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Departamento de Fı́sica
2005
2
Índice
1 Métodos Funcionais 5
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2 Funcionais Geradores das funções de Green . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.2.1 Funções de Green . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.2.2 Funções de Green conexas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.2.3 Funções de Green truncadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.2.4 Diagramas irredutı́veis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.3 Funcionais geradores para as funções de Green . . . . . . . . . . . . . 11
1.4 Regras de Feynman . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.4.1 Propagadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.4.2 Vértices . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.4.3 Exemplo: Electrodinâmica escalar . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.5 Representação dos FG em termos de integrais de caminho . . . . . . 21
1.5.1 Mecânica Quântica de Sistemas de n graus de liberdade . . . . 21
1.5.2 Teoria do Campo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.5.3 Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.5.4 Exemplo: Teoria de perturbações para λφ4 . . . . . . . . . . . 27
1.5.5 Factores de simetria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
1.5.6 Nota sobre o ordenamento normal . . . . . . . . . . . . . . . . 34
1.5.7 Funcionais geradores para fermiões . . . . . . . . . . . . . . . 37
1.6 Transformações de variáveis em integrais de caminho. Aplicações . . . 38
1.6.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
1.6.2 Equações de Dyson-Schwinger . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
1.6.3 Identidades de Ward . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
1.7 As identidades de Ward-Takahashi em QED . . . . . . . . . . . . . . 43
1.7.1 As identidades de Ward-Takahashi para o funcional Z[J] . . . 43
1.7.2 As identidades de Ward-Takahashi para os funcionais W e Γ . 45
1.7.3 Exemplo: A identidade de Ward para o vértice em QED . . . 46
1.7.4 Fantasmas em QED . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Problemas Capı́tulo 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
1
2 Índice
Métodos Funcionais
1.1 Introdução
Vamos neste capı́tulo, genericamente designado por Métodos Funcionais, descrever a
quantificação via integral de caminho. Para sistemas que não sejam teorias de gauge
este método pode parecer desnecessário pois a quantificação canónica funciona sem
problemas. Contudo, como veremos no capı́tulo seguinte, para teorias de gauge não
abelianas a quantificação via integral de caminho é a maneira de resolver o problema.
Para além deste aspecto fundamental, a quantificação usando métodos funcionais é
muito elegante e permite obter, normalmente de uma forma mais rápida, os mesmos
resultados do que a quantificação canónica mesmo quando esta é fácil de aplicar.
Exemplos são as Identidade de Ward-Takahashi ou as equações de Dyson-Schwinger,
como veremos no final deste capı́tulo.
Vamos admitir que o leitor está familiarizado com a quantificação via integral de
caminho de sistemas de N partı́culas em mecânica quântica não relativista. Assim
apenas uma breve revisão dos resultados será feita. Uma apresentação mais completa
é dada no Apêndice A. A passagem da quantificação de sistemas de N partı́culas
para a quantificação duma teoria de campo será feita dum modo heurı́stico deixando
uma exposição mais rigorosa para o Apêndice B.
Antes de entrarmos propriamente no assunto, convém esclarecer algumas ques-
tões relacionadas com a notação. Vamos supor que temos um campo escalar real
φa (x) onde a = 1, ...N. No seguimento aparecerão muitas vezes expressões do tipo
Z
I1 = d4 xφa (x)φa (x) (1.1)
ou
Z
I2 = d4 xd4 yφa (x)M ab (x, y)φb(y) (1.2)
5
6 Capı́tulo 1. Métodos Funcionais
δI1
= 2φb(y) (1.3)
δφb (y)
onde se usou o resultado
δφa (x)
= δ ab δ 4 (x − y) (1.4)
δφb (y)
Se se conservarem todos os ı́ndices nas expressões anteriores (e noutras, como ver-
emos, muito mais complicadas) rapidamente teremos uma grande confusão. Assim
é conveniente usar uma notação mais compacta. Para isso fazemos
φi ⇐⇒ φa (x) (1.5)
ou seja o ı́ndice i equivale ao ı́ndice discreto a e ao ı́ndice contı́nuo x, isto é,
i ⇐⇒ {a, x} (1.6)
No caso dos campos possuı́rem mais ı́ndices, o ı́ndice i será sempre a colecção de
todos eles. Além desta convenção, é ainda conveniente usar a convenção de soma
de Einstein entendida como soma para ı́ndices discretos e integração para ı́ndices
contı́nuos. Com estas convenções as Eqs. 1.1 e 1.4 podem ser reescritas na forma
I1 = φi φi I2 = φi Mij φj
(1.7)
δI1 δφi
δφj
= 2φj δφj
= δij
No seguimento usaremos esta notação, voltando à notação usual sempre que conve-
niente, ou sempre que haja algum perigo de confusão.
As funções de Green definidas por 1.8 são, por vezes, designadas completas
por oposição às chamadas funções de Green conexas, truncadas e irredutı́veis (ou
próprias) que passamos a definir.
1.2. Funcionais Geradores das funções de Green 7
x1 x2
x3 x4
Figura 1.1:
x1 x2
x3 x4
Figura 1.2:
e ainda
x1 x2
..
.
..
..
.... xi
xn
Figura 1.3:
p1 p2
..
.
..
..
....
pn pi
Figura 1.4:
p -p
Figura 1.5:
isto é, multiplica-se cada linha exterior pelo inverso do propagador completo ref-
erente a essa linha. São estas funções que representam um papel fundamental na
Teoria pois são elas que estão relacionadas com os elementos da matriz S. De facto
a fórmula de redução LSZ para campos escalares é
= termos desconexos
Z " n ℓ
!#
X X
−1/2 n+ℓ 4 4
+ iZ d y1 · · · d xℓ exp i pk · y k − qk · xk
k=1 k=1
⊓y1 + m2 ) · · · (⊔
×(⊔ ⊓xℓ + m2 ) h0|T φ(y1) · · · φ(xℓ )|0ic (1.13)
ou seja
= termos desconexos
X X
+Z −(n+ℓ)/2 (2π)4 δ pi − qj n+ℓ
Gtrunc (−p1 , . . . , −pn , q1 , . . . , qℓ )(1.14)
Figura 1.6:
Figura 1.7:
Figura 1.7 é próprio (na teoria λφ3 ). Nestas figuras as barras indicam que as linhas
exteriores estão truncadas.
A razão pela qual os diagramas truncados não irredutı́veis não são importantes
é que estes se podem escrever sempre em termos de diagramas irredutı́veis de ordem
mais baixa (recordar a série que conduz à definição de self-energy). É conveniente
introduzir uma notação para as funções de Green irredutı́veis (soma de todos os di-
agramas irredutı́veis para determinado número de pernas exteriores) onde o factor i
é introduzido por conveniência. Na Figura 1.8 as pernas externas estão desenhadas
para tornar a figura mais clara. Elas estão de facto truncadas. Dentro desta notação
x1 x2
..
.
..
iΓ(n) (x1 , . . . , xn ) =
..
.... xi
xn
Figura 1.8:
1.3. Funcionais geradores para as funções de Green 11
x1 x2 x1 x2
.. ..
(n) . .
.. ..
Gtrunc (x1 , . . . , xn ) ≡ ≡
.. ..
.... xi
.... xi
xn xn
Figura 1.9:
x1 x2 x1 x2
.. ..
. .
.. ..
.. ..
.... xi
.... xi
xn xn
Figura 1.10:
pode por vezes ser conveniente definir um diagrama para as funções de Green trun-
cadas de ordem n. Este está representado na Figura 1.9 ou doutra forma na Figura
1.10. Diagramas semelhantes podem-se definir no espaço dos momentos.
É fácil de ver que Z(J) gera todas as funções de Green. Se expandirmos a exponen-
cial em 1.15 obtemos
P∞ in
Z(J) = n=0 n! Ji1 · · · Jin h0|T φi1 · · · φin |0i
P∞ in
= n=0 n! Ji1 · · · Jin Gni1 ···in (1.17)
As funções de Green são então dadas por
δ4Z
Gni1 ···in = (1.18)
iδJi1 · · · iδJin Ji =0
O F G das funções de Green conexas é definido através da relação
Dadas as definições falta-nos agora mostrar que W (J) e Γ(φ) geram efectivamente as
funções de Green conexas e próprias. Comecemos por W (J). A demonstração faz-
se calculando Gnc i1 ···in dada por 1.21 e usando a relação 1.20. Vamos fazer somente
para n = 2, n = 3 e n = 4. As generalizações são imediatas.
1.3. Funcionais geradores para as funções de Green 13
• n=2
δ 2 W δ 2 ln Z δ 1 δZ
G2c i1 i2 = i = =
iδJi1 iδJi2 Ji =0 iδJi1 iδJi2 Ji =0 iδJi1 Z iδJi2 Ji =0
1 δ 2 Z 1 δZ 1 δZ
= −
Z iδJi1 iδJi2 Ji=0 Z iδJi1 Z iδJi2 Ji =0
δ 2 Z
= (1.25)
iδJi1 iδJi2 Ji =0
ou seja
δZ
= h0|T φi |0i = 0 Não há quebra de simetria (1.27)
iδJi
• n=3
"
1 δ3Z 1 δ2Z 1 δZ
G3c i1 i2 i3 = −
Z iδJi1 iδJi2 iδJi3 Z iδJi1 iδJi2 Z iδJi3
1 δ2Z 1 δZ 1 δ2Z 1 δZ
− −
Z iδJi2 iδJi3 Z iδJi1 Z iδJi1 iδJi3 Z iδJi2
#
1 δZ 1 δZ 1 δZ
+2 (1.28)
Z iδJi1 Z iδJi2 Z iδJi3 |Ji =0
logo
=-1
Figura 1.11:
δJi
= δik (1.30)
δJk
Esta relação é evidente mas podemos obter a partir dela uma relação importante.
De facto
(2)
iΓik ≡ i k (1.33)
δ
. (1.34)
iδJi
Pretende-se derivar em ordem a Ji quantidades que dependem de Ji indirectamente
através de φk (ver definições 1.23). Obtemos então
δ δ
= Gik (1.36)
iδJi δφk
1.3. Funcionais geradores para as funções de Green 15
As equações 1.32 e 1.36 permitem obter todas as relações entre as funções de Green
próprias e as funções de Green conexas. Esta análise é mais fácil em termos de
diagramas desde que se notem as seguintes identidades
m
δ k m k
= (1.37)
iδJi
j
δ i j i
= (1.38)
δφk
e i
δ k j =G δ k j =k j (1.39)
im
iδJi δφm
onde se usou 1.36 para estabelecer 1.39. Em todas estas manipulações está suben-
tendido que no final se faz J = 0 e φ = 0 nos sı́tios convenientes. Usemos agora
estes métodos para relacionar as funções de Green próprias e conexas para n = 3 e
n = 4.
• n=3
δ
O ponto de partida é a equação 1.32. Aplicamos iδJℓ
a 1.32 e obtemos
δ i k =0 (1.40)
iδJℓ
k
i i k
+ =0
Figura 1.12:
k
(3) m m
iΓijk ≡ =
(1.41)
l
l
(3)
o que mostra que Γijk é de facto a função de Green própria com 3 pernas exteriores
porque para 3 pernas as funções próprias e truncadas coincidem. Para se ver que se
trata de facto de funções próprias e não somente truncadas, é preciso ir para n = 4
pois aı́ é que começa a diferença.
• n=4
• n>4
m m k k
k
= + m
n n
n l l l
k
k
n
m m
+
l l
n
Figura 1.13:
m k
m m k
k
= +
n l n l
n l
m k
m k
+ +
n l n l
Figura 1.14:
18 Capı́tulo 1. Métodos Funcionais
(3)
iΓ(3) = Gárvore (1.43)
O factor i está de acordo
R
com as convenções usuais para as regras de Feynman
(vem do termo exp (i d4 xLint ) no cálculo das funções de Green). Para o termo
quadrático temos, Eq. 1.32,
(2)
Γárvore (p) = p2 − m2 (1.44)
logo
Z
(2) d4 p1 d4 p2 i(p1 ·x+p2·y)
Γárvore (x, y) = 4 4
e (2π)4 δ 4 (p1 + p2 ) (p21 − m2 ) (1.45)
(2π) (2π)
e portanto
1 R (2)
d4 xd4 yφ(x)Γárvore(x, y)φ(y) =
2
1 R d4 p1 d4 p2 i(p1 ·x+p2 ·y)
= d4 xd4 y e (2π)4 δ(p1 + p2 )(p21 − m2 )φ(x)φ(y)
2 (2π)4 (2π)4
Z
1 R 1
= d4 xφ(x)(−⊔ ⊓ − m2 )φ(x) = d4 x ∂µ φ∂ µ φ − m2 φ2 (1.46)
2 2
o que mostra que Γárvore é de facto a acção. Daqui resultam as receitas seguintes
para encontrar as regras de Feynman duma teoria qualquer da qual se conhece o
Lagrangeano.
2
Para n=4 temos iΓ(4) =G(4) − partes irredutı́veis e é claro que (4)
iΓárvore gera os vértices.
1.4. Regras de Feynman 19
1.4.1 Propagadores
i) Calcular
(2) δ 2 Γ0 (φ)
Γ0 (xi , xj ) = (1.47)
δφ(xi )δφ(xj )
(2)
ii) Calcular a Transformada de Fourier (TF) e obter Γ0 (pi , pj ) através da definição
Z
4 (2) (2)
(2π) δ(pi + pi )Γ0 (pi , pj ) = d4 xi d4 xj e−i(pi ·xi+pj ·xj ) Γ0 (xi , xj ) (1.48)
1.4.2 Vértices
i) Calcular
(n) δ n Γ0
Γ0 (x1 , . . . , xn ) = (1.50)
δφ(x1 ) · · · δφ(xn )
Z
4 4 (n) (n)
(2π) δ (p1 + pn )Γ0 (p1 , . . . , pn ) = d4 x1 · · · d4 xn e−i(p1 ·x1···pn xn ) Γ0 (x1 , . . . , xn )
(1.51)
iii) O vértice é dado por
(n)
iΓ0 (p1 , . . . , pn ) (1.52)
onde
20 Capı́tulo 1. Métodos Funcionais
Lescalar = ∂µ φ∗ ∂ µ φ − m2 φ∗ φ
1
Lem = − Fµν F µν
4
Lint = −ie(φ∗ ∂µ φ − φ∂µ φ∗ )Aµ + e2 φ∗ φAµ Aµ
λ ∗ 2
V (φ) = (φ φ) (1.54)
4
Os propagadores são os habituais, vejamos somente que tipos de vértices apare-
cem. Há dois vértices entre os escalares e o fotão que passamos a estudar.
• Vértice triplo
δ 3 Γ0
Γ(3)
µ (x1 , x2 , x3 ) =
δφ∗ (x1 )δφ(x2 )δAµ (x3 )
Z
→ ←
= −ie d4 xδ 4 (x − x1 )(∂µ − ∂µ )δ 4 (x − x2 )δ 4 (x − x3 ) (1.55)
logo
Z
4 4
(2π) δ (p + q + k) Γµ (p, q, k) = −ie d4 xd4 x1 d4 x2 d4 x3 e−i(p·x1 +q·x2+k·x3 )
→ ←
δ 4 (x − x1 )(∂µ − ∂µ )δ 4 (x − x2 )δ 4 (x − x3 )
Z
= −ie d4 xd4 x2 e−i[(p+k)·x+q·x2] ∂µ δ 4 (x − x2 )
Z
+ie d4 xd4 x1 e−i[p·x1+(q+k)·x] ∂µ δ 4 (x − x1 )
= −ie[i(p + k)µ − i(q + k)µ ](2π)4 δ 4 (p + k + q)
= −ie[ipµ − iqµ ](2π)4 δ 4 (p + k + q) (1.56)
logo o vértice3 é
-p
µ
k
q
Figura 1.15:
µ k t ν
p -q
Figura 1.16:
δ 4 Γ0
Γ(4)
µ (x1 , x2 , x3 , x4 ) =
δφ∗ (x1 )δφ(x2 )δAµ (x3 )δAν (x4 )
Γ(4) 2
µν (p, q, k, t) = 2e gµν (1.59)
a que corresponde o diagrama da Figura 1.16
t′ ≥ (t1 , t2 , . . . , tn ) ≥ t (1.62)
Então
Z
′ ′
hq ; t | O(t1 , . . . , tn ) |q; ti = N D(q)O1(q(t1 )) · · · On (q(tn ))eiS (1.63)
onde se admitiu que os operadores Oi são diagonais no espaço das coordenadas. Para
a generalização à Teoria do Campo os objectos importantes não são as amplitudes
de transição mas as funções de Green e os seus funcionais geradores. Consideremos
por exemplo a função de Green
Z
G(t1 , t2 ) = dq dq ′ h0|q ′ ; t′ i hq; t′ | T (QH (t1 )QH (t2 )) |q; ti hq; t|0i
Z Z R t′
= dqdq ′ φ0 (q ′ t′ )φ∗0 (q, t) D(q)q(t1 )q(t2 )ei t
Ldτ
(1.65)
onde
hq ′ ; t′ | O(t1 t2 ) |q; ti
Z
= dQ dQ′ hq ′ ; t′ |Q′ ; T ′ i hQ′ ; T ′ | O(t1 , t2 ) |Q; T i hQ; T |q; t′i (1.67)
onde
1.5. Representação dos FG em termos de integrais de caminho 23
t′ ≥ T ′ ≥ (t1 , t2 ) ≥ T ≥ t (1.68)
Sejam |ni os estados próprios com energia En e função de onda φn (q) isto é
H |ni = En |ni
hq|ni = φ∗n (q) (1.69)
Então
′ ′
hq ′ ; t′ |Q′ ; T ′ i = hq ′ | eiH(t −T ) |Q′ i
X ′ ′
= hq ′ |ni hn| eiH(t −T ) |Q′ i
n
X ′ ′)
= φ∗n (q ′ )φn (Q′ )e−iEn (t −T (1.70)
n
′
lim hq ′ ; t′ |Q′ ; T ′ i = φ∗0 (q ′ )φ0 (Q′ )e−E0 |t | eiE0 T (1.71)
t →−i∞
De modo semelhante
′
= φ∗0 (q ′ )φ0 (q)e−E0 |t | e−E0 |t|
Z
dQdQ′ φ0 (Q′ , T ′)φ∗0 (Q, T ) hQ′ ; T ′ | O(t1 , t2 ) |Q; T i (1.73)
′
lim lim hq ′ ; t′ | O(t1 t2 ) |q; ti = φ∗0 (q ′ )φ0 (q)e−E0 |t | e−E0 |t| G(t1 , t2 ) (1.74)
t′ →−i∞ t→i∞
24 Capı́tulo 1. Métodos Funcionais
É agora fácil de ver que todas as funções de Green podem ser obtidos a partir
do funcional gerador
Z R t′
1 i [L(q,q̇)+Jq]dτ
Z[J] = ′ lim lim D(q)e t (1.79)
t →−i∞ t→i∞ hq ′ ; t′ |q; ti
Notas
1.5. Representação dos FG em termos de integrais de caminho 25
• Na equação anterior os limites nos tempos t e t′ são imaginários. Isto quer dizer
que as funções de Green bem definidas são as funções de Green Euclidianas.
Para a teoria de campos isto corresponde à prescrição m2 − iǫ.
t → xµ
q(t) → φ(x)
D(q) → D(φ)
Z
L(qi , q̇i ) → d3 xL(φ, ∂µ φ) (1.83)
Então obtemos
Z R
d4 x[L(φ,∂µ φ)+J(x)φ(x)]
Z[J] = N D(φ)ei (1.84)
1.5.3 Aplicações
Uma vez conhecido o funcional gerador Z(J) são conhecidas todas as funções de
Green e portanto qualquer problema em Teoria dos Campos. Pode-se então pergun-
tar em que condições é possı́vel calcular 1.84. Como só se sabem fazer exactamente
integrais gaussianos a resposta é que só se pode calcular 1.78 em situações triviais,
26 Capı́tulo 1. Métodos Funcionais
• Manipulações formais
Relações entre funções de Green que tenham a ver com propriedades de sime-
tria (identidades de Ward) são muito facilmente deduzidas por manipulações
dos funcionais geradores. Aqui a forma 1.78 é particularmente útil como ver-
emos nas secções 4 e 5.
• Teoria de perturbações
A expressão 1.84 permite imediatamente desenvolver a teoria de perturbações.
Z R
d4 x[L0 (φ)+LI (φ)+Jφ]
Z[J] = D(φ)ei
Z R R
i d4 x[LI (φ)] i d4 x[L0 (φ)+Jφ]
= D(φ)e e
R
d4 xLI ( iδJ
δ
)
= ei Z0 [J] (1.88)
ou ainda
" Z !#
4 δ
Z[J] = exp i d xLI Z0 [J] (1.89)
iδJ
onde
Z R
i d4 x[L0 +Jφ]
Z0 [J] = N D(φ)e . (1.90)
A utilidade desta expressão resulta do facto de que por um lado Z0 [J] pode
ser calculado exactamente, porque é quadrático nos campos, e por outro se LI (φ)
tiver um parâmetro pequeno a exponencial pode ser desenvolvida em série nesse
parâmetro e o funcional gerador Z[J] obtido até à ordem que se pretender em teoria
das perturbações.
1.5. Representação dos FG em termos de integrais de caminho 27
!4 2
1 −1 1 Z δ
Z2′ [J] ≡ Z [J] d4 x Z 0 [J]
2 0 4! δJ
!4
1 −1 1 Z 4 δ
= Z0 [J] d x (Z0 Z1′ )
2 4! δJ
Z (
1 ′ 2 1 1 δ 3 Z0 δZ1′
= (Z1 [J]) + Z0−1 [J] d4 x 4
2 2 4! δJ 3 (x) δJ(x)
)
δ 2 Z0 δ 2 Z1′ δZ0 δ 3 Z1′ δ 4 Z1′
+6 2 +4 + (1.96)
δJ (x) δJ 2 (x) δJ(x) δJ 3 (x) δJ 4 (x)
Obtemos
Z1′ [J] =
28 Capı́tulo 1. Métodos Funcionais
Z Z
1
= d4 x 3∆(x, x)∆(x, x) − 3!∆(x, x) d4 y1 d4 y2 ∆(x, y1 )∆(x, y2 )J(y1 )J(y2 )
4!
Z
4 4
+ d y1 · · · d y4 ∆(x, y1 )∆(x, y2 )∆(x, y3 )∆(x, y4 )J(y1 )J(y2 )J(y3 )J(y4 )
(1.97)
Este resultado pode ser representado diagramaticamente na forma seguinte
1 1 1
Z1′ = − + (1.98)
8 4 4!
Z2′ [J]
Z
1 ′ 2 1 1 2
= (Z1 [J]) + 4! d4 x1 d4 x2 ∆(x1 , x2 )∆(x1 , x2 )∆(x1 , x2 )∆(x1 , x2 )
2 2 4!
2 Z Z Z
1
+ −72 d4 x2 d4 x1 ∆(x1 , x2 ) d4 y1 ∆(x1 , y1)J(y1 )
4!
Z
∆(x1 x2 )∆(x2 , x2 ) d4 y2 ∆(x2 , y2 )J(y2 )
Z Z
4 4
+24 d x2 d x1 ∆(x1 , x1 ) d4 y1 ∆(x1 , y1 )J(y1 )∆(x1 , y2)
Z Z Z
4 4
d y2 ∆(x2 , y1 )J(y2 ) d y3 ∆(x2 , y3 )J(y2 ) d4 y4 ∆(x1 , y4 )J(y4 )
Z Z Z
+24 d4 x2 d4 x1 d4 y1 d4 y2 d4 y3 d4 y4 ∆(x1 , x2 )∆(x1 , y1 )
ou seja:
Z2′ [J]
Z
1 2 1
= (Z1′ [J]) + d4 x1 d4 x2 ∆4 (x1 , x2 )
2 2 · 4!
