CHATGPT 8

COMO FUNCIONA,, TESTE DE GRUPO

EXAME INFORMÁTICA

AS CONSEQUÊNCIAS
NSEQUÊNCIAS
Q
E AS REAÇÕES
EAÇÕES MONITORES
DE GAMING
DOS €200
PARA QUEM GOSTA DE TECNOLOGIA

AOS €2000
MARÇO 2023 ○ N.° 333 ○ MENSAL ○ ANO 27 ○

ANTI-INFLAÇÃO
EXAMEINFORMATICA.PT ○ FACEBOOK.COM/EXAMEINFORMATICA ○
APPS ANTI-INFLAÇÃO

COMO POUPAR CENTENAS DE EUROS

SUPERMERCADOS z COMBUSTÍVEIS z RESTAURANTES z VIAGENS
EXA

GALAXY
TOP 5 S23 ULTRA
O MELHOR

AIR FRYER SMARTPHONE

DE SEMPRE!
PS VR2
MICROSOFT AS MELHORES
FRITADEIRAS A AR
REALIDADE VIRTUAL
QUE APETECE USAR

SURFACE PRO 9
O FIM DO HÉLIO?
333 MARÇO 2023

O CONVERTÍVEL CERTO?
EDIÇÃO DE VÍDEO
EDI
EM TESTE: VW ID. BUZZZ PEÇA O SEU NA BANCA! O GÁS ESSENCIAL PARA A MEDICINA
EDICINA
TESLA MODEL S PLAIDD €1,90
(CONT.) ESTÁ EM RISCO DE DESAPARECER
ER

PARA QUEM GOSTA DE TECNOLOGIA
38
23 Teste de grupo a monitores
de videojogos: Philips Evnia
34M2C7600MV, Sony Inzone
M3, Asus ROG Swift OLED
PG42UQ, HP U28, LG
Ultragear 48GQ900-B,
Xiaomi Mi Curved Gaming 34,
AGON by AOC Pro AG344UXM,
Acer Nitro KG272
32 Lenovo ThinkPad X1 Carbon:
Edição de colecionador
34 Sony Alpha 7R V
36 HP Omen 17-CK1007NP:
Jogar em grande
37 Auriculares com estilo:
Nothing Ear Stick
38 Um portátil que nos enche
as medidas: Asus Zenbook 14
39
OLED UM3402Y
Sonos One (2ª geração):
Coluna com alma
40 PlayStation VR2:
Salto de qualidade
no mundo dos jogos
43 Tapo C320WS: Câmara para
manter a casa segura
44 Samsung Galaxy S23 Ultra:
O melhor smartphone
do momento
48 Surface Pro 9
50 Lifestyle: Café de qualidade
com a Sage Barista Express
Impress e água sempre
purificada com a Philips GoZero
Smart Bottle
03.2023
34
SONY ALPHA 7R V:
UMA CÂMARA BOMBÁSTICA
PARA FOTOGRAFIA E VÍDEO
52
A DESINFORMAÇÃO E O FUTURO
DAS PESQUISAS ONLINE
COM JOANA GONÇALVES DE SÁ
52 Joana Gonçalves de Sá, a
investigadora que estuda a
pandemia da desinformação
55 OpenAI: Como uma startup está
a abalar o mundo da tecnologia
62 Um projeto para dar nova vida
aos órgãos
66
63 Partículas de Majorana: a peça
que falta no puzzle da
EFEITO BORBOLETA:
computação quântica O VULCÃO DO TONGA
64 A escassez do hélio e os QUE SE ‘OUVIU’ NOS AÇORES
problemas que isso traz
66 Como a erupção de um vulcão
no Tonga chegou aos Açores
68 Vicoustic: Engenharia
portuguesa à prova de som
70 Ensaio ao Tesla Model S Plaid
DIGITAL
72 ID. Buzz Pro: Mistura perfeita COMO ACEDER
entre passado e futuro Se é assinante digital da Exame Informática
tem direito a aceder à edição
da revista (presente e passadas) em
exameinformaticadigital.exameinformatica.pt.
74 Aplicações anti-inflação: 12 Tem ainda a possibilidade de ler os conteúdos
ferramentas que o vão ajudar a exclusivos que vamos antecipando para os
assinantes no site exameinformatica.pt.
poupar centenas de euros Caso não se encontre registado,
por favor contacte-nos através
do Apoio ao Cliente.
79 Forspoken
80 Hogwarts Legacy 21 870 50 50
(dias úteis das 9h às 19h)
81 Dead Space Custo de chamada para a rede fixa,
82 LOL: Ctrl+Alt+Del, de acordo com o seu tarifário
Tiro ao Lado e Erro de Sistema loja.trustinnews.pt
3
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
 EDITORIAL
SÉRGIO MAGNO | DIRETOR
IA E O REFORÇO
DA INFORMAÇÃO FALSA
O
fenómeno ChatGPT originou muitos artigos sobre como
a IA poderá revolucionar a forma como pesquisamos
na Internet e como pode ser usada para processar e até
gerar informação. Não é difícil imaginar as potencialidades da IA
quando bem aplicada. Num futuro próximo, podemos ter bots a
amplificar as capacidades humanas. Imagine-se, por exemplo,
uma consulta onde um médico seria acompanhado por um par-
ceiro digital. Um sistema de IA teria sempre acesso à mais recente
informação sobre tratamentos, não sofreria de falhas de memória
e seria capaz de ajudar no diagnóstico cruzando uma quantidade
de informação esmagadora. Na verdade, já existem sistemas muito
próximos deste exemplo. Enquanto instrumento orquestrado por
humanos, a IA pode ter consequências extremamente positivas.
Mas uma das melhores características da IA é, também, um dos
seus pontos mais fracos e, até, ameaçadores. A IA não tem bom
senso e, por melhor que seja a capacidade do ChatGPT em ge-
rar textos que parecem ter sido criados por humanos, tudo não
passa de um ‘truque’ de algoritmos evoluídos no processamento
linguístico. Nenhum sistema de IA atual está, sequer, próximo
de funcionar como o cérebro humano. Os algoritmos não têm
sentido crítico. Pelo menos não da forma como o entendemos.
Os sistemas de IA são apenas tão bons quanto a informação que
os alimenta e, mesmo quando a informação é boa, o risco de erro
sobe na proporção da liberdade dada ao algoritmo para deduzir.
Não é preciso fazer muitas experiências com o ChatGPT para se
obter respostas com informação factualmente falsa. Isto porque
o sistema usa informação obtida na Internet (e só até 2021) à qual
aplica regras de lógica. O resultado é uma mistura de factos com
deduções lógicas baseadas no sentido das palavras. O mais grave
é que as respostas dadas pelo ChatGPT parecem mais credíveis
porque são apresentadas em textos bem construídos. De outro
modo, o ChatGPT assemelha-se a um humano… mentiroso. A
falha espetacular na primeira demonstração do Google Bard
é outro exemplo dos perigos de IA baseada em dados à solta
disponíveis na Internet. Imaginemos os efeitos a longo prazo
dos reforços negativos. Se já hoje temos um grave problema de
disseminação de informação falsa, o que vai acontecer quando boa
parte da informação online for gerada por IA? A tendência será
uma degradação rápida da qualidade da informação disponível
na Internet. Com a agravante que será ainda mais difícil detetar
a mentira ou a manipulação. Até a expressão ‘uma imagem vale
mais que mil palavras’ está a perder o sentido à medida que a IA
se torna mais eficiente em gerar fotos, áudio e vídeo.
smagno@exameinformatica.pt facebook.com/sergio.magno
4
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
Proprietária/Editora: TRUST IN NEWS, UNIPESSOAL LDA.
Sede: Rua da Fonte da Caspolima – Quinta da Fonte nº 8, 2770-190, Paço de Arcos
NIPC: 514674520
Gerência da TRUST IN NEWS: Luís Delgado,
Filipe Passadouro e Cláudia Serra Campos
Composição do Capital da Entidade Proprietária: 10.000,00 euros,
Principal acionista: Luís Delgado (100%)
exameinformatica.pt
Diretor: Sérgio Magno smagno@exameinformatica.pt
Redação: Paulo Belchior de Matos (Coordenador) pmatos@exameinformatica.pt
Sara Sá ssa@exameinformatica.pt
Rui da Rocha Ferreira rferreira@exameinformatica.pt
Arte: Hugo Filipe (Coordenador)
Colaboradores: José Carlos Carvalho, Marcos Borga e Luís Barra (Foto)
Centro de Documentação: Gesco
Redação, Administração e Serviços Comerciais:
Rua da Fonte da Caspolima – Quinta da Fonte
Edifício Fernão de Magalhães, 8, 8A e 8B, 2770-190,
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Delegação Norte: CEP – Escritórios, Rua Santos Pousada 441-
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Delegação Porto Tel.: 220 993 810
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Tel.: 808 206 545 - Fax: 808 206 133
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n.º 89610/95 - ISSN n.º 0873-4798
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Custo de chamada para a rede fixa, de acordo com o seu tarifário
 INSTANTÂNEOS FACEBOOK.COM/
EXAMEINFORMATICA
Já começa a ser difícil ALEMANHA
encontrar adjetivos para ATRAI NOVA
FÁBRICA DE
descrever a aceleração dos CHIPS EM
Tesla. O Model S Plaid eleva INVESTIMENTO
ainda mais a fasquia. Não só DE DOIS MIL
na performance, mas, MILHÕES
DE EUROS
também, na tecnologia a
Luciano Patrão
bordo – tem um sistema de Nao sei porque não
infoentretenimento capaz vieram para Portugal. Pais
com ordenados baixos e
de correr os mais exigentes
profissionais competentes
jogos do momento. 24/1 às 19:54 ○ Reações ○ 0
p70
Sérgio Magno

UM ROBÔ
DO EXÉRCITO
Quando ouvi falar do
AMERICANO
problema da escassez de FOI TREINADO
hélio pela primeira vez não PARA DETETAR
imaginava que a história FUZILEIROS.
FOI DERROTADO
pudesse ter tantos detalhes
COM UMA SIMPLES
curiosos, que envolvem CAIXA DE CARTÃO
política internacional, João Dessain Saraiva
descarbonização, ciência e, Já o solid snake fazia isso
26/1 às 22:16 ○ Reações ○ 1
claro, festas de crianças.
Sara Sá
p64
TESLA MODEL S
PLAID EM TESTE:
MOSTRAR
QUEM MANDA
Juntar testes a monitores de
Luis Antunes
gaming e Dead Space na Uma banheira com
mesma edição dá nisto… rodas que anda muito
depressa em linha reta
Fica um agradecimento
7/2 às 10:48 ○ Reações ○ 1
especial ao João ‘Tosha’, cujo
conhecimento enciclopédico
do jogo permitiu (assim SAMSUNG
GALAXY S23
espero) enriquecer a review.
ULTRA EM TESTE:
A versão mais extensa está QUE CÂMARA!
disponível no site da EI. Joaquim Correto
p81 Por muito bom
Paulo Belchior de Matos
que seja, vai morrer
à nascença devido
à falta de ergonomia,
Estamos a viver um e pelo que fica
a dever à beleza!
daqueles momentos de 2/2 às 23:23 ○ Reações ○ 0
viragem no mundo da
tecnologia – pela primeira
COLAPSO
vez em 24 anos, o domínio
HISTÓRICO
absoluto da Google está a DA INTEL CAUSA
ser questionado. E no dia DESVALORIZAÇÃO
em que a gigante revelou o DE OITO MIL
plano de contra-ataque, MILHÕES DE
DÓLARES
nós estivemos lá.
p56 Carlos Brito
Rui da Rocha Ferreira receio, gestao ou burrice
30/1 às 13:22 ○ Reações ○ 1

ESTAMOS EM TODOS
NOVO
OS DISPOSITIVOS
A Exame Informática
está disponível para
smartphones, tablets e PCs em
exameinformaticadigital.exameinformatica.pt

6
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
 TWITTER
KRAKEN
3750
APROX.
APROX.

1100 COINBASE TRABALHADORES

950
APROX.
TRABALHADORES

TRABALHADORES

ACABOU-SE
A FESTA
Durante anos, as grandes tecnológicas foram verdadeiros casos
de estudo – recrutavam aos milhares, garantiam condições
laborais muito acima da média e pareciam imunes aos soluços
da economia. Mas a ‘festa’ pode muito bem ter chegado ao fim.
A incerteza geopolítica, o cenário económico desafiante, o fim
dos juros baixos, os erros estratégicos, os novos concorrentes,
a necessidade de otimização de equipas e de cortes nos custos
lançaram as grandes tecnológicas numa vaga de despedimentos
em massa como há muito não se via. Segundo a plataforma
Layoffs.fyi, mais de 360 mil trabalhadores perderam o trabalho
nos últimos meses. Aqui, destacamos os despedimentos feitos
por alguns dos nomes mais sonantes da indústria.
Texto: Rui da Rocha Ferreira Foto: D.R.

8
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
 SPOTIFY
ALPHABET
600
APROX.

12 000
APROX.

IBM TRABALHADORES

3900
APROX.

TRABALHADORES

YAHOO

1600
APROX.
TRABALHADORES

HP

4000
TRABALHADORES APROX.

EBAY GITHUB
APROX.

500
APROX.

300 TRABALHADORES

AMAZON
TRABALHADORES TRABALHADORES

18 000
APROX.
DELL
SAP
6650
APROX.

2800
APROX.

TRABALHADORES
TRABALHADORES
TRABALHADORES

META ZOOM

1300
APROX.

11 000
APROX.

PAYPAL TRABALHADORES
UNITY
APROX.

2000 300
APROX.
TRABALHADORES

TRABALHADORES
TRABALHADORES
MICROSOFT

10 000
APROX.

SALESFORCE CISCO

8000 4100
APROX. APROX.

TRABALHADORES

TRABALHADORES
TRABALHADORES

9
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
 APPS
Picsart
Um editor de fotos
e vídeos com
ferramentas de
GRATUITO Inteligência Artificial
(COMPRAS
INTEGRADAS)
que permitem
ANDROID elevar o patamar
iOS da criatividade.
Exemplos?
Transformar um
antigo namorado Os dispositivos móveis terão de
numa cobra. Oferece aceder à rede da habitação principal
um período grátis pelo menos uma vez por mês
de teste de 7 dias,
depois tem de optar

A (FALTA DE) RESPOSTA

entre €3,41/mês
ou €40,99/ano.

Ultimate

DA NETFLIX
Sackboy
A popular
personagem do
GRATUITO universo PlayStation
(COMPRAS
INTEGRADAS)
chega aos
ANDROID dispositivos móveis A Netflix começou a controlar em Portugal televisor (dispositivo não móvel) numa
iOS num jogo em que a utilização desta plataforma de streaming segunda casa, como acontece em situações
controlamos um em diferentes habitações para impedir a de teletrabalho ou casas de fim de semana.
Sackboy sempre
em corrida. O objetivo
partilha abusiva de contas. Em resposta à Ou seja, tudo indica que não será possível
é evitar obstáculos Exame Informática, a Netflix garante que usar a Netflix em dispositivos que não te-
e apanhar ‘power-ups’. a regra é clara: “as contas são concebidas nham acesso periódico à rede da habitação
para todas as pessoas que vivem na mes- principal. A Netflix também não parece ter
Visit A City ma residência”. Com a implementação resposta para as eventuais mudanças de
Uma ajuda preciosa
do novo sistema de controlo, é pedido endereços IP pelas regiões do país – nem
para planificar uma
viagem. Permite ao utilizador para identificar a residên- sempre os mesmos grupos de endereços IP
GRATUITO construir um itinerário cia principal num dispositivo fixo. Deste são usados na mesma região. Nem para os
ANDROID personalizado e modo, é possível definir a localização da utilizadores que aceitem subscrever uma
iOS reservar excursões. habitação através do endereço IP – a Netflix conta por casa, mas que queiram ter o
Oferece também assegura que não está a usar novos recursos mesmo perfil em diferentes contas – para,
informações sobre
locais a visitar e
para a geolocalização, respeitando assim a por exemplo, poderem continuar a ver, na
atividades a não privacidade dos clientes. A operadora de segunda casa, a série que começaram a
perder. streaming reforça que os habitantes da ver na primeira. Por outro lado, a empre-
casa podem continuar a usar o serviço em sa recorda que implementou a opção de
Abillion segundas habitações e em viagens, indi- membro adicional, disponível nos planos
Uma app que
cando que os dispositivos móveis terão de standard e premium, para até duas pessoas
pretende ajudá-lo
a fazer compras, se ligar à rede da habitação principal pelo fora residência principal, com todas as
GRATUITO comer e viver menos uma vez por mês. Mas as respos- funcionalidades de uma conta tradicional,
ANDROID de forma mais tas não chegaram quando perguntámos por um custo adicional mensal de €3,99
iOS sustentável. Assim, sobre situações como a utilização de um por utilizador. S.M.
poderá saber mais
sobre alimentação
vegana e entrar numa
comunidade que
está a apostar na
economia circular. RUMOR
Avatar
Generations
Um RPG que adapta
NOVO SMARTPHONE DOBRÁVEL DA OPPO À VISTA
a série de animação Aquela que é a linha de referência de smartphones dobráveis da fabricante Oppo poderá
GRATUITO Avatar: The Last
(COMPRAS
INTEGRADAS)
Airbender. Permite aumentar em breve. Segundo uma fonte chinesa que dá pelo nome de Digital Chat
criar a própria equipa
ANDROID
iOS e explorar as Quatro Station, o novo dispositivo deverá chamar-se Find N3 e irá trazer um ecrã maior e com
Nações, conjugando uma resolução mais elevada (2440x2260 píxeis) quando comparado com o modelo N2.
lutas com a resolução
de puzzles. O ecrã usado será da tipologia OLED LTPO e terá ainda uma taxa de atualização de 120 Hz.
10
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
 Publicidade

GANT WATERVILLE – 45MM

Um relógio bastante desportivo,
em tons de azul, com alguns detalhes
em amarelo, em especial no ponteiro
dos segundos.
A bracelete em borracha
torna-se confortável
e perfeitamente ajustado à prática
desportiva. A coroa junto
das 4H é uma características
que lhe confere uma personalidade única.
G174008 – 139€

LG APRESENTA SOLUÇÃO DE CÂMARA INTELIGENTE 4K

PARA O SETOR DA SAÚDE
A LG Electronics acaba de lançar a sua Smart Cam Pro (modelo NA-
VC22PR), uma câmara de vídeo 4K desenhada para utilização em hospitais
CONHEÇA MENSALMENTE e centros de saúde. A LG Smart Cam Pro oferece uma qualidade de
TODAS AS NOVIDADES QUE imagem nítida e clara com ou sem as luzes da divisão acesas, permitindo
ESCOLHEMOS PARA SI! uma comunicação via vídeo perfeita a qualquer hora do dia ou da noite. O
novo modelo também oferece aos fornecedores de soluções de assistência
médica uma capacidade de personalização através da integração da versátil
plataforma webOS da LG.
ESCOLHE A TUA VISÃO DO MUNDO
COM A NOVA LINHA DE PRIMAVERA
COLOUR ESSENTIALS DA NEW ERA
Nesta primavera a NEW ERA desafia-te a fazeres um reset
nos teus clássicos e descobrires as novas tonalidades da
linha Colour Essentials.
A mais recentes novidades recebem a primavera com
uma atualização sazonal dos chapéus e vestuário clássico
da Major League Baseball (MLB). Com uma paleta de
cores de transição em tons de azul claro, cor-de-rosa
claro, verde caqui e cinza claro, a nova coleção é uma
mistura e combinação de diferentes tons que reflete o clima
contrastante que esta estação traz.

PRÉMIO INN 2023

O prémio “INN Soluções de Sustentabilidade para os Media”, foi atribuído
à Paperview Systems, no âmbito da 1.ª Conferência Internacional sobre
Inovação nos Media realizada, de 1 a 3 de Fevereiro, em Lisboa, pelo
Observatório de Inovação dos Media, da Universidade Nova de Lisboa.
A inovação do Paperview reside numa abordagem única que associa um
DRM (Digital Rights Management) com um sistema de pagamentos, baseado
na criação, pelo leitor, de uma carteira (wallet) para que possa comprar os
conteúdos informativos, de forma anónima, em qualquer um dos media com o
Paperview já instalado.
 Um dos painéis
solares criados
com materiais que
existem no solo lunar

PESSOAS

“As pessoas estão

a suplicar para ficarem
desapontadas e ficarão”
SAM ALTMAN
O CEO da OpenAI diz que há
demasiado hype e rumores falsos em
torno do lançamento futuro do GPT-4
z StrictlyVC
PAINÉIS SOLARES
FABRICADOS NA LUA
A Blue Origin, empresa de turismo e ex- ra acima dos 1600 graus centígrados, e,
ploração espacial fundada por Jeff Bezos através do processo de eletrólise, extrair
(ex-Amazon), criou painéis solares fun- minérios como ferro, silício e alumínio.
“Coloquei milhares cionais a partir de materiais que existem Há várias vantagens trazidas por este pro-
de milhões de dólares nisso
no rególito da Lua. O projeto Blue Alche- jeto. Como deverá permitir construir, na
[tecnologia nuclear], pelo que
mist, como foi apelidado, esteve em de- própria Lua, painéis solares com material
devo achar que é viável”
senvolvimento durante dois anos e per- local, evita que seja necessário fazer trans-
BILL GATES
mite produzir células fotovoltaicas e fios portes de matéria-prima da Terra para o
O filantropo acredita que mesmo
que o nuclear venha a ser condutores a partir de material com uma satélite natural. E o processo de produção
bem-sucedido serão necessárias composição química e mineral semelhante cria oxigénio como subproduto, que pode
60 a 70% de energias renováveis ao que existe na Lua. Os investigadores ser usado para criar combustível e siste-
z The Guardian
usaram um processo chamado eletrólise mas de apoio à vida na Lua. O processo
de rególito derretido para conseguir ob- de fabrico não necessita de água e não
ter os materiais necessários. O método produz emissões de carbono – pelo que é
consiste na aplicação de uma corrente uma opção de produção de painéis solares
elétrica ao rególito, a uma temperatu- mais ecológicos também na Terra. R.R.F.

