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EDITORA PERSPECTIVA
EDITORA DA UNIVERSIDADE DE SAO PAULO
SUMÁRIO
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO

1
O texto original encontra-se no Cap. V de JOSÉ BRUNET Y BELLET, El Ajedrez-Investigaciones sobre su Origen, Barcelona, L'A-vens, 1890; RAINER A.
MÚLLER, Der Arzt im Schachspiel, München, Verlag Karl Thiemig, 1981, pp. 60-67 e como Apêndice ao Cap. III da Parte II da obra de Murray (vide nota
seguinte). Nestes dois últimos casos, incompleto. Uma edição completa dos problemas de xadrez de D. Alfonso é a de J.B.S.P., El Ajedrez de D. Alfonso, Madrid, La
Franco Espanola, 1929.
2
H. J. R. MURRAY, A History of Chess, Oxford at the Clarendon Press, 1913, reimpresso em 1962. Uma bibliografia atualizada pode ser encontrada em
RICHARD EALES, Chess: The History of a Game, London, Batsford, 1985.
3
A. S. M. DICKINS e H. EBERT, 100 Classics of the Chessboard, Pergamon, 1983.
1. O XADREZ NA IDADE MÉDIA

1
Chess:TheHistory...,p.4H.
2
3
4

5
D. João Mehlmann fez-me notar que numa das mais antigas gramáticas da língua portuguesa, a de João de Barros (que, imprecisamente afirma ser "o primeiro que
pôs a nossa linguagem em arte"), ainda aparece o xadrez como princípio de comparação para as leis da linguagem: "E como pera o jogo de enxedrez se requerem
dous reis, um de üa cor e outro de outra e que cada um deles tenha suas peças postas em casas próprias e ordenadas, com leis do que cada uma deve fazer (segundo o
ofício que lhe foi dado), assim tôdalas linguagens têm dous reis, diferentes em gênero e concordes em ofício: a um chamam nome e ao outro verbo. "Cada um destes
reis tem sua dama: à do nome chamam pronome e à do verbo advérbio. "Participio, artigo, conjunção, interjeição são peças e capitães principais, que debaixo da
sua jurdição têm muita pionagem de dicções, com que comummente servem, a estes dois poderosos reis: nomes e verbo" (JOÃO DE BARROS, Gramática da
Língua Portuguesa, ed. de 1540, edit. por J. P. Machado, 1957).
2. AS REGRAS DO XADREZ NA IDADE MÉDIA

1
Muitos problemas de D. Alfonso são cópias de originais árabes. Em se tratando de problemas, admitem-se situações artificiais, como é o caso do problema da
"roda d'água" à p. 34 é do problema 94 à p. 116. Em outros casos, D. Alfonso "europeiza" o problema ou a solução do original árabe.
2
Naturalmente, a época de adoção do novo xadrez varia de região para região.
3
O que mudará também o caráter do Peão que se promove a Dama.
3. JOGANDO O XADREZ MEDIEVAL:
ALGUNS EXEMPLOS

4
São os problemas de n. 83, 82 e 553 que Murray recolhe no Cap. XV da Parte I de seu livro (o 83 é o de n. 54 em D. Alfonso; o 82 é semelhante ao de n. 1 em D.
Alfonso
5
Abreviaremos por ALF. n o n-ésimo problema da coleção de D. Alfonso. Quando se trata do xadrez medieval com suas regras específicas, utilizaremos diagramas
como o que se vê nesta página seguinte: peças voltadas para o oponente. Para diagramas do xadrez atual, valemo-nos da convenção usual.
Problema da "Roda d'Água"
1. C R1B
2. C R1R
3. C R2D
4. C R2B
5. C R3C (Se

6. 8R+ C R4C R1C


7. C R5B
8. C R6B
9. C R7D
10. C R7R
11. C R6B
12. C R6C
13. C R5T
14. C R4T
15. C R3C
16. C R2C

Uma Versão Moderna

6
APUD DICKINS-EBERT, 100 Classics..., p. 166.
Exércitos em Guerra
C2D + R7T
C3B + R6T
C(2D)1C+ R5C
C2T+ R4C
C3T+ R3T
C4C+ .R2T
C5C+ R1C
C6T+ R1B
C7T+ R2D
C8C+ R2R
C8B + R1B
C7D + R1C
C7R+ R1T
R2C mate

7
Apud I. M. LINDER, Chess in Old Rússia, Zürich, Kühnle, 1979, 42 p. 168. Este problema foi-nos apontado por Herman Claudius.
A Partida Mais Antiga

P3CR P3CR
P4CR P3BR
P3R P3R
C2R P3D
T1C P3B
P3BR P3C
P4B P3TD
P5B PCXP
PXP PXP
B3TR C2R
T1B T1C
C3C T4C
BXP P3T
B3TR C2D
P3D P4D
P3B D2B
P3C T2T
P4B B3D
C3B B3R
PXP PXP
P4D B1BR
T2B D3D
P4C T2B
R2D P4C
B3T C3CD
B5BD C3B
P3T R2B

