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substrato

Tudo o que você precisa saber


tá aqui.
Índice
1.O que são suculentas?

2. O habitat natural das suculentas

3. O que é um substrato e qual sua função?

4. Os grandes vilões do substrato

5. As características do substrato ideal


para cactos e suculentas

6. Composição do substrato e principais insumos


utilizados

7. Como dividir as frações do substrato

8. O que considerar na escolha dos insumos?

9. Compondo a parte orgânica (reativa) do substrato

10. Compondo a parte inerte (não reativa) do substrato

11. Outros insumos para compor o substrato


12. Como escolher insumos para a mistura do substrato
13. Receitas para composição do substrato
O que são suculentas?
O termo “suculenta” não se referente a um grupo
botânico ou taxonômico específico. Usamos o
termo “suculenta” para agrupar plantas
pertencentes a mais de 20 famílias botânicas
diferentes.

Ainda assim, apesar dessa vasta diversidade, todas


as plantas suculentas têm uma característica em
comum: todas elas tem o aspecto “gordinho”.

Essa característica ocorre devido a alta


quantidade de parênquima aquoso, ou
aquífero, um tecido vegetal que funciona mais
ou menos como uma esponja: ele é capaz de
guardar dentro dele reservas de água e
nutrientes.

Qualquer planta que tenha


esse aspecto pode ser
chamada de suculenta, logo,
cactos e rosas do deserto
também são consideradas
plantas suculentas.
Representação esquemática de uma suculenta
2. O habitat natural das suculentas

As plantas suculentas são especialistas em reter


água nutrientes, pois evoluíram para ocupar
locais extremamente áridos, quentes, com
pouca chuva e solo pobre em matéria orgânica,
basicamente compostos por rochas, minerais e
pedregulhos (veja abaixo as fotos).

Nesse tipo de ambiente, microrganismos como


fungos e bactérias têm maior dificuldade para se
proliferar. E é justamente por isso que as
suculentas não precisaram criar defesas
naturais ao longo da sua história evolutiva para
se defender de infecções causadas por esse
tipo de microrganismo.

Por isso, para que o cultivo desse tipo de planta


em cativeiro seja efetivo, é extremamente
necessário buscar reproduzir parte dessas
condições do habitat natural das suculentas.
Vejam abaixo:
Fotos de cactos e suculentas
em habitat natural.

Fotos @rob.coco
3. O que é um substrato e qual a sua
função?
Na botânica, o termo substrato se refere a mistura de
insumos utilizados para cultivar uma planta.

O substrato tem duas funções distintas:


A primeira delas é física - cabe ao substrato oferecer
sustentação à planta, além de permitir um
enraizamento vigoroso e saudável.

A segunda delas é nutricional - é o substrato que


fornece todos os macro e micronutrientes que a
planta necessita para completar cada uma das
etapas de seu ciclo de vida.

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4. OS GRANDES VILÕES DO SUBSTRATO
Como já foi dito, durante sua história evolutiva as
plantas suculentas não precisaram desenvolver
estratégias para se defender de infecções fúngicas, já
que naqueles locais microorganismos como fungos e
bactérias tem dificuldade para se proliferar, devido à
alta incidência de radiação solar, pouquíssima matéria
orgânica e umidade extremamente baixa.

JUSTAMENTE POR ISSO, A MAIOR CAUSA DE MORTE


DE SUCULENTAS EM CATIVEIRO SÃO AS INFECÇÕES
FUNGICAS DÉRMICAS E RADICULARES.
Fungos Radiculares
Fungos radiculares contaminam a planta pelo
sistema radicular, consumindo o corpo vegetativo
de dentro para fora, como se fosse uma cárie,
causando o apodrecimento de todo o vegetal.

Esse tipo de microorganismos se prolifera com


facilidade em ambientes úmidos, escuros,
quentes e ricos em matéria orgânica. É muito
importante compreender esses conceitos pois
eles são essenciais no momento de avaliarmos
o substrato para esse tipo de planta.
Fungos Dérmicos
Os fungos dérmicos são aqueles que acometem a
planta pela epiderme dos órgãos que formam o
sistema caulear. Da mesma forma que os seres
humanos, as plantas possuem epiderme, a
camada mais externa da pele (derme), órgão que
reveste todo o nosso corpo.

Estes fungos contaminam os tecidos do corpo


caulear, causando o apodrecimento de partes
aéreas (sistema caulear).
5. As características do
substrato ideal para Cactos e
Suculentas
Alta drenagem

O substrato necessita de uma excelente drenagem e


ausência de elementos que retenham umidade.
Essas características são necessárias para evitar um
ambiente úmido e por consequência, mais propenso
a proliferação de fungos.
Alta granulometria e Baixa densidade

Usar elementos de granulometria variada e baixa


densidade aumentam a drenagem do substrato e
permitem um enraizamento rápido, vigoroso e
saudável.

