russ. Editora Scipione. 1994.
61
As Regras do Método Sociológico.-3 ed.-São Paulo: Martins Fontes, 2007,-(Coleção tópicos). Prefácio da Segunda
Edição, XXX, primeiro parágrafo.
relacionamentos inter-humanos, e é claramente influenciado por ele.

Sem dúvida, o supracultural de Deus e do Maligno atuam fortemente, tanto no ítem dois,
como no três – o supracultural intervem e controla o curso das atividades nos relacionamentos inter-
humanos e nas formas de reflexão sobre a realidade total da vida. Vamos pensar naquela sociedade
das ovelhas que comentamos anteriormente. Dissemos que nesta sociedade de ovelhinhas existem
um conjunto de interações, entre elas ou de grupos sociais e, dentro dessa metáfora, podemos dizer
fios de lã de relações de uma ovelhinha para com outras criando um conjunto de fios entrelaçados,
um verdeiro tecido de vínculos afetivos em: relacionamentos, amizades, convivências e contatos;
sem dúvida, com as redes sociais aumentou muito este “tecido de lã”. Estas relações não se limitam
somente ao afetivo; existem também de ordem cultural, na política, na econômia, nas crenças etc.
Essas relações são de caráter complexo, imaginem a "World Wide Web" composta somente de
rebanhos de ovelhas, nesta rede mundial tem, em cada computador, uma ovelhinha ou grupo delas
interligadas. Neste tecido de lã de relações, ela se modifica ao longo do tempo, novos valores,
formas de pensar diferentes; muda-se a episteme de uma época para outra, como diria Foucault
(1926-1984), em outras palavras, numa época dentro de uma sociedade existe um modelo, uma
forma de pensar geral, mesmo que várias ovelhinhas tenham os seus conhecimentos próprio, estes
conhecimentos compartilham a forma de pensar geral daquela época, por exemplo, no final do
século 19 seria inconcebível o homem voar para a Lua, só em ficção, como no livro de Júlio Verne
(1828-1905) "Da Terra à Lua", 1865, por exemplo; alguns até poderiam crer, todavia, a sociedade
toda não, por causa da episteme desse tempo. Hoje, século XXI, já é o contrário, a episteme mudou
e ninguém tem dúvida, muitos viram pela TV Neil Armstrong pisando na lua em 1969; um ou outro,
atualmente, que não acreditam, acham que foi encenado; mudou a espisteme. Este assunto da
espisteme trataremos depois com mais detalhes.
No supracultural de Deus, frequentimente, ele levanta homens e mulheres trazendo
conhecimentos em várias áreas, se assim não fosse, não haveria necessidade dos dons da sabedoria
e da ciência que a Santa Bíblia se refere (1 Coríntios 12:8), e que o Senhor Deus confere, primeiro,
aos seus filhos e, depois, ao mundo no geral em forma "Graças Gerais" para que a sociedade,
debaixo do pecado, não se destrua, e nós crentes neste mundo não sofra ainda mais - “E os seus
discípulos […] disseram: Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como
Elias também fez? Voltando-se, porém, repreendeu-os, e disse: […] Porque o Filho do homem näo
veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las” (Lucas 9:54-56). <supmar>Outro
exemplo, também citado anteriormente, e é a base do tema “O Efeito Onésimo no Pastorado”, sobre
à questão da escravatura, tão comum no tempo de Filemom, Onésimo e do apótolo Paulo. Por meio
de Paulo, o Espírito Santo coloca nas mãos de Filemom uma carta, e no seu coração uma mensagem
libertadora do sistema social da escravidão; dessa maneira, Onésimo fica liberto da escravidão
imposta pelo este sistema maligno. Sem dúvida, esta mesma carta, inserida no Canon Bíblico do
Novo Testamento influenciou muitas vidas, talves, o padre português Manuel Ribeiro da Rocha,
aqui no Brasil, quem sabe. De acordo com a Enciclopédia Barsa, este padre foi o mais antigo
partidário do abolicionismo no solo brasileiro, “segundo as Efemérides do barão do Rio Branco, foi
o padre português, residente na Bahia, Manuel Ribeiro da Rocha, que em seu Etíope resgatado
(1757) se antecipou às idéias abolicionistas propostas pelos ingleses Thomas Clarkson (1786) e
William Wilberforce (1788)” (©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda).
Segundo a Enciclopédia Barsa, aqui no Brasil, na segunda década do século XIX, tinha em
torno de 1.200.000 escravos negros e a população de livres e branco, havia cerca de três milhões de
habitantes. Extraímos dessa maravilhosa enciclopédia, o seguinte:

De fato, o abolicionismo foi um movimento à margem dos partidos políticos, que


sensibilizou as parcelas mais esclarecidas da população e forneceu temas polêmicos a
numerosos poetas, como Fagundes Varela e Castro Alves. Em sua fase decisiva, a
campanha que culminou no 13 de maio foi impulsionada por entidades civis, como a
Sociedade Brasileira contra a Escravidão, de André Rebouças, e a Confederação
Abolicionista, de João Clapp, ambas no Rio de Janeiro, ou por organizações secretas e até
subversivas, como o Clube do Cupim, de José Mariano, no Recife, e os Caifases, de
Antônio Bento, em São Paulo.
No papel de relevo que coube à imprensa, destacaram-se os grandes jornais do Rio de
Janeiro: a Gazeta de Notícias, de Ferreira de Araújo; O País, de Quintino Bocaiúva,
notadamente pela seção que nele mantinha Joaquim Serra; a Gazeta da Tarde, de Ferreira de
Meneses e José do Patrocínio; e a Revista Ilustrada, de Ângelo Agostini.
(©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda).

Quantas pessoas Deus levantou aqui no Brasil e ao longo de séculos, e quantas vidas o
Senhor movimentou na história da humanidade contra a escravidão, a tal ponto, de acordo com
Foucault, o paradigma geral segundo o qual se estrutura uma sociedade, em uma determinada época
mudou (Dicionário Houaiss). É claro que não acabou a escravidão, mas hoje, só a menção da
palavra “escravidão” é um tema ofensivo mundialmente. É ação de Deus por meio das "Graças
Gerais" na história do homem. Glória a Jesus!

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