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Não temos nada contra a Economia. Pelo contrário, trata-se de mais um campo onde
ideias criativas, inovadoras, justas e universalistas podem e devem ter lugar -
conduzindo a um estado de coisas que facilite a expressão das mais nobres
capacidades do ser humano, propiciando o tempo e os meios para tal.
Noutra perspectiva ainda, não podemos ter outro sentimento senão o de viva
compreensão e respeito por quem, sofrendo privações e dificuldades, olhe para o
futuro com ansiedade, receando piores dias e desejando melhores condições
materiais - por quem, afinal, conta todos os cêntimos, não por avareza mas, antes,
por necessidade manifesta.
Finalmente, nada nos move contra quem possa ter uma vida materialmente digna,
confortável e que propicie bem estar e factores de relaxamento, no meio da tremenda
pressão da vida contemporânea.
Pode a dignidade do ser humano ser baseada em tais coisas? Onde sobra o espaço
para o amor, para a criatividade, para a solidariedade, para a ternura e a compaixão,
para ser diferente em cada novo dia, para ponderar o mistério solene da Vida? Não
devemos parar um pouco, perguntar-nos por que 90% dos espaços dos jornais e
noticiários só falam de política, economia, futebol e mexericos, como se a tal se
resumisse a Vida? Não devemos, enfim, pensar de quanta desumanidade está cheia a
Humanidade - e encontrarmos a coragem, e o impulso, e a lucidez para fazermos
algo diferente e. melhor?