“Estou alarmada com o impacto

de ferramentas poderosas É FAZER AS CONTAS
de hacking que dão acesso

71 17 horas 14
completo e sem restrições
à vida privada de uma pessoa”
DUNJA MIJATOVIĆ
A Conselheira da Comissão Europeia
para os Direitos Humanos milhões mil dólares
alerta para os perigos do Pegasus
z Conselho Europeu Número de acessos
bloqueados, por
Tempo de voo feito Preço de
venda, num
segundo, pela por um sistema de Inteligência leilão no eBay,
Cloudflare naquele da 3dfx Voodoo
que foi o maior ataque Artificial ao comando de um 5 6000, um
de negação de serviço placa gráfica
(DDoS) de sempre caça de combate americano considerada rara

18x31x41 mm
“(…) ganhei e pensei
imediatamente ‘O que é que
tenho feito com a minha vida?’”
NICK OFFERMAN
O ator que brilhou na série The Last
of Us refere que o último jogo que
jogou foi Banjo Kazooie há 25 anos Tamanho daquela que é considerada como a impressora 3D
z Jimmy Kimmel Live mais pequena do mundo e que foi criada por um youtuber chamado My N Mi

12
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
 A MELHOR INFORMAÇÃO
SOBRE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

CHATGPT 8
COMO FUNCIONA,, TESTE DE GRUPO
AS CONSEQUÊNCIAS
NSEQUÊNCIAS
Q
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MARÇO 2023 ○ N.° 333 ○ MENSAL ○ ANO 27 ○ €4,10 ○ PORTUGAL CONTINENTAL

DOS €200
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DIAS ÚTEIS DAS 9H ÀS 19H | CUSTO DE CHAMADA PARA A REDE FIXA, DE ACORDO COM O SEU TARIFÁRIO.
INDIQUE O CÓDIGO PROMOCIONAL COCDM
TWEETS
Etiqueta inteligente
aumenta validade
dos alimentos
#MataBicho Investigadores
portugueses (CeNTI, MOLDIT
e CENTIMFE) estão a ajudar
a criar uma embalagem
que tem um botão que liberta
antioxidantes de forma
duradoura e controlada,
capazes de retardar a oxidação
e deterioração dos alimentos.

Galileo com
precisão de apenas
20 centímetros
#GPS O sistema de satélites
europeu Galileo já tem a
funcionar o Serviço de KASPERSKY ALERTA
PARA NOVO WANNACRY
Alta Precisão, que permite
ferramentas que identificam
posicionamentos com
uma precisão de apenas
20 centímetros. Por agora
só é compatível com Um software malicioso chamado Wan- nerabilidade destas [guardada]”, subli-
equipamentos de naCry lançou o caos em empresas de nha David Emm, analista da Kaspersky.
geolocalização topo de gama. todo o mundo, em 2017, depois de ter Segundo a tecnológica, a tensão geopo-
infetado e bloqueado dezenas de milha- lítica que se vive atualmente pode levar
NASA quer foguetão res de computadores. Estima-se que os a ataques diretos entre grupos de piratas
nuclear até 2027 prejuízos provocados por este sistema de informáticos e fazer surgir os detalhes de
#Dá-lheLume A agência ransomware tenham chegado aos quatro vulnerabilidades para o grande público,
espacial norte-americana mil milhões de dólares. o que abriria portas para um ataque de
associou-se à DARPA para
Aquele que foi um dos maiores e pio- escala semelhante ao WannaCry.
desenhar e demonstrar um
foguetão movido a energia res (em termos de impacto) ataques in- Mas há mais. A Kaspersky prevê ainda
nuclear termal. O objetivo é formáticos de sempre pode, muito em um aumento significativo do número
que esta tecnologia possa ser breve, ter uma espécie de sequela. Esta de ataques destrutivos. Estes são ata-
usada para enviar humanos foi uma das conclusões apresentadas pela ques cujo objetivo principal é, apenas
para missões a Marte.
empresa de cibersegurança Kaspersky e tão somente, provocar estragos – se
no relatório de previsões anuais para possível, irreparáveis – nos alvos. Mas
Jogos do Game Boy
2023. “Estatisticamente, estes ataques aquela que é talvez a previsão mais ‘fora
chegam à Switch
acontecem a cada seis, sete anos. Vul- da caixa’ da Kaspersky para 2023 são os
#RetroGaming Vários jogos
dos 'velhinhos' Game Boy e
nerabilidades como o EternalBlue [que ataques informáticos contra satélites.
Game Boy Advance estão permitiu o WannaCry] são raras. A razão Mais especificamente, a empresa está
agora acessíveis através do pela qual fazemos esta previsão é porque convencida que “vão aumentar ataques
serviço Nintendo Switch os mais sofisticados grupos de piratas a tecnologias, produtos e operadores de
Online. A empresa disponibiliza informáticos têm pelo menos uma vul- satélites”. R.R.F.
títulos das suas franquias mais
icónicas, como The Legend of
Zelda, Metroid e Super Mario.
BUZZWORD
Canon com

BARD
duas novas câmaras
#UmEventoDuasNovidades
A Canon EOS R50 (€879)
tem um sensor APS-C de 24,4
megapíxeis e grava vídeos em
Ultra HD 4K a 30 fotogramas Um novo sistema de Inteligência Artificial conversacional, capaz de escrever
por segundo (fps). Já a EOS R8
(€1929) tem um sensor de texto com uma qualidade próxima à de um humano, que está a ser desenvolvido
24,4 megapíxeis em formato pela Google como resposta ao ChatGPT. É baseado no LaMDA, um modelo
full frame (35 mm) e no vídeo
chega aos 4K/60 fps. linguístico para aplicações de diálogo apresentado pela tecnológica em 2021.

14
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
SOBE & DESCE FIGURA DO MÊS
Microsoft em alta
O efeito ChatGPT pode ter
consequências negativas
para várias tecnológicas,
incluindo Google, Meta
e até Apple. Mas há uma
grande tecnológica que só
tem a ganhar: a Microsoft.
De um momento para outro,
o Bing voltou a ser tema e,
ainda mais importante, a
implementação de soluções
de IA vai fazer disparar a
procura por soluções cloud,
onde a Microsoft é muito
forte com o Azure.

Sword Health é caso

de estudo em Harvard
O unicórnio criado
por portugueses foi
apresentado, pelo seu
fundador, Virgílio Bento,
aos alunos da Harvard
Business School. Na sala de
aula debateu-se o sucesso
da empresa que criou um
terapeuta digital para
diminuir a dor associada
a patologias músculo-
esqueléticas.
Rebenta a bolha
no streaming?
O fim das contas partilhadas
na Netflix, os resultados
negativos apresentados
pela Disney, os aumentos
de preços constantes e a
cada vez maior dispersão
de conteúdos estão a criar
uma 'aura' negativa em
torno de um setor que há
um par de anos parecia
estar destinado a não parar
de crescer. Um mercado
atabalhoado torna-se
menos apelativo para os
consumidores. E o fantasma
do aumento da pirataria
está à espreita.
OnlyFans e as pessoas
que não existem
O dealbar dos conteúdos
sintéticos abre todo um
mundo de novos modelos
de negócio. Uma ideia que
já está a ser explorada é a
de criação de imagens de
pessoas falsas (ou que não
existem na realidade) e a
colocação desse material na
plataforma OnlyFans para
daí tirar rendimentos.
DE SAÍDA
Joana Mendonça não era propriamente uma novata nos meandros
do poder quando assumiu o cargo de presidente do Conselho de
Administração da Agência Nacional de Inovação. Mas mesmo as-
sim não estava à espera de uma “ausência total de orientações por
parte da tutela” – os ministérios da Ciência
Tecnologia e Ensino Superior e da Economia
e do Mar -, conforme escreveu numa men-
sagem de renúncia, endereçada aos ministros
B.I.
Elvira Fortunato e António Costa e Silva, re- JOANA MENDONÇA
velada pelo jornal ECO. Nas críticas feitas aos Especialista em
interlocutores, a engenheira química, com Empreendedorismo
e Inovação, é
doutoramento na área da gestão industrial,
professora do Técnico
assinalou a ausência de respostas, a impos- e investigadora
sibilidade de reunir com os responsáveis e a da unidade IN+.
Presidente do
falta de linhas orientadoras no que toca ao
Conselho de
Plano de Recuperação e Resiliência, o quadro Administração da
de fundos comunitários Portugal 2030 e o Agência Nacional de
sistema de incentivos fiscais à investigação e Inovação, apresentou
desenvolvimento empresarial. a demissão no início
de fevereiro.
Quando a gestora tomou posse, em maio de
2021, para um mandato de três anos, o Ministro
da Ciência era Manuel Heitor e o da Economia
Pedro Siza Vieira e apresentava no currículo duas experiências de
aconselhamento governamental: em 2016 foi assessora para a Ino-
vação do Ministro da Economia e em 2009 e 2010 do Secretário de
Estado da Ciência Tecnologia e Ensino Superior.
Professora do Instituto Superior Técnico, no departamento de En-
genharia e Gestão, é responsável pelas cadeiras de Gestão de Inovação
e Design Thinking, Empreendedorismo, Engenharia Económica e
disciplinas de projeto. Já o seu trabalho de investigação é feito no
IN+, unidade fundada pelo ex-Ministro da Ciência e Tecnologia,
Manuel Heitor. Pretende sair até 31 de março. S.S.

15
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
5G: ACELERAR PORTUGAL

POR ESSE
MUNDO FORA ...

ANTECIPAR O RISCO
Gigante chinesa
prepara rival
do ChatGPT
A Baidu, a empresa que
desenvolve o maior motor de
Os ‘gémeos’ digitais ajudam a prever o comportamento de
busca da China, também está
máquinas e instalações e representam uma das maiores tendências a criar um sistema de pesquisa
da chamada Indústria 4.0. Por exemplo, um gémeo ou modelo conversacional. O Ernie, como é
digital de uma fábrica permitirá antecipar avarias, simular apelidado, é uma resposta direta
processos e projetar alterações. O que permite às empresas aos avanços feitos por empresas
como OpenAI, Microsoft e Google
reduzirem custos relacionados com projetos, desenvolvimento
na área das pesquisas online.
de protótipos e com tempos de paragens. A Spotlite, que cria
soluções de análise de imagens por satélite, leva o conceito Alemanha atrai
de modelos digitais para o nível das grandes infraestruturas, fábrica de chips
em indústrias tão diversas como mineração, transportes e A tecnológica Wolfspeed vai
energia. A solução preconizada por esta empresa portuguesa, investir dois mil milhões de euros
que foi distinguida no IoT Challenge, permite fazer a “análise e para construir uma fábrica na
região de Saarland, no sudoeste
gestão de infraestruturas críticas, apostando numa abordagem
alemão, e os primeiros chips
multi-risco”. Em resposta à Exame Informática, Tiago Cordeiro, começam a ser produzidos dentro
gestor de produto da Spotlite, explica que ao “combinar dados de quatro anos. A produção
de monitorização remota, provenientes de satélites de Earth desta fábrica será usada
Observation, com dados de sensores e de levantamentos ‘in situ’, maioritariamente por fabricantes
é possível fornecer informações acionáveis numa plataforma automóveis.
robusta de monitorização e gestão”. Uma análise que ganha
capacidade com a utilização do 5G: “Em certos tipos de aplicação,
os dados de satélite podem não ter resolução suficiente para o ativo
a monitorizar. Nesses casos, a conectividade por 5G permite-nos
a integração de dados de sistemas de sensorização, que se podem
encontrar no terreno, alimentando a nossa plataforma com um
canal adicional de influxo de grandes quantidades de dados, a
alta velocidade e latência reduzida”. De outro modo, a Spotlite
conjuga dados mais macro, captados por satélites, com dados mais
detalhados recolhidos por uma rede de sensores que, para maior
A ‘superplanta’
eficiência, recorre às redes móveis 5G. A análise destes dados
que purifica o ar da casa
permite criar os tais modelos digitais de grandes estruturas, como,
A startup francesa Neoplants
por exemplo, uma rede rodoviária ou de distribuição de energia modificou a estrutura genética
elétrica. De acordo com a startup integrada no Instituto Pedro de uma planta conhecida como
Nunes, o projeto já está numa fase adiantada de desenvolvimento pothos e o resultado é a Neo P1,
“tendo aplicações em diversos países como Portugal, Turquia, uma planta com uma capacidade
de purificação do ar equivalente
Grécia, Costa Rica e Emirados Árabes Unidos”. Já existem projetos
à de 30 vasos convencionais. Só
pilotos e contratos comerciais. precisa de ser regada uma vez por
UMA PARCERIA
mês e custa cerca de 165 euros.

16
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
 Giacomo Lev
Mannheimer diz ter
vindo a Portugal,
em meados de
janeiro, para reunir
com membros do
DIRECTIONS Governo português,
organizações e
empresas

ASSISTENTES
(DIGITAIS)
ÀS COMPRAS
A utilização de assistentes
virtuais, como a Alexa da
Amazon e o Assistant da
Google, tem-se expandido
rapidamente nos últimos
anos. De simples interfaces
de voz em smartphones e
PCs, tornaram-se no centro de

TIKTOK DE OLHO
casas inteligentes e uma das
principais portas de acesso a
conteúdo e serviços digitais.
Estes assistentes, que estão

integrados em cada vez mais
dispositivos, são usados no
dia-a-dia para tarefas como
controlar música, definir
temporizadores e lembretes,
obter informações sobre o
clima, controlar dispositivos
de casa inteligente e fazer
compras online. De acordo
com o IDC U.S. Smart Home
Survey, entre os utilizadores
nos EUA que usam assistente
virtual, 21% já utilizaram
esta tecnologia para comprar
algo online no último ano
(em comparação com menos
de 14% em 2021). Os
assistentes virtuais também
podem facilitar as compras
por meio de assistência
proativa. Por exemplo,
lembretes para indicar que
o detergente para roupa
pode estar a acabar ou
que um item numa lista de
compras está em promoção.
Os consumidores já podem
utilizar os assistentes virtuais
em plataformas de comércio
eletrónico, supermercados,
ou retalho como a Amazon,
EM PORTUGAL
“Estamos a tentar dar a Portugal a aten-
ção que merece, depois de não o termos
feito, lamentavelmente”. O mea cul-
pa é feito por Giacomo Lev Mannhei-
mer, líder de relações governamentais
e políticas públicas do TikTok para
Portugal e outros países da Europa do
Sul, numa entrevista que pode ler na
íntegra no site da Exame Informática.
“Às vezes sentimos que temos uma co-
munidade em Portugal que é superativa e
faz coisas incríveis. Somos um fenómeno
social e certamente que há intervenientes
– especialistas, organizações não go-
vernamentais, o governo – que prova-
velmente estão curiosos com esta coisa
do TikTok e não somos tão responsivos
e não estamos tão presentes”, admite o
responsável italiano.
Portugal, mais não seja por razões de-
mográficas, acaba por representar pouco
para os 100 milhões de utilizadores que o
TikTok tem na Europa ou para os mil mi-
lhões em todo o mundo, mas o mercado
português está definitivamente no radar
da empresa. “Não é por Itália e Espanha
terem populações maiores, e, por isso,
mais utilizadores do que Portugal, que
podemos simplesmente evitar conside-
rar Portugal… Acreditamos que somos
responsáveis pela nossa comunidade em
Portugal”.
Giacomo Lev Mannheimer confir-
ma ainda que a empresa tem uma forte
presença de moderação de conteúdos
no País, através da subcontratação de
funcionários. “Existe um mercado, que
é bastante grande em Portugal, de es-
pecialistas de moderação de conteúdos
que trabalham para agências dedicadas
e que são contratadas precisamente na
avaliação [que o TikTok] faz dos riscos
[da plataforma]”, justifica o responsável
da empresa. R.R.F.

Alibaba, eBay, Walmart e

Whole Foods. Como resultado,
a IDC espera que, até o final
de 2023, mais de 30% dos
consumidores que utilizem
assistentes inteligentes,
RUMOR
recorram a estas plataformas
de voz para fazer compras
online. O que levará a um APPLE iPHONE ULTRA LANÇADO EM 2024
aumento nas vendas online de
até 50 mil milhões de dólares Depois do iPhone, do iPhone SE, do iPhone Plus, do iPhone Pro e do iPhone Pro Max,
em todo o mundo.
a Apple poderá lançar uma nova linha de smartphones. Segundo a Bloomberg ,
o iPhone Ultra deverá chegar ao mercado em 2024 e terá câmaras melhores,
Gabriel Coimbra
IDC Group Vice President & Country Manager um processador mais rápido e um ecrã maior do que os modelos já existentes.
Com a chegada da versão Ultra, a Apple deverá descontinuar os modelos Pro Max.
18
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
SOMOS DE NOVO
A SUA ESCOLHA

OBRIGADO
AOS NOSSOS LEITORES
 ZOOM

O DOBRÁVEL “ACESSÍVEL”
O Find N2 Flip é o primeiro smartphone dobrável da Oppo
a chegar à Europa, Portugal incluído. Uma das características
distintivas é a ausência de espaço na zona da dobra

CÂMARA SONY ECRÃ GRANDE POR

A câmara principal tem um sensor
Sony IMX890 de 50 megapíxeis, um
DENTRO E POR FORA
dos sensores com melhor reputação O ecrã principal, quando aberto,
da atualidade, associado a uma tem uma diagonal de 6,8 polegadas
lente com grande abertura (F1.8). com uma razão altura/largura de
Tratando-se de um smartphone 21:9. A taxa de atualização atinge
dobrável com ecrã externo, a os 120 Hz para garantir máxima
câmara principal também pode ser fluidez. O ecrã externo, que permite
usada como câmara de selfies. Mais, usar o smartphone dobrado, tem
o Find N2 pode ser colocado numa uma diagonal de 3,26 polegadas.
posição entreaberta para funcionar
como tripé. Também há uma câmara
frontal dedicada (Sony IMX709
de 32 MP) que pode ser usada, por
exemplo, para videochamadas.

RÁPIDO
Este smartphone utiliza uma versão otimizada
do Dimensity 9000+ da MediaTek. Para quem
não conhece este chip, podemos dizer que é o
processador utilizado no Asus ROG Phone 6D
Ultimate, que bateu recordes de desempenho
quando foi testado na Exame Informática.
A bateria oferece uma capacidade muito
apreciável: 4300 mAh. E é capaz de carregar
rapidamente com potência até 44 watts.
Segundo a Oppo, basta 23 minutos para carregar
cerca de 50% da bateria e o carregamento
completo é conseguido em menos de uma hora.

DOBRADIÇA COMPACTA
O Find N2 tem uma dobradiça de segunda geração
TEXTO: SÉRGIO MAGNO FOTOS: D.R.

– na China, a Oppo já comercializava smartphones

PROCESSADOR

1099 9000+ 6,8

com ecrãs dobráveis –, mais compacta, testada
para fazer mais de 400 mil operações de abertura e PREÇO ECRÃ
fecho. Uma das vantagens deste mecanismo é que
não existe espaço de dobradiça quando se fecha
o Find N2 Flip. A zona da dobra, em forma de gota, MEDIATEK
fica escondida dentro do chassis do smartphone. A EUROS DIMENSITY POLEGADAS
forma indicada evita a criação de um vinco.

20
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
À PROCURA DA
ENERGIA NEGRA
Com lançamento planeado para julho deste
ano, a missão de estudo cosmológico, Eu-
clid, da Agência Espacial Europeia (ESA),
foi apresentada, doze anos depois de co-
meçar a ser planeada. O objetivo científico
A ilustração representa
é ambicioso e espera-se que possa ajudar

IMPRIMIR
um campo de pressão criado
a esclarecer um dos maiores mistérios da por ondas sonoras, usado
Física. Apesar de se saber que a energia para imprimir partículas
negra acelera a expansão do Universo e

que a matéria negra comanda o crescimen-
to das estruturas cósmicas, os cientistas
continuam sem perceber bem o que é na
realidade este lado negro da matéria. Con-
cebida para observar o Universo ao longo
dos últimos dez mil milhões de anos, a mis-
são Euclid irá mostrar como se expandiu e
como as estruturas evoluíram ao longo do
tempo, construindo um mapa 3D (com o
tempo como terceira dimensão), a partir
das observações de milhares de milhões de
galáxias, até aos dez mil milhões de anos-
-luz e cobrindo mais de um terço do céu.
Para responder a estas questões, a bordo
da nave irá um telescópio e duas câmaras
– uma a operar na luz visível e outra no in-
fravermelho próximo. Lançada num fogue-
te Falcon, da empresa SpaceX, a partir de
Cabo Canaveral, nos EUA, e contando com
a colaboração da NASA num dos instru-
mentos científicos, espera-se que vagueie
pelo espaço durante seis anos, numa órbita
localizada no ponto L2 e tendo como vizinho
o telescópio espacial James Webb. S.S.
USANDO O SOM
Ainda estamos apenas no início no que toca ao potencial de aplicação das
técnicas de impressão 3D. Uma das mais recentes novidades nesta área foi
apresentada pelo Instituto Max Planck e pela Universidade de Heidelberg,
Alemanha, e usa o som para montar a matéria. Mais concretamente, são usadas
as ondas de pressão geradas em vários hologramas acústicos para imprimir
partículas sólidas, esferas de gel e até células biológicas. E é especialmente
para aplicações de bioengenharia que a técnica pode ser mais diferenciadora,
como explicam os autores do trabalho, publicado na revista Science Advances,
ao Eurekalert. “Conseguimos agregar micropartículas, formando um objeto
tridimensional, de uma só vez, recorrendo a ultrassons”, conta Kai Melde,
primeiro autor do estudo, num processo muito mais rápido do que o con-
vencional, que acontece camada a camada. “Isto pode ser muito útil para
a bio impressão em que as células usadas são particularmente sensíveis ao
ambiente durante o processo”, complementa Peer Fischer.
Com o recurso a ultrassons, indetetáveis pelo ouvido humano e com
comprimentos de onda da ordem do milímetro, os cientistas conseguiram
manipular estruturas microscópicas, como é o caso das células. Antes disso, a
equipa tinha demonstrado como se produzem ultrassons usando hologramas
acústicos – placas impressas em 3D, desenhadas para codificar um campo
sonoro específico. S.S.

