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Doença de Alzheimer: uma Aproximação desde a Podologia.
Podólogo Álvaro Carmona López - Espanha.
No último relatório publicado pelo Instituto Marcela Feria, em “Alzheimer: Uma experiência
Nacional de Estatística (INE-Espanha), o grupo humana” (11) reflete sobre os cuidados com os
que registrou o maior aumento de óbitos em pés: “Inspeção dos pés em busca de pés inchados
2011 em termos relativos foi o de doenças do ou bolhas. Evite o inchaço mantendo em alto e ins-
sistema nervoso (5,0%) que foram a quarta pecione o calçado como fator de risco.”
causa de morte mais frequente. A principal doen-
ça desse grupo é a doença de Alzheimer, que María Román, no “Manual do Cuidador de
causou 11.907 mortes, o que já é o dobro do Doentes com Alzheimer” (12), argumenta a
número de mortes em 2000. O aumento da mor- necessidade de cuidar dos pés diariamente
talidade feminina em doenças do sistema nervo- (observação, lavagem e secagem, hidratação). O
so (taxa de 53,0 em mulheres e 34,5 em uso de meias de fibra natural. Ela faz uma men-
homens), bem como em transtornos mentais ção especial ao corte das unhas: "As unhas dos
(42,9 versus 23,0). Entre o primeiro grupo, pre- pés serão cortadas retas e, em seguida, se limarão
dominam os mortos pela doença de Alzheimer e, as pontas deixadas os lados para impedir que
no segundo grupo, os decorrentes de outras machuquem o dedo próximo a eles".
demências (vascular, senil, etc.). (7)
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Domingo Palácios, em “Cadernos práticos Em elas se informavam os cuidados básicos
sobre a doença de Alzheimer e outras demên- com os pés, os principais problemas que afetam
cias. Resposta a problemas de enfermagem”. os idosos e as características dos cuidados podo-
(13), esclarece os cuidados básicos, fornecendo lógicos que seriam realizados dentro deste pro-
medidas preventivas para alcançar a manutenção grama, divulgando as funções e características
ideal do estado de saúde: “Aproveitaremos a lava- do podólogo.
gem para avaliar a condição da pele da pessoa -
principalmente na área dos calcanhares-, evite o 4. Estudo
aparecimento de úlceras e promova o fluxo sanguí-
neo massageando a pele. Existem pessoas que, 4.1 Metodologia
devido à doença, têm maior probabilidade de ter
problemas nos pés, como pacientes diabéticos. Este estudo foi realizado no Centro de Estancia
Nestes casos, faremos um cuidado mais profundo Diurna ARAPADES (Associação Ruteña de
com os pés e, às vezes, a ajuda do podólogo será Atenção a Pessoas com Demência Senil), na cida-
essencial para cuidar bem deles”. de de Rute, em Córdoba. Durante um período de
9 meses (Fevereiro a Novembro de 2012), foi
A interação com outros profissionais é uma rea- estabelecido um Serviço de Podologia, com uma
lidade cada vez mais consolidada em nosso subvenção concedida pela União Europeia.
ambiente. Os pacientes precisam que a integra-
ção dos cuidados com os pés em seu ambiente Foram estudadas 20 pessoas, o número total
seja rápida e especialmente bem feita. de idosos que frequentam o Centro diariamente.
Para isso, a criação de Programas de Um relatório sobre o estudo foi enviado aos seus
Promoção da Saúde é uma arma fundamental, familiares (tutores), uma vez que a aceitação foi
combinada com a ação cotidiana em consulta e recebida e com a colaboração do pessoal de
centros onde a profissão é exercida legalmente. saúde residente (enfermeira e fisioterapeuta) jun-
Os componentes básicos de uma equipe de cui- tamente com a gerência (psicóloga), foi prepara-
dados geriátricos incluem o geriatra, o enfermei- da uma ficha de coleta de dados entre eles,
ro especialista, o psicólogo e o assistente social, idade, sexo, antecedentes gerais, assistência a
com o apoio de outros profissionais, incluindo o dependências (SIM ou NÃO), tempo de perma-
fisioterapeuta, o podólogo, o nutricionista, o nência no centro, assistência (SIM ou Não) e fre-
estomatologista, etc. (14) quência (se houver) de assistência ao podólogo
antes da incorporação do Serviço ao Centro, ter-
Embora saibamos, pelas estatísticas, que mais minando com os Problemas e Alterações nos
de 84% das pessoas, com mais de 65 anos de pés.
idade, sofrem de alguma doença crônica, profis-
sionais de saúde, enfermeiras, podólogos, fisiote- 5. Resultados
rapeutas, médicos de família, geriatras ... e
outros especialistas, têm a obrigação e dever de A amostra é composta por 15 mulheres e 5
avaliar e prevenir a incapacidade que episódios homens, com idade média de 84,2 anos. A idade
patológicos do envelhecimento podem causar. média das mulheres é de 83,9 anos e nos
(15) homens de 85,2 anos.
Asistencia al Podólogo
FRECUENCIA
Si 8 2-4 MESES
No 12
Deformidades
(Dedos en Garra,
10% 25%
HAV, Úlcera,
Callosidades)
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6. Conclusões
Devemos adaptar nossas habilidades e conhecimentos para colocar na geriatria, o foco que a socie-
dade exige diariamente.
A realidade é bastante "encorajadora", os podólogos sabem que grande parte dos pacientes que vão
à clínica tem mais de 65 anos e isso nos torna especialistas na área.
Ainda temos um longo caminho a percorrer. Os alicerces da futura Podologia Geriátrica ainda pre-
cisam ser estabelecidos, de modo que esta especialidade seja totalmente integrada ao ramo da
saúde e possa resolver com sucesso e solvência os inúmeros casos clínicos que ocorrem diariamente.
