Métodos de Programação CNC PDF

28/10/22, 12:48 Métodos de programação CNC
Americo Luiz de Azevedo
Métodos de programação CNC

Eng de desenvolvimento de maturidade de processos, indústria 4.0, Escritor + Siga
Publicado em 28 de ago. de 2019
Serão evidenciados aqui os quatro métodos mais utilizados de programação CNC:
I. Programação manual (MDI);
II. Programação conversacional (na máquina);
III. Programação com linguagem não gráfica para CNC (enfatizando APT);
IV. Programação CAM.
https://pt.linkedin.com/pulse/métodos-de-programação-cnc-americo-luiz-de-azevedo 1/23
Experientes programadores e operadores CNC entendem a linguagem de máquina

cuja mais comum é a linguagem ISO (mais de 90% dos CNC), também conhecida
como código G, por isto costumam usar em situações específicas (edição de
programas, definição de pequenos programas, etc) a inserção de alguns blocos ou
códigos em programas CNC que já estão na máquina ou às vezes em algum ponto
entre o pós processador e a memória do CNC, esta técnica ou modo de agir é um tipo
de programação manual ou MDI (Manual Data Input) como é costumeiramente
chamada e é também um botão de função de máquina (a função que permite se
escrever o programa no computador da máquina em linguagem de máquina). Porém,
será considerado neste artigo, este e também outros dos mais comuns métodos de
criação de programas CNC, serão dados exemplos de aplicações para cada método,
possibilitando determinar, por exemplo, qual é a melhor opção para uma determinada
empresa.
Apesar da tendência a dar opiniões, o conteúdo apresentado aqui dará subsídios ao

leitor para entender os critérios básicos de cada método, a fim de, ao menos, ser
capaz de decidir entre as alternativas de programação, a mais indicada para a sua
empresa. Serão apresentados os quatro métodos de desenvolvimento de programação
CNC: a programação manual (fora ou na máquina), a programação conversacional
(na própria máquina com interação entre o computador da máquina e o
programador), a programação na linguagem APT (Automatically Programed Tool) e
a programação com sistema CAM. Lembre-se, nenhuma das alternativas é a melhor
para qualquer companhia, cada uma tem o seu nicho na indústria de manufatura; no
entanto, é possível se dizer que cada vez mais o CADCAM tem se tornado mais
interessante para a maioria delas.
I. Programação manual ou MDI (na máquina ou fora).
A programação manual, o primeiro modo existente para se programar máquinas CN,

tende a ser cansativo e atualmente tornou se quase impossível de ser usada, dada a
complexidade das máquinas e peças a serem feitas com as mesmas. As palavras e os
comandos envolvidos na programação manual pode ser algo desconsiderado pelos
jovens programadores, porém, todos os programadores CNC devem ter um bom

conhecimento das técnicas de programação manual, mesmo que não pretendam usá-
las. Utilizando o mesmo raciocínio, da mesma forma professores de matemática
concordam em que estudantes têm que entender como executar os cálculos de
aritmética manualmente, antes de utilizarem uma calculadora. Assim, quando o
estudante possuir um entendimento importante de como executar cálculos a mão,
uma calculadora poderá ser usada para o procedimento do cálculo.
Além disso, como já visto para certas aplicações, a programação manual pode ser a
melhor alternativa de programação CNC, ainda há um número de companhias que
empregam técnicas de programação manual em algum momento do processo de
usinagem com CNC.
Por exemplo, se são usadas poucas máquinas e se o trabalho executado pela empresa
é relativamente simples, um bom programador manual seria provavelmente capaz de
executar toda a programação que um programador de sistema CAM faria. Assim, por
exemplo, digamos que uma empresa dedique seus CNC a um limitado número de
trabalhos. Uma vez que estes trabalhos estejam programados e ocupem todo o tempo
de produção, por muito e muito tempo não haverá praticamente a necessidade de se
criar mais programas CNC. Esta é uma situação em que a programação manual pode
ser a melhor alternativa. Sempre que um sistema CAM for usado, haverá situações
em que o programa CNC (em nível de código G) precisará ser modificado para
corrigir erros durante o “try-out” do programa. Por outro lado também, normalmente,
haverá uma oportunidade para aperfeiçoar programas depois de rodar as primeiras
peças.
Se o programador usar o sistema CAM para executar estas mudanças elementares no

