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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
CURSO DE GEOLOGIA

MILENO LOULA DA ROCHA

ESTUDO HIDROGEOLÓGICO DO AQUÍFERO CÁRSTICO NO


PERÍMETRO IRRIGADO DE MIRORÓS, IBIPEBA - BAHIA

Salvador
2014
MILENO LOULA DA ROCHA

ESTUDO HIDROGEOLÓGICO DO AQUÍFERO CÁRSTICO NO


PERÍMETRO IRRIGADO DE MIRORÓS, IBIPEBA - BAHIA

Monografia apresentada ao Curso de Geologia,


Instituto de Geociências, Universidade Federal da
Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau
de Bacharel em Geologia.

Orientador: Prof. MSc. Hailton Mello da Silva

Salvador
2014
TERMO DE APROVAÇÃO

ESTUDO HIDROGEOLÓGICO DO AQUÍFERO CÁRSTICO NO


PERÍMETRO IRRIGADO DE MIRORÓS, IBIPEBA - BAHIA

por

Mileno Loula da Rocha

Orientador: Hailton Mello da Silva

GEO A76 – TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO

DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA E GEOFÍSICA APLICADA


INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

COMISSÃO EXAMINADORA

___________________________________________________________________
Prof.MSc. Hailton Mello da Silva (Orientador - NEHMA/IGEO/UFBA)

___________________________________________________________________
Prof. Dr. Cristovaldo Bispo dos Santos (CERB/IGEO/UFBA)

___________________________________________________________________
Geól. Amilton de Castro Cardoso (CPRM/SGB)

Data da apresentação: ____/____/____


"O sorriso que tenho nos lábios é um
sorriso geológico - o sorriso de quem
sabe, olha, vê e compreende"

O Poço do Visconde - Monteiro Lobato


Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus por mais esta conquista, "por me lembrar


que sempre sou mais forte do que penso e por me mostrar que é possível
transformar nossos sonhos em realidade com perseverança e dedicação. Que por
mais árdua que seja a luta, por mais distante que um ideal se apresente, por mais
difícil que seja a caminhada, existe sempre uma maneira de vencer: A Nossa Fé".
Acredito que minha mãe tem grande papel nisso, já que me ensinou a ser
forte, sem perder a leveza e a acreditar em meus sonhos, obrigado Mama por seu
apoio incondicional. Agradeço aos meus irmãos, Sandro e Sulema que me apoiaram
com pequenas palavras e gestos ao longo dessa jornada. Fico muito feliz por poder
contar com a doçura e alegria do meu filho Kael, que foi muito importante para que
eu persistisse nos objetivos que tracei.
Agradeço ao meu orientador Hailton Mello da Silva, que foi fundamental e
imprescindível para que este trabalho fosse realizado. Sou muito grato Mestre
Hailton, não somente pela orientação na monografia, mas por todo o seu apoio e
incentivo durante a minha trajetória na graduação de Geologia, que tiveram algumas
turbulências durante estes anos, obrigado por tudo grande Mestre Hailton.
Aos meus tios e Geólogos Juracy Loula e Alípio Loula pelo apoio moral, e
disponibilidade em contribuir com a melhoria do meu trabalho.
Um muito obrigado ao Geólogo Isaías Neri Santana (Buda), responsável
pelo DIPIM (CODEVASF), por sua gentileza, logística, disponibilidade e atenção
prestada durante o meu Trabalho Final, valeu Buda.
Gostaria de agradecer aos geólogos Amilton Cardoso (CPRM) e Cristovaldo
Bispo (CERB) que aceitaram fazer parte da banca de minha monografia, agradeço
também a Castro Mello (CERB), pelas correções e opiniões acerca da melhoria do
meu trabalho, obrigado nobres geólogos.
Fico muito grato por ter conhecido pessoas tão especiais nos locais que
estagiei e não esqueceria delas. Por ordem cronológica, valeu Joseval Almeida
(Jojoca), Eduardo Gabriel e Nivaldo Andrade pelos conhecimentos e amizade que se
solidificou no antigo CRA (atual INEMA), muito obrigado meus caros. Um
agradecimento especial a Angélica Barreto, Fernando Cunha e Violeta Martins pelos
conselhos, conhecimentos adquiridos e momentos que passamos juntos na
CPRM/SGB. Agradeço também ao Geólogo Hélio Gamalho que tive o prazer de
conhecer e conviver na SICM e a equipe da DIMIN: Eli Almeida, Audifas, Cláudio
Rosato, Domingos, Márcia, Rita, André Bolinches, Wilton, Vanessa e Ana Cristina,
obrigado meus queridos pelo aprendizado. Fico feliz e grato aos geólogos da CBPM,
Caio Müller, Kalila, Luís Fernando e Ernesto pela oportunidade e aprendizado que
adquiri na companhia, durante o último ano de graduação, muito obrigado nobres.
Um enorme obrigado aos professores que me mostraram a geologia, me
ensinaram, me apoiaram e acreditaram em mim nessa extensa caminhada, dedico
os meus sinceros agradecimentos pelos seus ensinamentos, em especial, os
professores: Osmário Leite, Lamarck (In Memorian), Facelúcia Barros, Tânia Araújo,
Suely Pacheco, Olívia Cordeiro, Amalvina Costa, Ângela Menezes, Simone Cruz,
Telésforo Martinez, Carlson Leite, Haroldo Sá, Haroldo Misi, Flávio Sampaio,
Joaquim Xavier, João Batista, Michel Holtz, Roberto Rosa, Wilson Marques, Vilton
Dias, Sergio Nascimento e Maria da Glória (In Memorian).
Os funcionários Deraldo e Jairo que sempre nos levaram a campo com
respeito e profissionalismo, valeu Derá foram excelentes os campos e sentirei falta.
Um agradecimento especial a Mércia que foi muito mais do que uma Secretária,
obrigado Mércia por tudo e por todos os conselhos que a senhora me passou.
Agradeço também aos amigos que pude fazer nesses anos e pelos grandes
e inesquecíveis momentos que pude compartilhar com eles. Sintam-se alcançados e
abraçados meus queridos, são eles: Thiago Novais, Augusto (In Memorian), Luis
Eduardo, Jackson, André, João Bosco, Almir, Davdson, Ximenes, André C.,
Leonardo Aquino, Ederson, Igor, Lucas Philadelpho, Lucas Sky, Marcos Dias, Jaíme
Roedel, Alex Moura, Luís Rodrigues, Luciano Mata, Guiga, Ramon, Eduardo, José
Dino, Carlos Victor, Eduardo Abrãao, Libório, Paulo Lopes, Toni Valois, Tiago
Gonçalves, Júlio, Kim, Luan, J.P, Leandro Ursino, Éder Medeiros, Dário, Bruno V.,
Durval e as queridas e inesquecíveis Aninha, Zilda, Ângela, Elisa, Carol Vieira,
Ritinha, Mariana Cayres, Lila Queiróz, Ravena, Dira, Priscila, Ana Carla, Ana
Caroline, Jamile, Fabiane Natividade, Gleice, Mariana Fraga, Mariana Andriotti,
Clarinha, Ramena, Carol, Vivi, Natália, Cintia e Dani.
Obrigado a todos, sem vocês não seria possível...

Enfim... Geólogo!!! Cum Ment Et Malleo. VP!


RESUMO

A grande necessidade de busca pela água em regiões desfavorecidas por


precipitações pluviométricas, tem ocasionado inúmeras pesquisas em busca de
respostas e de manobras eficazes para suprir esta necessidade. Uma das respostas
encontradas é o uso da água subterrânea destas regiões, que se constitui às vezes,
como a única fonte de suprimento deste bem mineral. No Perímetro Irrigado de
Mirorós, a água subterrânea é usada para a irrigação, devido à diminuição no
fornecimento de água do açude de Mirorós para este fim. Esta água, é retirada do
aquífero fissural-cárstico, formado por rochas carbonáticas da Formação Salitre,
único manancial subterrâneo e de importância econômica e social para a região.
Entretanto, o decréscimo nas precipitações ao longo dos anos, vem ocasionando o
rebaixamento do nível potenciométrico deste aquífero. Por outro lado, a explotação
constante para a irrigação, e o aumento na perfuração de novos poços, também tem
contribuído para este rebaixamento. O objetivo deste trabalho foi o de fazer um
diagnóstico qualitativo desta situação, através da análise na variação do nível
potenciométrico deste aquífero. Além disto serviu para mostrar que, a qualidade da
água deste aquífero não é adequada ao consumo humano devido à sua alta
salinidade, sendo seu uso exclusivo para a irrigação na área estudada. Por fim, foi
sugerido um monitoramento constante no nível da água e vazão dos poços tubulares
da região, que servirá de subsídio para a implantação de uma política de controle na
explotação do aquífero, com o objetivo de conter o uso exacerbado e prevenir contra
um possível colapso no fornecimento da água subterrânea para a irrigação.
Associado a isto, sugere-se que seja feito um trabalho para a avaliação da
potencialidade hídrica e evolução da salinidade deste aquífero, o qual embasará a
política de controle sugerida.

PALAVRAS CHAVE: Poços tubulares; Água subterrânea; Perímetro Irrigado de


Mirorós.
ABSTRACT

The great need to search for water in disadvantaged regions by rainfall, has caused
numerous searches for answers and effective maneuvers to meet this need. One
answer is found the use of groundwater in these regions, which is sometimes as the
only source of supply of this mineral commodity. In Mirorós Irrigated Perimeter,
groundwater is used for irrigation, due to the decrease in the supply of water from the
weir Mirorós for this purpose. The water found on this site is removed from the
fissure-karst aquifer, formed out of carbonate rocks from the Salitre Formation, the
only underground wealth and social and economic means that is important to the
region. However, the decrease in rainfall over the years, has caused the lowering of
the potentiometric level of the aquifer. On the other hand, the constant exploitation
for irrigation, and the increase in the drilling of new wells has also contributed to the
hydric lowering. The aim of this study is to make a qualitative diagnosis of the
situation by analyzing the variation of the potentiometric level of the aquifer.
Moreover, it served to show that the water quality of this aquifer is not suitable for
human consumption due to its high salinity, and it is of exclusive use for irrigation in
the studied area, though. Finally, it was suggested a constant monitoring of the water
level and water flow wells in the region, which will serve as an input for the
implementation of a policy control upon the groundwater exploitation aiming to curb
the overuse and preventing against possible collapse in the groundwater supply for
irrigation. In addition, it is suggested that an assessment over the water flow potential
and evolution of salinity in this aquifer, which give ground to the suggested policy
control.

KEYWORDS: Tubular wells; Groundwater; Irrigated Perimeter in Mirorós.


LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: MAPA DE SITUAÇÃO, LOCALIZAÇÃO E ACESSO À ÁREA DE ESTUDO. ............................ 6


FIGURA 2: MUNICÍPIOS PERTENCENTES À BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO VERDE. ......................... 7
FIGURA 3: MODELO CONCEITUAL MOSTRANDO A HETEROGENEIDADE DOS AQUÍFEROS CÁRSTICOS.
..................................................................................................................................... 12
FIGURA 4: MAPA DE CLIMAS DA BAHIA .................................................................................... 13
FIGURA 5: MAPA GEOMORFOLÓGICO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO VERDE. ........................ 18
FIGURA 6: MAPA DE SOLOS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO VERDE. ...................................... 22
FIGURA 7: MAPA DE VEGETAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO VERDE. .............................. 26
FIGURA 8: COLUNA LITOESTRATIGRÁFICA DA BACIA SEDIMENTAR DE IRECÊ - BA. ..................... 31
FIGURA 9: MAPA GEOLÓGICO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO VERDE. ................................... 33
FIGURA 10: MAPA GEOLÓGICO DA ÁREA DE ESTUDO CONTENDO AS LITOLOGIAS, ESTAÇÕES
PLUVIOMÉTRICAS, POÇOS SIAGAS/CPRM E POÇOS VISITADOS EM JUNHO DE 2014. ......... 38

FIGURA 11: IMAGENS LANDSAT DE 1988 E 2010 MOSTRANDO A DIMINUIÇÃO NO VOLUME DE


ÁGUA E ASSOREAMENTO DO AÇUDE DE MIRORÓS, EM 22 ANOS. ....................................... 43

FIGURA 12: IMAGEM AÉREA DEMONSTRANDO A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DOS POÇOS ANALISADOS
NO PERÍMETRO IRRIGADO DE MIRORÓS - IBIPEBA / BAHIA. ................................................ 45

FIGURA 13: MAPA POTENCIOMÉTRICO COM FLUXO DA ÁGUA NA ÁREA DE ESTUDO. PERÍODO DE
2009 A 2011. ................................................................................................................ 47
FIGURA 14: MAPA POTENCIOMÉTRICO COM FLUXO DA ÁGUA NA ÁREA DE ESTUDO. PERÍODO
JUNHO DE 2014. ............................................................................................................ 49
FIGURA 15: MODELO DIGITAL 3D DE VARIAÇÃO DE NÍVEL POTENCIOMÉTRICO PARA O PERÍODO
2009 - 2011. ORIENTAÇÃO S-N. ..................................................................................... 50
FIGURA 16: MODELO DIGITAL 3D DE VARIAÇÃO DE NÍVEL POTENCIOMÉTRICO (NÍVEIS MEDIDOS EM
JUNHO DE 2014). ORIENTAÇÃO S-N. .............................................................................. 51
FIGURA 17: MAPA DE ISOTEORES DE SÓLIDOS TOTAIS DISSOLVIDOS (STD) DO PERÍMETRO
IRRIGADO DE MIRORÓS 2009 - 2011. .............................................................................. 53
FIGURA 18: MAPA DE ISOTEORES DE SÓLIDOS TOTAIS DISSOLVIDOS (STD) DO PERÍMETRO
IRRIGADO DE MIRORÓS - JUNHO DE 2014. ....................................................................... 54
FIGURA 19: MAPA GEOLÓGICO DA ÁREA DE ESTUDO CONTENDO A REDE HIDROGRÁFICA E POÇOS
MEDIDOS. NO ENCONTRO DOS CORPOS D'ÁGUA SE ENCONTRA A LOCALIDADE SALINAS. NA
IMAGEM AÉREA DA ÁREA, À DIREITA DA FIGURA, ESTÃO REPRESENTADOS OS PERCENTUAIS DE