Seria muito interessante trabalhar no estabelecimento de mecanismos e estratégias que melhorem
o conhecimento que os idosos têm sobre Podologia.
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O melanoma possui quatro classificações que O nevo tinha pigmentação amarronzada e esta-
são: melanoma extensivo superficial, nodular, va localizada na parte distal e subungueal do
lentigo maligno e lentiginoso acral. Alguns dos hálux esquerdo. O mesmo foi orientado pela
fatores de risco para o surgimento do melanoma podóloga a procurar um dermatologista, pois a
são as exposições solares (raio ultravioleta) mancha identificada não possuía bordas regula-
excessivas e sem proteção, ser de raça branca, res e sem simetria. Passados 03 anos, ou seja,
imunossupressão, idade, excesso de nevos (+50), agosto 2019, agora com 69 anos, aposentado,
hereditariedade e ou histórico pessoal entre residindo em Belo Horizonte em uma consulta de
outros. rotina de clínica médica foi confirmado a neces-
Para diagnósticos dos melanomas ungueais é sidade de procurar um dermatologista com
usado uma tabela em que se usa as letras A, B, urgência.
C, D, E, F onde é levado em consideração alguns O dermatologista após biopsia cutânea obteve
dados como: idade, coloração da mancha, o diagnóstico de melanoma “IN SITU”, Clark I,
mudança de tamanho e forma, local e quantida- em fase de crescimento radial, ou seja, o mesmo
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se encontra apenas na epiderme e sem metásta-
se para órgãos ou linfonodos dados em
24/09/19 e em 06/12/19 foi realizada amputa-
ção do hálux esquerdo.
Conclusão
A unha é o anexo cutâneo que se superpõe à A cutícula (eponíquio) é uma membrana quera-
face dorsal das falanges distais (GARDNER; tinizada delgada do estrato córneo modificado,
GRAY; O’RAHILLY, 1978, p. 52). que se estende da porção distal da prega da e se
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reflete sobre a superfície ungueal. A cutícula 2.5 Estrutura do pé
intacta atua como uma vedação que protege o
espaço situado entre as pregas da unha e a placa Em primeiro lugar o pé é um órgão de amorte-
ungueal contra a exposição aos irritantes exter- cimento de choques ou impactos, adaptando-se
nos, alérgenos patógenos (DEL ROSSO, 2012, p. ao solo irregular, em segundo também precisa
61). ser uma alavanca rígida para permitir a deambu-
lação, e, para que o mesmo órgão consiga fazer
As bordas ou pregas ungueais são compostas estes dois trabalhos, o seu comportamento deve
por epitélio, nas bordas laterais esse epitélio é sofrer alterações dramáticas durante as diferen-
espesso, sem cutícula evidente, porém, com tes fases do seu ciclo mecânico (SILVA, 2006, p.
camada de queratina macia, que tende a perma- 6).
necer como uma membrana fina e rugosa em O pé possui uma estrutura complexa composta
contato com a superfície ungueal adjacente, for- por ossos, articulações, glândulas, terminações
mando assim os sulcos ungueais laterais. nervosas, entre outras que funcionam juntas para
Na borda ungueal próxima o epitélio é normal garantir a sustentação, carregando todo o peso
e, se justapõe à placa ungueal (unha), sua mar- do corpo, e permitir seu deslocamento.
gem distal é compreendida pelo eponíqueo (cutí- Quaisquer alterações nos pés mesmo que peque-
cula), este, é de grande importância biológica, na, afeta esse funcionamento e, por consequên-
pois, proporciona a selagem que impede o aces- cia, prejudica a mobilidade. Um calo ou uma
so de fragmentos e de microrganismos à área unha encravada podem dificultar grandemente
próxima à matriz, na falta dessa proteção, seu desempenho, levando o indivíduo a sentir
podem ocorrer infecções e distúrbios morfológi- dores insuportáveis (JUSTINO; BOMBONATO;
cos ao sistema (BARAN, BERKER, DAWBER; JUSTINO; 2011, p. 18).
2000, p. 2). O pé é um elemento importante para a estrutu-
ra corporal, principalmente para o sistema pos-
Preconiza que as unhas crescem aproximada- tural. A planta dos pés é rica em receptores cutâ-
mente 3mm por mês, a partir do epitélio engros- neos, exteroceptivos e proprioceptivos, que os
sado da matriz ungueal (FANDOS, 2004, p. 26). torna um captor ou adaptador podal; com isso,
Sua espessura varia de 0,5 a 0,75mm tanto no nível dos pés, diferentes informações podem
crescimento quanto espessura podem ser afeta- intervir (CANTALINO; MATTOS; 2006, p. 77).
dos por dermatoses e, doenças sistêmicas (SAM-
PAIO; RIVITTI, 2008, p. 441). Quando se fala de esqueleto, faz-se referência a
A composição química da unha se deve pela estruturas ósseas articuladas. Tais estruturas,
presença de nitrogênio, enxofre, cálcio, magné- responsáveis pela junção dos ossos, recebem o
sio, sódio, ferro, cobre, zinco, lipídios (0,1 a 1%, nome de articulação ou junturas e tem a finalida-
sendo o colesterol o principal devido ao seu de de coloca-los em contato, permitindo a mobi-
poder plastificante, quando na falta deste, a unha lidade. Essa união não é feita da mesma forma
torna-se quebradiça e seca) e, água (7% a 12% para todos os ossos, variando, portanto, com
também com poder plastificante, portanto, quan- maior ou menor possibilidade de movimento e
to menor o teor de água maior sua dureza) tipo de tecido interposto aos ossos (SLEUTJES,
(BEGA, 2006, p. 17). 2008, p. 143).