programa CNC, o tempo de produção poderá ser desperdiçado, considerando que
nesta empresa estas edições de programa em código de máquina sejam permitidas e
padronizadas, então o MDI seria também recomendado nestas ocasiões.
Certamente alguns leitores estarão dizendo que o emprego desta técnica coloca em
risco o processo como um todo, pois um erro do programador pode acarretar em um
crash na máquina, ou um erro de medida da peça que poderá comprometer a
qualidade do produto, além de outras situações que poderão ser vistas nos próximos
métodos, porém a intenção aqui é discorrer sobre os métodos possíveis de
programação CNC.
II. Programação conversacional (na própria máquina).
Na programação conversacional, forma de programação que já foi bastante popular

também, atualmente é bem pouco usada, neste tipo de programação o programa é
criado na máquina CNC. Em geral, o programa conversacional é criado usando
gráficos e funções dirigidas no computador da própria máquina CNC. Existem
alguns CNC que possuem um grande desenvolvimento neste quesito, isto é, o
fabricante do CNC se preocupou muito com a desenvoltura e facilitação da
programação a ser executada no próprio CNC. Estas máquinas possuem, em geral,
um modo de programar muito simples, uma linguagem bastante fácil e, na maioria
das vezes, um tutorial muito poderoso, com desenhos e gráficos que facilitam a vida
do programador ou, até mesmo, do próprio operador do CNC, que pode executar a
programação sem problemas desde que treinado e interessado em se desenvolver
nesta área. Estes CNC são reconhecidos como comandos de interface muito
amigáveis e, no momento da programação, possuem uma extrema e simples
interação entre o programador e o computador do CNC. O programador será capaz
de checar, visualmente, se as várias instruções passadas estão corretas no programa
criado.
Quando finalizado, a maioria dos controles conversacionais, ou sociáveis como

também são conhecidos, sempre dará ao programador uma demonstração gráfica de
cada movimento da ferramenta, do que irá acontecer durante um ciclo de usinagem e,
alguns contam até com poderosos simuladores de usinagem. Controles
conversacionais variam muito de um fabricante para outro. Na maioria dos casos,
eles contam com um tipo simples de sistema CAM, com o propósito único de servir à
máquina que está cortando os programas CNC, com os meios convenientes para
atender a esta máquina específica. No entanto, saiba que algumas destas máquinas, as
mais antigas, não possuem nem sistema CAM nem sistema de simulação, contando
apenas com a possibilidade de fazer programas conversacionais; isto é, você não
poderá instalar um CAM neste sistema. Porém, os modelos mais novos podem operar
no modo conversacional ou aceitar programas em códigos G obtidos externamente.
Esta nova característica deu a estes CNC melhores condições de se estabelecerem
neste mercado tão exigente atualmente.
II.I Aplicações para controles conversacionais.
Há uma grande controvérsia relacionada em empregar ou não controles

conversacionais, algumas companhias os usam frequentemente e afirmam que o
emprego destes CNC é vital, outras empresas consideram seus usos inadequados.
Cada profissional envolvido com CNC acredita ter a opinião mais apropriada (pró ou
contra) sobre os controles conversacionais. Em geral, as companhias que empregam
limitado número de pessoas e utilizam equipamentos CNC para fabricarem diferentes
variedades de peças usinadas tendem a defender o uso de controles conversacionais.
Neste tipo de companhia é comum que se espere que um único profissional possa
executar muitas tarefas relacionadas aos CNC.
Por exemplo, em muitas destas oficinas de usinagens, o operador de máquina pode