VER MAIS À FRENTE

NETFLIX PLAYSTATION 6 APPLE APRESENTA TESLA RECUPERA

VOLTA ATRÁS ANTES DE 2025 ÓCULOS VR LIDERANÇA

18 %
PORQUE
Até podem ser feitas
correções, mas a política de
impedir a partilha de contas
é para manter. Aliás, a Neflix
começou a testar o sistema
na América Latina e agora
aplicou-o em outros países.
31 %
PORQUE
Aquela que deverá ser a última
PlayStation física está em
desenvolvimento, mas a atual
geração ainda tem muito para
dar. A PS6 só deverá chegar
em 2026/27. Mas é provável
que antes surja uma PS5 Slim.
74 %
PORQUE
Várias fontes apontam para a
apresentação dos óculos de
realidade mista da Apple em
junho, no WWDC. É provável
que, numa primeira fase,
apenas estejam disponíveis
para programadores.
81 %
PORQUE
Depois do anúncio de descida
de preços, a Exame Informática
sabe que ritmo de entrega de
carros da Tesla em Portugal tem
sido de dezenas por dia. O que
deverá levar a marca a liderar,
novamente, o mercado.

21
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
 TOP AIRFRYERS
As fritadeiras a ar quente são versáteis, mais saudáveis
SIGNIFICADO
DAS ESTRELAS
Só classificamos produtos que cheguem
em versão final. A nota global é a
mais importante, porque representa a
classificação geral que damos ao produto.

(os cozinhados usam menos óleo) e um dos produtos sensação em Portugal

EXCELÊNCIA

1 XIAOMI MI SMART AIRFRYER Produtos que obtiveram uma média final

mínima de 4,8, o que representa notas
€99,99 excelentes em todas as subclassificações.
Tem capacidade (3,5 L) e potência
(1500 W) generosas, e uma app para
controlar os cozinhados. Tem modos
para descongelar e fermentar.

RECOMENDADO
Produtos que conseguem obter bons

2
resultados em todas as subclassificações

COSORI LITE e uma nota global mínima de 4,3.

€129,99
Mais potência (1700 W) e capacidade
(3,7 L), cinco modos para cozinhar e
os parâmetros podem ser ajustados
através de uma aplicação.
MELHOR DO TESTE
Apenas para testes de grupo,
atribuído ao produto com a melhor
classificação do grupo.

3 TRISTAR FR-6989
€76,99
Boa capacidade (3,5 L), potência (1500
W), com temporizador e temperatura
regulável. Não é ‘smart’, mas é barata.
DESEMPENHO
Apenas para testes de grupo,
atribuído ao produto com a melhor
classificação nesta categoria.

NINJA FOODI AF300EU

€229,99
Elevada capacidade (7,6 L)
e potência (2470 W), duas
zonas separadas de fritura
4 QUALIDADE/PREÇO
Apenas para testes de grupo,
atribuído ao produto com a melhor
classificação nesta categoria.
e seis modos para cozinhar.

AS NOTAS DAS ANÁLISES

A nota global que atribuímos

5
aos produtos resulta da média

INSTANT VORTEX PLUS 8 aritmética das subclassificações

€299,99
O 'Ferrari' das airfryers: Cozinha
dois alimentos em separado
e com tempo de preparação
combinado. Tem área de 7,5 L.
Desempenho (testes de hardware)
ou Interface (testes de software),
Características e Qualidade/preço.
As notas variam
de 0 (péssimo) a 5 (excelente).

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MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
 FA L A M O S E S P E C I A L I S TA S

BEM-VINDO
MONITORES DE GAMING

Pegue nos seus periféricos de eleição – headset,

comando ou teclado e rato – e venha connosco
sentar-se em frente a estes oito monitores feitos
para jogar. Temos diferentes tamanhos de ecrãs
e diferentes tecnologias de painéis, mas o objetivo
é sempre o mesmo: aumentar a sensação de imersão
e tornar o gaming mais divertido
Textos Paulo Belchior de Matos

23
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
 C O N ST
ACE RUÇ
ERF
NT Ã
I
O
E R G O N O M IA
IMAGEM
DE
I DA GA
TIV MIN
CO N E C G
ENTRADA EM GRANDE ESTILO
PHILIPS EVNIA 34M2C7600MV €2069
Foi em outubro que fomos a Paris
conhecer a nova linha de gaming da
Philips. Batizada de Evnia, baseado
no grego ‘eu’ e ‘nous’, que pode ser
traduzido por ‘pensamento inteligente’,
pretende ser um ecossistema de
gaming que disponibiliza soluções
para diferentes necessidades. No
caso do 34M2C7600MV, o foco está
nos títulos de aventura e RPG para
conseguir rentabilizar o ecrã curvo
de grandes dimensões com HDR.
No plano estético, toda a linha Evnia
nos pareceu muito cativante desde
a primeira hora e reforçámos essa
opinião após este teste. O branco
dá-lhe um ar distinto e o acabamento
texturizado assenta-lhe bem. Contudo,
o aspeto que mais furor causou na
redação foi a iluminação Ambiglow.
Na traseira há 14 pontos LED e
uma faixa central cujas luzes podem
ser personalizadas a nível de cores,
efeito e velocidade, e o resultado
é particularmente impactante num
ambiente mais escuro. A nível de
ergonomia, este matulão apresenta
alguma ginástica: pode ser ajustado
até 150 mm em altura; -/+ 20 em
rotação; e -5/20 em inclinação.
MINI LED EM AÇÃO
Achámos a curvatura de 1500R
uma mais-valia. Num ecrã de 34
polegadas, sentimos que é algo que
contribui para uma maior sensação
de imersão. A resolução é Quad
HD e o painel LCD VA distingue-se
por contar com retroiluminação
Mini LED. Neste caso, há 1152
zonas que podem ser controladas
individualmente, o que, todavia, não
é suficiente para se conseguir uma
profundidade de negros comparável
com a de um OLED. Em ambiente
de jogo, sentimos necessidade de
ir às definições remover a opção
SmartUniformity para puxar
pelo brilho, mas em contexto de
produtividade fizemos o inverso,
por sentir maior conforto ocular
para escrever com um painel menos
brilhante. E, já que falamos em
trabalho, tirámos proveito do rácio
21:9 para termos constantemente
duas janelas abertas lado-a-lado.
Num cômputo geral, gostámos da
qualidade de imagem, mas sentimos
que há margem para melhorar,
ESTETICAMENTE CATIVANTE,
MUITO GRAÇAS À ILUMINAÇÃO
AMBIGLOW, O EVNIA É PENALIZADO
POR UM PREÇO EXCESSIVO
24
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
O KVM
integrado
permite comutar
entre dois
dispositivos
com apenas um
teclado e rato
No áudio, há
suporte para
DTS Sound
NOTA FINAL
3,5 philips.pt
DESEMPENHO
CARACTERÍSTICAS
QUALIDADE/PREÇO
CARACTERÍSTICAS
Ecrã curvo WQHD LCD VA com Mini LED de
34” (3440x1440, 1500R, 21:9) ○ Taxa de
atualização: 165 Hz ○ Tempo de resposta: 2,5
ms ○ Contraste: 3000:1 ○ Brilho: 1400 cd/
m2 ○ DisplayHDR 1400, DCI-P3: 97%, NTSC
119,7%, sRGB 140%, Adobe RGB 92,9%,
AdaptiveSync ○ 2x 5 W, DTS ○ 2x HDMI 2.1,
DisplayPort 1.4, USB-C, HDCP 1.4, HDCP 2.3,
USB 3.2 Gen 1, USB-B upstream, 4 USB-A
downstream ○ 807x549x290 mm ○ 10,35 kg
embora os conteúdos em HDR
ganhem um realismo apreciável.
Para um monitor tão caro,
esperávamos uma taxa de atualização
mais elevada. É verdade que os 165
Hz serão suficientes para garantir
que o olhar acompanha com fluidez
os inimigos que saltam de um ponto
do ecrã para outro, mas há propostas
mais baratas que já chegam aos
240 Hz. O mesmo princípio pode
ser referido para o tempo de
resposta do painel, que, no caso do
34M2C7600MV se fica pelos 2,5
ms. Mais uma vez, rápido, mas há
alternativas que batem facilmente
este valor. A navegação pelos menus
é feita através do joystick que se
encontra na traseira da lateral direita
e é pouco prática.
 C O N ST
ACE RUÇ
ERF
NT Ã
I
O
E R G O N O M IA
IMAGEM
DE
I DA GA
TIV MIN
CO N E C G
DIRETO AO ASSUNTO
SONY INZONE M3 €699
Tal como acontece com a Philips
Evnia, a Sony também embarca numa
nova aventura com a linha Inzone.
Contudo, a fabricante nipónica
faz uma aposta mais declarada na
componente de gaming com o M3,
já que abdica da resolução mais
elevada do Evnia, fica-se pelo FHD,
e capricha na taxa de atualização e
tempo de resposta – 240 Hz e 1 ms,
respetivamente. Isto permite, como
comprovámos, evitar com eficácia
desfasamentos, arrastamentos ou
efeitos fantasma, o que é muito útil em
jogos de, por exemplo, tiros, onde se
impõem tomadas de decisão rápidas.
Em termos de qualidade de imagem,
gostámos do alcance dinâmico e dos
bons níveis de contraste (conta com
DisplayHDR 400), embora falte um
pouco de profundidade aos negros.
E vale a pena explorar os perfis
pré-configurados que a Sony
disponibiliza: Standard, Cinema
e FPS, que se juntam a dois perfis
de jogos.
Se utilizar este monitor de 27
polegadas para jogar num PC com
uma gráfica da Nvidia, pode tirar
proveito da compatibilidade com
G-Sync para sincronizar a taxa de
atualização do painel com a taxa de
fotogramas por segundo ‘debitadas’
pela GPU para conseguir uma
experiência mais fluída. Se, por
outro lado, optar por uma PlayStation
5 como equipamento de gaming,
o M3 disponibiliza Auto HDR
Tone Mapping, que otimiza
automaticamente as definições de
HDR. Destaque-se ainda a presença
de duas colunas de 2 W, que dão um
som de qualidade básica, e do Auto
KVM Switch, que dá a possibilidade
de controlar até dois PCs a partir de
um único teclado, rato e unidade de
auscultadores ligados ao monitor.
GESTÃO DO ESPAÇO
Como já tínhamos tido oportunidade
de conferir quando testámos o M9
(EI nº 327), o design da linha Inzone
é invulgar. É que opta por uma base
de tripé de baixa profundidade,
uma decisão que, além de ser
esteticamente diferenciadora, tem
como principal objetivo otimizar
o espaço na mesa para os
A RESOLUÇÃO FICA-SE PELO FHD,
MAS A SONY APOSTA FORTE
NA TAXA DE ATUALIZAÇÃO
E TEMPO DE RESPOSTA DO PAINEL
25
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
O painel é
eficaz a evitar
arrastamentos
ou efeitos
fantasma
A base de suporte tem um
design único, mas é limitada
a nível de ergonomia
NOTA FINAL
3,7 sony.pt
DESEMPENHO
CARACTERÍSTICAS
QUALIDADE/PREÇO
CARACTERÍSTICAS
Ecrã FHD LCD IPS de 27” (1920x1080,
16:9) ○ Taxa de atualização: 240 Hz ○
Tempo de resposta: 1 ms ○ Brilho: 400 cd/
m2 ○ Contraste: 1000:1 ○ HDR10, HLG,
DisplayHDR 400, 99% sRGB, Adaptive-Sync,
Nvidia G-Sync, ALLM ○ 2x 2 W ○ DisplayPort
1.4, 2x HDMI 2.1, USB-C, USB-B, 3x USB-A,
combo 3,5 mm ○ 615x479x248 mm ○ 6,2 kg
periféricos. Ou seja, fruto da pegada
relativamente reduzida, é possível
posicionar um teclado inclinado e
um tapete de rato à volta ou sob
o monitor. A nível de ergonomia,
é possível ajustar a altura em 70
mm e a inclinação entre 0° e +20°,
parâmetros algo limitativos, até
porque a base fica um pouco baixa
quando apoiada numa secretária.
Por outro lado, a coluna central do
tripé ajuda na gestão dos cabos para
deixar o espaço mais organizado.
Gostámos da forma intuitiva como
se navega pelos menus da Sony
através do joystick que se encontra
na traseira de uma lateral, até
porque disponibiliza opções como um
contador de fotogramas por segundo
ou uma mira. Mas sentimos falta do
português como língua suportada.

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IMAGEM
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SONHAR ALTO
ASUS ROG SWIFT OLED PG42UQ €1599
Uma base de suporte com linhas
arrojadas e o logótipo iluminado da
Republic of Gamers no centro é o que
basta para a Asus transformar aquilo
que podia parecer uma TV OLED de
42 polegadas num monitor de jogos.
O PG42UQ está, aliás, recheado de
bons pormenores de design, como
as saídas de ar para uma melhor
dissipação térmica ou a rosca de 1/4"
no topo para se poder prender, por
exemplo, uma câmara. Pela negativa, a
ergonomia é praticamente inexistente,
só se pode fazer um ligeiríssimo ajuste
à inclinação (+5° ~ -5°).
PORMENORES QUE
FAZEM A DIFERENÇA
A conectividade é rica, embora
não haja nenhuma porta USB-C
disponível. Quase todas as portas
estão na traseira e a zona pode ser
tapada para se ficar com um monitor
mais elegante. Mas há ainda uma
porta USB-A e um jack de 3,5 mm
para os auscultadores colocados
discretamente na zona inferior do
painel para aqueles momentos em
que se deseja um acesso simples e
rápido. Os menus estão disponíveis
em português, têm muitas opções
para explorar – como múltiplos perfis
pré-configurados do GameVisual
(cenário, corrida, cinema, RTS/RPG,
FPS, sRGB, MOBA ou Utilizador) – e a
navegação pode ser efetuada através
do joystick que se encontra abaixo
do logótipo ROG na zona central.
Porém, é ainda mais prático fazer
esta exploração através do pequeno
comando que a Asus fornece.
O recurso a um painel OLED traz
várias vantagens. Para começar,
permite um tempo de resposta quase
imbatível. E depois a qualidade de
imagem é muito boa. Este ecrã 4K
de 42 polegadas apresenta cores
muito saturadas e um contraste
acima da média, sendo que os valores
referentes a, por exemplo, brilho,
contraste, saturação e temperatura
de cor, podem ser ajustados ‘à unha’.
A Asus faz uma aposta declarada
no realismo da reprodução e
disponibiliza mais 98% de gama
DCI-P3, 10-bit de cor reais e Delta
E < 2. Valorizámos muito a presença
de um revestimento antirreflexo de
A ERGONOMIA É PARCA,
MAS ESTE OLED ESTÁ RECHEADO
DE FUNCIONALIDADES
ESPECÍFICAS PARA JOGADORES
26
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
O painel tem
um eficaz
revestimento
antirreflexo
O OLED
proporciona
bons níveis
de contraste
NOTA FINAL
4,2
rog.asus.com/pt
DESEMPENHO
CARACTERÍSTICAS
QUALIDADE/PREÇO
CARACTERÍSTICAS
Ecrã 4K OLED de 41,5” (3840x2160, 16:9)
○ Taxa de atualização: 138 Hz ○ Tempo de
resposta: 0,1 ms ○ Brilho: 450 cd/m2 ○ Contraste:
135,000:1 ○ 98% DCI-P3, 133% sRGB,
HDR10, Nvidia G-Sync ○ 2x 10 W + woofer de 15
W ○ DisplayPort 1.4, 2 x HDMI 2.0, 2x HDMI 2.1,
combo 3,5 mm, 4x USB-A 3.2 Gen 2, USB 3.0 ○
932,08x611,3x255,4 mm ○ 14,77 kg
microtextura, que é extremamente
eficaz a reduzir os potenciais reflexos
que poderiam ser criados por uma luz
desafiante. Outros bons pormenores
que nos cativaram: a tecnologia de
disposição dos sub-pixéis que torna
o texto mais definido para facilitar
a experiência de visualização; a
possibilidade de ajustar a dimensão
da imagem para 24, 27 ou 34
polegadas; e as funcionalidades
do GamePlus, como o contador de
fotogramas por segundo, a mira, o
temporizador ou o cronómetro. A taxa
de atualização pode chegar aos 138
Hz em modo overclock. Não é um
número tão elevado como o de alguns
concorrentes – veja-se os 240 Hz do
Sony –, mas é um valor suficiente para
garantir fluidez mesmo em títulos de
MMO (Massively Multiplayer Online).
 A resolução 4K
permite ter muito
detalhe na imagem
C O N ST
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IMAGEM

O U28 contém
5% de plásticos
em risco de entrar
nos oceanos
DE

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TIV MIN
CO N E C G

NOTA FINAL

FORA DE CONTEXTO
HP U28 €429,99

Quando desafiámos as marcas a

enviarem-nos monitores de gaming,
IPS. Os resultados primam pelo
realismo, o HDR ajuda a um contraste
3,3 hp.com/pt

demos margem de manobra para refinado e a resolução 4K proporciona DESEMPENHO

poderem escolher o tamanho, tipo de um elevado grau de detalhe. A HP

CARACTERÍSTICAS
painel ou gama de preço. Ainda assim, merece até elogios pela forma
a HP conseguiu surpreender-nos prática como permite alternar entre
QUALIDADE/PREÇO
quando fez chegar o U28, um produto diferentes perfis de cor. Com uns
que não tem nenhuma característica toques no joystick que se encontra
que possamos associar diretamente a na traseira da lateral direita podemos CARACTERÍSTICAS
Ecrã 4K IPS de 28” (3840x2160, 16:9) ○ Taxa
jogos. Contudo, consideramos, ainda passar, por exemplo, do modo de atualização: 60 Hz ○ Tempo de resposta:
assim, interessante incluí-lo neste Fotografia (P3D65) para o Design 4 ms ○ Contraste: 1000:1 ○ Brilho: 400 cd/
m2 ○ DisplayHDR 400, 93% DCI-P3, 100%
teste de grupo para aferir até que para Web (sRGB D65), Design para sRGB, FreeSync ○ DisplayPort 1.2, HDMI
2.0, USB-C, 3x USB-A 3.1, combo 3,5 mm ○
ponto um monitor primordialmente Impressão (sRGB D50) ou HD Video 637,1x189,9x531,4 mm ○ 6,35 kg
vocacionado para produtividade pode (BT.709). São mais-valias para os
ser usado num cenário de gaming. profissionais da criatividade, mas que
Comecemos pelo design, onde não serão devidamente rentabilizadas
impera a sobriedade e elegância. Os pelos gamers. Há, saliente-se, um a taxa de atualização, que se fica
gamers podem rentabilizar a pegada perfil de cor dedicado a gaming, mas pelos 60 Hz; e o tempo de resposta,
relativamente pequena para dispor o U28 falha em dois dos parâmetros que atinge os 4 ms. São valores
livremente o teclado e rato e tirar mais valorizados pelos jogadores: que prejudicam a fluidez e pouco
proveito da ergonomia apreciável competitivos quando comparados
para proceder a múltiplos ajustes: com os tipicamente presentes em
inclinação entre -5° e +23°; rotação monitores dedicados especificamente
±35°; e altura até 120 mm. A a gaming. Uma prova que só fará
conetividade está toda centralizada sentido deixar-se seduzir pelo preço
na traseira. O facto de as portas deste HP se for um jogador ocasional,
estarem dispostas na vertical ao que privilegia uma resolução elevada
centro torna mais difícil um acesso e uma precisão de cores que possa vir
rápido para ligar uma pen USB ou os a usar por motivos profissionais.
auscultadores. Pela positiva, a porta Uma nota final para referir o bom
USB-C possui Power Delivery de trabalho feito nos menus OSD. A
65 W, pelo que pode ser usada para navegação é intuitiva, as opções
carregar alguns portáteis. estão disponíveis em Português
UMA SOLUÇÃO MAIS INDICADA PARA e há várias possibilidades de
CORES REALISTAS
No que diz respeito à qualidade de
CRIATIVOS. AS CORES IMPRESSIONAM personalização, como a ativação
do Picture-in-Picture (PiP), se
imagem, ficámos fãs da fiabilidade PELO REALISMO, MAS A TAXA DE tivermos duas fontes ligadas em
na reprodução das cores deste painel ATUALIZAÇÃO NÃO É COMPETITIVA simultâneo ao monitor.

