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MODULFORM

MODULFORM

Princícios de Projecto
Guia do Formando

COMUNIDADE EUROPEIA
Fundo Social Europeu
IEFP · ISQ

Colecção MODULFORM - Formação Modular

Título Princípios de Projecto

Suporte Didáctico Guia do Formando

Coordenação Técnico-Pedagógica IEFP - Instituto do Emprego e Formação Profissional


Departamento de Formação Profissional
Direcção de Serviços de Recursos Formativos

Apoio Técnico-Pedagógico ISQ - Instituto de Soldadura e Qualidade


Direcção de Formação

Coordenação do Projecto ISQ - Instituto de Soldadura e Qualidade


Direcção de Formação

Autor A.Chaves e Sousa / Manuel Cruz

Capa SAF - Sistemas Avançados de Formação, SA

Maquetagem e Fotocomposição ISQ / Alexandre Pinto De Almeida

Revisão OMNIBUS, LDA

Montagem BRITOGRÁFICA, LDA

Impressão e Acabamento BRITOGRÁFICA, LDA

Propriedade Instituto do Emprego e Formação Profissional


Av. José Malhoa, 11 1099 - 018 Lisboa

1.ª Edição Portugal, Lisboa, Maio de 2000

Tiragem 1 000 Exemplares

Depósito Legal

ISBN

Copyright, 2000
Todos os direitos reservados
IEFP

Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma ou processo
sem o consentimento prévio, por escrito, do IEFP

Produção apoiada pelo Programa Operacional Formação Profissional e Emprego, co-financiado pelo Estado Português, e
pela União Europeia, através do FSE
M.T2.07

Princípios de Projecto
Guia do Formando
IEFP · ISQ Índice Geral

ÍNDICE GERAL

I - INTRODUÇÃO AO PROJECTO

• Definição de projecto I.2


• Perspectiva histórica I.3
• Resumo I.9
Actividades / Avaliação I.10

II - ESTRUTURA DE UM PROJECTO

• Fases de um projecto II.2


• Informação em projecto (Documentos) II.5
• Desenhos II.5
• Notas de cálculo II.12
• Caderno de encargos e requisições II.12
• Resumo II.14
• Actividades / Avaliação II.15

III - MATERIAIS

• Selecção de materiais III.2


• Tensões e deformações III.2
• Resiliência III.7
• Ductibilidade III.7
• Tenacidade III.8
• Dureza III.8
• Materiais III.8
• Escolha de materiais e processos de fabrico III.10
• Resumo III.15
M.T2.07

Princípios de Projecto IG . 1
Guia do Formando
Índice Geral

• Actividades / Avaliação III.16

IV - PROJECTOS DE ESTRUTURAS

• Estruturas metálicas IV.2


• Elementos de estrutura IV.2
• Dimensionamento IV.5
• Resumo IV.30
• Actividades / Avaliação IV.31

V - COMPONENTES MECÂNICOS

• Uniões V.2
• Cavaletes / pinos / estrias V.8
• Eixos e veios V.13
• Resumo V.17
• Actividades / Avaliação V.18

VI - A ESTÉTICA E ERGONOMIA EM PROJECTO

• A estética no projecto Vl.2


• Ergonomia Vl.2
• Esforço humano Vl.8
• Resumo Vl.10
• Actividades / Avaliação Vl.11

VII - GARANTIA DA QUALIDADE NO PROJECTO

• Introdução Vll.2
• Garantia da qualidade no projecto Vll.2
M.T2.07

IG . 2 Princípios de Projecto
Guia do Formando
IEFP · ISQ Índice Geral

• Especificações para o projecto Vll.3


• Execução e resultados do projecto Vll.3
• Revisão do projecto Vll.4
• Alterações ao projecto Vll.5
• Aprovação do projecto Vll.5
• Resumo Vll.6
• Actividades / Avaliação Vll.7

VIII - AVALIAÇÃO E CONTROLO DE PROJECTOS

• Avaliação de uma solução Vlll.2


• Avaliação económica Vlll.3
• Controlo de projectos Vlll.3
• Resumo Vlll.6
• Actividades / Avaliação Vll.7

ANEXO An.1

BIBLIOGRAFIA B.1
BIBLIOGRAFIA B.1
M.T2.07

Princípios de Projecto IG . 3
Guia do Formando
IEFP · ISQ Introdução ao Projecto

Introdução ao Projecto
M.T2.07 UT.01

Princípios de Projecto
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IEFP · ISQ Introdução ao Projecto

OBJECTIVOS

No final da Unidade Temática, o formando deverá estar apto a:

• Identificar um projecto;

• Definir uma máquina;

• Enquadrar o conceito de projecto numa perspectiva.

TEMAS

• Definição de Projecto

• Perspectiva Histórica

• Resumo

• Actividades / Avaliação
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Princípios de Projecto I . 1
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Introdução ao Projecto IEFP · ISQ

INTRODUÇÃO AO PROJECTO

Definição de projecto

Definição Projectar é conceber um plano de actuação, onde através dos conhecimentos


adquiridos (teóricos e práticos), se pretende resolver um problema ou uma
necessidade.

O projecto é um estudo dos processsos pelos quais se tomam decisões,


começando pela concepção e terminando num conjunto de desenhos de
fabricação e montagem ou numa explanação das conclusões.

O problema pode ser dos mais diversos tipos: desde a resolução sobre o
transporte de caixas numa fábrica, à execução de ferramentas, ao transporte
de homens à Lua e, porque não, o projectarmos as nossas férias.

O projecto de uma máquina ou de uma estrutura é complexo e envolve


conhecimentos técnicos dos mais diverso âmbito, tais como: mecânica,
electricidade, ambiente, ergonomia, etc.

Definição de máquina Pode definir-se "Máquina" como sendo um conjunto de peças ou de órgãos
ligados entre si, em que, pelo menos, um deles é móvel e, se for caso disso, de
accionadores, de circuitos de comando e de potência, etc., reunidos de forma
solidária, com vista a uma aplicação definida, nomeadamente para a
transformação, o tratamento, a deslocação e o acondicionamento de um material.

Deste modo, cada vez mais as empresas que se dedicam ao projecto necessitam
de colaboradores das várias especialidades, constituindo-se em equipas
multidisciplinares.

Dentro dessas especialidades, existe a de projectista de construção mecânica,


o qual deve ter um bom conhecimento de:

• resistência de materiais, para análise dos esforços actuantes e as tensões


por eles geradas;

• tipos de materiais existentes e suas propriedades (mecânicas, químicas,


etc), a fim de os aplicar correctamente, já que a evolução dos materiais é
uma constante;

• processos de fabrico, quanto à sua técnica e capacidade de produção;

• para escolha de soluções económicas, visto este aspecto ter um peso


muito grande no sucesso do projecto. Este pode custar, em termos
orçamentais, num máximo de 10%, mas pode ter repercussões nos custos
finais em percentagens mais elevadas.

• sobre criatividade e meios para a incrementar.


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I . 2 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Introdução ao Projecto

PERSPECTIVA HISTÓRICA

O projecto/concepção remonta a tempos muito recuados. Já na Mesopotânia


(actualmente Iraque) no ano 2000 a.c., existia um sistema de medição de
ângulos (astrolábio) utilizado em observações astronómicas.

Os primeiros códigos de que se tem conhecimento terão pertencido a Hamurabi, Primeiros códigos
rei da Babilónia, que governou por volta de 1800 a.c. Estes códigos tentavam
definir a responsabilidade profissional dos construtores e impunham penalizações
a quem os não cumpria. Nessa época todos os grandes projectos estavam
ligados a obras de construção civil, sendo os mais importantes os ligados à
religião (templos,túmulos ) ou à irrigação.

Também os Egipcíos deram grande contributo nesta área. A sua vivência com o
rio Nilo e as suas cheias levaram-nos a desenvolver um sistema de diques,
canais e sistemas de drenagem. O rio servia ainda como principal meio de
transporte, o que contribuíu para o desenvolvimento de barcos apropriados.
Mas onde os Egipcíos se notabilizaram foi na construção das pirâmides, obras
funerárias de grande envergadura. As primeiras foram construídas em forma de
degraus como a de Sakkarah com os seus 62 m de altura (2750 a.c.).
Posteriormente, surgem as pirâmides com as faces planas (2600 a.c.). Destas,
a mais conhecida é a Grande Pirâmide de Cheops com os seus 146,7m de
altura e 2.300.000 de blocos de pedra com um peso médio de 2,5 tonf. (ver
Fig.I.1). Note-se o esforço humano que foi necessário para a eregir numa época
em que os mecanismos de movimentação eram primitivos.

145 m

60 m

Mastaba Sakkara Grande pirâmide de Gize

Fig. I.1 - Esquema das pirâmides

Mais tarde, os Romanos deram igualmente o seu contributo através de trabalhos


de engenharia em Itália e também por toda a área que dominaram, incluindo
Portugal, onde ainda hoje se encontram vias e pontes romanas, por onde estes
escoavam os seus produtos e movimentavam as suas tropas (ver Fig.I.2). Mas
o seu contributo iria além das vias e pontes.
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Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos I . 3


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Introdução ao Projecto IEFP · ISQ

Foram pródigos na construção de templos, aquedutos, banhos públicos, etc., e


dedicaram-se também a projectar máquinas como a roda de alcatruzes,
guinchos e máquinas de guerra, já que através destas aumentavam a vantagem
bélica.

Fig. I.2 - Via romana

A Idade Média, por seu lado, trouxe avanços a nível do conhecimento técnico, o
que vai permitir a evolução das obras. São desta época, na Europa, as grandes
catedrais e castelos. É ainda na Idade Média que se começam a desenvolver
as armas de fogo, com a chegada da pólvora. Quanto à engenharia portuguesa,
desenvolve o fabrico de caravelas que, aliadas a estudos sobre a arte de marear,
possibilitam o início dos Descobrimentos, já na alvorada do Renascimento.
Contudo, todos estes desenvolvimentos são realizados com alguma lentidão
temporal. Surgem, entretanto, grandes homens, que começam a preparar o
desenvolvimento futuro, entre os quais se podem destacar os seguintes:

Leonardo da Vinci (1452-1519), que, para além de artista, era também inventor
e engenheiro, tendo trabalhado, como tal, para diversos príncipes. Os seus
trabalhos estenderam-se nos mais diversos domínios, que vão desde os castelos
às máquinas para a indústria de tecidos.
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I . 4 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Introdução ao Projecto

Na Fig. I.3 apresenta-se um esboço de Leonardo da Vinci, que se supõe que


seja um método de movimentar uma prensa ou uma calandra para a indústria
de tecidos.

Fig. I.3 - Trabalhos de Da Vinci

Robert Hooke, (1635-1703) cientista inglês, formulou a teoria da elasticidade,


conhecida como "Leis de Hooke", de grande importância para o desenvolvimento
da Resistência de Materiais.

Thomas Newcomen, (1663-1729), construíu uma das primeiras máquinas a vapor


de pressão atmosférica (1712), funcionando ligado a uma bomba de água. Estes
sistemas foram utilizados durante muitos anos na bombagem das minas (ver
Fig. I.4).

James Watt, (1736-1819), baseado na máquina de Newcomen, transforma-a


numa máquina a vapor, acrescentando-lhe um condensador e uma bomba de
vapor. Assim, a força era gerada pela pressão de vapor, e não pela pressão de
ar atmosférico.

Fig. I.4 - Máquina de Newcomen


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Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos I . 5


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Com base nestas invenções e desenvolvimentos, despoleta-se a Revolução


Industrial. O aproveitamento da força do vapor iniciou a sua aplicação industrial
em Inglaterra, essencialmente, nas minas e nas fábricas textéis para
movimentação de bombas e teares, tendo-se ,posteriormente, alargado aos
outros países.

Após estas primeiras aplicações, começam a surgir os primeiros projectos


para transportes a vapor, tais como barcos e locomotivas (ver Fig. I.5). Os
primeiros barcos de utilização comercial usavam como elemento propulsor as
rodas com pás em madeira, sendo estas substituídas posteriormente pelos
hélices devido à sua eficiência, a partir de 1860.

Fig. I.5 - Locomotiva a vapor (1848)

No último quartel do século XIX, assiste-se a um desenvolvimento do projecto


mecânico, impulsionado pelas necessidades industriais e com o despontar da
indústria do aço. Este é uma liga Fe-C, com boas características mecânicas
surge a partir de 1856 com o invento do forno do inglês Bessemer e com o
processo Siemens-Martin em 1867.

Com o desenvolvimento do aço, começam a aparecer as grandes construções


metálicas, como por exemplo, a ponte D. Maria Pia e a ponte sobre o rio Lima
em Viana do Castelo (ver Fig.I.6) da autoria de Gustavo Eiffel, entre muitos
outros trabalhos. Note-se que, já no século XVIII, se construiram pontes em
arco com elementos em ferro fundido, como o atestam várias pontes existentes
em Inglaterra (tal é o caso da ponte sobre o rio Severn em 1779).
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I . 6 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Introdução ao Projecto

Fig. I.6 - Ponte de Viana do Castelo

No fim do século XIX, começou a ser utilizada uma nova forma de energia, a
electricidade. Esta energia viria a ser a do próximo século, não só pela sua
eficiência, mas também pela sua facilidade de transporte.

Entramos, assim, no século XX, que vislumbrará um grande desenvolvimento


tecnológico. Inicia-se, com os inventores e engenheiros, tentando descobrir
uma máquina voadora mais pesada do que o ar, o que os irmãos Wright
conseguem pela primeira vez em 1903. É também o século do automóvel, de
início, uma máquina rudimentar e frágil e, hoje, complexa e cada vez mais
segura.

No fim deste século, a exploração inter-planetária tornou-se uma realidade


próxima, bem como as estações orbitrais e as altas tecnologias aplicadas às
telecomunicações.

O projecto é, assim, uma das ferramentas essenciais para o desenvolvimento,


dispondo, hoje, de meios potentes, como os computadores, microscópios de
alta resolução e outros meios mais sofisticados.
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Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos I . 7


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Introdução ao Projecto IEFP · ISQ

Na figura seguinte (ver Fig I.7), apresenta-se a suspensão frontal de um jipe


Land-Rover, onde se pode observar a sua complexidade e o número de peças
envolvidas. Esta suspensão é um pequeno sub-conjunto, de um conjunto muito
complexo que é um jipe, em cuja concepção trabalham estilistas, engenheiros
electrotécnicos e mecânicos, assim como, outras especialidades.

Fig. I.7 - Suspensão frontal do jipe Land-Rover - Discovery

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I . 8 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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RESUMO

Nesta Unidade Temática, foi definida a noção de projecto, tendo sido abordada
uma perspectiva histórica do mesmo.
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Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos I . 9


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Introdução ao Projecto IEFP · ISQ

ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO

1. Nos tempos antigos, a que tipo de construções estavam ligados os grandes


projectos?

2. O que levou os Romanos a projectar e executar vias e pontes?

3. Actualmente, o projecto de um automóvel é um projecto simples


ou complexo?

4. O que é projectar? Qual é a diferença entre um projecto de engenharia e um


projecto científico?

5. A que grandes inovações se liga o início da Revolução Industrial?

6. Estabeleça a diferença principal entre a máquina de Newcomen e a máquina


de James Watt. Inicialmente, em que situações foram aplicadas?

7. Indique alguns trabalhos de construção metálica do fim do século XIX.

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I . 10 Princípios de Projecto Componente Prática


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IEFP · ISQ Estrutura de um Projecto

Estrutura de um Projecto
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Princípios de Projecto
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IEFP · ISQ Estrutura de um Projecto

OBJECTIVOS

No final desta Unidade Temática, o formando deverá estar apto a:

• Identificar as fases de um projecto;

• Conhecer a evolução do projecto;

• Reconhecer a circulação de informação em projecto.

TEMAS

• Fases de um projecto

• Informação em projecto (Documentos)

• Desenhos

• Notas de cálculo

• Caderno de encargos e requisições

• Resumo

• Actividades / Avaliação
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Princípios de Projecto II . 1
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Estrutura de um Projecto IEFP · ISQ

FASES DE UM PROJECTO

Fases de um projecto

As fases de um projecto, ou seja, os diferentes passos a executar na sua


realização, estão bem definidas e são utilizadas em qualquer projecto que se
executa, seja ele de pequena ou grande dimensão. Se, em alguns casos, estas
fases se sucedem instantaneamente e são praticamente sobrepostas (por
exemplo escolha de um parafuso), em outras pode demorar anos e com as
fases bem demarcadas (projecto de uma nova refinaria).