ser a mesma pessoa que monta as ferramentas no tool holder, prepara, verifica e
aperfeiçoa o programa, além de, ainda, operar a máquina na produção das peças.
Assim, são bem vindos todos e quaisquer recursos que possam ajudar o operador a
dinamizar a produção. E os controles conversacionais podem ajudar a reduzir muito
este tempo se comparados à programação manual.
Em grandes empresas de manufatura, a meta é manter as máquinas trabalhando por

mais tempo possível; este tipo de empresa emprega uma gama de pessoas para dar
suporte às máquinas CNC, assim, tempo não trabalhado, por qualquer razão, será
considerado tempo perdido. Uma pessoa para preparar as ferramentas para o próximo
trabalho, enquanto o atual está sendo feito; outra pessoa para fixar a matéria-prima
ao dispositivo de usinagem; outra para escrever e verificar os programas; neste caso,
o operador de máquina estaria encarregado apenas de manter a máquina trabalhando.
O pessoal de suporte minimiza o tempo não produtivo enquanto as máquinas

estiverem inativas; como já se pode imaginar, este tipo de empresa não admite que
seus programas sejam desenvolvidos enquanto as máquinas esperam para produzir.
Existem dois outros fatores que contribuem para que um controle conversacional seja
um investimento interessante. O primeiro é o fato de o operador estar ou não
motivado, pois a pessoa que opera um controle conversacional tem um grande
impacto no sucesso da companhia e precisa estar motivada. Um programador
conversacional estando motivado, pode ter uma ótima performance em relação a um
programador manual, superando-o por uma margem bastante grande. O segundo fato
que colabora para que os controles conversacionais sejam tão populares em quase
todas as pequenas companhias, como oficinas de usinagem, é que nestas companhias
a pessoa que programa em modo conversacional tem um grande interesse no sucesso
da mesma. Há, ainda, outro fator que influencia na decisão de empregar ou não
controles conversacionais: o número de peças diferentes que precisam ser
programadas. Se um limitado número de peças diferentes é requerido para a máquina
CNC, a programação conversacional pode não ser a melhor alternativa.
III. Programação em linguagem não gráfica (enfatizando APT).
No decorrer dos últimos 70 anos, a partir da criação da primeira máquina CN, foram
desenvolvidas muitas linguagens não gráficas de computador, visando a obtenção de
programas CN e posteriormente CNC. No entanto, a primeira linguagem entre estas,
e a que se tornou mais importante, foi o APT e é sobre esta linguagem que falaremos
e daremos exemplos de como atua este modo de programação CNC.
O APT (Automatically Programed Tool) é uma linguagem de computador

desenvolvida especialmente para programar o caminho da ferramenta de corte.
Interessante o fato de que foi criada pelo M.I.T., na década de 1950, e é praticamente
contemporânea à criação da primeira máquina CN, também com o parceria do M.I.T.
na mesma década. Durante as décadas subsequentes foi sendo desenvolvida para
atender a forte evolução das máquinas ferramentas que passaram de CN (máquinas
CN em geral não possuíam computador e muito menos memoria de trabalho, a
memoria dos programas estavam só nas fitas ou cartões perfurados) para CNC (Estas
máquinas já possuíam computador). Atualmente esta linguagem de programação
(homem-máquina) é pouquíssima utilizada, tendo tido seu apogeu nas décadas de
1970 até meados da década de 1990, quando, sistematicamente, foi substituída pelo
advento e evolução dos CADCAM.
No entanto, sendo uma linguagem especifica para definir caminhos de ferramenta em

