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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

Instituto de Geociências
Curso de Graduação em Ciência Ambiental

THUANY GOMES DE OLIVEIRA

MAPEAMENTO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP) NA


REGIÃO SERRANA DO RIO DE JANEIRO:

Um estudo de caso na bacia do Rio Boa Esperança, Nova Friburgo

Niterói
2014
THUANY GOMES DE OLIVEIRA

MAPEAMENTO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP) NA


REGIÃO SERRANA DO RIO DE JANEIRO:

Um estudo de caso na bacia do Rio Boa Esperança, Nova Friburgo

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


para obtenção do grau de Bacharel em Ciência
Ambiental.

Orientadora: Cristiane Nunes Francisco

Niterói
2014
O48 Oliveira, Thuany Gomes de

Mapeamento das Áreas de Preservação Permanente (APP) na


Região Serrana do Rio de Janeiro: um estudo de caso na bacia do
Rio Boa Esperança, Nova Friburgo / Thuany Gomes de Oliveira. –
Niterói : [s.n.], 2014.
45 f. : il.

Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciência


Ambiental) - Universidade Federal Fluminense, 2014.

1.Geoprocessamento. 2.Áreas de Preservação Permanente.


3.Legislação Ambiental. I.Título.

CDD 910.0285
THUANY GOMES DE OLIVEIRA

MAPEAMENTO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP) NA


REGIÃO SERRANA DO RIO DE JANEIRO:

Um estudo de caso na bacia do Rio Boa Esperança, Nova Friburgo

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


para obtenção do grau de Bacharel em Ciência
Ambiental.

Defendido e aprovado em: _____/_____/_____

Banca examinadora:

_________________________________________
Profª. Cristiane Nunes Francisco - Orientadora
Universidade Federal Fluminense

__________________________________________
Prof. Kenny Tanizaki Fonseca - Membro
Universidade Federal Fluminense

___________________________________________
Prof.Alexandre José Firme-Vieira - Membro
Universidade Federal Fluminense
Ao irmão mais precioso do mundo, Cauã
Oliveira
AGRADECIMENTOS

Ao Criador do Universo, pela vida e por estar sempre presente, nos mínimos
detalhes, me sustentando e guiando meus passos. Por ser fonte de verdade, paz,
força e esperança. Sem Ele nada sou.

Aos meus pais, por todo amor e carinho, pela determinação e luta na minha
formação e por não medirem esforços pela minha felicidade. Ao meu irmão, Cauã
Oliveira, que de forma muito especial e carinhosa sempre me deu força e coragem.
Obrigada pelo companheirismo, alegria e por me fazer enxergar a vida com um olhar
mais simples.

À Cris, por ser uma orientadora incrível e excelente profissional, sempre


dedicada e disposta a ajudar e que, com muita paciência e atenção, dedicou do seu
valioso tempo para me orientar em cada etapa deste trabalho. Obrigada por tantos
ensinamentos ao longo desses anos de projetos e orientação, pela confiança e por
me motivar a fazer sempre o melhor. Gratidão eterna.

A todos os Profs. do C.A. por sonharem e lutarem por esse curso, darem o
melhor de si a cada dia e impulsionarem nosso crescimento. Cada um de vocês foi
essencial para a minha formação. Obrigada pela competência e dedicação, vocês
são maravilhosos, muito obrigada. Em especial agradeço ao Prof. Fabio Dias por
todo apoio e orientação durante a monitoria, à Profa. Mônica Senna pela amizade,
carinho e torcida e à Profa. Patrícia Ashley, por toda atenção e disposição em nos
ajudar.

Aos presentes que a graduação me proporcionou: Gleyce, Sauly e Rê, pelas


conversas, cafés, sorrisos, abraços e união; e Thiaguinho pela sua infinita paciência,
ajuda, suporte e amizade. Esta caminhada não seria a mesma sem vocês. Muito
obrigada.

À amiga-irmã-madrinha Bruna, por estar presente em todas as fases da


minha vida, pelo ombro amigo, carinho, companheirismo e preocupação.

Às amigas de longa data, Carol, Marcelle e Fernanda. Obrigada pela


amizade, por me ouvirem e apoiarem quando preciso e por, mesmo quando
distantes, estarem presentes.
Aos amigos Thomaz, pelo incentivo, carinho, confiança e conselhos; Thaiane
pela companhia e fofura; e Victor pelas conversas, imitações e apoio.

À turma de 2011, a qual tenho orgulho de fazer parte, pela convivência,


religação dos saberes e por compartilharmos juntos, o desafio e oportunidade de ser
primeira turma. Em especial à Laís, pela amizade e companheirismo nas lutas com
Cálculo e à Kelly por toda ajuda e carinho.

Aos meus padrinhos Sonia e José por todo amor, suporte e incentivo

E ao PZ pelos sábios conselhos, orações e apoio nos momentos difíceis.

Minha terna gratidão a todos que, mesmo não estando citados aqui, direta ou
indiretamente contribuíram para que este sonho pudesse ser concretizado.
Em minhas labutas conheci o destino da árvore (...). Sinto-me hoje apenas
semente. E como semente me sinto inteiro. Pois na semente se esconde o
frescor da copa, o vigor do tronco, o segredo das raízes e a vitalidade da
seiva. Na semente está toda a promessa da vida, das flores e dos frutos.
Dela tudo pode renascer. Mas só renasce se, no espírito das bem-
aventuranças, eu aceitar o escuro do chão e o destino de toda semente: se
não morrer, não dará fruto. (Leonardo Boff)
RESUMO
As Áreas de Preservação Permanente (APP) foram instituídas pelo Código Florestal
(Lei nº 4.771/1965) e possuem importante papel para a conservação da natureza.
Os debates acerca da manutenção das APPs tem obtido lugar de destaque, em
especial, o embate entre ambientalistas e os proprietários de terra travada durante a
revisão do Código, que ocasionou na redução da área de preservação a partir da
alteração dos parâmetros adotados na delimitação das APPs. Diante disso, o
estudo teve por objetivo investigar a situação dos limites das APPs, de acordo com o
Código Florestal de 1965, regulamentado pela Resolução CONAMA 303/02, e o
Código Florestal de 2012, através do mapeamento das APPs da bacia do Rio Boa
Esperança, situada no distrito de Lumiar, Nova Friburgo, Região Serrana
Fluminense, por técnicas de geoprocessamento. Foram mapeadas as APPs de
cursos d’água, com a rede de drenagem extraída automaticamente, para posterior
criação da faixa de proteção. As APPs de declividade foram geradas com base no
Modelo Digital de Elevação. Para as APPs de nascentes, de acordo com o Código
Florestal de 2012, foram criados área de entorno considerando o primeiro vértice da
linha de drenagem, acrescida da bacia de contribuição de acordo com o Código
Florestal de 1965. Por fim, para o mapeamento das APPs de topos de morro, os
topos e as bases das elevações foram identificados manualmente de acordo com o
Código Florestal de 1965 e de 2012 e, a seguir, foram calculadas a amplitude e a
declividade para selecionar as elevações que possuem áreas de preservação. As
APPs delimitadas com base no Código Florestal de 2012 somam um total 372,5 ha
correspondendo a 14,6% da área da bacia, enquanto que as APPs mapeadas de
acordo com o Código de 1965 somam 768,7 ha, representando 30,1% da bacia.
Estes números demonstram uma redução de 53% das APPs na bacia, decorrente da
alteração dos parâmetros que delimitam os topos de morro e das nascentes
definidos no Código Florestal de 2012. A redução das APPs também significou
perda na conectividade entre os remanescentes dos topos de morros e cursos
d’água, atingindo as funções ambientais das APPs definidas no Código Florestal,
entre elas a de preservar da biodiversidade e facilitar o fluxo gênico.

Palavras-chave: Áreas de Preservação Permanente. Legislação Ambiental.