Fases de um Projecto

Reconhecimento de uma
necessidade

Definição do problema

Síntese

Análise e optimização

Avaliação

Apresentação

Fig. II.1 - Método para os projectos

Reconhecimento de uma necessidade

Nesta fase, o homem ou o projectista limita-se a reconhecer a existência de


uma necessidade ou de um problema perante a situação ou os dados de que
dispõe.

Ex : Movimentação de pessoas num aeroporto, entre centros de embarque.


M.T2.07 Ut.02

II . 2 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Estrutura de um Projecto

Por vezes, o projecto fica por esta fase se se verificar que a complexidade é tão
grande que não existem, de momento, meios ou conhecimentos para a resolução
do problema.

Identificação do problema

Esta fase é muito importante, porque quanto melhor identificado for o problema
menos tempo será dispendido na procura da solução, dado que se restringe o
leque das fases seguintes. Temos, no entanto, que ter um certo cuidado em
não criar tantas restrições que tornem a solução difícil e dispendiosa.

Neste momento, procura-se também informações relativamente ao problema Pesquisa


existente, como literatura técnica, análise de situações idênticas já resolvidos,
meios técnicos e humanos disponíveis, parâmetros ambientais, parâmetros
ergonómicos, etc.

Ex: Definir percursos, comprimentos de percursos, locais de partida/chegada,


condições de terreno, etc.

Síntese

Esta fase consiste no estudo do problema em função da sua identificação,


descobrindo as soluções possíveis e a partir destas escolher a que melhor se
entender para a resolução do mesmo. É a fase mais criativa, onde podem surgir
novas ideias ou produtos, pois é nela que o projectista concentra todos os seus
conhecimentos adquiridos e a sua experiência. Como resultado da síntese há-
-de surgir uma planificação completa para resolução do problema. A procura de
soluções criativas no projecto torna-se, assim, fundamental para a evolução do
mesmo, no sentido da busca de uma solução. O desenvolvimento de novas
soluções resultam da inovação (esforço consciente) ou da criatividade (esforço
subconsciente). Actualmente, existem algumas técnicas que têm como finalidade
de desenvolver o aparecimento de novas ideias, entre as quais se destaca o
brainstorming.

Brainstorming consiste em reuniões de 6 a 12 pessoas, com uma duração de Brainstorming


cerca de uma hora, que espontaneamente apresentam o maior número de ideias
(incluindo as que parecem irreais) para a resolução de um problema específico.

Os participantes são encorajados a melhorar e a combinar as ideias


apresentadas. As ideias resultantes de uma reunião são normalmente gravadas
e avaliadas posteriormente.

Ex: O transporte das pessoas entre os centros de embarque pode ser feito por
veículos especiais, túnel ou passagem superior com tapetes e escadas rolantes.
M.T2.07 Ut.02

Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projecto II . 3


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Estrutura de um Projecto IEFP · ISQ

Análise e optimização

Nesta fase, pretendemos optimizar a solução, ou seja, encontrar a melhor solução


das sintetizadas, com base em princípios cientificos, económicos e também
de senso comum. A análise é um ponto de charneira no desenvolvimento do
projecto. Soluções potenciais que não provem, durante a análise, serão retiradas
ou em outros casos podem ser mantidas com a redefinição do problema.

À medida que se avança nas diferentes fases do projecto, pode-se e deve-se,


sempre que necessário, reanalisar fases anteriores e redefini-las.

Avaliação

A avaliação é a fase do projecto, em que se verifica se este resolve ou não o


problema inicial e de uma forma económica. É, nesta fase, que se fazem as
análises económicas mais profundas, inclusive com projecções sobre o futuro.

É também a fase das perguntas:

• Satisfaz as necessidades?

• É fácil de manter?

• O produto desenvolvido competirá com êxito com outros produtos similares?

• É a solução mais económica?

Apresentação

É a fase em que o projectista pensa que é desnecessária ou de menos


importância. No entanto, se não for feita a apresentação devidamente
fundamentada, pode comprometer todo o trabalho realizado.

O projectista quando desenvolve um projecto está convicto que ele funciona.

Não deve esquecer-se, no entanto, que tem de demonstrar os resultados a que


chegou e que estes respondam aos requisitos que lhe foram pré-estabelecidos,
pelo seu cliente ou superior hierárquico.

Esta apresentação poderá ser feita :

• oralmente (comunicações)

• por escrito (relatórios, notas de cálculo)

• graficamente (desenhos)
M.T2.07 Ut.02

II . 4 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Estrutura de um Projecto

INFORMAÇÃO EM PROJECTO (DOCUMENTOS)

Ao executar um projecto, deve ter-se como finalidade a produção de documentos,


que permitam executar e fiscalizar a obra.

Todos os documentos escritos podem ter diferentes apresentações,no entanto,


devem incluir e respeitar alguns elementos fundamentais, a saber:

• formato normalizado

• nome da empresa

• número da obra ou processo

• data de emissão do documento

• rúbrica do responsável de emissão

• número de folhas, Índice e data da alteração

• quando os documentos são desenhos, deverão ter os elementos necessários


para a definição correcta das legendas normalizadas e respectivo
preenchimento.

DESENHOS

Os desenhos são peças fundamentais para veicular a informação do projecto.

Estes desenhos podem ser elaborados por meios informáticos (CAD) ou meios
manuais (estiradores), e devem representar todas as peças ou equipamentos
necessários para uma boa execução.

É muito importante a organização dos mesmos, de modo a permitir uma consulta


fácil e lógica.

Fig. II.2 - Estrutura de desenhos


M.T2.07 Ut.02

Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projecto II . 5


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Estrutura de um Projecto IEFP · ISQ

Os conjuntos e sub-conjuntos deverão classificar a interdependência das peças


e permitir a sua montagem.

O número de desenhos deverá ser o necessário e suficiente para definir a


dimensão e a forma de cada conjunto, sub-conjunto e peças.

Além do mencionado, os desenhos deverão conter as seguintes informações:

• indicar o conjunto a que pertence

• número de desenho

• quantidades

• escalas

• referências de todas as peças fabricadas ou compradas

• assinatura do desenhador e do responsável do projecto

• cotas e tolerâncias de construção

• soldaduras

• graus de acabamento

• todas outras informações necessárias para uma boa execução.

Desenho do conjunto

Neste desenho, é apresentado o conjunto do projecto, com os cortes e


pormenores necessários para efectivação da montagem final, assim como as
dimensões e pesos globais. Além das dimensões globais (atravancamentos),
só devem aparecer outras cotas necessárias à montagem.

Será também neste desenho que devem aparecer representadas as interfases


com outros equipamentos ou suportes.

Desenho do sub-conjunto

Neste desenho, idêntico ao anterior, são apresentadas as partes individualizadas


da máquina, que aglomeradas resultam no conjunto.

Nestes desenhos, as cotas introduzidas são globais e as necessárias para as


montagens parciais.
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II . 6 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Estrutura de um Projecto

Desenho de peças

Estes desenhos definem toda a informação para o fabrico das peças, cotas,
acabamentos, tolerâncias, protecção e outras informações julgadas pertinentes
para a peça.

Lista de material

Nesta lista, fica perfeitamente identificado, em termos de quantidade e qualidade,


os materiais referentes aos desenhos acima mencionados, assim como a sua
localização referente aos desenhos.

Estas listas são apresentadas individualmente ou sobre os próprios desenhos


por cima da legenda,como se pode ver nos exemplos anexos das Fig. II-3 a
II-5.

É a partir das listas de material que se faz o aprovisionamento (compras) dos


materiais pela emissão das requisições.
M.T2.07 Ut.02

Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projecto II . 7


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II . 8
Estrutura de um Projecto

Princípios de Projecto
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Fig. II.3 - Desenho com lista de material


15

16

Esquema Hidráulico

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Componente Científico-Tecnológica
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IEFP · ISQ Estrutura de um Projecto

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Fig. II.4 - Lista de desenhos


M.T2.07 Ut.02

Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projecto II . 9


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Estrutura de um Projecto IEFP · ISQ

Sistema de accionamento
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Fig. II.5 - Lista de material


M.T2.07 Ut.02

II . 10 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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Fig. II.6 - Desenho sem lista de material anexa


M.T2.07 Ut.02

Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projecto II . 11


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NOTAS DE CÁLCULO

Juntamente com a execução dos desenhos, vão sendo executados cálculos,


para definir o dimensionamento de peças ou conjuntos e escolha de
componentes.

Estes cálculos são, por vezes, sistematizados e apresentados sob a forma de


Notas de Cálculo, que em alguns casos são enviadas para entidades inspectoras
para apreciação da metodologia de cálculo e se este está de acordo com as
especificações do caderno de encargos ou regulamentos, ao qual o projecto
deve obedecer.

As notas de cálculo, assim como todo o projecto, devem ser sustentadas em


normas a fim de garantir uma boa segurança do projecto. Estas normas ou
regulamentos serão respeitantes ao projecto que se está a desenvolver, como
por exemplo o Código ASME VIII para o projecto de reservatórios de pressão.

CADERNO DE ENCARGOS E REQUISIÇÕES

Definição Requisições são documentos técnico-comerciais utilizados na compra de


equipamento ou serviços.

Caderno de encargos são documentos técnico-comerciais e jurídicos utilizados


na compra de equipamentos ou serviços para empreitadas.

Estes documentos devem indicar, de uma forma sucinta e bem definida:

• o objectivo

• a descrição do fornecimento tão completa quanto possível, sem colocar


exigências a mais, que tornariam os eventuais fornecimentos, difíceis e caros.

• a lista de documentos anexos, quando necessários (desenhos ,etc.)

• os prazos e locais de entrega

• as garantias

• a situação climatérica
M.T2.07 Ut.02

II . 12 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Estrutura de um Projecto

• as condições de pagamento

• os desenhos

• tudo o mais que seja relevante e em função da dimensão de compra do


equipamento.
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Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projecto II . 13


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Estrutura de um Projecto IEFP · ISQ

RESUMO

Nesta Unidade Temática, foram focadas as diversas fases do projecto e a sua


descrição. Apresentaram-se ainda, os documentos que fazem circular a
informação em projecto.

M.T2.07 Ut.02

II . 14 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Estrutura de um Projecto

ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO

1. Indique as fases de um projecto.

2. Para que servem os desenhos?

3. Que informações deverá conter um projecto?

4. Qual a importância da síntese num projecto?

5. O que é um caderno de encargos?


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Componente Prática Princípios de Projecto II . 15


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IEFP · ISQ Materiais

Materiais
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Princípios de Projecto
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IEFP · ISQ Materiais

OBJECTIVOS

No final desta Unidade Temática, o formando deverá estar apto a:

• Identificar as propriedades do aço;

• Analisar as características e vantagens de materiais;

• Escolher processos de fabrico de peças.

TEMAS

• Selecção de materiais

• Tensões e deformações

• Resiliência

• Ductibilidade

• Tenacidade

• Dureza

• Materiais

• Escolha de materiais e processos de fabrico

• Resumo

• Actividades / Avaliação
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Princípios de Projecto III . 1


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Materiais IEFP · ISQ

SELECÇÃO DE MATERIAIS

Selecção de materiais

A escolha de materiais e processo de fabrico é uma das decisões que o


projectista tem de tomar, durante a preparação e execução do projecto. Assim,
para que as decisões sejam as mais correctas, este deve ter um bom
conhecimento dos materiais existentes, propriedades, composição, custos e
processos de fabrico desses mesmos materiais, técnicas, capacidades de
produção.

Só depois desta escolha é que serão realizados os cálculos para determinação


das tensões e deformações. Contudo, apesar da sua importância, a selecção
depende ainda de muitos outros factores. Há, por vezes, razões de optar por
outros materiais, como por exemplo, a resistência à corrosão ou a altas
temperaturas, as formas da peça ou o seu design, que poderão ter pouco a ver
com as tensões e deformações.

TENSÕES E DEFORMAÇÕES

A resistência de um material é a tensão unitária máxima que esse material


pode suportar sem sofrer deformações irreversíveis.

As informações sobre as tensões são obtidas a partir de ensaios de tracção


normalizados, efectuados em provetes de geometria bem definida, aos quais é
aplicada uma força crescente de tracção. Os resultados obtidos são
representados por meio de um diagrama de tensões/deformações (ver Fig.III.1). M.T2.07 Ut.03

III . 2 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Materiais

σ
Tensão

Def. Def. Plástica Uniforme


Elástica Def. Uniforme Def. Localizada ε Deformação
Def. Plástica

Fig. III.1 - Diagrama tensões/deformações

A’ - Ponto limite de proporcionalidade é o ponto do gráfico até onde a curva


verifica a lei de Hooke (o alongamento de uma barra, dentro de certos valores, é
proporcional à força de tracção)

A - Ponto de limite elástico, que é o maior valor de tensão que o material


pode ficar sujeito e recuperar a deformação quando se retira a carga. Entre o
ponto A e B, o material não cumpre a lei de Hooke.

B - Ponto de tensão de fluência que é a tensão correspondente ao ponto,


que se verifica em alguns materiais, em que a deformação cresce muito
rapidamente sem grande crescimento da tensão. O material passa ao estado
do plástico, não recuperando quando a força deixa de ser aplicada . Entre os
pontos A e B, a deformação plástica é uniforme.

C - Ponto de tensão de ruptura, σr , é o ponto onde se verifica a tensão


máxima alcançada, quando se verifica a ruptura do material.

A tensão, σ, é obtida, dividindo a força aplicada pela área

F
= (III.1)
AO

O diagrama acima referido dá-nos informações sobre as propriedades mecânicas


de um material. Sabendo-se o limite de proporcionalidade, o limite elástico e a
tensão de ruptura do material, é possível determinar o valor da tensão de
segurança ou tensão admissível ( adm ). É esta tensão que, em projecto, é um
dos referenciais para o cálculo, sendo o seu valor sempre inferior ao limite de
proporcionalidade, o que nos garante que, quando o material entra em esforço,
se encontra sempre no domínio elástico.
M.T2.07 Ut.03

Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projecto III . 3


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Materiais IEFP · ISQ

σrupt σe
σ adm = ou (III.2)
N N'

O factor de segurança é sempre usado em qualquer projecto, sendo, no entanto,


afectado por vários aspectos tais como: tipo de material (aço,
alumínio,madeira,etc), tipo de carga (estática, pulsante, etc), tipo de
equipamentos (estrutura de uma ponte, elevador, etc.) e outros.

Frequentemente, são as normas e regulamentos que definem os valores a


considerar para os coeficientes de segurança, como por exemplo no código
ASME div.VIII-Pressure Vessels.

Fig. III.2 - Barra sujeita à tracção

A Fig.III.2 representa o que sucede a uma barra de comprimento lo quando


sujeita a uma força F. Esta provoca uma deformação ∆l (alongamento).

Esta deformação, dividida pelo comprimento l0, dá a deformação específica ou


nominal

∆l
ε= (III.3)
l0

que é normalmente representada na indústriasobre a forma percentual ε X100%.

O material é considerado elástico, quando ao se retirar a força F, a barra adquire


o seu comprimento inicial.
M.T2.07 Ut.03

III . 4 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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A lei de HOOKE, diz que as tensões são proporcionais às deformações, sendo


o factor de proporcionalidade, E, conhecido por módulo de elasticidade ou módulo
de Young, cujo o valor para o aço é de E ≈ 200GPa(21000Kgf / mm2 )

= Eε (III.4)

O módulo de elasticidade é uma medida da rigidez do material. Indicam-se os


módulos de elasticidade (valores médios) de alguns materiais à temperatura
ambiente.

M aterial E
Gpa
Aço ao C c/0.15 a0.25 de C 200
Aço inox (18-8) 193
Ligas de alumínio 74,4
Cobre 110
Tungsténio 400
Polietileno 0,138
Vidro 70

A barra, quando traccionada, sofre também uma deformação transversal


(perpendicular ao eixo da barrra). Esta deformação transversal é proporcional à
deformação longitudinal.