programa CNC e muito bem aceita por isso, ainda hoje é utilizada por muitos
sistemas CADCAM como linguagem intermediária entre CADCAM e CNC.
O CADCAM, por sua vez, tendo o seu potencial gráfico matemático muito
desenvolvido, permite que se use o APT no seu modo mais simples, o modo
chamado canônico. A motivação de se tratar do APT nesta publicação, apresentando-
o como um meio de programação CNC, é demonstrar que houve uma linguagem de
computador muito importante e específica para se definir caminhos de ferramentas
antes do CADCAM se desenvolver a ponto de ser o meio praticamente unânime de
se programar CNC atualmente.
Também porque uma boa parcela dos CADCAM usa o APT na sua forma mais
simples, a canônica (matemática na forma canônica é a matemática da equação
canônica, das formas ou equações simples e as que se possa reduzir, por meio de
mudança de variáveis, a certo número de formas ou equações), como auxiliar para se
obter o programa CNC.
III.I Explanação simplificada sobre a linguagem APT
Um manual APT, em geral, possui mais de mil páginas e, provavelmente, todos são
em inglês e desta forma, a intenção aqui é apenas exemplificar alguns detalhes desta
linguagem tão poderosa:
a. Possui mais de 100 palavras: definidores, modificadores, direcionadores,

posicionadores etc.;
b. Milhares de modos para definições geométricas: pontos, linhas, círculos,

planos, superfícies etc.;
c. Dezenas de possibilidades de definir posicionamentos e movimentos; d.

Dezenas de modos para definições e ativação de funções de processamento e
pós-processamento;
e. $$ (Doble Dollar) identifica um comentário no programa APT.
Há uma infinidade de possibilidades na linguagem APT para se definir

descritivamente um ente gráfico: ponto, linha, círculo etc., assim como interações
entre a ferramenta de corte e estes entes gráficos. Como já foi mencionado, o APT
foi usado como meio de obtenção de programa CNC de média e alta complexidade
por mais de 50 anos e, durante todo este período foi se desenvolvendo para atender o
tão exigente mercado de programação para máquinas CNC.
Por tudo isto, é possível imaginar o quanto esta linguagem evoluiu neste tempo todo,
para atender as diversas possibilidades em quaisquer circunstâncias deste mercado
exigente. Em geral, os programas CNC bem estruturados em APT são escritos em
cinco partes, podem ser escritos em sequências ou misturados entre si, desde que
respeitadas as hierarquias de funcionalidade.
Por exemplo, uma ferramenta só pode ser movimentada sobre uma linha se a linha já
estiver sido definida antes, só poderá haver movimento se a ferramenta já estiver sido
definida e, assim por diante. Estas cinco partes ou características de programação
APT são descritas abaixo, para se ter uma ideia de como é ou era escrever um
programa em APT. Lembrando que ha uma grande importância de se ter um padrão
de trabalho bem definido para se obter resultados satisfatórios na maior parte do
tempo, abaixo, exemplo das cinco partes implícitas em um programa APT:
1. Definição geométrica
2. Definições Gerais. Sistema de medidas, tipo de máquina, nome do

programa, fim do programa etc.
3. Definição dos posicionamentos e movimentos de máquina.
4. Definição de ferramenta.
5. Definição das funções de máquinas.

III.II Abaixo serão apresentados 2 exemplos de uso de linguagem

APT:
Exemplo 1 – Programação em linguagem APT normal (conforme os

programadores usavam nas décadas passadas)
Nota: Há centenas de modos em que pode ser escrito o mesmo programa em APT ou
em outra linguagem de computador propícia para geração de programa CNC. O
exemplo acima é apenas um modo considerado conveniente e coerente pelo
programador que o fez.
Exemplo 2 – Programação no CADCAM (porém, a saída intermediária com

CAM em APTCAM ou APT canônico).
Considerando um programa como o anterior, será possível notar que a

grande maioria das definições de movimentos ocorre ponto a ponto e as
definições geométricas ocorrem no modo canônico, e no mesmo local onde se
dará a movimentação. Por este motivo, podemos considerar que uma possível
saída de APT do CAM será algo como pode ser visto logo a seguir:
IV. Programação em sistema CAM
Disparado o mais importante meio para se obter programa CNC atualmente, o

sistema CAM permite a programação CNC de peças complicadas, que seria
inconcebível em programação manual e muito demorado em linguagem APT, por
exemplo. De modo geral, conforme os mais de trinta anos de experiência trabalhando
com tecnologia CNC, podemos afirmar que o programa de uma peça de alta
complexidade que tomava de um programador experiente cerca de seis meses de
trabalho duro e minucioso em uma linguagem descritiva tal qual a linguagem APT,
atualmente, com o desenvolvimento dos CADCAM, poderia ser feito em duas ou três
semanas com o programa aprovado e entregue na produção. Em geral, um sistema