Além disso, o substrato de baixa densidade e


granulometr a variada permite que o ar circule entre
as partículas que o compõe, o que mais uma vez
ajuda muito a manter o sistema radicular saudável.
Baixa compactação

O substrato não deve se compactar com o tempo


de uso e com as regas.
O substrato compactado dificulta o crescimento
das raízes e causa a mor te prematura dos pêlos
absorventes, estruturas delicadas da raiz, mais
finas que um fio de cabelo, responsáveis por
absorver água e nutrientes.

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Você já se deparou com um substrato bem duro,
com aspecto de tijolo mesmo?!

Então, isso é o que chamamos de substrato


compactado. Nesse tipo de ambiente o ar não
circula, as raízes enfrentam muita resistente para se
desenvolver e os pelos absorventes se tornam
escassos ou quase inexistentes.

É justamente por isso que plantas mantidas em


substrato extremamente compactados apresentam
sinais de desidratação mesmo com a rega frequente.

Enraizamento em Enraizamento em
substrato compactado substrato adequado
6. Composição do substrato e
principais insumos utilizados

Como abordado anteriormente, o substrato tem


funções nutricionais e físicas e para cumprir cada
uma dessas funções, existem frações distintas,
classificadas em dois grandes grupos: Fração
Inerte e Fração Orgânica.

PARTE INERTE
INERTE: Também chamada de inorgânica ou
não reativa, essa fração do substrato é
responsável por todos os atr ibutos físicos do
substrato.

PARTE ORGÂNICA
ORGÂNICA: Também chamada de reativa, essa
fração do substrato dará à planta todos os
nutrientes que ela precisa para completar as
etapas do seu ciclo de vida.
Existem diversos insumos disponíveis no mercado
para compor a parte inerte e orgânica do substrato
ideal para as suculentas, e para cada um deles
existe uma proporção ideal.

A parte orgânica (reativa) obrigatoriamente é


formada por uma fonte de matéria orgânica.
Esses são exemplos de insumos que podem ser
utilizados na fração orgânica:

Terra Vegetal
Humus de Minhoca
Esterco
Turfa
Condicionador de Solo
A parte inerte (não reativa) é composta por
insumos de origem mineral ou por insumos
orgânicos tratados, como por exemplo, casca
de arroz carbonizada e carvão. Ambos passam
por processo de carbonização que impedem
que eles se decomponham com facilidade.

Esses são exemplos de insumos que podem ser


utilizados na fração inerte:

Areia (origem mineral)


Vermiculita (origem mineral)
Perlita (origem mineral)
Carvão (origem orgânica)
Casca de arroz carbonizada (origem orgânica)
7. Como dividir as frações do
substrato
A parte orgânica (reativa) do substrato para cactos e
suculentas nunca deve ultrapassar 20% da composição
total da mistura, ou seja, para cada 1 unidade da parte
orgânica, deve-se acrescentar 4 unidades da parte
inerte.

Infelizmente, plantar suculentas na terra vegetal pura ou


em qualquer outro insumo indicado para compor a parte
orgânica puro, é um erro muito frequentemente
acometido por cultivadores e produtores de pequeno,
médio e grande porte.
8. O que considerar na escolha dos
insumos

Agora que já sabemos qual a proporção de


elementos orgânicos e inertes que devemos utilizar
para compor nossa mistura, é necessário entender
03 características inerentes a cada um dos
insumos: CRA, granulometria e densidade.

Capacidade de retenção de água (CRA)

O CRA diz respeito a quantidade de água que um


insumo é capaz de reter. Existem insumos disponíveis
no mercado que são capazes de reter muito mais
umidade do que outros.

Escolher preferencialmente insumos que


retenham muita umidade (alto CRA) aumenta a
probabilidade do desenvolvimento de infecções
fúngicas, uma vez que esse problema é mais
frequente em ambientes úmidos.
Granulometria

A granulometria é um parâmetro relacionado ao tamanho


das partículas que compõem o insumo. Insumos com alta
granulometria apresenta partículas grandes e insumos
com baixa granulometria apresenta partículas pequenas.
E, como já dito, utilizar elementos de granulometria
variada aumenta a drenagem do substrato e permite um
enraizamento mais rápido, vigoroso e saudável.

Densidade

A densidade é a relação existente entre o peso e o


volume do material.
Por exemplo: 100g de pedra tem um volume muito
menor do que 100g de algodão, não é mesmo?