Z
3
+ d4 x1 d4 x2 ∆(x1 , x1 )∆2 (x1 , x2 )∆(x2 , x2 )
2 · 4!
Z
1
− d4 x1 d4 x2 d4 y1 · · · d4 y6 ∆(y1 , x1 )∆(y2 , x1 )∆(y3 , x1 )
2 · 3! · 3!
3 Z 4
+ d x1 d4 x2 d4 y1 · · · d4 y4 ∆(y1 , x1 )∆(y2 , x1 )∆2 (x1 , x2 )
2 · 4!
1
n1 = (1.102)
8
1 2 1 3
n2 = n1 + + (1.103)
2 2 · 4! 2 · 4!
Obtemos portanto
1
N =
1 + (−iλ)n1 + (−iλ)2 n2 + · · ·
n o
Z[J] = Z0 [J] 1 − (−iλ)n1 − (−iλ)2 (n2 − n21 ) + · · ·
n o
1 + (−iλ)Z1′ + (−iλ)2 Z2′ + · · ·
n o
= Z0 [J] 1 + (−iλ)(Z1′ − n1 ) + (−iλ)2 (Z2′ − n2 + n21 − n1 Z1′ ) + · ·(1.105)
·
1.5. Representação dos FG em termos de integrais de caminho 31
Definindo agora
Z1 ≡ Z1′ − n1
obtemos
1 1
Z1 [J] = − + (1.107)
4 4!
Z2 [J]
1 −1
= (Z1 [J])2 +
2 2! 3! 3!
1 3
+ +
2! 4! 2! 4!
1 1 1
− − − (1.108)
8 8 12
n o
Z[J] = Z0 [J] 1 + (−iλ)Z1 [J] + (−iλ)2 Z2 [J] + · · · (1.109)
32 Capı́tulo 1. Métodos Funcionais
= +
1
x1 x2 x1 x2 2 x1 x2
+
1 1 1
4 x1 x2 + 4 x1 x2 + 6 x1 x2
Figura 1.17:
δ 2 Z[J]
∆′ (x1 , x2 ) =
iδJ(x1 )iδJ(x2 ) J=0
δ 2 Z0 [J] δ 2 Z1 [J] 2 δ 2 Z2 [J]
=− − (−iλ) − (−iλ)
δJ(x1 )δJ(x2 ) J=0 δJ(x1 )δJ(x2 ) J=0 δJ(x1 )δJ(x2 ) J=0
1Z 4
= ∆(x1 , x2 ) + (−iλ) d y∆(x1 , y)∆(x2 , y)∆(y, y)
2
Z
1
+(−iλ)2 d4 y1 d4 y2 ∆(x1 , y1 )∆(y1 , y1 )∆(y1 , y2 )∆(y2 , y2 )∆(y2 , x2 )
4
1 1
+ ∆(x1 , y1)∆2 (y1 , y2 )∆(y2 , y2)∆(y1 , x2 ) + ∆(x1 , y1 )∆3 (y1 , y2 )∆(y2 , x(1.110)
2)
4 6
iW [J] = ln Z[J] =
n o
= ln Z0 [J] + ln 1 + (−iλ)Z1 [J] + (−iλ)2 Z2 [J] + · · ·
1.5. Representação dos FG em termos de integrais de caminho 33
1
= iW0 [J] + (−iλ)Z1 [J] − (−iλ)2 (Z1 [J])2 + (−iλ)2 Z2 [J] + · · ·
2
1
= iW0 [J] + (−iλ)Z1 [J] + −iλ) (Z2 [J] − (Z1 [J])2 + · · ·
2
2
n o
≡ i W0 [J] + (−iλ)W1 [J] + (−iλ)2 W2 [J] + · · · (1.111)
com
1
iW2 [J] = Z2 [J] − (Z1 [J])2 (1.112)
2
Portanto os diagramas disconexos contidos em Z2 [J] são subtraı́dos e W1 e W2
contém somente diagramas conexos como seria de esperar.
1
= ∆(x1 , x2 ) + +··· (1.113)
2
p -p
Figura 1.18:
é dado por
N
S= (1.114)
D
onde N é o # de maneiras diferentes de formar o diagrama e D é o produto dos
factores de simetrias de cada vértice e do número de permutações de vértices iguais.
Como exemplo consideremos o diagrama que contribui para o propagador a 1-
loop, representado na Figura 1.18.
Então de acordo com a regra obtemos
4×3 1
S= = (1.115)
4! 2
φ̂4 =: φ̂4 : +6 : φ̂2 : h0| φ̂2 |0i + 6 h0| φ̂2 |0i h0| φ̂2 |0i (1.118)
e portanto obtemos
2
: φ̂4 := φ̂4 − 6 : φ̂2 (x) : h0| φ̂2 (x) |0i − 6 h0| φ̂2 |0i (1.119)
ou ainda
λ
LQ
Int = − : φ̂4 :
4!
λ λ
= − φ̂4 + φ̂2 I (1.121)
4! 4
onde
Z Z
˜1 = d3 k 1
= dk (1.122)
(2π)3 2ωk
Na expressão anterior usámos as relações
h i
a(k), a+ (k ′ ) = (2π)3 2ωk δ 3 (~k − ~k ′ ) (1.123)
q
ωk = k02 + |~k|2 (1.124)
Z
d4 k i
(2π) k − m2 + iε
4 2
Z Z
d3 k +∞ i
= dk0
(2π)3 −∞ (k0 − ωk )(k0 + ωk )
Z
d3 k 1
= =I (1.125)
(2π)3 2ωk
36 Capı́tulo 1. Métodos Funcionais
Figura 1.19:
λ 4 λ 2
LIC
Int = − φ + φ I (1.126)
4! 4
+ =
1/2
" #
i λ λ i
= 2 2
−i I + i I
p −m 2 2 p2 − m2
= 0 (1.127)
e portanto os tadpoles não apareceriam. Contudo muitas vezes não nos preocupamos
em usar o Lagrangeano correcto e usamos simplesmente o Lagrangeano clássico pois
a contribuição do tadpole é uma renormalização da massa (infinita) e pode assim
ser sempre reabsorvida no processo de renormalização.
Para QED o mesmo se passa, isto é, devı́amos usar como Lagrangeano de in-
teracção
LIC µ µ
Int = −eψγ ψAµ + eAµ h0| ψγ ψ |0i (1.128)
δ Z 4
d yη(y)ψ(y) = ψ(x)
δη(x)
δ Z 4
d yψ(y)η(y) = −ψ(x) (1.129)
δη(x)
δ 2n Z[η, η]
≡
iδη(yn ) · · · iδη(y1)iδη(xn ) · · · iδη(x1 )
δ δ
≡ ··· Z[η, η] (1.130)
iδη(yn ) iδη(x1 )
onde
R
d4 x[η(x)ψ(x)+ψ(x)η(x)]
Z[η, η] = h0| T ei |0i
Z R
d4 x[L+η(x)ψ(x)+ψ(x)η(x)]
= D(ψ, ψ)ei (1.131)
1.6.1 Introdução
Uma das grandes vantagens de ter uma expressão para o funcional gerador Z(J)
em termos dum integral de caminho é que um grande número de manipulações
familiares para integrais usuais (mudança de variáveis de integração, integração por
partes ...) podem agora ser aqui aplicadas. Vamos ver as consequências da mudança
de variáveis de integração.
Consideremos uma transformação infinitesimal da forma
δFi
D(φ) → D(φ) det δij + ε δφ j
= D(φ) 1 + ε δF
δφi
i
(1.134)
e
" ! #
i(S(φ)+Ji φi ) i(S(φ)+Ji φi ) δS
e →e 1 + iε + Ji Fi (φ) (1.135)
δφi
Esta é a expressão geral que vamos aplicar a dois casos particulares importantes,
as equações de Dyson-Schwinger e as identidades de Ward.
1.6. Transformações de variáveis em integrais de caminho. Aplicações 39
δS
E [φk ] ≡ . (1.140)
δφk
Para muitas aplicações é mais conveniente escrever as equações de Dyson-Schwin-
ger para as funções de Green conexas e próprias. Para isso temos de escrever a
equação equivalente a 1.138 para os funcionais W e Γ
Usando a identidade
!
1 δ δiW δ
(Z[J]f [J]) = + f [J] (1.141)
Z iδJk iδJk iδJk
Podemos escrever
" # " #
1 δ δW δ
E Z[J] = E i + 1 (1.142)
Z iδJk iδJk iδJk
Portanto a equação de DS para o funcional gerador das funções de Green conexas
escreve-se simplesmente
" #
δW δ
Jk = −E i + 1 (1.143)
iδJk iδJk
δW δΓ
φk = Jk = −
iδJk δφk
(1.144)
δ δ δ δ
= Gkm = −iΓkr
iδJk δφm δφk iδJr
e obtemos
" #
δΓ δ
= E φk + Gkm 1 (1.145)
δφk δφm
É na forma 1.145 que as equações de DS são mais úteis.
Exemplo : Self-energy em φ3
A acção para esta teoria escreve-se, usando a notação compacta
λ
⊓ − m2 )δkm φm −
S[φ] = φk (−⊔ (φk )3 (1.146)
3!
logo
λ
⊓ − m2 )φk − (φk )2
E[φk ] = (−⊔ (1.147)
2
e portanto
" # !
δ λ δ
E φk + Gkm ⊓ + m2 )φk −
1 = −(⊔ φk + Gkr φk (1.148)
δφm 2 δφr
dá
δΓ λ 2
= −(⊔⊓ + m2 )φk − φk + Gkr δrk (1.149)
δφk 2
Derivando funcionalmente em relação a φm obtemos as equações de DS para
diversas funções de Green. Por exemplo para a self-energy obtemos
δ2Γ λ
⊓ + m2 )δkm − (2φk δkm − iΓmn Gkrn δrk )
= −(⊔ (1.150)
δφk δφm 2
Pondo φk = 0 obtemos
λ
⊓ − m2 )δkm = i
Γkm − (−⊔ Γmn Gkrn δrk
2
λ
= Γmn Gkrn Γrs Gsk
2
λ
= i Γmn Γrs Gsk Gkk′ Grr′ Gnn′ Γk′ r′ n′
2
λ
= −i Gkk′ Gks Γk′ sm (1.151)
2
1.6. Transformações de variáveis em integrais de caminho. Aplicações 41
k m k m
=
Figura 1.20:
onde se usou repetidamente a equação 1.32 e a definição da Figura 1.11. Mas por
definição de self-energy
⊓ − m2 )δkm ≡ −Σkm
Γkm − (−⊔ (1.152)
e portanto
λ
−iΣkm = −iGkk′ Gks iΓk′ sm (1.153)
2
ou em termos de diagramas da Figura 1.20
Como vemos a equação de DS não é mais que a afirmação que o vértice na teoria é
λ 3
3!
φ.
Exemplo: Self-energy em φ4
Neste caso a acção escreve-se
λ
⊓ − m2 )δkm φm −
S[φ] = φk (−⊔ (φk )4 . (1.154)
4!
Logo a equação de movimento é
λ
⊓ − m2 )φk −
E[φ] = (−⊔ (φk )3 . (1.155)
3!
Portanto
" # ! !
δ λ δ δ
E φk + Gkm ⊓ + m2 )φk −
1 = −(⊔ φk + Gkm φk + Gkn φk
δφm 3! δφm δφn
!
λ δ
⊓ + m2 )φk −
= −(⊔ φk + Gkm φ2k + Gkn δnk
3! δφm
λ 3
⊓ + m2 )φk −
= −(⊔ φ + φk Gkm δnk + 2Gkmφk δkm
3! k
− iGkm Γmℓ Gknℓ δnk (1.156)
42 Capı́tulo 1. Métodos Funcionais
e obtemos
δΓ λ 3
= −(⊔⊓ + m2 )φk − φk + φk Gkn δnk + 2Gkmφk δkm − iGkm Γmℓ Gknℓ δnk
δφk 3!
(1.157)
Para obter a equação de DS para a self-energy derivamos em ordem a φj e fazemos
φi = 0 depois de derivar. Obtemos assim
logo
λ λ
−iΣkj = −i Gkk δkj + i Gkm iΓmℓj Gkk′ Gnn′ Gℓℓ′ iΓk′ n′ ℓ′ δnk
2 3!
λ
+i Gkk′ Gmm′ Gpp′ iΓk′ m′ p′ Γpj Γmℓ Gkk′′ Gnn′ Gℓℓ′ iΓk′′ n′ ℓ′ δnk
3!
λ
+i Gkm Γmℓ Gknℓp Γpj δnk
3!
λ λ
= −i Gkk δkj + i δkℓ δnk Gknℓp iΓpj (1.159)
2 3!
Para a teoria φ4 temos Γijk = 0 pelo que
δS[φ]
Fi (φ) = 0 (1.162)
δφi
onde considerámos uma transformação do tipo 1.132. Se esta expressão deixar in-
variante a medida D(φ) então a expressão geral 1.137 reduz-se a
1.7. As identidades de Ward-Takahashi em QED 43
k m 1 k m 1 k m
= +
2 3!
Figura 1.21:
" #
δ
Ji Fi Z(J) = 0 (1.163)
iδJ
Esta expressão é conhecida por identidade de Ward. Derivação em ordem às fontes
conduz a relações entre as funções de Green que expressam as simetrias da teoria.
Para teorias de gauge a expressão é um pouco mais complicada. A razão é que no
processo de quantificação das teorias de gauge é normalmente necessário introduzir
termos que quebram a simetria para fixar a gauge. Assim podemos escrever
Sef f = SI + SN I (1.164)
onde δS I
F = 0 e δSδφNIi Fi 6= 0. Então se a medida continuar a ser invariante, devemos
δφi i
ter agora a identidade de Ward na forma
" # ! " #
δSN I δ δ
+ Ji Fi Z(J) = 0 (1.165)
δφi iδJ iδJ
Na próxima secção vamos aplicar esta expressão para obter as identidades de
Ward em QED. Para as teorias de gauge não abelianas a questão da invariância da
medida é um pouco mais delicada e será analisada no próximo capı́tulo depois de
mostrarmos como se quantificam estas teorias.
Z R
d4 x(Jµ Aµ +ηψ+ψη)
Z(Jµ , η, η) = D(Aµ , ψ, ψ)ei(Sef f + (1.166)
1
LQED = − Fµν F µν + ψ(iγ µ ∂µ − m)ψ . (1.168)
4
SQED é invariante para as transformações de gauge do grupo U(1)
δAµ = ∂µ Λ
δψ = −ieΛψ (1.169)
δψ = ieΛψ
enquanto que Sef f contém a parte de gauge fixing que não é invariante nas trans-
formações 1.169. Portanto as identidades de Ward tomam aqui a forma
" # ! " #
δSGF δ δ
+ Ji Fi Z(J) = 0 (1.170)
δφi iδJ iδJ
o que se escreve no nosso caso, reintroduzido as integrações,,
Z " ! #
1 δ δ δ
0= 4
d x ∂ µ ∂ν µ
∂µ Λ + J ∂µ Λ − ieΛη + ieΛη Z(J µ , η, η) (1.171)
ξ iδJν iδη iδη
Z " ! #
4 1 δ µ δ δ
d xΛ − ⊔⊓∂ν − ∂µ J − ieη + ieη Z(J µ , η, η) = 0 (1.172)
ξ iδJν iδη iδη
" ! ! !#
1 δ µ δ δ
⊓∂µ
⊔ + ∂µ J + ieη − ieη Z(J, η, η) = 0 (1.173)
ξ iδJµ iδη iδη
1.7. As identidades de Ward-Takahashi em QED 45
µ ,η,η)
Z(J µ , η, η) ≡ eiW (J (1.175)
onde
δW δW δW
Aµ = µ
; ψ= ; ψ=− (1.177)
iδJ iδη iδη
e
δΓ δΓ δΓ
Jµ = − µ
; η=− ; η= (1.178)
δA δψ δψ
1 δΓ δΓ δΓ
⊓∂µ Aµ − ∂µ
⊔ + ie ψ + ieψ =0 (1.179)
ξ δAµ δψ δψ
p’, β p,α
Figura 1.22:
δ3Γ
∂xµ
δψα (y)δψβ (z)δAµ (x)
" #
δ2Γ δ2Γ
= ie δ 4 (z − x) − δ 4 (y − x) (1.180)
δψα (y)δψβ (x) δψα (x)δψ β (z)
ou seja
h i
∂xµ Γµβα (x, z, y) = ie Γβα (x, y)δ 4 (z − x) − Γβα (z, x)δ 4 (y − x) (1.181)
onde LQED é o Lagrangeano usual de QED e o termo que fixa a gauge é dado por
1.7. As identidades de Ward-Takahashi em QED 47
1
(∂ · A)2 .
LGF = − (1.184)
2ξ
De facto isto não é estritamente verdade. Como veremos o funcional gerador que
obterı́amos se usássemos a prescrição para teorias de gauge seria
Z R
d4 x[Lef f +J µ Aµ +ηψ+ψη+ωζ+ζω]
Z̃(Jµ , η, η, ζ, ζ) = D(Aµ , ψ, ψ, ω, ω)ei (1.185)
LG = −ω ⊔
⊓ω (1.187)
A razão pela qual em QED podemos trabalhar com o funcional gerador Z e não
Z̃ tem a ver com o facto de os fantasmas em QED não terem acoplamentos com
as partı́culas fı́sicas e poderem ser omitidos completamente da teoria (ver problema
1.6).
Vamos introduzir agora as transformações de Becchi Rouet e Stora (BRS). O
objectivo destas transformações é fazer com que Lef f seja invariante. É fácil de ver
que para QED obtemos esse resultado com as transformações
δψ = −ieωθψ
δψ = ieψωθ
δAµ = δµ ωθ (1.188)
δω = 1ξ (∂ · A)θ
δω = 0
onde o parâmetro θ é anticomutativo (variável de Grassman). As transformações
nos campos fı́sicos são transformações de gauge de parâmetro Λ = ωθ pelo que LQED
é invariante. As transformações em ω e ω são tais que a variação de LGF cancela
a de LG . A invariância da medida de integração e de Sef f permite imediatamente
escrever as identidades de Ward, para os funcionais geradores (ver problema 1.6).
As transformações BRS permitem obter as identidades de Ward duma forma
expedita sem ter que recorrer à derivação funcional de Γ̃. Este método baseia-se
no facto de que o operador δBRS aplicado a qualquer função de Green é zero (ver
problema 1.6), isto é
1
< 0|T Aµ ∂ ν Aν |0i θ − h0| T ∂µ ωω |0i θ = 0 (1.191)
ξ
Portanto
1 µ
k Gµν (k) = −kν ∆(k) (1.192)
ξ
usando para propagador dos fantasmas
i
∆(k) = (1.193)
k2
pois o fantasma não tem interacções. Multiplicando pelo inverso do propagador do
fotão obtemos
1 µ kν
k = −i 2 G−1νµ (k) (1.194)
ξ k
e portanto
i
kν G−1νµ (k) = k µ k 2 = kν G−1νµ
(0) (k) (1.195)
ξ
o que mostra que a parte longitudinal não é renormalizada.
Partimos de
1
h0| T ∂ µ Aµ ψψ |0i = ie h0| T ωωψψ |0i − ie h0| T ωψψω |0i (1.197)
ξ
ou ainda
1.7. As identidades de Ward-Takahashi em QED 49
i µ
q Tµ = T (1.198)
ξ
onde
p’
µ q
iTµ = = Gµν (q)S(p′ )iΓν S(p) (1.199)
p’ p’
q q
iT = −ie + ie
p p
A última igualdade resulta dos fantasmas não terem interacções em QED numa
gauge linear. Pondo tudo junto obtemos
i µ
q Gµν (q)S(p′ )iΓν S(p) = −ie∆(q)S(p) + ie∆(q)S(p′ ) (1.201)
ξ
Usando
1 µ
k Gµν (k) = −kν ∆(k) (1.202)
ξ
e multiplicando pelos inversos dos propagadores dos fermiões obtemos finalmente a
identidade pretendida
h i
qµ Γµ (p′ , p) = ie S −1 (p) − S −1 (p′ ) (1.203)
50 Capı́tulo 1. Métodos Funcionais
Problemas Capı́tulo 1
1.1 Calcule G4c a partir de 1.21 e mostre que é de facto a função de Green conexa
de quatro pernas.
Z
d4 k ik·(x−y) i
∆(0) (x − y) = 4
e (1.205)
(2π) k − m2 + iǫ
2
λ 3
1.4 Considere a teoria φ3 , isto é V (φ) = 3!
φ. Usando
( Z " #)
4 δ
Z[J] = exp −i d xV Z0 (J) (1.207)
iδJ
Problemas 51
onde
1Z 4 4 ′ (0)
Z0 (J) = exp[− d xd x J(x)GF (x − x′ )J(x′ )] (1.208)
2
e
Z
(0) ′ ′ 1
GF (x −x)=i d4 keik(x−x ) (1.209)
k2 − m2 + iε
mostre que o factor de simetria do diagrama
é S = 12 .
onde
Z !
d4 p −ip·(x−y) i
SF0 αβ (x, y) = 4
e
(2π) /p − m + iε αβ
δ 2 Z0
=
iδηα (y) iδη β (x)
onde
1
LQED = − Fµν F µν + ψ(iD
/ − m)ψ
4
1
LGF = − (∂ · A)2
2ξ
Dµ = ∂µ + ieAµ .
( Z )
µ 4 δ δ δ
Z[J , η, η] = exp (−e) dx (γ µ )αβ Z0 [J µ , η, η] .
δηα (x) δη β (x) δJµ (x)
(1.213)
c) Expanda
h i
Z = Z0 1 + (−ie)Z1 + (−ie)2 Z2 + · · · (1.214)
onde se retiraram as amplitudes vácuo-vácuo em Zi , isto é, Zi [0] = 0 → Z[0] =
1. Mostre que
Z1 = −i (1.215)
1 1
Z2 = Z12 + +
2 2
1
− + (1.216)
2
δ3Z
h0| T Aµ (x)ψβ (y)ψα (z) |0i = (1.217)
iδηα (z)iδη β (y)iδJµ(x)
e verifique que coincide com as regras de Feynman para o vértice. f) Calcule
Problemas 53
δ4Z
h0| T Aµ (x)Aν (y)ψβ (z)ψ α (w) |0i = (1.218)
iδηα (w)iδηβ (z)iδJν (y)iδJµ
e verifique que reproduz o que se obtém usando as regras de Feynman usuais.