SALINIDADE DO PERÍMETRO. .......................................................................................... 56


LISTA DE FOTOGRAFIAS

FOTO 1: BARRAGEM MANOEL NOVAES OU BARRAGEM DE MIRORÓS - IBIPEBA-BA. COORDENADAS:


789583 W / 8732073 S, ZONA 23-S. VISADA N-S. ............................................................ 9
FOTO 2: 2A) LATOSSOLO VERMELHO AMARELO DISTRÓFICO. 2B) PLANTAÇÃO DE BANANA.
PONTO 5, COORDENADAS: 796044 W / 8735914 S, ZONA 23-S. ..................................... 24
FOTO 3: 3A) PLANTAÇÃO DE BANANA. PONTO 4, COORDENADAS: 797111 W / 8739461 S, ZONA
23-S. 3B) PLANTAÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR. PONTO 6, COORDENADAS: 795425 W /
8733814 S, ZONA 23-S. ................................................................................................ 27
FOTO 4: 4A) PLANTAÇÃO DE PALMA. 4B) PECUÁRIA (GADO), COORDENADAS: 797821 W / 8735041
S, ZONA 23-S. ............................................................................................................... 27
FOTO 5: CONTATO ENTRE A FORMAÇÃO MORRO DO CHAPÉU (PARTE SUPERIOR) E A FORMAÇÃO
CABOCLO (PARTE INFERIOR). COORDENADAS: 789649 W / 8732077 S, ZONA 23-S.
BARRAGEM DE MIRORÓS. VISADA N-S. ........................................................................... 36
FOTO 6: ARENITO DEMONSTRANDO ESTRATIFICAÇÃO CRUZADA ACANALADA. FORMAÇÃO MORRO
DO CHAPÉU. BARRAGEM DE MIRORÓS. COORDENADAS: 789583 W / 8732073 S, ZONA 23-
S. VISADA N-S............................................................................................................... 37
FOTO 7: 7A) AFLORAMENTO EM PERFIL DEMONSTRANDO INTERCALAÇÃO DE ARENITO, SILTE E
ARGILA. 7B) AFLORAMENTO EM PERFIL DEMONSTRANDO SILTITO BRANCO AMARELADO.
COORDENADAS: 789583 W / 8732073 S, ZONA 23-S. VISADA S-N. ................................. 37
FOTO 8: 8A) MEDIDA DE NÍVEL ESTÁTICO EM POÇO TUBULAR E 8B) MEDIDA DA COTA NA BOCA DO
POÇO, COM O USO DE GPS DIFERENCIAL. PERÍMETRO IRRIGADO DE MIRORÓS. JUNHO DE
2014. ............................................................................................................................ 48
LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1: VALORES MÉDIOS DA TEMPERATURA MÍNIMA MENSAL DO MUNICÍPIO DE IBIPEBA-BA. 15


GRÁFICO 2: VALORES MÉDIOS DA TEMPERATURA MÁXIMA MENSAL DO MUNICÍPIO DE IBIPEBA-BA.
..................................................................................................................................... 15
GRÁFICO 3: VALORES MÉDIOS DAS PRECIPITAÇÕES MENSAIS NOS POSTOS PLUVIOMÉTRICOS DO
MUNICÍPIO DE IBIPEBA-BA DENTRO DA ÁREA DE ESTUDO, ESTAÇÃO FAZENDA REFRIGÉRIO
(CÓDIGO 01142020) E ESTAÇÃO FAZENDA CABACEIRAS (CÓDIGO 01142017). PERÍODO DE
1978 A 2012. ................................................................................................................ 41
GRÁFICO 4: LINHA DE TENDÊNCIA DA PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA MÉDIA ANUAL NOS POSTOS
PLUVIOMÉTRICOS DO MUNICÍPIO DE IBIPEBA-BA DENTRO DA ÁREA DE ESTUDO, ESTAÇÃO
FAZENDA REFRIGÉRIO (CÓDIGO 01142020) E ESTAÇÃO FAZENDA CABACEIRAS (CÓDIGO
01142017). PERÍODO DE 1978 A 2012. .......................................................................... 41
GRÁFICO 5: CORRELAÇÃO ENTRE OS GRÁFICOS 1, 2 E 3 DEMONSTRANDO CARACTERÍSTICAS DO
CLIMA SECO DE ESTEPE, DO QUAL APRESENTA UM INVERNO SECO E OCORRÊNCIA DE CHUVAS

NO VERÃO. .................................................................................................................... 42

GRÁFICO 6: VARIAÇÃO DA PROFUNDIDADE DOS NÍVEIS POTENCIOMÉTRICOS DOS POÇOS


TUBULARES, MEDIDOS NO PERÍMETRO IRRIGADO DE MIRORÓS EM JUNHO DE 2014. ........... 48

GRÁFICO 7: DISTRIBUIÇÃO DOS VALORES DE PH NOS POÇOS VISITADOS NO PERÍMETRO IRRIGADO


DE MIRORÓS EM JUNHO DE 2014, ASSOCIADO AOS NÍVEIS PERMITIDOS PELO CONAMA -
396/2008. ..................................................................................................................... 57
GRÁFICO 8: DISTRIBUIÇÃO DOS VALORES DE TURBIDEZ DOS POÇOS VISITADOS NO PERÍMETRO
IRRIGADO DE MIRORÓS NO PERÍODO DE JUNHO DE 2014.................................................. 58
LISTA DE TABELAS

TABELA 1: PRECIPITAÇÃO MÉDIA ANUAL EM CADA UMA DAS 12 REGIÕES HIDROGRÁFICAS BRASILEIRAS.
PERÍODO 1961 - 2007. ................................................................................................................... 16
TABELA 2: DADOS DE CAMPO COLHIDOS EM POÇOS PERFURADOS NA ÁREA DE ESTUDO (JUNHO 2014). ....... 44
TABELA 3: ANEXOS I: DIPIM - POTENCIOMÉTRICO (SIAGAS; SERTÃO POÇOS). ............................... 66
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

1.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 2

1.1.1 Objetivos Específicos................................................................................... 2

1.2 Justificativa ........................................................................................................ 2

1.3 Metodologia ....................................................................................................... 3

2. LOCALIZAÇÃO E ACESSO .................................................................................... 4

3. A BARRAGEM DE MIRORÓS E O PERÍMETRO IRRIGADO DE MIRORÓS - UM


BREVE HISTÓRICO ................................................................................................... 8

4. REFERENCIAL TEÓRICO - HIDROGEOLOGIA CÁRSTICA ............................... 10

5. ASPECTOS FÍSICOS ........................................................................................... 13

5.1 Clima ................................................................................................................ 13

5.1.1 Pluviometria ............................................................................................... 15

5.2 Geomorfologia.................................................................................................. 17

5.2.1 Anticlinais aplainados e esvasiados, sinclinais suspensos, bloco


deslocados por falhas da Chapada Diamantina ................................................. 17

5.2.2 Pedimentos funcionais ou retocados por drenagem incipiente .................. 17

5.2.3 Pedimento Cimeiro da Chapada Diamantina ............................................. 19

5.2.4 Pediplano Sertanejo................................................................................... 19

5.2.5 Planaltos Cársticos .................................................................................... 19

5.2.6 Região de Acumulação .............................................................................. 20

5.3 Solos ................................................................................................................ 21

5.3.1 ARGISSOLO VERMELHO AMARELO Eutrófico ....................................... 21

5.3.2 CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico ...................................................... 21

5.3.3 CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Eutrófico ...................................................... 23

5.3.4 LATOSSOLO VERMELHO AMARELO Distrófico ...................................... 23

5.3.5 LATOSSOLO VERMELHO AMARELO Eutrófico....................................... 24


5.3.6 NEOSSOLO LITÓLICOS Distróficos ......................................................... 24

5.3.7 VERTISSOLOS.......................................................................................... 25

5.4 Vegetação e Uso do Solo ................................................................................ 25

5.4.1 Agricultura / Pecuária................................................................................. 27

5.4.2 Brejo .......................................................................................................... 28

5.4.3 Caatinga Arbustiva..................................................................................... 28

5.4.4 Campo Limpo ............................................................................................ 28

5.4.5 Campo Rupestre ........................................................................................ 29

5.4.6 Cerrado ...................................................................................................... 29

5.4.7 Floresta Estacional .................................................................................... 29

5.5 Geologia Regional............................................................................................ 30

5.5.1 Paleoproterozóico ...................................................................................... 32

5.5.2 Mesoproteozóico........................................................................................ 32

5.5.3 Neoproterozóico......................................................................................... 34

5.5.4 Cenozóico .................................................................................................. 34

5.5.5 Quaternário ................................................................................................ 35

5.6 Geologia Local ................................................................................................. 35

5.6.1 Mesoproterozóico ...................................................................................... 35

5.6.3 Neoproterozóico......................................................................................... 39

5.6.4 Quaternário ................................................................................................ 39

6. TRATAMENTO DE DADOS DO AQUÍFERO CÁRSTICO NO PERÍMETRO


IRRIGADO DE MIRORÓS......................................................................................... 40

6.1 Análise da Precipitação Pluviométrica ............................................................. 40

6.2 Análise do Açude da Barragem de Mirorós...................................................... 42

6.3 Caracterização dos Aspectos Hidrogeológicos da Área de Estudo ................ 44

6.3.1 Potenciometria ........................................................................................... 46

6.4 Diagnóstico Físico-químico do Aquífero Cárstico da Área de Estudo .............. 51


6.4.1 Condutividade Elétrica (CE) - (µS/cm) ....................................................... 51

6.4.2 Sólidos Totais Dissolvidos (mg/L) e Salinidade (%) ................................... 52

6.4.3 Potencial Hidrogeniônico (pH) .................................................................. 57

6.4.4 Turbidez ..................................................................................................... 58

7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES................................................................ 59

8. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 60
1

1. INTRODUÇÃO

A incessante busca pela água durante toda a história da humanidade tem


feito grandes avanços, com grandes descobertas e pesquisas acerca do tema.
Segundo a UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência
e a Cultura na Conferência Internacional sobre Água e Meio Ambiente (1992), se
estimava que cerca de 97% da água doce do mundo para uso da humanidade
encontrava-se no subsolo, na forma de água subterrânea, enquanto que, somente
3% da água potável do planeta se encontrava disponível na superfície terrestre.
De acordo com a UNESCO, entre o período de 1970-1995, foram perfurados
no mundo cerca de 300 milhões de poços, fornecendo água subterrânea para o
abastecimento de mais de 50% da população do planeta e para a irrigação de
aproximadamente 90 milhões de hectares.
Em grandes áreas do globo terrestre, especialmente em regiões cársticas,
os aquíferos são a única fonte de água potável. Cerca de 25% da população mundial
e 50% das regiões alpinas são supridas por esse tipo de manancial. Sendo assim, o
estudo e conservação dessas áreas são de vital importância para a sobrevivência
das comunidades associadas (KOVACIC, 2003).
O crescimento populacional e as formas de uso e ocupação inadequada
comprometem o equilíbrio do sistema hídrico cárstico, refletindo nos principais
motivos de se levantar dados qualitativos e quantitativos que possam auxiliar o
entendimento da dinâmica hídrica subterrânea, relevando suas características
peculiares de escoamento e a sua intrínseca vulnerabilidade natural.
Nas regiões com climas semiáridos e áridos, quase que não existe trocas
entre a água superficial e a água subterrânea, em decorrência de raras
precipitações, ocasionando assim um volume reduzido de água infiltrada e
dificultando com isso a recarga nos aquíferos mananciais. Por isso torna-se
necessário estudos e aprimoramento de técnicas para o aproveitamento,
revitalização e recuperação dos aquíferos.
No Distrito Irrigado de Mirorós, localizado no município de Ibipeba-BA, existe
uma grande demanda em relação a utilização de água subterrânea para o uso na
irrigação. Em Maio de 2010 o Projeto de Irrigação de Mirorós passou a ter o direito
do uso de recursos hídricos para captação de água no Açude de Mirorós, situado no
2

Rio Verde, com a finalidade de irrigação e abastecimento humano. No entanto, no


final de 2011 a captação de água do açude de Mirorós para abastecimento do
Projeto de Irrigação de Mirorós foi interrompida, tendo em vista que o reservatório
atingiu a cota alerta estipulada pela Agência Nacional de Águas que era de
500,67m. Entre 2012 e 2013 foram perfurados 25 poços tubulares pela CODEVASF
para cobrir a deficiência causada pela interrupção do fornecimento de água do
açude de Mirorós.
Desta forma, este trabalho pretende avaliar e contribuir com os órgãos
gerenciadores do Distrito de Mirorós, fornecendo uma breve radiografia das
condições hidrogeológicas atuais daquele aquífero cárstico.

1.1 Objetivo Geral

Este trabalho tem como objetivo avaliar aspectos hidrogeológicos do


aquífero cárstico do Perímetro Irrigado de Mirorós, localizado no município de
Ibipeba, no Estado da Bahia.