CAM ajuda o programador em quatro importantes aspectos:
a. Primeiro: O CAM evita que o programador tenha que fazer cálculos
matemáticos, torna fácil fazer programas para diferentes tipos de máquinas com a
mesma linguagem e ajuda em certas práticas de funções de máquina.
b. Segundo: Com o sistema CAM, o programador terá um computador para

ajudá-lo na preparação do programa CN. O computador na realidade gerará o código
G tal qual um programa CNC criado em modo manual. Uma vez acabado,
processado e pós-processado, o programa será transferido diretamente para máquina
CN.
c. Terceiro: Sistemas CAM têm um apelo de linguagem universal, a linguagem de

demonstração gráfica do que está ocorrendo durante a programação, apenas este
detalhe faz com que seja simples, poderoso e efetivo o modo de programação no
CAM.
d. Quarto: Sistemas CAM são comumente programados interativamente, o

programador terá um retorno visual durante todos os passos da tarefa de
programação. Em geral estes sistemas CAM são muito mais fáceis de trabalhar,
possui uma interação amigável de altíssimo nível, de modo a facilitar muito o
desempenho de programadores experientes ou novatos.
Nota: Alguns autores consideram como um sistema CAM as linguagens de

computador não gráficas, os chamados sistemas CAM de endereços de palavras,
APT por exemplo. No entanto, não o consideramos um sistema CAM, pois, sistemas
de endereços de palavras requerem que o programa seja escrito em uma linguagem
similar à Visual Basic, Fortran, C++ ou qualquer outra linguagem de computador.
Estes sistemas, que dizem ser CAM, de endereços de palavras requerem que o
programa seja escrito em modo muito semelhante a um programa manual, e alguns
sistemas poderosos destes tipos são muito mais difíceis de se usar, um exemplo
muito conhecido é a programação CNC em linguagem APT. O APT, ou estas

linguagens de endereço de palavra, foi muito usado quando se desejou, no início do
da tecnologia CNC, a programação de peças mais complexas que seria impossível de
serem feitas manualmente, porém, não havia o CADCAM ou o que havia possuía
uma desenvoltura muito aquém do que se necessitava. Ou seja, o CADCAM ainda
era muito complexo para ser usado com desenvoltura. Para se ter uma ideia, os
primeiros CADCAM chegaram ao Brasil na década de 1970, mas eram caríssimos e
exigiam treinamentos e manutenções dispendiosas, trabalhavam em mainframes
pesados. Por estes motivos, pouquíssimas empresas podiam operá-los. Este modo de
programação foi funcional até meados da década de 1990, no entanto, o APT foi tão
importante que muitos sistemas CADCAM ainda o usam em algum nível, mesmo
que seja para processar a linguagem do CAM para uma linguagem neutra, que não
seja a linguagem de máquina CNC. Também não consideramos linguagens de
endereços de palavra, como o APT, como sendo uma linguagem CAM, pois nos dias
atuais a referência a um sistema CAM tem muito mais a ver com a competência
desses sistemas na linguagem gráfica, o que não é o caso das linguagens de
endereços de palavras.
IV.I Passos para se programar em um sistema CAM
Em razão dos sistemas CAM variarem muito de um sistema para outro, destacamos
três passos básicos que são muito semelhantes na maioria deles:
a. Primeiro: A geometria da peça deve ser definida e adequada à programação

que virá. Na maioria dos casos, quem faz o modelo da peça a ser usinada não é um
programador CNC, sendo assim, é importante haver uma interação muito próxima do
programador CNC com o projetista ou a pessoa que define o modelo 3D da peça a
ser usinada, o quanto antes possível, o melhor seria na concepção do produto. Sabe
se que em qualquer sistema CAM, o modo em que a peça, isto é, o modelo de
referência, foi feito é muito importante, pois pequenos detalhes na hora da criação do
desenho podem facilitar ou complicar a vida do programador ou, em suma, a
concepção propriamente dita da peça em uma máquina CNC. Exemplos:
• Raios de cantos muito pequenos;