1.7 As identidades de Ward para QED deduzidas na secção 1.7 não têm a forma
" #
∂
Ji Fi Z(J) = 0 (1.219)
i∂J
onde
Lef f = LQED + LGF + LG (1.222)
e
LG = −ω⊔
⊓ω . (1.223)
onde N não depende das fontes nem dos campos. Explique porque é que esta
renormalização (infinita) não afecta o cálculo das funções de Green. Assim
tanto Z como Z ′ servem para o cálculo destas. b) Mostre que a medida
R
D(Aµ , ψ, ψ, ω, ω) e d4 xLef f são invariantes para a transformação
δψ = −ieωθψ δψ = ieψωθ
δAµ = ∂µ ωθ (1.225)
δω = 1ξ (∂ · A)θ δω = 0
Z R
d4 x(Lef f +J µ Aµ +ηψ+ψη+ωζ+ζω)
Z(Jµ , η, η, ζ, ζ) = D(Aµ , ψ, ψ, ω, ω)ei (1.226)
Mostre que
onde
Z R
d4 x(LQED +LGF +J µ Aµ +ηψ+ψη)
Z(Jµ , η, η) = D(Aµ , ψ, ψ) ei . (1.228)
δΓ
= −⊔
⊓ω . (1.229)
δω
δ
Ji Fi [ ]Z = 0 . (1.230)
iδJ
2.1.1 Introdução
Vamos brevemente rever como se constrói a acção clássica para uma teoria de gauge
não abeliana (Yang-Mills). Consideremos um grupo compacto G correspondendo
a uma simetria interna. Seja φi , (i = 1, · · · , N) um conjunto de campos que se
transformam de acordo com uma representação de dimensão N de G, isto é
g = 1 − iαa ta a = 1, · · · , r (2.2)
onde os parâmetros αa são infinitesimais e ta são os geradores do grupo satisfazendo
as relações, para a representação fundamental
h i
ta , tb = iC abc tc
1
T r ta tb = δ ab (2.3)
2
σa
SU(2) ta = ; a = 1, 2, 3
2
a
λ
SU(3) ta = ; a = 1, · · · , 8 (2.4)
2
55
56 Capı́tulo 2. Teorias de gauge não abelianas
[T a , T b ] = iC abc T c (2.5)
A sua normalização é dada por
δφ = −iαa T a φ ≡ −iα
∼φ (2.8)
α ≡ αa T a .
onde introduzimos a notação ∼
Para resolver o problema da derivada não se transformar como os campos, isto é,
∂µ φ′ 6= U∂µ φ (2.9)
quando os parâmetros dependem de xα , introduz-se a derivada covariante
a a
Dµ φ = (∂µ − igA
∼µ )φ ;A
∼µ = Aµ T (2.10)
onde Aaµ são os campos de gauge (tantos quantos os geradores do grupo). As pro-
priedades de transformação de Aaµ são obtidas exigindo que Dµ φ se transforme como
φ, isto é,
′ −1 i
A
∼ µ = UA
∼ µ U − ∂µ UU −1 (2.12)
g
2.1. Teoria clássica 57
Infinitesimalmente U ≃ 1 − iα
∼ e obtemos
h i 1
δA
∼ = −i α
∼ ∼, A − ∂µ α . (2.13)
g ∼
µ µ
1
δAaµ = − ∂µ αa + C bca αb Acµ
g
1
= − (∂µ αa − gC bcaαb Acµ ) (2.14)
g
h i
[Dµ , Dν ] φ = ∂ν − igA
∼µ , ∂ν − igA
∼ν φ
h i
= −ig ∂ν A
∼ν − ∂ν A
∼µ − ig A
∼µ , A
∼ν φ
≡ −ig ∼
F µν φ (2.17)
a
F µν ≡ Fµν
onde se definiu o tensor ∼ T a designado por curvatura,
h i
∼ ∼ν − ∂ν A
F µν = ∂µ A ∼µ − ig A
∼µ , A
∼ν (2.18)
ou em componentes
a
Fµν = ∂µ Aaν − ∂ν Aaµ + gC abc Abµ Acν (2.19)
Vejamos como se transforma Fµν numa transformação de gauge.
h i
F ′µν = ∂µ A
∼
′ ′
∼µ − ig A
∼ν − ∂ν A
′
∼µ , A
∼ν
′
58 Capı́tulo 2. Teorias de gauge não abelianas
" #
−1 i
= ∂µ (UA
∼ν U ) − ∂µ (∂ν UU −1 ) − (µ ↔ ν)
g
h i
−1 −1 −1
−igU[A ∼ν ]U − ∂µ UU , UA
∼µ , A ∼ν U
h i ih i
−1 −1 −1 −1
− UA∼µ U , ∂ν UU + ∂µ UU , ∂ν UU (2.20)
g
Usando
∂µ U −1 = −U −1 ∂µ UU −1 (2.21)
obtemos
F ′µν = UF
∼ ∼µν U
−1
(2.22)
ou infinitesimalmente
h i
∼µν = −i ∼
δF α,∼
F µν (2.23)
É fácil de ver que com o tensor Fµν é possı́vel construir um invariante. De facto
a quantidade
′ ′µν µν 1 a aµν
T r(F
∼ ∼
µν F ) = T r(F
∼ ∼
µν F ) = F F (2.24)
2 µν
é invariante e pode ser usada para construir uma acção, generalizando a acção de
Maxwell as para teorias abelianas.
µ
Chama-se gauge pura ao potencial A
∼ tal que ∼
F µν = 0. É fácil de mostrar que
−1
Fµν = 0 ⇐⇒ ∃U : A ∼µ = ∂µ UU (2.25)
Para evitar a arbitrariedade de gauge é conveniente por vezes impor condições
de gauge. Exemplos são a Gauge Axial definida por
nµ Aµ (x) = 0 (2.26)
onde nµ é um quadrivector constante, e a Gauge Lorentz
∂µ Aµ (x) = 0 (2.27)
2.1. Teoria clássica 59
Z
1
S = − d4 xT r(F F µν )
∼µν∼
2
1 Z 4 a µνa
= − d xFµν F (2.28)
4
Devido ao resultado anterior sobre T r(F
∼µν∼F µν ), eq.(2.24), a acção é invariante
para transformações do grupo de gauge G. A equação de Euler-Lagrange
δL δL
∂µ − =0 (2.29)
δ(∂µ Aaν ) δAaν
obtém-se facilmente notando que
b
δL δL δFρσ a
a
= b a
= −Fµν (2.30)
δ(∂µ Aν ) δFρσ δ(∂µ Aν )
e
b
δL δL δFρσ
a
= b a
= gC bcaAbµ Fνµc (2.31)
δAν δFρσ δAν
Então
δL
θ̃µν = − ∂ ν Aaρ + g µν L
δ(∂µ Aaρ )
60 Capı́tulo 2. Teorias de gauge não abelianas
1
= F µρa ∂ ν Aaρ − g µν F ρσa Fρσ
a
(2.35)
4
Para o tornar invariante de gauge procedemos como no electromagnetismo. Sub-
traı́mos a θ̃µν uma quantidade que seja uma divergência para que as leis de con-
servação não venham alteradas. A quantidade relevante é
logo
Z
1 ~a ~a ~a ~a
H = d 3 x (E ·E +B ·B )
2
Z
= d3 xH (2.40)
Vamos ver no entanto que devido à invariância de gauge a relação entre o Hamil-
toniano e o Lagrangeano não é a usual. Para isso é conveniente partir da acção
escrita em formalismo de 1a ordem.
Z
1 1 a µνa
S= d4 x − (∂µ Aaν − ∂ν Aaµ + gC abc Abµ Acν )F µνa + Fµν F (2.41)
2 4
a
Fµν = ∂µ Aaν − ∂ν Aaν + gC abc Abµ Acν (2.42)
e que por sua vez substituindo 2.42 em S obtemos a acção usual. Usando as definições
de E~a e B
~ a obtemos
Z
S = d4 x−(∂ 0 A~ a + ∇A
~ 0a − gC abc A0b A ~ a − 1 (E
~ c) · E ~a · E
~a + B ~a · B
~ a)
2
Z
4 0 ~a ~ a 1 ~2 ~2 0a ~ ~ a abc ~ b ~ c
= d x −∂ A · E − (E + B ) + A (∇ · E − gC A · E ) (2.43)
2
A densidade Lagrangeana escreve-se, portanto
~ ·E
∇ ~ a − gC abc A
~b · E
~c = 0 (2.46)
que não são mais do que as equações de movimento 2.34 para ν = 0.
Se introduzirmos os parêntesis de Poisson a tempo igual
Isto mostra que as teorias de gauge (não abelianas neste caso, mas a afirmação
é igualmente verdadeira para teorias abelianas) representam um exemplo daquilo a
que se chama Sistemas de Hamilton Generalizados primeiro introduzidos por Dirac.
Para definir estes sistemas consideremos um sistema com as variáveis canónicas
(pi , qi ) que geram o espaço de fase Γ2n (i = 1, . . . , n). Então a acção destes sistemas
é escrita na forma
Z
S= L(t)dt (2.49)
onde
n
X m
X
L(t) = pi qi − h(p, q) − λα ϕα (p, q) . (2.50)
i=1 α=1
X
{ϕα , ϕβ } = C αβγ (p, q)ϕα
α
2.2 Quantificação
α
q̇i = ∂h + λα ∂ϕ
∂pi ∂pi
α
ṗi ∂h − λα ∂ϕ
= − ∂q (2.53)
i ∂qi
ϕα = (p, q) = 0 α = 1, . . . , m
Pode-se mostrar que um sistema de Hamilton generalizado (SHG) é equivalente
a um sistema de Hamilton usual (SH) definido um espaço de fase Γ∗2(n−m) . Isto é
um SHG é equivalente a um SH com n − m graus de liberdade. O SH Γ∗ pode ser
construı́do da maneira seguinte. Sejam m condições
χα (p, q) = 0 ; α = 1, . . . , m (2.54)
que satisfaçam
n o
χα , χβ = 0 (2.55)
e
det ϕα , χβ 6= 0 (2.56)
q ≡ ( χα , q ∗ ) (2.58)
|{z} |{z} |{z}
n m n−m
pα = pα (p∗ , q ∗ ) (2.60)
O subespaço Γ∗ é portanto definido pelas condições
64 Capı́tulo 2. Teorias de gauge não abelianas
χα ≡ q α = 0
(2.61)
pα = pα (p∗ , q ∗ )
As variáveis p∗ e q ∗ são canónicas e o Hamiltoniano é dado por
h∗ (p∗ , q ∗ ) = h(p, q) (χ=0 ; ϕ=0) (2.62)
e as equações de movimento são agora
∂h∗ ∂h∗
q̇ ∗ = ṗ∗ = − (2.63)
∂p∗ ∂q ∗
num total de 2(n − m) equações. O resultado fundamental pode ser enunciado na
forma dum teorema.
Teorema 2.1
As duas representações são equivalentes, isto é, conduzem às mesmas equações
de movimento.
Dem:
As relações q α = 0 =⇒ q̇ α = 0 ou seja na descrição (p, q)
∂h ∂ϕβ
+ λβ =0 ; α = 1, . . . , m (2.64)
∂pα ∂pα
Consideremos agora as equações de movimento para as coordenadas q ∗ nas
duas representações
∂h α ∂ϕα
q̇ ∗ = + λ
∂p∗ ∂p∗
∂h∗ ∂h ∂h ∂pα
q̇ ∗ = ∗
= ∗+ α ∗ (2.65)
∂p ∂p ∂p ∂p
∂ϕα ∂h ∂pα
λα ∗
= α ∗ (2.66)
∂p ∂p ∂p
ou seja usando as relações 2.64
!
α ∂ϕα ∂ϕα ∂pβ
λ + =0 (2.67)
∂p∗ ∂pβ ∂p∗
2.1. Teoria clássica 65
Então
Z Y R
dpdq Y α α α ∗ ∗ i dt(pq̇−h(p,q))
U(qf , qi ) = δ(q )δ(p − p (p , q ))e (2.70)
t 2π t
Esta expressão pode ainda ser escrita em termos das ligações se recordarmos que
δ(q α ) = δ(χα )
∂ϕ
α α ∗ ∗ α α
δ(p − p (p , q )) = δ(ϕ ) det (2.71)
∂pβ
Então
Y Y
δ(q α )δ(pα − pα (p∗ , q ∗ )) = δ(ϕα )δ(χα ) det |{ϕα , χβ }| (2.72)
t t
Z
S(p, q, λ) = [pq̇ − h(p, q) − λϕ]dt (2.75)
Esta é a expressão que iremos aplicar às teorias de gauge. Notar que a expressão
dentro do parêntesis recto é precisamente a do Lagrangeano para sistemas de Hamil-
ton generalizados, 2.52. Pode-se mostrar (ver problema 2.2) que os resultados fı́sicos
não dependem da escolha das condições auxiliares χα = 0. Em teorias de gauge,
fala-se da escolha de gauge.
Z ~2 − E
~2
4 ~ ~ ˙
~ ~ ~ ~ B
S= 0
d x −E · (∇A + A) − B · ∇ × A + − ρA0 + J~ · A
~ (2.77)
2
~ eB
As equações do movimento são, variando em ordem E ~
~ = −(∇A
E ~˙
~ 0 + A)
~ ·B
∇ ~ = 0
→ (2.78)
~ = ∇
B ~ ×A
~ ~ ×E
∇ ~ = ~
− ∂∂tB
~
e, variando em ordem a A0 e A,
~ ·E
∇ ~ =ρ
(2.79)
~ ×B
∇ ~− ∂E
= J~
∂t
~ =∇
Se substituirmos B ~ ×A
~ obtemos, depois de uma integração por partes,
Z ~2 ~ 2
S= d4 x −E ~˙ − E + (∇ × A) + J~ · A
~ ·A ~ + A0 (∇
~ ·E
~ − ρ) (2.80)
2
equação 2.43.
2.1. Teoria clássica 67
ser respeitada, ∇~ ·E~ = ρ. Esta ligação é linear nos campos. Aqui reside a grande
simplificação do electromagnetismo. Isto porque se escolhermos uma condição de
gauge também linear então o det{ϕα , χβ } não dependerá de E ~ e A~ e será uma
constante que apenas afectará a normalização. Uma tal condição de gauge é obtida,
por exemplo, da forma seguinte (gauge de Lorentz)
χ = ∂µ Aµ − c(~x, t) (2.81)
onde c(~x, t) é uma função arbitrária. Então é fácil de ver que a expressão para o
funcional gerador das funções de Green é
Z Y
Z[J ] = µ ~ A,
D(E, ~ A0 ) δ(∂µ Aµ − c(x))eiS (2.82)
x
onde
Z ~ 2 2
S = d4 x −E ~˙ − E + (∇ × A) + (J~ · A)
~ ·A ~ + A0 (∇
~ ·E
~ − ρ)
2
Z E2 ~ 2
= d4 x − −E ~ · (∇A ~˙ − (∇ × A) − Jµ Aµ
~ 0 + A) (2.83)
2 2
Vimos anteriormente que a acção para as teorias de gauge não abelianas (TGNA),
se podia escrever na forma
Z
4 ~ 0~ 1 ~2 ~2 0 ~ ~ ~ ~ ])
S = 2 ∼·∂ A
d xT r E ∼ + 2 (E
∼ +B ∼ (∇ · E
∼ )−A ∼ + g[A
∼, E
∼
Z h i
= d4 x −Eka ∂ 0 Aak − H(Ek , Ak ) + A0a C a (2.88)
onde
~ ·E
Ca = ∇ ~ a − gC abc A
~b · E
~c (2.89)
Se introduzirmos os parêntesis de Poisson a tempo igual
n o
−Eai (x), Ajb (y) = δ ij δab δ 3 (~x − ~y ) (2.90)
x0 =y 0
n o
C a (x), C b (y) = −gC abc C c (x)δ 3 (~x − ~y )
x0 =y0
onde
Z h Z i
1
H= d3 xH(Ek , Ak ) =
d3 x (E ka )2 + (B ka )2 (2.92)
2
Assim as teorias de gauge não abelianas representam um exemplo de sistemas da
Hamilton generalizados. As variáveis do género coordenada são Aak , os momentos
conjugados são −Eka . As varáveis A0a são multiplicadores de Lagrange para garantir
as ligações
~ ·E
∇ ~ a − gC abc A
~b · E
~c = 0 (2.93)
que são parte das equações de movimento.
Para procedermos à quantificação podemos usar o formalismo da secção 2.2.1
para SHG. Temos para isso que impor r condições auxiliares (r é a dimensão do
grupo de Lie), isto é, tantas como as condições de ligação C a (x) = 0, a = 1, . . . , r.
Escolher estas condições é aquilo que se chama escolher, ou fixar, a gauge. Esta
escolha é arbitrária, os resultados fı́sicos não devem depender dela (ver problema
2.2). No entanto expressões intermédias como sejam, por exemplo, as regras de
Feynman, dependem fortemente da gauge.
2.1. Teoria clássica 69
• Gauge Axial
A3a = 0 a = 1, . . . , r (2.94)
Estas r condições constituem as nossas condições auxiliares necessárias para se pro-
ceder à quantificação da teoria. A vantagem desta escolha de gauge é a seguinte. Se
calcularmos {C a , A3b } obtemos
{Ca (x), A3b (y)} = {∂k Eak (x), A3b (y)} − gCadc Akd {Eck (x), A3b (y)}
∂ δ
= −g δab 3 δ 3 (~x − ~y ) = a (δA3b (y)) (2.95)
∂x δα (x)
~a
onde se usou o facto de A3b = 0. Vemos assim que {C a , A3b } não depende de A
eE~ a e o determinante que aparece na expressão do integral de caminho pode ser
absorvido na normalização. Podemos assim escrever para o funcional gerador das
funções de Green
Z Y
µa ~ A,
~ A0 ) ~ ~ 0 ,J µ )
Z[J ] = D(E, δ(A3 )eiS(E,A,A (2.96)
x
onde
Z h i
~ A,
S(E, ~ A0 , J µ ) = 4
d x −E ~ a − 1 (E
~ a · ∂0A ~ a )2 + (B
~ a )2 + A0a C a + Aa · J a
2
(2.97)
e
~ ·E
Ca = ∇ ~ a − gC abc A
~b · E
~c (2.98)
~ aparece na forma duma integração gaussiana obtemos
Como a integração em E
facilmente
Z Y R
µa d4 x[L(x)+Aa ·J a ]
ZA [J ] = D(Aµ ) δ(A3 )ei (2.99)
x
onde
70 Capı́tulo 2. Teorias de gauge não abelianas
1 a aµν
L = − (Fµν F ) (2.100)
4
O ı́ndice A em ZA [J µa ] realça o facto deste funcional corresponder à escolha de
gauge axial. Embora a expressão para o funcional gerador se escreva facilmente
nesta gauge ela tem a desvantagem das regras de Feynman não serem covariantes.
Antes de introduzirmos as gauge covariantes mostraremos ainda outra gauge não
covariante a chamada gauge de Coulomb:
• Gauge de Coulomb
~ ·A
∇ ~a = 0 a = 1, . . . , r (2.101)
Estas condições auxiliares têm um parêntesis de Poisson não trivial com as ligações
C a (x). De facto ( ver problema 2.3)
Z n o
~a = − 1
δA ~ a (x), αb (y)Cb(y)
d3 y A (2.102)
g x0 =y0
logo
n o δ
~ a (x), Cb (y)
A = −g ~ a (x))
(δ A (2.103)
x0 =y0 δαb (y)
e
n o δ ~
~ ·A
∇ ~ a (x), Cb (y) = −g ~ a (x))
∇ · (δ A (2.104)
x0 =y0 δαb (y)
Como
~ a (x) = 1 ∇α
δA ~ a (x) + Cabc αb (x)A
~ c (x) (2.105)
g
~ ·A
obtemos (com a condição ∇ ~ a = 0)
~ · (δ A
−g ∇ ~ a (x)) = −∇2 αa (x) − gCabc A
~ c (x) · ∇α
~ b (x) (2.106)
x
e finalmente
n o h i
~ ·A
∇ ~ a (x), Cb (y) = ~ c (x) · ∇
−∇2x δab − gCabc A ~ x δ 3 (~x − ~y )
Z Y Y R
~ · A)]e
~ i d4 x[L+Aa ·J a ]
ZC [J µa ] = D(Aµ ) [det MC δ(∇ (2.108)
x x
As condições de gauge escolhidas até aqui (gauge axial e gauge de Coulomb) con-
duzem a regras de Feynman onde a covariância de Lorentz é perdida. Claro que
os resultados finais não devem depender desta escolha, mas a não covariância dos
cálculos intermédios é normalmente uma complicação. Vamos aqui generalizar os
resultados anteriores a gauges covariantes. O método a seguir surgirá como um sub-
produto da resposta a um outro problema: Como mostrar a equivalência das gauges
axial e de Coulomb?
Para o argumento que se segue é conveniente trabalhar com quantidades invari-
antes de gauge. Assim em vez do funcional ZA [J µ ] vamos por agora considerar o
integral ZA [J = 0] que como vimos tem o significado duma amplitude transição
vácuo → vácuo na ausência das fontes exteriores,
Z Y
ZA [0] = D(Aµ ) δ(A3a (x)) exp{iS[Aµ ]} (2.109)
x,a
′ g −1 i −1
∼µ → A
A ∼µ = A ∼µ U (g) − g ∂µ UU
∼µ = U(g)A (2.110)
Z Y ′
∆−1 g
C ( Aµ ) = D(g ′ ) ~ · g gA
δ(∇ ~ a)
x,a
Z Y ′
= D(g ′ g) ~ · g gA
δ(∇ ~ a)
x,a
= ∆−1
C [Aµ ] (2.114)
Obtemos então
Z Y Z Y
ZA (J = 0) = DAµ eiS[Aµ ] δ A3a (x) ∆C [Aµ ] D(g) ~ · gA
δ(∇ ~ b)
x,a y,b
Z Y Z Y −1
= DAµ eiS[Aµ ] ∆C [Aµ ] ~ ·A
δ ∇ ~b D(g) δ(g A3a ) (2.116)
y,b x,a
~ ·A
onde g0 é a transformação de gauge que leva da gauge ∇ ~ = 0 para a gauge
′3
A = 0, isto é
a a
g(x) = e − iα
∼(x) = e − iα (x)t (2.120)
onde αa (x) são infinitesimais. Nestas condições a medida de integração dg(x) vem
dada por
Y
dg(x) = dαa (x) (2.121)
a
2.1. Teoria clássica 73
g ′3a 1 ∂αa
A (x) = (2.122)
g ∂x3
pelo que o integral virá
Z Z !
Y Y1 ∂αa
g ′3a
D(g) δ A (x) = D(α) δ =N (2.123)
x,a x,a g ∂x3
O integral é independente de Aµ pelo que pode ser absorvido na normalização.
Obtemos assim
Z Y
ZA [J = 0] = N D(Aµ )∆C [Aµ ] ~ · A)e
δ(∇ ~ iS[Aµ ] (2.124)
x
Z Y
∆−1 D(g) ~ · gA
δ ∇ ~a
C [Aµ ] =
x,a
Z " !#
Y
= D(α) δ ∇~ · 1 ∇α
~ a (x) + C abc αb A
~c
x,a g
Z !
Y
1 2 a
= D(α) δ ~ b·A
∇x α (x) + C abc ∇α ~c
x,a g
∝ det−1 MC (2.126)
onde
δ ~ g ~ a
Mab
C (x, y) = −g ∇· A
δαb (y) α=0
= ~c · ∇
−∇2x δab − gCabc A ~ x δ 3 (~x − ~y ) (2.127)
F a [Aµ ] = 0 a = 1, . . . , r (2.128)
Para isso definimos ∆F [Aµ ] pela expressão
Z Y
∆−1
F [Aµ ] = D(g) δ (F a [gAµ ]) (2.129)
x,a
Z Y Z Y
3a iS[Aµ ]
ZA [J = 0] = D(Aµ ) δ A (x) e ∆F [Aµ ] D(g) δ F b [g Aµ ]
x,a y,b
Z Y Z Y
g −1
= D(Aµ ) δ F b [Aµ ] ∆F [Aµ ]eiS[Aµ ] D(g) δ A3a (x)
y,b x,a
Z Y
= N D(Aµ )∆F [Aµ ] δ F b [Aµ ] eiS[Aµ ]
x,a
= N ZF [J = 0] (2.131)
δF a b
F a [gAbµ ] = F a [Abµ ] + δA
δAbµ µ
1 δF a
= − (Dµ α)b (2.133)
g δAbmu
Z Y
∆−1
F [Aµ ] = D(g) δ F a [gAbµ ]
x,a
Z !
1 δF a
Y
= D(α) δ − b
(Dµ α)b
x,a g δAµ
2.1. Teoria clássica 75
∝ det−1 MF (2.134)
onde
δF a δF a [g A(x)]
Mab
F (x, y) = D cb 4
δ (x − y) = −g (2.135)
δAcµ (x) µ δαb (y)
e portanto
!