O osso não é completamente sólido; possui
A microflora normal da unha é composta prin- muitos espaços pequenos entre suas células e
cipalmente por Scopulariopses brevicaulis e componentes da matriz extracelular. Alguns
Cândida Albicans. As infecções se devem princi- espaços são canais para os vasos sanguíneos
palmente a incidência de fungos dermatófitos, que irrigam as células ósseas com nutrientes
em unhas aparentemente normais; neste caso, a (TORTORA, DERRICKSON; 2017, p. 119).
microflora desempenha papel oportunista servin- Quanto a estrutura óssea, o pé possui 26 ossos
do de reservatório para infecções em hospedei- e dois sesamoides que estão divididos em três
ros debilitados ou predispostos (MENDONÇA, grupos: calcâneo ou retropé; tarso ou mediopé e
2004, p. 229). metatarso ou antepé. Os ossos que compõe
esses grupos são: talo, calcâneo, ossos cuneifor-
Embora o podólogo tenha sua atuação limita- mes (medial, intermédio e lateral), cuboide, navi-
da, ele deverá conhecer cada patologia apresen- cular, metatarsos, falanges proximais, falanges
tada e, orientar o paciente sobre outras podopa- mediais e falanges distais (JUSTINO; BOMBONA-
tias, ou seja, sem calosidades, fissuras, onicofo- TO; JUSTINO, 2011, p. 18).
ses (excesso de pele), unha encravada, tínea
pedis (frieira), onicomicoses e micoses de pele, Em seguida, segundo Goldcher (2009, p. 9), o
entre outros (MADELLA, 2010, p. 52). pé apresenta uma rede de vasos superficiais
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muito ricos que nascem do revestimento cutâ- tornozelos e nos dedos, que funcionam para a
neo. Os vasos profundos são satélites dos vasos execução da marcha e a dinâmica do pé; e arti-
sanguíneos. Todos os linfáticos convergem para culações de amortecimento e adaptação, presen-
glânglios situados na parte superior da perna. tes nos ossos dos grupos tarso e metatarso que
Não existem linfonodos no pé. amortecem o choque do pé com o solo (JUSTI-
Anatomicamente, o pé se divide em quatro par- NO; BOMBONATO; JUSTINO, 2011, p. 19).
tes: artelhos, representados pelos dedos; antepé, Dessa maneira, os pés são estruturas funcio-
formado pelos cinco metatarsianos, que funciona nais de base de sustentação do corpo que pos-
como alavanca durante a fase da marcha; medio- suem 52 ossos (nos dois pés), que representam
pé, composto pelo navicular, três cuneiformes e 25% do total de ossos do corpo humano, 33 arti-
cuboide, que funciona como segmento para a culações, 107 ligamentos e 19 músculos e tendõ-
absorção de choques, desempenhando a função es em cada pé (JUSTINO; JUSTINO; NOGUEIRA,
chave na sustentação do arco longitudinal 2009, p. 28).
medial; e retropé, constituído pelo calcâneo, que
proporciona estabilidade durante a fase da mar- A harmonia entre as estruturas ósseas do pé,
cha na qual ocorre o contato do calcanhar com o juntamente com os ligamentos e músculos pro-
solo e funciona como braço de alavanca para o movem a estabilidade e flexibilidade dos arcos
tendão de Aquiles durante a flexão plantar do pé plantares. A falha na integridade articular ou de
(CANTALINO; MATTOS, 2006, p. 77). partes moles resultará em disfunções do pé
(CANTALINO; MATTOS; 2006, p. 77).
O metatarsso consiste no conjunto de ossos Cada dedo possui três falanges (proximal,
que unem o tarso às falanges, sendo numerados medial e distal), com exceção do hálux, que pos-
de I a V no sentido medial para lateral. Os quatro sui apenas duas (proximal e distal) (SLEUTJES,
metatársicos mediais articulam-se entre sí por 2008, p. 90).
meio de facetas em suas bases. Suas principais Enriquecidos por compostos de cálcio que pre-
estruturas são: base (extremidade proximal); enchem os intervalos de sua estrutura, os ossos
corpo; cabeça (extremidade distal) (SLEUTJES, do pé são extremamente fortes, pois além de nos
2008, p. 90). permitirem praticar todos esses movimentos,
ainda nos permitem exceder limites (PIEDADE,
São capazes de sustentar o peso do corpo de 2002, p. 55).
maneira adequada e transportá-lo por quaisquer
tipos de terrenos. Como decorrência da carga A planta dos pés é recoberta por uma pele
que suporta, podem sofrer inúmeras deformida- pouco flexível e fina região do arco longitudinal
des e patologias, que devem ser identificadas e interno e espessa e dura nas partes que servem
tratadas corretamente para que não ocasionem de apoio. A planta dos pés também possui um
maiores alterações (BIANCHINI, 1997, p. 80) elevado número de células adiposas que formam
Os pés tem basicamente duas funções distin- um coxim plantar, cuja função é amortecer o
tas: uma em estática (quando o indivíduo se peso do corpo, juntamente com os arcos que for-
encontra parado e de pé), e outra em dinâmica mam a abóboda plantar (JUSTINO; BOMBONA-
(quando o indivíduo se encontra em movimento) TO; JUSTINO, 2011, p. 19).
(BELO, 2011, p. 4).
Tendo visto que os pés contêm mais de 250 mil É a parte do corpo que contém mais termina-
glândulas sudoríparas e estão entre as partes do ções nervosas por centímetro quadrado (e é por
corpo que mais transpiram. Em um dia, cada pé isso que sentimentos cócegas tão facilmente)
pode produzir mais de meio litro de suor (MADE- (MAFRA, 2015, p. 23).