Geoprocessamento.
ABSTRACT
The Permanent Preservation Areas (PPA) were established by the Forestry Code
(Law Nº. 4.771/1965) and play an important role in nature conservation. Debates
about the maintenance of PPAs have obtained prominent place, in particular the
clash between environmentalists and the landowners of blocked land during the
revision of the Code, which resulted in reducing the conservation area by changing
the parameters adopted for the delimitation of PPAs. Thus, this study aimed to
investigate the situation of the limits of the PPAs, according to the Forestry Code of
1965, regulated by CONAMA Resolution 303/02, and the Forestry Code of 2012,
through the mapping of the Boa Esperança River Basin, located in Lumiar district,
Nova Friburgo in the Fluminense Mountain Region, through geoprocessing
techniques. PPAs watercourses were mapped, with the drainage network
automatically extracted for the subsequent creation of protection zone. The declivity
of PPAs were generated based on the Digital Elevation Model. For PPAs of springs,
according to the Forestry Code of 2012, surrounding areas were created considering
the first vertex of the drain line, plus the contribution basin according to the Forestry
Code of 1965. Finally, to map PPA hilltops, the tops and bases of the elevations were
manually identified according to the Forestry Code of 1965 and 2012 and,
afterwards, the amplitude and slope were calculated to select the elevations that had
conservation areas. The PPAs that were defined based on the Forestry Code of 2012
sum up to 372,5 ha, a number corresponding to 14,6% of the area of the basin, while
the PPAs mapped in accordance to the Forestry Code of 1965 totaled 768,7 ha,
30,1% of the basin. These numbers show a decrease of 53% of PPAs in the basin,
from changes in the parameters that define the hilltops and springs established in the
Forestry Code of 2012. The reduction of PPAs also meant the loss of connectivity
between the remnants of the hilltops and waterways, affecting the environmental
functions of PPAs defined in the Forestry Code, including the preservation of
biodiversity and to facilitate gene flow.

Keywords: Permanent Preservation Areas. Environmental Legislation.


Geoprocessing.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Localização da Bacia do Rio Boa Esperança, Nova Friburgo, RJ. ........... 25
Figura 2 - APPs de cursos d’água, Bacia do Rio Boa Esperança, Nova Friburgo, RJ.
.................................................................................................................................. 30
Figura 3 - APPs de nascentes de acordo com a Resolução CONAMA 303/2002,
Bacia do Rio Boa Esperança, Nova Friburgo, RJ. ..................................................... 30
Figura 4 - APPs de nascentes de acordo com o Código Florestal de 2012, Bacia do
Rio Boa Esperança, Nova Friburgo, RJ. ................................................................... 31
Figura 5 - APPs em encostas com declividade superior a 45º (100%), Bacia do Rio
Boa Esperança, Nova Friburgo, RJ. .......................................................................... 32
Figura 6 - APPs de topos de morro e linha de cumeada de acordo com a Resolução
CONAMA 303/2002, Bacia do Rio Boa Esperança, Nova Friburgo, RJ. ................... 33
Figura 7 - APPs de topo de morro de acordo com o Código Florestal de 2012, Bacia
do Rio Boa Esperança, Nova Friburgo, RJ. .............................................................. 34
Figura 8 - Bases de topo de morro de acordo com a Resolução CONAMA 303/2002
e o Código Florestal de 2012. ................................................................................... 34
Figura 9 - Topos de morro definidos pelo Código Florestal de 2012, considerando o
ponto de sela como base e amplitude altimétrica de 100m, Bacia do Rio Boa
Esperança, Nova Friburgo, RJ. ................................................................................. 35
Figura 10 - Declividade na Bacia do Rio Boa Esperança, Nova Friburgo, RJ. .......... 35
Figura 11- APPs de acordo com o Código Florestal de 1965 e Resolução CONAMA
303/2002, Bacia do Rio Boa Esperança, Nova Friburgo, RJ. .................................... 37
Figura 12 - APPs de acordo com o Código Florestal de 2012, Bacia do Rio Boa
Esperança, Nova Friburgo, RJ. ................................................................................. 37
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 13

2 REVISÃO DA LITERATURA 15
2.1 APPs de Cursos d’Água 18
2.2 APPs de Nascentes 20
2.3 APPs de Encostas 21
2.4 APPs de Topos de morro 21
2.5 Mapeamento de APPs por Geoprocessamento 22

3 METODOLOGIA 24
3.1 Área de estudo 24
3.2 Mapeamento das APPs 25

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 29

5 CONCLUSÃO 39

REFERÊNCIAS 40
13

1 INTRODUÇÃO

O Código Florestal (Lei 12.651/2012) define Área de Preservação Permanente (APP)


como “área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental
de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a
biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o
bem-estar das populações humanas”. Foram instituídas pelo Código Florestal (Lei nº
4.771/1965) e possuem importante papel para a conservação da natureza.

De acordo com Borges et. al. (2011) as APPs estão ligadas diretamente às funções
ambientais, tendo como objetivo assegurar o direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, como bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida. A legislação que trata das APPs surgiu, assim, em consequência
da grande preocupação em relação às áreas reconhecidas como importantes fontes
de bens e serviços ambientais, e que são essenciais para a sobrevivência do
homem.

Os debates acerca da preservação e conservação da vegetação nativa tem obtido


lugar de destaque, sendo um dos pilares para técnicos, pesquisadores e
ambientalistas que preconizam a sua importância para proteção e gestão dos
recursos hídricos. No entanto, apesar da legislação ambiental brasileiraser
considerada bastante ampla, alguns fatores tem contribuído para torná-la pouco ágil,
como, por exemplo, a deficiência em meios e materiais para apurar com rigor as
agressões ao meio ambiente (NASCIMENTO et al., 2005).

Neste contexto, ocupação indiscriminada das APPs tem gerado vastas extensões
degradadas, comprometendo, seriamente, a biodiversidade e os recursos hídricos.
Segundo Nery et. al. (2013) denota-se a relevância da proteção das APPs como
áreas responsáveis pela manutenção da vida, mas o cenário atual se configura com
diversas pressões antrópicas sobre o meio ambiente, que ocasionam em impactos
nas APPs, agravados pela necessidade de áreas novas, cada vez mais extensas,
para o uso da pecuária, principalmente, que provocam a desestruturação das áreas
de preservação, acarretando, assim, em efeitos negativos sobre a biodiversidade.

No entanto, diferentemente de outras áreas protegidas, como as Unidades de


Conservação, que possuem os limites territoriais definidos a partir da descrição na
lei de criação, ou em legislação posterior, dos vértices dos polígonos que definem os
seus limites, as APPs são definidas e delimitadas territorialmente pela presença de
elementos fisiográficos especificados no Código Florestal ou em legislação
complementar pertinente. Visto a importância que apresentam e as agressões que
vêm sofrendo, APPs devem ser mapeadas para que ocorra devida preservação.

As técnicas de geoprocessamento tornam-se alternativas viáveis para mapeamento


das APPs e, assim, no auxílio na redução das deficiências relativas à fiscalização e
aplicação da legislação. Contudo, são necessárias informações detalhadas da
unidade espacial em análise, no entanto há limitações devido à escassez de bases
cartográficas em grande escala necessárias para o mapeamento.
14

As imprecisões dos parâmetros fisiográficos para delimitação das APPs nos atos
legislativos, decorrentes da precariedade na conceituação dos elementos
fisiográficos, bem como do formalismo linguístico aplicado aos textos legais, que
geram interpretações divergentes que dificultam ainda mais a delimitação (BORGES,
2008).

A ambiguidade fruto da interpretação da legislação prejudica a manutenção das


APPs, tanto pela dificuldade em definir os limites das APPs quanto por gerar limites
divergentes que possam atender a interesses particulares. Neste sentido, o embate
entre os interesses dos ambientalistas, que advogam a necessidade de preservação
das APPs, e os interesses dos proprietários de terra, em especial dos ruralistas,
ficou claro durante o debate sobre o Código Florestal travado nos últimos anos no
Congresso Nacional, que ocasionou na redução da área de preservação a partir da
alteração dos critérios fisiográficos adotados na delimitação das APPs.

Diante do exposto, este trabalho visa investigar a situação dos limites das APPs,
mapeadas de acordo com o Código Florestal de 1965 e o Código Florestal de 2012,
buscando identificar o papel das áreas de preservação na manutenção de
fragmentos florestais, diante da mudança de critérios na delimitação das APPs
advindas pelo Código de 2012. O trabalho foi desenvolvido com base nos
parâmetros legais estabelecidos nos respectivos códigos que definem os limites das
APPs implementados através das técnicas de geoprocessamento.