1.1.1 Objetivos Específicos

− Analisar qualitativamente e quantitativamente o índice do rebaixamento do


aquífero com a intensificação da explotação de água para irrigação;
− Analisar a qualidade da água do aquífero, associada ao pH, salinidade, oxigênio
dissolvido e turbidez.

1.2 Justificativa

Nas últimas décadas, o aumento do cultivo de produtos agrícolas na Bacia


Hidrológica do Rio Verde causou a intensificação na perfuração de poços tubulares
na região, o que vem contribuindo para o rebaixamento dos aquíferos ali instalados,
comprometendo, sobremodo, a potencialidade hídrica desses reservatórios (SILVA,
H,M., 2005).
3

A região cárstica de Mirorós, potencialmente agrícola e pertencente a esta


Bacia, passa por esta demanda em relação a perfuração de poços, principalmente
para suprir a área irrigada.
Desta maneira, este trabalho contribuirá para que, os usuários daquele
aquífero, possam conhecer melhor e perceber a fragilidade daquele manancial de
água subterrânea, que supre atualmente as suas necessidades.

1.3 Metodologia

O presente estudo foi possível devido à existência de uma grande gama de


dados disponibilizados por órgãos do Governo Estadual e Federal no sistema web,
em suas páginas oficiais. As informações referente a limites municipais, estaduais,
rodovias e hidrografia baseiam-se nas Cartas Plani-Altimétricas da base SEI/IBGE
do Estado da Bahia; as informações referentes a litologia e limites litológicos
baseiam-se no sistema Geobank da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais
(CPRM); as informações referente a geomorfologia, solos e vegetação baseiam-se
no Projeto RADAMBRASIL, Folha SC.24/25 Aracaju/Recife (1983) e parte das
Folhas SC.23 Rio São Francisco e SC.24 Aracaju (1973), Folha SD. 24 Salvador
(1981) e no Plano Estadual de Recursos Hídricos da Bahia (PERH), executado pelo
Governo do Estado da Bahia - Superintendência de Recursos Hídricos (2003); a
informações acerca da produtividade dos aquíferos na área de estudo foram obtidos,
principalmente, nos dados de poços do Sistema de Informações de Águas
Subterrâneas (SIAGAS) da CPRM, em dados cedidos pela empresa Sertão Poços e
em dados coletados em campo. Por fim, os dados relativos às precipitações e ao
clima foram coletados, via web, no site da Agência Nacional de Águas (ANA), que os
disponibilizam para download no sistema HidroWeb, no site do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) e no site do Instituto Nacional de Meteorologia
(INMET).
Após ter sido definida a área de estudo, fez-se necessário a sua delimitação
e da sua bacia hidrográfica. Esta foi feita a partir da obtenção de dados vetoriais em
formato shapefile referente ao limite da bacia Hidrográfica do Rio Verde,
disponibilizado no sistema HidroWeb para download pelo site da ANA e por
imagens de Satélite, também disponíveis no site da NASA.
4

A coleta dos dados ocorreu em duas etapas principais. Na primeira etapa,


em literatura especializada sobre o tema, foi realizada consulta bibliográfica acerca
de publicações que versassem sobre a área de estudo. Através de sites de órgãos
do Governo supracitados, foi realizada a compilação e organização de dados
vetoriais e de dados hidroquímicos e hidrodinâmicos, referentes às águas
subterrâneas no domínio do aquífero cárstico do Perímetro Irrigado de Mirorós,
bacia do rio Verde, Ibipeba-Bahia. Na segunda etapa foram realizadas 2 (duas)
viagens a campo: para reconhecimento da área de estudo e para a coleta de dados
em poços tubulares.
Desta forma, foram colhidos dados físico-químicos em 13 (treze) poços
tubulares da área, com o uso de um Kit multiparâmetro, de fabricação da Horiba,
sendo colhidos os seguintes parâmetros: condutividade elétrica, sólidos totais
dissolvidos, salinidade, turbidez, oxigênio dissolvido, pH e temperatura.
Para o conhecimento do nível atual do aquífero, foram medidos o nível
estático destes poços, com o uso de um medidor de nível d'água.
Na sequência, realizou-se o tratamento dos dados obtidos nas etapas
anteriores, fazendo uso de softwares específicos, tais como, Excel da Microsoft,,
Surfer 9 da Golden Software Inc. e ArcGis 10.1 da ESRI Inc. Em seguida, foram
feitas as interpretações destes dados e produzidos resultados que permitiram a
confecção desta monografia.

2. LOCALIZAÇÃO E ACESSO

O Rio Verde é um afluente da margem direita do Rio São Francisco, com


suas primeiras nascentes na Serra da Mangabeira no município de Ipupiara - BA,
em altitudes superiores a 1.400 m, desaguando no Rio São Francisco após percorrer
cerca de 295 Km. Tem como bacias vizinhas a do Rio Jacaré pela direita e a do Rio
São Francisco pela esquerda, drenando uma área aproximada de 10.935 Km².
O acesso até a área de estudo pode ser feito percorrendo-se cerca de 538
km, a partir de Salvador, seguindo-se pela rodovia BR-324 até Feira de Santana,
prosseguindo pela rodovia BR-116 e pela rodovia BA-052 (Estrada do Feijão) até a
5

cidade de Irecê. Desta segue-se pela rodovia BA-148 até o município de Ibipeba e,
por fim, segue-se para o Distrito de Mirorós (Figura 1).
A área delimitada pela bacia hidrográfica do rio Verde envolve os municípios
de Itaguaçu da Bahia, Jussara, Central, São Gabriel, João Dourado, Irecê, Lapão,
Ibititá, Ibipeba, Ipupiara, Barra do Mendes, Brotas de Macaúbas, Gentio do Ouro,
Presidente Dutra e Xique-Xique. A área de estudo, inserida nesta bacia, encontra-se
no município de Ibipeba, ao lado da Barragem de Mirorós. (Figura 2)
6

Figura 1: Mapa de Situação, Localização e acesso à Área de Estudo.

FONTE: Adaptado das Cartas Plani-Altimétricas do Estado da Bahia IBGE/SEI, escala 1:100.000,
2003. Imagem Aérea Google Earth 2014.
7

Figura 2: Municípios pertencentes à Bacia Hidrográfica do Rio Verde.

FONTE: Adaptado das Cartas Plani-Altimétricas do Estado da Bahia IBGE/SEI, escala 1:100.000,
2003.
8

3. A BARRAGEM DE MIRORÓS E O PERÍMETRO IRRIGADO DE MIRORÓS - UM


BREVE HISTÓRICO

A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do


Parnaíba (CODEVASF), em 1981, construiu a barragem Manoel Novaes ou
barragem de Mirorós (Foto 1), no leito do Rio Verde, município de Ibipeba e Gentio
do Ouro, Estado da Bahia. Com o objetivo de abastecer a cidade de Irecê e
comunidades da região. Foi também construída a Adutora do Feijão, cuja captação é
feita no reservatório da barragem de Mirorós, tornando-se esta uma das principais
fontes de abastecimento de água potável da região. A partir da Adutora do Feijão,
passou a atender a população dos municípios de América Dourada, Barra do
Mendes, Barro Alto, Cafarnaum, Canarana, Central, Ibipeba, Ibititá, Irecê, João
Dourado, Jussara, Lapão, Presidente Dutra, São Gabriel e Uibaí.
Conforme a CODEVASF (2012), a barragem de Mirorós (Foto 1) é uma
estrutura construída em terra e enrocamento, com altura máxima de 75m,
comprimento de 340m, possuindo ainda um vertedouro de concreto armado, com
duas comportas e vazão de 1.000 m3/s. O reservatório possui capacidade de 158,4
milhões de m3 e abrange uma superfície máxima de 780 ha. Há também estrutura
de tomada d’água com capacidade de vazão de 5,0 m3/s, a partir da qual é feita a
captação e, em seguida, a distribuição para três atendimentos a saber 1:
1. Adutora do Feijão - sob a responsabilidade da Embasa, para atendimento a cerca
de 15 sedes de municípios, incluindo a cidade de Irecê, com vazão de projeto de
0,7m³/s;
2. Perímetro de Irrigação Mirorós - com 2.055 ha irrigáveis e vazão de projeto de
1,3m³/s;
3. Vazão de Perenização do Rio Verde - com vazão de projeto de 0,25m³/s.
O Perímetro de Irrigação Mirorós entrou em operação em 1996. Possui
cerca de 2.055 ha irrigáveis, sendo 1.037 ha em áreas de pequenos produtores e
1.018 ha em áreas empresariais. A área irrigável está distribuída entre 241 lotes
agrícolas, sendo 201 de pequenos produtores e 40 de empresas agrícolas. Hoje, a
área efetivamente irrigada totaliza cerca de 1.550 hectares e a cultura predominante

1 CODEVASF - Nota de esclarecimento. Brasília, DF - 02.03.2012.


9

é a da banana. Ocorre também o plantio de pinha, coco, cana de açúcar, mamão,


lima, goiaba em pequenas e médias propriedades.
Os serviços de água do Perímetro são executados desde 1998 pelo Distrito
de Irrigação do Perímetro Irrigado de Mirorós (DIPIM), por delegação de
competência da CODEVASF, conforme dispositivos da Lei nº 6662/79 e Decreto nº
89.496/84. A vazão máxima de consumo (demanda d’água) prevista para este
atendimento é de 1,3 m3/s. A perenização do Rio Verde é uma necessidade
resultante da existência de usuários ribeirinhos ao longo do trecho de jusante e a
vazão de projeto estabelecida para este atendimento é de 0,25m³/s. (CODEVASF,
2012).

Foto 1: Barragem Manoel Novaes ou Barragem de Mirorós - Ibipeba-BA. Coordenadas: 789583 W /


8732073 S, Zona 23-S. Visada N-S.

Após a realização de um balanço hídrico do Açude de Mirorós por técnicos


da CPRM, constatou-se que, desde 2008 ele vem sendo operado em ritmo de
exaustão e o seu esgotamento está associado apenas ao fato das demandas
(saídas) serem maiores que as entradas (CPRM, 2012).
10

4. REFERENCIAL TEÓRICO - HIDROGEOLOGIA CÁRSTICA

De acordo com (SILVA, 2002), o fenômeno cárstico se refere ao conjunto de


transformações que ocorrem em uma região, principalmente em rochas
carbonáticas, como consequência da ação de circulação da água. Estas
transformações são o que distinguem o meio cárstico dos demais meios aquíferos e
se refere ao resultado da procura natural do equilíbrio químico entre a água e as
rochas carbonáticas. Neste processo de transformação, a água é o elemento ativo
transitório e a rocha carbonática o passivo permanente. Quando cessa a atividade
da água, os fenômenos cársticos deixam de ocorrer e a rocha carbonática
permanece passiva e sujeita às novas ações do elemento água. Em regiões muito
secas, com chuvas anuais inferiores a 200 mm, a circulação hídrica praticamente
não existe e também quase não ocorrem fenômenos cársticos.
SILVA (2002), informa que a ocorrência do fenômeno cárstico está
condicionada a circulação e a atividade da água que por sua vez é sujeita a fatores
geológicos, geomorfológicos e climáticos. Estes fatores são variáveis ou cíclicos o
que provoca uma intermitência na circulação hídrica através das rochas e
consequentemente uma ação descontinua nas transformações do meio cárstico. Em
regiões de elevada pluviosidade (maiores do que 2.000 mm/ano), onde a circulação
hídrica é maior, os fenômenos cársticos são mais intensos enquanto em regiões de
baixas precipitações pluviais os fenômenos cársticos são menores. A distribuição
anual das chuvas, climas extremados, grandes oscilações nas intensidades de
chuvas também são fatores que influenciam nos fenômenos cársticos.
A hidrogeologia cárstica é caracterizada por apresentar pouca drenagem
superficial, sendo que a circulação se dá internamente ao maciço rochoso através
de condutos que seguem as linhas de fraqueza da rocha até atingir canais mais
desenvolvidos. Em pontos diferentes, independentemente dos percursos das águas
superficiais, as águas ressurgem ou afloram na forma de fontes ou surgências. A
caracterização do sistema hidráulico dos aquíferos cársticos torna-se muito difícil em
vista de suas características próprias, onde o armazenamento e a circulação das
águas subterrâneas estão condicionados à dissolução ou ao fraturamento das
rochas carbonáticas (CHRISTOFOLETTI,1980).
11

A palavra carste, de acordo com Silva (2002), é utilizada para designar


aquelas regiões da superfície terrestre que apresentam características especiais do
ponto de vista geomorfológico e hidrogeológico em que se destacam:
- A presença de extensas zonas sem correntes de águas superficiais, inclusive em
climas úmidos;
- A ocorrência de depressões, cuja drenagem é subterrânea;
- A existência de cavidades no subsolo (simas ou cavernas) pelas quais circulam
correntes de água subterrâneas;
- Pequeno valor de escoamento superficial;
- Complexa circulação de águas subterrâneas tanto nas zonas saturadas como
acima da superfície potenciométrica do aquífero;
- Normalmente a existência de zonas desnudas sem vegetação;
- Grande rapidez da infiltração das chuvas e outras águas superficiais;
- Anomalias na direção do fluxo de água com relação ao gradiente potenciométríco
regional;
- Grande diferença entre a média e a mediana da distribuição estatística dos valores
de permeabilidade em um mesmo aquífero cárstico;
- Muita variação de um lugar para outro dos valores do coeficiente de
armazenamento e da transmissividade de um mesmo aquífero cárstico.
Segundo Karmann (In TEIXEIRA et al 2000) os carstes ou sistemas
cársticos, do ponto de vista hidrológico e geomorfológico são constituídos por três
componentes principais que se desenvolvem de maneira conjunta e
interdependente: a) Relevo cárstico - formas superficiais; b) Aquíferos de condutos -
formas condutoras da água subterrânea; c) Sistema de cavernas - formas
subterrâneas acessíveis à exploração (Figura 3).
Os aquíferos cársticos são sistemas muito heterogêneos, onde suas
características hidrogeológicas variam muito de um local para outro. Segundo
(SILVA, 1997), “em muitas circunstâncias o entendimento do sistema hidráulico
desse tipo de aquífero torna-se muito difícil em vista de suas características
genéticas”.
12

Figura 3: Modelo conceitual mostrando a heterogeneidade dos aquíferos cársticos.