δF a (x)
∆F [Aµ ] = det MF = det −g (2.136)
δ(αb(y)
Já sabemos como escrever a amplitude vácuo → vácuo na ausência de fontes
exteriores para uma gauge arbitrária. De facto não é esta quantidade a mais inter-
essante, mas sim a amplitude vácuo → vácuo na presença de fontes, ZF [J] pois será
esta que gera as funções de Green. Em toda a discussão até aqui se fizeram as fontes
R 4 a µa
exteriores nulas. A razão é que o termo das fontes, d xJµ A , não é invariante de
gauge. Se definirmos ZF [Jµa ] pela relação
Z Y R
d4 xJµa Aµa )
ZF [Jµa ] ≡ D(Aµ )∆F [Aµ ] δ(F a [Abµ (x)])ei(S[Aµ ]+ (2.137)
x,a
então é claro que os funcionais ZF não serão equivalentes para diferentes escolhas de
F a = 0. Isto quer dizer que as funções de Green calculadas a partir de ZF [J µ ] vão
depender de gauge F a = 0. Na secção 2.2.5 mostraremos que embora as funções de
Green dependam da escolha de gauge, este não é um problema importante porque os
resultados fisicamente relevantes (mensuráveis) estão relacionados com os elementos
da matriz S renormalizada e esta é independente da gauge conforme aı́ mostraremos.
Antes de acabarmos esta secção façamos uma transformação no funcional ZC [Jµa ]
para nos vermos livres da função δ que aı́ intervém. Para os cálculos é de toda a con-
Q
veniência exponenciar δ(F a [Aµ ]). Isto pode fazer-se do seguinte modo. Definamos
uma condição de gauge mais geral
Z Y R
d4 xJµa Aµ )
ZF [Jµa ] =N D(Aµ )∆F [Aµ ] a
δ(F [Aµ ] − c )ea i(S[Aµ ]+
(2.139)
O lado esquerdo da equação não depende de ca (x) pelo que podemos integrar em
ca (x) com um peso conveniente, especificamente com
iZ 4 2
exp − d x ca (x) (2.140)
2
76 Capı́tulo 2. Teorias de gauge não abelianas
Z R
ZF [Jµa ] = N D(Aµ )∆F [Aµ ]ei(S[Aµ ]+ µ ))
d4 x(− 21 Fa2 +J µa Aa
Z R
d4 x[L(x)− 21 Fa2 +J µa Aa
= N D(Aµ )∆F [Aµ ]ei α]
(2.141)
Esta expressão é o ponto de partida para o cálculo das funções de Green numa
gauge arbitrária definida pela função F a . Para sermos capazes de estabelecer as
regras de Feynman para esta teoria teremos ainda de exponenciar ∆F [Aµ ]. Isto
será feito numa das secções seguintes com a introdução dos chamados fantasmas de
Fadeev-Popov.
Na secção anterior definimos o funcional gerador das funções de Green ZF [Jµa ], para
uma gauge dada pela função F a [Abµ ], através da relação
Z Y R
d4 xJµa Aµa )
ZF [Jµa ] ≡N D(Aµ )∆F [A] δ(F a [Abµ (x)])ei(S[Aµ ]+ (2.142)
x,a
Vamos mostrar a relação entre eles. Seguindo os métodos da secção anterior intro-
duzimos em ZC [jµa ] a identidade dada por
3
Depois de estudarmos as identidades de Ward-Takahashi faremos uma demonstração geral (ver
secção 2.3.4)
2.1. Teoria clássica 77
Z Y
1 = ∆L [A] D(g) (∂µ g Aµa ) (2.146)
x,a
e obtemos
ZC [jµa ] R
R Q ~ a )ei(S[A]+ d4 xjµa Aµa ) ∆L [A] R D(g) Qy,b δ(∂µ gAµa )
~ ·A
= N D(Aµ )∆C [A] x,a δ(∇
R Q R Q R g −1Aµa
~ g −1~ a d4 xjµ
a
=N D(Aµ )∆L [A] µb iS[A]
y,b δ(∂µ A )e ∆C [A] D(g) x,a δ(∇ · A )ei
R Q R Q R gg 0Aµa
~ gg 0~ a d4 xjµ
a
=N D(Aµ )∆L [A] µb iS[A]
y,b δ(∂µ A )e ∆C [A] D(g) x,a δ(∇ · A )ei
(2.147)
onde FµC [A] = Aaµ + O(A2λ). Comparando com a expressão de ZL [Jµa ] obtemos
finalmente
78 Capı́tulo 2. Teorias de gauge não abelianas
( Z " #)
δ
ZC [jµa ] = exp i d 4
xjµa F µa ZL [Jµa ] (2.153)
iδJ b
Esta é a expressão que relaciona ZC com ZL . Como Fµ [A] é um funcional compli-
cado é fácil de ver que as funções de Green nas duas gauges vão ser diferentes. Mas o
que tem significado fı́sico (comparável com a experiência) são os elementos de matriz
S renormalizada. O teorema da equivalência que a seguir demonstramos mostra que
a matriz S renormalizada é invariante de gauge. Por simplicidade demonstraremos
o teorema para a teoria λφ4 mas o raciocı́nio é análogo para o caso das teorias de
gauge.
Teorema 2.2
Se dois funcionais geradores Z e Z̃ diferem somente nos termos das fontes
exteriores então eles conduzem à mesma matriz S renormalizada.
onde
Z Z " #
4 1 1 λ
S[φ] + d xJφ = d x ∂µ φ∂ µ φ − m2 φ2 − φ4 + Jφ
4
. (2.155)
2 2 4!
δ 4 Z̃[j]
G̃(1, 2, 3, 4) = (−i)4 (2.158)
δj(1)δj(2)δj(3)δj(4)
2.1. Teoria clássica 79
Figura 2.1:
~
G = + +
+ + +
(2.159)
iZ̃2 iZ2
lim 2 G̃ = ; lim 2 = . (2.160)
p2 →mR p2 − m2R p2 →mR p2 − m2R
ou seja
!1/2
Z̃2
σ≡ =1+ +··· (2.162)
Z2
n
Y
S NR (k1 , . . . , kn ) = 2
lim (ki2 − m2R )G(k1 , . . . , kn )
2
(2.163)
i=1 ki →mR
n
Y
S̃ NR (k1 , . . . , kn ) = 2
lim (ki2 − m2R )G̃(k1 , . . . , kn )
2
(2.164)
i=1 ki →mR
n
Y −n Y
n
Z
lim 2 (ki2 − m2R )G̃ = lim (ki2 − m2R )G
2
i=1 ki →mR Z̃ i=1 ki2 →m2R
n
Y
n
= σ 2 lim (ki2 − m2R )G
2 2
(2.165)
i=1 ki →mR
n
NR NR
S̃ = σ2S (2.166)
ou ainda
1 NR 1
n S̃ (k1 , . . . , kn ) = n S NR (k1 , . . . , kn ) (2.167)
Z̃ 2 Z2
2.1. Teoria clássica 81
S̃ R = S R . (2.168)
Concluı́mos assim que dois funcionais geradores que defiram pelo acoplamento
à fonte exterior produzem os mesmos elementos de matriz da matriz S renor-
malizada. Isto completa a demonstração do teorema da equivalência.
onde
!
δF a (x)
∆F [A] = det MF = det −g b (2.171)
δα (y)
Nesta forma as regras de Feynman são complicadas porque o det MF conduz a
interacções não locais entre os campos de gauge. Se de alguma forma pudéssemos
exponenciar detMF e metê-lo numa acção efectiva terı́amos o nosso problema re-
solvido.
Ora no nosso estudo dos integrais gaussianos sobre variáveis de Grassman ob-
tivemos o resultado
Z R
− d4 xωMF ω
D(ω, ω)e = det MF (2.172)
Z R
d4 x[Lef f +Jµa Aµa ]
ZF [Jµa ] = N D(Aµ , ω, ω)ei (2.173)
onde ω e ω são campos escalares anticomutativos e o Lef f é definido por
1 a µνa
L = − Fµν F
4
1
LGF = − (F a )2
2ξ
LG = −ω a Mab
Fω
b
(2.175)
Os campos ω e ω são campos auxiliares não fı́sicos e chamam-se fantasmas de
Fadeev-Popov. Como não são fı́sicos não há problema com o teorema que relaciona
o spin com a estatı́stica4 .
Calculemos agora duma forma mais explı́cita o Lagrangeano do fantasmas. Como
δF a (x) δF a [A(x)] cb
Mab
F (x, y) = −g = Dµ (2.176)
δαb (y) δAcµ (y)
obtemos
Z Z Z a
4 4 a a δF (x)
d xd yω (x)Mab b
F (x, y)ω (y) = 4
d x 4
dyω Dµcb ωb (y) (2.177)
δAcµ (y)
ou seja
Z
δF a (x) bc
LG = − d4 y ω a (x) D ωc (y) (2.178)
δAbµ (y) µ
Para termos uma forma mais explı́cita temos que especificar a gauge. Na gauge
de Lorentz F a = ∂µ Aµa e portanto
Z h i
LG (x) = − d4 yωa (x)∂xµ δ 4 (x − y) Dµab ω b (y)
1 a µνa a
L = − Fµν F ; Fµν = ∂µ Aaν − ∂ν Aaν + gC bcaAbµ Acν
4
1
LGF = − (Fa )2
2ξ
Z a
a 4 δF
LG = −ω d y b Dµbc ωc (2.182)
δAµ
As constantes C abc são definidas pela comutação dos geradores do grupo, sendo as
nossas convenções
[ta , tb ] = iC abc tc
1
T r(ta tb ) = δ ab (2.183)
2
Para fixar ideias vamos considerar a gauge de Lorentz definida por
1 1
Lcin = − (∂µ Aaµ Aaν − ∂ν Aaµ )2 − (∂µ Aµa )2 + ∂µ ω a ∂ µ ω a
4 2ξ
" ! #
1 µa 1
= A ⊔ ⊓gµν − 1 − ∂µ ∂ν δ ab Aνb − ω a ⊓
⊔ δ ab ω b (2.190)
2 ξ
onde se desprezaram divergências totais. O Lagrangeano de interacção é
1
Lint = −gC abc ∂µ Aaν Aµb Aνc − g 2C abc C ade Abµ Acν Aµd Aνe + gC abc ∂ µ ω a Abµ ω c . (2.191)
4
Com as convenções usuais (ver capı́tulo 1) obtemos as seguintes regras de Feynman
• Propagadores:
i) Campos de gauge
" #
µ ν g µν kµ kν
−iδab 2
− (1 − ξ) 2 (2.192)
k + iǫ (k + iǫ)2
a k b
ii) Fantasmas
i
δab (2.193)
a k b k2 + iǫ
2.1. Teoria clássica 85
• Vértices:
i) Vértice triplo dos bosões de gauge
ρ,c
p −gC abc [ g µν (p1 − p2 )ρ + g νρ (p2 − p3 )µ
3
+g ρµ (p3 − p1 )ν ]
p
2
p p1 + p2 + p3 = 0
1
µ,a ν,b (2.194)
h
σ,d ρ,c −ig 2 Ceab Cecd(gµρ gν∂ − gµσ gνρ )
µ,a ν,b p1 + p2 + p3 + p4 = 0
(2.195)
ρ,c
p
3 g C abc pµ1
(2.196)
p1 +p2 + p3 = 0
p
2
p
1
µ,a ν,b
Notas:
2. As outras regras são as usuais não esquecendo o sinal − por cada loop de
fantasmas.
φi ; i = 1, ...M (2.197)
e partı́culas spinoriais
ψj ; j = 1, ...N (2.198)
+iψ∂ µ γµ ψ − mψψ
onde Tija são os geradores nas representações adequadas para os campos φ e ψ. Assim
obtemos
→ ←
Lint = igφ∗i (∂ − ∂ )µ φj Tija Aµa + g 2 φ∗i Tija Tjk
b
φk Aaµ Aµb
µ,a
p
3
ig(γ µ )βα Tija (2.202)
p
2
p
1
β,i α,j
µ,a
p
3
µ,a ν,b
i p p j
1 2
• Factores do Grupo
Os factores C abc e Tija que aparecem nos vértices não precisam de facto de ser
conhecidos. Nos cálculos aparecem, como veremos, combinações daqueles factores
que podem ser expressas em termos de quantidades invariantes que caracterizam
o grupo e a representação. Por conveniência resumimos aqui os resultados mais
usados.
Os nossos geradores são hermitı́cos (T a+ = +T c ) satisfazendo as relações
[T a , T b ] = iC abc T c
88 Capı́tulo 2. Teorias de gauge não abelianas
X
Tika Tkj
a
= δij C2 (R) (2.206)
a,k
1 N2 − 1
T (N) = ; C2 (N) = (2.210)
2 N
T (G) = C2 (G) = N (2.211)
• Factores de Simetria
Vamos aqui deduzir as identidades de Ward6 para as teorias de gauge não abelianas.
O método mais conveniente é o chamado método das transformações de Becchi,
Rouet e Stora (BRS) que já introduzimos no primeiro capı́tulo para o caso de QED.
As transformações de BRS são uma generalização das transformações de gauge que
tornam invariante a acção efectiva.
Como vimos para uma teoria de gauge não abeliana a acção efectiva é dada por
(A = campos de gauge ; φ = campos de matéria)
Z Z
1
Sef f [A, φ] = S[A, φ] − d4 xFa2 [A, φ] − d4 xω a Mab ω b (2.212)
2ξ
onde S[A, φ] é a acção clássica, invariante para transformações de gauge
1
δAaµ = − Dµab αb
g
δφi = −i(T a )ij φj αa , (2.213)
δFa cb b δFa
Mab ω b = D ω + ig(T b )ij φj ω b . (2.214)
δAcµ µ δφi
Sef f não é invariante para as transformações de gauge devido à não invariância
do termo que fixa a gauge e do Lagrangeano dos fantasmas. Esta não invariância
pode desaparecer se escolhermos transformações apropriadas para os fantasmas para
R
compensar a não invariância do termo d4 xFa2 . Estas transformações são
δBRS Aaµ = Dµab ω b θ
δBRS φi = ig(T b)ij φj ω b θ
(2.215)
1
δBRS ω a = F [A, φ]θ
ξ a
1
δBRS ω a = 2
gC abc ω b ω c θ
onde θ é um parâmetro anticomutativo independente do ponto do espaço-tempo
(variável de Grassman). Vemos que as transformações BRS para os campos Aaµ e
φi são transformações de gauge com parâmetro αa (x) = −gω a (x)θ. Notar que o
6
Designamos pelo nome genérico de identidades de Ward as identidades que foram descobertas
por Ward, Takahashi, Slavnov e Taylor.
90 Capı́tulo 2. Teorias de gauge não abelianas
Teorema 2.3
O operador s é nilpotente nos campos Aaµ , φi e ω a , isto é s2 Aaµ = s2 φi = s2 ω a =
0.
Dem.
Demonstremos para cada um dos casos. Obtemos
a) s2 Aaµ = 0
δDµab c b
s2 Aaµ = s(Dµab ω b ) = − sAν ω + Dµab sω b
δAcν
1
= −δµν (−gC abc )Dνcd ω d ω b + gC bcd Dµab (ω c ω d )
2
abc c b 1 acd c d 1 acd c d
= gC ∂µ ω ω + gC ∂µ ω ω + gC ω ∂µ ω
2 2
abc cde e d b 1 bcd abe e c d
+ gC (−g)C Aµ ω ω + g(−g)C C Aµ ω ω
2
= (gC abc ∂µ ω c ω b − gC abc ∂µ ω c ω b)
2.3. Identidades de Ward 91
1
− g 2(C abc C cde − C adc C cbe + C cdb C ace )Aeµ ω d ω b
2
= 0 (2.218)
b) s2 φi = 0
s2 φi = s [ig(T a )ij φj ω a ]
c) s2 ω a = 0
1 abc b c
s2 ω a = s gC ω ω
2
1 1
= − gC abc sω b ω c + gC abc ω b sω c
2 2
= −gC abc sω b ω c
1
= − g 2 C abc C bef ω e ω t ω c
2
1 2 abc bef
= − g (C C + C abe C bf c + C abf C bce )ω e ω t ω c
6
= 0 (2.220)
Fica assim demonstrado o teorema 2.3. Para gauges lineares pode-se demonstrar
um resultado importante a que daremos a forma de teorema.
92 Capı́tulo 2. Teorias de gauge não abelianas
Teorema 2.4
Para gauges lineares o operador de Slavnov verifica a relação
s(Mab ω b ) = 0 (2.221)
Dem:
Vimos anteriormente que
Z " #
b 4 δFa (x) cb b δFa (x)
Mab ω (x) = dy c
Dµ ω(y) + ig(T b)ij φi ω b(y) (2.222)
δAµ (y) δφi (y)
Z " #
b δFa (x) c
4 δFa (x)
Mab ω (x) = d y µ sAµ (y) + sφi (y) (2.223)
δAµ (y) δφi (y)
δFa δFa
Se a gauge for linear δAcµ
e δφi
não dependem dos campos e portanto
Z " #
h i δFa (x) 2 c δFa (x) 2
b 4
s Mab ω (x) = d y s Aµ (y) + s φi (y) = 0 (2.224)
δAµ (y) δφi (y)
Usando os teoremas 2.3 e 2.4 podemos agora mostrar que a acção efectiva é
invariante para transformações de BRS. Vamos apresentar este resultado também
sobre a forma de teorema.
Teorema 2.5
A acção Sef f é invariante para as transformações de BRS.
Dem.
A acção efectiva é
Z " #
1
Sef f [A, φ] = S[A, φ] + 4
d x − Fa2 [A, φ] − ω a Mab ω b (2.225)
2ξ
!
1 1
s − Fa2 − ω a Mab ω b = − Fa sFa + sω a Mab ω b − ω a s(Mab ω b ) (2.227)
2ξ ξ
Mas
Z " #
4 δFa b δFa
sFa (x) = dy b
sAµ (y) + sφi (y) = Mab ω b (x) (2.228)
δAµ (y) δφi (y)
e pelo teorema 2.4
s(Mab ω b ) = 0 (2.229)
logo
! !
1 1
s − Fa2 − ω a Mab ω b = − Fa + sω a Mab ω b = 0 (2.230)
2ξ ξ
onde se usou sω a = 1ξ Fa . Pondo tudo junto obtemos portanto
Teorema 2.6
A medida D(Aµ , φi , ω a , ω b ) é invariante para transformações BRS.
Dem:
Cálculos simples conduzem às seguintes relações:
δ(sAaµ )
= −gC aba δµµ ω b = 0
δAaµ
δ(sφi )
= ig(T a )ii ω a = 0 ; (T r(T a) = 0)
δφi
δ(sω a )
a
= gC aac ω c = 0
δω
δ(sω a )
=0 (2.232)
δω a
Como vimos no capı́tulo 1 estas relações implicam que a medida é invariante,
o que demonstra o teorema.
94 Capı́tulo 2. Teorias de gauge não abelianas
Z R
d4 x[Lef f +Jµa Aµa +Ji φi +ηa ω a +ω a ηa
Z[Jµa , Ji , η a , ηa ] = D(Aµ , φi , ω, ω)ei ] (2.233)
Teorema 2.7
Dada uma função de Green qualquer
temos as relações
Z
= D(Aµ , φi , ω, ω)Aaµ (x1 ) · · · φi1 (y1 ) · · · ω a (z1 ) · · · ω b (w1 )eiSef f(2.236)
Este teorema constitui uma forma expedita de estabelecer relações entre as funções
de Green para casos particulares e é muito útil em cálculos práticos, como veremos
no seguimento. Contudo para estabelecer resultados gerais sobre a renormalização e
invariância de gauge da matriz S interessa-nos as identidades de Ward expressas em
termos dos funcionais geradores. Usando a invariância dum integral numa mudança
de variáveis, a invariância da medida D e de Sef f obtemos a identidade de Ward
para o funcional gerador Z
Z Z
0= D(Aµ , φi , ω, ω) d4 x(J µa sAaµ + Ji sφi + η a sω a − sω a η a )ei(Sef f +fontes) (2.237)
Como vimos em QED as identidades de Ward mais úteis são para o funcional Γ.
A expressão anterior não permite passar para o funcional Γ porque sAaµ , sφi e sω a
são não lineares nos campos. Para resolver este problema introduzimos fontes para
estes operadores não lineares. Generalizamos assim a acção efectiva definindo uma
nova quantidade Σ tal que
Σ [Acµ , φi , ω a , ω a, Kµa , Ki , La ]
Z
≡ Sef f [Aaµ , φi , ω a , ω a ] + d4 x(K aµ sAaµ + K i sφi + La sω a ) (2.238)
Σ=0. (2.239)
Consideremos agora que o funcional gerador das funções de Green na presença
das fontes Jµa , Ji , η a , ηa , K µa , K i e La , isto é
Z R
Z[Jµa , Ji , η, η, Kµ , Ki , L] = D(Aµ , φi , ω, ω)ei[Σ+ d4 x(Jµa Aµa +Ji φi +ηω+ωη)]
(2.240)
Z Z
0= D(· · ·) d4 x[Jaµ sAaµ + J i sφi + η a sω a − sω a η a ]ei(Σ+fontes) , (2.241)
δΣ δΣ
sAaµ = sφi =
δK µa δKi
δΣ 1
sω a = sω a = F a . (2.242)
δLa ξ
Obtemos então
Z Z " #
4 δΣ δΣ δΣ 1
D(· · ·) d x Jaµ µa
+ Ji i
+ ηa a − F a η a ei(Σ+fontes) = 0 (2.243)
δK δK δL ξ
ou ainda
Z " " # #
4 δ δ δ 1 δ δ a
dx Jaµµa
+ Ji i
+ ηa a
− Fa , η a eiW [Jµ ,Ji ,η,η,Kµ,Ki ,L] = 0
iδK iδK iδL ξ iδJµ iδJi
(2.244)
Para uma condição de gauge, linear todos os operadores diferenciais dentro do
parêntesis recto são de 1a ordem e portanto podemos escrever
Z " #
4 δ δ δ 1
dx Jaµ µa
+ Ji + ηa a − Fa η a W = 0 . (2.245)
δK δKi δL ξ
Esta é a expressão da identidade de Ward para o funcional gerador das funções
de Green conexas. Normalmente as identidades de Ward são mais úteis para o
funcional gerador das funções de Green irredutı́veis que é definido por
Z
Γ[Aµ , φi , ω, ω, Kµ, Ki , L] ≡ W [Jµ , Ji , η, η, Kµ , Ki , L] − d4 x[Jµa + Ji φi + ηω + ωη]
(2.246)
com as relações habituais
φi = δW ω a = δWa
δJi δη (2.247)
Aaµ = δW ω a = − δWa
δJ µa δη
e as relações inversas
2.3. Identidades de Ward 97
Ji = − δΓ δΓa
ηa = δω
δφi
(2.248)
Jµa = − δΓµa η a
= − dsδΓa
δA δω
Como a transformada de Legendre deixa inertes as fontes Kµa , Ki e La devemos ter
δW δΓ δW δΓ δW δΓ
a
= ; = ; = (2.249)
δKµ δKµa δki δki δLa δLa
Obtemos então facilmente
Z " #
δΓ δΓ δΓ δΓ δΓ δΓ 1 δΓ
d4 x a µa
+ − a a
− Fa a =0
δKµ (x) δA (x) δKi (x) δφi (x) δL (x) δω (x) ξ δω (x)
(2.250)
Esta equação é o funcional gerador das identidades de Ward para uma teoria de
gauge não abeliana numa gauge linear. As identidades de Ward para funções de
Green especı́ficas obtém-se por derivação funcional em ordem aos campos apropria-
dos.