Para alcançar tal objetivo, como estudo de caso, foram delimitadas as APPs da
bacia do Rio Boa Esperança, situada no distrito de Lumiar, Nova Friburgo. A bacia
em estudo está localizada na região serrana fluminense em área de remanescentes
de Mata Atlântica com a presença da atividade de agricultura familiar e que, nas
últimas três décadas, vem sendo atingida pela expansão das atividades de veraneio
e turismo.
15

2 REVISÃO DA LITERATURA

Embora as APPs tenham sido instituídas em 1965, o Código Florestal de 1934


(Decreto no 23.793/1934) já assinalava uma abordagem conservacionista,
estabelecendo quatro categorias de florestas quanto à finalidade de uso: protetoras,
remanescentes, modelo e de rendimento (MEDEIROS, 2004). Eram consideradas
florestas protetoras as que, por sua localização, serviam conjunta ou separadamente
para qualquer dos seguintes fins “a) conservar o regime das águas; b) evitar a
erosão das terras pela ação dos agentes naturais; c) fixar dunas; d) auxiliar a defesa
das fronteiras, de modo julgado necessário pelas autoridades militares; e) assegurar
condições de salubridade publica; f) proteger sítios que por sua beleza mereçam ser
conservados; g) asilar espécimes raros de fauna indígena” (Art. 4 - Decreto
no 23.793/1934).

As APPs instituídas pelo Código Florestal de 1965 foram inicialmente chamadas de


"Florestas de Preservação Permanente", porém como o termo "Floresta" ocasionou
interpretações dúbias, visto que indicava a presença de cobertura florestal como
critério para definição de APP foi editada a Medida Provisória 2.166-67/2001, que
alterou a nomenclatura para "Área de Preservação Permanente" (BORGES, 2008).
Esse código declara as florestas existentes no território nacional como bens de
interesse comum a toda a população, além de ter instituído a Reserva Legal nas
propriedades rurais.

Apesar das florestas protetoras terem sido estabelecidas pelo Código Florestal de
1934, cujas funções se assemelhavam com as APPs atuais, esse instrumento não
definiu os limites territoriais. O Código Florestal de 1965, com a criação das APPs,
estabeleceu os critérios para sua delimitação, no entanto, devido à dificuldade na
conceituação de alguns elementos fisiográficos que definem as APPs, bem como as
indefinições referentes à sua delimitação presente nesse Código, interpretações
divergentes surgiram, o que provocou várias alterações na legislação, a partir da
edição de medidas provisórias e resoluções do CONAMA (Quadro 1). De acordo
com BORGES (2008), a baixa efetividade do Código Florestal de 1965 se deve ao
formalismo linguístico aplicado aos textos legais, gerando interpretações que fogem
do objetivo da norma.

A Lei nº 7.511/1986 definiu a extensão das faixas marginais de proteção, enquanto a


Lei nº 7.803/1989, além de alterar também faixas marginais, definiu a área de
preservação das nascentes, e alterou a redação das APPs de tabuleiros ou
chapadas, especificando a área a ser preservada, e modificando a vegetação das
APPs em altitudes superiores a 1.800m. A Medida Provisória n° 2.166-67/2001
incluiu especificações sobre a supressão de vegetação em APP, e conceitos e
definições como, por exemplo, a definição de APP, Reserva Legal, pequena
propriedade rural, utilidade pública e interesse social. A resolução do CONAMA
303/2002 traz definições e conceitos sobre as APPs, como morro, montanha, nível
mais alto, nascente, vereda, tabuleiro etc. A Resolução CONAMA 369/2006 trata dos
casos de intervenção, enquanto a CONAMA 302/2002, dos reservatórios artificiais e
o uso em seu entorno.

No ano de 2012, foi instituído um novo Código Florestal (Lei 12.651/2012) e,


posteriormente, editada uma Medida Provisória (MP 571/2012). O Código Florestal
16

aprovado em 2012 incorpora, em parte, as definições e os critérios que delimitam as


APPs estabelecidos pelas resoluções CONAMA e Medidas Provisórias listadas no
Quadro 1. De acordo com esse Código, são consideradas APPs em zonas rurais ou
urbanas:

I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e


intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular
(...); II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais (...); III - as áreas
no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de barramento
ou represamento de cursos d’água naturais, na faixa definida na licença
ambiental do empreendimento; IV - as áreas no entorno das nascentes e
dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no
raio mínimo de 50 m; V - as encostas ou partes destas com declividade
superior a 45°, equivalente a 100% (cem por cento) na linha de maior
declive; VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de
mangues; VII - os manguezais, em toda a sua extensão; VIII - as bordas dos
tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa de o
mínimo 100 m; IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com
altura mínima de 100 (cem) metros e inclinação média maior que 25°, as
áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois
terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à base, sendo esta
definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho d’água
adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais
próximo da elevação; X - as áreas em altitude superior a 1.800 m, qualquer
que seja a vegetação; e XI - em veredas, a faixa marginal, em projeção
horizontal, com largura mínima de 50 (cinquenta) metros, a partir do espaço
permanentemente brejoso e encharcado (Art. 4o da Lei 12.651/2012).

Em relação às APPs, as principais alterações referem-se às mudanças nos


parâmetros de delimitação. Enquanto no Código Florestal de 1965, editado por
resoluções CONAMA, as APPs ao longo dos cursos d’água eram estabelecidas a
partir do nível mais alto do rio, no Código aprovado em 2012, passa a ser o nível do
leito regular, considerando apenas os cursos perenes e intermitentes, excluindo os
efêmeros. As APPs de nascentes eram estabelecidas de modo que protegessem a
bacia de contribuição, sendo desconsiderada no Código Florestal de 2012. O terço
superior dos morros, considerado como APPs de topo de morros, era delimitado nas
elevações com, no mínimo, 50 m de altura e 17º de declividade, enquanto no Código
Florestal de 2012, a altura mínima passa para 100 m e a declividade média para 25º.
Ainda sobre topo de morro, a base do morro era medida pela cota da depressão
mais baixa ao seu redor, enquanto, no Código Florestal e 2012, é definida pela cota
do ponto de sela mais próximo da elevação. Além disso, as linhas de cumeada não
são consideradas na legislação atual.
17

LEGISLAÇÃO DESCRIÇÃO

Aprova o Código Florestal criando as


Decreto no 23.793/1934
florestas protetoras.

Institui o Código Florestal e cria Florestas


Lei nº 4.771/1965
de Preservação Permanente.

Altera dispositivos da Lei nº 4.771/1965,


Lei nº 7.511/1986.
referentes à faixa marginal de proteção.

Altera a redação da Lei nº 4.771/1965,


mudando o texto do Art. 2º, que trata
Lei nº 7.803/1989 sobrefaixas marginais, nascentes,
tabuleiros ou chapadas e altitudes
superiores a 1800m.

Altera os Arts. 1o, 4o, 14, 16 e 44, e


acresce dispositivos à Lei no 4.771/1965,
que institui o Código Florestal, bem como
Medida Provisória n° 2.166-67/2001 altera o art. 10 da Lei no 9.393/1996, que
dispõe sobre o Imposto sobre a
Propriedade Territorial Rural - ITR, e dá
outras providências.

Dispõe sobre os parâmetros, definições e


Resolução Conama nº 302/2002 limites de APPs de reservatórios artificiais
e o regime de uso do entorno.

Dispõe sobre parâmetros, definições e


Resolução Conama nº 303/2002
limites de APPs.

Dispõe sobre os casos excepcionais, de


utilidade pública, interesse social ou baixo
Resolução Conama nº 369/2006 impacto ambiental, que possibilitam a
intervenção ou supressão de vegetação
em APP.

Dispõe sobre a proteção da vegetação


nativa; altera as Leis nos 6.938/1981,
9.393/1996, e 11.428/2006; revoga as
Leis nos 4.771/1965, e 7.754/1989, e a
Lei nº 12.651/2012
Medida Provisória no 2.166-67/2001; e dá
outras providências.

Altera a Lei no 12.651/ 2012, que dispõe


sobre a proteção da vegetação nativa;
altera as Leis nos 6.938/ 1981, 9.393/1996,
Medida Provisória nº 571/2012.
e 11.428/2006. Revoga as Leis nos 4.771/
1965, e 7.754/ 1989, e a Medida
Provisória no 2.166-67/ 2001.

Quadro 1 – Atos legislativos relacionados às APPs.


18

As alterações do Código Florestal acarretaram além da diminuição da área de APPs,


podendo ocasionar ainda mais a fragmentação dos remanescentes florestais,
comprometendo alguns dos objetivos estabelecidos para APPs, como a preservação
da biodiversidade, a facilitação do fluxo gênico de fauna e flora e proteção do solo.