Fonte: Karmann, 2000.

Em rochas carbonáticas estas características são o resultado de um


processo, chamado de “carstificação”, no qual intervém diversos fatores geológicos.
Neste processo existe um mecanismo básico que é a dissolução pela água da rocha
carbonática. São peculiares aos carstes as infiltrações de águas de superfície em
condutos localizados (sumidouros). As superfícies cársticas não apresentam relevos,
mas um padrão organizado e estruturalmente condicionado, muitas vezes de difícil
identificação, e que variam muito dentro de uma bacia hidrográfica com grande
extensão, ocasionando diversos compartimentos locais que muitas vezes
influenciam na “modelagem” da superfície topográfica atual (SILVA, 2002).
O aquífero cárstico é basicamente o resultado da ação solubilizadora da
água sobre as rochas carbonatadas. A água provém basicamente da chuva, do
escoamento rocha ocorre o substrato da ação da água que apresenta características
físicas e químicas próprias que vão determinar a maior ou menor intensidade do
processo de carstificação no pacote rochoso como um todo (NEGRÃO, 1986).
13

5. ASPECTOS FÍSICOS

5.1 Clima

A área de trabalho faz parte da região chamada de Polígono das Secas,


apresentando uma grande variação espacial e temporal das chuvas. A região
classificada como Semiárida (Figura 4), apresenta alguns fatores que influenciam
diretamente na precipitação pluviométrica como a posição geográfica e a
geomorfologia local.

Figura 4: Mapa de Climas da Bahia


.

Fonte: IBGE/2011.
14

O clima desempenha um papel muito importante nas regiões cársticas pois


tem participação direta nos processos de infiltração, circulação de água e
desenvolvimento de solos e vegetação. A área da bacia hidrográfica do rio Verde
apresenta um clima do tipo BSh’, segundo a classificação de Köppen 2 (clima seco
de estepe), apresentando um inverno seco e ocorrência de chuvas no verão.
Na região Semiárida do Nordeste, ou Sertão Nordestino, a estepe é o tipo de
vegetação predominante, conhecida como Caatinga. Se caracteriza como uma
vegetação xerófila de semi deserto que consegue resistir a pouca precipitação
(MENDONÇA & DANNI - OLIVEIRA, 2008).
O Sertão é a sub-região que apresenta o menor índice pluviométrico de todo
o País (BOLIGIAN et al., 2005), ocorrendo em todos os Estados do Nordeste
Brasileiro e atingindo ainda a Mesorregião do Norte de Minas Gerais.

"O Polígono das Secas é caracterizado por uma escassez dos


recursos hídricos de superfície, resultante das baixas precipitações
pluviométricas, que além de concentradas em uma única e
geralmente curta estação úmida, apresentam irregularidades
interanuais, responsáveis por secas periódicas de efeitos muitas
vezes catastróficos. Por outro lado, a região também está sujeita a
taxas de evapotranspiração potencial muito elevadas, oscilando com
maior frequência em torno de 90%. Dessa forma, a água no Nordeste
é um recurso estratégico e um fator vital para o seu desenvolvimento,
que ainda está à espera de uma política de decisões mais
consistentes e contínuas, que possa aumentar sua oferta, garantir a
qualidade e permitir a formação de uma infra estrutura que ajude o
nordestino a conviver com os efeitos danosos das secas". (CPRM,
2001, p.6).

Nos períodos mais úmidos é comum a ocorrência de curtas estiagens


"veranicos”, responsáveis pelas quedas de produção agrícola, tornando bastante
vulnerável a economia local (PDPL, 2007). O Instituto Nacional de Meteorologia
(INMET), disponibiliza via Internet, uma média climatológica dos municípios
brasileiros, obtida através de valores calculados a partir de uma série de dados
observados nos últimos 30 anos, sendo possível verificar o comportamento da

2 Wilhelm Köppen, desde o final do século XIX até a década de 1930, elaborou vários esquemas de
classificação dos climas que serviram de inspiração aos demais esquemas, direta ou indiretamente
dele derivados. É reconhecido como o primeiro a classificar os climas, levando em conta,
simultaneamente, a temperatura e a precipitação, porém fixando limites ajustados à distribuição dos
tipos de vegetação. Sua classificação de 1918 é considerada a primeira classificação climática
planetária com base científica, sendo ainda hoje a mais utilizada no Brasil e no mundo (MENDONÇA
& DANNI - OLIVEIRA, 2008, p.119).
15

temperatura (Gráficos 1 e 2) correlacionando com as épocas mais quentes/frias de


uma determinada região.

Gráfico 1: Valores médios da temperatura mínima mensal do município de Ibipeba-BA.


Temperatura Mínima (°C)

20
19
18
17
16
15
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Temperatura Mínima (°C) 20 20 20 20 19 18 17 17 18 20 20 20

Temperatura Mínima (°C)

Fonte: INMET, 2014.

Gráfico 2: Valores médios da temperatura máxima mensal do município de Ibipeba-BA.


Temperatura Máxima (°C)

32
30
28
26
24
22
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Temperatura Máxima (°C) 30 31 30 29 28 26 26 27 30 31 31 30

Temperatura Máxima (°C)

Fonte: INMET, 2014.

5.1.1 Pluviometria

A precipitação pluviométrica média anual no País, é de 1.761 mm, variando


de valores na faixa de 500 mm, na região semi-árida do Nordeste, a mais de 2750
mm, na Amazônia (Tabela 1) (ANA, 2013).
A tabela 1 mostra como está distribuída a precipitação média em cada uma
das 12 regiões hidrográficas brasileiras, a bacia hidrográfica do São Francisco
apresenta a menor média pluviométrica do País com 1.003mm/ano.
16

Tabela 1: Precipitação média anual em cada uma das 12 regiões hidrográficas brasileiras. Período
1961 - 2007.
Região Hidrográfica Precipitação Média (mm)

Amazônica 2.205

Tocantins / Araguaia 1.774

Atlântico Nordeste Ocidental 1.700

Parnaíba 1.064

Atlântico Nordeste Ocidental 1.052

São Francisco 1.003

Atlântico Leste 1.018

Atlântico Sudeste 1.401

Atlântico Sul 1.644

Uruguai 1.623

Paraná 1.543

Paraguai 1.359

Brasil (Média) 1.761

Fonte: ANA, 2013.

Conforme os dados históricos da Agência Nacional de Águas (ANA, 2014), a


região de Ibipeba/BA apresenta um regime pluviométrico com precipitações mal
distribuídas, apresentando os maiores índices pluviométricos nos meses de
novembro a abril (Gráfico 3), variando entre 80 e 120 mm/mês. O período
correspondente aos menores índices pluviométricos ocorrem nos meses de maio até
outubro, variando suas precipitações médias em torno de 10 mm/mês. Os períodos
de maiores precipitações na região ocorrem nos períodos de maiores temperaturas
ocasionando assim uma maior evapotranspiração. Tal época coincide com o final da
primavera e o verão, que ocorre entre os meses de novembro a março.
17

5.2 Geomorfologia

Este item tem como objetivo apresentar a caracterização geomorfológica da


área da bacia do Rio Verde (Figura 5).
As informações baseiam-se em compilações do Projeto RADAMBRASIL,
Folha SC.24/25 Aracaju/Recife (1983) e parte das Folhas SC.23 Rio São Francisco
e SC.24 Aracaju (1973), Folha SD. 24 Salvador (1981) e no Plano Estadual de
Recursos Hídricos da Bahia executado pelo Governo do Estado da Bahia -
Superintendência de Recursos Hídricos (2003). A seguir são apresentadas as
principais características da região em estudo, separadas em seis domínios
principais.

5.2.1 Anticlinais aplainados e esvasiados, sinclinais suspensos, bloco deslocados


por falhas da Chapada Diamantina

Segundo RADAM (1983), correspondem à elevações e superfícies


aplainadas remanescentes de estruturas de dobras, representadas por anticlinais
escavados e sinclinais suspensos e vastas áreas intermediárias aplanadas em
rochas metassedimentares falhadas. São compartimentos elevados e feições
estruturais esculpidas sobre os metassedimentos do Proterozóico Médio (Grupo
Chapada Diamantina). Apresentando um relevo elevado, apresentando altitudes
variando em torno de 400 e 800 metros.

5.2.2 Pedimentos funcionais ou retocados por drenagem incipiente

É representada por planos com um caimento regional para norte em direção


ao vale do São Francisco, chegando até às margens do lago de Sobradinho. São
áreas que apresentam altimetrias variando de 900 metros, na parte mais ao sul,
próximo às bordas da Chapada que cobre uma pequena área dos municípios de
Ibipeba e Gentio do Ouro, e 400 metros ao norte, nas proximidades do lago da
barragem de Sobradinho. (RADAM, 1983).
Material clástico colúvio-elúvio-aluvionar residual associado ao processo
erosivo de regressão das escarpas da Chapada Diamantina, estando associado à
drenagem incipiente da bacia do Rio Verde (SILVA, H, M., 2005).
18

Figura 5: Mapa Geomorfológico da Bacia Hidrográfica do Rio Verde.

FONTE: Elaborado a partir do SIG do PERH da Bahia, SRH, escala 1:1.000.000, 2003.
19

5.2.3 Pedimento Cimeiro da Chapada Diamantina

Compreendem-se por feições de relevo e formações superficiais que se


individualizam, dentro do domínio dos Planaltos Inumados, principalmente em
consequência de sua evolução morfogenética e por sua localização. São
resultantes de uma superfície de aplanamento que foi degradada ou interrompida
por cristas residuais de camadas mais resistentes (BAHIA, SRH 2003).

5.2.4 Pediplano Sertanejo

De acordo (RADAM, 1983), esta unidade corresponde a uma superfície


deprimida, cercada em partes por relevos planálticos de unidades adjacentes, com
altitudes entre 400 e 600 metros. Apresentam topografia aproximadamente plana,
em que os interflúvios constituem pediplanos mais ou menos conservados.
Modelado sobre as coberturas sedimentares atuais, corresponde a rampas
coalescentes cuja inclinação não ultrapassa 5° e o desnível é muito baixo. São áreas
sujeitas a infiltração, os vales são largos, pouco profundos, de fundo plano e
comaltados com areia, sendo que quase todos elaboram terraços.

5.2.5 Planaltos Cársticos

Ocorrem na maior parte da bacia do Rio Verde sendo representada por uma
topografia tabular , por vezes irregular, configurando lombadas, de um planalto que
no seu setor oriental mostra um ligeiro basculamento para oeste, na direção da
Chapada Diamantina e terminando a norte com o contato com o Pediplano
Sertanejo. (RADAM, 1981).
As formas de relevo de ocorrência mais comum são os interflúvos de topo
plano, ligeiramente inclinados, principalmente nas bordas dos rios, correspondentes
a pediplanos elaborados em fases diferentes e que já começaram a ser dissecados
ou destruídos pela erosão superficial , através de escoamento concentrado
elementar, assim como por processos de dissolução. Caracteriza-se por uma
topografia levemente ondulada, apresentando elevações suaves e sem a formação
de escarpas (RADAM, 1973,1983).
20

Ocorrem muitos exemplos de morfologia característica de Karst coberto, na


forma de sumidouros e principalmente pequenas depressões fechadas e dolinas,
além de algumas escarpas calcárias esculpidas. Conjunto de formas cársticas
geralmente cobertas de materiais argilosos e resíduos das rochas calcárias sobre
planaltos ou em depressões, as formas de detalhe mais frequentes encontradas na
superfície são dolinas, vales cegos e raros pináculos torres (RADAM, 1973,1983).
SILVA, H,M. (2005) salienta que a carstificação, com o intenso fraturamento
do terreno, aliada à suavidade do relevo, favorece a infiltração da água precipitada
pelas chuvas, sendo importante área de recarga dos aquíferos. Informa ainda que
por outro lado, a água excedente usada na irrigação da cultura agrícola também
retorna facilmente ao aquífero, levando consigo, dissolvidos ou em suspensão, os
produtos químicos (fertilizantes e pesticidas) depositados no solo devido às
atividades agrícolas.