LLA, 2011, p. 10). É comum dizer que o esqueleto é capaz de rea-
lizar movimentos. Porém, tais movimentos estão
O esqueleto do pé, assim como o da mão, é associados a outras estruturas e órgãos, como
constituído por ossos articulados entre si, os tar- articulações, músculos, sistema nervoso central
sais, que se articulam com 5 ossos longos, um e periférico. Os ossos desempenham, portanto, o
conjunto denominado matatarso. Com os ossos papel de alavancas mecânicas que permitem os
do metatarso articulam-se com as falanges. O movimentos (SLEUTJES, 2008, p. 42).
tarso totaliza um conjunto de sete ossos, dos
quais um, o tálus, articula-se com os ossos da Quanto as estruturas dos arcos plantares, o pé
perna, além disso os ossos tarsais articulam-se pode ser classificado em normal, plano e cavo.
entre si (SLEUTJES, 2008, p. 90). No pé normal os dois arcos mediais devem ser
simétricos tanto na largura quanto no compri-
Cada pé conta com 33 articulações, divididas mento. O pé plano, caracteriza-se por um acha-
entre articulações de movimento, presentes nos tamento do arco longitudinal medial. O pé cavo é
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Figura 3: Anatomia dos pés
Fonte: https://planetabiologia.com/sistema-esqueletico-ossos-do-pe/.
Acessado em: 07 nov.2019.
caracterizado por um aumento do arco longitudi- Em seguida, Neto (2009, p. 8) diz que é sabido
nal medial. Esse tipo de deformidade resulta que os pés possuem 72.000 terminações nervo-
num pé rígido com muita pouca capacidade de sas e que passam por eles diariamente mais de
amortecer choques e adaptar-se aos esforços 18.000 quilos de sangue e líquidos extracelula-
(CANTALINO; MATTOS, 2006, p. 77). res, sangue este que transporta, entre outras
substâncias, [...] minerais e vitaminas e outros
Os ligamentos presentes no pé são: ligamentos nutrientes, isto através de uma cadeia vascular
cuneionaviculares plantares e dorsais, plantar de mais de 22 km de comprimento.
longo, tarsometatarsais plantares e dorsais,
tibiofibular anterior e posterior, talofibular ante- Os pés tem basicamente duas funções distin-
rior e posterior, calcaneofibular, colateral medial tas: uma em estática (quando o indivíduo se
(deltoide), talocalcaneo lateral e interósseo, encontra parado e de pé), e outra em dinâmica
bifurcado, medial do tornozelo (parte tibionavi- (quando o indivíduo se encontra em movimento)
cular e tibiocalcanea), calcaneonavicular plantar (BELO, 2011, p. 4).
e ligamento colateral medial (deltoide) do torno-
zelo (parte posterior) (JUSTINO; BOMBONATO; Desta forma, define-se que tal ciência desenvol-
JUSTINO, 2011, p. 19). ve o conhecimento biomecânico do tornozelo e
dos pés, a fim de compreender a marcha e os
Conforme o autor Bega (2014, p. 21), o pé é problemas que a dificultam, podendo, dessa
composto por 26 ossos e outros acessórios que forma optar pelo melhor tratamento dentro de
nem sempre estão presentes em todos os pés, uma visão ampla, multidisciplinar (BEGA, 2006,
sendo muitos deles causadores de problemas p. 1).
que impedem a perfeita deambulação. [...] consi- A função dos ossos é de proteção: os ossos
deramos também os ossos que se articulam com constituem verdadeiras armaduras que prote-
o pé para entendermos melhor a formação da gem os órgãos com funções importantes, como o
estrutura que conhecemos como tornozelo. cérebro, o coração e os pulmões, entre outros.
Sustentação e conformação: Além de proporcio-
As articulações ou junturas dividem-se, de nar a sustentação do corpo, os ossos permitem
acordo com sua estrutura e mobilidade, em três que os seres humanos tenham uma morfologia
grupos. São eles: fibrosas (sinartroses) ou imó- que os difere das demais espécies e os torna
veis; cartilaginosas (anfiartroses), ou com movi- semelhantes entre si. Armazenamento de íons de
mentos limitados e sinoviais (diartroses), ou jun- cálcio e fósforo: os ossos são compostos, em
turas de movimentos amplos (SLEUTJES, 2008, parte, por sais minerais (SLEUTJES, 2008, p.
p. 144). 41).
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3. ONICOSES
Na onicocriptose (unha encravada), utiliza-se Manter as unhas curtas diminui a área disponí-
além do corte adequado, as órteses para corre- vel para desidratação e evitar remover muita cutí-
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cula previne as infecções. Assim, impõe-se infor- com pressão na borda ungueal lateral (onicocrip-
mar o paciente sobre a higiene das unhas (corte tose grai I). Esses sintomas são provocados pelo
reto) e calçado adequado (largo e arejado) e nas avanço da placa ungueal com presença de espí-
unhas grossas, propor limpar o dorso da placa cula lateral para dentro do tecido periungueal,
ungueal três vezes por semana. Os pacientes desencadeando assim o processo inflamatório.
devem assegurar que hidratam as unhas com Se a injúria persiste, os sinais inflamatórios
hidratantes tópicos. Finalmente, não é aconsel- aumentam,e, assim, pode surgir exsudato, infec-
hável usar unhas artificiais e fazer manicura das ção secundária e drenagem no local (onicocripto-
cutículas (LEME, 2015, p. 31). se grau II). Se o processo persiste os sintomas
aumentam e ocorre a formação de tecido de gra-
Atualmente, faz-se frequente o uso das órteses nulação e hipertrofia da borda lateral da unha
acrílicas, estas são colocadas na lâmina ungueal (onicocriptose grau III) (IGNEZ; AZULAY, 2006, p.
deformada, e a sua pressão lateral tende a tra- 689).
cionar as bordas laterais da lâmina ungueal de
forma longitudinal, levando ao alívio da dor e a Outros fatores adicionais agravantes são:desvio
modificação progressiva da convexidade da medial do hálux, afinamento da placa ungueal,
mesma. O uso prolongado, geralmente mais de espessamento dos tecidos periungueais, hiperi-
seis meses, resulta na correção da curvatura exa- drose dos pés, corte convexo da borda livre distal
gerada da unha, as recidivas ocorrem quando o da placa ungueal e sapatos em ponta fina ou
tratamento for suspenso precocemente. O retor- excessivamente apertados (LUCARES; RODRI-
no do paciente se faz uma vez por mês, neste a GUEZ; LEVERONE; NAKAMURA, 2012, p. 1).
fibra é substituída por uma nova e o grau de cur-
vatura é medido (MENDONÇA, 2009, p. 339).