T2CD

8
. Lembrar que o Peão nas regras árabes não pode avançar duas casas em seu lance inicial.
9
Apud FRANÇOIS LE LIONNAIS & ERNST MAGET, Dic-tionnaire des Échecs, Paris, PUF, 1967, verb.: "Anciennes".
4. A LITERATURA ENXADRÍSTICA MEDIEVAL

4.1. As Obras Didáticas: Poema de Deventer

Sobre o Xadrez (Poema de Deventer)

4.2. As Obras Morais: Moralitas de Scaccario

Moralitas de Scaccario

1
Op. cit., p. 505.
2
Regina, Rainha, ainda que adiante o poema designe esta peça com outros termos, como Alferza. O nome Bispo não é usado, e sim Stul-tus, o bobo, ou outros
termos.
3
É freqüente a referência ao Alfil como "espião" ou "ladrão" pois é a peça mais apta a surpreender o adversário distraído.
4
Valemo-nos para esta tradução do original latino do século XIII, outrora atribuído a lnocêncio III(1198-1216), que vem recolhido em MURRAY, pp. 560-561.
Veja-se também o artigo de LYNN THORNDI-KE, "All the World's a Chess-Board",Speculum, 1931, pp. 461-465.
5
De um ventre: o de Eva ou o da Terra.
6
Diz o original: simul in unwn dives et pauper o que na realidade, é o Salmo 48, 3. Esta, como as demais notas bíblicas, devo-as a D. João Mehlmann.
7
Cf. Luc. 16, 22: "... et sepultus est in inferno", morreu o rico... e foi sepultado no inferno. A Neovulgata corrige a pontuação: "... e foi sepultado. No inferno
8
É a célebre sentença do Corpus luris Civitis: "quidquid principi placet, legis habet vigorem".
9
Amos 5, 7, em citação livre.
10
Esta sentença: "in inferno nulla est redemptio" 6 do Oficio de Defuntos.
11
Cf. I/o., 2, 16.
4.3. Coleções de Problemas

5. O "LIBRO DEL ACEDREX" DE D. ALFONSO

Brancas
VERMELHAS
5.2. Libro del Acedrex de D. Alfonso o Sábio
Introdução

12
No orig.: iuegos e trebeios. Iuegos é termo mais geral, que pode designar também esportes a cavalo etc.; trebeios indica jogos de tabuleiro. D. Alfonso emprega
trebeios também para as peças do xadrez. Cf. verbete "Trebelhos-I" no Elucidário das Palavras, Termos e Frases que em Portugal Antigamente se Usaram de FR.
JOAQUIM SANTA ROSA VITERBO, Lisboa, ed. A.J. Fernandes Lopes, 1865.
13
Bafordar ou bofordar: brincar com lanças no jogo de armas fingindo combate militar. Cf. Elucidário...
14
Índia Maior ou índia, em contraposição à índia Menor, a Etiópia (Nota de D.J.M).
15
No orig.: troxo Acedrex cos sus iuegos. Iuegos poderia ser traduzido também por jogos, uma vez que, como explica D. Alfonso mais 8 adiante, há diversas
modalidades de xadrez.
16
Há diversos jogos e uns representam as coisas que sucedem em tempos de paz; outros, a guerra. O xadrez que D. Alfonso descreve neste texto é um jogo à
semelhança da guerra.
Do movimento das peças do xadrez18

17
Dos trebeios que se semeiam, duas peças que se assemelham, diz o original a propósito dos 2 Alfiles, 2 Cavalos e 2 Torres. No caso dos Alfiles (um corre por
casas pretas; outro, por brancas) dissemos que se parecem; já dos Cavalos e Torres, dissemos, nesta tradução, que são iguais.
18
D. Alfonso inclui na contagem a casa onde a peça está. E assim, quando diz que o Alfil salta três casas, traduzimos por duas casas, mais adequado para a
compreensão do enxadrista contemporâneo.
De que modo as peças tomam no xadrez

Das vantagens das peças do xadrez


De como o Rei e todas as outras peças do xadrez podem andar e tomar: algumas, em todas as casas do tabuleiro; outras,
só em algumas casas

19
O original diz 33 lances.
20
O Alfil, naturalmente, atinge oito e não seis casas. Neste caso, portanto, deve tratar-se de uma referência às casas a que pode chegar sem passar duas vezes pela
mesma casa.
21
Como não contavam com os nossos atuais Bispo e Dama, a Torre era a única peça cujo raio de ação não era fixo.
6. O PROBLEMA DE XADREZ NA IDADE MÉDIA
Introdução

6.1. Problemas Medievais que Não Pressupõem Regras Diferentes das Atuais

1
Devemos esta oportuna observação a Herman Claudius.
6.2. Problemas Especificamente Medievais
1. C6B R3C
2. C5T R4C
3. C4B R5C
4. C3T R6C
5. C2B R7C
6. C1T R8C
7. T(8B)8C + R8B
8. T2T R8D
9. T8BD R8R
10. T8D R8B
11. T3D R8R
12. C3C R8B
13. C4D R8R
14. C3B+ R8B
15. T2CR PXT mate

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