Deformação específica transversal

εt = µε (III.5)

µ - coeficiente de Poisson

O módulo de elasticidade transversal (G) é definido por

E
G= (III.6)
2 (1 + µ)
M.T2.07 Ut.03

Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projecto III . 5


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M aterial E µ
Gpa
Aço ao C c/0.15 a0.25 de C 78 0,27
Aço inox (18-8) 73 0,3
Ligas de alum ínio 26 0,33
Cobre 43 0,35
Tungsténio 157 0,27
Polietileno 0,117 0,45
Vidro 28 0,24

Compressão As tensões de compressão em grande parte dos materiais são iguais às de


tracção. No entanto, quando dos ensaios o que se verifica é que devido à
instabilidade o material rompe antes de atingir o valor previsto.

Nos materiais dúcteis (aqueles em que a fractura ocorre após grande deformação
plástica), não se consegue saber a tensão de ruptura de compressão porque o
estes plastificam e dá-se um aumento da área o que implica uma diminuição da
tensão.

As tensões de corte puro (raras) são difíceis de determinar, porque são


dependentes de uma série de factores, tais como, a estrutura cristalina do
metal, a orientação dos planos de escorregamento.

Assim, os valores que se conseguem com pequena variação são a tensão de


corte de ruptura.

Na figura. III.3 está representada uma ligação do tipo garfo/olhal onde o esforço
se transmite predominantemente por corte.

Fig. III.3 - Peça sujeita a corte


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III . 6 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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Indicam-se, seguidamente, valores para a tensão da ruptura do corte de diversos


materiais.

Alumínio.....................................0,6

Aço............................................0,75

Cobre.........................................0,9

Ferro fundido maleável.................0,9

RESILIÊNCIA

A resiliência de um material é a sua capacidade de absorver energia mecânica


na zona elástica, quando sujeito a uma força, e de devolver a mesma energia
quando essa força desaparece

2
σ lA
= (III.7)
2E

se lxA = 1cm3, obtemos o Módulo de Resiliência.

Os materiais com módulo de resiliência elevado são os ideais para resistir a


choques e cargas de impacto.

DUCTIBILIDADE

Ductibilidade é a capacidade que um material possui de se deformar sob a


acção das cargas.

A ductibilidade é medida pela percentagem de alongamento até à ruptura do


material.

O material é dúctil quando o alongamento é maior de que 5% e frágil quando


menor.
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Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projecto III . 7


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TENACIDADE

Tenacidade é a energia mecânica total, elástica e plástica, que um material


pode absorver por unidade de volume até à sua ruptura. A tenacidade é a área
total que está compreendida entre a curva tensão/deformação e a linha das
abcissas.

O modo de referência é definido pelo índice de tenacidade (T).

Normalmente, os aços quando sujeitos a baixas temperaturas, perdem a


ductibilidade e tenacidade o que pode motivar rupturas frágeis.

DUREZA

A dureza de um material é a medida da sua resistência à penetração.

A sua medição é feita através de vários procedimentos, sendo os mais comuns


os de Brinell , Rockwell e Vickers.

A dureza é relevante quando os materiais estão sujeitos ao desgaste e


deformação plástica localizada. Por exemplo: os rodados dos comboios, as
engrenagens, etc.

MATERIAIS

Os materiais utilizados em mecânica são dos mais diversos, indo dos materiais
simples, como a madeira, o aço, plástico, borracha, até aos materiais mais
complexos que são criados em função das caracteristícas pretendidas, como
por exemplo, as fibras de carbono.

A procura de novos materiais é uma constante, como se demonstra pela pesquisa


de materiais que suportem cada vez melhor as altas temperaturas.

Os materiais podem ser divididos em cinco grandes grupos: metálicos, polímeros


(plásticos), cerâmicos, compósitos e electrónicos.

Materiais metálicos Os materiais metálicos são todos aqueles que são compostos de um ou mais
elementos metálicos (Fe,Cu, Al, Ni, etc.), podendo também conter elementos
não metálicos (C, N, etc.). Os metais apresentam uma estrutura cristalina e
são bons condutores de calor e de electricidade. Os materiais metálicos e as
suas ligas, são divididos em metais ferrosos, os que têm grande percentagem
M.T2.07 Ut.03

III . 8 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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de ferro (aço e ferro fundido) e não-ferrosos, aqueles em que o seu teor de ferro
é nulo ou muito pequeno (alumínio, titânio).

Dos metais ferrosos, o mais utilizado é o aço, na sua vertente aço-carbono e Aço
aços de liga.

Nas estruturas são essencialmente utilizados os aços-carbono estruturais. Estes


aços do tipo Fe 360, Fe430 e Fe510, cujas características mecânicas são
definidas na norma NP-1729 ( ou St 37, St 44 e St 52 segundo DIN-17100 ),
apresentam um teor de C baixo (0,2 %) e boa aptidão para a soldadura.

Na construção mecânica são utilizados os aços de liga (aços de Fe e C com


elementos Cr, Ni, Si, etc),que apresentam tensões de ruptura mais elevadas e
com características melhoradas para o modo como vão ser maquinados e
tratados. Estes aços apresentam, também, um teor de C mais elevado, o que
os torna menos aptos para a soldadura.

Dentro dos aços de liga existe o aço inoxidável, com um teor de Cr superior a Inox
12%. As características mais importantes destes é a sua resistência à corrosão.
Normalmente, estes aços são mais correntes em liga de Cr-Ni. São aços não
magnetizáveis.

Das características mais importantes do alumínio e suas ligas são a boa relação Alumínio
resistência-peso, a sua resistência à corrosão, alta condutividade térmica e
eléctrica e facilidade de maquinagem. A sua baixa densidade faz com que uma
das suas grandes utilizações seja nas viaturas de transporte.

O alumínio puro apresenta uma tensão de ruptura à tração de 90 MPa, sendo


laminado e recozido (tratamento que consiste no aquecimento até uma
determinada temperatura, seguido de arrefecimento lento) podendo ser trabalhado
de diversas formas (molde de areia, molde metálico, extrusão, etc.). A resistência
à corrossão do alumínio é obtida pela formação de uma camada de óxido espessa
conseguida por processo electrolítico, (anodização). Mesmo anodizado, quando
se usa o alumínio em meio salino ( barcos ), tem de se utilizar ligas resistentes
à água do mar, liga 5052, dado que genericamente estes são corroídos neste
meio.

O duralumínio, uma liga de alumínio-cobre-magnésio-manganésio, é utilizado


para peças que requerem um trabalho severo e boa resistência à corrosão.

A liga 2024 apresenta uma resistência à tracção de 442MPa. São ligas resistentes
em atmosferas salinas.

Os latões são ligas de cobre e zinco. A percentagem máxima de Zn deve ser Latões
de 45 % , senão tornam-se frágeis. Os latões com um teor de Zn entre 36% e
45% são facilmente torneáveis, permitindo grandes velocidades de corte. Uma
das boas características dos latões é a sua resistência à corrossão.

O bronzes são ligas de cobre e estanho, classificando-se em bronzes maleáveis Bronze


e bronzes mecânicos. Os bronzes maleáveis com menos de 9% de estanho
são utilizados para peças estampadas a frio de pequena resistência. Os bronzes
mecânicos, com teor de estanho entre 9 e 25%, utilizam-se em peças fundidas
e forjadas. Existem bronzes ligados com a finalidade de melhorar as suas
características.
M.T2.07 Ut.03

Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projecto III . 9


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Uma destas é a de cobre (86%), estanho(10%) e chumbo(4%), que é utilizado


no fabrico de casquilhos. Além de uma boa resistência à corrosão, apresentam
uma boa capacidade mecânica, sendo uma das grandes utilizações em
casquilhos devido ao seu baixo coeficiente de atrito com o aço.

Materiais polímeros Estes materiais, plásticos e borrachas, são constituídos por cadeias longas de
moléculas, apresentando uma estrutura não cristalina. As suas caracteristícas
mecânicas são muito variadas e têm normalmente pouca resistência ao calor.

Os plásticos são normalmente fabricados por enformação ou moldagem, para


se obter a forma pretendida. Estes existem nas mais diversas composições,
tais como o nylon, o polietileno, etc..

Actualmente com o desenvolvimento dos plásticos,estes têm vindo a substituir


lentamente o aço e outros materiais, como acontece na indústria automóvel.

Por exemplo, o polietileno de alta densidade molecular, apresenta características


mecânicas muito boas, sendo utilizado no fabrico de engrenagens, guias,
revestimentos interiores das tremonhas e outros.

Borracha Em projecto mecânico não se utilizam só materiais metálicos. A borracha,


assim como produtos similares sintéticos (neoprene), têm variadas aplicações
em máquinas como por exemplo vedantes, apoios, amortecedores, e outros
equipamentos. A borracha apresenta algumas fragilidades das quais deve ser
protegida, como o óleo, os ultra-violetas e a temperatura.

Cerâmicos Materiais cerâmicos são materiais inorgânicos constituídos por elementos


metálicos e não-metálicos ligados entre si. Algumas das suas caracteristícas é
a sua dureza/fragilidade e a sua resistência a altas temperaturas. Apresentam
também uma elevada resistência à electricidade.

Compósitos Compósitos são misturas de dois ou mais materiais com um outro material
compatível que actua como ligante, podendo fazer as combinações possíveis.
Como exemplo, temos o betão os plásticos reforçados com fibras, etc..

Electrónicos Estes materiais apresentam pouca tonelagem em termos de consumo , mas


têm sido dos materiais mais utilizados nas tecnologias avançadas. Temos,
como exemplo, o silício nas suas mais diversas combinações e a sua utilização
na electrónica.

ESCOLHA DE MATERIAIS E PROCESSOS DE FABRICO

No projecto, como já foi referido, ainda antes dos cálculos, é necessário tomar
uma decisão relativamente aos materiais e aos processos de fabrico. Como tal,
deve ter-se bem definido o que se vai projectar, em que meio vai ser inserido,
quantidades, etc.. Esta decisão não é fácil visto que, muitas vezes, para a
mesma peça, existem várias hipóteses, todas elas cumprindo mais ou menos
o pretendido.
M.T2.07 Ut.03

III . 10 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Materiais

A escolha do processo de fabrico é, muitas vezes, condicionada pelo


conhecimento que se têm dos materiais, como também pelo local onde se
trabalha. Nesta situação, acontece muitas vezes que, em vez de se executar
determinada peça por um processo realizado no exterior, mais barato, o
projectista utiliza um processo mais dispendioso, mas que está disponível na
sua empresa.

Para se saber qual é o melhor processo, é necessário conhecer a capacidade


das máquinas-ferramentas, sejam elas de arranque de apara ou sejam elas de
fundição injectada, de enformação, etc.. Há no entanto determinado tipo de
máquinas que são vocacionadas para trabalhar materiais específicos. Por
exemplo, uma máquina de injecção de plástico não pode fazer injecção de
ligas de alumínio.

O fundamental para a escolha do processo/material é o preço e o desempenho


desse material para o fim em vista. Nesta situação, deve ter-se uma noção tão
precisa quanto possível dos preços dos materiais, preço/h das máquinas e da
sua produtividade. Como ordem de grandeza relativa, os aços estruturais têm
um preço mais baixo do que os aços de liga, e nestes, quanto mais rica for a
liga, mais caros são. Os preços dos materiais andam muito ligados à sua
disponibilidade no mercado, sendo os mais sofisticados muito caros, pelo que
a sua escolha tem de ser feita por razões tecnológicas.

Confrontamo-nos, muitas vezes, no projecto com situações em que são impostos


certos materiais, o que para o projectista é facil, mas os processos de fabrico
não são referidos, e aqui tem de se ir buscar frequentemente ganhos para obter
lucros na obra, através dos processos de fabrico e, em determinadas situações,
de soluções de montagem.

Como é lógico, a escolha do material e do processo depende não só do projecto


mas também do fim a que se destina o produto. As peças para utilização do
revestimento exterior dos electrodomésticos devem ser feitas em plático. Para
um bom isolamento eléctrico, mas também para terem um bom acabamento,
na medida em que estes equipamentos destinam-se ao grande consumo, é
importante o seu aspecto exterior. Assim, estas peças são feitas normalmente
por injecção, mas, no entanto, tem de haver um controlo do molde, quanto ao
seu estado, de modo a este não introduzir defeitos na peça.

Não nos esqueçamos que o projecto, apesar de ter um valor baixo no seu
custo, no máximo cerca de 10% relativamente à obra no seu todo, pode ter
repercussões posteriores que a tornem excessivamente cara, reduzindo
consequentemente os proveitos finais.

Outro aspecto a considerar são as quantidades. Um determinado processo que


não tenha peso no fabrico para pequenas quantidades (20, 30 peças) pode ser
inviável se tiver que ser aplicado a 2000 peças.
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Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projecto III . 11


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Exemplo III. 1

Um perno roscado M6x95 para ligação de 2 peças em meio salino. Esta ligação
não tem esforço a não ser o criado pelo aperto.

10 Peças

1ª Solução: compra de vareta roscada em AISI 316, com comprimento de 1


m, e corte em troços de 95 (mais barato).

2ª Solução: compra de varão de aço inox e abertura de rosca em máquina


de roscar ou ao torno.

20 000 Peças

1ª Solução: encomendar a uma empresa que faça peça em plástico pelo


processo de injecção. Nesta solução, é necessário executar
moldes específicos, que terão um determinado custo.

2ª Solução: encomendar a uma empresa vocacionada para a abertura de


rôscas, que execute vareta roscada em latão, aço inox, ou
polietileno de alta densidade.

Enquanto que, para as 10 peças, é fácil determinar os custos, o mesmo já não


se pode dizer para as 20000 peças.visto que em qualquer das soluções há
necessidade de ferramentas específicas que devem ser amortizadas nesse
projecto. Assim, devem ser bem analisados os custos, de materiais e de
processos, decorrentes das diversas soluções.

Todos os processos de fabrico, implicam um acabamento e tolerância específicos


de cada processo, do estado da máquina,etc., que devem ser tomados em
conta em função do que se pretende da peça.

Exemplo III. 2

No exemplo que se segue, devido às alterações de fabrico introduzidas,


conseguiu-se uma redução de custo de aproximadamente quatro vezes. O
número de peças era aproximadamente 5000.

Peça original toda maquinada a partir de varão sextavado

Fig. III.4 - Peça original


M.T2.07 Ut.03

III . 12 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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Posteriormente, foi alterada, sendo feita em duas peças.Uma estampada com


rosca feita por laminagem, e outra, o separador, feita a partir de tubo com folga.

Fig. III.5 - Novo projecto

Outro aspecto importante para a escolha do processo tem a ver com as


tolerâncias que são exigidas no projecto. Estas influenciam de diversos modos
o tipo de produção, que vai desde impor etapas de fabrico adicionais até tornar
a produção anti-económica. Quando se colocam cotas com campos de tolerância
mais apertados do que o exigido pelos requisitos funcionais da peça, os custos
aumentam por haver a necessidade de mais tempo de maquinagem, mais tempo
de medição e controlo e também pela existência de mais peças rejeitadas.

As tolerâncias dimensionais e de acabamento têm um efeito grande sobre os


custos, como se pode ver através do exemplo da fig. III.6 . Nesta figura,
representa-se um eixo com várias tolerâncias dimensionais relativamente ao
seu diâmetro e ao seu comprimento, fazendo-se uma comparação de custos.

φd

Custo Aum ento


DIMENSÕ ES (Índice) %
A) L = 100 ± 1.5 d = 20 ± 1 110
B) L = 100 ± 0.5 d = 20 ± 0.2 250 127
C ) L = 100 ± 0.2 d = 20 ± 0.01 380 245

Fig. III.6 - Eixo com dimensões toleranciadas.

Em A) a peça é feita a partir de um varão de aço que é serrado no comprimento.

Em B) a peça tem de ser feita ou através de um varão calibrado, ou como as


tolerâncias já são mais apertadas o varão tem que ser torneado. No comprimento,
o corte já não pode ser feito com a serra.
M.T2.07 Ut.03

Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projecto III . 13


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Em C) o campo de tolerâncias é tão pequeno que além de um torneamento fino


é preciso também rectificar. Assim, a peça C) fica bastante mais cara do que a
peça A).