Na prática a equação anterior usa-se em ligação com outra identidade funcional,
a equação de movimento (ou de Dyson- Schwinger) para os fantasmas. Esta pode ser
obtida fazendo a seguinte mudança de variáveis no integral funcional (ver capı́tulo 1),
δAaµ = δφi = δω a = 0
(2.251)
δω a = f a = constante infinitesimal
Então
Z !
δΣ
δZ = 0 = D(· · ·) i a + iη a f a ei(Σ+fontes) (2.252)
δω
mas
δΣ
= −Mab ω b (x) = −sFa (x)
δω a (x)
Z " #
4 δFa (x) b δFa (x)
= − dy b
sAµ (y) + sφi (y)
δAµ (y) δφi (y)
Z " #
4 δFa (x) δΣ δFa (x) δΣ
= − dy b bµ
+ (2.253)
δAµ (y) δK (y) δφi (y) δKi (y)
e portanto obtemos
98 Capı́tulo 2. Teorias de gauge não abelianas
Z ( Z " # )
4 δFa (x) δΣ δFa (x) δΣ
0 = D(· · ·) −i dy b b
+ + iη a (x) ei(Σ+fontes)
δAµ (y) δKµ (y) δφi (y) δKi (y)
( Z " # )
4 δFa (x) δ δFa (x) δ
= − dy b b
+ + iη a (x) eiW . (2.254)
δAµ (y) δKµ (y) δφi (y) δKi (y)
Usando agora
δΓ
ηa = − (2.255)
δω a
obtemos finalmente (para gauges lineares)
Z " #
δFa (x) δΓ
4 δFa (x) δΓ δΓ
dy b µb
+ =− a (2.256)
δAµ (y) δK (y) δφi (y) δKi (y) δω (x)
que é o funcional gerador das equações de Dyson-Schwinger para os fantasmas.
Vamos aqui dar um exemplo de aplicação das identidades de Ward mostrando que
a polarização do vácuo é transversal. Como a teoria de gauge pura já é não trivial
vamos somente considerar este caso, as generalizações são imediatas. Para mostrar
os detalhes dos cálculos vamos fazer este exemplo usando dois métodos. O primeiro,
que chamaremos método formal, consiste na aplicação das identidades de Ward para
o funcional Γ que acabámos de mostrar, o segundo é o método prático que resulta
da aplicação dos resultados do teorema 2.7. A comparação dos dois métodos será
importante para a compreensão das expressões.
i) Método formal
Como estamos a considerar uma teoria de gauge pura a expressão para o funcional
gerador das identidades de Ward para o funcional Γ é
Z " #
4δΓ δΓ δΓ δΓ 1 δΓ
dx a
− a a
− F a (x) a =0 (2.257)
δKµ (x) δAµa (x) δL (x) δω (x) ξ δω (x)
δΓ δW δ 1 δZ
= = ln Z =
δKµa (x) δKµa iδKµa Z iδKµa (x)
Z
1
= D(· · ·)sAaµ (x)ei(Σ+fontes) (2.259)
Z
Como sAaµ (x) = Dµab ω b = ∂µ ω a(x) − gC abc ω b (x)Acµ (x), obtemos então
δΓ x 1 δZ abc 1 δ2Z
= ∂µ − gC (2.260)
δKµa (x) Z iδη a (x) Z iδJµc (x)iδη b (x)
iW
b
δΓ a b
= ∂xµ i W − gC
abc
− gC abc (2.262)
a
δKµ (x) µ iW µ
c
c
iW
onde W é o funcional gerador das funções de Green conexas. De igual modo se pode
mostrar
δΓ 1 abc 1 δ2Z
= g C
δLa (x) 2 Z iδη c (x)iδη b (x)
" #
1 δ 2 (iW ) δ(iW ) δ(iW )
= g C abc + (2.263)
2 iδη (x)iδη (x) iδη c (x) iδη b (x)
c b
ou diagramaticamente
iW
b
δΓ 1 b 1
a
= g C abc iW + g C abc (2.264)
δL (x) 2 2
c
c
iW
100 Capı́tulo 2. Teorias de gauge não abelianas
!
δ2 δΓ δΓ δ2Γ δ2Γ
=
δω b (y)δAcν (z) δKµ (x) δAµa (x)
a δω b (y)δKµa(x) =0 δAcν (z)δAµa (x) =0
=0
(2.265)
mas
δ2Γ
=0
δω (y)δKµ (x) =0
b a
Z ! !
δ2Γ δ2Γ
4
= d w −i b
δω (y)δωf (w) iδη f (w)δKµa (x)
=0
Z ! !
δ Γ 2 2
δ (iW )
= ∂xµ 4
d w −i b
δω (y)δωf (w) iδη f (w)iδη a (x)
=0
Z ! !
δ Γ 2 3
δ iW
ab′ c 4
−g C d w −i b ′
δω (y)δωf (w) iδη (w)iδη b (x)iδJµc (x)
f
=0
Z !
2
′ δ Γ
= ∂xµ δ 4 (x − y)δ ab − gC ab c d4 w −i
δω b (y)δω f (w)
!
δ 3 iW
′ (2.266)
iδη f (w)iδηb (x)iδJµc (x)
=0
De modo semelhante
!
δ2 δΓ δΓ
=0 (2.267)
δω b (y)δAcν (z) δLa δω a =0
e
!
δ2 1 δΓ 1 δ2Γ
∂ρ Aρa (x) a = ∂xν δ 4 (x − z) b a
(2.268)
δω b (y)δAcν (z) ξ δω (x) ξ δω (y)δω (x) =0
=0
Z !
δ2Γ δ2Γ
−∂µy b − gC ade d4 xd4 w −i b
δAµ (y)δAcν (z) δω (y)δω f (w)
2.3. Identidades de Ward 101
z y
p
Figura 2.2:
! !
δ 3 iW δ2Γ 1 ν δ2Γ
+ ∂ =0
iδη f (w)iδηd (x)iδJµe (x) δAaµ (x)δAcν (z) ξ z δω b (y)δωc (z)
(2.269)
i
−ipµ (i)G−1cb
νµ (p) − gC
ade
iG−1ca
νµ (p)∆
−1f b µdef
X + (−ipν ) ∆−1cb (p) = 0 (2.270)
ξ
ou ainda
1 −1cb
pµ G−1cb
νµ = − ∆ pν + ig C ade G−1ca
νµ (p) ∆
−1f b µdef
X (2.271)
ξ
onde
h i
X µdef = T F < 0|T ω d(x)ω f (w)Aµe (x)|0 >c
d f
≡ iW (2.272)
µ
e
δΓ δΓ
a
= −∂zµ (2.273)
δω (z) δK µa (z)
δ2Γ
⊓ δ ab δ 4 (y − z)
= −⊔
δω b(y)δω a (z)
Z ! !
adc 4 δ2Γ µ δ 3 iW
+gC d w −i b ∂z
δω (y)δωf (w) iδJµc (z)iδη f (w)iδη d (z)
(2.274)
a 1 a
i p4 δ cb = − p2 ∆−1cb − p2 g C cde pµ X µdef ∆−1f b (2.278)
ξ ξ ξ
1 a
0 = − p2 ∆−1cb + p2 ∆−1cb (2.279)
ξ ξ
o que implica
a=1 (2.280)
como querı́amos mostrar.
1
sω b (x) = ∂µ Aµb (x) (2.281)
ξ
e
1
< 0|T Aaν (x)∂µ Aµb (y)|0 > = < 0|T ∂ν ω a (x)ω b (y)|0 >
ξ
−gC adc < 0|T ω d(x)Acν (x)ω b (y)|0 > (2.284)
Aplicando a transformação de Fourier obtemos
i ρ ab
p Gνρ (p) = −ipν ∆ab (p) − gC adc Xνdcb (2.285)
ξ
onde Xνdcb foi definido anteriormente. Multiplicando por G−1νµ ∆−1 obtemos
1
pµ G−1ac
νµ = − pν ∆−1ac + igC f de χdeb
ν ∆
−1bc −iνµaf
G (2.286)
ξ
que é precisamente a equação 2.271.
A equação 2.275 pode ser obtida facilmente sabendo que o único vértice dos
fantasmas é
µ,c
gC abc pµ (2.287)
a p b
¿
Então
a b a b a d b
iW = + iW (2.288)
µ
c
p
104 Capı́tulo 2. Teorias de gauge não abelianas
ou seja
i ab i
∆ab (p) = 2
δ + 2 gC adc pµ Xµdcb (2.289)
p p
ou ainda
′ ′
i∆−1ab = p2 δ ab − igC adc pµ Xµdcb ∆−1b b (2.290)
que é precisamente a equação 2.275. A demonstração da transversabilidade é agora
igual a i).
Então
Z Z " Z a
1 δ∆F(x)
ZF +∆F − ZF = D(· · ·) 4
d x i − F a ∆F a − ω a d4 y sω b(y)
ξ δAbµ (y)
Z #
a δ∆F a(x)
4
−ω dy sφi (y) ei(Sef f +fontes) (2.292)
δφi (y)
Z Z
a µa +J
0= D(· · ·) d4 x[J µa sAaµ + J i sφi + ηsω − sωη] e{i(Sef f +Jµ A i φi +ωη+ηω)}
(2.293)
Z " Z #
1 R
d4 x(Jµa Aµi +Ji φi )]
0= D(· · ·) F a (x) + iω a (x) 4
d y[J µb
sAbµ + J sφi ] ei[Sef f +
i
ξ
(2.294)
ou ainda
Z
δ
− 1ξ F a iδJ D(· · ·)ei(Sef f +fontes) =
Z Z (2.295)
a 4 µb
= D(· · ·)iω (x) d y[J sAbµ i(Sef f +fontes)
+ Ji sφi ]e
Então
Z
D(· · ·) − 1ξ F a ∆F a ei(Sef f +fontes) =
Z
= ∆F a δ − 1ξ F a iδJ
δ D(· · ·)ei(Sef f +fontes)
iδJ
Z Z
= ∆F a δ D(· · ·)iω (x) a
d4 y[J µb sAbµ + J i sφi ]ei(Sef f +fontes)
iδJ (2.296)
Z ( Z " #
a 4 δ∆F a (x) b δ∆F a (x)
= D(· · ·) ω (x) dy sAµ (y) + sφi (y)
δAbµ (y) δφi (y)
Z
+iω a (x)∆F a (x) d4 y[J µb sAbµ + J i sφi ] ei(Sef f +fontes)
Portanto
Z Z " #!
1 δ∆F a (x) b δ∆F a
D(· · ·) − F a ∆F a −ω a (x) d4 y sAµ (η)+ sφi (y) ei(Sef f +fontes)
ξ δAbµ (y) δφi (y)
Z Z h i
= D(· · ·)iω a (x)∆F a (x) d4 y J µb sAbµ + J i sφi ei(Sef f +fontes)
(2.297)
Podemos então escrever
ZF +∆F −ZF
Z Z h Z i
= D(· · ·)i d4 x iω a (x)∆F a (x) d4 y(J µb sAbµ + Ji sφi ) ei(Sef f +fontes)
Z
Z i{Sef f + d4 y[Jµa (y)Aµa (y) + Ji Φi (y)]}
= D(· · ·)e
(2.298)
onde
106 Capı́tulo 2. Teorias de gauge não abelianas
Z
Φi (y) ≡ φi (y) + i d4 x[ω a (x)∆F a (x)sφi (y)] (2.299)
e
Z
Aaµ (y) ≡ Aaµ (y) +i d4 x[ω b (x)∆F b (x)sAaµ (y)] (2.300)
A diferença entre os funcionais geradores ZF +∆F e ZF é apenas na forma fun-
cional dos termos das fontes. Podemos portanto usar o teorema da equivalência para
mostrar que as matrizes S renormalizadas são iguais nos dois casos
S = 1 + iT (2.302)
Então a unitariedade, SS † = 1 implica
2Im T = T T † (2.303)
Se inserirmos esta relação entre o mesmo estado inicial e final obtemos
Para mostrar que a unitariedade é respeitada num dado processo é necessário saber
calcular a parte imaginária de diagramas. Claro que há sempre a possibilidade de
fazer as contas explı́citas até ao fim e ver qual foi a parte imaginária que ficou, mas
este processo não é muito conveniente para diagramas complicados.
Assim existem regras, chamadas regras de Cutkosky que nos dão simplesmente
a parte imaginária duma amplitude qualquer. Estas regras são:
Regra 1:
A parte imaginária duma amplitude obtém-se através da expressão
X
2Im T = − T (2.307)
cortes
Regra 2:
O corte obtém-se escrevendo a amplitude iT = · · · e substituindo nesta ex-
pressão os propagadores das linhas cortadas pelas seguintes expressões:
i) Campos Escalares
/ + m)2πθ(po )δ(p2 − m2 )
S(p) ⇒ (p (2.309)
A amplitude é
i
iT = (2.311)
p2 − m2 + iε
A parte imaginária obtém-se explicitamente usando
1 1
=P − iπδ(x) (2.312)
x + iε x
logo
!
1
T =P − iπδ(p2 − m2 ) (2.313)
p2 − m2
e portanto
Z
2 d4 p i i
iT = (iλ) (2.317)
(2π) p − m2 + iε
4 2 (p − k)2 − m2 + iε
Calculemos a parte imaginária de T por dois métodos, primeiro explicitamente e
depois usando a regra de Cutkosky.
i) Cálculo explı́cito
7
Para um tratamento mais completo ver G. ’t Hooft, ”Diagrammar”, CERN Report 1972.
2.4. Unitariedade e identidades de Ward 109
k k
p-k
Figura 2.3:
Z
2 d4 p 1
iT = λ
(2π) (p − m + iε)[(p − k)2 − m2 + iε]
4 2 2
Z Z
2 d4 p 1 1
= λ dx
(2π)4 0 (p2 + 2p · P − M 2 + iε)2
Z Z
d4 p 1 1
= λ2 dx (2.318)
(2π)4 0 [(p + p)2 − ∆]2
onde
P = −x · k
(2.319)
∆ = p2 + M 2 = m2 − k 2 x(1 − x) − iε
Então
Z Z
2 d4 p 1 1
iT = λ dx (2.320)
(2π)4 0 (p2 − ∆)2
O integral é divergente. Fazendo regularização dimensional obtemos finalmente
!Z
λ ε d 1
dx∆−(2− 2 )
d
T = 2
µ Γ 2− (2.321)
16π 2 0
TR = T − T (k 2 = m2 )
Z 1 !− ε !− ε
λ2 ε
∆(k 2
) 2
∆(k 2
= m2
) 2
= Γ dx −
16π 2 2 0 µ2 µ2
Z 1 " #
λ2 2 ε m2 − k 2 x(1 − x) − iε
= − C + O(ε) dx 1 − 1 − ln 2
16π 2 ε 0 2 m − m2 x(1 − x) − iε
110 Capı́tulo 2. Teorias de gauge não abelianas
Z " #
λ2 1 1 − βx(1 − x) − iε
= − dx ln
16π 2 0 1 − x(1 − x) − iε
λ2
= − [L(β) − L(1)] (2.322)
16π 2
k2
onde β = m2
e a função L(β) é definida por
Z 1
L(β) ≡ dx ln [1 − β(1 − x)x − iε] (2.323)
0
e satisfaz
s
4
ImL(β) = −π 1 − θ(β − 4) (2.324)
β
Então
λ2
ImT = − [ImL(β) − ImL(1)] (2.325)
16π 2
e obtemos finalmente
s !
λ2 4m2 4m2
ImT = 1 − θ 1 − (2.326)
16π 2 k2 k2
A função θ assegura que só há parte imaginária quando o estado intermédio
puder ser final (produção de 2 partı́culas de massa m).
Z
2 d4 p
2ImT = −(iλ) (2π)2 θ(p0 )θ(k 0 − p0 )δ(p2 − m2 )δ((p2 − k 2 ) − m2 )
(2π)4
Z
2 d4 p 4 ′
= λ 4
d p (2π)2 θ(p0 )θ(k 0 − p0 )δ(p2 − m2 )δ(p′2 − m2 )δ 4 (p′ − k + p)
(2π)
(2.327)
Usando agora
Z Z
1
d4 pθ(p0 )δ(p2 − m2 ) = d3 p (2.328)
2p0
obtemos
Z
d3 p 3 ′ 1 1
2ImT = λ2 d p 0 ′0 2πδ 4 (p′ − k + p) (2.329)
(2π)3 2p 2p
2.4. Unitariedade e identidades de Ward 111
ou ainda
Z
2 d3 p 1 1
2ImT = λ 2πδ(k 0 − p0 − p′0 ) (2.330)
(2π)3 2p0 2p′0
No referencial do centro de massa
√ q q
k = ( s, ~0) ; p = ( |~p|2 + m2 , p~) ; p′ = ( |~p′ |2 + m2 , −~p) (2.331)
e portanto
Z √ q
d3 p 1
2ImT = λ2 2πδ( s − 2 |~p|2 + m2 )
(2π)3 4(|~p|2 + m2 )
q !
Z s 2
λ2 |~p|2 δ(|~p| − 4 − m ) 4m2
= d|~p| 2 θ 1 −
4π |~p| + m2 √ 2|~p| s
p|2 +m2
|~
s !
λ2 4m2 4m2
= 1− θ 1− (2.332)
8π s s
Z " #
2 d4 p i i
iT = g T r (2.335)
(2π)4 /p − m + iε /p − k/ − m + iε
logo
112 Capı́tulo 2. Teorias de gauge não abelianas
k k
p-k
Figura 2.4:
X
2ImT = − T
cuts
Z
d4 p
= −g 2 T r[(p / − k/ + m)](2π)θ(p0 )δ(p2 − m2 )·
/ + m)(p
(2π)4
2
p
X k
σ=
(2.337)
f p’
ou seja
X X
σ= |igu(p)v(p′ )|2 = −g 2 T r[(p /′ + m)]
/ + m)(−p (2.338)
f f
P P
onde se usou spins /′ + m) e
v(p′ )v(p) = −(−p spins u(p)u(p′ ) = /p + m. Logo
Z
σ = −g 2 dρ2 Tr[(p /′ + m)]
/ + m)(−p (2.339)
onde dρ2 é o espaço de fase de duas partı́culas, isto é
Z Z
d 3 p d 3 p′ 1 1
dρ2 ≡ (2π)4 δ 4 (k − p − p′ )
(2π)3 (2π)3 2p0 2p′0
Z
d 4 p d 4 p′
= (2π)θ(p0 )δ(p2 − m2 )(2π)θ(p′0 )δ(p′2 − m2 )(2π)4 δ 4 (k − p − p′ )
(2π)4 (2π)4
(2.340)
2.4. Unitariedade e identidades de Ward 113
Z
d4 p
σ = −g 2 (2π)θ(p0 )δ(p2 −m2 )(2π)θ(k 0 −p0 )δ((1−k)2 −m2 )Tr[(p /−k/+m)]
/+m)(p
(2π)4
(2.341)
e obtemos portanto finalmente
2ImT = σ (2.342)
como querı́amos mostrar.
ii) Caso geral
Consideremos o caso geral com 2 linhas internas de fermiões. A amplitude iT é
representada pelo seguinte diagrama
k1 k1
k2
k2 p
≡ iT
kn -p’
n
X kn
p′ = ki − p (2.343)
i=1
A amplitude iT escreve-se
Z h i
d4 p ′ S(p)T ′ S(−p′ )
iT = − Tr T (2.344)
(2π)4
onde a amplitude iT ′ é, por sua vez, definida pelo diagrama seguinte
k1
k2 p
≡ u(p)iT ′ v(p′ ) (2.345)
kn p’
Então
114 Capı́tulo 2. Teorias de gauge não abelianas
Z
d4 p
2ImT = − (2π)2 δ(p2 − m2 )θ(p0 )δ(p′2 − m2 )θ(p′0 )·
(2π)4
h i
/ + m)T ′ (−p
Tr T ′ (p /′ + m)
Z h i
= − / + m)T ′ (−p
dρ2 Tr T ′ (p /′ + m) (2.346)
X k2 p
σ =
f
kn p’
X
= |u(p)T ′v(p′ )|2
f
Z h i
= − / + m)T ′ (−p
dρ2 Tr (p / + m)T ′ (2.347)
e portanto
σ = 2ImT (2.348)
p f
k1 f p p f 2 f p
1 1 1 1
iT = +
p f f p p f f p
2 2 2 2
k2
k1
p f
ab
1
µ,a
iTµν =
ν ,b
p f
2
k2
p f
k1
1 a
iT ab = (2.349)
p f
b
2 k2
onde
k 2 = p1 + p2 − k 1 (2.350)
Z
d 4 k1 1 ab aa′ ′ ∗a′ b′ µ′ ν ′ ′ ′ ′ ′
iT = Tµν Gµµ′ (k1 )Gbb
νν ′ (k2 )T − T ab ∆aa (k1 )∆bb (k2 )T ∗a b
(2π)4 2
(2.351)
Z
d 4 k1 1 ab ∗abµν
2ImT = 4
(2π)2 θ(k10 )θ(k20 )δ(k12 )δ(k22 ) Tµν T − T ab T ∗ab
(2π) 2
Z
1 ab ∗abµν
≡ dρ2 T T − T ab T ∗ab (2.352)
2 µν
2
k1
p
X 1
f
µ,a
σ =
p ν ,b
2 f
k2
Z X
1 ab 2
= dρ2 εµ (k1 )εν (k2 )Tµν (2.353)
2 P ol
onde o factor 1/2 se deve agora a haver partı́culas idênticas no estado final. Pondo
X ′ ′
εµ (k1 )εµ ∗ (k1 ) = P µµ (k1 ) (2.354)
P ol
obtemos
Z
1 ab ∗ab µµ′ ′
σ= dρ2 Tµν Tµ′ ν ′ P (k1 )P νν (k2 ) . (2.355)
2
1 ab ∗ab µµ′ ′
Tµν Tµ′ ν ′ P (k1 )P νν (k2 ) =
2
1 ab ∗abµν 1 ab 1
= Tµν T − (T · k2 ) · (T ∗ab · η)
2 2 k2 · η
1 1 1 1
− (T ab · η) · (T ∗ab · k2 ) − (k1 · T ab ) · (η · T ∗ab )
2 k2 · η 2 k1 · η
1 1 1
− (η · T ab ) · (k1 · T ∗ab ) + (k1 · T ab · η)(η · T ∗ab · k2 )+
2 k1 · η 2
1 1
+ (k1 · T ab · k2 )(η · T ∗ab · η) + (η · T ab · η)(k1 T ∗ab · k2 )
2 2
1 1
+ (η · T ab · k2 )(k1 · T ∗ab · η) (2.357)
2 (k1 · η)(k2 · η)
Fazendo uso das identidades de Ward (ver problema 2.11),
k1µ Tµν
ab
= k2ν T ab
=⇒ k1 · T ab · k2 = 0 (2.358)
k2µ Tµν
ab
= k1ν T ab
2.4. Unitariedade e identidades de Ward 117
obtemos
1 ab ∗ab ′ ′
T T ′ ′ P µµ (k1 )P νν (k2 ) =
2 µν µ ν
1 ab ∗abµν 1 ab 1
= Tµν T − T (k1 · T ∗ab · η)
2 2 k2 · η
1 1 1 1
− T ∗ab (k1 · T ab · η) − T ab (η · T ∗ab · k2 )
2 k2 · η 2 k1 · η
1 1 1 1
− (η · T ab · k2 )T ∗ab + T ab T ∗ab + T ab T ∗ab
2 k1 · η 2 2
1 ab ∗abµν
= T T − T ab T ∗ab (2.359)
2 µν
e portanto
Z
1 ab ∗abµν
σ= dρ2 T T − T ab T ∗ab (2.360)
2 µν
o que comparando com 2.352 dá
σ = 2ImT (2.361)
como querı́amos mostrar.