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MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA

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NT Ã Deep Sleep
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IMAGEM
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TUDO À GRANDE!
LG ULTRAGEAR 48GQ900-B €1299,99
Tecnicamente, o UltraGear
48GQ900-B é um monitor, mas,
na prática, quase parece uma TV. É
que estamos a falar de um ecrã de
48 polegadas com resolução 4K.
E o painel é OLED! A própria base
remete para a ideia de televisor, não
só pelo aspeto, mas, principalmente,
pela rigidez ergonómica, já que não
permite qualquer tipo de ajuste (altura,
inclinação, etc.). Nota-se, todavia,
que a LG fez um esforço estético
para transmitir uma aura de gaming
ao 48GQ900-B. Assim, cada lateral
da traseira possui dois LEDs, cuja
iluminação pode ser personalizada ao
gosto do utilizador na funcionalidade
Hexagon Lighting – é possível
escolher uma cor estática ou optar
por um modo aleatório. A traseira
possui ainda um efeito texturizado e
o logótipo da UltraGear, sendo que
à frente está outro piscar de olho
aos jogadores: um jack de 3,5 mm
para se poder ligar rapidamente os
auscultadores, algo particularmente
relevante porque este LG suporta
DTS Headphone:X. A restante
conectividade encontra-se na parte
de trás do monitor e sentimos falta de
uma porta USB-C.
Para navegar pelos menus da
interface podemos recorrer ao botão
que se encontra ao centro, perto do
jack de 3,5 mm, mas é um processo
pouco prático. Assim, o melhor acaba
por ser usar o comando fornecido.
Este controlo remoto UltraGear
tem uma dimensão demasiado
generosa e levámos algum tempo a
habituar-nos ao estilo de navegação.
Mas percebemos a ideia da LG de
termos este comando ao nosso
lado e recorrer aos botões de atalho
para aceder rapidamente a funções
referentes ao som ou à qualidade
de imagem.
OLED A MARCAR PONTOS
A qualidade de imagem é muito boa.
À resolução 4K juntam-se os negros
profundos que só conseguimos
encontrar no OLED, o que resulta em
contrastes apurados. Não estávamos
à espera de tanto brilho, pelo que
apreciámos o botão de atalho que
permite alternar para o modo de
leitura e fomentar maior conforto
ocular. Como este painel é de 48
polegadas e conta com um eficaz
O PAINEL OLED 4K DE 48 POLEGADAS
TEM UMA QUALIDADE DE IMAGEM
DE EXCELÊNCIA E UM TEMPO
DE RESPOSTA IMBATÍVEL
28
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
O ecrã é tão
grande que pode
ser perfeitamente
usado como TV
A funcionalidade
reduz o brilho
quando o monitor
não é usado há
algum tempo
NOTA FINAL
4,3 lg.com/pt
DESEMPENHO
CARACTERÍSTICAS
QUALIDADE/PREÇO
CARACTERÍSTICAS
Ecrã 4K OLED de 47,5” (3840x2160,
16:9) ○ Taxa de atualização: 138 Hz
○ Tempo de resposta: 0,1 ms ○ Brilho:
330 cd/m² ○ Contraste: 1,500,000:1 ○
99% DCI-P3, HDR 10, Nvidia G-Sync,
FreeSync ○ 2x 20 W ○ DisplayPort 1.4,
3x HDMI 2.1, 3x USB-A, combo 3,5 mm ○
1070,6x659,7x184,8mm ○ 16,8 kg
tratamento antirreflexo, sentimos
que é daqueles monitores dos quais
convém manter uma certa distância,
que é o mesmo que dizer jogar um
pouco mais longe para conseguir
visualizar convenientemente toda a
área de jogo. Apreciámos a presença
de diferentes perfis predefinidos
(RTS, FPS e dois de jogador), em que
o nível de estabilizador de pretos
é ajustado automaticamente. A
principal lacuna deste UltraGear é o
facto da taxa de atualização se ficar
pelos 120 Hz – pode chegar aos 138
Hz em modo overclock. É um valor que
satisfará a maioria dos utilizadores,
mas os hardcore gamers, perante
um investimento tão avultado, iriam
apreciar números superiores. A LG
tenta compensar este facto com um
tempo de resposta curto: 0,1 ms.
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NT
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I DA
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CO N E C G de imersão
CONQUISTAR PELO PREÇO
XIAOMI MI CURVED GAMING 34 €399,99
Passamos agora a um velho
conhecido. E recorremos à palavra
‘velho’ por duas razões. A primeira é
que já tivemos oportunidade de testar
este monitor no nosso laboratório
anteriormente. A segunda é porque
se trata de um equipamento que foi
originalmente lançado em 2019.
O facto de ser um pouco datado
reflete-se, primordialmente, na
conectividade: não há lugar para
portas USB, sejam tipo A ou tipo C, e
as duas HDMI são versão 2.0, o que
impede os jogadores de consolas de
nova geração de tirarem o máximo
proveito da PlayStation 5 ou da
Xbox Series X. Todas estas portas
encontram-se na parte inferior da
traseira, numa área que pode ficar
tapada por uma tampa para se obter
um ar mais elegante. Por outro lado,
o preço é tentador. É que por €400
está a levar para casa um monitor
curvo de 34 polegadas com uma
resolução elevada (3440x1440)
e algumas funcionalidades
dedicadas a gaming.
Num monitor com uma dimensão tão
generosa, achamos que a curvatura
de 1500R faz todo o sentido e ajuda,
de facto, a conseguir experiências
mais imersivas. Os 144 Hz de
taxa de atualização do painel VA
são uma espécie de valor mínimo
quando pensamos num monitor de
gaming, mas os 4 ms de tempo de
resposta já remetem um pouco para
a ‘antiguidade’ deste Mi. Nos nossos
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GA
A base de suporte
tem uma pegada
considerável
testes, sentimos falta de mais brilho
e de definição nos pretos, com o
intervalo dinâmico a ser mais curto
do que a maioria dos concorrentes
neste artigo, o que prejudica os níveis
de contraste e pode desagradar
aos jogadores de títulos FPS, onde
é preciso identificar rapidamente
inimigos em zonas escuras. E não
há HDR. Por outro lado, trata-se de
um monitor ultrawide com um rácio
21:9, o que pode ajudar em tarefas
de produtividade, já que permite
fazer multitasking e ter várias janelas
abertas em simultâneo para trabalhar
com conforto.
DEMASIADOS BOTÕES
No design impera a sobriedade. Os
equipamentos de gaming costumam
ter uns toques de exuberância ou
TAMANHO E RESOLUÇÃO SÃO AS
PRINCIPAIS ARMAS DESTE XIAOMI,
QUE, COMO É HÁBITO NA MARCA,
SEDUZ PELO PREÇO
29
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
A curvatura ajuda
a proporcionar uma
maior sensação
NOTA FINAL
3,5
xiaomistore.pt
DESEMPENHO
CARACTERÍSTICAS
QUALIDADE/PREÇO
CARACTERÍSTICAS
Ecrã LED VA curvo WQHD+ de 34”
(3440x1440, 1500R, 21:9) ○ Taxa de
atualização: 144 Hz ○ Brilho: 300 cd/m2
○ Tempo de resposta: 4 ms ○ Contraste:
3000:1 ○ 85% NTSC, 121% sRGB, AMD
FreeSync Premium ○ 2x HDMI 2.0, 2x DP 1.4 ○
810x520x242 mm ○ 10 kg
cores mais arrojadas, mas no Mi
Curved impera o preto e o
poliuretano. A base em Y pretende ser
minimalista, porém, tem uma pegada
ainda grande, o que acaba por ser
inevitável por se tratar de um monitor
grande que requer estabilidade. A
nível de ergonomia, é possível ajustar
a altura, a inclinação (-5° a 15°) e a
rotação (40° para qualquer um dos
lados). Como é praticamente comum
a quase todos os monitores, suporta
standard VESA, o que significa que
pode ser colocado numa parede.
A Xiaomi tomou uma opção curiosa
a nível dos menus: a navegação é
feita através dos quatro botões num
dos lados da traseira. Uma ousadia
que não é bem-sucedida. O processo
acaba por ser pouco intuitivo e, além
disso, a língua portuguesa não está
disponível.

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NÃO BASTA SER, É PRECISO PARECER
AGON BY AOC PRO AG344UXM €1849
Tivemos de respirar fundo antes de
começar a escrever esta análise.
É que o AG344UXM recusou-se a
reconhecer o DisplayPort da docking
station do nosso computador de
trabalho como fonte de entrada de
sinal. Desligámos e ligámos cabos
vezes sem conta, desligámos e
ligámos o monitor, desligámos e
ligámos o computador, trocámos
cabos… Nada funcionou. A solução
foi mesmo tirar o portátil da
docking station e ligar o DisplayPort
diretamente ao PC. E tivemos
igualmente problemas com a ligação
microUSB que conecta o comando
QuickSwitch fornecido ao monitor.
Não o conseguimos utilizar na maior
parte do tempo, pelo que ficámos
limitados ao joystick que está numa
lateral da traseira, numa posição
pouco confortável, para navegar pelos
menus. Feito o desabafo, avancemos
para o design.
A AGON by AOC é uma marca de
gaming e a estética deste monitor
reflete-o. É, claramente, o design com
linhas mais arrojadas deste teste.
A isto juntam-se apontamentos em
vermelho, o projetor junto à base e a
iluminação LightFX RGB nas laterais
da parte traseira e na zona inferior.
É, em suma, um ‘look’ irreverente
e, na nossa opinião, cativante, até
porque os efeitos luminosos podem
ser personalizados a gosto (ou até
sincronizados com outros periféricos
AOC através do software G-Menu). A
base de suporte em metal é robusta,
embora, consequentemente, tenha
um peso considerável. E a pegada
também é grande. A ergonomia
é aceitável para um monitor de
dimensão tão grande: altura em 130
mm, rotação em 20° para qualquer um
dos lados e inclinação em -5°/23°.
PLANO E COM MINI LED
Para um ecrã de 34 polegadas, fazia
sentido contar com curvatura. Com o
AG344UXM acabámos por dar conta
da necessidade de mexer o pescoço
para conseguir visualizar tudo o que
está a ser exibido no painel. A AGON
by AOC recorre ao Mini LED como
tecnologia de retroiluminação, o
que dá a possibilidade de controlar
1152 zonas de escurecimento. O
objetivo é acender ou desligá-las
individualmente para obter áreas
GAMING DA CABEÇA AOS PÉS:
DO DESIGN AO TEMPO DE RESPOSTA.
MAS A CURVATURA FAZ-LHE FALTA
30
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
O brilho elevado
é um dos maiores
atributos deste
monitor
O preço é elevado,
mas conseguimos
encontrá-lo online
a preços mais baixos
NOTA FINAL
3,7eu.aoc.com
DESEMPENHO
CARACTERÍSTICAS
QUALIDADE/PREÇO
CARACTERÍSTICAS
Ecrã IPS Mini LED UWQHD de 34” (3440x1440,
21:9) ○ Taxa de atualiz.: 170 Hz ○ Brilho: 1000
cd/m2 ○ Tempo de resp.: 1 ms ○ Contraste:
1000:1 ○ DisplayHDR 1000, Adaptive Sync,
100% sRGB, 99% DCI-P3, 93% Adobe RGB
○ 2x 8 W, DTS ○ 2x HDMI 2.1, DisplayPort
1.4, USB-C 3.2, 4x USB-A, áudio 3,5 mm ○
467,74~597,74x816,4x400,14 mm ○ 12,77 kg
localizadas com negros profundos ou
seções iluminadas com brilho máximo
de 1000 nits. Sentimos, de facto,
um brilho muito elevado, mas falta
definição nos pretos, o que acaba por
resultar num contraste pouco apurado
e em alguma artificialidade na
replicação de cores como o amarelo e
o laranja.
O formato ultrawide, com um rácio
de 21:9, facilita as tarefas de
produtividade e pode ser útil para
os criadores de conteúdo, seja nos
streams ou na edição de vídeo.
Mas o gaming é mesmo o ‘core’ do
AG344UXM, uma ideia comprovada
pela taxa de atualização de 170 Hz
e pelo tempo de resposta de 1 ms,
características que contribuíram para
que jogássemos com fluidez, sem
‘tearing’ ou ‘stuttering’.
 C O N ST
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MIRAR O GAMING
ACER NITRO KG272 €204,99
Fechamos este teste de grupo com
a proposta mais barata. Não é,
portanto, difícil de adivinhar que o
Nitro KG272 não possui nenhuma
tecnologia ou funcionalidade que
não tenhamos encontrado em algum
dos sete monitores analisados
anteriormente. As questões com
este Acer acabam mais por ser:
as concessões não prejudicam a
experiência de utilização e o preço é
realmente uma mais-valia?
Em termos estéticos, o ‘look’ de
gaming fica totalmente entregue à
base em triângulo com um suporte
em vermelho. A ergonomia é
praticamente inexistente, já que
apenas podemos ajustar o grau de
inclinação entre -5° e 15°. E sentimos
mesmo falta da capacidade de
ajeitar a altura deste monitor de 27
polegadas. A conetividade também
não é brilhante. As duas portas
HDMI são 2.0 (é o standard mais
recente 2.1 que permite capitalizar
ao máximo as funcionalidades das
consolas de nova geração) e a elas
junta-se apenas uma DisplayPort
1.2. E com o Nitro tivemos o mesmo
problema de não conseguir ligação
através da porta DisplayPort da
docking station que descrevemos
para o AGON by AOC.
UMA ESPÉCIE DE 8 BITS
A qualidade de imagem deixou-nos
com sentimentos contraditórios.
Por um lado, gostávamos de um
pouco mais de brilho e nota-se falta
de definição quando imperam as
zonas escuras no ecrã. A própria
profundidade de cor fica-se pelos 6
bits com FRC. Por outro lado, acaba
por ser uma imagem equilibrada,
especialmente quando entra em cena
o HDR, que proporciona bons níveis
de contraste. Parece-nos uma solução
q.b., até porque o KG272 se fica por
uma resolução FHD, o que, só por si,
já é indicativo que não é um monitor
para o gamer que quer jogar sempre
com tudo no máximo. A Acer faz um
bom trabalho com os diferentes perfis
de utilização pré-calibrados: ação,
corrida, desporto, utilizador, normal,
eco, gráficos e HDR. Assim, a aposta
acaba por ser menos na resolução e
UM MONITOR FHD PARA
QUEM PROCURA UMA SOLUÇÃO
EQUILIBRADA E POUCO
DISPENDIOSA. POUCO INDICADO
PARA OS HARDCORE GAMERS
31
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
A Acer abdica
da resolução a
favor da taxa
de atualização
A ergonomia é
muito limitada
NOTA FINAL
3,7
acer.com/pt-pt
DESEMPENHO
CARACTERÍSTICAS
QUALIDADE/PREÇO
CARACTERÍSTICAS
Ecrã IPS LED FHD de 27” (1920x1080,
16:9) ○ Taxa de atualização: 165 Hz ○ Tempo
de resposta: 2 ms ○ Brilho: 250 cd/m2 ○
Contraste: 1000:1 ○ HDR10, 98% sRGB,
FreeSync Premium ○ 2x 4 W * 2x HDMI
2.0, DisplayPort 1.2, saída auscultadores ○
366,1x612,1x67,9 mm ○ 4,97 kg
mais na fluidez do jogo, já que, em
overclocking, a taxa de atualização
pode chegar aos 165 Hz e o tempo
de resposta é de 2 ms. Além disso,
suporta FreeSync Premium, útil para
quem joga com uma gráfica AMD
Radeon, já que o processamento dos
fotogramas por segundo efetuado
pela GPU é sincronizado com a taxa
de atualização.
A navegação pelos menus gera
alguma confusão de início. É que a
Acer colocou um joystick na traseira
da lateral direita, mas juntou-lhe
quatro botões físicos, o que causa
um pouco de entropia. Acabámos
até por desligar inadvertidamente o
monitor num par de ocasiões. Pela
positiva, as opções estão disponíveis
em português e há funcionalidades
específicas para jogos, como o ponto
de mira.

As letras na
tampa têm um
efeito RGB
EDIÇÃO
ESPECIAL
LENOVO THINKPAD X1 CARBON (GEN 10)
30TH ANNIVERSARY EDITION €2739
Q
uando analisámos o Lenovo
Z16, na edição nº 330 da Exa-
me Informática, referimos que
a linha ThinkPad da fabricante
chinesa se encontrava a celebrar o 30º
aniversário. Pois agora chegou ao nosso
laboratório um X1 Carbon feito proposi-
tadamente para assinalar a data. Lançado
originalmente em outubro de 1992, o
ThinkPad é um computador que, nas suas
várias declinações, vendeu mais de 200
milhões de unidades nas três décadas
que leva de existência.
Este X1 Carbon 30th Anniversary Edi-
tion destaca-se por incluir o logótipo
ThinkPad em vermelho, verde e azul
(RGB) na tampa e na zona de apoio dos
pulsos. Além disso, possui a gravação
30th Anniversary Edition imediatamente
abaixo do teclado, no lado esquerdo, e os
números de série comemorativos estão
gravados na tampa da articulação direita
– como curiosidade, o que recebemos
era o 3723 de 5000. A embalagem do
portátil também possui características
diferentes. Para começar, é concebida a
partir de fibra de cana-de-açúcar e, no
interior, podemos encontrar um folheto
com uma breve história do ThinkPad e
algo que apreciámos particularmente:
um conjunto de três tampas para mu-
dar o TrackPoint. Imagem icónica dos
portáteis empresariais da Lenovo, este
pequeno cursor localizado no meio do
teclado é aqui disponibilizado nos tons
RGB e a verdade é que acabámos por nos
32
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
Esta edição de
aniversário traz extras
especiais, como uma
breve história da linha
ThinkPad
O chassis é elegante
e discreto, mais
adequado para um
ambiente profissional
‘apaixonar’ pelo azul, que nos acom-
panhou praticamente durante todo o
período de testes.
ECRÃ QUE PRENDE ATENÇÕES
Este é um daqueles portáteis que con-
quista mais o utilizador pela experiência
de uso do que pela análise das especi-
ficações e dos benchmarks. O chassis
recorre a fibra de carbono com tecido
e magnésio, o que resulta num com-
putador leve e agradável ao toque. Não
tem a ‘frieza’ do alumínio, mas também
não perde a aura premium. Apreciámos
particularmente a textura do touchpad,
que proporciona um deslizar suave e um
excelente reconhecimento dos coman-
dos. O teclado, com retroiluminação por
LED branco em dois níveis, também é
confortável e proporciona uma escrita
ergonómica. Além disso, é resistente a
derrames e a parte inferior das teclas
foi redesenhada para permitir a entra-
da de ar e melhorar o fluxo de ar. O
botão de energia integra um sensor de
impressão digital, sendo que, ainda na
componente de segurança, a webcam de
1080p permite fazer autenticação facial.
E, claro, como é apanágio da Lenovo,
não falta um obturador para reforçar
a privacidade. Num ultraportátil des-
te género, a câmara ganha relevância
devido à previsível utilização em reu-
niões por videoconferência e gostámos
bastante da qualidade de imagem, que
apresenta definição e pouco ruído, mes-
mo em cenários com uma iluminação
mais desafiante. Ainda neste cenário
de videochamadas, realce-se a certi-
 O mítico TrackPoint
vermelho pode ser
trocado para um
verde ou um azul

BENCHMARK
PCMARK 10 EXTENDED
O ecrã de 14 polegadas é 4K
6000
e pode ser dobrado até os 180°

4844 5145
até um máximo de 180°, uma funcio-
LENOVO HUAWEI
MATEBOOK nalidade que pode ser particularmente
THINKPAD X PRO
X1 CARBON útil para um modo colaborativo ou de
€2199
(GEN 10) partilha de conteúdos, já que a versão que
recebemos tem um painel tátil. Depois é
um painel com uma resolução 4K. O grau
de detalhe da imagem é elevado e é uma
experiência muito agradável estar a ver

3,8
NOTA FINAL DESEMPENHO
um filme ou uma série neste ultraportátil.
CARACTERÍSTICAS
De início, até gostámos da vivacidade
pronunciada dos tons quentes, mas, com
QUALIDADE/PREÇO o decorrer do tempo, pareceu-nos que
lenovo.com/pt os vermelhos e laranjas resvalavam para
alguma artificialidade.
CARACTERÍSTICAS
Ecrã tátil WQUXGA 4K de 14” (3840x2400) ○ Proc.: Core Em termos de componentes, este é
i7-1260P com GPU integrada Iris Xe ○ 32 GB LPDDR5 a um PC com os olhos postos no futuro.
5200 Mhz ○ SSD PCIe de 1 TB ○ 2x USB-C Thunderbolt 4,
2x USB-A 3.2 Gen 1, jack auscultadores/microfone, HDMI O sensor biométrico está Isto é, está tão bem equipado a nível de
2.0b, nano-SIM ○ 315,6x222,5x14,95 mm ○ 1,12 kg
embutido no botão de energia hardware, que dispensará upgrades nos
próximos anos. Destacamos os 32 GB
PRODUTIVIDADE ECRÃ JOGOS AUTONOMIA
Muito Bom Excelente Fraco Satisfatório ficação Dolby Voice, que permite ao de RAM (!), mas há igualmente muito
utilizador escolher se quer usar os qua- espaço de armazenamento no SSD (1
BENCHMARKS tro microfones de longo alcance a 360 TB) e um processador Core i7 da geração
PCMark 10 Extended: 4844 z Essenciais 9463 z graus em modo de colaboração (capta mais recente – tudo mais que suficiente
Produtividade 7041 z Criação Conteúdo Digital 5559
z Jogos 4019 z 3DMark: Time Spy 1803 z Night Raid todo o som ambiente) ou em modo de para lidar bem com as tarefas de produ-
14417 z Cinebench R23 1434 Single Core / 5924 Multi
Core z PCMark 10 Autonomia (Produtividade) 4 h 12 m
privacidade (que se foca na captação tividade. Jogos ficam de parte, porque,
do som da pessoa que está em frente como é típico de ultraportáteis, não há
ao computador). O sistema de quatro uma placa gráfica dedicada. No global,
colunas apresenta um intervalo dinâ- o desempenho é muito bom, mas não é
O MODELO QUE ASSINALA mico q.b., com o software da Dolby a diferenciador, há máquinas mais baratas
O 30º ANIVERSÁRIO DA LINHA permitir ajustes variados, tanto a nível que conseguem fazer melhor. Ou seja,
THINKPAD ESTÁ RECHEADO DE BONS de predefinições – música, filmes, jogos, é muito fácil afeiçoarmo-nos aos belos
DETALHES E DE UM HARDWARE etc. – como de equalizador, o que será
recomendado para combater o predo-
detalhes do X1 a nível de qualidade de
construção e ao hardware de excelência,
POTENTE. MERECIA SER CELEBRADO mínio dos agudos. porém, o preço é um gigantesco calca-
COM UM PREÇO MAIS REDUZIDO O ecrã de 14 polegadas do X1 Carbon nhar de Aquiles. Até porque esperáva-
Gen 10 é uma fonte de curiosidades. Para mos um pouco mais da autonomia, que
começar, a dobradiça permite incliná-lo é um dos parâmetros mais importantes
para quem procura um computador que
possa transportar facilmente para todo
o lado. Paulo Belchior de Matos