5.2.6 Região de Acumulação

Planície resultante da deposição de sedimentos em depressões preenchidas


por aportes fluviais e por decantação em águas estagnadas (BAHIA, SRH 2003). A
Região de Acumulação ocorre no baixo curso do Rio Verde a partir da cidade de
Uibaí, passando pelo município de Central e se estendendo até as margens do lago
formado pela barragem de Sobradinho entre os municípios de Itaguaçu da Bahia e
Xique-Xique.
De acordo (SILVA, H, M., 2005), a região constitui um modelado de
acumulação, apresentando planos inclinados, com cotas altimétricas variando entre
400 e 500 metros, sobre as brechas calcárias da Formação Caatinga, sedimentos
detríticos areno-argilosos, de idade Tércio-Quaternário e depósitos aluviais
Quaternários que resultaram da convergência dos leques aluviais arenosos do rio
São Francisco com os leques dos rios Verde e Jacaré.
21

5.3 Solos

Na Bacia Hidrográfica do Rio Verde foram identificadas sete classes de


solos de acordo o limite da Bacia. A classe com maior distribuição espacial na Bacia
do Rio Verde corresponde ao CAMBISSOLO HÁPLICO Eutrófico que ocupa grande
parte do trecho médio, seguido pelo NEOSSOLO LITÓLICO Distrófico que
predomina desde o Perímetro Irrigado de Mirorós até cobrir boa parte do município
de Gentio de Ouro a oeste da Barragem, a área de estudo se encontra quase
totalmente inserida pelo LATOSSOLO VERMELHO AMARELO Distrófico conforme
pode ser observado na Figura 6.
A caracterização dos tipos de solo se baseia na compilação de informações
do Projeto RADAMBRASIL, Folha SC.24/25 Aracaju/Recife (1983),e parte das
Folhas SC.23 Rio São Francisco e SC.24 Aracaju (1973) e Sistema Brasileiro de
Classificação de Solos (EMBRAPA, 2006; 2009).

5.3.1 ARGISSOLO VERMELHO AMARELO Eutrófico

São solos minerais, não hidromórficos, com horizonte A ou E (horizonte de


perda de argila, ferro ou matéria orgânica, de coloração clara) seguido de horizonte
B textural, com nítida diferença entre os horizontes. Apresentam horizonte B de cor
avermelhada até amarelada de teores baixos de óxidos de ferro, são solos férteis
pois apresentam um grau de saturação por bases superior a 50%. Nos solos
eutróficos, não existe limitação quanto à fertilidade, no entanto, a retirada constante
de nutrientes pelas plantas cultivadas, e a erosão nas áreas que apresentam um
maior declive podem reduzir a disponibilidade de nutrientes (RADAM, 1973,1983).

5.3.2 CAMBISSOLO HÁPLICO Ta Eutrófico

São os solos mais cultivados da região, os Cambissolos são solos rasos e


bem drenados, que guardam nos seus horizontes vestígios do seu material de
origem. Em geral, constituem-se em solos rasos, imperfeitamente drenados, em
função da textura argilosa, de cor amarelada até vermelho escuro, são solos com
argila de alta atividade e de alta fertilidade. Apresentam caráter eutrófico e ocorrem
na parte oeste da bacia do Rio Verde (RADAM, 1983).
22

Figura 6: Mapa de Solos da Bacia Hidrográfica do Rio Verde.

FONTE: Elaborado a partir do SIG do PERH da Bahia, SRH, escala 1:1.000.000, 2003.
23

Apresentam-se como solos minerais, não hidromórficos, que possuem como


horizonte diagnóstico, um horizonte B incipiente, ou seja, um horizonte que sofreu
alteração física e química em grau não muito avançado, no entanto, suficiente para a
formação de cor ou de estrutura, em que mais da metade do volume de todos os
subhorizontes não são constituídos de estrutura de rocha matriz (EMBRAPA, 2009).
Apresentam estrutura bastante argilosa e o aproveitamento agrícola destes
solos limita-se em grande parte pelo tipo de relevo onde se situam. Em locais que o
relevo permite o aproveitamento do solo, ocorrem bons níveis de fertilidade,
podendo assim serem bem aproveitados, restando como limitação apenas as
condições climáticas da região (RADAM, 1983).

5.3.3 CAMBISSOLO HÁPLICO Tb Eutrófico

Este tipo de solo encontra-se muito pouco representativo na bacia do rio


Verde, ocupando uma pequena parte no município de João Dourado.
São solos com argila de baixa atividade e de alta fertilidade, ocorre na maior
parte dos primeiros 100 cm do horizonte B, são poucos desenvolvidos, apresentam
uma matriz amarelada, são solos rasos a moderadamente profundos e bem
drenados (RADAM, 1983).

5.3.4 LATOSSOLO VERMELHO AMARELO Distrófico

Estes solos predominam no Perímetro Irrigado de Mirorós, abrangendo


principalmente os municípios de Gentio do Ouro e Ibipeba. Apresentam um caráter
distrófico e álico com uma distribuição variável na região. São solos minerais, não
hidromórficos, normalmente profundos a muito profundos, forte a moderadamente
drenados, apresentam boa porosidade e sequência de horizontes A, B e C
demonstrando pouca diferenciação entre eles e possui cores que variam do
vermelho ao amarelo com tons intermediários (EMBRAPA, 2006; 2009).
Apresentam texturas de média a argilosa, demonstrando um horizonte A
fraco, moderado e proeminente, possuem caráter álico e distrófico. Em função do
caráter álico, ou seja, a baixa fertilidade deste tipo de solo, é inviável este tipo de
solo como potencial agrícola. Contudo, aplicando-se adequadamente corretivos e
fertilizantes, associados à época propícia ocorrem boas produções (RADAM, 1983).
Na área de estudo ocorrem grandes plantações, principalmente referente a cultura
24

da banana (Foto 2), tais plantações são favorecidas pela utilização de poços
artesianos do Perímetro Irrigado de Mirorós.

Foto 2: 2a) LATOSSOLO VERMELHO AMARELO Distrófico. 2b) Plantação de banana. Ponto 5,
Coordenadas: 796044 W / 8735914 S, Zona 23-S.

a b

5.3.5 LATOSSOLO VERMELHO AMARELO Eutrófico

Estes tipos de solos predominam na parte noroeste da bacia do Rio Verde, e


em menor proporção na parte sul da bacia no limite entre os municípios de Barra do
Mendes e Ibipeba. Esta classe compreende solos minerais, não hidromórficos e
apresentam horizonte B latossólico. Apresentam sequência de horizontes A, B e C,
variam de profundos a muito profundos, são fortes e moderadamente drenados,
apresentando boa permeabilidade e boa porosidade, demonstram uma cor mais
avermelhada como característica diferenciadora dos outros tipos de latossolos.
Possuem um bom potencial agrícola, no entanto, o clima Semiárido desfavorece o
seu potencial (RADAM, 1973,1983).

5.3.6 NEOSSOLO LITÓLICOS Distróficos

Estes solos predominam na parte central e sudoeste da bacia do Rio Verde,


são solos minerais pouco desenvolvidos, rasos ou muito rasos, constituídos por
deposição de sedimentos fluviais recentes. Apresentam bastante pedregosidade, ou
seja, bastante degradado na superfície, dificultando a sua utilização na agricultura.
25

No entanto, este tipo de solo é bastante aproveitado na pecuária extensiva e em


pequenas culturas de subsistência (RADAM, 1983).
Por serem solos muito rasos, não alagados, geralmente a rocha de origem
se encontra a menos de 50 cm da superfície, estes solos demonstram propriedades
inteiramente dominadas pela rocha mãe, e é comum apresentarem horizonte A-C-R,
onde R representa a rocha (RADAM, 1983). Os NEOSSOLOS de caráter distrófico
estão geologicamente associados com os metassedimentos da Formação Morro do
Chapéu (arenitos arcoseanos, quartzoarenitos e arenitos conglomeráticos) e ao
Grupo Chapada Diamantina (Formação Caboclo e Formação Tombador).

5.3.7 VERTISSOLOS

Este tipo de solo demonstra pouca representatividade, aparece na região


leste da bacia do Rio Verde, ocorre apenas numa pequena parte do município de
Itaguaçu da Bahia. São solos minerais, argilosos, mal drenados, de permeabilidade
muito lenta, em períodos de chuvas se tornam muito plásticos e pegajosos. Solos
constituídos por material mineral com horizonte vértico entre 25 e 100 cm de
profundidade possui relação textural insuficiente para caracterizar um horizonte B
textural (RADAM, 1983).
Os VERTISSOLOS são altamente susceptíveis a erosão, dificultando o seu
manejo, sendo mais utilizados para o desenvolvimento de pastagens. (EMBRAPA,
2009).

5.4 Vegetação e Uso do Solo

O estudo de vegetação foi realizado utilizando as fisionomias ecológicas,


resultantes do estudo dos ambientes ecológicos, com base no Projeto
RADAMBRASIL, Folha SC.24/25 Aracaju/Recife (1983) e RADAMBRASIL parte das
Folhas SC.23 Rio São Francisco e SC.24 Aracaju (1973), no âmbito regional,
apoiando-se nos conhecimentos obtidos nas análises de clima, dos litotipos e do
relevo da área em estudo. Na Bacia Hidrográfica do Rio Verde foram identificadas
oito classes de vegetação de acordo o limite da Bacia (Figura 7).
26

Figura 7: Mapa de Vegetação da Bacia Hidrográfica do Rio Verde.

FONTE: Elaborado a partir do SIG do PERH da Bahia, SRH, escala 1:1.000.000, 2003.
27

5.4.1 Agricultura / Pecuária

Estas áreas abrangem a maior parte da bacia do Rio Verde, chegando a


60% da bacia. Devido às condições de um relevo suave e o tipo de solo rico em
nutrientes associado às rochas carbonáticas ocorrem a implantação de culturas
vegetais como feijão, milho, cebola, tomate, entre outros. (BAHIA, SRH, 1995).
No Perímetro Irrigado de Mirorós o solo apresenta baixa fertilidade, sendo
inviável como potencial agrícola, conforme citado no LATOSSOLO VERMELHO
AMARELO Distrófico que abrange o Perímetro (RADAM, 1983). No entanto,
ocorrem grandes plantações, principalmente referente a cultura da banana e cana-
de-açúcar, devido a implantação de sistemas de irrigação através de poços
tubulares (Foto 3). Existe ainda o cultivo de palma, mamão entre outras (Foto 4a),
mas com menor representatividade. A atividade pecuária que ocorre no Perímetro
Irrigado corresponde a pequenas criações de gado (Foto 4b).

Foto 3: 3a) Plantação de banana. Ponto 4, coordenadas: 797111 W / 8739461 S, Zona 23-S. 3b)
Plantação de cana-de-açúcar. Ponto 6, coordenadas: 795425 W / 8733814 S, Zona 23-S.

a b

Foto 4: 4a) Plantação de Palma. 4b) Pecuária (gado), coordenadas: 797821 W / 8735041 S, Zona 23-
S.

a b
28

5.4.2 Brejo

Esta categoria ocupa uma pequena parte na margem do Rio Verde a sul do
açude da barragem de Mirorós. Este tipo de vegetação se caracteriza pela presença
mais abundante de água, contrastando com as áreas circundantes do seu entorno
que se caracterizam como Semiárido (RADAM, 1983).

5.4.3 Caatinga Arbustiva

Esta unidade de vegetação é representada por remanescentes de caatinga


arbórea, e se encontra bastante antropizada sendo substituída por vegetação
secundária. Geralmente a altitude de 700 metros marca o limite máximo observado
para as formações de Caatinga, surgindo uma faixa de tensão ecológica que cede
lugar a Floresta Estacional. É composta de fisionomia arbustiva lenhosa de estrutura
aberta e porte baixo. Os estratos arbustivos atingem altura variando de 2 a 3 metros,
apresentando densa ou regularmente espaçadas, além de arbóreas, em menor
proporção, que pode atingir a 8 metros (RADAM, 1983).
Na região do Platô Cárstico de Irecê, formada por uma grande planície, a
vegetação natural remanescente, em áreas que ainda não sofreram a ação
antrópica, é típica de uma caatinga arbustiva densa e alta (BAHIA, SRH, 1995).
Abrange todos os municípios da bacia do Rio Verde e encontra-se bastante
degradada devido à intervenção humana através de cortes sucessivos para retiradas
de lenhas, implantação de agricultura de subsistência, pecuária, além de queimadas.

5.4.4 Campo Limpo

São áreas ocupadas, predominantemente, com vegetação de gramíneas e


eventuais sub-arbustos. São uma espécie de transição entre a caatinga e a Floresta
Estacional e/ou áreas antropizadas. Dentro da região estudada, os campos limpos
estão localizados nas porções oriental e, principalmente, ocidental da Chapada
Diamantina (SILVA, H, M., 2005).
29

5.4.5 Campo Rupestre

São vegetações encontradas em topos de serra com altitudes em torno de


800 metros, na bacia do Rio Verde ocorre nas unidades geológicas do Grupo
Chapada Diamantina. Ocorre entre afloramentos rochosos com pouco solo e de
forma bem distribuída, não ocupando trechos contínuos. Este tipo de vegetação se
destaca pelo número de espécies restritas como cactos, orquídeas, gramínea, entre
outras. Apresentam características xeromórficas, ou seja, presença de estruturas
que diminuem a perda de água como folhas pequenas e espessadas (RADAM,
1973, 1983).

5.4.6 Cerrado

A vegetação de Cerrado apresenta características diferentes da caatinga,


com folhas maiores, árvores lenhosas e de copas volumosas, em resposta a
umidade, mas que também, possui folhas cerosas e apresentam deciduidade, ou
seja, perdem suas folhas em determinada época do ano para resistir à estação seca.
Na área de estudos se concentram próximas as bordas ocidentais do Grupo
Chapada Diamantina apresentando solos geralmente álicos e baixa fertilidade.
Ocorrem em poucas áreas da bacia do Rio Verde (RADAM, 1973, 1983).

5.4.7 Floresta Estacional

A Floresta Estacional apresenta vegetação arbórea densa com árvores de


grande porte de até cerca de 20 metros de altura, aparece em altitudes entre 600 e
800 metros, ocupando o topo das serras, e a porção superior das encostas, por
vezes, nos vales mais encaixados e sombreados, o que possibilita a retenção de
água nesses locais. As formações florestais que compõe esses contatos apresentam
atualmente, uma fisionomia predominantemente secundária e estão associadas aos
Neossolos Litólicos Distróficos. (RADAM, 1983). Nas margens do Rio Verde, em
alguns locais, as matas ciliares se encontram preservadas com espécies que
30

atingem 20 metros de altura, como ocorre na Fazenda Refrigério próximo ao


Perímetro Irrigado de Mirorós ( BAHIA, SRH, 1995).

