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diferenciar derrame
pleural exsudativo do
transudativo?
Fonte: Tomatheart.
#importante
Os critérios de Light devem ser
memorizados, pois sempre estão
presentes nas provas, e auxiliam na
resolução de inúmeras questões.
A relação proteína sérica-pleural tem sido utilizada no seguinte
contexto: paciente com exsudato pelos critérios de Light e
quadro clinicamente compatível com transudato. Sendo essa
relação acima de 3,1 g/dL, a caracterização de exsudato pelos
critérios de Light deve ser ignorada e o derrame pleural encarado
como transudato. Perceba que a relação é sérica-pleural e não
pleural-sérica, como no critério de Light. É justamente o inverso.
Tal problema ocorre classicamente em pacientes com
insuficiência cardíaca congestiva que receberam diurético, o que
torna o líquido um pouco mais “concentrado”, alterando as
concentrações de DHL e proteínas no fluido.
Outro parâmetro que pode auxiliar nesse mesmo contexto é o
cálculo do gradiente de albumina soro-líquido pleural; este,
quando superior ou igual a 1,2, na situação citada, define
transudato. É importante ponderar que o uso isolado da albumina
pode gerar equívocos diagnósticos e não é indicado a situações
diferentes da descrita.
É sempre bom termos em mente que a principal causa de
derrame pleural é insuficiência cardíaca; a principal causa de
transudato, por conseguinte, também é insuficiência cardíaca. A
principal causa de exsudato é pneumonia bacteriana.
A análise do líquido não se restringe à sua caracterização como
transudativo ou exsudativo. Deve-se buscar o diagnóstico
etiológico. Para tanto, avaliam-se as características
macroscópicas, bioquímicas e bacteriológicas do líquido. É
interessante ressaltar que todos esses parâmetros devem ser
solicitados sempre que possível para uma análise completa do
derrame pleural.
O algoritmo diagnóstico é apresentado na Figura 8.7, e depois de
estudá-lo, vamos ver como avaliar cada dado do derrame pleural
e tecer algumas considerações sobre as principais causas de
derrame pleural na nossa prática clínica.
Figura 8.7 - Algoritmo diagnóstico na análise de derrame pleural
8.4.2 Bacterioscópico
Na suspeita de derrame exsudativo, deve-se sempre solicitar uma
bacterioscopia — Gram — e inocular, à beira do leito, o líquido
pleural em meios de cultura para aeróbios e anaeróbios.
Dependendo do caso, podem-se pedir culturas para fungos e
micobactérias; o micológico direto pode mostrar algum fungo,
mas a pesquisa de micobactérias no esfregaço tem baixíssimo
rendimento, exceto na AIDS ou no empiema tuberculoso.
8.4.3 Citologia
Mais do que a contagem absoluta de células no líquido, é
importante a avaliação diferencial.
Quadro 8.1 - Celularidade no líquido pleural
No líquido pleural, via de regra, são encontrados mesoteliócitos,
que têm maior importância prática quando estão ausentes, o que
é um estigma de pleurite tuberculosa.
A citologia oncótica pode diagnosticar um derrame pleural
neoplásico. A sensibilidade é baixa, e sua ausência nunca exclui o
diagnóstico de neoplasia, mas vale ressaltar que a sensibilidade
do método está diretamente relacionada à expertise do
laboratório que faz a análise. Tem maior utilidade em derrames
com predomínio de linfócitos e monócitos. Quanto a pacientes
com suspeita de derrame neoplásico e citológico negativo, deve-
se realizar uma videotoracoscopia. As principais neoplasias
associadas ao derrame pleural maligno — acima de 75% dos
casos — são, em ordem decrescente de frequência, cânceres de
pulmão, de mama e linfoma.
Quadro 8.2 - Positividade da citologia oncótica
Na presença de derrame sanguinolento, deve-se solicitar o
hematócrito do líquido: quando acima de 50% do hematócrito do
paciente, define-se hemotórax, indicando-se drenagem torácica,
sendo a etiologia mais comum o trauma; quando abaixo de 1%,
não tem significado; quando entre tais valores, define-se o líquido
como sero-hemorrágico — observado em neoplasias, embolia etc.
8.4.4 Bioquímica
8.4.4.1 pH
#importante
Convém lembrar que adenosina
deaminase é sugestiva de tuberculose
pleural, porém, o marcador não é
patognomônico.
8.4.4.4 Amilase
#importante
O líquido pleural neoplásico tem
característica exsudativa, cor amarelo-
citrino ou hemático, predomínio
linfocitário e pH e glicose reduzidos em
20% dos casos. Pode apresentar, ainda,
elevação da amilase em 10% dos casos.
A citologia oncótica tem baixa sensibilidade, que é um pouco
maior nos casos de adenocarcinoma; sempre deve ser solicitada,
pois, se positiva, define o diagnóstico. Quanto aos pacientes ainda
sem diagnóstico de neoplasia, é importante realizar um exame de
imagem logo após a toracocentese, para visualizar por completo
o parênquima pulmonar.