Isso acontece justamente porque a densidade do


ferro, que compõe os pregos, é bem maior do que a do
algodão.
Se utilizarmos muitos insumos com densidade alta
para compor nossa mistura de substrato, a drenagem
e o enraizamento ficarão comprometidos, além da
probabilidade de compactação aumentar com o
tempo de uso e as regas.

Reforçando: Como a maioria das fontes


de matéria orgânica pura, a terra vegetal
tem baixa granulometria, alta densidade e
retém muita umidade.

Por esse motivo, nunca devemos utilizá-la


pura para plantio em canteiros e vasos.
9. Compondo a parte orgânica
(reativa) do substrato
Neste capítulo serão a presentados os principais
insumos que podem ser utilizados para a
composição da parte orgânica do substrato para
cactos e suculentas .

Terra Vegetal

A terra vegetal é o insumo


mais facilmente encontrado
em lojas de jardinagem. É
composta por material
vegetal decomposto e
normalmente é extraída de
uma camada superficial do
solo. É considerada um
insumo rico em nutrientes .

Além disso, a densidade é muito alta e granulometria muito


baixa, por isso se compacta com facilidade.
É exatamente por esse motivo que não deve-se utilizar
apenas terra vegetal no cultivo de cactos e suculentas.
Esterco
O esterco, assim como a terra
vegetal, é facilmente
encontrado em lojas de
jardinagem e também é um
insumo rico em nutrientes.
Porém, o esterco in natura
não deve ser utilizado na
composição do substrato.
Somente após passar pelo
processo de compostagem
esse insumo poderá ser
utilizado.
Esse processo garante um produto estável, com níveis
aceitáveis de nitrogênio e menos risco para sua planta.

Apesar dessas qualidades, é necessário tomar


cuidado com a sua procedência, uma vez que o
esterco pode ser um veículo de pragas e
doenças para nossa planta e recipiente, como
nematóides, cochonilhas de raiz e mato.

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Húmus de Minhoca

O Húmus de minhoca nada


mais é do que matéria orgânica
decomposta por minhocas. Isso
significa que as minhocas se
alimentam da matéria orgânica
e defecam o produto final que
chamamos de Húmus de
Minhoca. Esse processo é
conhecido como
vermicompostagem.

Assim como o esterco e a terra vegetal, o Húmus é


nutricionalmente completo, por isso é capaz de oferecer
todos os macronutrientes e micronutrientes que a planta
necessita para o seu processo de desenvolvimento.
Apesar de ser encontrado com facilidade em lojas de
jardinagem, quando comparado aos insumos anteriores,
o húmus tem valor mais elevado.
Da mesma forma que o esterco, deve-se tomar muito
cuidado com a procedência do Humus pois o potencial
nutricional varia de acordo com as matérias primas
utilizadas para sua produção. Além disso, caso o
processo de vermicompostagem tenha ficado incompleto,
ele pode causar sérios danos para nossa planta.
Turfa

A turfa é um material formado


através da decomposição de
matéria orgânica em
condições extremamente
específicas.
Embora extremamente
nutritivo, é um recurso de
difícil acesso puro, mas
comumente encontrado como
parte integrante dos
condicionadores de solo.

Condicionador de solo

O condicionador de solo é o
nome comercial dado ao
composto orgânico que pode
ser simples, ou seja, de uma
única fonte, ou composto por
mais de uma fonte de
matéria orgânica.

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10. Compondo a parte inerte
(não reativa) do substrato
Neste capítulo serão a presentados os principais
insumos que podem ser utilizados para a
composição da parte inerte do substrato para
cactos e suculentas .

Areia

A areia é um mineral e não


atua como uma fonte de
nutrientes para a planta.
Apesar de ser um material
inerte, misturas com areia
compactam muito com o
tempo de uso e com as regas
e retém mais umidade que o
desejado.

Equivocadamente é muito
utilizada no cultivo de cactos e
suculentas como a parte inerte
do substrato.

Além dos problemas citados acima, a areia frequentemente atua


como veículo de pragas e doenças, como nematóides
Perlita
É um mineral super leve,
que não se decompõe com
o tempo e as regas. Mantém
o substrato drenável, aerado
e muito levinho. É um dos
insumos inertes que mais
gosto de trabalhar em meus
substratos. O inconveniente
é o preço, pois é um produto
importado e com preço mais
alto quando comparado com
os demais.