• Espessura de abas ou almas muito finas;
• Abas muito altas;
• Concordância de raios e cantos em regiões de difícil acesso;
• Alguns modos de criar a geometria do modelo 3D favorecem a programação CN,

porém, isto varia de um CAD para outro etc.
b. Segundo: O programador deve definir algumas informações gerais, antes de

começar a programação propriamente dita. Ou seja, estudar o modelo da peça e fazer
um delineamento minucioso do que será feito no programa, quanto mais detalhado
for, melhor será a concepção do programa CNC. O delineamento deve incluir pelo
menos as definições abaixo:
• Da matéria prima;
• Do dispositivo de usinagem;
• Das ferramentas de corte e condições de corte;
• Da sequência de usinagem, considerando as ferramentas e as fases de usinagem;
• Das estratégias de usinagem, o que vai ser feito primeiro e depois, como isto vai ser
feito, como serão as entradas e saídas de ferramentas etc.
c. Terceiro: A programação propriamente dita é quando se define e se configura

as ferramentas, as sequências e as estratégias de usinagem. Como já foi mencionado,
quanto melhor executada a segunda etapa, isto é, o delineamento do programa CNC,
mais fácil será a programação e, futuramente, a reedição do programa quando for
necessário. Praticamente, esta etapa é a única que exige que o programador tenha
conhecimento de como se programa no CAM específico: Catia, NX Siemens, Pro-
Engineer, Mastercam e outras dezenas de sistemas. Desta forma, um programador
CNC experiente é capaz de programar em um CAM diferente daquele do qual já
possui conhecimento, com muito pouco treinamento.
IV.II Detalhes importantes da programação em CADCAM
As informações iniciais requeridas do programador incluem dados para

documentação como o nome da peça, identificador da peça número (PN), data e
nome do programa. O programador deve definir também uma montagem gráfica da
peça no dispositivo de usinagem ou mesmo da peça, no computador gráfico, para se
ter ideia do tamanho deste conjunto (matéria-prima, peça, dispositivo de fixação e a
relação da peça com o mesmo). Deve também verificar os detalhes importantes de
programação (cavidades, furos, superfícies, altura e espessura de abas etc.). Todos os
detalhes descritos acima vão dar base para se definir:
a. A máquina:
• O tamanho da máquina;
• O tipo da máquina, torno, fresadora, centro de torneamento ou centro de usinagem,

a quantidade de eixos da máquina, 3, 4 ou 5 eixos;
• Potência na ponta do cabeçote.
b. O dispositivo de usinagem ou a forma de fixação da peça na

máquina.
Trata-se de um item extremamente importante para a decisão de como a peça será

fixada para usinagem. Muita fixação perde-se tempo, mas pouca coloca-se em risco a
fabricação da peça, pois a mesma pode se mover durante a usinagem. Sendo assim, o
bom programador deve pensar num sistema ou modo de fixação que seja o mais
barato possível, no entanto, que possa prover a rigidez necessária à usinagem do
item.
c. As ferramentas de usinagem.
Cabe também ao programador discernir, dentro das possibilidades da empresa, as

ferramentas de usinagem para se produzir a peça em questão, no menor tempo
possível e com os melhores resultados. Costumamos dizer que certas peças poderiam
ser feitas com uma única ferramenta, mas o quanto isto custaria? Considerando o
tempo de máquina, ou mesmo se considerássemos o uso de tantas ferramentas
possíveis sem nos preocupar com trocas e custos de ferramentas, deste modo também
teríamos problemas de custos altos na fabricação da peça. Desta forma, o bom
programador precisa usar o número e tipos de ferramentas que sejam o estritamente
necessário para se obter custos menores do produto, dentro das expectativas e
condições oferecidas pela empresa em que se está trabalhando.
d. As estratégias e sequências de usinagem.
Número e tipos de ferramentas, número de fases e de máquinas, o que faz primeiro e