A fragmentação trata-se de um processo no qual um habitat contínuo é dividido em


manchas, ou fragmentos, mais ou menos isolados e, segundo Vidal et. al (2007),
leva à criação de bordas abruptas, expostas a ambientes abertos, podendo
ocasionar mudanças severas em relação às condições microclimáticas, em até
centenas de metros para dentro da floresta, causando ainda, aumento da incidência
solar, exposição ao vento e dessecamento, conhecido como “efeito de borda”
(LOVEJOYET et. al., 1984, KAPOS, 1989, LAURANCE, 1991, MURCIA, 1995 e
LAURANCEET et. al., 1998 apud VIDAL 2007). A maior luminosidade aumenta a
temperatura do solo e diminui a umidade do ar. As árvores que estão na borda do
fragmento ficam mais expostas ao vento, tornando-as mais vulneráveis à queda e ao
fogo. Diante essas circunstâncias, ocorre o favorecimento da mortalidade de árvores
e queda de folhas.

Além da criação de bordas, a fragmentação dos habitats leva à formação de


manchas remanescentes de habitat – os fragmentos – com tamanhos variáveis e
isolados de outras manchas semelhantes, em maior ou menor grau. Tanto o
tamanho do fragmento como seu grau de isolamento pode afetar a produção de
serapilheira, causando um aumento na produção (VIDAL, 2007). Com a queda das
árvores mais externas, a borda encolhe a floresta e o fragmento fica cada vez
menor. Quanto menor a área do fragmento, mais intenso é este fenômeno. Diante
disso, pode-se dizer que as consequências da fragmentação – efeitos de borda, do
tamanho e do isolamento do fragmento – são tidas como importantes mecanismos
causadores de mudanças em processos e funções nos ecossistemas.

De acordo com Barros (2006), o processo de fragmentação de florestas vem


promovendo intensa degradação no bioma Floresta Atlântica, sendo considerado um
dos mais ameaçados de extinção. No processo de conversão de terra para o uso
humano, os ecossistemas nativos são transformados em áreas de agricultura,
pastagens, e áreas residenciais, comprometendo a integridade dos ecossistemas
através da perda de espécie nativas, invasão por espécies exóticas, erosão do solo
e perda da qualidade da água.

2.1 APPs de Cursos d’Água

A definição das APPs de cursos d’água, de acordo com Siefert e Santos (2012),
desconsidera quaisquer outras características naturais das áreas marginais, tais
como características topográficas, pedológicas ou ainda características hidrológicas
presentes na paisagem, bem como qualquer outro tipo de processo
hidrogeomorfológico inerente à interação destes condicionantes naturais. O Código
Florestal de 2012 considera, assim, apenas o tempo que o canal permanece com
água fluindo, ao mencionar os cursos perenes, intermitentes e efêmeros.

Para Carvalho e Silva (2006), rios perenes são aqueles que contêm água durante
todo o tempo, com o lençol freático em alimentação contínua e, mesmo durante as
secas mais severas, permanece acima do leito do curso d’água. Nestas ocasiões, os
lençóis subterrâneos são os responsáveis pelo escoamento contínuo dos rios. Já os
19

intermitentes, as fontes ou nascentes são insuficientes para manter o curso de água


durante todo o ano. O escoamento ocorre durante as estações de chuvas, quando o
lençol d’água subterrâneo conserva-se acima do leito fluvial e alimenta o curso
d’água. Nos períodos de estiagem, o escoamento cessa, pois o lençol freático se
encontra em um nível inferior ao do leito. Por fim, os rios efêmeros surgem durante
ou imediatamente após os períodos de chuva e são alimentados apenas pelo
escoamento superficial, pois a superfície freática sempre se encontra a um nível
inferior ao do leito fluvial. No entanto, durante as fortes chuvas, há ocorrência de
elevada vazão em função do escoamento superficial. Conforme consta na definição
dada pelo Código Florestal, as faixas marginais de proteção dos cursos d'água
efêmeros não são consideradas como APPs.

As APPs abrangem, assim, as faixas marginais dos cursos d’água perenes e


intermitentes e são estabelecidas a partir do leito regular do rio que, de acordo com
o Código Florestal de 2012, corresponde à calha por onde correm regularmente as
águas do curso d’água durante o ano. No entanto, é grande a dificuldade de definir o
leito regular, pois ele varia em função do regime hidrológico e das características
topográficas. Em locais onde a vazão é constante durante todo o ano, ou seja, não
há diferenças acentuadas entre as estações do ano em relação ao volume de
chuvas, o leito regular é melhor definido, pois o nível de água permanece constante
a maior parte do ano. No entanto, em locais onde a estação chuvosa é bem
marcada e intercalada com a estiagem, fazendo com que o regime hidrológico seja
irregular, o nível do leito do rio oscila durante o ano, ficando mais baixo no período
de estiagem e mais elevado no período das chuvas. Nesse caso, identificar o leito
regular torna-se um desafio quando se baseia apenas na definição apresentada pelo
Código ao defini-lo como a calha por onde correm regularmente as águas durante o
ano. Em relação às características topográficas, em rios localizados nas planícies, o
leito fluvial é formado pelo leito maior e menor. De acordo com Christofoletti (1981),
o leito menor é bem delimitado e se encaixa entre as margens geralmente bem
definidas, e o escoamento é frequente o suficiente para impedir o crescimento da
vegetação. Já o leito maior, também denominado como planície de inundação, é
regularmente ocupado pelas cheias pelo menos uma vez por ano. Em rios
localizados em vales colinosos a escarpados, a planície de inundação pode ser
muito estreita e até inexistente (PRESS et al., 2006).

Independentemente do tipo e composição, as matas existentes à margem dos


cursos fluviais – mata ciliar – devem ser preservadas, pois ocupam áreas dinâmicas
da paisagem, tanto em termos hidrológicos, como ecológicos e geomorfológicos,
além de ser um ambiente de grande importância para a conservação da
biodiversidade (LIMA; ZAKIA, 2000 apud VESTENA; THOMAZ, 2006). A
preservação de tais áreas proporciona maior controle para o nível de qualidade da
água e diminuição dos processos de erosão e assoreamento no leito e margem dos
rios, além de aumentar a infiltração da chuva, que impulsiona o abastecimento dos
lençóis freáticos e regularizam a vazão das águas superficiais, reduzindo sua
velocidade de escoamento (VESTENA; THOMAZ, 2006).

A alteração dada pelo Código Florestal de 2012 em relação ao estabelecimento das


APPs a partir do leito regular do rio torna vulnerável o ambiente a ser preservado.
Um dos aspectos que deve ser apontado é a possibilidade de diminuição da APP,
pois, dependendo da diferença entre a largura do leito maior e menor, a largura da
20

área a ser protegida passa a ser menor, pois é estabelecida de acordo com a largura
do rio. Outro aspecto é a possibilidade de exclusão de parte do leito maior das
APPs, bem como da mata ciliar, pois, como o leito regular passa a ser a referência
para definição da largura das APPs, a faixa a ser protegida pode excluir essas áreas,
possibilitando que sejam atingidas pelas cheias periódicas. A escassez de bases
cartográficas nos impede de quantificar a perda dessas áreas, sendo mapeadas as
APPs a partir no canal da rede de drenagem.

2.2 APPs de Nascentes

Em relação às nascentes, o Código Florestal de 2012 considera APPs, em zonas


rurais ou urbanas, as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes,
no raio mínimo de 50 m, qualquer que seja sua situação topográfica. Ainda de
acordo com o Código, as nascentes são definidas como afloramento natural do
lençol freático que apresenta perenidade e dá início a um curso d’água e, olho
d’água, como afloramento natural do lençol freático, mesmo que intermitente.
Verifica-se, assim, a incoerência entre o artigo que define e o que apresenta a
delimitação dessa categoria de APP. De acordo com primeiro, olhos d'água podem
ser intermitentes, enquanto no artigo sobre a sua delimitação apenas os perenes
devem ser considerados.

De acordo com Valente e Gomes (2005), as nascentes podem ser originárias pelo
afloramento do lençol freático, quando o depósito de água está sobre camadas não
permeáveis, ou do aquífero artesiano, quando está confinado entre duas camadas
não permeáveis ou semipermeáveis. As nascentes podem ser classificadas em dois
tipos quanto ao local de afloramento da água. Um tipo de nascente ocorre quando o
afloramento d'água localiza-se em terrenos inclinados, onde a água brota em um
único ponto e não há o acúmulo d’água inicial. As nascentes de encosta e de
contato são exemplos desse tipo (CALHEIROS 2004).

As nascentes de encostas normalmente surgem no sopé de morros no ponto onde


há ruptura de declive entre a encosta e a seu nível de base. Já as nascentes de
contato ocorrem normalmente em região montanhosa e com fortes declives, onde a
inclinação da camada impermeável é menor do que a da encosta, possibilitando o
afloramento das camadas responsáveis pelo confinamento dos aquíferos. A
presença de falhas geológicas também possibilita a ligação de lençóis confinados
com a superfície (VALENTE; GOMES, 2005; CALHEIROS, 2004).