O uso prolongado, geralmente mais de seis São feitas com resina fotopolimerizáveis e uni-
meses, resulta na correção da curvatura exagera- das a unha com uma substância não-aderente.
da da unha, as recidivas ocorrem quando o trata- Quando aplicada sobre a lâmina é necessário dar
mento for suspenso precocemente. O retorno do a forma desejada para assim aplicar a luz do
paciente se faz uma vez por mês, neste a fibra é fotopolimerizador, para que seque e fique aderi-
substituída por uma nova e o grau de curvatura é da sobre a lâmina ungueal (BEGA, 2006, p. 7).
médio (MENDONÇA, 2009, p. 339). Dependendo do seguimento do tratamento e do
Di Chiachio e colaboradores (2006, p. 1082) paciente, são observados ótimos resultados no
ressaltam que o uso de órtese é indicado para o tratamento conservador, no entanto, não se con-
tratamento de onicocriptose grau I e nos casos segue determinar o melhor método, pois ainda
em que a cirurgia não pode ser indicada. De acor- são encontradas recidivas. Talvez isto se deva à
do com os autores, a fibra de memória é coloca- cultura brasileira, onde é comum a prática de
da sobre a unha com cola de cianocrilato, mais cuidados com os pés com avulsão de cutículas e
próxima da borda distal, e mantida por 40 a 60 podas das unhas de forma inadequada (CORDEI-
dias. RO; HIRATA; ENOKIHARA, 2009, p. 28).
A onico-órtese desenvolvida apartir da fibra de Essa técnica pode ser utilizada em onicofoses,
memória molecular é uma fibra de vidro com após sua remoção, da mesma forma que se apli-
resina epóxi que, obedecendo a princípios da físi- ca a órtese confeccionada com o polímero e o
ca, tracionam o corpo da unha, diminuindo a sua monômero acrílicos (BEGA, 2014, p. 205).
curvatura. Estudos e pesquisas comprovam a sua
eficácia e, por ser uma técnica muito simples, 3.2.4 Ortoplastia
tem sido largamente utilizada na podologia bra-
sileira (BEGA, 2014, p. 198). É um material inodoro, insípido, incolor, antio-
São pequenas próteses acrílicas, formada por xidante, resistente a água e a outros produtos
camadas sintéticas, indicadas para casos mais químicos. O tipo utilizado na podologia pode ser
simples de onicocriptose. Posicionadas sobre a encontrado sob a forma de líquido ou pasta e sua
lâmina ungueal tem finalidade de tracioná-la, dureza é medida dentro da escala Shore A, sendo
modificando e suavizando a dor (MENDONÇA, que os silicones mais maleáveis apresentam uma
2004, p. 237). dureza Shore 3 e Shore 4 e os silicones menos
Todavia, como qualquer dispositivo médico maleáveis apresentam dureza Shore que varia de
ativo, ela tem efeitos colaterais. Uma órtese 11 a 16. Por meio dela é possível saber se o sili-
inadequada gera doenças iatrogênicas por sobre- cone é apropriado para proteção ou para corre-
carga ou por excesso de tração (GOLDCHER, ção, se deve ser usado em idosos, diabéticos,
2009, p. 262). crianças, atletas, etc (BEGA; LOROSA, 2010,
p.253).
Durante a vida, a morfologia das unhas varia, O simples uso de um compensador de silicone,
verificando-se grandes diferenças entre as unhas que melhora o alinhamento do artelho e paralisa
sãs de um lactante e as de um ancião. A taxa de o processo de degeneração articular, pode ser
crescimento, a cor, o contorno, a superfície, a classificado como uma profilaxia para uma boa
espessura, a composição química e histológica postura, assim como um compensador mal
da unha modificam-se. Por exemplo, o teor de adaptado que provoque dor e/ou limitação de
gordura, que já é baixo em condições normais, mobilidade articular, pode desencadear uma
sofre uma queda com a idade, que é independen- compensação postural patológica (ROMEIRO,
te da dieta ou de doenças como a hipercolestero- 2004, p. 10).
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A pegada plantar é um bom método de avalia-
ção para tipificar o tipo de pés, sendo od pés
mais planos aqueles que apresentam um maior Juanete
risco de lesões, assim como um maior número
de patologias associadas (AGUILERA; HEREDIA;
PEÑA, 2016, p. 20).
As órteses de silicone aplicadas no antepé são
muito versáteis, ou seja, podem ser confecciona-
das para vários problemas, tanto para correção
como para absorção de impacto. Servem para
calos interdigitais, hálux valgus, dedo em marte-
lo, calos dorsais dos dedos médios, etc. O bene-
fício é que não são desprezíveis, pois não perdem
a forma e a função com o uso cotidiano. São
hipoalergênicas e os cuidados solicitados são:
não devem ser usadas ao dormir; lavá-las com
água e sabão; secá-las com pano ou papel absor-
vente; e pulverizá-la com talco para não ficarem Figura 7: Joanete
pegajosas (BEGA, 2014, p. 207). Fonte:
https://alfenashoje.com.br/noticia.asp?id_noti-
3.3 Distrofias Ungueais Parciais cia=16746.
Acessado em 11 de out. 2019.