33
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
 Para uma
câmara
profissional,
o punho deveria
ser mais
generoso e mais
confortável
FOCO
NO QUE IMPORTA
C
omecemos pelo evidente: 4500
euros, sem contar com objetivas,
é um valor que demonstra que
a Alpha 7R V é para profissionais. Outra
evidência: o sensor, com mais de 60 MP
de resolução, é o mesmo da versão ante-
rior. O que, à partida, parece indicar que
a evolução não é significativa. Desenga-
ne-se. Como já vamos ver, apesar de esta
nem ser a Alpha ‘mais profissional’ da
série – esse papel cabe à A1 –, o sistema
de autofoco é, provavelmente, o melhor
do mercado.
ERGONOMIA NÃO É PARA TODOS
É sabido que a série A7, composta por
câmaras full frame (sensor grande) e
mirrorless (visor digital), sempre valo-
rizou a portabilidade. Não é que sejam
compactas, mas procuram oferecer um
corpo apenas generoso q.b. para garan-
tir ergonomia. Acreditamos que, para
muitos fotógrafos, o formato da A7R V
não seja um problema. Mas não é pre-
ciso ter mãos muito grandes para que
o dedo mindinho fique fora do punho
e percebemos perfeitamente quem se
queixa do aparecimento de bolhas no
dedo médio – isto porque, devido ao
SONY ALPHA 7R V €4500
formato do punho, boa parte do peso
da câmara acaba apoiado neste dedo. O
problema poderia ser minorado se a zona
de contacto entre o dedo e o punho fosse
mais suave (borrachosa).
Por outro lado, todas as opções impor-
tantes podem ser acedidas diretamente
e, claro, é possível alterar as funções de
vários botões, com destaque para os
quatro botões (C) programáveis. No to-
tal, há quatro rodas de comando, uma
acessível ao indicador e três acessíveis
O número e a variedade de objetivas
disponíveis garantem soluções para
todo o tipo de situações fotográficas
34
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
O sensor
é o mesmo da
versão anterior,
mas foram feitas
melhorias no
processamento
das imagens
ao polegar. Gostámos particularmente
do comutador, já típico da Sony, para
mudar entre modo de fotografia, vídeo
e câmara lenta. Bem como da facilidade
de gestão das configurações entre o modo
de vídeo e o modo de fotografia. Trunfos
para profissionais que alternam entre
fotografia e vídeo com frequência, como
é habitual em eventos sociais.
ECRÃ ‘MÁGICO’
Uma das novidades é o ecrã articulado
em dois eixos instalado sobre um painel
articulado de um eixo extensível. As-
sim, parece confuso, mas, na prática,
podemos apontar o ecrã para qualquer
ângulo. Incluindo modo selfie. E como
está instalado no tal painel, podemos
mantê-lo na traseira da câmara, mais
protegido, quando apenas queremos
fotografar a partir de um ponto de vista
baixo ou alto, rodando apenas sob o eixo
horizontal. O melhor que já vimos, até
porque o ecrã é de alta definição e tátil.
A A7R IV já tinha um visor eletrónico
extraordinário, mas o visor eletrónico da
V é ainda melhor. Trata-se de um ecrã
OLED com mais de 9 milhões de pontos,
com taxa de atualização de 120 Hz.
 Muitos botões e bem
posicionados. É fácil controlar
os diferentes parâmetros da
máquina e da exposição

Como seria de esperar neste segmen-

to, há duas ranhuras para cartões, que
suportam SD (UHS-II ou superior) e
CFexpress Type A. Estes últimos, bem
mais caros que os SD, são necessários
para gravar em 8K e permitem mais fotos
contínuas.

MELHOR VÍDEO
O sensor desta câmara foi concebido para
privilegiar a fotografia, onde a elevadís-
sima resolução é uma clara mais-valia,
mas tudo à volta do sensor tem evoluído
para que a A7R seja, também, melhor
em vídeo. Aliás, os processadores usa-
dos nesta versão são os mesmos que são
usados na topo de gama A1. O resultado
é um sistema de focagem mais preciso
e mais completo. Arriscamos mesmo a
dizer que é o melhor sistema de AF que
já testámos. Sobretudo na componente
de seguir o motivo. A deteção dos olhos
é muito eficiente, mesmo quando o en-
quadramento inclui muitos outros ele-
mentos. E sistema de IA integrado no AF
é capaz de identificar e seguir os motivos
de um modo como nunca antes vimos.
Vamos a um exemplo concreto. Um
dos testes incluiu fotografar e filmar um
jogo de andebol. Nestas condições, pu-
demos verificar como a IA associada ao
AF faz toda a diferença: o sistema detetou
motivo – faz falta um modo de deteção
totalmente automática.
Esta capacidade de AF avançada não
só faz toda a diferença em fotografia de
ação como, é claro, em vídeo.
Um dos problemas da anterior A7R
mantém-se na nova câmara: o efeito
de rolling shutter. Referimo-nos àquele
efeito em que há deformação de objetos
em movimento rápido, resultado da for-
ma progressiva como o sensor regista a
imagem. Um problema que só aparece
quando estamos a usar o obturador em
modo eletrónico (com a cortina mecâ-
nica ativa, não há este efeito).
Voltando ao vídeo, as melhorias são
evidentes, a começar pela resolução má-
xima que subiu para 8K (crop de 1,24x).
Em 4K é possível ter vídeo sem crop (a
30 fps), graças à técnica de píxel binning
(conjugação de píxeis), embora se perca
um pouco de nitidez relativamente ao
vídeo com crop – neste caso, é possível
chegar aos 60 fps. Como seria de esperar,
há suporte para cor de 10 bits e S-Log.
Há mais informação para os editores pro-
fissionais trabalharem – maior alcance
dinâmico.
Quanto ao estabilizador incluído no
corpo, em fotografia chega a ser bri-
lhante, dispensando o tripé na maioria
das situações. Mas é mais limitado em
vídeo. Suficiente para usar a câmara na
mão com movimentos suaves, mas basta
um movimento um pouco mais rápido
para sentirmos falta de um gimbal.
TANTA DEFINIÇÃO
O ponto forte das A7R tem sido a reso-
lução, o que se mantém nesta câmara. É
verdade que o sensor é o mesmo, mas a
evolução da capacidade de processamen-
to (algoritmos) e as otimizações feitas
resultam em ainda mais qualidade de

e fixou os olhos da jogadora e, quando
ela virava a cara para outro lado, a zona
de foco automaticamente crescia para a
cabeça ou mesmo o corpo, regressando
aos olhos quando a cara voltava a estar
visível. O AF é bom a ponto de até con-
seguir prever a movimentação do cor-
po. Aliás, apesar de não ser uma A1 em
termos de velocidade, a A7R V consegue
fazer um trabalho muito satisfatório em
fotografia de ação. É importante referir
que o modo de deteção e tracking conse-
gue, além de pessoas, identificar animais
(incluindo pássaros e até insetos), carros,
comboios e aviões. Infelizmente, tem
de ser o utilizador a selecionar o tipo de
4,3
NOTA FINAL DESEMPENHO
imagem. Em fotografia noturna, o ruído
é praticamente inexistente até ISO 6400
CARACTERÍSTICAS
e só começa a ser incomodativo a partir
QUALIDADE/PREÇO
de ISO 12800. O que é mesmo muito
bom para um sensor de 60 milhões de
sony.pt
píxeis. O intervalo dinâmico amplo – a
CARACTERÍSTICAS Sony refere 15 stops – abre muitas pos-
Sensor CMOS Full Frame de 61 MP ○ Objetivas Sony E ○
ISO 100-32000 (extensível 50-102400) ○ 693 pontos sibilidades de edição quando a fotografar
AF ○ Wi-Fi AC, BT, USB C 3.2, HDMI, Mic, Headphones
○ LCD articulável 3,2” ○ Vídeo 8K até 25 fps, 4K até
em modo RAW. É fácil corrigir falhas de
60fps, FHD até 120 fps ○ 2x CFexpress/SD UHS-II ○ exposição ou acertar a cor. Mas ficámos
131x97x82 mm ○ 723 g (só corpo)
bem impressionados com os ficheiros
JPEG criados diretamente pela câmara, o
QUAL. IMAGEM VÍDEO CONSTRUÇÃO VELOCIDADE
Excelente Muito bom Muito bom Muito bom que é bom para fotógrafos que trabalham
muitas vezes sem tempo para edição.
O ecrã articulado
representa uma vantagem
VEREDICTO
ergonómica considerável A Sony conseguiu melhorar a A7R em
muitos aspetos importantes, com des-
taque para o excelente sistema de foca-
gem automática. As otimizações feitas
no vídeo vieram aumentar a polivalência
da A7R, cuja versão anterior era muitas
vezes vista como uma câmara dedicada a
fotografia. Relativamente à concorrência
direta, ganha em resolução, qualidade de
imagem e, claro, no tal AF extraordiná-
rio. Em suma, acreditamos que a A7R V
é a melhor câmara full frame de elevada
resolução do momento. Sérgio Magno

35
35
MARÇ
MARÇO
A 2023 EXAME
O 2023
2 EXAM E INFORMÁTICA
IN
N FO
FORM
F O
ORM ÁTI
ÁTICA

OS CONDICIONALISMOS
DO TAMANHO
HP OMEN 17-CK1007NP €2699
A
pesar da maioria dos hardcore
gamers ainda privilegiar o desk-
top e monitor como setup de
eleição, os portáteis têm vindo a ganhar
terreno nos últimos anos. Até porque são
capazes de disponibilizar modelos com
ecrãs de dimensões generosas. A HP tem
sido um dos fabricantes que mais desta-
que tem dado às versões de 17 polegadas e
volta agora à carga com um novo Omen.
Tempos houve em que a linha Omen
era sinónimo de arrojo premium a nível
de design. Mas os tempos mudam e o
17-ck1007np confirma a tendência de
maior discrição estética nos portáteis
de gaming. Apenas o logótipo da tampa
transmite alguma exuberância, porque,
de resto, apenas há um discreto ‘O17’ na
lateral direita, na zona de descanso dos
pulsos. O facto de este ser um portá-
til de grandes dimensões também tem
implicações no peso e espessura, que é o
mesmo que dizer que é pesado e grosso.
É inegável que o ‘form factor’ lhe ga-
rante mobilidade, mas as características
físicas tornam esta prática pouco reco-
mendável. Até porque vai ter de passear
na mala um transformador de tamanho
(e peso) considerável. Sabemos que uma
boa gráfica vai exigir uma fonte de ali-
mentação potente, mas esta de 330 W
impressiona por parecer quase uma box
de TV de uma operadora de telecomu-
nicações. Por outro lado, o facto de não
A taxa de atualização
elevada contribui
para que se consiga
jogar com fluidez
O design do Omen é
muito sóbrio. O logótipo
‘O17’ é um dos poucos
apontamentos estéticos
estar focada numa espessura reduzida,
permite à HP dotar o Omen 17 de uma
conectividade rica.
FLUIDEZ NO PAINEL E NA GPU
O ecrã IPS de 17,3 polegadas tem uma
moldura inferior demasiado grande, sen-
do que no topo há lugar para uma câmara
HD 720p. A resolução é de 2560x1440, o
que proporciona um bom grau de deta-
lhe. Gostaríamos, contudo, que as cores
tivessem um pouco mais de vivacidade.
Mas, mais importante para os jogadores,
a taxa de atualização do painel é elevada
– 165 Hz –, o que permite jogar com flui-
dez até títulos de e-sports como League
of Legends (LoL).
O hardware contribui igualmente, e de
forma decisiva, para essa fluidez. A HP
dotou este Omen de um CPU Intel Core i7
de última geração, 32 GB de RAM e grá-
fica GeForce RTX 3070 Ti (8 GB DDR6). A
escolha por esta GPU da Nvidia permite
apresentar resultados muito bons. Quer
UM PORTÁTIL DE GAMING QUE
APOSTA NUM ECRÃ DE GRANDES
DIMENSÕES. BOM HARDWARE NUMA
ESTÉTICA (DEMASIADO) DISCRETA
36
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
4
NOTA FINAL DESEMPENHO
CARACTERÍSTICAS
QUALIDADE/PREÇO
omen.com/pt
CARACTERÍSTICAS
Ecrã QHD de 17,3” (2560x1440, 165 Hz) ○ Proc. Core i7-
12700H ○ 32 GB de RAM ○ SSD de 1 TB ○ Gráfica GeForce
RTX 3070 Ti ○ USB-C com Thunderbolt 4,3x USB-A, mini
DisplayPort, HDMI 2.1, RJ-45, jack 3,5mm, leitor de cartões
SD multiformato ○ 397x262x27 mm ○ 2,78 kg
PRODUTIVIDADE ECRÃ JOGOS AUTONOMIA
Excelente Bom Muito Bom Fraco
BENCHMARKS
PCMark 10 Extended: 9214 z Essenciais 10226 z
Produtividade 9777 z Criação Conteúdo Digital 9737 z
Jogos 20004 z 3DMark: Time Spy 11476 z Fire Strike
24853 z Speed Way 2859 z Cinebench R23 1829 Single
Core / 11475 Multi Core z Final Fantasy XV Standard
FHD 14984 / 4K High 5157 z PCMark 10 Autonomia
(Produtividade) 2 h 47 m
exemplos? Dá para jogar a 1440p a mais
de 110 fotogramas por segundo (fps) em
Apex Legends ou 80 em Fortnite. Mesmo
em títulos mais exigentes a nível gráfico,
dá boa resposta: mais de 65 fps em GTA
V e de 40 fps em Red Dead Redemption 2.
Sabemos que a autonomia de um por-
tátil de gaming tende sempre a ser parca e
a deste Omen não é exceção. Terá mesmo
de ter o ‘tijolo’ de 330 W por perto. Se
puxar muito pelo grau de exigência das
tarefas, vai ouvir o sistema de arrefeci-
mento a entrar em ação. É verdade que
faz um pouco de barulho, mas gostámos
da forma como a tecnologia Tempest
consegue impedir o sobreaquecimento,
com a ventilação em três lados e o fluxo
de ar de cinco vias a impedir que, por
exemplo, a base fique a escaldar.
Terminamos com uma referência ao
teclado de tamanho integral e com re-
troiluminação RGB personalizável para
cada tecla. A HP fez bem ao abdicar do
teclado numérico no lado direito para
rentabilizar melhor o espaço disponível
e valorizamos a presença de seis teclas
macro no lado esquerdo. Destaque-se
ainda a presença de tecnologia NKRO
Anti-Ghosting Key para maior fiabilidade
no reconhecimento dos comandos. E,
por fim, apreciámos o facto do teclado
ser mecânico com switches óticos, uma
mescla rara e que pretende ser um cami-
nho intermédio entre o tradicional teclado
de um portátil e um periférico mecânico
dedicado. Paulo Belchior de Matos
MODA ACESSÍVEL
NOTHING EAR STICK €119
S
e olhou para o nome Nothing e pensou ‘Quem?’ não está
sozinho. Esta marca, sediada em Londres, é apoiada em
parte pela antiga Google Ventures (entre outras) e saltou
para a ribalta tecnológica quando lançou o smartphone Phone 1 em
julho do ano passado. Vamos agora descobrir do que a fabricante
é capaz no campo dos auriculares. Paulo Belchior de Matos
„ A qualidade de som é fortemente condicionada
pelo facto dos Ear Stick não possuírem
cancelamento de ruído (ativo ou passivo). É que
num ambiente com muito barulho, como a nossa
redação, acabamos por ouvir tudo em redor e
não conseguir uma sensação de isolamento. Das
vezes que estivemos em teletrabalho já fomos
mais bem-sucedidos em desfrutar de um áudio
equilibrado e com um intervalo dinâmico superior
ao que estávamos à espera para esta gama de
preço (principalmente no que diz respeito aos
graves). A qualidade da audição em chamadas
é boa, mas no teste no exterior o nosso
interlocutor queixou-se do ruído provocado pelo
vento, que nas rajadas mais fortes impediu até o
som de chegar em condições.
„ O software fica entregue à Nothing X. Esta app segue a estética
única da marca e permite personalizar os controlos dos auriculares. Mas
acabámos por valorizar mais o acesso ao equalizador. Há quatro perfis
predefinidos – equilibrado, mais graves, mais agudos e voz –, sendo
que decidimos avançar para os ajustes manuais, que nos permitiram
obter um áudio mais à nossa medida (gostamos de graves…). As
outras funcionalidades da app são as sempre úteis ‘Encontrar os meus
auriculares’ e ‘Deteção no ouvido’ (que para/recomeça automaticamente
o áudio quando se retira/coloca os auriculares), a que se junta a ‘Modo
de latência reduzida’ para uma melhor experiência em jogos.
37
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
„ A primeira coisa que salta à vista nos produtos da Nothing
é a aposta num design diferenciado, que se repercute, desde
logo, no ‘lettering’, com o recurso a uma fonte rara e até
pouco legível. Os Ear Stick são meio in-ear, o que significa
que entram parcialmente nos ouvidos, mas não de forma
tão profunda como a maioria dos concorrentes, razão pela
qual não recorre sequer às tradicionais capas de silicone de
diferentes tamanhos. As hastes em plástico são curtas, mas
suportam controlos por gestos que funcionam através da
pressão com dois dedos (ouve-se um clique quando o comando
por toque é reconhecido). Não é a solução mais intuitiva,
mas reconhecemos eficácia. A certificação IP54 garante
resistência a água, suor e poeira, sendo que a leveza e conforto
dos Ear também os tornam uma boa solução para praticantes
de desporto. Algumas pessoas queixaram-se de que podem
cair com facilidade dos ouvidos, mas não foi o nosso caso.
„ A Nothing promete uma autonomia a rondar
as 7 horas para a reprodução de música e as 3
horas para chamadas, valores em linha com os
que obtivemos nos nossos testes. Isto significa
que pode carregar os Ear Stick de manhã e ter
a garantia que vai aguentar o resto do dia sem
ter de recorrer à tomada. A caixa permite três
carregamentos adicionais e eleva a autonomia
para 29 horas de reprodução de música (e,
claro, 12 horas em chamadas). Achamos muito
útil o carregamento rápido em que uma carga
de 10 minutos dá energia suficiente para 2
horas adicionais.
„ A principal prova de quão diferenciador é o
design dos Ear Stick está na caixa de transporte.
Tem o formato de um pequeno tubo (ou, se
preferirem, batom), numa das extremidades
possui um apontamento vermelho onde se faz
o carregamento por USB-C e é preciso rodá-lo
para aceder aos auriculares, que parecem estar
expostos numa vitrine – detalhes que apreciámos
bastante. Refira-se que estes Nothing possuem
Google Fast Pair e Microsoft Swift Pair, pelo que
o emparelhamento com dispositivos Android ou
Windows é fácil e rápido.
UNS AURICULARES COM UMA ESTÉTICA
ÚNICA E UMA QUALIDADE DE SOM
APRECIÁVEL PARA ESTA GAMA DE
PREÇO. PECA POR NÃO TER NENHUMA
ESPÉCIE DE CANCELAMENTO DE RUÍDO
3,8
DESEMPENHO NOTA FINAL CARACTERÍSTICAS
Driver de 12,6 mm ○
Autonomia anunciada: 7 h;
CARACTERÍSTICAS 29 h com caixa ○ IP54 ○ Bluetooth
5.2 ○ Compatível com Android
5.1 (ou superior) e iOS 11 (ou
QUALIDADE/PREÇO superior) ○ 29,8x18,8x18,4 mm /
87,1x29,8x29,8 mm (caixa) ○
pt.nothing.tech 4,4 g / 46,3 g (caixa)
ERGONOMIA SOM MICROFONE AUTONOMIA
Muito Bom Bom Bom Muito Bom
 BENCHMARK
PCMARK 10 EXTENDED
O ecrã OLED 6000
tem certificação
Pantone e replica 4975 5145
cores muito vivas
ASUS HUAWEI
ZENBOOK MATEBOOK
14 OLED X PRO
O touchpad pode ser €2199
transformado em UM3402Y
teclado numérico

não possui gráfica dedicada, embora a

taxa de atualização de 90 Hz e, princi-
palmente, o tempo de resposta de 0,2 ms
sejam armas valorizadas pelos gamers.
Onde o Zenbook UM3402Y acaba por
brilhar é em tarefas de produtividade.
Nesse terreno consegue obter resultados

BINGO!
que, por norma, só estão acessíveis a
portáteis com um preço mais elevado.
Para conseguir este bom desempenho, a
Asus aposta num hardware competente,
ASUS ZENBOOK 14 OLED UM3402Y €1299,99 como o SSD de 1 TB e os 16 GB de RAM.
Contudo, na nossa opinião, o principal