O segundo tipo de nascente ocorre quando o aquífero brota em uma superfície


plana ou em uma depressão, originando acúmulo inicial de água. Nas nascentes
originárias em áreas planas, devido à reduzida inclinação do terreno, o escoamento
ocorre de forma difusa com a presença de inúmeros afloramentos por todo terreno,
encharcando o solo e dando origem aos brejos. À medida que a água se acumula
em poças que se interligam, pode haver o início de fluxo contínuo. Já nas nascentes
originárias nas depressões, a água se acumula, podendo haver a formação de
lagos.
21

2.3 APPs de Encostas

O Código Florestal de 2012 considera como APPs, em zonas rurais ou urbanas, as


encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na
linha de maior declive. A declividade refere-se à medida de inclinação do relevo
calculada pela relação do desnível da altura entre dois pontos do terreno e o valor
da distância horizontal entre esses pontos, correspondendo à tangente do ângulo
formado com superfície do terreno (SALAMUNI et. al., 2013). As APPs de
declividade, em geral, ocorrem em pequenos trechos de uma encosta em áreas de
acesso difícil, impossibilitando, muitas vezes, a delimitação em campo.

Borges (2008) destaca que, por serem áreas que não apresentam aptidão para a
agricultura, necessitam de maior atenção do legislador, pois apresentam dificuldade
de serem manejadas, além de possuírem grande vulnerabilidade à erosão e, após
sofrerem interferência humana, a sua recuperação é lenta e custosa. A cobertura
vegetal presente nas encostas traz inúmeros benefícios para o solo, pois influencia
positivamente na estabilidade, estruturando-o através do sistema radicular; na
retenção do material deslocado, com limitação da área afetada por
escorregamentos; na interceptação da precipitação, através dos diversos
componentes do edifício vegetal; na retenção de fluxos através do escoamento
hipodérmico; na ação da transpiração e evapotranspiração, rebaixando o lençol
freático e criando pressões negativas, com o aumento da resistência dos solos; na
restrição às amplitudes de variação de umidade e temperatura; e, na redução do
escoamento superficial, devido a sua adução para o escoamento hipodérmico,
evitando efeitos erosivos que comprometam a estabilidade do solo (PRANDINI, 1976
apud BORGES, 2008).

2.4 APPs de Topos de morro

O Código Florestal de 2012 considera como APPs, em zonas rurais ou urbanas, os


topos dos morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 m e
inclinação média maior que 25°. Essas áreas são delimitadas a partir da curva de
nível correspondente a 2/3 da altura mínima da elevação sempre em relação à base.

O mapeamento das APPs de topo deve ser feito necessariamente com base em
levantamentos altimétricos, especificamente curvas de nível ou Modelos Digitais de
Elevação (MDE), não sendo possível a sua execução apenas com trabalhos de
campo, pois é necessário o reconhecimento das elevações passíveis de possuírem
APPs de topo, feito a partir do desnível altimétrico e da declividade das encostas. O
desnível é calculado entre o topo e a base da elevação que, conforme o Código
Florestal de 2012 é definido pelo plano horizontal determinado por planície ou
espelho d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela
mais próximo da elevação, possível de ser identificada em mapeamentos pela
necessidade de uma visão sinótica, não proporcionada em trabalhos de campo.

O aspecto mais crítico na automatização do processo de geração das APPs refere-


se às áreas de topo de morro, pois os critérios e parâmetros que caracterizam estas
áreas são de difícil definição. De acordo com Ribeiro (2005), a demarcação das
áreas de proteção no topo de morros e ao longo dos divisores d’água é um processo
complexo e que dificulta a fiscalização e, dessa forma, o fiel cumprimento da
legislação.
22

Segundo HOTT (2005), existe uma dificuldade perceptível na materialização, em


termos de mapeamento, das APPs em topos de morro, montanhas e linhas de
Cumeada. Para Leonardi (2010), as iniciativas realizadas no sentido de
implementação de funcionalidades específicas para a geração desse tipo de APP,
precisam ser ampliadas para alcançar maior aperfeiçoamento e aplicabilidade.

Para Cota (2008), apesar de inúmeros trabalhos utilizando procedimentos para


mapeamento de topos de morro, essa questão denota dificuldade para as técnicas
de geoprocessamento, pois a questão da base, na definição, é um fator difícil de ser
tratado quando a área apresenta um relevo variado, sendo fundamental que se
avance nos estudos que abordam a delimitação das APPs de topos de morros, pois
em revisões bibliográficas e modelos testados, há sempre falhas e etapas subjetivas
nos processos de delimitação.

As dificuldades em se chegar a um consenso na delimitação de topos de morro


devem ser discutidas e são reflexões que precisam ser enfrentadas para que as
representações virtuais, apoiados pela visão digital do ambiente, se aproximem do
mundo real, que impõe desafios e complexidades para que as resoluções se
transformem em ações (COTA; MOURA, 2009).

2.5 Mapeamento de APPs por Geoprocessamento

Como a existência das APPs está relacionada à presença de elementos


fisiográficos, a utilização de bases cartográficas e de imagens de sensoriamento
remoto facilita a sua demarcação na medida em que indicam os locais onde
possivelmente esses elementos estejam presentes e, assim, auxiliam no
planejamento do campo. Considerando as facilidades proporcionadas pelo uso de
geoprocessamento na coleta, armazenamento e tratamento dos dados
georreferenciados, esses recursos podem ser utilizados com finalidade de
delimitação das APPs.

Segundo Xavier-da-Silva (2009), geoprocessamento é um conjunto de conceitos,


métodos e técnicas que atua sobre bases de dados georreferenciados por
computação eletrônica, criando informação relevante para apoio à decisão quanto
aos recursos ambientais. Para Câmara (2001), os Sistemas de Informação
Geográfica (SIGs) são as ferramentas computacionais para geoprocessamento, que
permitem realizar análises complexas, ao integrar dados de diversas fontes e ao
criar bancos de dados georreferenciados, caracterizando como uma tecnologia
interdisciplinar, que permite a convergência de diferentes disciplinas científicas para
o estudo de fenômenos ambientais e urbanos.

Por utilizar procedimentos automatizados, o uso de SIGs para o mapeamento das


APPs, além de agilizar processos, facilita a demarcação das APPs baseada nos
critérios técnicos que estão definidos na lei, facilitando o cumprimento e a
aplicabilidade de legislação. O uso de SIGs, assim, produz uma coleção de
informações que dá suporte à tomada de decisões, mas que não isenta o
pesquisador de conferir e detalhar em campo essas informações, ou seja, essas
informações facilitam o desenvolvimento dos trabalhos de campo para a
identificação e o detalhamento dos elementos fisiográficos que caracterizam as
APPs.
23

A acuidade dos mapeamentos está diretamente relacionada, além da qualidade dos


dados, à escala e à resolução espacial dos documentos cartográficos utilizados no
mapeamento. A generalização da superfície terrestre, necessária para a sua
representação cartográfica, provoca a omissão das feições do terreno ou sua
representação generalizada compatível com a escala cartográfica adotada, ou seja,
a realidade representada pelos mapas aparece diferente de acordo com a escala de
representação e os níveis de análise (LACOSTE, 2002). Desta forma, o
mapeamento das APPs é um desafio no Brasil, devido à escassa existência de
bases cartográficas em escalas suficientemente grandes para tal fim, sendo
necessária a realização de extensivos trabalhos de campo para sua delimitação.

Os dados advindos da tecnologia de sensores remotos surgem como uma


alternativa à escassez de bases cartográficas no Brasil. A geração de dados em
resoluções espaciais e espectrais maiores incrementa o volume e a diversidade de
informações da superfície terrestre. Dados altimétricos que, até o final do século
passado, eram gerados essencialmente por levantamentos aerofotogramétricos e
topográficos, atualmente podem ser obtidos por radares interferométricos e por
laser. Os dados disponíveis são representados em MDEs que representam em uma
superfície contínua os dados de elevação (altimétricos mais altura dos objetos) do
terreno.

É extensa a aplicação de geoprocessamento em estudos ambientais, entre eles


destacam-se o mapeamento de APPs (REIS, 2008; VICTORIA et.al., 2008; RIBEIRO
et.al., 2005; COTA, 2008; NASCIMENTO et. al., 2005). Em geral, esses estudos
utilizam MDE, para a geração de APPs de declividade e de topos de morro, e as
áreas de proximidade (buffer) no entorno da rede de drenagem, para mapeamento
da faixa marginal de corpos d’água e nascentes, além de imagens multiespectrais
para a delimitação das demais categorias de APP.