No quadro seguinte, é apresentado um conjunto de valores normalizados de


rugosidade de superfícies (estão também representados os símbolos antigos ),
e é simultaneamente apresentado um indíce de preços onde se transmite a
noção de que um bom acabamento custa caro.

R a (µ) 12.5 6.3 3.2 1.6 0.8 0.4 0.2


~~

Índice de custo 0.2 0.4 1 2 2.8 3.7 4.6

Quadro III.2 - Valores normalizados de rugosidade de superfícies e índice de preços

M.T2.07 Ut.03

III . 14 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Materiais

RESUMO

Nesta Unidade Temática, procedeu-se a uma introdução aos diversos materiais


e às suas propriedades, tendo sido apresentados os respectivos processos de
trabalho.
M.T2.07 Ut.03

Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projecto III . 15


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Materiais IEFP · ISQ

ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO

1. Defina a lei de Hooke e indique a sua importância para o projecto.

2. O que entende por um aço de liga? O que se pretende com os elementos


de liga?

3. Enuncie que factores deve ter em conta para escolha de um processo de


fabrico.

4. Descreva o que acontece a uma barra de aço Fe 360, quando está a ser
traccionada.

5. Admita que está a projectar um suporte de um equipamento, numa zona de


forte influência maritíma. Que materiais podia escolher? Justifique.

M.T2.07 Ut.03

III . 16 Princípios de Projecto Componente Prática


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IEFP · ISQ Projectos de Estruturas

Projecto de Estruturas
M.T2.07 UT.04

Princípios de Projecto
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IEFP · ISQ Projecto de Estruturas

OBJECTIVOS

No final desta Unidade Temática, o formando deverá estar apto a:

• Reconhecer os constituintes de uma estrutura;

• Saber o que é uma tensão;

• Determinar as cargas actuantes;

• Calcular vigas simples.

TEMAS

• Estruturas metálicas

• Elementos de estrutura

• Dimensionamento

• Resumo

• Actividades / Avaliação
M.T2.07 Ut.04

Princípios de Projecto IV . 1
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Projecto de Estruturas IEFP · ISQ

PROJECTO DE ESTRUTURAS

As estruturas podem ser feitas com diferentes materiais, tais como o betão
armado, madeira, polímeros, etc.,dependendo do fim a que se destina, da
facilidade de obtenção e dos custos entre outros. Nesta Unidade Temática,
iremos incidir o estudo sobre as estruturas metálicas.

Definição Estutura metálica é um conjunto de elementos básicos metálicos (aço, alumínio,


etc.), tais como vigas, colunas e placas, que, combinados e ligados de
determinada forma, suportam uma grande diversidade de cargas (chassis de
máquinas, estruturas de edifícios, pontes, gruas, etc.).

Das estruturas metálicas, a mais utilizada é a de aço, apresentando como


vantagens a sua elevada resistência, o seu preço, a impermeabilidade à agua e
ao gás, a sua facilidade e velocidade de montagem e a sua fácil substituição.

Como desvantagem, apresentam fraca resistência à corrosão (excepto nos aços


inoxidáveis) e redução de resistência, quando sujeitos a temperaturas superiores
a 200º C.

Os projectos de estruturas de aço carecem na fase inicial, de um esquema


exacto de concepção para o fim em vista, sendo esse esquema construído em
função da evolução do projecto.

Simultaneamente, é necessário o cálculo do conjunto e seus elementos com


base na resistência dos materiais, mecânica da construção e regras de arte da
metalomecânica.

ELEMENTOS DE ESTRUTURA

Viga Elemento da estrutura formada por uma barra de eixo plano, em que duas das
dimensões são pequenas relativamente à terceira (eixo da viga), e submetida a
esforços aplicados no plano que contém o eixo da viga.
M.T2.07 Ut.04

IV . 2 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Projecto de Estruturas

Fig. IV.1 - Viga

Uma coluna é uma viga colocada na posição vertical e suportando forças Coluna
predominantemente verticais.

Fig. IV.2 - Coluna

Placa é um elemento estrutural em que uma das dimensões é muito pequena


relativamente às outras duas.

Fig. IV.3 - Placa


M.T2.07 Ut.04

Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos IV . 3


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Projecto de Estruturas IEFP · ISQ

Os elementos das estruturas e elas próprias reagem às forças em função dos


seus apoios, que podem ser dos diversos tipos e de acordo com a fig IV.4.

Nesta figura, também estão indicados os tipos de esforços que deixam transmitir.

Tipos de Apoio Reacção

Móvel Força c/ direcção conhecida

Articulado Força c/ direcção desconhecida

Viga encastrada Força de momento

Corrediça Força c/ direcção conhecida

Fig. IV.4 - Apoios


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IV . 4 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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DIMENSIONAMENTO

O objectivo do cálculo é verificar a resistência, estabilidade e rigidez da estrutura


de acordo com as normas e regulamentos, de modo a obter a máxima segurança
com o minímo de custo.

O material utilizado nas estruturas considera-se que é homogéneo e que


apresenta as mesmas propriedades em qualquer direcção, em referência ao
ponto em estudo (materiais isotrópicos). Os cálculos apresentados, são todos
executados, considerando que o material está no domínio elástico e que os
casos analisados são do tipo isostático, isto é, aqueles em que basta as
equações de estática para determinação das reacções ( ΣM = 0 e Σ F = 0 ).

Para o cálculo, é necessário estabelecer quais as forças exteriores que se


aplicam à estrutura, assim como o tipo de apoios e constrangimentos da
estrutura. Após estas definições, serão verificados os estados de tensão de
cada elemento da estrutura.

A verificação das estruturas deve ser feita na base do método dos estados
limites. Entende-se por “estado limite” o estado em que a estrutura deixa de
satisfazer, total ou parcialmente, as exigências de utilização.

Denomina-se "estado limite último" aquele cuja ocorrência compromete a


estrutura, provocando prejuízos irreversíveis. Por exemplo, perda de equílibrio
da estrutura de uma grua de torre e, consequentemente, a sua queda.

"Estado limite de utilização" é aquele cuja ocorrência resulta em prejuízos pouco


severos, como, por exemplo, a deformação permanente de uma viga de suporte
da cobertura.

As cargas (ou acções) são quantificadas pelas normas ou regulamentos, e


pelas situações características de funcionamento.

Acções ou forças permanentes são as cargas de valor constante, ou com Acções permanentes
pequena variação, que actuam durante toda vida da estrutura (peso da estrutura,
peso dos equipamentos fixos, etc.).

Acções ou forças variáveis são as cargas com valor variável em torno do seu Acções variáveis
valor médio que actuam durante a vida da estrutura (viaturas a deslocarem-se
numa ponte, deslocações de cargas de elevação de uma grua, actuação de
ventos numa chaminé, variação de pressões num reservatório, etc.).

Acções acidentais são as cargas motivadas por solicitações com fraca Acções acidentais
probabilidade de ocorrência (choques de veículos, queda de cargas, rebentamento
de um cabo, sismo, etc.).

É a partir destas acções que serão verificados os elementos da estrutura, pela


determinação das suas tensões e deformações.
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Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos IV . 5


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É óbvio que, em projecto, as cargas nem sempre aparecem com uma forma
fácil e explícita para aplicação das fórmulas de cálculo.

Há, então, necessidade de considerar hipóteses simplificativas de projecto, a


fim de facilitar a abordagem dos problema. Estas simplificações devem ser
feitas com cuidado, para obtermos resultados, o mais exactos possível.

O exemplo que se segue representa uma viga com cargas e reacções distribuídas
segundo uma quadrática.

Hipóteses simplificativas

Fig. IV.5 - Hipóteses simplificativas

1- Distribuição real das forças - como facilmente se verifica, para o cálculo


exacto desta viga seria necessário utilizar equações mais complexas, o
que levaria muito tempo devido ao tipo de distribuição das forças.

2- Primeira simplificação - com esta primeira simplificação, verifica-se que o


cálculo torna-se mais rápido do que o anterior, já que as cargas distribuídas
passaram de uma distribuição quadrática para uma linear.

3- Segunda simplificação - este caso torna-se ainda mais fácil, e,


consequentemente mais rápido, visto a carga distribuída linearmente ter
sido transformada em cargas concentradas.

Uma ideia a reter é que, quando transformamos cargas distribuídas em cargas


concentradas, obtemos momentos flectores e tensões maiores, como se pode
ver pelo exemplo abaixo apresentado (Fig. IV.6).
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IV . 6 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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Fig. IV.6 - Viga com carga distribuída

Fig. IV.7 - Viga com carga concentrada

Como se pode verificar, e numa situação como a anterior, (Fig. IV.6 e. IV.7),
para simplificação, se substituírmos a carga distribuída por uma carga
concentrada, com o mesmo valor, e aplicarmos as fórmulas de cálculo do
momento flector, obtemos um valor duplo do correspondente à carga distribuída.

Cálculo computacional

Hoje em dia, com a introdução dos computadores, o cálculo para as estruturas


complexas está mais facilitado e mais rápido. Existem no mercado diversos
programas que permitem a resolução de casos de cálculo, inclusive de casos
hiper-estáticos, num curto espaço de tempo. No entanto, é absolutamente
necessário compreender o comportamento do sistema, que dados se estão a
introduzir, assim como a informação fornecida pelo computador, a fim de a
controlarmos.
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Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos IV . 7


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No caso de se utilizar um programa, o primeiro passo a ser feito é estudá-lo e


verificar se é adequado à estrutura e ao sistema de cargas que estamos a
estudar. O passo seguinte é introduzir os parâmetros pedidos pelo programa,
tendo muita atenção aos valores e às unidades. Qualquer falha num destes
campos compromete os resultados finais. Por último, após apresentação dos
resultados, estes devem ser verificados quanto a discrepâncias (descontinuidade
de tensões e de deformações, mudanças bruscas de sinal, etc. ) procedendo-
se, em caso negativo, ao lançamento do projecto.

Após determinar e definir as cargas externas permanentes e não permanentes,


é necessário verificar a capacidade de resistência dos elementos constituintes
da estrutura.

Tracção

Caso a viga esteja sujeita à tracção, a tensão de trabalho calcula-se com a


seguinte expressão:

F
σ= ≤ σ adm (IV.1)
A liq.

F - força de tracção

AIiq -secção transversal, que, tendo furos, estes deverão ser descontados

σadm - tensão admissível ou de segurança do material

Fig. IV.8 - Peça traccionada


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IV . 8 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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Em projecto, no caso de peças sujeitas a esforços de tracção, são utilizados


normalmente perfis simples (varões, barras, e outros) e cabos de aço.

No caso de um elemento sujeito a esforços de compressão, a sua ruína pode Compressão


acontecer quer por atingir as tensões de ruptura, quer por instabilidade
(flambagem ou encurvadura por varejamento).

Os esforços de compressão tendem a aumentar a excentricidade inicial motivada


pela flexão lateral induzida pelos próprios esforços.

Assim, nas vigas comprimidas, o dimensionamento não é feito só pela tensão,


mas também pelo efeito da instabilidade. Para tal verificação, Euler desenvolveu
uma teoria: uma viga de inércia constante, com uma secção rectangular e
sujeita a uma força de compressão, vai deformar-se devido à instabilidade pelo
eixo de menor inércia.

Fig. IV.9 - Viga comprimida

A viga, quando carregada, deforma lateralmente e, se a carga for pequena,


retoma a posição inicial. Aumentando a carga até um determinado valor, a viga
pode atingir uma posição de equilíbrio (força crítica). Assim, quando a força
atinge este valor crítico, a forma rectilínea da viga deixa de ser estável e curva-
se no plano de menor rigidez. A tensão motivada por esta força chama-se "tensão
crítica de encurvadura".

Carga de flambagem ou de instabilidade é a carga para o qual o eixo do elemento


passa a ter uma posição instável.

O coeficiente de esbeltez do elemento é a relação entre o comprimento de


encurvadura da barra ( le ) e o raio de giração (i) da sua secção transversal,
sendo i.

i = Ι/ Α (IV.2)
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Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos IV . 9


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O comprimento de encurvadura é função das fixações dos extremos das vigas.

I- comprimento real.

Viga articulada nas extremidades........................................... Le= l


Viga encastrada nas extremidades......................................... Le= 0,5 l
Viga encastrada numa extremidade e articulada na outra.......... Le= 0,7 l
Viga encastrada numa extremidade e livre na outra................... Le= 2 l

Quando o valor de λ <100, a carga critíca que uma viga de aço à compressão
pode suportar é dada pela fórmula de Euler.

2
π EI
Fcr = 2 (IV.3)
l

E - módulo de elasticidade

Ι - momento de inércia mínimo

l - comprimento da barra

P P
e

Fig. IV.10 - Coluna com carga excêntrica

No caso de colunas com carga descentrada do seu eixo, a tensão máxima é


obtida pela expressão

P ⎡ ev ⎛ l P ⎞⎟⎤
σmax . = ⎢1 + 2 sec ⎜ ⎥
A⎢ ⎜ 2i AE ⎟⎠⎥ (IV.4)
⎣ i ⎝ ⎦
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IV . 10 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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P - carga aplicada

e - excentricidade da carga relativamente ao eixo da coluna.

v - distância da linha neutra às fibras extremas

i - raio de giração

l - comprimento da coluna

A - secção da coluna

A tensão de compressão de acordo com o Reg Port. de Estruturas Metálicas.


é dada por

F
σ= (IV.5)

A - área da secção transversal da viga

ϕ - coeficiente de encurvadura dependente de λ

λ - esbeltez da viga

O coeficiente de esbeltez λ é dado pela relação entre o comprimento de


encurvadura da viga (ver fig. IV.10 ) e o raio de giração mínimo da secção
transversal.

le
λ= (IV.6)
imin
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Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos IV . 11


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Fig. IV.11 - Valores de coeficiente de encurvadura

Os valores de coeficiente de esbeltez superiores a 180 só são admissíveis em


elementos cuja função estrutural seja apenas de contraventamento, e nunca
deverá ultrapassar os 250.

O perfil ideal para trabalhar à encurvadura é o tubo redondo, visto apresentar um


raio de giração constante em todos os eixos transversais. No entanto, quando
as cargas são elevadas e a esbeltez é grande tornam-se anti-económicos,
utilizando-se, por isso, perfis compostos, como por exemplo, as torres das
antenas feitas normalmente com cantoneiras. Representam-se na figura seguinte,
alguns tipos de colunas utilizadas em edifícios (a e b colunas simples, c e d
colunas compostas).
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IV . 12 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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Fig. IV.12 - Colunas

Flexão

A flexão de uma viga verifica-se quando está sujeita a forças ou momentos,


passando pelo eixo da viga,que induzam Momentos Flectores.

Fig. IV.13 - Viga simplesmente apoiada, flectida e seus diagramas

A viga representada, apoiada nos extremos e actuada por uma força P, deforma-
-se tomando a posição a tracejado. Esta deformação vai modificar as forças
internas. O momento flector, actuando no plano ZZ, faz com que a secção rode
em torno do eixo XX. Ao deformar a parte superior, relativamente ao eixo dos XX,
fica com as fibras comprimidas e a parte inferior com elas traccionadas.
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Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos IV . 13


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Ao aplicar-se carga numa viga esta vai gerar tensões internas (normais e de
corte) nos diversos pontos. Para as calcular, tem de se determinar os momentos
flectores e os esforços transversos através das equações da estática.

F1 F2
A B C

a
R2
b
R1

Fig. IV.14 - Viga apoiada com 2 cargas concentradas

Considere-se o caso representado na Fig.IV.14, que é uma viga simplesmente


apoiada com duas forças F1 e F2 e tendo como reacções os valores de R1 e R2.

Vamos analisar o que se passa na secção B.

Quando se retira a parte direita da viga, a parte esquerda para manter o seu
equilíbrio, tem de ter uma força T (esforço transverso) e um momento M (momento
flector) aplicados na secção B.

O momento flector em B pode ser determinado pelo princípio da estática, que


diz que a soma dos momentos em relação a um ponto ao eixo deve ser nula.

MB = R1 × b + F1(b − a ) = 0

F1

R1 T

MB = R1b − F1 (b − a )

Fig. IV.15 - Esquema da secção B


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IV . 14 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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Assim, o momento na secção B é o momento criado pela reacção R1 e força F1.