A
ssim que pegamos neste Zenbook fator diferenciador é a opção pela AMD
e sentimos o toque frio do alu- a nível de processador. O Ryzen 7 5825U

mínio somos recordados que
temos nas mãos um produto premium.
Fino, leve e com bons detalhes de de-
sign – como os discretos apontamentos
arredondados junto às dobradiças, que
permite ao ecrã rodar 180° –, este Asus
é um ultraportátil da cabeça aos pés e a
marca até oferece uma capa para facilitar
o transporte. Curiosamente, confessa-
mos que, a nível estético, não ficámos fãs
do novo logótipo monograma que adorna
a tampa. O design é demasiado básico
e excessivamente discreto. O recurso
à cor jade preto também é discutível.
Sim, sabemos que gostos não se discu-
tem, e reconhecemos que o tom escuro
está associado à elegância, mas o brilho
castanho subtil do chassis, inspirado nas
formações rochosas da natureza, não é
particularmente cativante. Mas reconhe-
cemos a robustez da máquina, possui até
a certificação militar US MIL-STD 810H,
e a conectividade é rica. Ambas as portas
USB-C podem ser usadas para carregar
a bateria e é disponibilizada também
uma HDMI e um leitor de cartões micro
SD. Além disso, a Asus ainda oferece um
adaptador USB-A/RJ-45.
4,3
NOTA FINAL DESEMPENHO
dá uma resposta muito capaz, especial-
CARACTERÍSTICAS mente quando tem de ‘carburar’ com
múltiplos núcleos. Outro ponto que os
QUALIDADE/PREÇO utilizadores profissionais vão valorizar
asus.com/pt é a autonomia acima da média, propor-
cionada pela bateria de 75 Wh.
CARACTERÍSTICAS
Ecrã OLED 2,8K de 14” (2880x1800, 16:10, 90 Hz) ○
CPU AMD Ryzen 7 5825U com Radeon Graphics ○ 16 GB
de RAM LPDDR4X ○ SSD 1 TB M.2 NVMe PCIe 3.0 ○
CONFORTO TÁTIL
2x USB 3.2 Gen 2 Tipo-C, USB-A 3.2 Gen 2, HDMI 2.0b, Chamem-lhe defeito profissional, mas
3,5 mm conexão áudio combo, leitor de cartões micro SD ○
313,6x220,6x16,9 mm ○ 1,39 kg um dos nossos fetiches em portáteis é
o teclado. E este chiclete ErgoSense de
PRODUTIVIDADE ECRÃ AUTONOMIA JOGOS dimensão completa (19,05 mm) é muito
Excelente Excelente Muito Bom Fraco
confortável para escrever. É retroilumi-
nado em três níveis e, quando abrimos
BENCHMARKS a tampa, é ligeiramente elevado para
PCMark 10 Extended: 4975 z Essenciais 9978 z
Produtividade 9047 z Criação Conteúdo Digital 5864 proporcionar melhor ergonomia. Apre-
z Jogos 3129 z 3DMark: Time Spy 1467 z Night Raid
15764 z CPU Profile 5216 (max threads) z Cinebench ciámos particularmente a concavidade
R23 1398 Single Core / 9248 Multi Core z PCMark 10 de 0,2 mm da capa das teclas e o curso
Autonomia (Produtividade) 13 h 10 m
de 1,4 mm. Os fãs do teclado numérico
no lado direito poderão sentir-se com-
pensados pela presença do NumberPad
2.0, uma funcionalidade da Asus que
transforma o touchpad num teclado nu-
mérico. Saliente-se ainda a existência
de um sensor biométrico no botão de
energia e o revestimento anti-impressões
digitais no touchpad.
UM ULTRAPORTÁTIL QUE Por fim, e como forma de comprovar

PAINEL VIBRANTE
O ecrã de 14 polegadas é uma das chaves
do sucesso deste ultraportátil. A reso-
lução é elevada (2880x1800) e o painel
OLED consegue reproduzir cores muito
vivas, especialmente no que diz respeito
aos tons quentes, com o brilho a poder
chegar aos 550 nits. A isto junta-se um
bom contraste, tirando proveito dos
ACERTA EM PRATICAMENTE TUDO:
QUALIDADE DE CONSTRUÇÃO,
ECRÃ, DESEMPENHO E… PREÇO
pretos profundos do OLED e do HDR,
e validação Pantone para a precisão de
cores. Já agora, também cobre 100% da
gama DCI-P3. Este está longe de ser um
computador indicado para jogos, já que
que este é um dos portáteis mais equili-
brados que testámos nos últimos tempos,
uma referência para o sistema de som
estéreo Dolby Atmos certificado pela
Harman Kardon, que proporciona um
áudio com um intervalo dinâmico maior
do que estamos habituados a encontrar
neste tipo de equipamentos. Por outro
lado, a webcam deste modelo fica-se
pelo HD. Paulo Belchior de Matos

38
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
PEQUENA,
MAS COM
GRANDE ‘ALMA’
SONOS ONE (2º GEN) €299

A
Sonos One, já na segunda geração, é uma coluna inteli-
gente compacta com capacidades de streaming. O que
significa que esta coluna é capaz de reproduzir música
a partir de serviços como Spotify, Tidal ou Apple Music. Mas, ao
contrário do que o formato possa dar a entender, a Sonos One
não é uma coluna portátil, já que não inclui bateria. Por outro
lado, pode ser emparelhada com outras Sono para espalhar som
de elevada qualidade por toda a casa. Sérgio Magno

„ A instalação não correu muito bem, já

„ É impressionante como a Sonos
consegue extrair tanto e tão bom som de
um sistema tão compacto. Esta coluna
só tem cerca de 16 cm de altura e inclui
amplificador e descodificador (DAC). Na
verdade, dentro da coluna estão dois
amplificadores Class-D para alimentar
um tweeter e um midwoofer. O resultado
é equilibrado, com uma boa separação de
frequências. Mesmo com o volume elevado,
que já permite ‘encher’ uma área generosa!
Na app é possível controlar a música a
reproduzir e ajustar graves e agudos.
„Como é típico da Sonos, é possível
emparelhar esta coluna com outras colunas
da marca para reproduzir a música em estéreo
ou em diferentes divisões da casa. Uma
funcionalidade com muito potencial para quem
já tem outras colunas Sonos ou pretende
criar um 'ecossistema’ de som para a casa.
Naturalmente, outra grande vantagem é o
suporte para vários serviços de streaming,
que permite a reprodução direta – ou seja, a
coluna descarrega a música a partir do serviço.
A própria Sonos disponibiliza uma ‘rádio’, um
serviço de streaming de música gratuito, mas
com uma qualidade apreciável, que inclui acesso
a milhares de rádios. A versão paga apresenta
melhor qualidade de som e mais conteúdos.
que experimentámos alguns problemas
de configuração. A app detetava a
coluna, mas depois, no momento de
associação da conta (já existente)
do Spotify, entrava num loop. Depois
percebemos que o problema estava em
usar, para a conta da Sonos, o mesmo
mail já associado a uma conta gratuita
do Spotify. Mudámos as contas e já
funcionou. Mas fica o aviso, até porque
a interface da app não é a mais intuitiva.
„ Outra limitação prende-se
com a não disponibilidade dos
serviços de assistentes digitais
Google e Alexa em Portugal. O
que diminui as funcionalidades
inteligentes, já que os
assistentes digitais referidos
possibilitariam controlar, através
da coluna, outros aparelhos.
Parece-nos que a app deveria
permitir usar o Google e a Alexa
em outros idiomas. Ainda assim,
podemos usar os comandos
de voz da própria Sonos para
UMA COLUNA QUE IMPRESSIONA PELA controlar a coluna de som, desde
que se fale em inglês ou francês.
QUALIDADE DE SOM, MAS QUE PERDE ALGUMA No painel superior há botões
FUNCIONALIDADE POR NÃO SUPORTAR (táteis) para controlar o volume
diretamente, bem como
ASSISTENTES DIGITAIS EM PORTUGAL avançar/recuar na playlist.

„ Apesar das limitações

indicadas, que poderão ser

3,8
DESEMPENHO NOTA FINAL CARACTERÍSTICAS
Dimensões:
corrigidas com atualizações de 162x120x120 mm,
software, esta é, sem dúvida, CARACTERÍSTICAS 1,85 kg ○ Áudio: 2x
uma boa coluna de som para, amplificadores D, 1x
Twitter, 1x midwoofer ○
por exemplo, ter no quarto ou na
QUALIDADE/PREÇO Conectividade: Wi-Fi, porta
cozinha. Aliás, tem ‘alma’ q.b. até de rede (Ethernet)
para animar uma sala de estar. sonos.com
Só não leva o um recomendado
pela falta de suporte em QUALIDADE SOM POTÊNCIA CONECTIVIDADE APP
Portugal para os assistentes, o Muito bom Bom Muito bom Satisfatório

que reduz a funcionalidade.

39
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA

As quatro
câmaras fazem
um belo trabalho
a reconhecer e
delimitar a área
de jogo
TODO
UM NOVO
MUNDO
PLAYSTATION VR2 €599,99
Q
uando nos estávamos a preparar
para este teste fomos remexer
no equipamento de Realidade
Virtual que a Sony lançou para a
PlayStation 4 e acabámos a arrumar um
vasto leque de cabos e até uma câmara.
Com os VR2 não há nada desta confusão.
Aliás, a própria caixa é exemplo disso:
um espaço para o headset, mais dois
para os comandos e uma pequena caixa
com os auscultadores e a documenta-
ção. Recomendamos até que guarde a
caixa, pois é uma excelente arrumação
para o equipamento no futuro. Toda esta
simplificação significa que os óculos se
ligam à PlayStation 5 através de um úni-
co cabo USB-C, o que nos deu vontade
de dar um abracinho aos engenheiros
da Sony. Até porque o cabo tem uma
dimensão generosa (cerca de 3 metros),
pelo que a liberdade de movimentos
está garantida.
CÂMARAS E MAIS CÂMARAS
Os óculos integram quatro câmaras na
parte frontal, o que dispensa o recurso
a uma câmara externa, como acontecia
anteriormente. E o salto qualitativo é
imediatamente visível no processo de
configuração dos VR2. Depois de ligar-
mos o cabo USB-C à consola e carregar-
mos no botão de energia dos óculos, que
se encontra na parte de baixo ao centro,
a PS5 deteta o equipamento e basta se-
guirmos os passos indicados no ecrã.
É neste processo inicial que defini-
mos a área de jogo e é aqui que, como
aludimos, entram em cena as câmaras,
que fazem uma excelente deteção do
espaço circundante. Nos nossos testes,
40
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
A banda é
confortável na
cabeça e tem
muita margem
de ajuste
ergonómico
os VR2 foram até capazes de reconhe-
cer a presença de um colega por perto
e recortá-lo da área de jogo – impres-
sionante! E pode também expandir ou
excluir partes através dos comandos.
Esta delimitação é importante porque,
durante o jogo, se se aproximar dos li-
mites receberá informação visual sobre
isso para que se mantenha em segurança.
Mas não se preocupe demasiado com
uma delimitação perfeita, já que pode
proceder a ajustes mais tarde e os pró-
prios óculos reconhecem quando está
numa área nova e perguntam se deseja
avançar para um novo reconhecimento
do espaço. Idealmente, a área de jogo
deveria ter, no mínimo, 2x2 metros. Este
é o requisito para os títulos que solicitam
que se jogue à escala da divisão, mas, na
maioria deles, é possível jogar em pé num
espaço mais limitado ou até sentado.
É na fase de configuração inicial que
somos igualmente apresentados ao ras-
treamento ocular, feito pelas câmaras IR
no interior. Esta é uma funcionalida-
de que nos cativou pela utilidade. Por
exemplo, em Horizon Call of the Moun-
tain, podemos navegar pelas opções dos
menus sem tocar nos comandos, basta
mexer os olhos e fixá-los na hipótese que
nos interessa. Noutros títulos, poderá ser
usada para simular respostas emocionais
acentuadas do avatar, proporcionando
uma maior sensação de realismo e de
interação pessoal em jogos cooperativos
ou chats de equipa em jogos multijogador
– o potencial está lá.

Outra funcionalidade de que ficámos
fãs é a Vista Transparente, em que bas-
ta um toque no botão que está no lado
direito da zona inferior dos óculos para
conseguirmos ver a área circundante sem
ser preciso remover os VR2. Este modo de
visualização até entra automaticamente
em ação quando estamos a definir a área
de jogo ou quando, durante um jogo, nos
afastamos dela. Saliente-se que a visua-
lização não é perfeita já que não vemos a
cores, ficamo-nos pelo monocromático.
ENGENHO PARA O ÁUDIO
Quando comparados com os antecesso-
res, no chassis dos VR2 apenas sentimos,
inicialmente, falta do mecanismo que
permitia levantar as lentes para con-
seguirmos ver o meio ambiente sem
ser preciso remover completamente os
óculos. Mas essa saudade passou-nos
depressa, à medida que vimos que não
havia necessidade para ele com o uso
recorrente da referida Vista Transparente.
De resto, podemos criticar o facto de
haver muito plástico na estrutura, mas a
ergonomia está muito bem conseguida.
Na parte de trás encontramos o botão e
roda que permitem ajustar e bloquear/
desbloquear a faixa para a cabeça. Na
frente temos, de um lado, o botão de
ajuste do visor (para chegá-lo mais para
a frente ou para trás) e, do outro, o de
ajuste das lentes (permite aproximá-las
ou afastá-las do nariz). O suporte para a
proteção contra a luz é eficaz e confor-
tável, sendo possível removê-lo para o
limpar com cuidado.
Se virarmos os VR2 ao contrário vamos
conseguir ver o microfone, ao lado do
botão de energia e do da Vista Trans-
parente (que pode até ter a sua função
reatribuída e passar a servir como atalho
para silenciar o microfone). Ainda nesta
posição, temos na parte da traseira o
jack de 3,5 mm para encaixar os aus-
OS JOGOS QUE
USÁMOS NOS TESTES
HORIZON CALL OF THE MOUNTAIN
MOSS E MOSS: BOOK II
STAR WARS: TALES FROM THE GALAXY’S EDGE
JURASSIC WORLD AFTERMATH COLLECTION
KAYAK VR: MIRAGE
O design esférico está bem
conseguido, mas os botões
poderão ser pequenos para
quem tem mãos grandes
41
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
cultadores estéreo fornecidos. E aqui os
engenheiros da Sony merecem mais uma
palmadinha nas costas, pois colocaram
um orifício adicional que ajuda a fixar
os auscultadores e dotaram as laterais
de uns suportes que dão para segurar os
auriculares quando eles não estão a ser
usados, evitando que fiquem inesteti-
camente pendurados. E os auriculares
trazem os adaptadores M colocados, mas
é possível trocá-los por uns S ou L, que
são igualmente fornecidos.
BOAS HERANÇAS
Os comandos VR2 Sense herdaram algu-
mas das aclamadas funcionalidades dos
DualSense, como o feedback háptico e os
gatilhos adaptativos. A faixa para pren-
der aos pulsos é bem-vinda, mas muitas
vezes nem a usámos por sentir confiança
que o design esférico dos comandos já
era suficiente para não deixarmos cair
os comandos (a mão passa pelo meio
dos anéis de deteção de movimento para
agarrar o punho). O peso de cada um
ronda os 168 gramas e a bateria é de 520
mAh, o suficiente para jogar à vontade
sem ter de pensar que vai ter de ligar os
Sense à corrente em breve.
Se está habituado a um comando tra-
dicional da PlayStation, aqui é como se
encontrasse duas metades de um. É que
no do lado direito encontra os botões
Options, X e O; no do lado esquerdo es-
tão o Share, o … e o Δ. Achámos, porém,
que os R1 e L1 estão numa posição pouco
ergonómica. É que enquanto temos os
polegares para os manípulos analógicos
e os indicadores para o R2 e L2, sobram
os médios para o R1 e L1 e os toques não
são particularmente confortáveis. Além
disso, quem tem as mãos grandes pode
considerar os Sense demasiado pequenos.
IMERSÃO E REALISMO
Depois deste paleio todo, chegamos,
 ATENÇÃO!
Os VR2 não são
compatíveis com
a consola PlayStation 4
e não é possível reproduzir
conteúdos dos PS VR
original.
finalmente, ao ponto fulcral: como é
a experiência de jogo? A sensação de
imersão é imediata. Aliás, no primeiro
jogo que testámos, o menu inicial colo-
cou-nos numa montanha e a sensação
de vertigem foi imediata (problema de
que o autor destas linhas padece e é
intensificado em ambientes de RV). A
qualidade de imagem dos dois ecrãs
OLED (2000x2040 por cada olho) é
muito boa. É, aliás, bem mais impac-
tante para o utilizador do que para quem
está de fora a assistir na televisão ao que
está a ser mostrado nos VR2. As cores
são vivas, o campo de visão é de 110° e
a taxa de atualização varia entre os 90
e os 120 Hz.
É difícil explicar a sensação de imer-
são proporcionada por um ambiente de
Realidade Virtual, aconselhamos sem-
pre a que experimente quando tiver a
oportunidade, mas os VR2 são eficazes
a enganar o nosso cérebro. Dos jogos que
experimentámos, ficámos particular-
mente impressionados com a vista do
Espaço que temos em Star Wars: Tales
from the Galaxy’s Edge, o realismo do rato
protagonista de Moss e dos seus cenários
3D em 360° e, claro, pela eficaz explo-
ração das potencialidades dos óculos em
Horizon Call of the Mountain. Os primeiros
minutos de jogo deste último título im-
pressionam particularmente, já que tão
depressa estamos a navegar por um rio
rodeado de máquinas, como a nadar,
escalar, apanhar variadíssimos itens do
cenário ou disparar o arco (aspeto em
que os gatilhos adaptativos do comando
fazem um brilharete).
Entre os pontos que mais apreciámos
está a capacidade dos próprios VR2 serem
capazes de fornecer uma ligeira vibração
como feedback (por exemplo, uma seta a
passar junto à cabeça ou a aceleração de
um veículo) e a eficácia do áudio Tempest
3D em proporcionar uma maior sensação
de imersão graças à capacidade de se
adaptar de forma dinâmica à posição
É possível ajustar a
distância das lentes:
mais próximas ou mais
afastadas do nariz
e movimentos da cabeça. Achámos os
óculos confortáveis durante a utilização,
até porque as grelhas de ventilação per-
mitem a circulação do ar e fazem com que
não haja embaciamento, parecem-nos
claramente uma evolução em relação à
versão original. Mas importa fazer uma
ressalva neste ponto: em ambientes de
RV é aconselhável fazer uma pausa de 15
minutos a cada hora de jogo e sentimos,
de facto, essa necessidade. É que, quan-
do abusámos no tempo consecutivo de
utilização, sentimos realmente alguma
pressão na testa e nariz. Pior, numa cena
de luta em Horizon, acabámos mesmo
por nos sentir indispostos – depois de
nadar e escalar, a necessidade de muita
movimentação da batalha mexeu con-
nosco… Algo que, saliente-se, nunca nos
tinha acontecido anteriormente em RV.
Por outro lado, apreciámos bastante a
facilidade com que podemos recentrar o
‘ecrã’ do jogo em relação aos VR2, basta
ficar a pressionar no botão Options.
A experiência de jogo é, em suma,
muito boa. O hardware passa, com dis-
tinção, no teste – um brinde aos enge-
nheiros da Sony! O que nos levanta mais
dúvidas a longo prazo é se o volume de
jogos capazes de rentabilizar devida-
mente este equipamento chegarão a bom
ritmo ao mercado. Mas isso já é outra
história. Paulo Belchior de Matos
42
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
O BOM
Excelente sensação de imersão.
Eficácia no reconhecimento
do posicionamento do utilizador
e dos comandos. Boa ergonomia
e confortável de usar. Um único cabo
O MAU
Posicionamento dos botões R1
e L1 é pouco prático. Poucos jogos
para tirar total proveito do potencial
dos óculos e dos comandos
E O VILÃO
Com o hardware no ponto,
haverá lançamentos suficientes
de jogos no futuro para alimentar
este ecossistema?
4,3
NOTA FINAL DESEMPENHO
CARACTERÍSTICAS
QUALIDADE/PREÇO
playstation.com/pt
CARACTERÍSTICAS
Painéis OLED com resolução de 2000x2040
por olho ○ Taxa de atualização: 90 Hz a 120 Hz
○ Campo de visão: 110° ○ Sensores: deteção de
movimentos de seis eixos (giroscópio de três eixos,
acelerómetro de três eixos); proximidade IR ○
Câmaras: 4 integradas para rastrear o dispositivo
e o comando; duas IR para o seguimento ocular
(uma por cada olho) ○ 212x158x278 mm ○ 560 g
SOM ERGONOMIA IMAGEM COMANDOS
Excelente Muito Bom Muito Bom Muito Bom