De acordo com Ribeiro (2005), muitos foram os esforços traduzidos em leis,


decretos e outros atos normativos, para implementação da política pública de meio
ambiente, mas, apesar disso, o Estado ainda se depara com grandes desafios no
que diz respeito à aplicação da legislação ambiental. Após mais de quatro décadas
desde a promulgação do Código Florestal, ainda não foi produzido algum tipo de
demarcação oficial para as APPs, contribuindo para que a Lei não seja cumprida
fielmente.

Ainda que a devastação das APPs esteja diretamente relacionada ao uso


inadequado da terra, ela tem ocorrido, muitas vezes, devido às limitações
operacionais e estruturais dos órgãos ambientais responsáveis pela demarcação e
fiscalização dessas áreas (COSTA et al., 1996 apud GONÇALVES 2009), como
também pela ausência de fiscalização e monitoramento.
24

3 METODOLOGIA

3.1 Área de estudo

A área de estudo compreende a bacia do rio Boa Esperança, com área de 25,5 km²,
situada na região serrana do estado do Rio de Janeiro, e compondo as cabeceiras
da bacia do Rio Macaé (Figura 1). Está localizada em Lumiar, 5° distrito de Nova
Friburgo e, de acordo com o Censo Demográfico de 2010, possui 904 habitantes
distribuídos em dois setores censitários (rurais) que compõem a bacia em estudo.
Está inserida na unidade geomorfológica denominada como Planalto Reverso da
Região Serrana (DANTAS, 2001), caracterizada por apresentar relevo montanhoso a
escarpado, com altitude variando entre 900 e 1.600 m. Os terrenos mais íngremes e
elevados, devido à difícil acessibilidade, mantêm a cobertura florestal preservada,
representando cerca de 60% do seu território do município (GARCIA; FRANCISCO,
2013).

Dentre as bacias hidrográficas contidas unicamente no Estado, a bacia do Rio


Macaé possui maior extensão, com uma área de drenagem de aproximadamente
1765 km². Segundo a Agenda 21 (2008), a região da Bacia do Rio Macaé apresenta
92% de sua área coberta por formações florestais diversas, sendo 45% de sua
extensão ainda ocupada pela Mata Atlântica. Além disso, aponta que as atividades
econômicas desenvolvidas na região possuem grande potencial de expansão e
geração de renda, porém apresentam falta de incentivo do poder público,
apresentando baixa qualificação da mão-de-obra local, oportunidades de trabalho de
baixa renda e precarização do trabalho. Na localidade de Boa Esperança, 33,3% dos
chefes de família recebem até um salário mínimo. No ano de 2000, essa região
estava em 8º lugar em vulnerabilidade social (CESEC, 2009).

De acordo com dados do CESEC (2009), o saneamento básico na região da Bacia


do Macaé é altamente precário, gerando uma série de doenças, onde 70,6% dos
domicílios possuem acesso à água através de poços e nascentes. Na localidade de
Boa Esperança, o abastecimento é considerado insuficiente. Em estudo realizado a
fim de averiguar a qualidade da água, Aguiar et. al. (2005) apontou que o rio Boa
Esperança encontrava-se muito poluído, com elevados índices de coliformes fecais e
totais, comprometendo a qualidade das águas do rio Macaé no trecho entre a sede
de Lumiar e a localidade conhecida como Encontro dos Rios, onde o Rio Bonito
deságua.
25

Figura 1 - Localização da Bacia do Rio Boa Esperança, Nova Friburgo, RJ.

3.2 Mapeamento das APPs

De acordo com os procedimentos empregados no mapeamento, as APPs podem ser


divididas em dois grupos. O primeiro grupo, composto pelas APPs presentes nas
áreas montanhosas fluminenses e abordadas neste estudo,refere-se às faixas
marginais de proteção de cursos d’água, nascentes, topos de morro e encostas com
declividade superior a 45º, que necessitam de dados planialtimétricos para a sua
delimitação. Para o mapeamento de APPs do segundo grupo, composto por dunas,
restingas, manguezais, entre outras unidades fisiográficas, devem ser utilizadas,
principalmente, imagens multiespectrais.

Como dados planialtimétricos, foi utilizado o Modelo Digital de Elevação (MDE),


integrante Projeto RJ-25 do mapeamento sistemático na escala 1:25.000, gerado por
processamento fotogramétrico analítico de fotografias aéreas obtidas em 2005, com
escala aproximada de 1:30.000, disponível na resolução espacial de 20 m (INDE,
2014). Também foi utilizada a carta topográfica Nova Friburgo 1:50.000, integrante
do Sistema Cartográfico Nacional, confeccionada no ano de 1973.

Como imagens multiespectrais, foram utilizadas as ortofotos do Projeto RJ-25 (IBGE,


2014), disponível na resolução espacial de 0,7 m, e imagem do satélite ALOS obtida
em agosto de 2009 pelo sensor ALOS/AVNIR-2, com resolução espacial de 10 m,
apresentando três bandas do visível e uma do infravermelho próximo, fusionadas
26

com a imagem pancromática do sensor ALOS/PRISM, com resolução espacial de


2,5 m.

Inicialmente foram mapeadas as faixas marginais de proteção de cursos d’água. De


acordo com o Código Florestal de 2012, considera-se como APPs, em zonas rurais
ou urbanas, as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e
intermitente, excluído os efêmeros, com largura variando entre 30 a 500 m, de
acordo com a largura do curso d'água, desde a borda da calha do leito regular, que
corresponde à calha por onde correm regularmente as águas do curso d’água
durante o ano. Enquanto, o Código Florestal de 1965 definia as APPs de faixa
marginal a partir do nível de água mais alto do rio.

Devido às possíveis alterações que ocorrem na rede hidrográfica ao longo do tempo,


decorrentes de obras de engenharia, como retificação e canalização, e de eventos
catastróficos de grande magnitude, preferiu-se utilizar como base cartográfica a rede
de drenagem extraída automaticamente do MDE e corrigida com base nas ortofotos
e imagem de satélite, em detrimento da rede hidrográfica da carta topográfica Nova
Friburgo confeccionada em 1973.

Para extração automática da rede de drenagem, são executados seguintes


procedimentos: eliminação de ruídos do MDE, geração de uma grade de direção do
fluxo a partir do MDE, determinação do fluxo acumulado com base na grade de fluxo
e, por fim, definição de um limiar de fluxo acumulado com base no qual são
demarcados os canais de drenagem (MENDES; CIRILO, 2001). Após essas etapas,
as linhas dos cursos d’água extraídas automaticamente foram corrigidas
manualmente, sendo vetorizadas com o auxílio das ortofotos, imagem de satélite e
curvas de nível.

Devido à inexistência de bases cartográficas em grande escala para a área de


estudo, bem como o relevo da área de estudo ser muito acidentado e, conforme já
foi apontado, em rios localizados em vales colinosos a escarpados, a planície de
inundação pode ser muito estreita e até inexistente (PRESS et al., 2006),
considerou-se como referência de leito para delimitação das APPs de cursos d’água
pelos dois códigos, a rede de drenagem extraída do MDE, ou seja, o leito regular e o
de nível mais alto não foram diferenciados na delimitação das APPs.

Assim sendo, para traçar as APPs de cursos d'água por técnicas de


geoprocessamento, após identificados os canais de drenagem, as faixas foram
geradas a partir da criação de buffers (GONÇALVES, 2009), que consistem na
construção de polígonos no entorno de feições gráficas (pontos, linhas e polígonos)
com largura previamente definida pelo usuário. Como os rios na área de estudo
possuem menos de 10 m de largura, foram criadas faixas de 30 m ao longo dos
canais.

A seguir, foram mapeadas as APPs de nascentes que, de acordo com o Código


Florestal de 2012, correspondem às áreas com raio mínimo de 50 m das nascentes
e dos olhos d’água perenes, em zonas rurais ou urbanas, qualquer que seja sua
situação topográfica. Ainda de acordo com esse código, as nascentes são definidas
como afloramento natural do lençol freático que apresenta perenidade e dá início a
um curso d’água e, olho d’água, como afloramento natural do lençol freático, mesmo
que intermitente. A Resolução CONAMA 303/2002, que definiu parâmetros do
27

Código Florestal de 1965, estabelece que as APPs deveriam, ainda, proteger a


bacia contribuinte às nascentes.