118 Capı́tulo 2. Teorias de gauge não abelianas
Problemas Capı́tulo 2
2.1 Mostre que T (R) está relacionado com o operador de Casimir da representação
R C2 (R) através de
X
Tika Tkj
a
= δij ...C2 (R) . (2.363)
a,k
2.2 Mostrar que numa escolha diferente de condições auxiliares χiα = 0 conduz ao
mesmo resultado.
Sugestão: considere uma variação infinitesimal
πα δ(ϕα )δ(χa ) det({ϕ, χ}) → πα δ(ϕα δ(χα + δχα ) det({ϕ, χ + δχ}) . (2.365)
2.4 Mostre que é sempre possı́vel encontrar uma gauge onde A3a = 0 a = 1, ...r .
2
X
2Im = (2.367)
f
k1 k1 k
1 2
k2
k2 p p
X k 2
2Im = (2.368)
-p’ f
p’
kn kn
kn
2.9 Mostre que o integral que resulta de cortar n linhas internas é igual ao integral do
espaço de fase de n partı́culas. Use este resultado para fazer uma demonstração
geral da unitariedade.
120 Capı́tulo 2. Teorias de gauge não abelianas
kµην + kν ηµ
P µν (k) = −g µν + (2.369)
k·η
onde k µ , εν (k, 1), ερ(k, 2) e η σ são quatro 4-vectores independentes e satis-
fazendo
η · ε(k, σ) = 0 σ = 1, 2
ε(k, 1) · ε(k, 2) = 0
k · ε(k, σ) = 0 σ = 1, 2
k2 = 0
η2 = 0 (escolha conveniente)
ε2 (k, σ) = −1 σ = 1, 2 (2.370)
P µν = ag µν + bk µ k ν + cη µ η ν + d(k µ η ν + k ν η µ ) . (2.371)
k1µ Tµν
ab
= k2ν T ab
=⇒ k1 · T ab · k2 = 0 (2.372)
k2µ Tµν
ab
= k1ν T ab
ab
onde Tµν e T ab são definidas em 2.349.
a
2.12 Mostre que o tensor Fµν dos campos de Yang-Mills satisfaz as identidades de
Bianchi:
Dµab Fρσ
b
+ Dρab Fσµ
b
+ Dσab Fµρ
b
=0 (2.373)
ou
Dµab ∗F µν b = 0 (2.374)
onde
∗ 1 µνρσ a
F µν a
= ε Fρσ (2.375)
2
Problemas 121
2.15 Mostre que Tr (∗Fµν F µν ) é uma 4-divergência. Comente sobre a sua inclusão
na acção.
2.16 Mostre que o seguinte Ansatze (S. Coleman, Phys. Lett70B (77), 59)
A1a = A2a = 0
A0a = −A3a = x1 f a (x0 + x3 ) + x2 g a (x0 + x3 ) (2.377)
G(r) F (r)
A0a = xa Aia = εaij xj (2.378)
r2 r2
λ
F = ∂µ Aµ + Aµ Aµ . (2.379)
2
e e
e) Deduza as identidades de Ward desta teoria para os funcionais Z e Γ. Es-
creva o funcional gerador das equações de Dyson-Schwinger para os fantasmas,
isto é,
δΓ
= ··· (2.380)
δω
2.19 Considere a teoria que descreve as interacções dos quarks com os gluões (Cro-
modinâmica Quântica) descrita pelo Lagrangeano
n
1 a µνa X α
LQCD = − Fµν F + / − mα )ij ψjα
ψ i (iD (2.381)
4 α=1
Problemas 123
onde
a
Fµν = ∂µ Aaν − ∂ν Aaµ + gf abc Abµ Acν
!
λa
(Dµ )ij = δij ∂µ − ig Aaµ . (2.382)
2 ij
1
LGF = − (∂µ Aµa )2 , (2.383)
2ξ
para a qual resulta o Lagrangeano dos fantasmas
b) Considere a amplitude
k1
p f
ab
1
µ,a
iTµν ≡ (2.386)
ν ,b
p f
2
k2
ab
Calcule ao nı́vel árvore Tµν . Verifique que k1µ Tµν
ab
6= 0.
c) Verifique as contas da alı́nea anterior calculando k1µ Tµν
ab
através das identi-
dades de Ward.
d) Supondo que os gluões possam ser estados finais, a amplitude para o pro-
cesso fı́sico q + q → g + g onde g é o gluão, é dada pela expressão
M = εµ (k1 )sa Tµν
ab ν
ε (k2 )sb , (2.387)
124 Capı́tulo 2. Teorias de gauge não abelianas
Grupo de Renormalização
Renormalização on - shell
Isto corresponde a uma série de Taylor para os momentos exteriores on - shell. Para
a self-energy isto dá
125
126 Capı́tulo 3. Grupo de Renormalização
e 2)
Σ(p2 ) = Σ(m2 ) + (p2 − m2 )Σ′ (m2 ) + Σ(p (3.1)
com as condições
e 2
Σ(m ) =
0
∂ e 2 )
Σ(p (3.2)
2 =0
∂p p2 =m2
(2)
Em termos de ΓR (p2 ) dado por
e 2)
Γ2R (p) = p2 − m2 − Σ(p (3.3)
temos
(2)
ΓR (m2 ) = 0
(2) (3.4)
∂ΓR
=1
∂p2
p2 =m2
(4)
Para ΓR uma escolha conveniente é
p2i = m2
(4)
ΓR (p1 , p2 , p3 ) = −λ para 2 (3.5)
s = t = u = 4m
3
2
Neste caso os parâmetros m e λ são a massa fı́sica e, a menos de factores cinemáticos,
a secção eficaz para s = t = u = 34 m2 respectivamente.
Renormalização intermédia
Este esquema corresponde a uma expansão de Taylor em torno de momentos nulos.
e 2)
Σ(p2 ) = Σ(0) + Σ′ (0)p2 + Σ(p (3.6)
e 2 ) obdece às condições
A parte finita Σ(p
e
Σ(0) = 0
(3.7)
e
∂Σ
=0
∂p2 p2 =0
(2)
que traduzidas em termos de ΓR se escrevem
(2)
ΓR (0) = m2
∂ΓR
(2) (3.8)
=1
∂p2
3.1. Equação de Callan -Symanzik 127
(4)
Para ΓR a condição é
(4)
ΓR (p1 , p2 , p3 ) = −λ para p1 = p2 = p3 = 0 (3.9)
Neste esquema m2 não é a massa fı́sica e λ não é nenhuma quantidade mensurável
pois os pontos pi = 0 não pertencem à região fı́sica. Podemos no entanto exprimir
todas as quantidades mensuráveis em termos destes dois parâmetros, como veremos
na secç ão 3.3.
Caso geral
Os dois exemplos anteriores são casos particulares do esquema geral onde as condi-
ções de normalização podem ser funções de vários momentos de referência ξ1 , ξ2 ...
tais que
(2)
ΓR (ξ12) = m2
(2)
∂ΓR
=1 (3.10)
∂p2
p2 =ξ22
(4)
ΓR (ξ3 , ξ4, ξ5 ) = −λ
Zφ (R′ )
Zφ (R′ , R) = (3.14)
Zφ (R)
Estas relações indicam que os campos renormalizados em diferentes esquemas
estão relacionados por uma constante multiplicativa. Esta constante é finita pois
tanto φR′ como φR são finitos. De modo semelhante
128 Capı́tulo 3. Grupo de Renormalização
onde
Zλ (R′ )
Zλ (R′ , R) =
Zλ (R)
são quantidades finitas. A operação que leva as quantidades num esquema de renor-
malização R para outro esquema R′ pode ser vista como uma transformação de R
em R′ . O conjunto de todas estas transformaçoes forma o Grupo de Renormalização.
∂ h −n/2 (n) i
(n)
2
Z φ Γ R (p i , λ, m) = −iZφ2 Z −n/2 Γφ2 R (0, pi , λ, m) (3.20)
∂m0
e portanto
" #
∂ n ∂ ln Zφ (n) (n)
2
− 2
ΓR = −Zφ2 Γφ2 R
∂m0 2 ∂m0
" #
∂m2 ∂m ∂ ∂λ ∂ n ∂ ln Zφ (n) (n)
+ − ΓR = −iZφ2 Γφ2 R (3.22)
∂m0 ∂m ∂m ∂m0 ∂λ 2 ∂m20
2 2 2
ou ainda
" #
∂ ∂ (n) (n)
m + β − nγ ΓR = −im2 αΓφ2 R (3.23)
∂m ∂
que é a equação de Callan - Symanzik para a teoria φ4 , onde α, β e γ são funções
sem dimensões
∂λ
∂m20 2
β = 2m (3.24)
∂m2
∂m20
∂ ln Zφ
γm20
γ = m2 (3.25)
∂m2
∂m20
Z φ2
α = 2 (3.26)
∂m
∂m20
α = 2(γ − 1) (3.28)
(n) (n)
Como as quantidades ΓR e Γφ2 R não dependem do cut - off, esperamos também
que α, β e γ sejam independentes do cut - off. Para vermos isso pomos n = 2 e
diferenciamos em ordem a p2
" #
∂ ∂ ∂ (2) 2 ∂ (2)
m +β − 2γ Γ R (p, λ, m) = −im α Γ 2 (0, p, λ, m) (3.29)
∂m ∂λ ∂p2 ∂p2 φ R
Pondo p2 = 0 e usando
(2)
∂ΓR
=1 (3.30)
∂p2
p2 =0
obtemos
" #
2 ∂ (2)
γ = im (γ − 1) Γ 2 (0, p, λ, m) (3.31)
∂p2 φ R p2 =0
α = α(λ)
β = β(λ)
γ = γ(λ) (3.32)
Nós vamos sobretudo estar interessados no esquema de subtracção mı́ nima, por
isso não vamos agora calcular as funções α, β e γ para todas as teorias, faremos isso
na secção 3.3. Indicaremos no entanto um método expedito para o seu cálculo. Seja
por exemplo a função β(λ). Notando que
∂λ ∂m2 ∂
(λ 0 , Λ/m) = λ(λ0 , Λ/m)
∂m20 ∂m20 ∂m2
∂m2 1 ∂
= λ(λ0 , Λ/m) (3.33)
∂m20 2m ∂m
∂ ∂ ∂
β=m λ(λ0 , Λ/m) = m [Z(λ0 , Λ/m)λ0 ] = −λ0 Λ [Z(λ0 , Λ/m)] (3.34)
∂m ∂m ∂Λ
ou
∂
β = −λ
[ln Z(λ0 , Λ/m)] (3.35)
∂ ln Λ
onde1 Z = Zλ−1 Zφ2 . O resultado de 1 - loop dá
3λ0 Λ2
Zλ = 1+ 2
ln 2 + O(λ20 )
32π m
Zφ = 1 + O(λ20 ) (3.36)
logo
3λ0 Λ2
Z =1− ln + ... (3.37)
32π 2 m2
e
3λ0 Λ
ln Z = 2
ln + · · · (3.38)
16π m
Portanto para φ4
3λ2
β(λ) = + O(λ3 ) . (3.39)
16π 2
Teorema 3.1
Se os momentos não forem excepcionais e se os parametrizarmos com pi = σki
(n)
as funções de Green irredutı́ veis de e partı́cula ΓR comportam-se na região
euclediana profunda (σ → ∞ e ki fixos, p2i < 0) do modo seguinte
lim Γ(n) (σki , λ, m)σ 4−n [a0 (ln σ)b0 + a1 (ln σ)b1 + · · ·] (3.40)
σ→∞
e
1
Por definição λ=Zλ0 .
132 Capı́tulo 3. Grupo de Renormalização
(n) ′ ′
lim Γφ2 (σki , λ, m)σ 2−n [a′0 (ln σ)b0 + a′1 (ln σ)b1 + · · ·] . (3.41)
σ→∞
Não faremos a demonstração (ver Bjorken and Drell) mas notemos que as potên-
cias de σ são as dimensões canónicas das funções de Green (em termos da massa).
Se este comportamento é o verificado assimptoticamente depende da soma da série
dos logaritmos. Se esta somar para uma potência de σ, por exemplo σ −γ , então
assimptóticamente o comportamento canónico σ 4−n é modificado para σ 4−n−γ .γ é
chamada a dimensão anómala. Como vamos ver o GR vai efectuar esta soma de
logaritmos e dar-nos qual a dimensão anómala.
(n) (n)
Γas (pi , λ, m) = m4−n ΓR (pi /m, λ) . (3.43)
(n)
ΓR satisfaz
!
∂ ∂ (n) pi
m +σ ΓR σ , λ = 0 . (3.44)
∂m ∂σ m
Então
!
∂ ∂
m +σ mn−4 Γ(n)
as (σpi , λ, m) = 0 (3.45)
∂m ∂σ
ou seja
" #
∂ ∂
m +σ + (n − 4) Γ(n)
as (σpi , λ, m) = 0 (3.46)
∂m ∂σ
3.1. Equação de Callan -Symanzik 133
Usando esta equação podemos trocar a derivação em ordem à massa pela derivação
em ordem à escala na equação de Callan-Symanzik para obter
" #
∂ ∂ (n)
σ − β(λ) + nγ(λ) + (n − 4) Γas (σpi , λ, m) = 0 (3.47)
∂σ ∂λ
Para resolver esta equação removemos os termos sem derivadas com a transformação
Rλγ(x)
4−n n dx
Γ(n)
as (σpi , λ, m) =σ e 0 β(x) F (n) (σpi , λ, m) . (3.48)
Substituindo na equação diferencial vemos que os termos sem derivadas desaparecem
e obtemos uma equação diferencial para F (n)
" #
∂ ∂
σ − β(λ) F (n) (σp, λ, m) = 0 (3.49)
∂σ ∂λ
∂λ(t, λ)
= β(λ) (3.51)
∂t
com a condição fronteira λ(0, λ) = λ. Para vermos que esta definição nos vai dar a
solução, escrevemos
Z λ(t,λ) dx
t= (3.52)
λ β(x)
e diferenciamos em ordem a λ
1 ∂λ 1
0= − (3.53)
β(λ) ∂λ β(λ)
ou ainda
∂λ
β(λ) − β(λ) =0 (3.54)
∂λ
Usando agora a definição de λ obtemos
" #
∂ ∂
− β(λ) λ(t, λ) = 0 (3.55)
∂t ∂λ
134 Capı́tulo 3. Grupo de Renormalização
Rλγ(x)
Rλγ(x)
Rλ λ(x)
n dx n dx n dx
e 0 β(x) = e 0 β(x) e λ β(x)
Rλγ(x)
Rλ γ(x)
n dx −n dx
= e 0 β(x) e λ β(x)
Rλγ(x) Rt
γ(λ(t′ ,λ))dt′
= en 0 β(x)
dx
e−n 0 (3.57)
Portanto
Rt R λ0 γ(x) dx
(n) 4−n −n γ(λ(t′ ,λ))dt′ −n β(x) F (n) (pi ,λ(t,λ),m)
Γas (σpi , λ, m) =σ e 0 e (3.58)
Rλ γ
Se pusermos σ = 1(t = 0), vemos que en 0 β
dx
F (n) é Γ(n)
as . Então obtemos finalmente
a solução da equação do GR.
Rt
γ(λ(t′ ,λ))dt′
(n)
Γas (σpi , λ, m) = σ 4−n e−n 0 Γ(n)
as (pi , λ(t, λ), m) (3.59)
Nesta forma a solução tem uma interpretação simples. O efeito de efectuar
(n)
uma mudança de escala nos momentos pi nas funções de Green ΓR é equivalente a
substituir a constante de acoplamento λ, pela constante de acoplamento efectiva λ
à parte factores multiplicativos. O primeiro é simplesmente resultante do facto de
(n)
ΓR ter dimensão canónica 4 − n em unidades de massa. O factor exponencial é o
termo da dimensão anómala que resultou de somar todos os logaritmos em teoria
de perturbações. Este factor é controlado por γ, a dimensão anómala. Veremos à
frente como calcular a dimensão anómala, numa teoria qualquer.
onde µ é a escala usada para definir a normalização das funções de Green. O lado
esquerdo da equação não depende de µ, mas o lado direito depende explicitamente
e implicitamente através de λ e m. Então temos
∂ h −n/2 (n) i
µ Zφ ΓR (pi , λ, m, µ) = 0 (3.61)
∂µ
ou seja
!
∂ ∂ ∂ (n)
µ +β + γm m − nγ ΓR = 0 (3.62)
∂µ ∂λ ∂m
com
!
m ∂λ
β λ, = µ
µ ∂µ
!
m ∂ ln m
γm λ, = µ
µ ∂µ
!
m 1 ∂ ln Zφ
γ λ, = µ (3.63)
µ 2 ∂µ
Z
ε1 dd k i
−iΣ(p) = (−iλ)µ
2 (2π) p − m2 + iε
d 2
p p
Figura 3.1:
onde ε = 4 − d. Então
1 ε Γ(−1 + ε/2) √
Σ(p2 ) = λ 2
µ −2+ε
· (2 π)ε
32π m
2 ε
√ ε
m µ
= λ Γ(−1 + ε/2) · (2 π) (3.65)
32π 2 m
Usando2
ψ(2)
ε 2 z }| {
Γ −1 + = − + 1 − γ +O(ε) (3.66)
2 ε
e
ε
µ µ
= 1 + ε ln (3.67)
m m
obtemos
λm2 2 √
Σ(p2 ) = − + ψ(2) + 2 ln(µ/m) + 2 ln 2 π + O(ε) (3.68)
32π 2 ε
Portanto no esquema de subtracção mı́nima devemos adicionar um contratermo
λm2 1 2
∆LM S
φ2 = − φ (3.69)
32π 2 ε
Se tivéssemos feito subtracção de momento à escala µ, isto é ΣR (p2 = µ2 ) = 0
terı́amos o contratermo
λm2 1 1 √ 2
∆LM
φ2
OM
=− + ψ(2) + ln(µ/m) + ln 2 π φ (3.70)
32π 2 ε 2
Vemos assim que o Lagrangeano de contratermos no esquema de subtracção
mı́nima quando expandido em série de Laurent em ε contém só termos divergentes.
Portanto
2
γ é a constante de Euler e ψ(x) a derivada logaritmica da função Γ. Ver o Apêndice da Mecânica
Quântica Relativista.
3.2. Esquema de subtracção mı́nima (MS) 137
q
φ0 = Zφ φ
m0 = Zm m
λ0 = µ ε Z λ λ (3.71)
tendo as constantes de renormalização Zφ , Zm e Zλ a forma
∞
X
Zλ = 1 + ar (λ)/εr
r=1
∞
X
Zm = 1 + br (λ)/εr
r=1
∞
X
Zφ = 1 + cr (λ)/εr (3.72)
r=1
" #
∂ ∂ ∂
σ −β − (γm − 1) m + nγ + (n − 4) ΓR (σp, m, λ, µ) = 0 (3.75)
∂σ ∂λ ∂m
que tem a solução
Rt
γ(λ(t′ ))dt′ (n)
ΓR (σpi , m, λ, µ) = σ 4−n e−n 0 ΓR (pi , m(t), λ(t), µ) (3.76)
onde se introduziram a massa efectiva m(t) e a constante de acoplamento efectiva
λ(t) definidas por
dλ = β(λ) ; λ(t = 0) = λ
dt
h i (3.77)
dm(t) = γ (λ) − 1 m(t)
; m(t = 0) = m
m
dt
138 Capı́tulo 3. Grupo de Renormalização
Rt
[γm (λ(t′ ))−1]dt′
m(t) = m e 0
Rt
γm (λ(t′ ))dt′
= m e−t e 0
R λ(t) γm (x)
dx
= m e−t e λ β(x) (3.78)
Teorema 3.2:
Qualquer parâmetro fı́sico P (λ, m, µ) satisfaz a seguinte equação do grupo de
renormalização
" #
∂ ∂ ∂
DP (λ, m, µ) ≡ µ + β(λ) + γm m P (λ, m, µ) = 0 (3.79)
∂µ ∂λ ∂m
[D + 2γ]∆(p2 , λ, m, µ) = 0 (3.80)
R2 e
∆(p2 , λ, m, µ) = +∆ (3.81)
p2 − m2p
[D + γ(λ)]R(λ, m, µ) = 0 (3.83)
Veremos à frente como estes resultados podem ser usados para relacionar os
parâmetros fı́sicos com os parâmetros da teoria.
i) Cálculo de β(λ)
Por definição
∂λ
β(λ) = µ (3.87)
∂µ
Esta quantidade é finita no limite ε → 0. Isto quer dizer que antes de fazermos
ε → 0 deve ser uma função analı́tica em ε. É então conveniente definir
onde
β̂(λ, ε) = d0 + d1 ε + d2 ε2 + · · · (3.89)
com coeficientes dr a determinar. Posto isto, usamos o facto de λ0 não depender da
escala µ. Então
∂ ε
0 = µ (µ Zλ λ)
∂µ
∂Zλ
= εµε Zλ λ + µε β̂(λ, ε)λ + µε Zλ β̂(λ, ε) (3.90)
∂λ
Então
!
∂Zλ
ελZλ + β̂(λ, ε) Zλ + λ =0 (3.91)
∂λ
Usando as expressões de Zλ e β̂ obtemos
∞
" ∞
!#
X ar+1 2
X 1 dar
ελ + a1 λ + λ r
+ (d 0 + d 1 ε + d 2 ε + · · ·) 1 + r
ar + λ = 0 (3.92)
r=1 ε r=1 ε dλ
" !# " !
da1 X 1 dar
ε(λ + d1 ) + a1 λ + d0 + d1 a1 + λ + r
ar+1 λ + d0 ar + λ
dλ r ε dλ
!#
dar+1
+ d1 ar+1 + λ =0 (3.93)
dλ
logo
λ + d1 = 0
!
da1
a1 λ + d0 + d1 a1 + λ =0
dλ
! !
dar dar+1
ar+1 λ + d0 ar + λ + d1 ar+1 + λ =0 (3.94)
dλ dλ
d1 = −λ (3.95)
3.2. Esquema de subtracção mı́nima (MS) 141
da1
β(λ) = d0 = λ2
dλ
d d
λ2 (ar+1 ) = β(λ) (λar ) (3.96)
dλ dλ
Portanto a função β(λ) depende somente do coeficiente em 1ε de Zλ que se calcula
fácilmente em teoria de perturbações. Além disso vemos que os resı́duos dos pólos
de ordem superior se podem calcular em termos do resı́duo do pólo simples. Para
λφ4 é fácil de ver que
3λ 1
Zλ = 1 + +··· (3.97)
16π 2 ε
e portanto
!
da1 d 3λ 3λ2
β(λ) = λ2 = λ2 = (3.98)
dλ dλ 16π 2 16π 2
como tı́nhamos obtido anteriormente. Para teorias de gauge há uma pequena mod-
ificação pois g0 = µε/2 Zg g. Um cálculo trivial dá neste caso
d1 = −g/2 (3.99)
e
1 2 da1
β(g) = g
2 dg
1 2 dar+1 d
g = β(g) (gar ) (3.100)
2 dg dg
onde, como anteriormente
∞
X
Zg = 1 + ar (g)/εr . (3.101)
r=1
∂Zm ∂m
0 = µ m + Zm µ
∂µ ∂µ
∂Zm ∂ ln m
= β̂(λ, ε) m + mZm µ (3.102)
∂λ ∂µ
142 Capı́tulo 3. Grupo de Renormalização
Como µ ∂ ∂µ
ln m
= γm , obtemos a equação
" #
∂
β̂(λ, ε) + γ m Zm = 0 (3.103)
∂λ
ou seja
! ∞
" #
db1 X dbr dbr+1
γm + d1 + d0 + γm br + d1 =0 (3.104)
dλ r=1 dλ dλ
Portanto
db1
γm = −d1 (3.105)
dλ
dbr+1 dbr
−d1 = β(λ) + γm br (3.106)
dλ dλ
onde
−λ teoria λφ4
d1 = (3.107)
− g/2 teorias de gauge
Mais uma vez γm depende somente do resı́duo do pólo simples.