QUINTAL
DEBAIXO DE OLHO
TP-LINK TAPO C320WS OUTDOOR
SECURITY WI-FI CAMERA €69,99
A
s câmaras IP Wi-Fi têm vindo
a ganhar popularidade, sobre-
tudo para manter debaixo de
olho espaços interiores de residências.
Mas, em moradias, muitas vezes faz mais
sentido instalar câmaras no exterior. O
problema é que, tipicamente, estas câ-
maras são significativamente mais caras
porque, naturalmente, precisam de ser
mais resistentes a ‘agressões’ ambien-
tais, como sol e chuva, e precisam de
uma antena Wi-Fi ‘mais forte’. Apesar
de esta câmara da TP-Link apresentar
estas características, bem como outras,
que já vamos ver, otimizadas para uma
utilização exterior, tem um preço mais
acessível que o habitual. Até porque,
como pudemos verificar, é muito fá-
cil encontrar no mercado nacional esta
câmara a um preço bem mais baixo que
o valor recomendado pela marca – em
algumas lojas, abaixo de €50.
SIMPLES
Nem sempre temos tido a melhor expe-
riência de instalação de produtos smart
da linha Tapo. Mas, neste caso, a app
detetou imediatamente a câmara, per-
mitindo o controlo direto. Há poucos
passos: escolher a rede Wi-Fi (se for por
cabo, nem é preciso este passo), batizar
a câmara e escolher qual a divisão ou
espaço da casa onde está instalada. O
cabo de alimentação energética é longo,
As antenas generosas ajudam a
‘apanhar’ o Wi-Fi a uma distância
relativamente grande
o que facilita a instalação no exterior, já
que nem sempre há tomadas por perto.
A fixação pode ser feita através de pa-
rafusos (fornecidos). A caixa até inclui
um autocolante marcador para a furação
– para garantir que os furos ficam bem
alinhados e as ligações para os cabos
(rede e energia) são protegidos. Infeliz-
mente, apesar de ser à prova de água, a
construção não nos pareceu muito sólida.
A TAPO C320WS
É UMA CÂMARA QUE OFERECE
MUITA FUNCIONALIDADE E QUALIDADE
DE IMAGEM PELO PREÇO PEDIDO
43
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
Além de captar som, há um
altifalante integrado, o que
permite usar esta câmara
como se fosse um género de
intercomunicador a partir da app
4,3
NOTA FINAL DESEMPENHO
CARACTERÍSTICAS
QUALIDADE/PREÇO
tp-link.com/pt
CARACTERÍSTICAS
Sensor: 1/2,7”, 4 MP ○ Vídeo: H.264, 2560x1440, 15 fps
○ Áudio bidirecional ○ Visão noturna até 30 metros ○ Wi-Fi
802.11N, LAN ○ 142x103x64 mm
INSTALAÇÃO IMAGEM FUNCIONALIDADE CONSTRUÇÃO
Bom Bom Muito bom Satisfatório
A app recebe o stream de vídeo em direto
com uma qualidade muito convincente.
Além da resolução elevada (2K), a ima-
gem é nítida, o que permite fazer algum
zoom mantendo um nível de detalhe
significativo. Além de infravermelhos
para ‘ver’ à noite, há um iluminador
LED, que pode ser ativado/desativado
remotamente. Uma opção que permite
melhorar significativamente as imagens
noturnas.
Como é habitual nestas câmaras, é
possível configurar alertas quando é de-
tetado movimento, bem como definir a
área da imagem onde essa deteção está
ativa – deste modo pode eliminar, por
exemplo, a zona onde está uma árvore
cujos ramos são ‘animados’ pelo vento.
Melhor ainda, podemos ativar o modo
Deteção IA, capaz de lançar alertas quan-
do são identificadas pessoas na imagem,
ignorando outros movimentos. Tudo isto
conjugado permite, como verificámos,
evitar quase por completo falsos alertas,
que é, muitas vezes, um problema destes
sistemas – quando existem muitas no-
tificações relativamente a alertas falsos,
os utilizadores acabam por ignorá-los ou
mesmo desligar a deteção de movimento.
A câmara inclui ranhura MicroSD, pro-
tegida das intempéries por uma tampa
fixada por parafusos, para gravar os ví-
deos localmente – gravações que, na-
turalmente, podem ser ativadas pela tal
deteção de movimentos já referida.
Melhor ainda é recorrer ao serviço
cloud Tapo Care, já que, deste modo,
não há o risco de perder as imagens mes-
mo que um ‘amigo do alheio’ roube ou
danifique a câmara. Um serviço grátis
durante um mês, mas que depois tem um
custo de €37,99/ano para uma câmara.
Uma outra vantagem desta solução é
que armazena todos os vídeos, sem li-
mites, dos últimos 30 dias. É um custo
considerável, mas pode ser justificado
em muitas situações. Sérgio Magno
 A frente e a traseira
usam o mais
resistente Gorilla
Glass enquadradas
por uma moldura
em alumínio
Há espaço para
dois cartões
SIM e suporte
para eSIM
(cartão virtual)
QUE CÂMARA!
SAMSUNG GALAXY S23 ULTRA
DESDE €1449
O
s S23 estão disponíveis nos
mesmos três formatos dos an-
tecessores: o mais compacto, o
S23, com ecrã de 6,1 polegadas, o S23+
com ecrã de 6,6 polegadas e o S23 Ultra,
com um ecrã de 6,8 polegadas. Come-
çámos por analisar o topo de gama, a
versão Ultra, que, como acontecia na
geração anterior, é o mais distintivo dos
três modelos: tem um design diferente
dos outros S23, mais e melhores câmaras
e o estilete herdado do antigo Note, que
ganhou funcionalidades.
À primeira vista é difícil notar dife-
renças entre o S22 Ultra e o S23 Ultra.
Têm design e dimensões idênticas – na
verdade, a nova versão é um pouco mais
larga e comprida, mas a diferença é in-
ferior a 1 mm em ambas as cotas. Só não
se consegue usar uma capa feita para o
modelo anterior no novo modelo porque
as câmaras e os botões estão ligeiramente
desalinhados.
Em termos de chassis, a única ver-
dadeira diferença que se sente é a me-
nor curvatura das laterais, que também
significa que o ecrã do S23 Ultra é me-
nos curvo nos lados que o antecessor.
Outra consequência: como o ecrã tem a
mesma dimensão, a razão ecrã/chassis
até piorou ligeiramente, baixando de
cerca de 89,7% para cerca de 89,5%. O
peso aumentou 5 gramas. À lupa, o S23
Ultra perde um pouco em estilo para o
antecessor. Mas isto foi mais que com-
pensado por aspetos funcionais: o novo
modelo permite um melhor agarrar (as
laterais menos arredondadas são menos
escorregadias) e a menor curvatura do
ecrã melhora a visibilidade em conteúdos
junto à margem do ecrã, bem como a
utilização da S Pen (estilete) nesta zona.
Mas, reforçamos, trata-se de diferenças
tão mínimas que duvidamos que alguém
as note a não ser que, como nós, coloque
os terminais lado-a-lado.
Outra alteração importante: o S23
Ultra usa Gorilla Glass Victus 2 dos dois
lados, uma evolução natural do Victus+
do S22, que vem aumentar a resistência
ao impacto e aos riscos. Não fizemos
testes ‘destruidores’, mas o S23 Ultra
passou com distinção ao teste do bolso:
transportar o smartphone no mesmo
bolso com várias chaves e moedas. Só
tivemos alguns dias para este teste,
mas não notámos qualquer risco no
aparelho. Sérgio Magno
44
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
SOM MAIS DEFINIDO
A evolução da qualidade de som é evidente.
O som é mais definido, com maior ‘palco’.
E nota-se mais o efeito surround via Dolby
Atmos. Tratando-se de um smartphone,
é natural que a grande maioria dos
utilizadores recorra a headphones para ouvir
música ou ver filmes, mas a experiência
sonora direta do S23 Ultra é das melhores,
senão a melhor, que já ouvimos num
smartphone. A qualidade da gravação do
som acaba por ser mais importante para
a maioria dos utilizadores, já que poucos
recorrerão a microfones externos. E aqui
também há boas notícias, tanto em modo
áudio (para gravar entrevistas, por exemplo),
como em modo vídeo. O som gravado é mais
nítido e o S23 Ultra é um pouco melhor a
‘focar’ os sons que importam quando, por
exemplo, usamos o zoom, em detrimento do
ruído ambiente.
DESEMPENHO RECORDE
Talvez a característica mais surpreendente
do S23 Ultra, bem como dos restantes
S23, seja o processador. Isto porque
a Samsung optou por recorrer a um
processador Snapdragon da Qualcomm
para todos os S23. Recorde-se que, nos
S22, a Samsung usa o Exynos 2200 da
própria marca na Europa e o Snapdragon

8 Gen 1 no resto do mundo. Para os S23,
o escolhido foi o Snapdragon 8 Gen 2
para todas as regiões. Mas, segundo
a marca sul-coreana, este chip não é
igual aos Snapdragon 8 Gen 2 usados
por outras marcas, já que foi otimizado
para as necessidades da Samsung. Não
é propriamente surpresa para ninguém
que o novo topo de gama da Samsung
bata recordes de desempenho entre
os smartphones Android. Costuma ser
assim com os S de topo. Na nossa tabela,
conseguiu atingir o primeiro lugar em vários
testes, com destaque para o AnTuTu e
3DMark. Só o ROG Phone 6D Ultimate
conseguiu levar a melhor ao S23 em alguns
benchmarks. Mas não podemos esquecer
que o modelo da Asus é um smartphone
de gaming, especificamente criado para
o desempenho, enquanto o S23 Ultra é
um smartphone mais ‘generalista’. Quando
comparamos os resultados com os
conseguidos pelo S22 Ultra, concluímos
que a subida média do desempenho ainda à
volta dos 30 a 40%. Isto para uma análise
global. Numa análise mais detalhada, a
maior subida de desempenho dá-se no
processamento gráfico, onde em alguns
testes, o desempenho quase que duplica
(caso do 3DMark Wild Life Extreme). No
campo oposto está a componente de
processamento central (CPU), onde o
AnTuTu mediu um aumento de 15%. O
que isto significa em termos práticos? Na
realidade, para as apps atuais, pouco. Já
os S22 conseguiam (e conseguem) um
desempenho perfeitamente fluído. Claro
que mais performance garante uma maior
longevidade do smartphone, mas não é pelo
desempenho que os atuais utilizadores dos
S22 ou de outro topo de gama de 2022
vão querer avançar para os novos S23.
De qualquer modo, não temos dúvidas em
atribuir a coroa do desempenho ao S23
Ultra.
CÂMARAS, O GRANDE TRUNFO
A grande estrela do S23 Ultra é o
sistema de câmaras, com destaque para
a câmara principal de 200 megapíxeis.
Curiosamente, não é a resolução que nos
deixou impressionados. Mas sim a forma
como a Samsung conseguiu, uma vez mais,
evoluir a tecnologia de binning de píxeis
para produzir imagens mais nítidas, com
maior intervalo dinâmico e, sobretudo,
maior sensibilidade à luz. Simplificando,
binning é um processo de conjugação
de píxeis para criar um novo píxel com
melhor qualidade. O novo algoritmo é
capaz de gerar imagens de 50 ou 12
megapíxeis a partir dos 200 megapíxeis
S22 S23
ULTRA ULTRA
SELFIE
Na imagem feita pelo S22 Ultra
o ruído é muito mais visível nas
zonas escuras (casaco) que na
imagem feita pelo S23 Ultra. Mas
a temperatura da cor do modelo
anterior é mais realista.
S22 S23
ULTRA ULTRA
NOITE
A nova câmara principal
consegue um pouco mais de
nitidez e intervalo dinâmico
nas fotos noturnas. Também
consegue lidar melhor com fontes
de luz no enquadramento.
S22
ULTRA
S23
ULTRA
VÍDEO
No vídeo durante a noite é notória
a evolução de qualidade: mais
nitidez, menos ruído e melhor luz.
Mas a diferença maior nem se vê
nestas imagens: a capacidade de
estabilização.
45
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
do sensor. Outra vantagem desta técnica
é a redução do tamanho dos ficheiros. A
não ser que queira gravar em modo Expert
RAW, agora com imagens de 50 MP, para
edição posterior. Uma opção ao gosto de
quem quer usar este smartphone de modo
profissional. Se o S22 Ultra já tinha uma
das melhores, senão a melhor, câmara do
mercado, eis que o S23 Ultra vem elevar
a fasquia. Sobretudo nas fotos com pouca
luz, onde as melhorias são notórias. Em
fotos e, ainda mais, em vídeo. Durante a
noite é fácil obter boas imagens, mesmo
– e isto é o mais espantoso – com motivos
em movimento. O modo noturno, a que a
Samsung chama nightography, foi também
melhorado na câmara de selfies. Há menos
ruído nas imagens, o que é evidente nas
zonas escuras, e uma melhor capacidade de
identificar elementos de fundo para aplicar
um melhor efeito de desfoque. Voltando ao
vídeo, agora é possível gravar 8K com uma
taxa de 30 fotogramas por segundo, para
maior fluidez. Claro que estes ficheiros
devoram espaço e, na prática, não trazem
um acréscimo de qualidade óbvio. Mas
é uma vantagem para utilizadores mais
entusiastas que, por exemplo, podem
reenquadrar a imagem durante o processo
de edição. Quanto às restantes câmaras,
notámos uma ligeira melhoria nas fotos da
ultra-grande angular, mas as câmaras de
zoom (3x e 10x) pareceram-nos similares às
da geração anterior. O que vem criar algum
desequilíbrio na utilização das câmaras, já
que os resultados são claramente melhores
quando usamos a câmara principal. Na
verdade, em situações de pouca luz
acabámos por usar sempre a melhor
câmara, nem que isso signifique fazer
concessões em termos de enquadramento.
Durante o dia, as câmaras de zoom são
ótimas para ir buscar aquele pormenor à
distância.
ADEUS GIMBAL
É, talvez, a evolução técnica onde a
Samsung anuncia a maior melhoria: o
estabilizador ótico, que terá o dobro da
amplitude. Se é mesmo assim, não podemos
garantir, mas o que pudemos verificar é que
o estabilizador do S23 Ultra é o melhor que
já vimos em smartphones. Consegue até
ser melhor que muitos gimbals dedicados.
Fizemos a experiência de correr com o
S23 Ultra a gravar um vídeo e o resultado
deixou-nos de ‘boca aberta’. Há momentos
em que parece que estávamos a usar uma
grua ou um drone para seguir o motivo. Só
há tremores na imagem com movimentos
‘secos’, como saltos. Com este smartphone,
não há razões para investir num gimbal.
 200 MP 12 MP 12 MP
CÂMARA ULTRA GRANDE CÂMARA
PRINCIPAL ANGULAR SELFIE

10 MP
3X ZOOM ÓTICO
TELEFOTO 2

10 MP
10X ZOOM ÓTICO
TELEFOTO 1

Uma das fotos de teste feita no

Planetário de Lisboa demonstra
a capacidade incrível da
câmara em lidar com pouca luz

S PEN GANHA FUNCIONALIDADES

O estilete S Pen é um dos maiores fatores
diferenciadores do Ultra. Uma novidade que
foi integrada no Ultra no S22, que acabou,
na prática, por substituir o mítico Note. Já
se conhecem muitas das funcionalidades
práticas deste estilete, que, quando não
está a ser utilizado, fica dentro do chassis
do smartphone onde é carregado por
indução. Por exemplo, podemos usá-lo
para fazer disparar a câmara, controlar
uma apresentação e, claro, fazer notas
ou desenhos livremente nas muitas apps
suportadas. E é aqui que está a novidade:
agora a S Pen já pode ser usada em
aplicações Google, como o Gmail ou o Docs.
Continuamos a considerar que um estilete
é de aplicação relativamente limitada num
ecrã de smartphone, mas não deixa de ser
uma mais-valia para muitos utilizadores.
Acreditamos que esta funcionalidade acabe
por ficar disponível no S22 Ultra.
AUTONOMIA PARA DOIS DIAS
Como no S22 Ultra, o
acréscimo de cerca de 60% no PCMark, estilete (S Pen) é fornecido
que se nota em utilização real. A bateria dá e pode ser arrumado no
para um dia de utilização intensiva e dois próprio smartphone
dias de utilização mais leve. O que significa
que a subida de eficiência é notória, já que
a capacidade da bateria não foi alterada
(5000 mAh). Desconfiamos que terá sido
PRÓS CONTRAS
Funcionalidade da S Pen
uma das razões que levou a Samsung a O mesmo design
A melhor câmara do mercado
optar pelo processador da Qualcomm em
Carregamento rápido…
detrimento de um chip próprio. Mas seria Desempenho recorde pouco rápido
de esperar que a Samsung aumentasse a
Autonomia Preço
velocidade de carregamento. A potência
máxima manteve-se nos 45 watts (15 watts
via wireless), o que, apesar de já permitir uma
velocidade assinalável – entre 65 a 70% da

4,3
NOTA FINAL DESEMPENHO
capacidade da bateria em 30 minutos –, está
longe dos melhores valores do mercado. E,
CARACTERÍSTICAS
No que ao desempenho diz respeito, o maior claro, não é fornecido qualquer carregador, o
aumento que medimos foi na autonomia. Um que pode significar um custo extra.
QUALIDADE/PREÇO

samsung.com/pt

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CARACTERÍSTICAS
Ecrã AMOLED 6,8” (1400x3080, 120 Hz, HDR+,
1750 nits) ○ CPU Snapdragon Gen 2 (8 núcleos),
GPU Aderno 740 ○ 8 GB de RAM e 256 GB de armaz.
○ Câmaras 200 MP (f/1.7), 10 MP zoom 3x, 10 MP

Este aparelho não é para todos. Ou melhor, é para muito poucos. Até porque há más notícias zoom (10x), 12 MP ultrawide, 12 MP selfie ○ Bateria
5000 mAh ○ USB C 3.2, WiFi 6E, 5G ○ Android 13 ○
no que diz respeito ao preço, que aumentou consideravelmente. Também não vemos razões
163x78x9 mm ○ 233 g
para mudar para o S23 Ultra se já tem um S22 Ultra. Isto porque, em termos práticos, só
sentimos uma diferença evidente na câmara, sobretudo quando há pouca luz ambiente. Mas a
resposta é sim para quem procura o smartphone com o melhor desempenho, a melhor câmara… CONSTRUÇÃO CÂMARAS AUTONOMIA ECRÃ
Muito bom Excelente Muito bom Excelente
Na verdade, o S23 Ultra é, simplesmente, o smartphone que oferece melhor experiência de
utilização. Como já acontecia com o S22 Ultra, este é um aparelho que nos vai surpreendendo
ao longo do tempo, tantas são as funcionalidades e ferramentas que vamos descobrindo. BENCHMARKS
Há uma série de elementos importantes para a experiência de muitos utilizadores que nem AnTuTu 1187425 z CPU 254245 z
‘tocámos’ nesta análise, como a forte componente de cibersegurança ou a possibilidade de usar GPU 516824 z UX 176277 z Memória 240079
z 3DMark Wild Life Extreme 3841 (23 fps) z
o S23 Ultra como se fosse um computador (com ecrã e teclado externos). Há, mesmo, muito PCMark Work 3.0 15558 z Autonomia 16h14 z
para explorar neste terminal, que recoloca a Samsung no trono. Geekbench 1531 (Single) / 4529 (Multi)