Neste trabalho, foi considerado como nascentes o primeiro vértice da linha de


drenagem, apesar de controversa essa definição, utilizou-se o critério que vem
sendo usado nos trabalhos que utilizam geoprocessamento para mapeamento de
APPs (RIBEIRO, 2005; NASCIMENTO, 2005; GONÇALVES, 2012). Foi, assim,
utilizada a rede de drenagem, para obter o primeiro vértice dos cursos d’água e,
após isso, utilizou-e a operação buffer com raio de 50 m no entorno de cada feição,
conforme indicado no Código Florestal de 2012. Enquanto no mapeamento das
APPs referentes ao Código Florestal de 1965, foi acrescida a bacia de contribuição à
montante das nascentes através da vetorização manual baseada nas curvas de
nível.

O Código Florestal de 2012 manteve os parâmetros para mapeamento de APPs de


encostas do Código Florestal de 1965, que considera como APPs, em zonas rurais
ou urbanas, as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°,
equivalente a 100% (cem por cento) na linha de maior declive. A declividade refere-
se à medida de inclinação do relevo calculada pela relação do desnível da altura
entre dois pontos do terreno e o valor da distância horizontal entre esses pontos,
correspondendo à tangente do ângulo formado com superfície do terreno
(SALAMUNI et. al., 2013). As APPs de encostas, em geral, ocorrem em pequenos
trechos em áreas de acesso difícil, impossibilitando, muitas vezes, a delimitação em
campo. Portanto, o mapeamento das APPs de declividade é facilitado pelo uso de
técnicas de geoprocessamento, que, no presente foi gerado com base no MDE do
Projeto RJ-25.

Por fim, foram mapeadas as APPs de topo de morros, definidas, de acordo com o
Código Florestal de 2012, como topos dos morros, montes, montanhas e serras,
com altura mínima de 100 m e inclinação média maior que 25°, localizados em
zonas rurais ou urbanas. Áreas de preservação são delimitadas a partir da curva de
nível correspondente a 2/3 da altura mínima da elevação sempre em relação à base,
sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho
d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais
próximo da elevação. Enquanto a Resolução do CONAMA 303/2002, que
regulamentava o Código Florestal de 1965, considerava as elevações com no
mínimo 50 m e encostas com declividade superior a 17º. Além disso, também era
considerado como APP as linhas de cumeada, correspondendo à linha que une os
pontos mais altos de uma sequência de morros ou de montanhas que forma o divisor
de águas. As APPs de linha de cumeada é delimitada, na ocorrência de dois ou mais
morros ou montanhas cujos cumes estejam separados entre si por distâncias
inferiores a 500 m, a partir da curva de nível correspondente a dois terços da altura
em relação à base do pico mais baixo da cumeada, fixando-se a curva de nível para
cada segmento da linha de cumeada equivalente a mil metros.

O mapeamento das APPs de topo de morros deve ser feito necessariamente com
base em levantamentos altimétricos, pois é necessário o reconhecimento das
elevações passíveis de possuírem APPs, feito a partir do desnível altimétrico e da
declividade das encostas. No presente trabalho, para as APPs de topos de morro
baseadas no Código Florestal de 2012, primeiramente foram identificados
visualmente os topos de morro e seus respectivos pontos de sela, com o auxílio das
28

curvas de nível geradas com base no MDE do Projeto RJ-25. Em seguida obtiveram-
se os valores de altitude e calculou-se a amplitude das elevações através da
expressão H = Topo - Sela. Foram assim selecionadas as elevações com altura
superior a 100 m e declividade média maior que 25º. Por fim calculou-se o terço
superior da elevação e identificou-se a respectiva curva de nível que delimita a APPs
de topo de morro.

Para o mapeamento das APPs de topo de morro segundo a Resolução CONAMA


303/2002, inicialmente foram identificados os topos das elevações e suas bases
correspondentes a fim de calcular a altura. A base do morro (depressão mais baixa
ao redor) foi obtida nos pontos de hidroconfluência da rede de drenagem (RIBEIRO,
2005; GONÇALVES, 2009; SANTOS, 2013). Para cada elevação, assim, foi
identificado o ponto de hidroconfluência mais próximo e, a seguir, calculou-se a
amplitude altimétrica entre a base e o topo, selecionando as elevações com
amplitude maior que 50 m e declividade da encosta maior 17º. Posteriormente, foi
traçada a linha de cumeada, agrupando-se as elevações cuja proximidade fosse
inferior a 500 m entre seus topos e, traçada a APP com base na curva de nível
correspondente ao terço superior da menor elevação, fixando-se a curva de nível
para distância de até 1.000 m entre as elevações.
29

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A principal dificuldade no mapeamento de APPs de cursos d’água consiste na


identificação da rede de drenagem utilizando bases cartográficas planialtimétricas
atualmente disponíveis para área de estudo. Nos rios localizados em relevo colinoso
a escarpado, a demarcação dos cursos d'água é feita no eixo da concavidade da
encosta. Dependendo da cobertura da terra, não é possível visualizar o curso
d'água, pois pode se encontrar coberto por vegetação densa. A presença da
concavidade é indicador do caminho preferencial de água, no entanto não define os
rios como intermitentes ou efêmeros. Nas áreas planas, é necessário visualizar o
canal de drenagem para demarcação da linha de drenagem.

Neste trabalho, a delimitação da rede de drenagem foi executada pela extração


automática cujo resultado mostrou-se satisfatório nas encostas, com as linhas de
drenagem situadas na concavidade das encostas. No entanto, nas áreas planas,
houve necessidade de correção da rede com base em imagens multiespectrais.

Com a rede de drenagem traçada, foram geradas as APPs das faixas marginais de
proteção dos cursos d’água. Considerando que a alteração nos critérios da
delimitação das APPs no Código Florestal de 2012, concernente ao leito
considerado como referência para estabelecimento da largura da faixa, pelos
motivos já expostos, não foi adotada na delimitação das APPs neste trabalho, a
bacia do Rio Boa Esperança apresenta 13,6% da área composta por APPs de
cursos d’água no mapeamento de ambos os códigos florestais, como pode ser
observado na Figura 2, compreendendo uma área de 347 ha.

A principal dificuldade para o mapeamento de APPs de nascentes e olhos d'água


residiu na identificação dos locais onde há o afloramento da água utilizando apenas
bases cartográficas planialtimétricas sem auxílio de trabalhos de campo. As
nascentes localizadas em terrenos inclinados, a água brota em um único ponto e
não há o acúmulo d’água inicial, sendo exemplos desse tipo as nascentes de
encosta e de contato. As nascentes de encosta, em geral, estão localizadas nas
suas concavidades próximas ao nível de base, no entanto elas podem migrar de um
ponto de maior para menor altitude em função da sazonalidade das chuvas. As
nascentes de contato surgem em função das feições estruturais de subsuperfície o
que torna mais difícil a identificação do ponto de afloramento d'água (CALHEIROS
et. al., 2009).

Considerando como nascente o primeiro vértice dos cursos d’água, conforme vem
sendo adotado nos trabalhos que utilizam geoprocessamento para o mapeamento
das APPs, pelo Código Florestal de 1965, 6,1% da área da bacia em estudo era
composta por APPs ao redor de nascentes, correspondendo a 156 ha (Figura 3). De
acordo com o Código Florestal de 2012, esse valor cai para 1,5%, ou seja, 37,6 ha,
pois não estão consideradas as bacias de contribuição referentes às nascentes,
conforme estabelecia a Resolução CONAMA 303/2002 (Figura 4).
30

Figura 2 - APPs de cursos d’água, Bacia do Rio Boa Esperança, Nova Friburgo, RJ.

Figura 3 - APPs de nascentes de acordo com a Resolução CONAMA 303/2002, Bacia do


Rio Boa Esperança, Nova Friburgo, RJ.
31

Figura 4 - APPs de nascentes de acordo com o Código Florestal de 2012, Bacia do Rio Boa
Esperança, Nova Friburgo, RJ.

Em relação às APPs de encostas, como não houve alteração nos parâmetros de sua
definição nos dois códigos em análise, as áreas de preservação das encostas com
declividade acima de 45º permaneceram com igual área, correspondendo a 8,4 ha,
ou seja, 0,3% da bacia em estudo (Figura 5).
32

Figura 5 - APPs em encostas com declividade superior a 45º (100%), Bacia do Rio Boa
Esperança, Nova Friburgo, RJ.

Entre os tipos de áreas de preservação abordadas neste trabalho, as mudanças dos


parâmetros que estabelecem os limites das APPs de topo de morros e a eliminação
das APPs de linhas de cumeada foram as que provocaram maior redução de área
de APPs na bacia em estudo,passando de 332 ha no Código Florestal de 1965 para
2,4 ha no Código de 2012 (Figuras 6 e 7).