depois etc. Cada peça exige muito raciocínio em relação ao processo de usinagem no
CNC, por isso, é muito saudável estudar programas similares antigos para se decidir
como fazer ou como evoluir o mesmo. A sequência de ferramentas, de estratégias de
usinagem (desbaste e acabamento por alturas de cavidades ou profundidade de
cavidade), a preocupação com abas altas e cantos estreitos, o número de fases,
enquanto para algumas peças é possível serem feitas em uma única fase, para outras
o processo pode exigir quatro ou mais fases, dependendo da complexidade das
mesmas.
IV.III Definir e posicionar a geometria da peça adequadamente.
Considerando que o programador receberá um modelo tridimensional da peça, da

área de projetos ou de outra fonte, embora não precise desenhar esta peça no
CADCAM, ele precisará saber relacionar este modelo com os dispositivos de
usinagem, mesa da máquina, usando uma série de métodos de definição de
geometrias auxiliares como matéria prima, ligação e fixação da peça na matéria
prima. O programador definirá e verá cada elemento geométrico auxiliar como é
descrito. Uma vez que a geometria esteja definida, a maioria dos sistemas CAM
requer que a geometria seja adequada à forma real da peça de modo a facilitar a
usinagem virtual. Linhas que saem das concordâncias e forma finais da peça, círculos
transformados em arcos de circunferências etc. Os CADCAM mais modernos
tendem a evitar a necessidade de se criar estas geometrias auxiliares ao modo de
programação, porém, ainda existem muitos CADCAM nos quais é impossível fugir
completamente a estas geometrias auxiliares.
IV.IV Evitar a criação da geometria auxiliar
Saiba que a maioria dos sistemas CAM permite o uso da geometria definida no
sistema CAD (desenho auxiliado por computador), em geral, estes modelos são
criados na engenharia do produto das empresas, por pessoas que trabalham
diretamente no projeto, quando são feitos os detalhamentos das partes do produto a
ser usinado. A grande maioria destes sistemas possui não só um CAD (Projeto
Auxiliado por Computador), mas também o CAM (Manufatura Auxiliada por
Computador), que permitem que estes modelos sejam originados num ambiente
(CAD) muito parecido com o ambiente que será usinado (CAM), ou seja, o CAM do
mesmo fabricante do CAD. Isto auxilia especialmente as peças complicadas,
evitando que o programador de sistema CAM tenha que dobrar o esforço para criar a
geometria no CAM. Porém, há quatro advertências que podemos dar as companhias
que desejam antecipar sua necessidade para fazer isto:
a. Primeiro: O desenho criado no sistema CAD deve ser escalar, desenhistas de

sistema CAD têm tendência em mudar as dimensões do desenho para torná-lo mais
fácil e mais interessante visualmente. Exemplo: se possuem um passo de 0.02mm na
peça, os desenhistas sabem que um passo deste tamanho será imperceptível

visualmente, então, eles alteram este passo para 1mm facilitando a visualização do
desenho. No entanto, neste caso, o desenho não estará verdadeiramente preciso e o
programador do sistema CAM acabará criando um programa incorreto. O exemplo
acima pode não ser o melhor, mas sempre haverá razões para o pessoal do CAD usar
recursos ou estratégias que dificultarão o uso do modelo pelo pessoal do CAM.
b. Segundo: Em geral, apenas parcialmente o desenho do sistema CAD será