As unhas são placas de células queratinizadas,
localizadas na superfície dorsal das falanges ter- O calçado pode ser o maior contribuinte para
minais dos dedos. É na matriz da unha que se patologias nos pés, tais como hálux valgo, defor-
observa sua formação, graças a um processo de midades nos dedos e calosidades (FREY, 2000, p.
proliferação e diferenciação das células epiteliais 32).
que gradualmente se queratinizam, formando a O tratamento é conservador e consiste de pres-
placa córnea (JUSTINO; BOMBONATO; JUSTINO, crição de calçados com a frente mais larga e a
2011, p. 25). utilização de um separador de dedos para estabi-
Vão desde unhas frágeis, quebradiças, com fen- lização que deve ser usado à noite. Em casos gra-
das longitudinais ou transversais, chegando até a ves, o tratamento cirúrgico é indicado, contudo a
alteração completa na lâmina ungueal. As causas identificação de fatores que levaram àquela
das alterações leves são várias, desde um sim- deformidade é imprescindível para a atuação
ples processo relacionado a idade, exposição cirúrgica e também para se evitar a recidiva (SIL-
exagerada a detergentes, uso de esmaltes, remo- VEIRA, 1999, p. 503).
vedores e outras substâncias que ressecam as Trata-se de uma afecção complexa, que como
unhas. As formas graves com distrofias quase tal deve ser avaliada, para que se possa indicar
totais estão, em geral, associadas a outras doen- também a técnica cirúrgica mais adequada
ças e/ou infecções (SILVA, 2000, p.632). (IGNÁCIO et al., 2006, p.48).
Pittings (depressões cupuliformes e estriações) É de extrema importância que as atividades
são as alterações de superfície mais comuns da esportivas sejam modificadas para reduzir o
lâmina ungueal. A anatomia e a biologia da unha estresse causado no joanete. Deve-se evitar corri-
indicam que isto deve ocorrer a partir de uma da em terrenos irregulares (principalmente com
alteração da matriz mais proximal ou a chamada subidas), treinos de tiro e atividades que envol-
matriz dorsal. Alterações passageiras levarão a vam chutes (futebol e lutas marciais) ou posturas
lesões arredondadas ou ovaladas, e alterações ajoelhadas (MELLO, 2013, p. 18).
duradouras levarão a lesões longitudinais Estabeleceram-se os valores médios angulares
(BARAN, 2009, p. 1). da primeira articulação metatarsofalangiana
indicado para cirurgia, evitando ou diminuindo
3.4 Hálux Valgo ao máximo a porcentagem de correções insufi-
cientes e recidivas (NERY et al., 2001, p. 41).
O hálux valgo é uma subluxação estática da pri-
meira articulação metatarsofalangiana. É vulgar- 3.5 Deformidade dos dedos
mente chamado de joanete e leva a uma altera-
ção tanto na estabilidade estrutural como postu- Por razões ortopédicas, como artroses, encur-
ral dos pés, podendo ou não estar associada a tamentos de tendões, pés acentuadamente
outras deformidades naquela região (CARVALHO, cavos, fraturas mal consolidadas, etc., os peque-
2009, p. 365). nos dedos sofrem alterações estáticas e funcio-
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nais que provocam o surgimento de outras podo- (VIDAL; SANTOS, 1998, p. 50).
patias, como helomas e tilomas dos pequenos A infiltração é a técnica de aplicar um medica-
dedos, helomas e tilomas interdigitais, helomas mento diretamente na região lesionada mediante
nas bordas distais dos dedos e problemas futu- uma injeção. A região anatômica do pé onde se
ros, muito irrecuperáveis a não ser cirurgicamen- aplica a infiltração com maior frequência é o cal-
te (BEGA, 2014, p. 245). canhar afim de eliminar a dor de uma entesite no
esporão do calcâneo (MALDONADO; BUEIS;
As deformidades dos dedos apresentam-se GONZÁLEZ, 2014, p. 87).
basicamente de três formas: garra, martelo e As pessoas mais suscetíveis ao problema são
malho. São todas as formas rígidas ou flexíveis. mulheres com idade entre 40 e 50 anos, prati-
A causa mais comum é o uso de sapato inade- cantes de esportes como caminhada, corridas e
quado, mas pode também ser secundárias a maratonas. O tratamento é principalmente clíni-
fatores congênitos, ou alterações neuromuscula- co, realizados por meio de exercícios de alonga-
res. Nos casos flexíveis, pode-se tentar o trata- mento do tendão de aquiles e da fáscia plantar
mento conservador, com o uso de sapatos apro- (MAFRA, 2011, p. 16).
priados, com medidas de reabilitação da muscu- O surgimento do esporão do calcâneo costuma
latura, extensora e extrínseca do pé e uso de estar associado ao aumento do tônus muscular
tubos de esponja de plástico para proteger e evi- dos flexores curtos dos dedos (esporão infracal-
tar atritos nos dedos (MASCARÓ, 2003, p. 165). câneo), mais comuns em pés cavos, ou ao
Excessos, como peso acima do padrão ideal, aumento do tônus muscular do tríceps (gastroc-
pratica de esportes de grande impacto, uso de nêmios e sóleo) na sua inserção no tendão do
calçados inadequados, caminhadas muito longas calcâneo (esporão retrocalcâneo) (BEGA, 2014,
ou mesmo praticas profissionais que exijam a p. 246).
permanência em pé por longos períodos colocam As causas de dor no calcanhar podem ser clas-
os pés no limite de sua resistência mecânica sificadas em: doenças inflamatórias sistêmicas,
(PIEDADE, 2002, p. 48). doenças inflamatórias localizadas, compressão
de nervos, doenças metabólicas, infecções, sín-
Nos casos rígidos ou na falha do tratamento drome traumática e/ou uso abusivo (MARTONA-
conservador indica-se o tratamento cirúrgico RA, 2001, p. 360).