A principal dificuldade no mapeamento das APPs de topo de morros diz respeito ao


estabelecimento da base da elevação nos relevos ondulados. O Código Florestal de
2012 indica o ponto de sela como a base da elevação, que corresponde à parte
deprimida do relevo localizada na linha de crista, enquanto que a Resolução
CONAMA 303/2002 estabelecia como base a cota da depressão mais baixa ao seu
redor, considerada como o ponto de hidroconfluência nos trabalhos de mapeamento
de APPs por geoprocessamento (CORDEIRO, 2013; JACOVINE, 2008).

A mudança deste parâmetro alterou drasticamente a área das APPs, pois a


amplitude altimétrica, calculada pela diferença entre a base e o topo passa a ser
menor, pois o ponto de sela está mais próximo ao topo da elevação do que o ponto
de depressão, fazendo com que menor número de elevações possa a ser
considerada como APPs. Como pode ser visto na Figura 8, a amplitude do Topo 1
considerando o ponto de hidroconfluência como base é de 191 m e atende aos
parâmetros do Código Florestal de 1965, enquanto ao se considerar o ponto de sela
como base, a amplitude passa a ter 18 m, não atendendo ao requisito legal de no
mínimo 100 m de acordo com Código Florestal de 2012.
33

Como também houve alteração na amplitude altimétrica e da declividade para a


elevação ser considerada como APP, com amplitude passando de 50 m para 100 m,
e declividade de 17º da encosta para 25º da declividade média do topo de morro,
apenas quatro elevações apresentam desnível altimétrico para ser consideradas
como APP (Figura 9) e uma elevação que atende o parâmetro de declividade.

Em relação ao parâmetro da declividade, também deve ser enfatizado que o Código


Florestal de 2012 considera a declividade média da elevação, enquanto a Resolução
CONAMA 303/2002 considerava a declividade da encosta. A declividade de topos
geralmente é baixa, pois tendem a apresentar formas arredondadas na área em
estudo, evidenciado na Figura 10.

Figura 6 - APPs de topos de morro e linha de cumeada de acordo com a Resolução


CONAMA 303/2002, Bacia do Rio Boa Esperança, Nova Friburgo, RJ.
34

Figura 7 - APPs de topo de morro de acordo com o Código Florestal de 2012, Bacia do Rio
Boa Esperança, Nova Friburgo, RJ.

Figura 8 - Bases de topo de morro de acordo com a Resolução CONAMA 303/2002 e o


Código Florestal de 2012.
35

Figura 9 - Topos de morro definidos pelo Código Florestal de 2012, considerando o ponto de
sela como base e amplitude altimétrica de 100m, Bacia do Rio Boa Esperança, Nova
Friburgo, RJ.

Figura 10 - Declividade na Bacia do Rio Boa Esperança, Nova Friburgo, RJ.


36

As APPs do Código Florestal de 1965 somam 843 ha, enquanto para o Código
Florestal de 2012 esse valor é de 395 ha, representando decréscimo de 53% da
área (Tabela 1). No entanto, o decréscimo pode ser maior, pois não foi avaliada
nesse trabalho a perda das APPs dos cursos d’água decorrente da alteração do
parâmetro de referência para delimitar a faixa de proteção que passou do leito de
cheia para leito regular. Os topos de morros foram as APPs que mais perderam
área, praticamente desapareceram, representando menos de 1% da área original.
As APPs de nascentes também perderam área expressiva, com decréscimo de área
de 76%. As APPs de encosta permaneceram com a mesma área, pois não houve
mudanças nos parâmetros de definição no Código Florestal de 2012, no entanto vale
ressaltar que a área não é significativa e, em geral, se encontram localizadas em
afloramentos rochosos ou em encostas de solo pouco profundos.

Área (ha) Área APP (%) Área de estudo (%)


APP
CF CF
CF 2012 CF 1965 CF 1965 CF 2012
1965 2012

Cursos
347 41 88 41,0 87,7
d’água

Nascentes 156 37,6 18 10 18,5 9,7

Encostas 8,4 1 2 0,9 1,9

Topos de
332 2,4 39 1 39,4 0,6
Morro

Total1 843,4 395,4 100 100 100 100


1
Inclui a área de sobreposição das APPs

Tabela 1 - Área das APPs de acordo com o Código Florestal de 2012 e 1965, Bacia do Rio
Boa Esperança, Nova Friburgo, RJ.

Em relação à área da Bacia do Rio Boa Esperança, APPs passaram de 33% para
15,5%, com redução de 53% da área. Deve ser destacado que, além da perda da
área das APPs, observa-se que as modificações nos parâmetros de delimitação
incluídas no Código Florestal de 2012, resultaram na perda da conectividade entre
as APPs das cabeceiras das bacias e os leitos dos cursos d’água (Figuras 11 e 12).
Em relação aos topos de morro, por exemplo, a APP se configura como um
fragmento dentro da bacia não possibilitando conectividade entre as duas áreas.
37

Figura 11- APPs de acordo com o Código Florestal de 1965 e Resolução CONAMA
303/2002, Bacia do Rio Boa Esperança, Nova Friburgo, RJ.

Figura 12 - APPs de acordo com o Código Florestal de 2012, Bacia do Rio Boa Esperança,
Nova Friburgo, RJ.
38

Os resultados alcançados neste trabalho são semelhantes aos obtidos em estudo


realizado por Hott et. al. (2013) em trabalho sobre mapeamento de APPs, que
demonstrou a redução na ordem de 80 a 90% das APPs de topo de morro,
significativamente nas áreas com relevo menos movimentado, da mesorregião
Sul/Sudoeste de Minas. Pereira (2013), em estudo sobre mapeamento de APPs em
uma propriedade rural de 158 ha, situada em relevo suave ondulado, detectou o
desaparecimento total das APPs de topo de morro aplicando os parâmetros do
Código Florestal de 2012, enquanto esse tipo de APP no Código Florestal de 1965
correspondia a 21,2 ha.
39

5 CONCLUSÃO

As APPs devem ser mapeadas para constituição de instrumentos que facilitem a sua
preservação ao auxiliar as ações de fiscalização e licenciamento ambientais. No
entanto, o mapeamento de APPs é um desafio no Brasil devido, entre outros, à
escassez de bases cartográficas em grande escala.

Apesar das limitações da disponibilidade de dados georreferenciados, os resultados


demonstraram redução expressiva das APPs mapeadas de acordo o Código
Florestal de 2012 na Bacia do Rio Boa Esperança, correspondendo à metade das
APPs mapeadas de acordo com Código Florestal de 1965 e Resolução CONAMA
303/2002. Com as mudanças no Código, as APPs que sofreram perda significativa
foram as de topo de morro, que praticamente desapareceram. As APPs de
nascentes também perderam área significativa, permanecendo apenas ¼ da área
em relação ao mapeamento feito de acordo com atos legislativos vigentes até 2012.
Como os parâmetros das APPs de encostas permaneceram, não houve alteração da
área, continuando a possuir área inexpressiva. Por fim, não foi possível avaliar a
perda das APPs dos cursos d’água, pois não há documentos cartográficos em
escalas grandes que possibilitassem identificar as diferenças entre o leito regular e
leito de cheia, utilizados como referências para definição da faixa de proteção nos
atos legislativos em estudo.

Conclui-se, assim, que as definições das APPs incluídas no Código Florestal de


2012 atingiram drasticamente as áreas montanhosas, ao reduzirem a área e
eliminarem a conectividade entre as cabeceiras, meias encostas e vales de uma
bacia hidrográfica. As modificações efetuadas no Código Florestal colocam em
cheque a efetividade das funções ambientais das APPs, entre elas a de facilitar fluxo
gênico e preservar a biodiversidade, pois, de acordo com o seu atual desenho
espacial, ficam afetadas pela perda da conectividade entre os ambientes da bacia
hidrográfica, apenas preservada nas APPs de cursos d’água.

É fundamental que ocorra estudos sobre as funções ambientais e desenhos


espaciais da legislação ambiental, objetivando avaliar se os objetivos definidos na
legislação possam ser atendidos na perspectiva da sua distribuição espacial. Além
disso, a implantação de programas de educação ambiental informando à sociedade
sobre a importância das APPs como forma essencial para se assegurar a qualidade
da água e do bem-estar social, pode colaborar para a solução dos problemas
relativos à preservação desses ambientes.
40

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