Uma vez confirmado o derrame pleural maligno em paciente com
carcinoma pulmonar, está caracterizada doença avançada, com
estádio, no mínimo, IIIb, apresentando tratamento paliativo. Nesse
caso, o objetivo do tratamento é a melhora da dispneia. Os
derrames pleurais malignos de pequeno volume, minimamente
sintomáticos, não progressivos e não recidivantes, podem ser
acompanhados somente com observação clínica. A
toracocentese é o procedimento de escolha para o alívio da
dispneia em pacientes com sobrevida curta, de três a seis meses.
A taxa de reacúmulo de líquido pleural, após 30 dias da
toracocentese, está próxima de 100%, e deve-se evitar a retirada
de mais de 1,5 L por punção devido ao risco de edema de
reexpansão, embora não seja comum.
Uma opção de tratamento, para pacientes em que não ocorre
expansão pulmonar após a toracocentese, é a drenagem pleural,
usando cateter de fino calibre. A pleurodese representa uma
opção para o tratamento definitivo. O uso de substâncias
esclerosantes determina reação inflamatória aguda das
superfícies pleurais, que resulta em intensa fibrose e sínfise do
espaço pleural. Tal processo pressupõe aposição das pleuras
visceral e parietal, mediante a drenagem de todo o líquido
acumulado e a reexpansão pulmonar. Algumas condições são
necessárias para o sucesso do procedimento: melhora clínica
com toracocentese com remoção parcial ou total do volume,
natureza maligna do derrame bem determinada e reexpansão
pulmonar com a toracocentese, a qual pode não acontecer em
pacientes com obstrução brônquica, encarceramento neoplásico
do pulmão e linfangite carcinomatosa.
8.6.5 Outras causas
8.6.5.1 Tromboembolismo pulmonar
Qual a importância de
diferenciar derrame
pleural exsudativo do
transudativo?
A diferenciação de derrames pleurais exsudativos e
transudativos é realizada a partir da avaliação dos
critérios de Light. Essa diferenciação auxilia muito na
investigação diagnóstica. Derrames pleurais
exsudativos representam causas diretamente
relacionadas com acometimento pleural, como
pneumonia, derrames pleurais neoplásicos, tuberculose
pleural e outros. Já os transudativos são aqueles em que
o derrame pleural é formado em consequência de causa
não pleural, mas sim em reverberação de desajuste
gerado por doença em outro sistema, como
insuficiência cardíaca, cirrose e outras.
Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade
Estadual Paulista
Para a primeira etapa da FMB-UNESP, o candidato precisa realizar
uma prova de 100 questões de múltipla escolha, com quatro
alternativas cada. Já na segunda etapa será avaliado o currículo
do candidato.
Para a prova, é importante estudar as especialidades de Pediatria,
Saúde Coletiva, Ginecologia e Obstetrícia, que são as áreas de
conhecimento mais cobradas. Considere que as áreas de Clínica
Médica, Cirurgia Geral e Medicina Preventiva e Social também
farão parte das avaliações.
A dica é prestar uma atenção especial em Neonatologia, Sistema
Único de Saúde (SUS), doenças estruturais do sistema
cardiovascular, medidas de frequência, estudos epidemiológicos,
Medicina Legal, leis orgânicas de saúde, atenção primária à saúde
e Estratégia Saúde da Família, doenças infecciosas, infecções
sexualmente transmissíveis e AIDS. Esses temas foram os mais
recorrentes nas últimas edições da prova.
FMB-UNESP | 2020
Mulher de 64 anos apresenta dispneia aos grandes esforços e
emagrecimento há 1 mês. Radiografia de tórax: velamento do 1/3
médio e inferior do hemitórax direito. Realizada toracocentese
diagnóstica. Exames do líquido pleural: pH 7,28; DHL 890 U/L;
glicose 85 mg/dL; proteína 4,2 g/dL; celularidade 90% de
linfócitos; adenosina deaminase: normal e citopatológico negativo
para neoplasia. Exames séricos: DHL 650 U/L; proteína 5,5 g/dL.
Após a análise do derrame pleural, a conduta é:
a) biópsia de pleura
b) drenagem pleural fechada
c) pleurodese
d) observação
Gabarito: a
Comentários:
a) Paciente preenche critérios de Light para exsudato. Há
predomínio de linfócitos no líquido pleural e ADA negativo. Dessa
forma, é mandatária a confirmação etimológica por biópsia, sendo
neoplasia e tuberculose — apesar do ADA negativo — as
principais hipóteses.
b) A drenagem “em selo d'água” está indicada para pacientes com
derrames pleurais de repetição, traumáticos ou em pacientes
com derrame pleural parapneumônico complicado, empiema
pleural.
c) A pleurodese é procedimento definitivo indicado em pacientes
com derrame pleural de repetição de etiologia conhecida e
refratariedade aos outros tratamentos, maioria de pacientes com
derrames neoplásicos.
d) Paciente não tem diagnóstico estabelecido para o derrame
pleural, deverá prosseguir investigação.