O momento resultante é devido às tensões distribuídas na secção.

Quando a viga flecte, cria uma curvatura para baixo.

Supondo que a viga é formada por um número indeterminado de fibras


longitudinais, as fibras da parte inferior alargam e as da parte superior encurtam.

Assim, as de cima estão sujeitas a tensões de compressão e as de baixo a


tensões de tracção.

Existem, na secção, um conjunto de fibras que não sofrem qualquer deformação,


que é considerado o plano neutra. A intersecção deste plano com a secção
transversal dá uma linha que é chamada linha neutra. Todas as fibras que estão
do mesmo lado da linha neutra tem tensões iguais.

Admite-se que nas vigas rectas a linha neutra coincide com a linha do centro de
gravidade.

Após determinação dos momento flectores, podemos determinar a tensão normal


que actua na fibra à distância da linha neutra.

(IV.7)

Ι - momento de inércia de secção transversal em relação à linha neutra.

A tensão normal máxima é dada para o valor de x máx.

Mf
σmax . = (IV.8)
W

WXX = IXX / VXX módulos de rigidez das vigas. Estes módulos podem ser obtidos
a partir de tabelas de perfis ou em casos de vigas compostas (vigas em caixão),
calculados.

A força T é denominada força de corte e o seu valor é obtido:

R1 - F1 + T = 0 (IV.9)

T = F1 - T1 (IV.10)
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Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos IV . 15


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É através da determinação do valor de T nas diversas secções que se obtém


o diagrama dos esforços transversos que motivam as tensões de corte.

TMest
τ= (para uma secção rectangular) (IV.11)

T - valor de esforço transverso na secção pretendida.

Mest - momento estático da secção acima da linha neutra.

b - lado da secção.

Ι- momento de inércia de secção relativamente à linha neutra.

A fórmula anterior resulta que para as secções rectangulares valor de t é dado


pela expressão

T ⎛⎜ h ⎞
2
− y0 ⎟
2
τ=
2Ι ⎜⎝ 4 ⎟

(IV.12)

Y0 - distância dos pontos à linha neutra.

h - altura da viga

Convenção de sinais

Convencionou-se que os momentos flectores e os esforços transversos serão


positivos os negativos de acordo com a fig. IV.16.

O momento flector é positivo quando a viga, ao deformar-se, fica com a


concavidade para cima e negativa no sentido contrário.

O esforço transverso é positivo, quando tendo a deslocar para cima, a face da


viga fica situada à sua esquerda.

É normal fazer-se a representação gráfica das Mf e dos T em função das


diversas secções da viga. Estes diagramas dão uma percepção onde os esforços
serão máximos e da sua variação ao longo da viga.

O valor é a flecha da viga, ou seja, a deformação devido à carga P.


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IV . 16 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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Os momentos flectores e os esforços transversos são considerados positivos


ou negativos de acordo com a figura abaixo, para representação em diagrama.

Fig. IV.16 - Convenção de sinais

Em flexão, os perfis ideais são os perfis do tipo HEB, IPN, IPE, etc. ou
compostos com a mesma forma.

Seguem-se tabelas para momentos flectores e flechas.


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Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos IV . 17


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Tabelas de momentos flectores

Viga simplesmente apoiada em ambos os extremos, com carga concentrada


no centro.

l
F F
R= V= x
2 R

F.x R
Mx = l/2 l/2
2
F.l V
Mmáx =
4
V
F.x
fx = (4.x2-3.l2)
48EI
3 M
F.l
fmáx =
48EI 1

Viga simplesmente apoiada em ambos os extremos, com carga concentrada


descentrada.

l
F.b.x F
Mx (x<a) = x
l
R1 R2
F.a.b
Mmáx = a b
l
F.b.x 2 2 2 V1
fx = (l -b -x )
6EI.l V2

F.a.b(a + 2.b) 3.a(a + 2.b)


fmáx =
27EI.l
Mmax
F.b F.a
R1 = V1 = ; R2 = V2 =
l l
2
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IV . 18 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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Viga simplesmente apoiada em ambos os extremos, com duas cargas


concentradas e iguais dispostas simetricamente.

l
R= V=F F F
x
Mx (x<a) = F.x R R

Mmáx = F.a a a

F.x V
fx (x<a) = (3.l.a-3.a2-x2)
6EI V

F.a
fx (x>a,x<(l-a) ) = (3.l.x-3.x2-a2)
6EI Mmax

fmáx = (3.l2-4.a2)
3

Viga simplesmente apoiada em ambos os extremos, com duas cargas


concentradas e desiguais colocadas em qualquer ponto da viga.

F1(l − a) + F2 .b
R1 =V1= ;
l
F1.a + F2 .(l − b)
R2= V2=
l
M1 (máx se R1<F1) = R1.a ;
M2(máx se R2<F2) = R2.b
Mx (x < a) = R1.x ;
Mx (x > a, x < (l-b) ) = R1.x - (x-a)

4
M.T2.07 Ut.04

Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos IV . 19


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Projecto de Estruturas IEFP · ISQ

Viga simplesmente apoiada em ambos os extremos, com carga uniformemente


distribuída por toda a viga.

Vx = w ( -x) l
x

w.x
Mx = (l-x) R R
2
2
w.l
Mmáx = V
8
V
w.x
fx = (l3-2.l.x2+x3)
24EI
4
5.w.l
fmáx =
384EI
w.l 5
R =
2

Viga simplesmente apoiada em ambos os extremos, com dua carga distribuída,


aumentando até ao centro da viga.

w.l
R=V= l
4 x
Vx = w ( 2l - x )
R R
3
w.l 4.x
Mx = (x- 2 )
4 3.l
V
2
w.l V
Mmáx =
12
3 2 4
w.l x x x
fx = (25 - 40 2 + 16 4 )
960EI l l M m ax

4
w.l
fmáx = 6
120EI
M.T2.07 Ut.04

IV . 20 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Projecto de Estruturas

Viga simplesmente apoiada em ambos os extremos, com carga uniformemente


crescente de um extremo da viga ao outro.

2 l
w.l x x
Vx = ( 1- 3 2 )
6 l
R R
2
w.l.x x
Mx = ( 1- 3 2 ) .5774l
3 l
2 V1
w.l
Mmáx = V2
9 3
3 2 4
w.l .x x x
fx = ( 7 - 10 2 + 3 4 )
360EI l l M max

4
w.l
fmáx = 0,0065
EI 7

Viga simplesmente apoiada em ambos os extremos, com carga uniformemente


distribuída em parte da viga.

l
a

w.a w
R1 = V1 = ( 2.l - a ) ;
2.l R1 R2
2 x
w.a R1/w
R2 =V2 =
2.l
V1
2
w.a a a V2
Mmáx = ( 1 - )2 p/ x = a ( 1 - )
2 2.l 2.l
2
w.a 2 2
fmáx = (2.l2 - a2) 6( 2.l − a ) M max
216EI

8
M.T2.07 Ut.04

Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos IV . 21


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Projecto de Estruturas IEFP · ISQ

Viga simplesmente apoiada num extremo e encastrada no outro, com carga


uniformemente crescente de um extremo da viga ao outro.

3.w.l 5.w.l l
R1 = V1 = ; R2 = V2 =
8 8 w
Vx = R1 - w.x
R1
2 R2
w.x x
Mx = R1.x - R 1 /w
2
V1
9 3
Mmáx = .w.l2 p/ x = .l V2
128 8 3 /8

w.x 3
fx = (l - 3.l.x3 + 2.x3)
48EI M1 l/4

4 M max
w.l
fmáx =
185EI 9

Viga simplesmente apoiada num extremo e encastrada no outro, com carga


concentrada no centro.

5.F.x l 11.x
Mx (x< l/2) = ; Mx (x>l/2) = F ( - )
16 2 16
l
11.x
Mmáx = F
16 x

3.F.l R1 R2
fx (x < l/2 ) = ( 3.l2 - 5.x2) l/2 l/2
16
V1
F.x
fx (x > l/2 ) = ( x-l)2 (11.x-2.l) V2
96EI
3 3
F.l F.l M1
3/11l
fmáx = p/ x = 0.009317
48EI 5 EI Mmax

5.F 11 .F 10
R1 = V1 = ; R2 = V2 =
16 16
M.T2.07 Ut.04

IV . 22 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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Viga encastrada em ambos os lados, com carga concentrada no centro.

l
w.l x
R = w
2
w R R
Mx = (6.l.x-l2-6.x2)
12
2
w.l V
Mmáx =
12 V
2
w.x
fx = (l - x )2 .2113
24EI M1
4
w.l
fmáx (x=l/2)
=
384EI 11

Viga encastrada em ambos os extremos, com carga concentrada no centro.

F l
R=V=
2 F
x
F
Mx (x< l/2) = (4.x - l) R R
8 l/2 l/2

l 11 .x
Mx (x>l/2) = F ( - ) V
2 16
V
F.l
Mmáx =
8 Mmax 1/4 l

2 M max
F.x 12
fx = ( 3.l - 4.x)
48EI
M.T2.07 Ut.04

Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos IV . 23


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Viga simplesmente apoiada num extremo e encastrada no outro, com carga


uniformemente distribuída.

R = V = w.l l

x w
Vx = w.x
2
w.x
Mx = - R
2
2
w.l
Mmáx =
2 V
w
fx = ( x4 - 4.l3.x - 5.l4)
24EI
4
w.l M max
fmáx =
8EI 13

Viga encastrada num extremo e livre no outro, com carga uniformemente


crescente até ao encastramento.

w.l
R = V=
2 l
2 w
w.x
Vx = x
2.l
3 R
w.x
Mx =-
6.l
2
w.l V
Mmáx = -
6
2
w.(l − x )
2
(l − x )
fx = [ 2.l.x + ( l - x )2 - ]
24EI 5.l M max
4 14
w.l
fmáx (x=0)
=
30EI
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IV . 24 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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Viga encastrada num extremo e livre no outro, com uma carga concentrada.

F
R=V=F
Mx = F.x
R
Mmáx = F.l
F V
fx = ( 2.l3 - 3.l2.x + x3)
6EI
3
F.l
fmáx =
3EI
M max

15

Após relembrar o modo de trabalho das vigas, vamos analisar o modo como
estas estruturas são projectadas.

Estruturas recticuladas

Este tipo de estruturas foi dos primeiros tipos utilizados na construção metálica.
Ela é formada na sua essência por diversos perfis (L, U, H) ligados entre si nos
nós (considerados articulações), constituindo geometrias variáveis, e onde as
cargas só são aplicadas nos nós ou transferidas para os mesmos.

Fig. IV.17 - Estrutura recticulada. Desenho esquemático.


M.T2.07 Ut.04

Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos IV . 25


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Devido a esta forma, todas as barras da estrutura são solicitadas somente à


tracção e compressão. Estes nós para efeito de cálculo são considerados como
articulados apesar de serem aparafusados e soldados.

Um dos inconvenientes destas estruturas é que, para serem rentáveis, têm


necessariamente de ter uma altura grande (~1/10 de vão).

Fig. IV.18 - Vários tipos de estruturas recticuladas

Para o cálculo destas estruturas utilizam-se métodos da estática (Cremona,


Ritter,) ou cálculos computocionais.
M.T2.07 Ut.04

IV . 26 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Projecto de Estruturas

Apesar de se considerar que os elementos destas estruturas só trabalham à


tracção e compressão, é preciso não esquecer que, nas próprias barras, surgem
tensões secundárias produzidas pelo momentos localizados nas barras, devido
ao peso próprio destas e devido à flexibilidade das vigas. Normalmente, estas
tensões secundárias são cerca de 25% das tensões primárias. Para reduzir
estas tensões, deve-se considerar o seguinte:

• os nós devem ser o mais compacto possível;

• os eixos dos perfis devem-se encontrar todos no mesmo ponto;

Este tipo de estruturas é vantajoso quando é necessário vencer grandes vãos,


em que o dimensionamento, quanto à rigidez (flecha), tem muita influência e
também quando se pretende minorar as forças do vento.

São estruturas em que o peso, comparativamente a outras, é mais pequeno, no


entanto, o seu fabrico requer muita mão-de-obra, não só de preparação como
de fabrico, o que as torna muito caras.

São utilizados em pontes (ponte de Vila Franca), em vigas de suporte de


coberturas em grandes vãos, em postes telefónicos, gruas de construção
civil,etc..

Estruturas com vigas de alma cheia

Este tipo de estruturas toma cada vez mais importância devido à menor utilização
de mão-de-obra e à menor altura dos elementos de viga, do que as estrututas
recticuladas.

Este tipo de estruturas é formado ou por perfis laminados ou perfis fabricados a


partir de construção soldada.

Fig. IV.19 - Armazém construído com perfis de alma cheia


M.T2.07 Ut.04

Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos IV . 27


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Projecto de Estruturas IEFP · ISQ

Esta estrutura é formada por pórticos em perfilados interligados entre si e tem


de suportar todas as cargas envolvidas quer permanentes quer não permanentes.

Na fig. seguinte, apresenta-se uma grua manual de construção mista, o corpo


em vigas de alma cheia e a lança em construção recticulada.

Fig. IV.20 - Grua

Disposições de projecto e montagem

No projecto de estruturas metálicas, há uma série de regras impostas pelas


normas e regulamentos. A seguir, destacamos algumas das regras do Reg.
Port. de Estruturas Metálicas.

• o mínimo de espessura para elementos estruturais deve ser 4mm;

• nas estruturas planas, as secções devem ser simétricas;

• deve evitar-se variações bruscas de secção;

• evitar situações de acumulação de águas pluviais ou de condensação;

• numa ligação entre os elementos de estrutura, deve evitar-se a utilização de


soldadura com parafusos ou rebites;

• o diâmetro para os furos dos parafusos não devem ultrapassar 2mm do


diâmetro dos parafusos;

• o comprimento dos parafusos deve ser tal que saia fora da zona de aperto,
pelo menos um passo;
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IV . 28 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Projecto de Estruturas

• no caso de as superfícies sobre as quais se faz o aperto dos parafusos


não serem normais ao eixo destes, devem utilizar-se anilhas sutadas;

• sempre que exista o risco de desaperto dos parafusos (vibrações), deve


utilizar-se dispositivos que impeçam esse desaperto (contra-porca, anilha
de mola, colas etc.);

• deve evitar-se concentração excessiva de soldaduras;

• a espessura mínima de cordões é de 3mm;

• a espessura dos cordões de canto não deve ser maior do que 0,7 da menor
espessura dos elementos a ligar;

• as superfícies a soldar devem estar bem limpas (sem escórias nem gordura);

• as zonas a soldar, assim como os eléctrodos, devem estar bem secos;


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Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos IV . 29


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Projecto de Estruturas IEFP · ISQ

RESUMO

Nesta Unidade Temática, serão definidos os elementos estruturais, o que é


uma tensão e os diversos tipos e a apresentação de fórmulas de cálculo de
flexões.

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IV . 30 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Projecto de Estruturas

ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO

1. Um varão de diâmetro 50, está sujeito a duas forças opostas de 5000 kgf ,
no seu eixo longitudinal. Qual é o tipo de tensão a que fica sujeito o varão?
Calcule o seu valor.

2. Qual é o princípio de que se parte para cálculo de uma estrutura recticulada?

3. Defina o que entende por compressão.Calcule a Força Critíca para um perfil


IPN 220, articulado nos extremos e com uma altura de 4m em aço FE 360.

4. Faça o cálculo do momento flector e flecha de uma madre (viga de apoio do


telhado). Espaçamento entre apoios 6m, distância entre madres 1,5m.
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Componente Prática Princípios de Projectos IV . 31


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IEFP · ISQ Componentes Mecânicos

Componentes Mecânicos
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Princípios de Projecto
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IEFP · ISQ Componentes Mecânicos

OBJECTIVOS

No final desta Unidade Temática, o formando deverá estar apto a:

• Escolher uma união de veios;

• Calcular os cavaletes;

• Determinar as tensões num veio de transmissão.

RESUMO

Nesta Unidade temática foram apresentadas as diversas uniões e a


razão da sua escolha, assim como o cálculo dos cavaletes, pinos e
estrias. Foram também analisadas as tensões nos veios.