1 ∂ 1 ∂ 1
γ(λ) = µ ln Zφ = µ Zφ (3.108)
2 ∂µ 2 ∂µ Zφ
logo
" #
∂
β̂(λ, ε) − 2γ(λ) Zφ = 0 (3.109)
∂λ
o que dá
∞
" #
dc1 X 1 dcr dcr+1
−2γ(λ) + d1 + r
d0 − 2γcr + d1 =0 (3.110)
dλ r=1 ε dλ dλ
Então
1 dc1
γ(λ) = d1 (3.111)
2 dλ
dcr+1 dcr
−d1 = β(λ) − 2γcr (3.112)
dλ dλ
3.2. Esquema de subtracção mı́nima (MS) 143
3.2.5 Propriedades de β e γ
Nós adoptamos um esquema particular de renormalização. Se tivéssemos adoptado
outro esquema terı́amos outra definição dos parâmetros da teoria e funções β, γm e
γ diferentes. Vamos aqui discutir os aspectos do grupo de renormalização que são
independentes do esquema usado.
Consideremos então dois esquemas (ambos independentes da massa). Então
′
Zm (g ′) = Zm (g)Fm (g) Fm (g) = 1 + O(g 2) (3.113)
O 1 nas funções F expressa o facto que ao nı́vel árvore não há ambiguidades.
Usando as relações acima podemos ver como estão relacionadas as funções β, γm e
γ em dois esquemas. Obtemos (estamos a considerar o caso duma teoria de gauge)
!
∂ ∂ ∂Fg
′ ′
β (g ) = µ g ′ = µ (gFg (g)) = β(g) Fg + g
∂µ ∂µ ∂g
′ ∂ ∂ ln −1 ∂
γm (g ′ ) = µ ln m′ = µ (Fm (g)m) = γm (g) − β(g) ln Fm
∂µ ∂µ ∂g
1 ∂ 1 ∂
γ ′ (g ′ ) = µ ln Z ′ (g ′ ) = γ(g) + β(g) ln Fφ (3.114)
2 ∂µ 2 ∂g
Se β(g0 ) = 0 então β ′ (g0′ ) = 0 para g0′ = g0 Fg (g0 ). Notar que em geral g0 depende
do esquema, isto é g0 6= g0′ .
( " !#)
∂β ′ (g0′ ) ∂g ∂ ∂Fg
= β(g) Fg + g
∂g ′ ′
∂g ∂g ∂g g0
∂Fg ∂β 1 ∂ Fg + g ∂F
∂g
g
= Fg + g +g + β(g)
∂g ∂g Fs + g ∂F
∂g
g
∂g
g0
∂β
= (g0 ) · (3.115)
∂g
g ′ = g + ag 3 + O(g s) (3.117)
e
g = g ′ − ag ′3 + O(g 5) (3.118)
Portanto
∂
β ′ (g ′) = β(g) (gFg ) = (b0 g 3 + b1 g 5 + O(g 7))(1 + 3ag 2 + O(g 4))
∂g
= b0 g 3 + (3ab0 + b1 )g 5 + O(g 7)
Seja
γ(g) = cg 2 + O(g 4)
γ ′ (g ′) = cg ′2 + O(g ′4)
′
γm (g ′) = dg ′2 + O(g ′4) . (3.121)
Este resultado é imediato. Como veremos na secção seguinte todos estes resulta-
dos são necessários pois eles controlam resultados fı́sicos e estes não podem depender
do esquema de renormalização.
ξ 0 = ZA ξ . (3.125)
As funções de Green irredutı́veis renormalizadas, dependem em geral de ξ, isto é
(n) n/2 (n)
ΓR (g, m, ξ, µ) = ZA Γ0 (g0 , m0 , ξ0 , ε) (3.126)
A equação do grupo de renormalização é então
" #
∂ ∂ ∂ ∂ (n)
µ + β(g, ξ) + γm (g, ξ)m + δ(g, ξ) − γA (g, ξ) ΓR (g, m, ξ, µ) = 0
∂µ ∂g ∂m ∂ξ
(3.127)
146 Capı́tulo 3. Grupo de Renormalização
onde
∂ ∂
δ(g, ξ) = µ ξ = µ (ZA−1 ξ0 ) =
∂µ ∂µ
1 ∂
= −ξ0 ZA
ZA2 ∂µ
β ≡ β − ρδ γ m = γm − σδ (3.136)
Calculemos agora o comutador [DG , D]G = 0. Obtemos
(" # " #
∂β ∂β ∂ρ ∂ρ ∂ ∂δ ∂δ ∂
+β −β −δ + +ρ
∂ξ ∂g ∂g ∂ξ ∂g ∂ξ ∂g ∂ξ
" # )
∂γm ∂γm ∂σ ∂σ ∂
+ +ρ −β − m G=0 (3.137)
∂ξ ∂g ∂g ∂ξ ∂m
" !
∂ ∂ρ ∂
(Dδ) + D β + D(ρδ) − β − δDρ
∂ξ ∂g ∂g
! #
∂σ ∂
+ Dγ m + D(σδ) − β − − δDσ m G=0 (3.139)
∂g ∂m
! " #
∂β ∂ ∂
D = D β + D, β
∂g ∂g ∂g
∂ ∂ρ ∂β
= Dβ− =0 (3.142)
∂g ∂g ∂g
β = β + O(g 5) . (3.143)
Estes resultados não dependem de se ter adoptado subtracção minı́ma ou não.
Se adoptarmos subtracção mı́nima temos então
Teorema 3.3
No esquema de subtracção mı́nima temos ρ = σ = 0 e portanto
∂
D= ; β=β e γ m = γm (3.144)
∂ξ
e β e γm são independentes da gauge em todas as ordens.
∂ g ∂Zg
ρ=g ln g = − (3.145)
∂ξ Zg ∂ξ
Então
∂ a1 a2
0 = Zg ρ + g 1+ + 2 +···
∂ξ ε ε
!
1 ∂a1
= ρ+ ρa1 + g + O(1/ε2) (3.146)
ε ∂ξ
obtemos portanto
ρ=0. (3.147)
β(λ)
0 λ1 λ2 λ
Figura 3.2:
dλ = β(λ) ; λ(0) = λ
dt
h i (3.148)
dm = γ (λ) − 1 m(t) ; m(0) = m
m
dt
Destas equações resulta que as variações da constante de acoplamento efectiva
e da massa efectiva com uma variação de escala de energia são controladas pelas
funções β e γm , respectivamente. Para estudar o comportamento assimptótico de λ
vamos admitir que β(λ) tem a forma da figura 3.2.
Os pontos, 0, λ1 e λ2 onde β(λ) se anula são chamadas pontos fixos, pois se λ se
encontra num desses
pontos em t = 0 então ficará aı́ para todos os valores do
dλ
momento dt = 0 . Os pontos fixos podem ser de dois tipos:
São aqueles em que β ′ (λ) < 0. É o caso do ponto λ1 na figura 3.2. Neste caso
β(λ) > 0 para λ < λ1 e β(λ) < 0 para λ > λ1 . Então se para t = 0 0 < λ < λ1
então quando t → ∞ λ → λ1 . Por outro lado se λ1 < λ < λ2 quando t → ∞
também λ → λ1 . Poratnto no intervalo 0 < λ < λ2 a constante de acoplamento é
sempre conduzida para λ1 quanto t → ∞, isto é, para momentos grandes.
São aqueles em que β ′ (λ) > 0. É o caso dos pontos 0 e λ2 da figura. É fácil de
ver que quando t → ∞ a constante de acoplamento se afasta de 0 e λ2 , mas que no
limite t → 0 se aproxima deles.
Podemos agora estudar o comportamento assimptótico das soluções do grupo de
renormalização. Supomos, por exemplo 0 < λ < λ2 . Então (ver figura 3.2)
Então
o que mostra que a dimensão dos campos não é 1 mas 1 + γ(λ1 ). Daı́ o nome de
dimensão anómala para γ(λ).
Em geral é difı́cil calcular os zeros da função β, pois requere normalmente re-
sultados para além da teoria de perturbações. Contudo β(λ), γm(λ) e γ(λ) têm um
zero trivial na origem. Se acontecer que a origem seja um ponto fixo estável UV
então quer dizer que quando a escala da energia aumenta a constante de acopla-
mento diminui. No limite t → ∞, λ → 0 e por isso se diz destas teorias que são
assimptoticamente livres. É fácil de ver que isso acontece se β ′ (0) < 0. Na secção
seguinte vamos ver quais as teorias em que isso pode acontecer.
Já vimos anteriormente que para a teoria escalar mais simples, λφ4 , temos
3λ2
β(λ) = 2
+ O(λ4 ) (3.156)
16π
e portanto não é assimptoticamente livre. Consideramos agora a teoria escalar mais
geral com campos φi e acoplamento
LI = −λijkℓ φi φj φk φℓ (3.157)
onde se somam os ı́ndices repetidos. Então
dλijkℓ (t)
βijkℓ = = A(λiℓmn λkjmn + λijmn λkℓmn + λikmn λjℓmn ) (3.158)
dt
com A > 0. A teoria não é assimptoticamente livre pois há sempre funções β com
derivadas positivas. Por exemplo
dλ1111
= β1111 = 3A|λ11mn |2 > 0 ; ∀t (3.159)
dt
O termo da interacção mais geral para uma teoria com escalares e fermiões é
X X a b
LI = − λijkℓ φi φj φk φℓ + ψ (Akab + iBab
k
γ5 )ψ φk (3.160)
i,j,k,ℓ a,b,k
onde A e B são matrizes reais. Agora já não é possı́vel mostrar que dλdtiiii > 0 por
causa do loop de fermiões de ordem A2 ou B 2 com um sinal negativo. Se definirmos
(g i )ab ≡ Aiab + iBab
i
, obtemos
dg i
16π 2 = (Trg i g j†)g j + Tr(g i† g j )g j + M ij g j
dt
1 1
+ g i g †j g j + g j g †j g i + 2g j g †i g j (3.161)
2 2
Teorema 3.4
A teoria mais geral com escalares e fermiões não é assimptoticamente livre
pois dtd Tr(g i† g i ) > 0 e portanto não é possivel gi → 0 quando t → ∞.
Dem:
d d X i 2
8π 2 Tr(g i† g i ) = 8π 2 |g |
dt dt a,b,i ab
d h i
8π 2 Tr(g i†g i ≥ 2 Tr(g i g j† )Tr(g i g j†) + Tr(g i g j†g i g j†) (3.163)
dt
e o segundo membro é positivo pois pode ser escrito
d j† j† j† j†
8π 2 Tr(g i† g i ) ≥ (gab
i i i
gcd + gad i
gcd )(gba gdc + gda gbc ) ≥ 0 (3.164)
dt
como querı́amos demonstrar.
−1/2 e2 1
Z3 =1+ +··· (3.166)
12π 2 ε
logo
1 da1 e3
β(e) = e2 = >0 (3.167)
2 de 12π 2
3.3. Constantes de acoplamento efectivas 153
Figura 3.3:
Figura 3.4:
−1/2 e2 1
Z3 =1+ (3.168)
48π 2 ε
e3
o que dá neste caso β(e) = 48π 2
> 0. Portanto as teorias de gauge abelianas não são
livres assimptoticamente.
Figura 3.5:
Figura 3.6:
3.3. Constantes de acoplamento efectivas 155
Então
−3/2 g2 11 1
Zg ≡ Z1 ZA =1− 2
C2 (V ) +··· (3.171)
16π 3 ε
Usando ZA e Zg e as definições de β e γ obtemos
g 3 11
β=− C2 (V ) < 0 (3.172)
16π 2 3
e
g 2 1 13
γA = − − ξ C2 (V ) (3.173)
16π 2 2 3
Portanto as teorias de gauge não abelianas sem campos de matéria são assimptot-
icamente livres. Notar que a dependência da gauge (em ξ) desapareceu de β de
acordo com o resultado demonstrado anteriormente.
A inclusão de fermiões e escalares acoplados mı́nimamente é agora trivial. O
lagrangeano de interacção é
+g 2 φ∗i TSij
a b
TSjk φk Aaµ Aµb (3.174)
g2 4 1 1
ZA (fermiões + escalares) = 1 + 2
T (RF ) + T (RS ) +··· (3.176)
16π 3 3 ε
pelo que
g3 4
β(fermiões) = T (RF ) (3.177)
16π 2 3
e
g3 1
β(escalares) = T (RS ) (3.178)
16π 2 3
156 Capı́tulo 3. Grupo de Renormalização
Figura 3.7:
Exemplo 3.1:
QCD (SU(3)) com as três familias de quarks.
Para SU(N) temos
C2 (V ) = N (3.181)
1
T (RF ) = (3.182)
2
Então
g 33 4 1
β= 2
− + × × 2Ng (3.183)
16π 3 3 2
ou seja (Ng = número de gerações ou famı́lias)
g3 33 − 4Ng
β= 2
− (3.184)
16π 3
3.3. Constantes de acoplamento efectivas 157
ou ainda
33
Ng < → Ng ≤ 8 (3.186)
4
São portanto permitidas 8 famı́lias ou seja 16 tripletos de SU(3).
ε<1 (3.187)
O problema em compreender o que se passa resulta do facto de não conhecermos
substâncias3 com ε < 1. Contudo o vácuo deve ser invariante relativista e portanto
deve ter uma permeabilidade µ tal que (estamos a fazer c = 1)
µε = 1 (3.188)
Assim o antiscreening corresponde a µ > 1. Portanto o vácuo duma teoria de
gauge não abeliana é um paramagnético e este conceito pode ser compreendido mais
facilmente.
A permeabilidade magnética pode ser calculada calculando a densidade de ener-
gia do vácuo num campo exterior
1 2
B u0 = (3.189)
2µ ext
Nielsen e Hughes mostraram que µ = 1 + χ onde a susceptibilidade χ é dada por
X 1
2s 2
χ ∼ (−1) q − + γ 2 s23 (3.190)
s3 3
onde s é o spin, q a carga, γ a razão giromagnética e s3 a projecção de spin na
direcção do campo magnético externo. Assim para escalares, fermiões e campos de
gauge obtemos
3
Em QED a carga aumenta a curta distância e portanto o vácuo é um dieléctrico normal ε>1.
158 Capı́tulo 3. Grupo de Renormalização
Escalares
1
χS ∼ − qS2 < 0 (diamagnético) (3.191)
3
Fermiões (γF = 2)
1 4
χF ∼ (−1)qF2 2 − + 1 = − qF2 (diamagnético) (3.192)
3 3
Bosões de gauge (γV = 2)
1 22
χV ∼ qV2 2 − + 4 = qV2 (paramagnético) (3.193)
3 3
e portanto
22 2 4 1
qV − qF2 − qS2
χTotal ∼ (3.194)
3 3 3
Comparando com a função β podemos fazer a correspondência
1
qV2 → C2 (V )
2
qF2 → T (RF )
o que permite compreender o vácuo das teorias de gauge não abelianas como um
meio paramagnético.
i) Escala MX
23
X λa
SU(5) : Dµ = ∂µ + ig5 Aaµ (3.197)
a=0 2
8
X λa
SU(3) × SU(2) × U(1) : Dµ = ∂µ + ig3 Gaµ
α 22
3
X σa Y
+ig2 Aaµ + ig ′ Bµ (3.198)
α 22 2
g5 = g3 = g2 = g1 (3.199)
onde g1 é a constante de acoplamento do subgrupo abeliano de SU(5). Contudo para
os grupos abelianos não há constrangimetos na normalização e portanto o gerador
λ0 desse U(1) pode estar normalizado de maneira diferente da hipercarga. Devemos
ter
g 1 λ0 = g ′ Y (3.200)
Mas λ0 é gerador de SU(5) e portanto está normalizado de acordo com
TF (λa λb ) = 2δ ab (3.201)
isto é, para a representação fundamental, devemos ter
2
2
0 1
λ =√ 2 (3.202)
15
−3
−3
Mas para a representação fundamental
d1
d2
5= (3.203)
d3
e+
νec R
−2/3
−2/3
Y = −2/3 (3.204)
1
1
q q
Logo Y = − 5 0
3
λ e g′ = − 3
g.
5 1
Isto permite imediatamente determinar sin2 θW à
escala MX ,
3
2 g ′2 g
5 1 3
sin θW (MX ) = 2 ′2
= 3 = (3.205)
g +g g2 + 5 g1 8
ii) Escala MW
dgn
= −bn gn3 (3.206)
dt
onde os coeficientes bn podem ser facilmente obtidos a partir da função β
g 3 11 4 1
β=− C 2 (V ) − T (RF ) − T (RS ) (3.207)
16π 2 3 3 3
Vamos nesta análise desprezar os Higgs (podem ser incorporados facilmente) e
designar por NF o número de sabores. No modelo standard NF = 2Ng (Ng é o
número de gerações ou famı́lias). Então
1 1
b3 = 33 − 4 × × NF (3.208)
48π 2 2
1 1 1
b2 = 2
22 − 4 × × × Ng (1 + 3) (3.209)
48π 2 2
e finalmente
" 2 #
1 1 X Y 3
b1 = 2
−4 × × × (3.210)
48π 2 2 5
onde
" 2 #
X Y 2 1 1
2
4
2
2
= Ng 2 × (−1)2 + 2 × 3 × + (−2) + 3 × 2
+3× −
2 4 3 3 3
3.4. Aplicações do Grupo de Renormalização 161
5
= NF (3.211)
3
Portanto podemos finalmente pôr
bn = 1 (11n − 2N ) n≥2
F
48π 2
(3.212)
1 (−2N )
b1 = F
48π 2
A solução das equações é
!
1 1 µ2
= + bn ln (3.213)
gn2 (µ) g52 MX2
Podemos escrever estas equações em termos dos parâmetros α(µ) e αs (µ) men-
suráveis a baixa energia
!
µ2
αs−1 (µ) = α5−1 + 4πb3 ln
MX2
!
2
−1 2
α (µ) sin θW (µ) = α5−1 + 4πb2 ln µ 2 (3.214)
MX
!
2
3 cos2 θ (µ)α−1 (µ) = α−1 + 4πb ln µ
5 W 5 1
MX2
onde se fez, como é usual
gi2
αi ≡ (3.215)
4π
Destas equações pode-se obter
" #
MX2 2π 1 8 1
ln 2 = − (3.216)
µ 11 α(µ) 3 αs (µ)
que permite determinar MX uma vez que conhecidas α(µ) e αs (µ) à escala µ, e
" !#
3 110 α MX2
sin2 θW (µ) = 1− ln (3.217)
8 9 4π µ2
Conhecido MX esta equação permite determinar sin2 θW à escala µ = MW . Um
cálculo mais cuidadoso incluindo Higgs e correcç ões de ordem superior dá
MX ≃ 4 × 1014 GeV
sin2 θW (MW ) ≃ 0.21 . (3.218)
0.15
0.1
0.05
0
2 4 6 8 10 12 14 16
Log(µ/GeV)
Figura 3.8:
Quando estes resultados foram encontrados pela primeira vez eram apontados
como um sucesso do modelo SU(5). Hoje as constantes α(µ) e αs (µ) são mais bem
conhecidas, assim como o valor de sin2 θW e sabe-se que dentro dos erros as três
curvas não se encontram. Contudo generalizações supersimétricas da teoria SU(5)
parecem estar em acordo com os resultados experimentais.
Problemas 163
Problemas Capı́tulo 3
dg i
3.1 Verifique a equação 3.161. Para isso note que β i = dt
onde β i é calculada a
partir dos diagramas seguintes
i i i
i i
3.4 Considere uma teoria não abeliana com grupo de simetria G e sem matéria.
Calcule as constantes de renormalização do propagador ZA , e do vértice triplo
Z1 .
3.5 Considere uma teoria não abeliana em interacção com campos escalares e fermi-
ónicos. Calcule a contribuição destes campos para ZA e Z1 . Utilize estes
resultados juntamente com os resultados do problema 3.4 para determinar a
função β do grupo de renormalização para essa teoria.
164 Capı́tulo 3. Grupo de Renormalização
O integral de caminho em
Mecânica Quântica
A.1 Introdução
∂
ih̄ |a(t)i = H |a(t)i (A.1)
∂t
onde
P2
H= + V (Q) (A.2)
2m
e
165
166 Apêndice A. O integral de caminho em Mecânica Quântica
Z Z
′′ ,t)
hqf , tf | O(t) |qi , ti i = dq ′ dq ′′ D(q)eiS(qf ,tf ;q
Z
′
hq ′′ | O |q ′ i D(q)eiS(q ,t;qi ,ti ) (A.9)
Z
hqf , tf | O |qi , ti i = D(q) eiS(f,i) O(q(t)) (A.11)
Z
hqf , tf | O1 (t1 )O2 (t2 ) · · · On (tn ) |qi , ti i = D(q)eiS(f,i) O1 O2 · · · On (A.12)
ω2 2
Q
V (Q) = m (A.13)
2
Para este caso obtém-se, (os integrais são gaussianos e por isso podem ser explici-
tamente calculados)
!1
mωe−iπ/2 2
mω 2qf qi
hf |ii = exp i (qf2 + qi2 ) cot ωt − (A.14)
2π sin ωt 2 sin ωt
Este resultado vai ser útil adiante.
Z !
m (qf − qi )2 tf t − ti tf − t
S(f, i) = + dtF (t) qf + qi
2 tf − ti ti tf − ti tf − ti
Z Z
1 tf tf
+ dt′ dt′′ F (t′ )G(t′ , t′′ )F (t′′ ) (A.17)
2m ti ti
′ ′′
onde G(t′ , t′′ ) = t Tt − Inf(t′ , t′′ ) é a função de Green simétrica para o problema
..
q = F (t)/m com as condições na fronteira G(0, t′′ ) = G(t′ , 0) = 0.
Z R tf
i dt[ 21 mq̇ 2 −V (q)]
hf |ii = D(q)e ti
( Z " #)
tf δ
= exp −i dtV hf |iiF (A.19)
ti iδF (t) F =0
n
Y n−1
Y
dps dqr
1 1
D(p, q) = n→∞
lim (A.21)
(2π)n
A fase da exponencial é novamente a acção clássica expressa nas variáveis canónicas
p e q. Se h(p, q) depender quadraticamente de p como é usual, pode-se fazer a
integração gaussiana em p e a expressão reduz-se à do caso anterior, equação (A.4).
∂
a→
∂z
a† → z (A.23)
a†n
|ni = √ |0i (A.25)
n!
É fácil de verificar (ver Problema A.2) que com a definição de produto interno acima
introduzida estes estados são ortonormados, isto é hfm |fn i = δmn .
Então
170 Apêndice A. O integral de caminho em Mecânica Quântica
X zn
hz| A |f i = √ hn| A |mi hm|f i
n,m n!
Z
X zn dξdξ −ξξ ξ m
= √ An,m e √ f (ξ)
n,m n! 2πi m!
Z " #
dξdξ −ξξ X z n ξm
= e √ An,m √ f (ξ) (A.26)
2πi n,m n! m!
Portanto
Xzn ξm
A(z, ξ) ≡ √ An,m √ (A.27)
n,m n! m!
O kernel de qualquer operador é assim obtido desde que se conheçam os seus ele-
mentos de matriz na base |ni.