5.5 Geologia Regional

A geologia regional da área caracteriza-se por um padrão estrutural do tipo


aulacógeno (SOUZA et al, 1993), representado na área por afloramento das rochas
pertencentes ao Complexo Xique-Xique do Proterozóico Inferior, ao Supergrupo
Espinhaço do Proterozóico Médio e ao Supergrupo São Francisco do Proterozóico
Superior; sendo recobertas por coberturas Tércio-quaternárias (Figura 8).
O aquífero cárstico da região de Irecê, localizado na região central do
Estado da Bahia, envolve as bacias hidrográficas dos rios Verde e Jacaré afluentes
do rio São Francisco e na porção sul a bacia do rio Santo Antônio, afluente do rio
Paraguaçu. Nessa região, afloram unidades litoestratigráficas mesoproterozóicas,
predominantemente de natureza siliciclástica, representadas da base para o topo,
pelas Formações Tombador, Caboclo e Morro do Chapéu compondo o Grupo
Chapada Diamantina e uma espessa sequência carbonático-pelítica,
neoproterozóica que compõe o Grupo Una (Supergrupo São Francisco). Finalmente,
recobrindo as rochas pré-cambrianas, afloram coberturas detríticas tércio-
quaternárias (MISI 1979, Souza et al. 1993, SOUZA et al. 2002).
A sequência carbonático-pelítica do Grupo Una repousa discordantemente
sobre os metassedimentos do Grupo Chapada Diamantina e é formada da base
para o topo pelas Formações Bebedouro e Salitre (Figura 8). A Formação
Bebedouro é constituída predominantemente por metassiltitos, metargilitos e
metadiamictitos. Já a Formação Salitre, hospedeira do aquífero cárstico, é
constituída predominantemente por calcissiltitos, dolomitos e lamitos algais
fracamente ondulados na base, gradando para calcilutitos, calcarenitos, dolarenitos
e dololutitos oolíticos no topo (Souza et al. 1993).
As unidades geológicas que compõem a bacia hidrográfica do Rio Verde
(Figura 9) encontram-se inseridas na porção norte do Cráton do São Francisco, na
região centro-norte do Estado da Bahia. O Cráton do São Francisco representa uma
unidade geotectônica estabilizada no final do Paleoproterozóico, do qual os limites
31

foram estabelecidos a partir da evolução de faixas móveis marginais


neoproterozóicas, associadas à orogenia Brasiliana (750-450 Ma).

Figura 8: Coluna Litoestratigráfica da Bacia Sedimentar de Irecê - BA.

FONTE: SOUZA et al.,1993.

A evolução tectônica arqueana-paleoproterozóica do Cráton do São


Francisco é caracterizada por sequência de pulsos magmáticos com a formação de
crosta juvenil, retrabalhamento crustral e processos de acresção tectônica (BASTOS
LEAL et al., 2004).
32

As coberturas cratônicas do Meso-Neoproterozóico no Estado da Bahia são


representadas por coberturas plataformais de evolução cronológica sin-Espinhaço
(tafrogênese Mesoproterozóica) de caráter intracratônico (RADAMBRASIL 1983).
A diversidade geológica encontrada na área da bacia, como a ocorrência de
sequências supracrustais Paleoproterozóicas, coberturas plataformais Meso-
Neoproterozóicas e coberturas sedimentares Cenozóicas baseiam-se na descrição
das litologias de acordo com CPRM & CBPM (2003).

5.5.1 Paleoproterozóico

As rochas de tal período correspondem ao embasamento sendo


representado, a norte da bacia, pelas rochas paleoproterozóicas atribuídas ao
Complexo Xique-Xique, uma associação de quartzito, itabirito e silexito, de
ocorrência restrita (INDA & BARBOSA 1978).

5.5.2 Mesoproteozóico

Constitui-se por rochas do Grupo Chapada Diamantina, pertencente ao


Supergrupo Espinhaço que foram depositadas entre o Meso-Neoproterozóico,
compõem-se por: conglomerados, arenitos e siltitos correspondentes a Formação
Tombador (depositado discordantemente sobre as formações do Grupo Paraguaçu
ou diretamente sobre o embasamento); siltitos e argilitos passando para arenitos
pouco espessos ou para folhelhos escuros, com níveis subordinados de calcário, na
porção mediana do conjunto, correspondentes a Formação Caboclo (em contato
concordante gradacional sobre a Formação Tombador); e siltitos, arenitos
quartzosos e conglomerados correspondentes a Formação Morro do Chapéu (em
contato brusco sobre a Formação Caboclo) (INDA & BARBOSA, 1978).
33

Figura 9: Mapa Geológico da Bacia Hidrográfica do Rio Verde.

Fonte: Elaborado a partir do Mapa Geológico do Estado da Bahia, 1:1.000.000. CPRM/CBPM, 2003.
34

5.5.3 Neoproterozóico

Na era do Neoproterozóico e sobre as rochas do Supergrupo


Espinhaço foram depositadas, de forma discordante, as rochas das Formações
Bebedouro e Salitre pertencentes ao Grupo Una, que faz parte do Supergrupo
São Francisco. A deposição inicial das rochas da Formação Bebedouro
caracteriza-se pela presença de metassedimentos síltico-argilosos, aos quais
se associam lentes contínuas de metagrauvacas conglomeráticas com seixos
de formas angulares, tamanhos variáveis e de diversos tipos esparsamente
distribuídos na matriz síltico-argilosa. A deposição destas rochas está
relacionada a um evento glacial de âmbito continental (INDA & BARBOSA
1978).
Posteriormente, mudanças climáticas contribuíram para a elevação do
nível da maré propiciando a deposição das unidades carbonáticas da
Formação Salitre em ambientes de supra, inter e submaré (INDA & BARBOSA,
1978). Estas unidades foram distribuídas por (SOUZA, et. al.,1993), em quatro
ciclos de sedimentação, sendo os primeiro e terceiro regressivos e os segundo
e quarto transgressivos. Tal Formação é composta por um conjunto
dominantemente carbonático com níveis dolomíticos (calcilutito, calcarenito,
tepees algais, calcarenito com níveis de silexito dolomítico, arenito, calssisiltito,
calcarenito quartzoso, calcarenito oncolítico, calcirrudito), e pelitos
subordinados. É frequente a presença de pirita associada a metargilitos
calcíferos de coloração cinza escuro, quando não alterados, ou cinza-
avermelhado, quando alterados (MISI, 1979).

5.5.4 Cenozóico

As formações superficiais Cenozóicas foram depositadas


discordantemente após um hiato de tempo considerável sobre as litologias
supracitadas, englobam as Coberturas Tércio-Quaternárias detríticas, a
Formação Caatinga e os sedimentos aluviais de idade Quaternária. As
Coberturas Tércio-Quaternárias detríticas constituem-se por depósitos
detríticos aluvionares de pouca espessura, litologicamente compostos por
35

areias, com argilas subordinadas e rico em película ferruginosa (SILVA, H, M.,


2005).

5.5.5 Quaternário

Distribuídos ao longo dos rios principais ocorrem os sedimentos


aluviais de idade Quaternária constituído por sedimentos areno-argilosos de
cor amarelada, por vezes com concentrações de cascalho (RIBEIRO, 2005).
As coberturas detríticas correspondentes ao ciclo Sul Americano
consistem em sedimentos arenosos ou areno argilosos de coloração amarela ou
marrom clara. Essas coberturas afloram nas cotas mais elevadas (900 - 1050
metros) correspondentes aos remanescentes dos pediplanos cimeiros preservados
durante o retrabalhamento dos ciclos mais recentes (SOUZA, et. al,. 1993).
Associado as Coberturas Tércio-Quaternárias detríticas ocorrem, irregularmente,
os calcários da Formação Caatinga, compostos predominantemente por brechas
calcíferas, com seixos de calcário cinza-escuro, e calcrete/travertino. (CPRM &
CBPM, 2003).

5.6 Geologia Local

De acordo (CPRM, 2012), as litologias que compõem o substrato


rochoso da área do Distrito de Mirorós comporta um intervalo de idade que
varia do Mesoproterozóico ao Quaternário. Distinguindo-se da base para o topo
pelo Grupo Chapada Diamantina, o Supergrupo São Francisco e formações
superficiais tércioquaternárias, como a Formação Caatinga e Sedimentos
Recentes (Foto 5).

5.6.1 Mesoproterozóico

Na área de estudo, encontram-se a Formação Caboclo, Formação


Tombador e a Formação Morro do Chapéu (Figura 10). Tais formações
pertencem ao Grupo Chapada Diamantina. Sendo constituída por arenitos,
pelitos e conglomerados, podendo estes estarem depositados em ambientes
36

eólico, fluvial ou marinho. A Formação Caboclo constitui-se por quartzitos,


metarenitos e conglomerados, a Formação Tombador constituída por
quartzitos, metarenitos e conglomerados e a Formação Morro do Chapéu
(Figura 10) é composta por metarenitos, siltitos e arenitos. (INDA E BARBOSA,
1978).
De acordo (SILVEIRA, 1991) a Formação Caboclo possui contato basal
com a Formação Tombador do tipo transicional. Estudos evidenciaram como
sendo depositada em plataforma marinha rasa, em ambiente dominado por
tempestades em profundidades que nunca ultrapassam 100 metros.

Foto 5: Contato entre a Formação Morro do Chapéu (parte superior) e a Formação Caboclo
(parte inferior). Coordenadas: 789649 W / 8732077 S, Zona 23-S. Barragem de Mirorós.
Visada N-S.

Os arenitos da Formação Morro do Chapéu apresentam-se


amplamente cimentados por cimento silicoso e de óxido de ferro além de
intensamente compactados, fatos que lhe conferem uma característica de
anquimetamorfismo, obliterando completamente a porosidade primária destas
rochas. Em alguns afloramentos, apresentam estratificações cruzadas
acanaladas (Foto 6), típicas de deposição em ambiente fluvial (MISI & SILVA,
1996).
37

Foto 6: Arenito demonstrando estratificação cruzada acanalada. Formação Morro do Chapéu.


Barragem de Mirorós. Coordenadas: 789583 W / 8732073 S, Zona 23-S. Visada N-S.

Na base, as estratificações cruzadas são de grande porte e no topo


passam a predominar arenitos argilosos com intercalações de siltito (Foto 7).

Foto 7: 7a) Afloramento em perfil demonstrando intercalação de arenito, silte e argila. 7b)
Afloramento em perfil demonstrando siltito branco amarelado. Coordenadas: 789583 W /
8732073 S, Zona 23-S. Visada S-N.

a b
38

Figura 10: Mapa Geológico da Área de Estudo contendo as litologias, estações pluviométricas,
poços SIAGAS/CPRM e poços visitados em junho de 2014.

Fonte: Elaborado a partir do Mapa Geológico do Estado da Bahia, 1:1.000.000 (CPRM/CBPM,


2003).
39

Os conglomerados da Formação Morro do Chapéu são formados por


fragmentos de quartzitos e de rochas graníticas, numa matriz argilo-arenosa.
Os arenitos são de granulometria variável, com caráter bimodal na base e
intercalam-se a níveis de conglomerados. Os arenitos apresentam
estratificações cruzadas acanaladas ou tabulares.

5.6.3 Neoproterozóico

Pertencente ao Grupo Una, a Formação Salitre é constituída por uma


sequência carbonática que apresenta pequenas intercalações de rochas
terrígenas, ocupando a maior parte do Perímetro Irrigado de Mirorós,
demonstra predominância de calcissiltitos, dolomitos e lamitos algais
fracamente ondulados na base e no topo predomínio de calcilutitos,
calcarenitos, dolarenitos e dololutitos oolíticos (SOUZA, et al., 1993). Os
sedimentos carbonáticos da Formação Salitre podem alcançar espessuras
superiores a 1.000m (MISI, 1993). A unidade Nova América, pertencente a
Formação Salitre, se caracteriza como uma sequência com presença constante de
estruturas como tepees, intraclastos, laminação cruzada (BONFIM, et al., 1985).

5.6.4 Quaternário

As Coberturas Tércio-Quaternárias detríticas constituem-se por


depósitos detríticos aluvionares de pouca espessura, litologicamente
compostos por areias, com argilas subordinadas e rico em película ferruginosa
(SILVA, 2005). São depósitos essencialmente arenosos, inconsolidados, mal
selecionados, de granulação média e subarredondados, podendo ser
localmente areno-argiloso.
40

6. TRATAMENTO DE DADOS DO AQUÍFERO CÁRSTICO NO PERÍMETRO


IRRIGADO DE MIRORÓS

6.1 Análise da Precipitação Pluviométrica

Na análise dos dados, que gerou o Gráfico 3 (Séries Históricas de


Precipitações Mensais do Período de 1978 a 2012), constatou-se que existe
um decréscimo nas precipitações pluviométricas, ocorridas na área nos últimos
34 anos. Apesar de ocorrer altas precipitações em alguns anos (1.372 mm/ano
em 1985 e 979 mm/ano em 1992), desde 2006 as precipitações anuais não
ultrapassam 600 mm/ano, evidenciando assim um baixo índice de
reabastecimento do aquífero nos últimos oito anos. A linha de tendência
(Gráfico 4) demonstra um decréscimo médio acumulado nas precipitações
anuais de 240 mm/ano, variando a média de 760 mm/ano para 520 mm/ano.
A linha de tendência correlacionada com um regime pluviométrico de
precipitações mal distribuídas, demonstrado no Gráfico 3, em que os maiores
índices pluviométricos ocorrem nos meses de maiores temperaturas, resultam
em uma maior evapotranspiração e uma maior diminuição na recarga do
aquífero (Gráfico 5).
A linha de tendências apresentada no Gráfico 4 evidencia um
decrescimento das precipitações pluviométricas ao longo tempo. Um
decréscimo médio de 240 mm/ano, traduzido em maiores períodos de estiagem
na região, dificultando as recargas dos mananciais aquíferos e acarretando
mudanças no clima e vegetação nas localidades das proximidades. Em função
desta tendência negativa de precipitações tem-se percebido nitidamente uma
diminuição do volume e assoreamento no açude da barragem de Mirorós
(Figura 11). Possivelmente, além de outros fatores climatológicos, a queda nas
precipitações deve-se à antropização e consequente desertificação de
nascentes e margens dos rios e riachos da região.
41

Gráfico 3: Valores médios das precipitações mensais nos postos pluviométricos do município
de Ibipeba-BA dentro da área de estudo, Estação Fazenda Refrigério (Código 01142020) e
Estação Fazenda Cabaceiras (Código 01142017). Período de 1978 a 2012.