TEMAS

• Uniões

• Cavaletes / pinos / estrias

• Eixos e veios

• Resumo

• Actividades / Avaliação
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Princípios de Projecto V . 1
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Componentes Mecânicos IEFP · ISQ

UNIÕES

Um dos elementos de uma cadeia cinemática é a união que faz a ligação entre
dois veios. Esta destina-se a transmitir o binário e a velocidade em determinados
parâmetros e também a compensar possíveis desalinhamentos. Normalmente,
compete ao projectista escolher, de entre as uniões existentes no mercado,
aquela que mais lhe convêm ao fim em vista, tendo em conta as informações
indicadas nos catálogos e o tipo de montagem que pretende.

Uniões rígidas

Estas uniões servem para ligar dois veios perfeitamente alinhados. Se assim
não for, à mínima deformação do sistema, aparecerão esforços suplementares
nos apoios, podendo estes ser, mais ou menos, rapidamente danificados.

Tipos Destas uniões, salientam-se alguns tipos, como a de pratos, a de manga e as


por atrito. Nestes casos, a transmissão entre o veio/união é feita pelo atrito,
criado pelo aperto da união sobre o veio, obtido por meios térmicos ou meios
hidráulicos.

Fig. V.1 - União rígida de pratos


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V . 2 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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Fig. V.2 - União rígida de manga

Enquanto as uniões de manga e de pratos vão até veios de, aproximadamente,


250mm, as de atrito podem ir até ao diâmetro de 1000. Estas últimas são muito
utilizadas nos veios de hélice dos navios e noutras transmissões de grande
potência e binário.

Uniões flexíveis

As uniões flexíveis são essencialmente empregues nas seguintes situações: Utilização

• desalinhamento angular entre os dois veios;

• desalinhamento axial;

• desalinhamento radial.

Além destas funções, devido à sua facilidade de montagem e desmontagem,


permitem uma rápida montagem e desmontagem de equipamentos, tais como,
motores, redutores, etc..

Estas uniões flexíveis podem ser ou não rígidas em rotação, ou seja, com ou
sem elasticidade torcional.

Aquelas que não possuem elasticidade torcional têm a transmissão de binário


feita através de elementos metálicos. A sua construção é inteiramente em aço,
o que permite uma resistência a temperaturas até 300º C. Durante o movimento
de rotação, não se produz nenhum escorregamento. Temos, como exemplo, a
união de dentes.

Nas uniões com elasticidade torcional, o binário é transmitido efectuando, no


arranque, um ângulo de torção ( ângulo de decalagem). Quanto maior for este
ângulo, melhor capacidade tem a união de absorver os golpes de binário e de
velocidade. Muitas destas uniões têm como propriedade complementar a
capacidade de absorção de vibrações.
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Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos V . 3


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Fig. V.3 - Tipos de desalinhamento de veios

Na figura acima apresentada, o primeiro desenho representa o desalinhamento


paralelo ou radial. O segundo desenho, o desalinhamento angular. O terceiro
desenho mostra um desalinhamento resultante da combinação dos dois
anteriores.

Uniões de elasticidade torcial

Estas uniões são formadas por duas meias-uniões em ferro fundido, aço ou
alumínio, sendo feito o contacto entre elas através de um meio elástico (borracha,
elastómero, plástico ou aço de mola).

Sempre que a velocidade periférica seja superior a 30 m/s, devem utilizar-se


uniões de aço.

Estas uniões compensam pequenos desalinhamentos radiais, axiais e angulares


cujo valor depende do tipo de construção.Os valores limites são indicados no
catálogo do fabricante.

Estas uniões são utilizadas nas ligações motor/compressor, motor/redutor,etc..


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V . 4 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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Fig. V.4 - Uniões de elasticidade torcional

Uniões sem elasticidade torcional

Estas uniões caracterizam-se pelo facto de o contacto entre as meias-uniões


ser feito por elementos não elásticos.

Entre estes, estão as uniões com dentes em aço ou as uniões com discos de
aço.

Fig. V.5 - União de dentes em aço

Estas uniões caracterizam-se pela sua boa flexibilidade angular, assim como
pela aceitação de pequenos deslocamentos axiais e radiais.
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Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos V . 5


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São uniões com grande capacidade de transmissão em termos binários.

As uniões com dentes de aço são formadas por dois meios cubos em aço,
tendo cada um deles um dentado na periferia com dentes de forma bombeada.

Estes dois meios cubos são inter-ligados por um carter, também em aço, tendo,
a uma distância bem definida, dentes interiores rectos, onde engrenarão os
dentes dos meios cubos. Estas uniões necessitam de ter massa de lubrificação.

Na figura abaixo, apresenta-se uma aplicação destas uniões, que passamos a


explicar:

• A ligação do veio de saída do redutor ao tambor, se fosse feita por uma união
rígida,implicava que o veio assentava sobre três apoios. Isto implicaria um
sistema hiperestático, o que obrigaria a um alinhamento perfeito, difícil de
conseguir na prática. Este desalinhamento poderia vir a trazer problemas
para o redutor, tais como, momentos nos veios e, consequentemente, na
caixa do redutor. Com a introdução de uma união de dentes fixa ao tambor,
o sistema passava a ser estático, havendo, assim, uma grande redução de
momentos no veio, conforme se vê na figura:

Fig. V.6 - Esquema de montagem de união elástica

Outro tipo de união é a de corrente. Neste caso, as meias-uniões têm na sua


periferia uns dentes, sendo, então, interligadas por uma corrente de rolos de
aço, dupla.
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V . 6 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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Quando, perante o projecto, temos de fazer a escolha de uma união, há a


necessidade de saber um certo número de questões, nomeadamente:

• o momento ou binário a que está sujeita a união

Binário=(9550´N) / n
Binário: N.m N-potência em kw n-rotações em r.p.m.

• a velocidade de rotação, visto que todas as uniões apresentam limite de


funcionamento a uma determinada rotação.

• o tipo de máquina e sua motorização, na medida em que se encontra


relacionado com o tipo de carga que vai reportar ao veio, conforme se pode
verificar na tabela tipo anexa, que normalmente aparece nos catálogos das
uniões.

Binário´f < binário admissível da união

Fig. V.7 - Factor de choque


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Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos V . 7


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Componentes Mecânicos IEFP · ISQ

• se o alinhamento dos veios é garantido pela concepção dos sistemas, e se


este alinhamento pode ser ou não influenciado pelas dilatações, flexões ou
deformações dos apoios.

• o valor dos possíveis desalinhamentos angulares ou radiais

• se interressa ou não que a união transmita potência depois de uma falha


dos elementos elásticos;

• as condições impostas pela manutenção;

• a facilidade de montagem e de desmontagem;

• a adaptação ao meio ambiente (meio ácido, com óleos, etc.);

• se interessa que a união forneça protecção contra sobrecargas (uniões de


atrito e de cavilhas de corte).

CAVALETES / PINOS / ESTRIAS

Os cavaletes / pinos / estrias são elementos mecânicos que permitem fazer a


ligação entre um veio e um cubo (das uniões, de roda dentadas, etc.), de modo
a transmitirem um momento de torção.

Iremos abordar, seguidamente, os casos mais significativos: cavaletes, chavetas


e veios estriados.

Cavaletes

Os cavaletes ou chavetas de faces paralelas encontram-se padronizados de


acordo com a NP.360, com uma relação entre o diâmetro do veio e a secção do
cavalete (bxt).

O seu comprimento é definido em função do cálculo ou relacionando-o também


com o comprimento do cubo

d ≤ Ιu ≤ 2d (V.1)

Normalmente, existe no mercado barrinha para cavaletes na qualidade CK45


(DIN 17200).
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V . 8 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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Cálculo

Os cavaletes são verificados à pressão superficial e ao corte.

h
t

l d
d1
Ie

b f
f
ft h2
t h

d1 d b h1
ft

Fig. V.7 - Cavalete

Pressão específica entre cavalete e veio

2M t Fórmulas
p1 = (V.2)
iluh1d

Pressão específica entre o cavalete e o cubo

2Mt
p2 = (V.3)
iluh2 d

Tensão de corte

Ft
τ= (V.4)
blu
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Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos V . 9


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Componentes Mecânicos IEFP · ISQ

Mt - momento torsor;

l - número de cavaletes; normalmente 1 ou então 2 decalados 120º;

lu - comprimento de contacto com o cavalete;

h1 - h2 - altura de contacto do cavalete, respectivamente com o veio e com o


cubo;

d - diâmetro do veio;

Ft - força tangencial de cálculo;

b - largura do cavalete;

Pressões admíssiveis para cavaletes em aço com tensão de ruptura

σrupt. ≤ 60 Kgf / mm2 (V.5)

com deslocamento sob carga..... ≤ 0,05 a 1Kgf / mm2

aço sobre ferro fundido.... ≤ 6 Kgf / mm2

aço sobre aço.... ≤ 9 Kgf / mm2

Pino

Este tipo de ligação é utilizado quando os binários são pequenos e quando o


topo do veio está na face do cubo. A sua vantagem reside na facilidade de
execução e aplicação.

p=const.

Fig. V.8 - Pino


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V . 10 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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d / D ≅ 0,5 - -I / D ≅ 1 (V.6)

d - diâmetro do pino;

D - diâmetro do veio;

4Mt
A pressão específica média p =
dDl

2M t
A tensão de corte τ =
dDl

Os valores admíssiveis são os abaixo indicados para um pino de 60 kgf mm 2


e carga variável.

Peça a montar (aço) σ r:37 σ r:50 σ r:70 Fe Fund.


padm 6 8 11 4
τadm 3 4,5 6 2

Unidades em Kgf / mm2

Veios e cubos estriados

Este tipo de montagem permite a transmissão de binários muito elevados, de


actuação ciclíca ou com choques.É muito utilizada em máquinas-ferramentas
e na indústria automóvel.

Quanto ao perfil, podem ser de faces paralelas ou evolventes. Estas últimas


apresentam a vantagem de ter maior capacidade de carga, centragem mais
perfeita e menor efeito da concentração de tensões.
M.T2.07 Ut.05

Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos V . 11


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Componentes Mecânicos IEFP · ISQ

O momento é transmitido regularmente pelas diversas faces.

Fig. V.9 - Veio estriado

Pressão específica

2Mt
p=
dmu A

3
A= Zh l
4 1u

dmu- (d1 + d2) / 2

Z - nº de estrias.

h1 - altura real

l1 - comprimento útil.

Pressões admissíveis para aço/aço

Ajustamento deslizante sob carga e material tratado termicamente 0,5 a3Kgf/


mm2.

Ajustamento deslizante sem carga 2 a 9 Kgf/mm2 .

Ajustamento permanente e material tratado termicamente 10 a 19 Kgf/mm2.


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V . 12 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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EIXOS E VEIOS

O cálculo de eixos e veios é um problema importante em projecto. É sobre eles


que são montadas engrenagens, volantes, bielas e outros elementos de
transmissão da potência, o que implica ficarem sujeitos aos esforços de flexão,
tracção, compressão e torção, actuando separadamente ou em combinação.

Os elementos de transmissão de potência (roldanas, engrenagens) devem ficar


o mais próximo possível de um dos apoios.

Eixo é um elemento sobre o qual gira ( por exemplo, uma roldana) ou oscila
uma peça móvel, não estando, este, sujeito a torções.

O veio é um elemento que transmite um momento de torsão e uma velocidade


angular .

Velocidade angular ω = 2πn n-nº rot./seg.;

Velocidade periférica v = rω = 2πn;

Potência transmitida P = Mt ω = Mt 2πn .

Seguidamente, serão apresentados alguns elementos para o cálculo de veios,


que, de modo nenhum, serão exaustivos. Além dos cálculos apresentados, há
por vezes necessidade de considerar os problemas de fadiga, de concentração
de tensões, etc..

Tensões sobre veios

Os esforços aplicados sobre os veios provêm de esforços exteriores e das


inércias transmitidas por peças fixas a esse veio. As reacções nos apoios são
encontradas pela estática gráfica ou pela estática analítica, se as condições de
equilíbrio o admitirem.

Cálculo de um eixo

Os eixos são verificados essencialmente à flexão e deverão ser seguidos os


seguintes passos:

1. Escolha do material e respectiva tensão admissível, σadm ≤ σrup /n . sendo n


um valor que depende do tipo de aço e da norma ou regulamento.

2. Cálculo dos momentos flectores, M, e esforços transversos, T, em função


do tipo de carregamento.
M.T2.07 Ut.05

Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos V . 13


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Componentes Mecânicos IEFP · ISQ

3. Determinação das tensões de flexão em função do tipo de carga do eixo

σ= (Kmx M)/ w. ≤ σadm. (V.7)

Km -um factor dado pelo ASME (ver fig V.11)

w -o módulo de rigidez de flexão do eixo ≈ 0,1d3

Tipo de carga Eixo fixo Km Eixo Rotativo Km

Predominantemente estática 1 1,5


Carga gradual, pequenos choques 1,5 a 2 1,5 a 2
Carga súbita, grandes choques 2,5 2e3

4. Verificação da tensão de corte

τ= (4/3) T / A ≤ tadm= σadm / √3 A - secção do eixo (V.8)

Cálculo de um veio

Para o cálculo dos veios, há a considerar o caso de este estar só sujeito à


torção. Nesta situação, o primeiro passo é idêntico ao caso dos eixos.

Determinar o momento torsor ou binário Mt

Cálculo da tensão de corte τ= Kt Mt / wp ≤ τadm= σadm / √3

Kt factor dado pela ASME

wp é o módulo de rigidez de torção,

varões - wp = ( πxD3) / 16

tubos - wp = πx (D4-d4 ) / 16D

Tipo de carga Veio fixo Kt Veio Rotativo Kt

Predominantemente estática 1 1
Carga gradual, pequenos choques 1,5 a 2 1 a 1,5
Carga súbita, grandes choques 2,5 1,5 a 3

Claro, que na maior parte dos casos os veios não estão unicamente sujeitos a
esforços de torção, mas também a esforços de flexão, como por exemplo um
veio de um redutor. Nesta situação, é preciso fazer a composição das tensões
de acordo de um dos critérios de composição de tensões.
M.T2.07 Ut.05

V . 14 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Componentes Mecânicos

Assim, pela teoria de Saint-Venant e Tresca

τcomp =√[τ2+( 0,5 σ)2] ≤ τadm (V.9)

Deformadas de eixos e veios

As verificações efectuadas aos eixos e veios não se limita às tensões, há


também a necessidade de verificar as deformações de flexão (flechas) e de
torção (ângulos). Estas deformações têm de ser menores que determinados
valores, muitas vezes calculadas em função dos tipos de máquinas, do que
através de normas ou regulamentos.

Para o cálculo das flechas, utilizam-se as expressões existentes nas tabelas


anexas. Como exemplo, no caso de um eixo/veio, apoiado nas extremidades e
com uma carga concentrada P, a flecha é dada pela expressão

-f = Pl3 / 48EI (V.10)

l distância entre apoios do veio

E-módulo de elasticidade do material

I-momento de inércia

O valor das flechas, como referido, depende, do tipo de aplicação. Como


indicador, sugerimos

Veios de transmissão f/l = 1/ 850

Veios de máquinas ferramentas f/l = 1/ 5000

Veios de engrenagens f/l = 1/ 2000

Para o cálculo das deformações angulares utiliza-se a expressão

θ = Mt l / Ip G

Mt - momento torsor

1 - distância entre apoios do veio

Ip - momento de inércia polar ( varões=πR4/2, para tubos=π(R4-r2)/2 )

G - módulo de elasticidade transversal do material

Como indicador, sugerimos alguns valores para deformação angular


M.T2.07 Ut.05

Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos V . 15


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Componentes Mecânicos IEFP · ISQ

Veios de transmissão - 0,25º / m

Veios de máquinas - 0,15º / min

Ao projectar veios e eixos, deve tomar-se em consideração os pontos seguintes,


que poderão ter influência no cálculo:

• afastamento entre apoio;

• evitar variações bruscas de diâmetro;

• evitar quinas vivas e entalhes;

• ter cuidado com os acabamentos de superfície

M.T2.07 Ut.05

V . 16 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Componentes Mecânicos

RESUMO

Nesta Unidade Temática, foram apresentadas diversas uniões e a razão da sua


escolha.