Já vimos como se representam estados e operadores. Vamos ver como representar
produtos de operadores. Sejam dois operadores A1 e A2 e um estado |f i. Seja ainda
Z
dξdξ −ξξ
g(η) = hη| A2 |f i = e A2 (η, ξ)f (ξ) (A.28)
2πi
Então
Z
dξdξ −ξξ
hz| A1 |gi = e A1 (z, η)g(η)
2πi
Z
dηdη dξdξ −ξξ −ηη
= e e A1 (z, η)A2 (η, ξ)f (ξ)
2πi 2πi
Z "Z #
dξdξ −ξξ dηdη −ηη
= e e A1 (z, η)A2 (η, ξ) f (ξ)
2πi 2πi
Z
dξdξ −ξξ
= e A3 (z, ξ)f (ξ) (A.29)
2πi
Portanto o kernel do operador A3 = A1 A2 é obtido por convolução dos kernéis de
A1 e A2 , isto é
Z
dηdη −ηη
A3 (z, η) = e A1 (z, η)A2 (η, ξ) (A.30)
2πi
assunto que é importante tendo em atenção que pretendemos aplicar este formalismo
em teoria quântica dos campos. Trata-se da forma normal dum operador1 . O
operador A na sua forma normal é definido por
X a†n am
A= AN
n,m √ √ (A.31)
n,m n! m!
isto é, os operadores de destruição estão à direita dos operadores de criação. O
kernel normal é definido por
X zn zm
AN (z, z) ≡ √ ANn,m √ (A.32)
n,m n! m!
isto é, é obtido por subtituição directa dos operadores de destruição por z e dos de
criação por z. Para um operador dado na sua forma normal este é o kernel imediato
de obter. É contudo diferente do kernel atrás definido. Para ver a relação entre eles
notemos a seguinte relação
X z
f (z) = √ hn|f i
n n!
XZ dξdξ −ξξ z n ξ n
= e f (ξ)
n 2πi n!
Z
dξdξ −ξξ zξ
= e e f (ξ) (A.33)
2πi
O kernel ezξ é portanto uma função delta neste espaço. Usando este resultado
obtemos
X AN dm
hz| A |f i = √ n,m
√ z n m f (z)
n,m n! m! dz
Z
X AN
n,m dξdξ −ξξ zξ n m
= √ √ e e z ξ f (ξ)
n,m n! m! 2πi
Z
dξdξ −ξξ zξ N
= e e A (z, ξ)f (ξ) (A.34)
2πi
donde resulta
Esta relação é muito importante pois permite imediatamente escrever o kernel dum
operador qualquer uma vez que seja conhecida a sua forma normal. Isto é partic-
ularmente útil em teoria quântica dos campos onde o hamiltoniano é dado na sua
forma normal.
t
∆t =
n
z0 z1 z2 ··· zn−1 zn (A.37)
Então
Z n−1
Y hXn
dzk dz k
U(z f , tf ; zi , ti ) = lim exp z k zk−1
n→∞
k=1 2πi k=1
n−1
X n
X i
− z k zk − i h(z k , zk−1 )∆t (A.39)
k=1 k=1
ou seja
Z R tf
1
(z f zf +z i zi )+i [ 2i1 (żz−zż)−h(z,z)]dt
U(z f , tf ; zi , ti ) ≡ D(z, z) e 2 ti
(A.40)
A.4. Formulação no espaço de Bargmann-Fock (estados coerentes) 173
Nesta expressão z f (tf ) e zi (ti ) são fixados pelas condições fronteiras mas z f (ti ) e
zi (tf ) são arbitrários. A fase da exponencial é novamente a acção, agora escrita nas
variáveis complexas z e z. Para ver isso basta lembrar que
1 1
(pdq + qdp) = (zdz − zdz) (A.41)
2 2i
H0 = ω a† a (A.42)
Trata-se portanto dum caso em que o hamiltoniano é dado na forma normal. Este
problema pode ser resolvido exactamente. Temos
Z n−1
Y hXn
dzk dz k
U(z f , zi , t) = lim exp z k zk−1
n→∞
k=1 2πi k=1
n−1
X n i
t X
− z k zk − iω z k zk−1
k=1 n k=1
Z n−1
Y dzk dz k [−XAX+XB+BX ]
= lim e (A.43)
n→∞
k=1 2πi
onde
z1
z2
X= .. ; X = (z 1 , z 2 , · · · , z n−1 ) (A.44)
.
zn−1
e
z0 a
0
B = .. ; B = (0, 0, · · · , 0, zn a) (A.45)
.
0
1 0 ··· ··· ··· ···
−a 1 0 ··· ··· ···
0
.
−a 1 0 ··· ···
. .. .. .. .. .. (A.46)
. . . . . .
··· ··· 0 −a 1 0
· · · · · · · · · 0 −a 1
onde se definiu
t
a ≡ 1 − ih̄ω (A.47)
n
As (n − 1) integrações gaussianas podem ser facilmente feitas usando o resultado
(ver Problema A.3),
Z Y
dzk dz k −zAz+uz+zu −1
e = (det A)−1 euA u (A.48)
2πi
obtemos então
h −1 B
i
U0 (z f , zi ; t) = lim (det A)−1 eBA
n→∞
h 2 (A−1 )
i
= lim (det A)−1 ez f zi a n−1,1
(A.49)
n→∞
det A = 1 (A.51)
e
A−1 n
n−1,1 = (−1) (−a)
n−2
(A.52)
donde se conclui que
n
iωt
lim a2 (A−1 )n−1,1 = lim 1− = e−iωt (A.53)
n→∞ n→∞ n
Obtemos então finalmente
n o
U0 (z f , zi ; t) = exp z f zi e−iωt (A.54)
A.4. Formulação no espaço de Bargmann-Fock (estados coerentes) 175
Podemos verificar que este resultado é da forma eiS onde S é a acção calculada ao
longo da trajectória clássica. De facto a estacionaridade do expoente da exponencial
dá
( Z tf " # )
1 żz − z ż
δ (z f z(tf ) + z(ti )zi ) + − iωzz dt
2 ti 2
1 1 1 1
= z f δz(tf ) + zi δz(ti ) − z f δz(tf ) − zi δz(ti )
2 2 2 2
Z tf h i
+ δz(ż − iωz) − δz(ż + iωz) dt (A.55)
ti
Z tf
1 1
[z f z(tf ) + zi z(ti )] + (żz − z ż) − iωzz dt
2 ti 2
= z f zi eiω(ti −tf )
= z f zi e−iωt (A.58)
Z
dξdξ −ξξ zξe−iωt
U0 (t)f (z) = e e f (ξ)
2πi
= f (ze−iωt ) (A.59)
z → z e−iωt (A.60)
onde S(f, i) é a acção calculada ao longo das trajectórias clássicas (ver Problema
A.1).
Para efectuar a construção anterior vamos tentar representar estes operadores num
espaço de Hilbert de funções analı́ticas. Isto é possı́vel se considerarmos funções (de
facto polinómios) com coeficientes complexos em duas variáveis que anticomutam η
e η, designadas por variáveis de Grassmann e que obedecem a
ηη + ηη = 0 ; η2 = η 2 = 0 (A.64)
∼
P (η, η) = p0 + p1 η + p 1 η + p12 ηη (A.65)
A.5. Sistemas de fermiões 177
A.5.1 Derivação
Neste espaço a derivação é definida por (as derivadas são esquerdas)
∂P ∼
= p 1 + p12 η
∂η
∂P
= p1 − p12 η (A.66)
∂η
∂
f =0 (A.67)
∂η
isto é as funções analı́ticas têm a forma
f = f0 + f1 η (A.68)
(g, f ) = g 0 f0 + g 1 f1 (A.69)
este produto interno pode ser representado por um integral desde que definamos a
integração convenientemente (ver equação (A.74)) .
A.5.3 Integração
A integração nas variáveis de Grassmann é definida pelas relações
Z Z
dη η = dη η = 1
Z Z
dη 1 = dη 1 = 0 (A.70)
Z Z
dη P = ∂P ; dη P = ∂P
Z
dηdη P = ∂∂P (A.72)
= det A ξξ (A.75)
Pelo que
Z Z
dηdηP (η, η) = dξdξ(det A)−1 Q(ξ, ξ) (A.76)
f = f 0 + f 1η (A.77)
então podemos encontrar uma representação integral para o produto interno dada
por
Z
(g, f ) ≡ dηdη e−ηη g f (A.78)
Z
dηdη e−ηη g f
Z
= dηdη(1 − ηη)(g 0 + g 1 η)(f0 + f1 η)
A.5. Sistemas de fermiões 179
= g 0 f0 + g 1 f1
= (g, f ) (A.79)
a→∂
a† → η (A.80)
De facto
X
(Af )η = η n An,m hm|f i
n,m
Z X
= dξdξ eξξ η n An,m ξ m f (ξ)
n,m
Z
= dξdξ e−ξξ A(η, ξ) f (ξ) (A.82)
onde
X
A(η, ξ) ≡ η n An,m ξ m ; n, m = 0, 1 (A.83)
n,m
X †a
A = An,m : a†n e−a am :
n,m
X
≡ AN †n m
n,m a a (A.87)
n,m
h i ∂m
a†n am f η = η n f (η)
∂η m
Z
= dξdξ e−ξξ eηξ ηn ξ m f (ξ) (A.90)
Problemas do Apêndice A
Problemas Apêndice A
Z tf h i
iS(f, i) = z f e−iω(tf −ti ) zi + i dt z f e−iω(tf −t) f (t) + f (t) e−iω(t−ti ) zi
ti
Z tf Z tf ′
− dt dt′ f (t) e−iω(t−t ) f (t′ )θ(t − t′ ) (A.93)
ti ti
zn zm
A.2 Mostre que os representantes dos estados |ni e |mi, √
n!
e √
m!
, respectivamente,
são ortonormados, isto é, hfn |fm i = δn,m .
Z Y
n P P
η k Akℓ ηℓ + (η k ξk +ξ k ηk )
dηk dηk e
1
P
ξk (A−1 )kℓ ξℓ
= det A e (A.95)
onde
Z
1 4 1
S0 (φ, J) = d x ∂µ φ∂ µ φ − m2 φ2 + Jφ (B.2)
2 2
é a acção do campo escalar livre acoplada a uma fonte exterior. Vamos primeiro
estudar este caso, isto é, supor que V = 0. O caso geral é fácil, de obter a partir
deste, como veremos mais à frente. O hamiltoniano é dado por
Z
1 2 1 1
H= d3 x πop + (∇φop )2 + m2 φ2op − Jφop (B.3)
2 2 2
e podemos introduzir os operadores a(k) e a† (k) tais que num certo instante
Z h i
φop = ˜ a(k) ei~k·~x + a† (k) e−i~k·~x
dk (B.4)
e
Z h i
πop = −i ˜ a(k) ei~k·~x − a† (k) e−i~k·~x ω(k)
dk (B.5)
então
183
184 Apêndice B. O integral de caminho em teoria quântica dos campos
Z h i
H= ˜ ω(k)a† (k)a(k) − f (t, ~k)a† (k) − f (t, ~k)a(k)
dk (B.6)
onde introduzimos a transformada de fourier espacial da fonte,
Z
~
f (t, ~k) = d3 x e−ik·~x j(t, ~x) (B.7)
e onde definimos
˜ ≡ d3 k d4 k
dk = 2πδ(k 2 − m2 )θ(k 0 ) (B.8)
(2π)3 2ωk (2π)4
usando os resultados do problema A.1 podemos escrever imediatamente o kernel do
operador de evolução
Z
U(z f , tf ; zi , ti ) = exp ˜ z f (k) e−iω(k)(tf −ti ) zi (k)
dk
Z tf h i
+i dt z f (k) e−iω(k)(tf −t) f (t, ~k) + f (t, ~k) e−iω(k)(t−ti ) zi (k)
ti
Z Z
1 tf tf ′
− dt dt′ f (t, ~k) e−iω(k)(t−t ) f (t′ , ~k) (B.9)
2 ti ti
z → z e−iωt (B.11)
Portanto o kernel da matriz S é
Z Z
S(z f , zi ) = lim exp ˜ f (k)zi (k) exp
dkz ˜
dk
−ti ,tf →∞
Z tf
i [z f (k) eiω(k)t f (t, ~k) + f (t, ~k) e−iω(k)t zi (k)]
ti
Z Z
1 tf tf ′
− dtdt f (t, ~k) e−iω(k)(t−t ) f (t′ , ~k)
′
(B.12)
2 ti ti
O primeiro factor é aquilo que é necessário para passar do kernel usual para o kernel
normal. O restante pode ser interpretado se definirmos
Z h i
φas ≡ ˜ zi (k) e−ik·x + z f (k) eik·x
dk (B.13)
B.1. Quantificação via integral de caminho 185
Z Z tf h i
˜
dk dt z f (k) eiω(k)t f (t, ~k) + f (t, ~k) e−iω(k)t zi (k)
ti
Z Z h i
4 ˜ ~ ~
= d x dkJ(x) z f eiω(k)t−ik·~x + zi (k) e−iω(k)t+ik·~x
Z
= d4 xJ(x)φas (x) (B.14)
e para o segundo
Z Z Z
′
˜
dk dt dt′ f (t, ~k) e−iω(k)(t−t ) f (t′ , ~k)
Z Z
= 4 4 ′
d xd x J(x)J(x ) ′ ˜ e−iω(k)(t−t′ )+i~k·(~x−~x′ )
dk
Z
= d4 xd4 x′ J(x)GF (x − x′ )J(x′ ) (B.15)
pois
Z
˜ e−iω(k)(t−t′ )+i~k·(~x−~x′ )
dk
Z
= ˜ e−iω(k)(t−t′ )+i~k·(~x−~x′ ) θ(t − t′ )
dk
Z
+ ˜ eiω(k)(t−t′ )+i~k·(~x−~x′ ) θ(t′ − t)
dk
Z
′ 1
=i d4 k e−ik·(x−x )
k2 − m2 + iε
= GF (x − x′ ) (B.16)
R 1
R
d4 x J(x)φop (x) d4 xd4 x′ J(x)G0F (x−x′ )J(x′ )
S0 (J) =: ei : e− 2 (B.18)
Como o funcional gerador das funções de green é h0|S0 (J)|0i obtemos imediatamente
1
R
d4 xd4 x′ J(x)G0F (x−x′ )J(x′ )
Z0 (J) = e− 2 (B.19)
Este resultado permite resolver o problema de qualquer potencial V (x). De facto é
fácil de mostrar que no caso geral os kernéis estão relacionadoss por
" Z !#
N 4 δ
S = exp −i d xV S N (J)|J=0 (B.20)
iδJ(x)
e o operador S é
" Z !#
R δ
d4 xJ(x)φop (x) 4
S =: e : exp −i d xV Z0 (J)|J=0 (B.21)
iδJ(x)
ou seja
" Z !#
4 δ
Z(J) = exp −i d xV Z0 (J) (B.22)
iδJ(x)
com
1
R
d4 xd4 x′ J(x)G0F (x−x′ )J(x′ )
Z0 (J) = e− 2 (B.23)
Estas expressões permitem calcular qualquer função de green com as regras usuais
da teoria das perturbações. A quantificação usando os integrais de caminho conduziu
aos mesmos resultados (em teoria das perturbações) que a quantificação canónica.
As expressões para os funcionais geradores embora dêem resultados perturbativos
duma forma imediata não são as mais úteis quando estamos interessados em en-
contrar resultados válidos para além da teoria das perturbações. Para esses casos
(identidades de Ward, etc) é mais útil ter uma expressão formal em termos dum
integral de caminho. É isso que vamos agora estudar.
Z R
1 ˜
dk[z(k,tf )z(k,tf )+z(k,ti )z(k,ti )]
S(z f , zi ) = lim D(z, z) e 2
−ti ,tf →∞
Z Z
˜ 1 (ż(k, t)z(k, t) − z(k, t)ż(k, t))
tf
exp i dt dk
ti 2i
B.2. Representação dos funcionais geradores por integrais de caminho 187
−ω(k)z(k, t)z(k, t) − V (z, z) (B.24)
Estas fórmulas são obviamente sugeridas pelas relações entre φop , πop e a(k), a† (k)
expressas nas equações B.4 e B.5, só que aqui não se trata de operadores mas sim de
campos clássicos. Comecemos por escrever a acção em termos das novas variáveis,
Z Z
˜ 1 (ż(k, t)z(k, t) − z(k, t)ż(k, t))
tf
dt dk
ti 2i
⊓ + m2 )φas = 0
(⊔ (B.33)
Escrevemos a acção nas novas variáveis
Z Z
tf 1 1 1 1
d3 x dt (π∂0 φ − ∂0 πφ) − π 2 − (∂k φ)2 − m2 φ2 − V (φ)
ti 2 2 2 2
Z tf
3 1
= d x − πφ
2 ti
Z Z
tf 1 1 1
+ d3 x dt π∂0 φ − (π12 + 2π∂0 φ − (∂0 φ)2 ) − (∂k φas )2 − (∂k φ1 )2
ti 2 2 2
1 1
−∂k φas ∂k φ1 − m2 φ2as − m2 φ21 − m2 φas φ1 − V (φ)
2 2
Z tf
1
= d3 x − πφ
2 ti
Z Z
3
tf 1 1 1 1
+ d x dt − π12 + (∂0 φas )2 + ∂0 φas ∂0 φ1 + (∂0 φ1 )2 − (∂k φas )2
ti 2 2 2 2
1 1 1
− (∂k φ1 )2 − ∂k φas ∂k φ1 − m2 φ2as − m2 φ21 − m2 φas φ1 − V (φ)
2 2 2
Z tf
1 1
= d3 x ∂0 φas φas + ∂0 φas φ1 − πφ
2 2 ti
Z Z
3
tf 1 1 1
+ d x dt − π12 + ∂µ φ1 ∂ µ φ1 − m2 φ21 − V (φ)
ti 2 2 2
Z tf
3 1 1
= d x ∂0 φas φ − ∂0 φas φas − πφ
2 2 ti
Z Z
3
tf 1 1 1
+ d x dt − π12 + ∂µ φ1 ∂ µ φ1 − m2 φ21 − V (φ) (B.34)
ti 2 2 2
Z tf
3 1 1
i d x ∂0 φas φ − ∂0 φas φas − πφ
2 2 ti
Z
= ˜ z f (k)zi (k) − 1 [z(k, tf )z(k, tf ) + z(k, ti )z(k, ti )]
dk
2
1 −iωtf 2 1 iωti 2
− [z(k, tf ) − zi (k) e ] − [z(k, ti ) − z f (k) e ] (B.35)
4 4
Nesta expressão o primeiro termo dá a passagem do kernel usual para o kernel
normal, o segundo cancela exactamente o termo na fronteira na definição inicial de
S(z f , zi ) e os últimos têm que ser estudados em detalhe. Reunindo tudo até este
ponto a expressão do kernel normal da matriz S é
Z Z 2
N 1 ˜
S (φas ) = lim D(φ, π) exp − dk z(k, tf ) − zi (k) e−iωtf
−ti ,tf →∞ 4
iωti 2
+ z(k, ti ) − zf (k) e
Z Z
tf 1 1
exp d3 x dt −π12 + ∂µ φ1 ∂ µ φ1 − m2 φ21 − V (φ) (B.36)
ti 2 2
Esta expressão já está próxima do resultado final. Falta só mostrar que os termos
dentro da primeira exponencial tendem para zero quando −ti , tf → ∞. Esta é a
parte mais delicada do argumento. Vamos expô-lo por passos: i) Funções rapida-
mente decrescentes
R
Queremos que I(t) = d3 x π12 (~x, t) seja integrável. Dizemos então que funções
como π1 (~x, t) são rapidamente decrescentes (RD) quando |t| → ∞.
ii) Informação sobre z 1,out (k, t) e z1,in (k, t)
Da definição φ = φas + φ1 resultam as definições
z(k, t) = zi (k) e−iωt + z1 (k, t)
(B.37)
iωt
z(k, t) = z f (k) e + z 1 (k, t)
As condições na fronteira dizem-nos que z 1,out (k, t) e z1,in (k, t) são funções RD quando
t → +∞ e t → −∞ respectivamente, mas não nos dizem nada sobre z 1,in e z1,out ,
que são precisamente os limites que precisamos.
iii) Informação sobre os limites z1,out e z 1,in
Informação sobre os limites z1,out e z 1,in obtém-se a partir do seguinte raciocı́nio,
π1 = π − ∂0 φ
190 Apêndice B. O integral de caminho em teoria quântica dos campos
Z n
= ˜ [iω(k)z(k, t) − ∂0 z(k, t)] e−i~k·~x
dk
~
o
− [iω(k)z(k, t) + ∂0 z(k, t)] eik·~x
Z h i
≡ − ˜ z 2 (k, t) e−i~k·~x + z2 (k, t) ei~k·~x
dk (B.38)
Para que π1 seja do tipo RD quando |t| → ∞ também teremos que ter z2 (k, t) e
z 2 (k, t) RD nesses limites. Vejamos qual a informação contida neste resultado.
• t → +∞
Obtemos então que a função
= RD t → +∞ (B.40)
• t → −∞
A informação contida nas condições na fronteira é
ou seja
z(k, t)
= z in (k) eiωt + z 1,in (k, t) t → −∞
(B.44)
−iωt
z(k, t) = zout (k) e + z1,out (k, t) t → +∞
Mas usando os resultados anteriores
∂0 z(k, t) − iω(k)z(k, t) = RD t → −∞
ou seja
φ = φas + RD (B.49)
v) Resultado final
Estamos agora em condições de atacar o nosso problema. Temos
Z h i2
lim ˜ z(k, ti ) − zf (k) eiωti
dk
ti →−∞
Z h i2
= lim ˜ (z in (k) − z f (k)) eiωti + z 1,in (k, ti )
dk
ti →−∞
Z h
= lim ˜ (z in (k) − z f (k))2 e2iωti + 2 (z in (k) − z f (k)) eiωti z 1,in (k, ti )
dk
ti →−∞
i
+z 21,in (k, ti )
192 Apêndice B. O integral de caminho em teoria quântica dos campos
= 0 (B.50)
Z Z
N i
S (φas ) = D(φ, π) exp − d4 x π12
2
Z
1 1
× exp i d4 x ∂µ φ1 ∂ µ φ1 − m2 φ21 − V (φ) (B.51)
2 2
Z R
N i d4 x[ 21 ∂µ φ1 ∂ µ φ1 − 12 m2 φ21 −V (φ)]
S (φas ) = D(φ) e
Z R
d4 x[L(φ1 )−(V (φ)−V (φ1 ))]
= D(φ) ei (B.52)
φ=φas +φ1
Z
4
Z[η, η] = h0| T exp i d x η(x)ψ(x) + ψ(x)η(x) |0i (B.56)
δ 2n Z
G2n (x1 , . . . , yn ) = (B.58)
iδη(yn ) · · · iδη(y1 )iδη(xn ) · · · iδη(x1 )
onde as derivadas são esquerdas, isto é
Z
δ
d4 yη(y)ψ(y) = ψ(x)
δη(x)
Z
δ
d4 yψ(y)η(y) = −ψ(x) (B.59)
δη(x)
Problemas Apêndice B
δ 2n Z
G2n (x1 , . . . , yn ) = (B.66)
iδη(yn ) · · · iδη(y1 )iδη(xn ) · · · iδη(x1 )
B.2 Mostre que o funcional gerador das funções de Green para a teoria de Dirac
livre é dado por
R 0 (x−y)η(y)
d4 xd4 y η(x)SF
Z0 [η, η] = e− (B.67)
B.3 Mostre que o funcional gerador das funções de Green para a teoria de Dirac
livre se pode representar pelo seguinte integral de caminho
Z R
d4 x [L(x)+ηψ+ψη]
Z0 [η, η] = D(ψ, ψ) ei (B.68)
Problemas 195
1 1
L(x) = ψ(i∂/ − m)ψ + ∂µ φ∂ µ φ − mφ2
2 2
−gψ(x)ψ(x)φ(x) (B.69)
onde
R
d4 xd4 y [η(x)SF
0 (x−y)η(y)+ 1 J(x)∆ (x−y)J(y)
]
Z0 [η, η, J] = e− 2 F
(B.71)