140,00
120,00
100,00
80,00
60,00
40,00
20,00
0,00
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Índice Médio Pluviométrico…

Fonte: ANA, 2014.

Gráfico 4: Linha de Tendência da Precipitação Pluviométrica Média Anual nos postos


pluviométricos do município de Ibipeba-BA dentro da área de estudo, Estação Fazenda
Refrigério (Código 01142020) e Estação Fazenda Cabaceiras (Código 01142017). Período de
1978 a 2012.

Fonte: Site da ANA (HidroWeb), 2014.


42

Gráfico 5: Correlação entre os gráficos 1, 2 e 3 demonstrando características do clima seco de


estepe, do qual apresenta um inverno seco e ocorrência de chuvas no verão.

Fonte: INMET, ANA, 2014.

6.2 Análise do Açude da Barragem de Mirorós

Desde o período de Maio de 2010, a CODEVASF possui o direito de


uso de água do Açude de Mirorós para atendimento ao Projeto de Irrigação de
Mirorós em Ibipeba-BA com uma captação inicial de 1,3m³/s. A Resolução ANA
nº 273, de 31/05/2010 estabeleceu que a captação de água deveria ser
interrompida quando o nível do reservatório fosse inferior a cota de alerta de
500,67m. Entretanto, no final de 2011, o reservatório atingiu a cota de alerta,
portanto sendo interrompida a captação de água do Açude Mirorós para
atendimento do Projeto de Irrigação de Mirorós. Visando com isso a prioridade
legal dada ao consumo humano em situações de escassez, sendo que a
continuidade da captação de água do açude para irrigação poderia
comprometer o abastecimento de água a 14 municípios que são beneficiados
pela mesma através da EMBASA (Empresa Baiana de Saneamento). De
acordo a CODEVASF, o fornecimento de água do Açude foi suspenso
totalmente para os irrigantes no dia 01/04/2012 e sendo restabelecido no mês
de Novembro de 2012, no entanto com uma vazão de 0,193m³/s. Atualmente o
Perímetro de Mirorós recebe 0,250m³/s diariamente de água da Barragem de
Mirorós.
Segundo a CODEVASF, para suprir a queda no fornecimento de água
da represa para a irrigação, nos últimos anos foram perfurados 32 poços
43

tubulares na região. Somente no período de 2012 e 2013 foram perfurados 25


poços tubulares no Perímetro Irrigado de Mirorós com uma vazão média de
50m³/h.

Figura 11: Imagens LANDSAT de 1986 e 2010 mostrando a diminuição no volume de água e
assoreamento do Açude de Mirorós, em 24 anos.

Fonte: NASA - LANDSAT, Imagens Aéreas, 2014.


44

6.3 Caracterização dos Aspectos Hidrogeológicos da Área de Estudo

Para realizar a análise dos aspectos hidrogeológicos da área de


estudo, foram selecionados 50 poços tubulares perfurados na região do
Perímetro Irrigado de Mirorós, cujas informações relacionadas, necessárias ao
presente estudo, foram levantadas do SIAGAS/CPRM e da Sertão Poços
(Anexo I) e, em 13 poços visitados em campo que estão representados na
Tabela 2. Tais poços podem ser visualizados espacialmente na Figura 12.

Tabela 2: Dados de campo colhidos em poços perfurados na área de estudo (Junho 2014).

Nível Condutividade
Altitude Potencial Turbidez STD Salinidade
Ponto UTM_N UTM_E Estático Ph Elétrica
(m) (m) (NTU) (mg/L) (%)
(m) (πS/cm)

1 8745488,1117 795865,7350 465,70 47,38 418,32 7,26 383 293 246 0,002

2 8742282,2004 796839,5294 470,69 38,00 432,69 7,81 3.550 2,2 2.270 0,19

3 8741476,9893 795889,1313 450,21 12,32 437,89 7,99 6.980 123 4.330 0,38

4 8739461,3082 797111,0563 459,18 21,84 437,34 7,92 3.630 75,9 2.200 0,19

5 8735914,3520 796044,1321 487,00 33,83 453,17 8,27 1.930 5,7 1230 0,1

6 8733814,3649 795425,5175 515,50 20,53 494,97 9,12 680 94,2 424 0,03

7 8734551,1225 795184,2839 501,33 57,30 444,03 8,84 2.020 5,9 1.290 0,1

8 8733957,3906 794024,5932 496,01 45,58 450,43 9,69 2.320 111 1470 0,12

9 8735339,6932 794144,5445 488,51 44,68 443,83 9,07 865 96,5 509 0,04

10 8735973,9664 794896,6435 481,97 37,78 444,19 8,78 1.900 26,6 1210 0,1

11 8736203,5040 794561,8175 476,31 27,73 448,58 8,74 1.160 10,9 736 0,06

12 8735998,8081 793806,1708 474,42 29,56 444,86 9,2 2.200 49,7 1,410 0,11

13 8733691,9073 792899,6290 480,70 34,31 446,39 7,79 586 182 373 0,03
45

Figura 12: Imagem aérea demonstrando a distribuição espacial dos poços analisados no
Perímetro Irrigado de Mirorós - Ibipeba / Bahia.

Fonte: Google Earth, 2014.


46

6.3.1 Potenciometria

Para se obter parâmetros que possam constatar um possível


rebaixamento do aquífero nos últimos anos, em função da excessiva
explotação para a irrigação, foram comparadas medidas de nível
potenciométrico, em poços perfurados na região no período entre 2009 e 2011
(CPRM/SIAGAS; Sertão Poços), e dados deste mesmo parâmetro obtido em
campo, em junho de 2014.
Através dos dados da altitude do terreno e nível estático do aquífero
nos poços, calculou-se o nível potenciométrico da área de estudo, tanto para o
período de 2009 a 2011 (Anexo I), quanto para o mês de junho de 2014.
Os mapas de interpolação do Nível Potenciométrico do Perímetro
Irrigado de Mirorós, construídos com o software Surfer 9 pelo método da
krigagem, nos permitem visualizar a altura da água nos poços, o sentido do
fluxo subterrâneo e as áreas de recarga e descarga do aquífero, entre o
período de 2009 e 2011.
A partir da análise da espacialização do nível potenciométrico,
observado na figura 13, observa-se que os poços de maiores valores de nível
estático se concentram em locais com maiores cotas ou altitudes, a NE e SE
da área estudada. Os poços com níveis mais baixos estão concentrados ao
longo da calha principal do Riacho Bandeira e Riacho São Jerônimo. Percebe-
se também que, a média no nível estático se aproxima dos 30 metros nas
porções altas, e dos 15 metros nas porções mais baixas.
Os sentidos no fluxo da água subterrânea, visto no mapa
potenciométrico (Figura 13), convergem para as porções mais baixas do
terreno, no sentido das correntes de águas superficiais, demonstrando assim
um sentido preferencial em direção as menores altitudes.
47

Figura 13: Mapa Potenciométrico com fluxo da água na Área de Estudo. Período de 2009 a
2011.

A partir dos valores do nível estático e das cotas topográficas ou


altitudes na boca do poço (Foto 8) coletados em campo, foi construído o gráfico
6, mostrando a variação do Nível Estático, de 12,32m nas porções mais baixas,
a 57,30m nas porções mais altas.
48

Foto 8: 8a) Medida de Nível Estático em Poço Tubular e 8b) Medida da cota na boca do poço,
com o uso de GPS diferencial. Perímetro Irrigado de Mirorós. Junho de 2014.

Gráfico 6: Variação da profundidade dos níveis potenciométricos dos poços tubulares, medidos
no Perímetro Irrigado de Mirorós em junho de 2014.

Profundidade (m)

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Nível Estático 47,38 38,00 12,32 21,84 33,83 20,53 57,30 45,58 44,68 37,78 27,73 29,56 34,31

Os dados medidos de Nível Potenciométrico calculado, foram


espacializados pela krigagem, e são mostrados no mapa da figura 14.
As análises dos mapas de nível potenciométrico (Figura 14), de
junho/2014, refletem comportamento diferenciado daquele da figura 13,
espacializados a partir de dados de poços perfurados entre 2009 a 2011.
No mapa da figura 14, percebe-se que, nas porções mais altas do
terreno, a NE e SW da área, há um rebaixamento na média do nível
potenciométrico para cerca dos 45 metros de profundidade. Enquanto isto, nas
porções mais baixas, a Oeste e centro da área, houve um rebaixamento médio
para cerca dos 20 metros.
49

Figura 14: Mapa Potenciométrico com Fluxo da água na Área de Estudo. Período Junho de
2014.

Comparativamente, entre os períodos de 2009/2011 e junho/2014,


houve um rebaixamento no nível da água das partes altas da área em cerca de
25 metros e, nas partes baixas, de cerca de 5 metros.
Desse modo, nota-se que as cotas de nível potencial nos dois mapas
potenciométricos refletem um comportamento de rebaixamento. Percebe-se
uma variação na cota de altitude de 445 a 515 metros no primeiro (Figura 13)
para 415 a 495 metros neste último (Figura 14).
50

Estas diferenças no rebaixamento podem refletir os seguintes


comportamentos, antrópicos ou naturais no aquífero, independentemente ou
em conjunto:
1. Explotação excessiva nos poços tubulares perfurados na área;
2. Diminuição nas precipitações pluviométricas ao longo dos anos;
Quanto à diferença entre a média do nível da água nas partes altas e a
média nas partes mais baixa, verificado nos mapas de nível potenciométrico,
considerando-se a mesma quantidade de explotação para as duas áreas, pode
ser explicado pelo fluxo da água, que ocorre para as partes baixas, causando a
depletação do aquifero nas suas partes altas. Principalmente por não estar
ocorrendo a recarga frequente deste aquifero.
Com relação ao fluxo da água em junho de 2014, percebe-se na figura14
uma maior constância de direcionamento do mesmo, com sentido levemente
para Noroeste, a partir de Sudeste, refletindo uma possível maior recarga nas
partes mais altas a Sul.
Por fim, com os dados do Nível Potenciométrico utilizados para a
interpolação das figuras 13 e 14, foi possível elaborar dois Modelos Digitais de
Elevação 3D (Figuras 15 e 16), objetivando uma melhor visualização do
rebaixamento do nível potencial nos dois períodos supracitados.

Figura 15: Modelo Digital 3D de Variação de Nível Potenciométrico para o período 2009 - 2011.
Orientação N-S.
51

Figura 16: Modelo Digital 3D de Variação de Nível Potenciométrico (Níveis medidos em Junho
de 2014). Orientação N-S.

6.4 Diagnóstico Físico-químico do Aquífero Cárstico da Área de Estudo

A seguir, serão feitas considerações acerca da qualidade da água do


aquífero do Perímetro Irrigado de Mirorós, em função das suas características
físico-químicas, medidas em junho de 2014.