usado pelo programador do sistema CAM. Se o desenho todo for importado para o
sistema CAM, se gasta um tempo muito grande para apagar os detalhes não
necessários para a programação CNC. A maioria dos sistemas CAD permite ao
usuário facilmente especificar a seção do desenho a ser exportada, porém, esta
operação também toma algum tempo. Alguns sistemas CADCAM atuais, como já
observado em considerações anteriores, estão se esforçando para evitar que se tenha
que criar geometrias diferentes nos modelos dos CAD, propiciando o uso dos
mesmos nos CAM, pois isto é um apelo constante dos usuários CAM.
c. Terceiro: O desenhista do sistema CAD dará pouca importância aos detalhes
necessários à programação no sistema CAM, tais como o posicionamento da peça na
máquina e as partes da peça que não deveriam fazer parte do desenho que será
encaminhado ao programador do sistema CAM. A origem do desenho pode estar no
canto esquerdo inferior do desenho, neste caso, quando o desenho é importado no
sistema CAM, pode ser adequado às necessidades de programação CNC. A maioria
dos sistemas CAD permite maneiras alternativas de se fazer isto, porém, isto pode
comprometer algum tempo.
d. Quarto: A maioria dos sistemas CAM tem expectativa que a geometria esteja
em um certo formato para facilitar a usinagem. Por exemplo, um sistema CAM para
centros de torneamento terá uma expectativa de certa maneira para definição de
linhas. É bastante provável que o desenho do sistema CAD defina linhas de acordo
com as expectativas do sistema CAM. De modo similar, o sistema CAM para centros
de torneamento normalmente esperará apenas a metade de cima da peça desenhada,
novamente, isto não estará em concordância com o modo do desenhista de sistema

CAD.
Por estas razões, muitos usuários de sistema CAM sentem que, em algumas
situações, é mais fácil redefinir o desenho ou parte dele no próprio sistema CAM
(para peças mais simples) do que importar desenhos diretamente do sistema CAD.
Entretanto, para as peças mais complicadas e mais difíceis de definir (especialmente
para trabalhos com máquinas de 4 ou 5 eixos), a habilidade de importar o desenho do
sistema CAM se torna mais importante. No entanto, as dificuldades citadas para a
importação de desenhos de CAD para CAM estão cada vez menores, devido à
evolução dos sistemas CADCAM, cada vez mais integrados e poderosos. Isto mostra
que a interação da engenharia de produto e a engenharia de processos ou de
fabricação é essencial para que os profissionais envolvidos estejam cada vez mais
cientes dos problemas da engenharia de fabricação. O que ainda consideramos uma
dificuldade bastante importante é a importação de desenhos de um sistema CAD de
um fabricante por um sistema CAM de outro; neste caso, apesar dos conversores e
adaptadores de formato de linguagem, ainda há uma grande distância entre os
formatos de trabalho.
IV.V Definição das operações de usinagem.
Como dissemos no terceiro passo, para a programação em sistema CAM, o

programador diz ao sistema CAM como a peça deve ser usinada. Sistemas CAM
variam muito em relação a como este passo deve ser manuseado, na realidade, as
diferenças de um CAM para outro estão mais na forma como se configuram as
operações de usinagem também no nível de detalhamento destas configurações que
embora semelhantes apresentam diferenças significativas. Alguns CAM fornecem
facilidades em alguns aspectos enquanto outros simplificam outros aspectos, isto faz
com que a interação se torne mais ou menos amigável em operações diferentes, por
exemplo. Durante este passo, normalmente, o caminho da ferramenta, ou uma
animação, será mostrado com uma visualização bem próxima do que vai acontecer
na máquina, dando ao programador uma ótima ideia de como o programa rodará na
máquina ferramenta. Esta capacidade de visualização do programa antes de ir a

máquina é a maior vantagem do sistema CAM. Na conclusão de todas estas
operações, o programador pode solicitar via pós-processador interno ou externo do
sistema CAM que o programa CNC seja convertido a um código de máquina, em
geral o código G.
Nota: As informações acima foram retiradas do livro de minha

autoria "Fundamentos do CNC para usinagem"
Por Américo Luiz de Azevedo
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2 comentários
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Diego Persike
3a
Olá, Sr Americo!
Como posso estar conseguindo um exemplar do seu livro?
Gostei
Responder
1 Gostou
3a
Por favor Diego, entre em contato pelo e-mail. americo.luiz.de.azevedo@gmail.com
Gostei
Responder
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Métodos de Programação CNC PDF

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28/10/22, 12:48 Métodos de programação CNC

Americo Luiz de Azevedo