Casca de arroz Carbonizada

Embora seja de origem orgânica, ao


passar pelo processo de carbonização,
o seu processo de decomposição é
reduzido drasticamente e exatamente
por esse motivo pode ser utilizada como
parte inerte do substrato.
Uma grande vantagem desse insumo é
o fato de liberar silício, um antifúngico
natural e por isso uma excelente opção
para compor o substrato, uma vez que
plantas suculentas possuem poucas
defesas contra fungos.
Vermiculita
Da mesma forma que a perlita, a
vermiculita é um mineral, porém
devido ao seu alto poder de
retenção de umidade, esse insumo
nunca é recomendado para a
composição de substrato para
cactos e suculentas.
Vale ressaltar que a vermiculita é
um ótimo insumo para outras
plantas, como folhagens, por
exemplo, que se beneficiam de uma
CRA (capacidade de Retenção de
água) elevada, entre outras
características que ela apresenta.
Carvão triturado

Assim como a casca de arroz


carbonizada, embora seja de
origem orgânica, passou pelo
processo de carbonização,
reduzindo drasticamente o seu
processo de decomposição e
exatamente por esse motivo,
pode ser utilizada como parte
inerte do substrato.

Misturas que contém carvão triturado drenam muito bem e não


compactam com o tempo de uso e com as regas.
Uma grande vantagem desse insumo é o fato de liberar silício, um
antifúngico natural e por isso uma excelente opção uma vez que
plantas suculentas possuem poucas defesas contra fungos .
Todas as características citadas acima fazem com que o carvão
triturado seja uma excelente opção para a composição da parte
inerte do substrato. Aqui na plataforma você encontra um vídeo
específico de como triturar o carvão de churrasco em casa.
11. Outros insumos para
compor o substrato

Exis tem alguns insumos que podem ser enquadrados


tanto como matéria orgânica como inerte, como a
Fibra de Coco e a Casca de arroz in natura.

É comum que esses dois elementos sejam


encontrados em misturas de substrato para exercer as
funções inertes, porém ambos se decompõem
rapidamente, impossibilitando que ele cumpra essas
funções.

A principal desvantagem desses dois elementos


está relacionada com sua alta capacidade de
retenção de umidade e seu processo de
decomposição, que pode liberar elevado nível
de Nitrogênio, elemento que pode ser
indesejado quando presente em altas
concentrações .
Casca de arroz in natura

A casca de arroz in natura tem


alto poder de retenção de
umidade e inicia seu processo de
decomposição muito
rapidamente, e por isso não é
recomendada para misturas de
substratos para cactos e
suculentas.

Fibra de coco

Da mesma forma que a


vermiculita, por sua
característica de alta retenção
de umidade, a fibra de coco (ou
pó de coco, ou derivados do
coco) nunca é recomendada
para compor substrato de cactos
e suculentas .
12. Como escolher insumos
para a mistura do substrato
Para compor a parte orgânica, não há restrições para utilização
dos insumos detalhados anteriormente (terra vegetal, esterco,
húmus de minhoca e turfa), contanto que não ultrapasse a
proporção de 20% da composição total do substrato.
Recomenda-se dar preferência para os elementos com maior
granulometria e menor densidade, para um ambiente com boa
drenagem e ausência de compactação.

Quando se trata da parte inerte do substrato, existem


restrições para três insumos apresentados: não deve-se
utilizar areia, vermiculita e produtos derivados do coco. A
areia, em razão da sua baixa granulometria e alta
densidade. A vermiculita e produtos derivados do coco,
em razão da sua alta capacidade de retenção de água.

Por tanto, para compor a parte inerte do substrato, é


recomendada a utilização de casca de arroz carbonizada, carvão
triturado ou perlita, devido às características de baixa retenção de
água (CRA baixa), boa drenagem (alta granulometria), e
ambiente propício para o desenvolvimento das raízes e pelos
absorventes (baixa densidade).
13. Receitas para composição
do substrato
Lembre-se que o substrato ideal para cactos
e suculentas é composto por 20% de matéria
orgânica e 80% de material inerte.

O ideal é que a fração orgânica do substrato contenha


mais de uma fonte de matéria orgânica, dessa forma o
potencial nutricional da mistura será mais alto. A fração
orgânica pode ser composta por uma mistura de 2 ou mais
dos insumos sugeridos para compor a parte orgânica do
substrato, tomando os cuidados indicados
com cada um dos insumos e nas proporções que melhor
se encaixarem na sua realidade.

No meu cultivo utilizo uma mistura de 50% de turfa e 50%


de húmus de minhoca, para essa composição. Mas
também é possível utilizar misturas feitas com terra
vegetal, condicionadores de solo comerciais, terra vegetal
e esterco (tomando todos os cuidados indicados). Veja
abaixo algumas opções de mistura que funcionam:

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