(COLLET, 2002, p. 281). Na maior parte dos casos de dor no calcanhar
O tratamento é muito disciplinar envolvendo a causa principal decorre do esporão do calcâ-
podologista e ortopedista. O médico trata cirur- neo, que se relaciona à fascite plantar.
gicamente e pode encaminhar o paciente ao Caracterizada por crescimento ósseo extra no
podologista, visando a um cuidado especializado calcanhar pode se formar quando a fáscia plan-
e completo. O podologista faz a avaliação podo- tar faz excessiva tração sobre o calcanhar. A quei-
postural e confecção de órteses de silicone, além xa típica de apresentação de um paciente com a
de órteses plantares podoposturais ou biomecâ- síndrome do esporão do calcâneo é a discinesia
nicas e remoção das afecções causadas por pós-estática, especialmente após se levantar de
estas deformidades (BEGA, 2014, p. 245). uma noite de descanso. A dor no calcanhar dimi-
nui após período de atividade (COLLET, 2002, p.
3.6 Esporão do Calcâneo 286).
No caso específico de higroma, a causa essen-
O surgimento do esporão do calcâneo costuma cial do calo são microtraumatismos de repetição.
estar associado ao aumento do tônus muscular Motivo muito comum observado pelos podólo-
dos flexores curtos dos dedos (esporão infracal- gos, os microtraumatismos estão sempre ligados
câneo), mais comuns em pés cavos, ou ao a causas secundárias (VAGLI, 2012, p. 8).
aumento do tônus muscular do tríceps (gastroc- Nesses casos, o uso de órteses podoposturais
nêmios e sóleo) na sua inserção no tendão do e exercícios de alongamento costumam surtir
calcâneo (esporão retrocalcâneo) (BEGA, 2014, bons resultados. Além do quadro clínico, uma
p. 246). radiografia é suficiente para mostrar o esporão
O esporão de calcâneo é uma patologia ortopé- de calcâneo (espinha subcalcânea ou retrocalcâ-
dica caracterizada pela formação de espiculas nea), definida como um osso supernumerário
ósseas na face plantar ou posterior do osso cal- (BEGA, 2014, p. 247).
câneo. As principais causas predisponentes são
os traumatismos de repetição, devidos a um tipo 3.7 Onicólise
de marcha que força demais a região calcânea,
ao peso excessivo ou mesmo ao uso de calçado A separação da lâmina ungueal da porção dis-
com palmilha dura, que não amortece adequada- tal do leito é chamada de onicólise, enquanto a
mente a pressão do calcâneo durante a marcha separação a partir da matriz e do leito ungueal
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proximal é chamada de onicomadese. A onicólise núcleo, central, doloroso, onde há maior quanti-
é um fenômeno comum e ocorre em quase todos dade de células (VAGLI, 2009, p. 10).
os pacientes com hiperqueratose subungueal A parte mais importante na formação da lâmi-
(BARAN, 2009, p. 61). na ungueal é sua irrigação sanguínea. E a partir
Caracteriza-se por um deslocamento da unha do momento que houver uma interferência inter-
de seu leito na sua região, criando um espaço na ou externa desta irrigação, haverá alterações
subungueal onde se acumulam germes, sujeira, em sua formação, tanto em espessura como em
queratina e outros detritos. Nesses casos é pre- crescimento (JUSTINO; BOMBONATO; JUSTINO,
ciso ter certos cuidados, como evitar traumatis- 2011, p. 26).
mos. Ouso de detergentes e certos medicamen-
tos tentar erradicar os fungos e bactérias porven- É importante ressaltar que, tanto nos casos de
tura presentes (SILVA, 2000, p. 627). tiloma quanto de heloma, uma avaliação biome-
Após um trauma de proporção significativa, a cânica e podopostural são importantes, pois são
unha pode se tornar involuta em consequência as principais formas de se identificar com segu-
de lesões que afetam a matriz ou leito ungueal, e rança as causas (BEGA, 2014, p. 237).
muitas vezes os dois, leito e matriz, podem ser As calosidades tratadas recidivam frequente-
afetados. Em ambos os casos, pode ocorrer mente e precocemente se, paraleleamente, os
espessamento, mudança da curvatura, fissuras, transtornos estáticos do antepé, que os ocasio-
deslocamentos, podendo evoluir para onicomico- nam, não forem compensados. Os calos pouco
se (JUSTINO; BOMBONATO; JUSTINO, 2011, p. consistentes devem ser tratados colocando-se
45). algodão ou pequena proteção macia no espaço
interdigital. Os sapatos abertos são também
O tratamento consiste em um diagnóstico da muito úteis. O desenvolvimento dos calos diminui
causa, em conjunto com o médico, preferencial- ou desaparece ao se protegerem as proeminên-
mente, que pode ser um trauma ocasionado por cias ósseas (PINTO, 2002, p. 221).
calçado apertado, procedimentos incorretos pra-
ticados por empíricos (manicures, pedicures, 3.9 Neuroma de Morton
etc.) e aitrogenias (causadas por podologistas,
médicos, enfermeiros, etc.) (BEGA, 2014, p. Localiza-se entre a terceira e a quarta cabeça
222). dos metatarsos. A predileção pelo sexo feminino
As causas mais comuns de onicólise são as sugere que a lesão seja desencadeada pelo uso
inflamações agudas e crônicas, paraqueratose e de sapatos de salto alto, com o que ocorre um
trauma. Como a maioria dos casos inicia-se a aumento da pressão na cabeça dos metatarsos e,
partit do hiponíquio e se estende na direção pro- consequentemente compressão do nervo (BAR-
ximal, não há envolvimento primário da matriz BOSA et al., 2005, p. 258).