6.4.1 Condutividade Elétrica (CE) - (µS/cm)

A Condutividade Elétrica, que mede a capacidade dos materiais


conduzirem a corrente elétrica, quando muito alta na água, reflete uma grande
quantidade de sais minerais dissolvidos.
O valor médio de Condutividade Elétrica medida na área de estudo é
de 2.170μS/cm. O indica valores elevados deste parâmetro na porção Centro-
Norte, em uma localidade denominada da Salinas.
A Condutividade Elétrica é uma das variáveis mais utilizadas para
avaliar a concentração de sais solúveis na água de irrigação e no solo.
(CONAMA 2005).
52

6.4.2 Sólidos Totais Dissolvidos (mg/L) e Salinidade (%)

O parâmetro Sólidos Totais Dissolvidos (STD), corresponde à


quantidade de íons dissolvidos na água, e está fortemente relacionado à
Condutividade Elétrica e à Salinidade. Dentre estes íons, os mais comuns são:
Sódio, Potássio, Ferro, Magnésio, Manganês, Cloro e Cálcio. O total de Sólidos
Totais Dissolvidos apresenta uma média de 1.217 mg/L (Tabela 2), para a área
de estudo. A salinidade, por sua vez, apresenta uma média de 0,11% na área
de estudo. Estes dois parâmetros estão espacializados nas figura 25a e 25b.
Do mesmo modo que a Condutividade Elétrica, estes dois parâmetros,
revelam maiores valores na parte Centro-Norte da área, nas imediações da
localidade Salinas.
O CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente) 396/08 estabelece
o patamar de 1000 mg/L de STD para o consumo humano e não existem
limites para a irrigação.
A salinização do solo depende da qualidade da água usada na
irrigação, do seu manejo, do nível de drenagem natural e, ou, artificial do solo,
da profundidade do lençol freático e da concentração original dos sais no perfil
do solo (BERNARDO et al., 2006).
No Perímetro Irrigado de Mirorós, os valores exagerados, tanto da
Condutividade Elétrica, quanto dos Sólidos Totais Dissolvidos e da Salinidade,
estão associados ao processo de carstificação da Formação Salitre, cuja
litotipia é essencialmente de carbonatos, os quais apresentam uma grande
variedade de elementos químicos em suas composições. A dissolução destes
carbonatos pelas águas pluviais promove então, na água que percola através
da rocha, a disseminação dos íons destes elementos químicos. Associando os
mapas de isoteores de Sólidos Totais Dissolvidos (STD) no período de 2009 -
2011 (Fig. 17) e os valores de STD referente ao período de junho de 2014 (Fig.
18), percebe-se que houve uma migração dos maiores teores de STD,
Salinidade e Condutividade Elétrica de sul para norte no Perímetro Irrigado de
Mirorós, evidenciando uma mudança na concentração dos sais para as
proximidades da localidade de Salinas.
53

Figura 17: Mapa de Isoteores de Sólidos Totais Dissolvidos (STD) do Perímetro Irrigado de
Mirorós 2009 - 2011.
54

Figura 18: Mapa de Isoteores de Sólidos Totais Dissolvidos (STD) do Perímetro Irrigado de
Mirorós - Junho de 2014.
55

Na região conhecida como Salinas (Figura 19), onde se localizam os


poços de maiores vazões em funcionamento, ocorre atualmente as maiores
concentrações de sais minerais dissolvidos na água subterrânea. Esta alta
salinidade, possivelmente, se deve ao encontro no local, do Riacho Bandeira
com o rio Verde, o qual, sendo afluente da margem direita daquele rio, percorre
sobre a Formação Salitre, desde as proximidades da cidade de Barra do
Mendes, trazendo dissolvido em suas águas grandes concentrações de sais
minerais, advindos daquela Formação rochosa. Percebe-se também na figura
19, que os maiores percentuais de Salinidade foram encontrados ao longo da
sub-bacia do riacho Bandeira.
56

Figura 19: Mapa Geológico da área de estudo contendo a rede hidrográfica e poços medidos.
No encontro dos corpos d'água se encontra a localidade Salinas. Na imagem aérea da área, à
direita da figura, estão representados os percentuais de Salinidade do Perímetro.

Fonte: Elaborado a partir do Mapa Geológico do Estado da Bahia, 1:1.000.000 (CPRM/CBPM,


2003). Imagem Aérea, Google Earth 2014.
57

6.4.3 Potencial Hidrogeniônico (pH)

Este parâmetro relaciona os íons H+ com OH-, caracterizando uma


substância como ácida se o seu pH for menor que 7 ou básica, se o seu pH for
maior que 7. O pH igual a 7 é considerado neutro.
As medidas pH das águas subterrâneas da área de trabalho
apresentaram uma variação entre 7,26 e 9,69, sendo a média geral igual a
8,50. De um modo geral, observa-se um intervalo pequeno entre estes valores,
os quais são característicos de aquíferos do tipo cársticos.
O pH baixo torna a água corrosiva e águas com pH elevado tendem a
formar incrustações nas tubulações (CONAMA 2005). Os níveis permitidos de
valores de pH para o consumo humano variam entre 6 e 9 (CONAMA, 396/08).
O Gráfico 6 abaixo apresenta a distribuição dos valores de pH de todos
os poços analisados e os limites estabelecidos pelo CONAMA. Destes os 13
poços medidos, apenas 3 deles apresentam teores de pH elevados, acima dos
limites estabelecidos.

Gráfico 7: Distribuição dos Valores de pH nos poços visitados no Perímetro Irrigado de Mirorós
em junho de 2014, associado aos níveis permitidos pelo CONAMA - 396/2008.

12,00
10,00
8,00
6,00
4,00
2,00
0,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13

Ph CONAMA (Mínimo e Máximo)

Desta forma, conclui-se que, a água do aquífero encontra-se bastante


básica e pouco ácida, não acarretando assim maiores problemas na utilização
para a irrigação.
58

6.4.4 Turbidez

A turbidez representa o grau de interferência que a água apresenta à


passagem da luz em decorrência ocasionada por diversos materiais em
suspensão, de tamanho e natureza variados, tais como, areias, lamas, matéria
orgânica e inorgânica, dentre outros.
Na área em estudo a turbidez média medida foi de 82,82 NTU
(Unidade Nefelométrica de Turbidez), da qual o ponto 1 apresenta uma maior
turbidez com 293 NTU e a menor concentração no ponto 2 com 2,2 NTU.
De acordo com o CONAMA 396/08, a turbidez máxima admissível para
consumo humano é de 5 NTU, estando pois, em média, a água do aquífero
inadequada para este fim.
Entretanto, deve-se salientar que, os níveis altos de Turbidez na área
de estudos, não estão relacionados a impurezas da água do aquifero cárstico
mas sim proveniente de resíduos agregados às tubulações dos poços medidos.

Gráfico 8: Distribuição dos Valores de Turbidez dos poços visitados no Perímetro Irrigado de
Mirorós no período de Junho de 2014.

350

300

250

200

150

100

50

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Turbidez (NTU) 293 2,2 123 75,9 5,7 94,2 5,9 111 96,5 26,6 10,9 49,7 182
Nível Estático (m) 47,38 38,00 12,32 21,84 33,83 20,53 57,30 45,58 44,68 37,78 27,73 29,56 34,31

Turbidez (NTU) Nível Estático (m)


59

7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Do exposto neste trabalho pode-se chegar às seguintes conclusões:


A diminuição nas precipitações pluviométricas e a grande quantidade
de poços perfurados nos últimos anos na região estudada, tem levado ao
rebaixamento do nível da água subterrânea no aquífero cárstico do Perímetro
Irrigado de Mirorós.
A explotação constante da água subterrânea, ocasionado pela
diminuição da água para irrigação vinda da barragem de Mirorós, sem que se
faça um controle efetivo desta retirada, associado à falta de recarga do
aquífero pela queda nas precipitações ao longo dos anos, poderá levar, num
futuro relativamente próximo, ao colapso deste aquífero tão importante do
ponto de vista econômico para a região.
Do mesmo modo, a falta de precipitações tem ocasionado o
rebaixamento no nível da represa de Mirorós.
Do ponto de vista hidroquímico, as águas subterrâneas do Perímetro
Irrigado de Mirorós apresentam comportamento típico dos aquíferos cársticos
em regiões do semi-árido, onde, as baixas precipitações e a falta de recarga
constante destes aquíferos, ocasiona maiores concentrações de sais minerais
nestas águas, tornando-as impróprias para o consumo humano.
É recomendado que se faça um monitoramento constante do nível da
água em todos os poços da região e/ou nas proximidades, para que se tenha
conhecimento constante das condições de explotabilidade destes poços.
Este monitoramento servirá de apoio a uma política, que deverá ser
implantada, para controle na retirada de água e perfuração de novos poços,
tanto no Perímetro Irrigado de Mirorós, quanto na região circunvizinha que se
utiliza desta fonte de água natural.
Por fim, para um melhor conhecimento deste aquífero, é necessário
que se faça, urgentemente, um estudo de sua capacidade hídrica, em termos
quantitativos, o qual servirá de subsídio para o controle na explotação de água
na região.
60

8. REFERÊNCIAS

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Formações Caboclo e Morro do Chapéu (Proterozóico Médio), Grupo Chapada
Diamantina - Estado da Bahia. Salvador: UFBA, 1991, 139p. Dissertação de
Mestrado - Instituto de Geociências - UFBA, 1991.

SOUZA, S.L.; BRITO, P.C.R.; SILVA, R.W.S. Estratigrafia, sedimentologia e


recursos minerais da Formação Salitre na bacia de Irecê, Bahia. Série Arquivos
Abertos 2. Salvador: CBPM, 24p, 1993.
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SOUZA S.L., Toledo L.A.A., Brito P.C.R., Fróes R.J.B. & Silva R.W.S. Análise
faciológica e metalogenética da bacia de Irecê, Bahia. Relatório Final.
Salvador: CBPM, v. 1, 110 p, 2002.

UNESCO. Conferência Internacional sobre Água e Meio Ambiente. Paris, 1992.


Disponível em: <http://www.un-documents.net/h2o-dub.htm/>. Acesso em: 14
set. 2013.

SITES DA WEB

Agência Nacional de Águas (ANA) - http://www.ana.gov.br

Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba


(CODEVASF) - http://www.codevasf.gov.br

Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais (CPRM/SGB) - www.cprm.gov.br

Google Earth - https://www.google.com/earth

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - http://ibge.gov.br/

National Geographic Space Administration (NASA) -


http://reverb.echo.nasa.gov/reverb/#utf8=%E2%9C%93&spatial_map=satellite&
spatial_type=rectangle
66

Tabela 3: ANEXOS I: DIPIM - POTENCIOMÉTRICO (SIAGAS; Sertão Poços).


Nível Nível
Potencial Altitude
IDENTIFICAÇÃO DO POÇO UTM_E UTM_N Dinâmico Estático
(m) (m)
(m) (m)

SIAGAS - 2900023622 793440 8734890 18,44 16,91 478,090 495

SIAGAS - 2900023623 795091 8736196 38,26 17,4 474,600 492

SIAGAS - 2900023624 797424 8739188 7,11 2,51 482,490 485

SIAGAS - 2900023625 797179 8735746 55,1 37,3 479,700 517

SIAGAS - 2900023626 795924 8734620 124,55 38,87 484,130 523

SIAGAS - 2900023627 795092 8736381 15,95 14,61 473,390 488

SIAGAS - 2900023628 797187 8739805 2,59 1,17 470,830 472

SIAGAS - 2900023629 797367 8739650 2,62 0,2 476,800 477

SIAGAS - 2900023630 795718 8744955 6,82 0,2 482,800 483

SIAGAS - 2900023631 796554 8740272 25,68 12,86 454,140 467

SIAGAS - 2900024506 793425 8733199 87,21 21,96 500,040 522

SIAGAS - 2900024856 796649 8743931 39,85 17,1 480,900 498

SIAGAS - 2900024858 796329 8738860 41,06 21,84 472,160 494

SIAGAS - 2900024859 796507 8741718 28 11 469,000 480

SIAGAS - 2900024860 796914 8736641 18 17 491,000 508

SIAGAS - 2900024861 796918 8737010 140 60 451,000 511

SIAGAS - 2900024862 795280 8733766 26 15 512,000 527

SIAGAS - 2900024863 794933 8735613 26,1 25,1 475,900 501

SIAGAS - 2900024864 795643 8736868 30,7 14,23 485,770 500

SIAGAS - 2900024866 796584 8736921 28,44 26,08 480,920 507

SIAGAS - 2900024867 796650 8743962 29,87 26,24 472,760 499

SIAGAS - 2900024868 795611 8736776 33,2 28,88 474,120 503

SIAGAS - 2900024883 796665 8735936 40,05 35,1 469,900 505

SIAGAS - 2900024884 795642 8736807 33,52 28,37 471,630 500

SIAGAS - 2900024885 796914 8739931 51,3 27,6 449,400 477


67

Nível Nível
Potencial Altitude
IDENTIFICAÇÃO DO POÇO UTM_E UTM_N Dinâmico Estático
(m) (m)
(m) (m)

SIAGAS - 2900024886 795673 8736806 25,87 20,95 489,050 510

SIAGAS - 2900024887 797014 8737500 33,47 28,2 481,800 510

SIAGAS - 2900024889 796680 8743899 29,87 26,24 469,760 496

SIAGAS - 2900024891 792883 8733726 15,8 15,27 475,730 491

SIAGAS - 2900024892 794009 8734207 25,59 17,47 502,530 520

SIAGAS - 2900024894 795246 8736657 34,07 15,37 460,630 476

SIAGAS - 2900024896 796846 8742330 27,13 23,96 476,040 500

SIAGAS - 2900024897 793773 8734825 22,24 16,98 490,020 507

SIAGAS - 2900024898 796451 8735661 20 14 507,000 521

SIAGAS - 2900024899 793686 8735287 25 18 471,000 489

SIAGAS - 2900024900 795720 8735391 35 34 472,000 506

SIAGAS - 2900024901 793499 8734766 21 19 486,000 505

SIAGAS - 2900024902 796313 8743688 36,38 28,28 460,720 489

SIAGAS - 2900024904 796845 8742177 24,93 24,43 461,570 486

SIAGAS - 2900024905 795240 8736103 68,12 20,12 469,880 490

SIAGAS - 2900024906 796706 8740301 9,35 7,35 468,650 476

SIAGAS - 2900024919 793897 8735101 26,95 26,44 476,560 503

SIAGAS - 2900024920 796099 8743444 67,62 26,58 461,420 488

SIAGAS - 2900024921 796924 8740946 17,53 15,98 474,020 490

SIAGAS - 2900024923 796268 8735632 63,72 23,32 493,680 517

SIAGAS - 2900024924 796915 8739962 39,33 31,6 445,400 477

SIAGAS - 2900024925 794544 8736140 29,54 29,03 461,970 491

SERTÃO POÇOS - 1770-10 794639 8735381 50,54 18,44 494,560 513

SERTÃO POÇOS - 1772-10 797768 8740136 41,46 17,41 476,590 494

SERTÃO POÇOS - 1765-10 796594 8734947 100,33 29,53 493,470 523

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