Foram apresentadas as formas de cálculo de cavaletes, pinos e estrias, assim


como, dos eixos e veios.
M.T2.07 Ut.05

Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos V . 17


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Componentes Mecânicos IEFP · ISQ

ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO

1. Qual é a razão de utilização das uniões?

2. Calcule a tensão de corte de um veio de diâmetro 40mm que está sujeito a


um binário de 100 Kg.m.

M.T2.07 Ut.05

V . 18 Princípios de Projecto Componente Prática


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IEFP · ISQ A Estética e Ergonomia em Projecto

A Estética e Ergonomia
em Projecto
M.T2.07 UT.06

Princípios de Projecto
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IEFP · ISQ A Estética e Ergonomia em Projecto

OBJECTIVOS

No final desta Unidade Temática, o formando deverá estar apto a:

• Relacionar projecto com estética;

• Considerar no projecto a interface homem/máquina.

RESUMO
Nesta Unidade Temática foram apresentadas ideias sobre a estética
em projecto e os diversos problemas existentes entre o homem e a
máquina.

TEMAS

• A Estética no projecto

• Ergonomia

• Resumo

• Actividades / Avaliação
M.T2.07 Ut.06

Princípios de Projecto VI . 1
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A Estética e Ergonomia em Projecto IEFP · ISQ

A ESTÉTICA NO PROJECTO

Podemos dizer que a estética em projecto (design industrial) teve o seu início
com o aparecimento da máquina na produção de objectos.

Isto aconteceu na primeira metade do século passado, visto ser nessa altura
que surgiram objectos produzidos com a finalidade de alguma produção em
série.

O projecto, evoluindo ao longo dos tempos numa componente técnica, viu surgir
um outro aspecto menos evidente, mas bastante importante, que é o design,
ou seja, a execução de projectos com a introdução de valores estéticos.

O tempo do "forte e feio" já passou à história. Cada vez mais, a arquitectura


intervém na parte mecânica e nem outros campos da engenharia.

É um facto que, na construção civil, tal se verifica desde os tempos mais remotos
(pontes, edifícios), onde quase sempre houve intervenção no sentido estético.

Hoje em dia, nos produtos de consumo, a estética faz parte do pensamento


corrente. Nenhuma empresa de automóveis, electrodomésticos ou outra coloca
um produto novo no mercado, sem recorrer primeiro a designers industriais.

Mas não compete só ao arquitecto e ao designer, que tratam a máquina no seu


aspecto estético global, a introdução destes valores. Ao projectista compete,
também, na pormenorização do projecto, arranjar soluções tecnicamente
perfeitas, mas igualmente harmoniosas.

É indispensável que nunca se perca a ideia de que o homem vai ser o centro da
máquina, quer na óptica do fabricante, quer no aspecto do utilizador, quer na da
sua manutenção.

ERGONOMIA

Tal como foi referido no parágrafo anterior, o homem é o utilizador do produto


final. Mas também é ele quem fabrica, monta e mantém os equipamentos em
funcionamento. Assim, o projectista tem de considerar todos os factores
humanos (dimensões, esforços, campo de visão, etc.) relacionados com a
máquina que está a projectar. Os princípios ergonómicos são aplicados às
máquinas com o fim de permitir:

• Conforto e redução da fadiga humana;

• Condições higiénicas de trabalho;


M.T2.07 Ut.06

VI . 2 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ A Estética e Ergonomia em Projecto

• Segurança do posto de trabalho e da máquina;

• Melhoria nas máquinas de trabalho repetitivo.

Na concepção de uma máquina, temos de considerar os seguintes pontos:


medidas antropométricas, em função da postura e dos esforços humanos
admissíveis e a percepção e transmissão das informações.

Medidas antropométricas

O dimensionamento dos equipamentos e sistemas deve considerar dimensões


mínimas para circulação, operações de manutenção, acessos de montagem e
comando, de modo a não implicar riscos físicos, mas permitindo um trabalho
em segurança.

Como é lógico, é necessário considerar que o homem se relaciona com o meio


exterior através dos sentidos. Assim, este ponto é de extrema importância, por
exemplo, quando se está a soldar manualmente (SER- soldadura por eléctrodo
revestido), através de um buraco, este deverá ter uma dimensão tal que permita
a passagem do alicate, assim como o operador de ter campo visual, para seguir
a soldadura.
M.T2.07 Ut.06

Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos VI . 3


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A Estética e Ergonomia em Projecto IEFP · ISQ

Rampas
αº 0_6 6_10 10_20
y
75 g/h até 1:10 1:10_1:6 1:6_1:2,5
x 90 90 90
150
X

minimo y 225_220 225_220 225_220

h largura 85_300 85_250 85_180


g α
t t Declive tgα = h/9 t = 63/ 2 sinα + cosα
Escadas

Escadas norm ais Escadas íngrem es


y

αº 24_38 38_50
z
x 90 90_85
75
m ínim o y 215_230 230_240
X
150

m ínim o z 200_180 180_155


Largura Escada De serviço≥ 9 60_90
Grandes escadas 120_250 _______

a Máxim o m ínim o S = 15 m áxim o S = 20 m ínim o S = 20 m áxim o S = 24


X

S a e m ínim o m áxim o a = 32 m inim o a = 26 m ínim o a = 20


α Declive : α
1. Fórm ula de conforto a - S = 12
Escada marinheira tgα = S/a 2. Fórm ula de passo a + 2S = 63
3. Fórm ula de segurança a + S = 46
X

75
150

Escadas marinheira com corrimão Escadas de marinheira sem corrimão


150

αº 50_75 50_75
a x 85_95 _________
S a S
z 165_105 165_105
Largura 50_60 entre corrimãos mínimo 60 I.L.

α α mínimo S = 22,5 máximo S = 31,5


máximo a = 20 mínimo a = 8 tgα = S/a S = 37,5 - 0,75a

E s ca la s fix a s
75 75
αº
150

75 __9 0
90

90

z 105 __ 75
w m ín im o 1 5
t

t L a rg u ra m ín im o 4 0 n o rm a l 4 5 60

w =15
D is tâ n c ia e n tr e d e g ra u s
m ín im o t = 2 9 t = 6 3 / 2 s in α + c o s α

α z
m á x im o t = 3 3 t V e r tic = 6 3 / 2 = 3 1 .5
w =15

Fig. VI.1 - Escadas


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VI . 4 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


Guia do Formando
IEFP · ISQ A Estética e Ergonomia em Projecto

2,30

1,65
1,75
1,45

1,75 90 75-80 40
Espaço necessário para Homem Comprimento de um Passagem mais
de pé passo estreita

90-1,05

80 1,15 1,15-1,30m
90-100 70
10
Espaço mínimo de passagens Dimensão de um posto de
trabalho com passagem
1,95

60

40

75-80 max 1,20 1,40m


75
Espaço necessário para diferentes
posições
30 30 65-70

1,10m
20 30

1,28
70-74

70-74

45

75-80 85 9090 90
Dimensões à mesa de trabalho de pé e Dimensões à mesa para trabalho em cadeia
sentado

Fig. VI.2 - Espaços necessários


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Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos VI . 5


Guia do Formando
A Estética e Ergonomia em Projecto IEFP · ISQ

A dimensão das aberturas de acesso é definida por um largo número de factores:


as dimensões dos objectos a serem removidos através da abertura, os
movimentos necessários do operador (puxar, rodar, etc.), a dimensão da parte
do corpo que tem de passar (braço, dedo), a roupa que se tem vestida (fato
térmico), etc.

Seguidamente, apresentamos algumas recomendações para o projecto de


aberturas de acesso, no âmbito da segurança e funcionalidade.

• As portas de acesso serão projectadas de modo a serem facilmente removíveis


e, sempre que possível, com sistemas de abertura rápida. Quando não for
possível utilizá-los, no caso de parafusos, utilizar o menor número de parafusos
possível.

• Evitar as arestas vivas.

• As portas de acesso articuladas devem fechar-se contra a superfície exterior,


a fim de, em caso de acidente, não fazer obstrução.

• Colocar espaços maiores ou janelas, para tarefas que requeiram ao operador


que veja o que está a fazer.

• Providenciar iluminação onde não existe luz natural nem lampâdas.

• Onde as aberturas dão acesso a sistemas de alta tensão ou outros perigos,


colocar fechaduras especiais e colocar avisos de perigo e instruções.

Note-se a diferença entre o interior de uma viatura antiga e uma moderna, para
se ver a evolução do projecto no que respeita a ergonomia. Enquanto na primeira,
o espiríto era o homem adaptar-se ao carro (bancos fixos, pouca visibilidade,
volante e comandos fora de posição, etc.), hoje é o carro a adaptar-se ao homem
(bancos reguláveis, comandos em posição correcta, volantes com posições de
escolha múltipla, interiores climatizados e outros).

Assim, devem ser considerados, em todos os projectos, os espaços necessários


para que, sem esforço e sem limitações, o homem possa trabalhar à vontade. M.T2.07 Ut.06

VI . 6 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


Guia do Formando
IEFP · ISQ A Estética e Ergonomia em Projecto

Cotas em mm 2260
2030
altura total
altura total altura da vista
altura da vista altura dos ombros
altura dos ombros 788
712 altura do
Altura normal de altura do cotovelo
trabalho cotovelo
assento
assento
joelho 685 joelho
610

1010
940

1320
1470
1600

1065
1470
1620
1750
735
990

560
840
510

355
254

240 240

Posição de 67
5 2 50
trabalho 3595 50 35
5
5
Posição de trabalho
1015
1470

Superfície máx.

1095
1625
355

406
de trabalho Superfície máx.
Superfície de trabalho
normal de
trabalho

G
C H
B
L
72

D F
70-74

A
K

A - Altura do assento 74-84 cm


B - Altura do cotovelo 20 cm
C - Distância do cotovelo à mesa 0-3 cm
D - Altura da mesa 94-101 cm
E - Espaço para as pernas 13-16 cm
F - Distância entre o suporte dos pés e os joelhos 45-50 cm
G - Elevação máxima da mão 14-25 cm
H - Espessura da mesa 4 cm
K - Altura da articulação do joelho 52-56 cm
L - Altura do ante-braço 99-107 cm
M - Altura Total 160-180 cm
J - Altura do suporte dos pés ao chão 25 - 35 cm

Fig. VI.3 - Espaços para postos de trabalho


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Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos VI . 7


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A Estética e Ergonomia em Projecto IEFP · ISQ

ESFORÇO HUMANO

É também necessário considerar os esforços possíveis, relacionando-os com


as diferentes posições e formas de actuação. Um esforço excessivo provoca o
cansaço, implicando um tempo de funcionamento demasiado curto.

O homem, em termos de potência, apresenta valores muito reduzidos.


Apresentamos, a seguir, alguns valores para as forças.

Aperto de mão Força: 10 Kgf Curso: 2 a 3 cm


Pedal em pé Força: 25 Kgf Curso: 10 cm
Pedal sentado Força: 13 Kgf Curso: 8 cm
Alavanca horizontal Força: 18 Kgf Curso: 20 cm
Alavanca vertical Força: 25 Kgf Curso: 30 cm
Manivela Força: 8 a 10 Kgf Rotação: 20 a 30 rpm
Puxo corrente verti. Força: 12 a 15 Kgf Veloc.: 18 a 24 m/min
Esforço de tracção Força: 40 a 60 Kgf Veloc.: 30 m/min

É preciso tomar em consideração, no dimensionamento dos equipamentos,


para os casos em que o homem pode aplicar o peso total do seu corpo. Temos,
como exemplo, o caso de puxar uma corrente para actuar uma válvula que se
encontra numa posição sobrelevada. Nesta situação, se por qualquer razão a
válvula não abrir com facilidade, o operador tem tendência para se pendurar na
corrente , transferindo, assim, todo o seu peso para a corrente e para a própria
válvula.

Meio ambiente

Consideramos como meio ambiente a zona envolvente e que interaje com a


máquina, sendo esta relação bi-unívoca. Assim, temos a situação em que a
máquina prejudica esse meio através do seu ruído excessivo ou devido à emissão
de gases e liquídos mais ou menos nocivos, ou outros. Nesta situação o
projectista deve ter em consideração as normas ou legislação em vigor para
onde a máquina se destina.

Por outro lado existem equipamentos que têm de trabalhar em condições


ambientais adversas: alta temperaturas, ambientes salinos, expostos à
intempérie, etc.. Nestes casos, é necessário tomar as devidas precauções,
para protecção do homem e da própria máquina.

Como exemplo dessas precauções, temos, no caso de temperaturas elevadas,


a utilização de materiais resistentes à temperatura em jogo. Se o operador
estiver,também ele, sujeito a essas mesmas temperaturas, deve ser
providenciado que o seu local de operação esteja correctamente isolado e
ventilado.
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VI . 8 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


Guia do Formando
IEFP · ISQ A Estética e Ergonomia em Projecto

RESUMO

Nesta Unidade Temática, foram apresentadas ideias sobre a estética em projecto


e os problemas entre homem-máquina-meio ambiente.
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Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos VI . 9


Guia do Formando
A Estética e Ergonomia em Projecto IEFP · ISQ

ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO

1. Em que projectos é necessário ter mais cuidados com os aspectos


estéticos?

2. Qual é a razão de, ao projectarmos, termos em consideração as dimensões


de um ser humano?

3. Para que servem as medidas antropométricas?

4. Qual é o momento que se pode obter numa manivela com 300mm de raio?

M.T2.07 Ut.06

VI . 10 Princípios de Projecto Componente Prática


Guia do Formando
IEFP · ISQ Garantia da Qualidade no Projecto

Garantia da Qualidade
no Projecto
M.T2.07 UT.07

Princípios de Projecto
Guia do Formando
IEFP · ISQ Garantia da Qualidade no Projecto

OBJECTIVOS

No final desta Unidade Temática, o formando deverá estar apto a:

• Identificar as especificações de qualidade necessárias à execução de um


projecto;

• Conhecer as diversas formas que podem apresentar os resultados de um


projecto;

• Determinar os aspectos sobre os quais deve incidir a revisão do projecto.

RESUMO
Nesta Unidade Temática apresentaram-se as acções necessárias para
assegurar a garantia da qualidade no projecto.

TEMAS

• Introdução

• Garantia da qualidade no projecto

• Especificações para o projecto

• Revisão do projecto

• Alterações de projecto

• Aprovação do projecto

• Resumo

• Actividades / Avaliação
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Princípios de Projecto VII . 1


Guia do Formando
Garantia da Qualidade no Projecto IEFP · ISQ

INTRODUÇÃO

O projecto mecânico é uma actividade industrial expressa num conjunto de


documentos, nomeadamente, cálculos, desenhos e especificações técnicas.

Estes documentos descrevem as características dos produtos e devem traduzir


as necessidades do cliente através da descrição técnica dos materiais,
componentes e processos, de modo a que o produto final proporcione ao cliente
a total satisfação das suas expectativas a um preço competitivo e no prazo
estipulado.

Garantia da qualidade A garantia da qualidade no projecto consiste no controlo das actividades e na


verificação final dos resultados com o objectivo de assegurar que o conteúdo
dos documentos atrás mencionados forneçam os dados para a satisfação dos
requisitos que constituem as necessidades do comprador. Assim, a empresa
responsável pela elaboração do projecto deve implementar e manter actualizado
um sistema de qualidade e os respectivos procedimentos para verificar e controlar
o projecto, de modo a assegurar o cumprimento dos requisitos especificados.

Em Portugal, é obrigatória a aplicação das normas europeias da série NP EN


ISO 9000 edição 1994, relativas aos modelos de sistemas da qualidade. Nesta
abordagem, vamos recorrer aos conceitos da norma NP EN ISO 9001, que
especifica os requisitos para um sistema da qualidade em projecto e
desenvolvimento, produção, instalação e assistência pós-venda.

GARANTIA DA QUALIDADE NO PROJECTO

Qualidade no projecto A empresa ou entidade responsável pela elaboração do projecto deve implementar
um sistema de qualidade que garanta a capacidade de organização para
satisfazer os requisitos de qualidade inerentes às especificações do projecto.