(BARAN, 2009, p. 61). O tratamento inicial é direcionado à mudança
de hábito quanto ao uso de calçados, dando-se
3.8 Hiperqueratose preferência ao uso de salto menor e bico mais
largo; também é instituído o uso de anti-inflama-
São zonas de calosidades que ocorrem em tórios não hormonais e fisioterapia com alonga-
locais de proeminência óssea depois de muito mento da fáscia plantar e flexores dos dedos e
tempo de hiperpressão e de atrito. Podem oca- ultrassom (HIGGINS et al., 1998, p. 404).
sionar dor e dificuldade para deambular e tam- Segundo Vianna (2007, p. 19), é uma enfermi-
bém podem ulcerar e infectar (PINTO, 2002, p. dade que aparece sob a cabeça do 3º e 4º meta-
219). társicos cuja principal característica é dor, quei-
A pressão contínua do sapato produzirá o mação ou descarga elétrica, na região dos pés.
espessamento e hiperqueratose reativas do leito, Patologia conhecida como Neuroma de Morton.
a hipertrofia e deformação da matriz, podendo
ter, como resultado, a onicogrifose. A infecção É causa comum de metatarsalgia, desencadea-
produzida por fungos também pode provocar dis- do frequentemente pela compressão mecânica
trofias e até mesmo, a queda das unhas (VIAN- de ramos digitais dos nervos plantares, com a
NA, 2007, p. 34). formação de uma pequena massa ao redor do
nervo plantar comum que passa embaixo do pé,
O calo se desenvolve em virtude de pressões no ponto em que este se divide em dois ramos,
exercidas por agentes externos, com maior inci- que se dirigem aos dedos (BARRÔCO; NETTO;
dência nas saliências ósseas da parte de cima NERY, 1998, p. 532).
dos dedos, na pele entre os mesmos e na planta O neuroma causa dor lancinante no antepé,
do pé. Podendo ser duros ou moles, sensíveis ao levando o paciente, em certas ocasiões, a retirar
toque e arredondados. Geralmente possui um os sapatos e massagear os dedos. A dor irradia-
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se para os dedos, podendo ocorrer fenômenos vascular periférica no membro inferior (LOPES,
parestésicos nas áreas inervadas por seus 2003, p. 1).
ramos, com a sensação de queimação (BARBOSA
et al., 2005, p. 258). No paciente diabético de longa data, ou que
Podem ser usadas como coadjuvantes, palmil- está em constante descontrole glicêmico, desen-
has para supressão de carga na região metatar- volve-se a neuropatia diabética seguida de vascu-
sal acometida. Também podem ser utilizadas lopatia, comprometendo os movimentos dos pés
infiltrações com esteroide e anestésico local para e das pernas, o que gera dificuldades e alteraçõ-
um alívio mais prolongado (HIGGINS et al., es na marcha (GUIMARÃES, 2011, p. 49).
1998, p. 404). Devido à alta taxa de glicose no sangue os
vasos sanguíneos podem ficar lesionados, cau-
4. O PÉ DIABÉTICO sando a redução de circulação no membro, por-
tanto o paciente com pé diabético tem sintomas
A diabetes é uma doença metabólica crônica como dormência, dores lancinantes (dores agu-
que, acarreta grandes complicações aos pacien- das), sensação de queimação, perda de sensibili-
tes portadores deste mal (FILHO, 2006, p. 2). dade e, apresenta dificuldade na cicatrização de
A obesidade, o sedentarismo e a inatividade lesões ou cortes (NEGRATO, 2006, p. 19).
física, dentre outros, se constituem como fatores Uma unha mal cortada, calo tratado de forma
associados ao desenvolvimento do Diabetes errada, uma lesão provocada por um profissional
Mellitus e suas complicações. Há evidências e, a demora no diagnóstico e atendimento pode
científicas de que esses fatores causam a maio- causar gangrena, necrose de um membro e até
ria dos novos casos de Diabetes Mellitus e óbito (BEGA, 2008, p. 249).
aumentam o risco de complicações em pessoas
que tem a doença (MENEZEZ et al., 2014, p. O diagnóstico da patologia é feito pelas compli-
831). cações tardias em face da lentidão da instalação
da doença e pela ausência de sintomas caracte-
Existem diversos tipos distintos de diabetes, rísticos, permitindo a evolução da doença entre 7
podendo diferir-se na etiologia, evolução e trata- e 10 anos (FILHO, 2006, p. 2).
mento. As principais classificações de diabetes A idade pode influenciar na complicação devido
são: Tipo 1 (insulino-dependente); Tipo 2 (não aos problemas inerentes do envelhecimento,
insulino-dependente); Diabetes Mellitus associa- como alterações cardiovasculares e deficiência
do a outras condições ou síndromes e Diabetes na produção de insulina, ou atuando como fator
Mellitus gestacional (SILVA et al., 2003, p. 110) dificultador para o autocuidado, nesse caso o
Os tipos mais comuns de diabetes são o tipo 1 idoso pode ter deficiências visuais ou articulares
e o tipo 2, caracterizadas por hiperglicemia e que o impeçam de realizar o cuidado com os pés
intolerância à glicose, devido a pouco produção (GUIMARÃES, 2011, p. 53).
de insulina a não produção desta ou da má- O tratamento em pé diabético é multidiscipli-
absorção pelo organismo (BEGA, 2008, p. 247). nar, associando conhecimentos de médicos vas-
culares, endocrinologistas, dermatologistas,
O pé diabético é a infecção, ulceração e/ou ortopedistas, cirurgião vascular, fisioterapeutas,
destruição dos tecidos profundos associados a podólogos, entre outros (ALMEIDA, 2006, p.
anomalias neurológicas e vários graus de doença 222).
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