Relativamente ao controlo do projecto, a empresa deve estabelecer, documentar


e manter actualizados procedimentos que definam de forma detalhada os
aspectos relevantes para a qualidade, dos quais se destacam os seguintes:

• organização das tarefas para a execução do projecto;

• canais de comunicação com os clientes;

• troca de informação com as actividades ajusante do projecto, como sejam a


produção e a inspecção e tratamento do retorno de informação;

• regras gerais para a elaboração, revisão, aprovação de desenhos e outra


documentação do projecto;

• regras para a revisão e aprovação das alterações do projecto.


M.T2.07 Ut.07

VII . 2 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


Guia do Formando
IEFP · ISQ Garantia da Qualidade no Projecto

ESPECIFICAÇÕES PARA O PROJECTO

Os requisitos necessários para que se possa iniciar o projecto devem estar


adequados e correctamente documentados, de modo a permitir que sejam
previamente revistos pelo pessoal que vai elaborar o projecto. Esta revisão
destina-se a avaliar a adequabilidade dos requisitos e a permitir a sua atempada
correcção, através de contactos estabelecidos com a entidade que solicitou a
realização do projecto.

Além das necessidades e expectativas do utilizador, o projecto deve ter em Requisitos da Qualidade
conta outros requisitos, tais como, os que são relativos à segurança, factores
ambientais, normas e requisitos legais, sempre que aplicáveis. A aptidão ao
uso, a prevenção contra a má utilização, o tempo de vida útil do produto e,
consequentemente, a fiabilidade, a manutibilidade e a conservação constituem,
também, requisitos da qualidade a ter em consideração na execução do projecto.

EXECUÇÃO E RESULTADOS DO PROJECTO

Durante a execução do projecto devem ser levados em conta os diversos


aspectos relevantes para a qualidade, entre eles os relacionados com a produção,
a fiabilidade e a segurança.

Detalhando um pouco mais, devem ser analisados os factores associados ao


fabrico, que possam ser críticos para a qualidade, como seja a capacidade
disponível para satisfazer os requisitos especificados, as possibilidades de
subcontratação, a escolha de soluções que contribuam para o cumprimento
dos prazos de fabrico.

Estes aspectos devem ser analisados por especialistas das diversas áreas
envolvidas, advindo daí a necessidade das equipas de projecto serem
multidisciplinares.

No projecto de produtos com funções complexas, é fundamental um estudo de


fiabilidade. Os aspectos relativos à segurança devem ser considerados durante
a execução de um projecto de modo a eliminar ou, pelo menos, minimizar os
riscos.
M.T2.07 Ut.07

Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos VII . 3


Guia do Formando
Garantia da Qualidade no Projecto IEFP · ISQ

Especificações para Os resultados do projecto devem satisfazer os requisitos das especificações e


o projecto são apresentados, normalmente, sob as seguintes formas:

• cálculos e desenhos;

• especificações de materiais e de processos;

• análises de fiabilidade e de segurança;

• especificações de inspecção e de ensaios;

• critério de aceitação;

• especificações técnicas relativas ao manuseamento, armazenamento,


embalagem e expedição;

• instruções de instalação, utilização e manutenção.

REVISÃO DO PROJECTO

Durante a elaboração do projecto e antes do envio para as fases subsequentes


da cadeia produtiva, deve ser feita a sua revisão por pessoal devidamente
qualificado, com o objectivo de comprovar que os requisitos aplicáveis definidos
nas especificações para o projecto foram respeitados e que foi devidamente
acautelada a capacidade de produção de acordo com esses requisitos.

Na revisão do projecto devem participar especialistas das várias áreas envolvidas,


dos aprovisionamentos à programação, ao fabrico e montagem, e à qualidade,
de modo a permitir que as soluções propostas sejam analisadas sob todos os
aspectos que possam afectar a qualidade. O planeamento do projecto deve
indicar detalhadamente a frequência das revisões, os métodos de verificação e
os respectivos critérios de aceitação. As verificações devem ser efectuadas
com base em listas de comprovação.

Os resultados da revisão do projecto devem ser registados.

Verificação da conformidade A extensão da revisão do projecto depende, entre outros factores, do grau de
complexidade e do risco envolvido, mas deve abranger os seguintes aspectos:

• a verificação do cumprimento das especificações do projecto;

• a verificação do cumprimento das especificações do caderno de encargos


do cliente e, quando aplicável, as normas e requisitos legais respectivos;

• a comprovação do cumprimento dos requisitos relativos à fiabilidade e à


segurança dos produtos;
M.T2.07 Ut.07

VII . 4 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


Guia do Formando
IEFP · ISQ Garantia da Qualidade no Projecto

• a inclusão das tolerâncias admissíveis e da sua análise face à capacidade


dos processos utilizados;

• a verificação de que o projecto está completo e é apresentado de modo


claro e inequívoco;

• a inclusão da documentação relativa a revisões em fases anteriores e a


verificação das acções decorrentes de fases anteriores;

• a revisão do projecto faz-se recorrendo a vários métodos, em função das


especificidades de cada caso, dos quais se destacam:

• execução de cálculos alternativos por pessoas distintas ou recorrendo


a processos diferentes e que confirmam os cálculos originais;

• revisão dos desenhos por especialistas que não tenham participado


na sua execução;

• realização de ensaios em modelos e prótotipos;

• comparação com projectos similares já realizados.

ALTERAÇÕES DE PROJECTO

Para permitir que sejam identificadas, as alterações do projecto devem ser Alterações de projecto
revistas, aprovadas e registadas. A totalidade dos registos relativos à revisão do
projecto, anteriormente referidos, devem ser tomados em consideração,
consoante a extensão das alterações e os efeitos que podem produzir.

Devem existir procedimentos relativos à identificação, revisão, aprovação e


documentação das alterações do projecto.

APROVAÇÃO DO PROJECTO

Após a revisão final do projecto, este deve ser aprovado pelos intervenientes na
sua elaboração e revisão, constituindo esta operação a última fase da elaboração
de um projecto (cálculo e desenhos).
M.T2.07 Ut.07

Componente Científico-Tecnológica Princípios de Projectos VII . 5


Guia do Formando
Garantia da Qualidade no Projecto IEFP · ISQ

RESUMO

Nesta Unidade Temática, apresentaram-se as acções necessárias para


assegurar a garantia da qualidade no projecto.

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VII . 6 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


Guia do Formando
IEFP · ISQ Garantia da Qualidade no Projecto

ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO

1. O que entende por garantia da qualidade no projecto?

2. Que norma de sistema de qualidade contem os conceitos sobre garantia da


qualidade no projecto?

3. Quais são os aspectos fundamentais que a revisão do projecto deve abranger?

4. Identifique os requisitos básicos necessários para a elaboração do projecto.


M.T2.07 Ut.07

Componente Prática Princípios de Projectos VII . 7


Guia do Formando
IEFP · ISQ Avaliação e Controlo de Projectos

Avaliação e Controlo
de Projectos
M.T2.07 UT.08

Princípios de Projecto
Guia do Formando
IEFP · ISQ Garantia da Qualidade no Projecto

OBJECTIVOS

No final desta Unidade Temática, o formando deverá estar apto a:

• Identificar as especificações de qualidade necessárias à execução de um


projecto;

• Conhecer as diversas formas que podem apresentar os resultados de um


projecto;

• Determinar os aspectos sobre os quais deve incidir a revisão do projecto.

RESUMO
Nesta Unidade Temática apresentaram-se as acções necessárias para
assegurar a garantia da qualidade no projecto.

TEMAS

• Introdução

• Garantia da qualidade no projecto

• Especificações para o projecto

• Revisão do projecto

• Alterações de projecto

• Aprovação do projecto

• Resumo

• Actividades / Avaliação
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Princípios de Projecto VII . 1


Guia do Formando
Garantia da Qualidade no Projecto IEFP · ISQ

INTRODUÇÃO

O projecto mecânico é uma actividade industrial expressa num conjunto de


documentos, nomeadamente, cálculos, desenhos e especificações técnicas.

Estes documentos descrevem as características dos produtos e devem traduzir


as necessidades do cliente através da descrição técnica dos materiais,
componentes e processos, de modo a que o produto final proporcione ao cliente
a total satisfação das suas expectativas a um preço competitivo e no prazo
estipulado.

Garantia da qualidade A garantia da qualidade no projecto consiste no controlo das actividades e na


verificação final dos resultados com o objectivo de assegurar que o conteúdo
dos documentos atrás mencionados forneçam os dados para a satisfação dos
requisitos que constituem as necessidades do comprador. Assim, a empresa
responsável pela elaboração do projecto deve implementar e manter actualizado
um sistema de qualidade e os respectivos procedimentos para verificar e controlar
o projecto, de modo a assegurar o cumprimento dos requisitos especificados.

Em Portugal, é obrigatória a aplicação das normas europeias da série NP EN


ISO 9000 edição 1994, relativas aos modelos de sistemas da qualidade. Nesta
abordagem, vamos recorrer aos conceitos da norma NP EN ISO 9001, que
especifica os requisitos para um sistema da qualidade em projecto e
desenvolvimento, produção, instalação e assistência pós-venda.

GARANTIA DA QUALIDADE NO PROJECTO

Qualidade no projecto A empresa ou entidade responsável pela elaboração do projecto deve implementar
um sistema de qualidade que garanta a capacidade de organização para
satisfazer os requisitos de qualidade inerentes às especificações do projecto.

Relativamente ao controlo do projecto, a empresa deve estabelecer, documentar


e manter actualizados procedimentos que definam de forma detalhada os
aspectos relevantes para a qualidade, dos quais se destacam os seguintes:

• organização das tarefas para a execução do projecto;

• canais de comunicação com os clientes;

• troca de informação com as actividades ajusante do projecto, como sejam a


produção e a inspecção e tratamento do retorno de informação;

• regras gerais para a elaboração, revisão, aprovação de desenhos e outra


documentação do projecto;

• regras para a revisão e aprovação das alterações do projecto.


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VII . 2 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


Guia do Formando
IEFP · ISQ Garantia da Qualidade no Projecto

ESPECIFICAÇÕES PARA O PROJECTO

Os requisitos necessários para que se possa iniciar o projecto devem estar


adequados e correctamente documentados, de modo a permitir que sejam
previamente revistos pelo pessoal que vai elaborar o projecto. Esta revisão
destina-se a avaliar a adequabilidade dos requisitos e a permitir a sua atempada
correcção, através de contactos estabelecidos com a entidade que solicitou a
realização do projecto.

Além das necessidades e expectativas do utilizador, o projecto deve ter em Requisitos da Qualidade
conta outros requisitos, tais como, os que são relativos à segurança, factores
ambientais, normas e requisitos legais, sempre que aplicáveis. A aptidão ao
uso, a prevenção contra a má utilização, o tempo de vida útil do produto e,
consequentemente, a fiabilidade, a manutibilidade e a conservação constituem,
também, requisitos da qualidade a ter em consideração na execução do projecto.

EXECUÇÃO E RESULTADOS DO PROJECTO

Durante a execução do projecto devem ser levados em conta os diversos


aspectos relevantes para a qualidade, entre eles os relacionados com a produção,
a fiabilidade e a segurança.

Detalhando um pouco mais, devem ser analisados os factores associados ao


fabrico, que possam ser críticos para a qualidade, como seja a capacidade
disponível para satisfazer os requisitos especificados, as possibilidades de
subcontratação, a escolha de soluções que contribuam para o cumprimento
dos prazos de fabrico.

Estes aspectos devem ser analisados por especialistas das diversas áreas
envolvidas, advindo daí a necessidade das equipas de projecto serem
multidisciplinares.

No projecto de produtos com funções complexas, é fundamental um estudo de


fiabilidade. Os aspectos relativos à segurança devem ser considerados durante
a execução de um projecto de modo a eliminar ou, pelo menos, minimizar os
riscos.
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Garantia da Qualidade no Projecto IEFP · ISQ

Especificações para Os resultados do projecto devem satisfazer os requisitos das especificações e


o projecto são apresentados, normalmente, sob as seguintes formas:

• cálculos e desenhos;

• especificações de materiais e de processos;

• análises de fiabilidade e de segurança;

• especificações de inspecção e de ensaios;

• critério de aceitação;

• especificações técnicas relativas ao manuseamento, armazenamento,


embalagem e expedição;

• instruções de instalação, utilização e manutenção.

REVISÃO DO PROJECTO

Durante a elaboração do projecto e antes do envio para as fases subsequentes


da cadeia produtiva, deve ser feita a sua revisão por pessoal devidamente
qualificado, com o objectivo de comprovar que os requisitos aplicáveis definidos
nas especificações para o projecto foram respeitados e que foi devidamente
acautelada a capacidade de produção de acordo com esses requisitos.

Na revisão do projecto devem participar especialistas das várias áreas envolvidas,


dos aprovisionamentos à programação, ao fabrico e montagem, e à qualidade,
de modo a permitir que as soluções propostas sejam analisadas sob todos os
aspectos que possam afectar a qualidade. O planeamento do projecto deve
indicar detalhadamente a frequência das revisões, os métodos de verificação e
os respectivos critérios de aceitação. As verificações devem ser efectuadas
com base em listas de comprovação.

Os resultados da revisão do projecto devem ser registados.

Verificação da conformidade A extensão da revisão do projecto depende, entre outros factores, do grau de
complexidade e do risco envolvido, mas deve abranger os seguintes aspectos:

• a verificação do cumprimento das especificações do projecto;

• a verificação do cumprimento das especificações do caderno de encargos


do cliente e, quando aplicável, as normas e requisitos legais respectivos;

• a comprovação do cumprimento dos requisitos relativos à fiabilidade e à


segurança dos produtos;
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VII . 4 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Garantia da Qualidade no Projecto

• a inclusão das tolerâncias admissíveis e da sua análise face à capacidade


dos processos utilizados;

• a verificação de que o projecto está completo e é apresentado de modo


claro e inequívoco;

• a inclusão da documentação relativa a revisões em fases anteriores e a


verificação das acções decorrentes de fases anteriores;

• a revisão do projecto faz-se recorrendo a vários métodos, em função das


especificidades de cada caso, dos quais se destacam:

• execução de cálculos alternativos por pessoas distintas ou recorrendo


a processos diferentes e que confirmam os cálculos originais;

• revisão dos desenhos por especialistas que não tenham participado


na sua execução;

• realização de ensaios em modelos e prótotipos;

• comparação com projectos similares já realizados.

ALTERAÇÕES DE PROJECTO

Para permitir que sejam identificadas, as alterações do projecto devem ser Alterações de projecto
revistas, aprovadas e registadas. A totalidade dos registos relativos à revisão do
projecto, anteriormente referidos, devem ser tomados em consideração,
consoante a extensão das alterações e os efeitos que podem produzir.

Devem existir procedimentos relativos à identificação, revisão, aprovação e


documentação das alterações do projecto.

APROVAÇÃO DO PROJECTO

Após a revisão final do projecto, este deve ser aprovado pelos intervenientes na
sua elaboração e revisão, constituindo esta operação a última fase da elaboração
de um projecto (cálculo e desenhos).
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Garantia da Qualidade no Projecto IEFP · ISQ

RESUMO

Nesta Unidade Temática, apresentaram-se as acções necessárias para


assegurar a garantia da qualidade no projecto.

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VII . 6 Princípios de Projecto Componente Científico-Tecnológica


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IEFP · ISQ Garantia da Qualidade no Projecto

ACTIVIDADES / AVALIAÇÃO

1. O que entende por garantia da qualidade no projecto?

2. Que norma de sistema de qualidade contem os conceitos sobre garantia da


qualidade no projecto?

3. Quais são os aspectos fundamentais que a revisão do projecto deve abranger?

4. Identifique os requisitos básicos necessários para a elaboração do projecto.


M.T2.07 Ut.07

Componente Prática Princípios de Projectos VII . 7


Guia do Formando
IEFP · ISQ Anexo

Anexo
M.T2.07 An.01

Princípios de Projecto
Guia do Formando
IEFP · ISQ Bibliografia

BIBLIOGRAFIA

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SEQUEIRA, José, Gestão da Produção, IAPMEI.

SHIGLEY, El Proyeto en Ingeniria Mecânica, Edições Del Castillo.


M.T2.07

Princípios de projecto B . 1
Guia do Formando

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