46
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
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AS DIFERENÇAS
MICROSOFT SURFACE
PRO 9 CORE i5 €1329
H
á um novo Surface Pro. E, adivi-
nhou, não se pode dizer que seja
surpreendente. Uma vez mais
a Microsoft optou por apostar na con-
tinuidade, seguindo o velho lema “em
equipa que ganha não se mexe”. A nova
versão é mesmo muito similar à anterior.
A começar pelo design. De tal modo que
até os acessórios, com destaque para o
teclado, que também funciona como
capa, são compatíveis com esta versão
9 e com a versão 8. Mas há componentes
mais poderosos e uma experiência otimi-
zada, que resulta de a Microsoft controlar
o hardware e o software.
CUIDADO COM AS CONFUSÕES
A grande novidade da série 9 é a versão
com conectividade 5G e um processa-
dor com arquitetura ARM, o SQ3, criado
pela própria Microsoft e pela Qualcomm.
É importante sublinhar que o Surface
Pro ARM corre uma versão específica
do Windows e apenas as aplicações de-
senvolvidas para esta versão poderão
ser executadas. É, por isto, confuso que
a Microsoft tenha optado por incluir a
versão ARM na mesma família dos res-
tantes Surface Pro 9 com processadores
Intel. Parece-nos que seria preferível
atribuir uma denominação diferente à
versão ARM, como acontecia com a ver-
são anterior, o Surface Pro X.
O Surface Pro 9 que recebemos para
teste, com processador Core i5 de décima
segunda geração, 8 GB de memória RAM
e 256 GB de armazenamento SSD, é a
versão mais acessível. É evidente que a
relação características/preço deixa mui-
to a desejar quando comparamos esta
máquina com ultraportáteis de carac-
terísticas técnicas similares. Ainda mais
quando somamos o preço do teclado. Por
outro lado, o formato com teclado des-
O estilete opcional tem um
formato ergonómico e pode
ser arrumado na capa/teclado
através de fixação magnética
tacável é diferenciador e não são muitos
os concorrentes diretos. E os poucos que
existem acabam por ser próximos em
termos de preço.
Com isto não queremos dizer que o de-
sempenho é fraco. Aliás, no contexto das
aplicações de produtividade, como na-
vegação Web, Office e aplicações cloud,
esta máquina oferece um desempenho
perfeitamente satisfatório. Talvez por o
computador ter sido desenvolvido por
quem faz o sistema operativo, os 8 GB
de memória parecem valer mais nesta
máquina que em outros portáteis. De
tal modo que não tivemos problemas
em trabalhar com algumas aplicações
de edição de imagem. E nunca sentimos
Uma das melhores
características
do Surface Pro
continua a ser o
pé traseiro: sólido,
integrado e permite
muitos ângulos
48
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
a máquina demasiado quente, nem o
ruído chegou a níveis de desconforto.
Se preferir o silêncio total, a versão com
o processador SQ3 usa um dissipador
passivo (sem ventoinhas).
AUTONOMIA Q.B.
Em média, o Surface Pro 9 testado con-
segue trabalhar, realisticamente, entre
9 a 12 horas longe da tomada elétrica.
Uma autonomia satisfatória, mas que
não impressiona para os padrões atuais
e que fica longe das 15 horas anunciadas.
Naturalmente, uma consequência do
formato compacto – se considerarmos
apenas a componente tablet, o peso é
inferior a 1 kg e a espessura não chega a
1 cm. Ainda assim, se não for daqueles
que faz horas extraordinárias com fre-
quência, a autonomia chegará para um
dia de trabalho ou para uma viagem um
pouco mais longa.
Claro que esta não é uma máquina in-
dicada para jogos exigentes. O processa-
mento gráfico embutido no Intel Core i5
é satisfatório para jogos indie e não tem
qualquer problema com multimédia,
mas não responde às expectativas dos
gamers. A não ser que optem pelo serviço
cloud Xbox, que vem pré-instalado e
pode ser usado gratuitamente durante 30
dias (Xbox Game Pass Ultimate).
O Surface Pro nunca foi uma máqui-
na com muitas portas de comunicação.
O que se mantém. Mas se esta falta de
A ficha de Na lateral
carregamento tem esquerda há duas
fixação magnética portas USB-C de
para ajudar a alta velocidade.
impedir acidentes: Faz falta um leitor
o cabo solta-se de cartões
caso seja puxado
portas era limitativa há alguns anos, ago-
ra já não é assim, porque a maioria dos
acessórios funcionam sem fios. E para
aqueles periféricos que precisam de mais
largura de banda, há duas portas USB-C
com Tunderbolt 4, o formato mais rápido
do momento. Como no Surface Pro 8, a
unidade SSD é removível, facilitando a
substituição caso venha a precisar de
mais espaço. Nem é preciso recorrer a
um técnico especializado: basta usar um
clip para remover uma pequena tampa na
traseira de modo a expor a unidade SSD.
O sistema de som também nos soou
similar ao da versão anterior. O que é
muito bom. É difícil de acreditar como
altifalantes tão pequenos conseguem
apresentar tanta definição e até potên-
cia elevada. Já testámos televisores com
pior som.
Pela negativa, o jack de 3,5 mm de-
sapareceu. Sim, é verdade que os hea-
dphones sem fios são, cada vez mais, a
norma, mas muitas vezes dá jeito ligar
uns auscultadores ou um microfone ‘à
antiga’.
EXPERIÊNCIA DE UTILIZAÇÃO
Mas não é pelo desempenho ou conec-
tividade que o Surface Pro 9 vai atrair
clientes. É pela experiência de utilização
diferenciadora. Já muitas vezes criticá-
mos a Microsoft pela falta de inovação
entre modelos. O que é, uma vez mais,
evidenciado. Mas também é verdade
que estas máquinas estão cada vez mais
polidas. O Surface Pro 9 é uma máquina
que apetece utilizar. A forma como o
transportamos debaixo do braço, a fa-
cilidade com que se acerta o ângulo do
suporte traseiro, a textura do teclado/
capa, a qualidade de construção… Há
vários trunfos importantes. Deste o pri-
meiro Surface que se percebe as vanta-
gens de este ser um computador criado BENCHMARK
pela mesma empresa que criou o sistema PCMARK 10
operativo. O que se nota, por exemplo, 5000
no tempo de arranque ou de recuperação
do stand-by e na forma como as atuali- 3853 4137
zações dos drivers são geridas. LG GRAM
Mas esta versão, até porque é pratica- SURFACE 14 Z90Q
PRO 9 €1099
mente igual à anterior, continua a gerar CORE i5
algumas irritações. A primeira é a de
sempre: por mais que a Microsoft queira
vender o Windows como sendo um bom
sistema operativo para tablets, a verdade
é bem diferente. De outro modo, muitas PAIXÕES
das aplicações para Windows ‘exigem’ Design e qualidade de construção
teclado e rato. Ora, isto significa que o Ecrã tátil nítido e com 120 Hz
teclado/capa não é um verdadeiro op-
Otimizações entre software e hardware
cional. E, caso do teclado testado, são
IRRITAÇÕES
quase mais €190. Se quisermos o estilete
Surface Slim Pen 2, então são mais €135.
Teclado é opcional
VEREDICTO Perdeu o jack de 3,5 mm
Comecemos pelo óbvio: se tem um Sur-
face Pro 8, não se justifica a atualização Caro para as características
para o 9. Há um pouco mais de desempe-
nho, é verdade, mas a experiência geral
3,5
NOTA FINAL DESEMPENHO
é semelhante. Ainda mais se usa apenas
aplicações de produtividade, tipo Office, CARACTERÍSTICAS
em que as exigências para o processador
são relativamente baixas. QUALIDADE/PREÇO
Por outro lado, se tem um Surface mais microsoft.com/pt
antigo ou está decidido a optar por um
CARACTERÍSTICAS
tablet convertível, a experiência permi- Ecrã 13” (2880x1920 px), tátil, 120 Hz ○ CPU
tida por esta máquina é, globalmente, a Core i5-1235U (10 cores, 12 threads) ○ 8 GB
DDR5 ○ GPU Intel Iris Xe ○ SSD de 256 GB ○ Wi-Fi
melhor do mercado. É muito fácil comu- 6E, Bluetooth 5.1 ○ 2x USB-C (Thunderbolt 4) ○
tarmos entre o trabalho com o teclado, 287x209x9,3 mm ○ 0,9 kg
seja numa secretária, seja numa mesa
de café, para o modo tablet, para con- JOGOS PRODUTIVIDADE CRIATIVIDADE AUTONOMIA
Fraco Excelente Satisfatório Bom
sumir conteúdos, sentados no sofá ou
num banco de um avião. Sérgio Magno
BENCHMARKS
PCMark 10 Extended: 3853 z Essenciais 7569 z
Produtividade 4930 z Criatividade 4757 z Jogos
3355 z GeekBench 5 CPU 1122/6793 (Single/
Multi) z 3DMark Time Spy 1418 z Fire Strike 3960
z Night Raid 13711 z PCMark 10 Autonomia
(Produtividade) 9h54m
49
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
 L I F E
EXPRESSO
(SEMPRE) PERFEITO
SAGE BARISTA EXPRESS IMPRESS €899
A Sage habitou-nos a máquinas de
café cheias de estilo e com elevada
qualidade de construção. O que volta
a acontecer com a Barista Express
Impress. Começa logo por ser uma
peça de design, que fica bem em
qualquer casa. A construção em aço
inox, incluindo parte dos manípulos
e botões, e o mostrador analógico
(pressão) são elementos que
reforçam o aspeto e a experiência
premium desta máquina.
Também como é habitual na Sage,
esta não é uma daquelas máquinas
‘pressionar um botão e já está’. Aqui,
todo o processo de criação do café é
tão ou mais importante que a bebida
propriamente dita. Para um barista,
será muito fácil começar a tirar
bons cafés já que os comandos são,
NOTA
A FINAL
FINA
AL
em larga medida, autoexplicativos.
Mas mesmo os utilizadores sem
qualquer experiência nesta ‘arte’
vão ser capazes de fazer um bom
trabalho graças ao excelente manual
fornecido, incluindo um guia rápido
com fotos. Um bom manual em
papel é uma raridade nos tempos
que correm, mas é importante,
sobretudo num produto premium. Por
exemplo, o manual indica como fazer
ajustes para a extração perfeita ou
como usar o vaporizador para obter
espuma de leite mais densa.
Quanto ao processo, há um moinho
de nível profissional que mói o café
numa dosagem automática ou na
dose selecionada pelo utilizador no
botão rotativo. O sistema Impress
Puck System garante que cada dose
50
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
depositada no copo é calculada em
função da anterior e até há uma luz
(verde) para indicar que a quantidade
é perfeita. Naturalmente, a mudança
de grão exige redefinir a dosagem,
mas após este processo, há a
garantia que os cafés são feitos,
um após o outro, de modo uniforme.
Outra característica que ajuda a
manter a uniformidade é a alavanca
lateral que controla a prensa. Neste
mecanismo, o café no copo/filtro
é apertado na pressão certa, com
uma torção de sete graus, e com a
remoção de pó em excesso. Como
pode ver, a atenção ao detalhe
garante a qualidade consistente da
‘bica’ ou ‘cimbalino’. Naturalmente,
para outro tipo de bebidas, o
utilizador pode fazer cafés mais
longos, juntar água quente (para
um americano, por exemplo) e
recorrer ao vaporizador já indicado
para aquecer leite no jarro em inox
fornecido, bem como criar espuma,
para bebidas como cappuccino ou
latte.
Ainda em termos de funcionalidade,
gostámos do reservatório de
grande capacidade, com filtro para
tratamento de água, e da gaveta
inferior amovível para apanhar os
pingos e excesso de pó.
A Barista Express Impress é,
claramente, uma máquina mais
indicada para quem valoriza os cafés
tipo expresso e gosta de controlar ao
detalhe aspetos como a dosagem,
tipo de moagem e pressão. Não é,
no entanto, uma máquina para quem
privilegia os automatismos e facilidade
de criação de outras bebidas com
base em café. Sérgio Magno
sageappliances.com
 GARRAFA COM
ANTIVÍRUS
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Nem sempre podemos confiar na qualidade da água

quando viajamos e todos já sentimos o mau cheiro e
até o ‘gosto esquisito’ que a água ganha em garrafas
reutilizáveis de plástico. E são estes os problemas que
esta garrafa da Philips tenta, e consegue, resolver.
Começa logo de uma boa base, já que é construída em
aço inoxidável e tem parede dupla. Uma construção que,
por si só, ajuda a conservar os líquidos em bom estado
e, importante, a manter a temperatura. Experimentámos
encher a garrafa com água fria e, no dia a seguir,
com café quente e a temperatura manteve-se,
respetivamente, baixa e elevada, durante várias horas.
Mas a característica mais diferenciadora é o sistema de
esterilização por ultravioletas. De acordo com a marca
NOTA FINAL e vários testes laboratoriais, este sistema é capaz de

4 ,5
eliminar mais de 99 por cento de patogénicos e vírus
existentes na água. Outra vantagem é que impede a
acumulação de bactérias, mantendo a água livre de
maus cheiros, o que comprovámos – experimentámos
deixar a mesma água durante uma semana e continuou
com sabor fresco.
Os ciclos de esterilização podem ser aplicados
manualmente, com uma pressão na tampa, mas
também são aplicados automaticamente com intervalos
regulares. Um anel de luz na tampa acende quando
está a ser executado um ciclo de esterilização e quando
a bateria está fraca. Este é um aviso importante
já que, com uma autonomia de cerca de um mês,
seria fácil esquecermo-nos do carregamento da
bateria. Carregamento que é feito através de um cabo
USB fornecido, com fixação magnética na tampa.
A nossa única crítica vai para este sistema, já que a
fixação magnética é fraca e o cabo acaba por se soltar
muitas vezes – basta o peso do cabo para que isto
aconteça.
Não se pode esperar, claro, que esta garrafa seja capaz
de tornar potável água apanhada de uma poça no chão,
mas dá-nos muito mais confiança em usar água de
redes públicas desconhecidas. Ou, se necessário, água
captada num passeio por uma floresta ou recolhida da
chuva. Na verdade, só a qualidade de construção, o
isolamento térmico e a capacidade de manter a água
livre de odores justificam o preço pedido, sobretudo
quando em promoção: comprámos esta garrafa na
Amazon por cerca de €30. Até porque garrafas
concorrentes de qualidade comparável são bem mais
caras.

philips.pt

51
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
“O CHATGPT TEM
UM IMENSO POTENCIAL
PARA AMPLIFICAR
A DISCRIMINAÇÃO
QUE JÁ EXISTE”

52 52
MARÇO
MARÇO EXAME
20232023 EXAME
INFORMÁTICA
INFORMÁTICA
 JOANA GONÇALVES DE SÁ
CIENTISTA
A VIGILANTE
Qual o papel dos motores de busca na propagação da desinformação?
Comparando as fake news a uma pandemia, a investigadora
desenvolveu uma ferramenta para auditar as buscas online
e reduzir o seu impacto na propagação de notícias falsas
Texto Sara Sá Fotos D.R.
J
oana Gonçalves de Sá tem muitos interesses, cabeça
de engenheira e uma enorme curiosidade acerca do
processo de tomada de decisão, em particular perante
a informação disponível na Internet: como avaliamos se uma
notícia é verdadeira ou falsa, como escolhemos partilhar ou
apagar. Num projeto, apoiado já duas vezes pelo Conselho Eu-
ropeu de Investigação – uma bolsa de 1,5 milhões de euros, em
2019, e outra de 150 mil, em 2022 -, está a usar a propagação da
desinformação, que compara a uma pandemia, para perceber
os enviesamentos de que todos padecemos.
Ninguém está livre de ser enviesado na avaliação da informa-
ção. O que determina a menor ou maior tendência para isso?
Não sei, mas gostaria muito de saber. Toda a gente é suscetível
e toda a gente já acreditou em informação falsa. Há um estudo
muito engraçado que tem a ver com aquela ideia de que quem
partilha mais desinformação são os baby boomers e os que
partilham menos são os millennials. Mas depois percebeu-
-se que estes últimos eram igualmente maus a discriminar,
com uma diferença: os baby boomers acreditam em tudo, os
millennials não acreditam em nada. No entanto, a capacidade
de perceber se é verdadeiro ou falso é igual.
Para quem estuda estes temas, a pandemia deve ter sido
uma excelente oportunidade.
Foi muito interessante por três razões: pela quantidade de
desinformação a circular; para verificar como é que as pessoas
formam opinião e que heurísticas usam para decidir; e também
porque as redes sociais, muito avessas a censurar, passaram a
fazê-lo, o que levou a que figuras públicas tenham sido expulsas.
As redes devem fazer uso deste poder?
Sim. Até porque há formas simples de atuar, como pôr máscaras
e avisos sobre desinformação, atribuir menos peso a certos
conteúdos e perguntar “quer mesmo partilhar”.
Mas quem deve tomar estas decisões, quem deve ser o
avaliador, sendo que já assumimos que todos temos vieses?
53
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
Nunca será um sistema perfeito e não precisa de ser estático.
De qualquer modo, há situações relativamente às quais já há
legislação que não tem sido respeitada. Por exemplo, o discurso
de ódio é ilegal na maior parte dos países e nós nem sequer
relativamente a estas situações atuamos. As plataformas des-
cartam-se da responsabilidade, alegando que é por conta do
indivíduo. As mesmas plataformas que censuram mamilos.
Por que não hão de censurar discurso de ódio? A questão é
que as plataformas não sentem incentivo nenhum para o fazer.
E não é uma forma de censura?
Fazer isto não retira a liberdade a ninguém. Faz parte do dis-
curso que para se ter o bom tem de se ter o mau. Mas não é
verdade. Podemos decidir que aceitamos ter um algoritmo a
mostrar destinos de férias. Mas isto não justifica que mostre
desinformação. Devemos ter a liberdade de procurar desin-
formação, se assim o entendermos. Mas mostrar isto a toda a
hora, sob um manto de neutralidade, isto é que não.
Que estratégias estão a usar para estudar a desinformação?
Para estudar a questão da suscetibilidade individual usamos
inquéritos. É habitual pensarmos nas redes sociais quando
falamos em bolhas de desinformação. No entanto não têm
sido estudados os motores de busca. Queremos, por exemplo,
esclarecer a seguinte situação: se tivermos um historial de
visitas a sites de teorias da conspiração, depois nas pesquisas o
Google mostra-nos o mesmo que mostra a alguém que só visite
sites com mais credibilidade? Se isto não acontece e o Google
mostra mais sites conspiratórios a pessoas que costumam vi-
sitá-los, será que isto não aumenta a bolha? Às vezes achamos
que temos uma pessoa maluca da família e não percebemos
porque acredita naquelas coisas. Talvez isto aconteça por ser
tudo o que vê, quando faz uma pesquisa é isto que lhe aparece.
Só estão a analisar o Google?
Não. Estamos a ver isto para seis motores de busca. Para o
fazer criámos um sistema de bots que visita uma série de sites

e recolhe cookies. Os bots passeiam pela Internet, fingindo
que são pessoas. A seguir, estes bots vão a todos os motores
de busca e fazem pesquisas e nós depois comparamos o que
os motores de busca lhes mostram.
Porque decidiram usar Bots?
Para reduzir as questões da privacidade não quisemos usar
dados de pessoas reais. Optamos por criar um exército de robôs
que visitam os sites para fazer dois tipos de auditoria. Entram
nos sites de notícias falsas, de verdadeiras, de notícias em geral
e recolhem as cookies que os sites põem nos bots, os pedidos
que fazem .. tudo isto é recolhido. (E aí já percebemos uma
coisa, os sites de desinformação pões mais cookies, recolhem
mais dados e mais rapidamente do que os outros). Depois estes
bots todos vão aos motores de busca e fazem exatamente as
mesmas perguntas.
Não é uma programação fácil?
O grande desafio é os motores de busca não perceberem que
somos um bot. Para isso, uma das soluções que usamos é
termos proxys na China para podermos fazer pesquisa lá.
Portanto, temos estratégias para fingir que se trata de pes-
soas. Por exemplo, os nossos bots não clicam apenas no link,
fazem scroll, andam ali para cima para baixo, a fingir que
são gente. E quando fazem as pesquisas no motor de busca,
nós recolhemos não só os resultados, como o autocomplete e
que à partida tem a ver com o histórico. Portanto, o bot tem
de ser bem treinado para escrever mesmo devagar, para não
perdermos o autocomplete.
Sabemos que o Facebook faz isso, direciona o que nos
mostra a partir do histórico.
Sim, no Facebook sabemos que isto acontece ao nível das
recomendações. E também sabemos que acontece dentro dos
próprios motores de busca – sugerirem-nos conteúdos a partir
do histórico – e em matéria de consumo. Mas não sabemos é
se acontece no contexto de desinformação.
O discurso oficial dos motores de busca é que isso não
acontece.
O discurso oficial é que personalizam, mas nunca foi estudado
especificamente na questão da desinformação, em particular o
histórico fora do motor de busca. Como é que o Google é infor-
mado sobre as minhas pesquisas externas a ele, por exemplo.
O que já conseguem avançar sobre a suscetibilidade a
acreditar em desinformação?
Estamos a estudar o papel do excesso de confiança em relação
à ciência na probabilidade de acreditar em desinformação.
Criámos uma espécie de métrica em que tentamos aferir se
as pessoas são muito ou pouco confiantes e temos resultados
diferentes do Efeito Dunning-Kruger. O que este indica é
que os menos conhecedores são os que sobrestimam mais o
seu conhecimento. O que nós vemos é que não são os menos
conhecedores, mas os que têm algum, pouco, conhecimento
54
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
JOANA GONÇALVES DE SÁ
Coordenadora do Laboratório de Física Social
e Complexidade, alojado no Laboratório de
Instrumentação e Física Experimental de Partículas,
já foi contemplada com duas bolsas do Conselho
Europeu de Investigação, para estudar o
comportamento humano e a disseminação da
desinformação. É licenciada em Física Tecnológica,
com doutoramento em Biologia Molecular. Tem 44 anos.
que o fazem. Os muito ignorantes têm noção da sua ignorância.
Como estão a fazer este estudo?
Estamos a recorrer a inquéritos já feitos, do passado, e usamos
uma métrica indireta, em que os incorretos são um indicador
para o excesso de confiança (os que têm muito baixo conheci-
mento respondem a quase tudo “não sei”). O que nós vemos é
que o grupo com grande autoconfiança é também o que tem as
atitudes mais negativas relativamente à ciência. Portanto, em
perguntas como: “concorda com a afirmação “os cientistas são
perigosos”, os que respondem mais que sim são estes, os que
acham que sabem mais do que na realidade sabem. Agora o
passo seguinte será tentar avaliar se este excesso de confiança
também está relacionado com a probabilidade de acreditar em
desinformação e o exemplo é alguém que acha que percebe
de PCR e vai para o Twitter dizer coisas como “fazem ciclos a
mais” ou “estão à procura de vírus que não existem”. Havia
muitas conversas deste género durante a pandemia. As pessoas
que estão no movimento antivacinas não são ignorantes, mas
sobrestimam claramente aquilo que sabem. Ou seja, não são
os que têm menos conhecimentos, como defende a dupla
Dunning Kruger.
Qual o peso do contexto, então?
Ainda estamos a tentar perceber. Estamos a fazer um inquérito
maior, desenhado por nós, para tentar perceber estas ques-
tões da desinformação e depois aí é que vamos olhar para o
contexto. Alguém que ande nas redes sociais ao final do dia,
numa altura em que quer desligar o cérebro, ou que viva num
ambiente muito stressante, com problemas de dinheiro, terá
mais dificuldade em ter espírito crítico, que exige um esforço
cognitivo. Não quer dizer que a capacidade não esteja lá. E
portanto, o que vamos fazer é pôr as pessoas a responder a um
inquérito com tranquilidade e em ambientes barulhentos, sob
pressão do cronómetro. Serão dez mil pessoas a responder, de
vários países e diferentes faixas etárias.
Como vê a ferramenta ChatGPT?
Preocupa-nos de várias formas. O Chat foi treinado com base
em dados da Internet e é sabido que esta é enviesada. Portanto,
o algoritmo pode partilhar informação errada e tornar ainda
mais escondida informação que habitualmente já não é tão par-
tilhada. A Internet tem representatividade sobretudo de gente
branca, jovem, do hemisfério norte. Esta nova ferramenta vai
aumentar ainda mais os chamados desertos de dados. Onde é
que está a representatividade do sul, do próprio conhecimento?
Se eu perguntar quem é o maior cientista do mundo…
Vai aparecer como resposta um homem, inglês ou ameri-
cano, branco.
Pois! É preocupante porque tem imenso potencial para am-
plificar a discriminação que já existe. E é um só algoritmo. No
Google ainda podemos ir à página dois, no ChatGPT só nos
aparece um tipo de informação. „
 INVESTIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

A STARTUP
QUE ABRIU A CAIXA
DE PANDORA 55
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
/ TENDÊNCIAS

Um sistema de Inteligência
Artificial que escreve texto
com uma qualidade semelhante
à de um humano. Outro que cria
A
caixa de Pandora é uma história
imagens fotorrealistas a partir da mitologia grega sobre uma
caixa (na primeira versão era
de meras palavras. E um outro um frasco) que continha todos os males
do mundo. Segundo a lenda, a caixa foi
que é capaz de programar. Com dada a Pandora, a primeira mulher na

três lançamentos num curto Terra, como um presente dos deuses.

Por curiosidade, Pandora abriu a caixa,
período de tempo, a OpenAI libertando todos os males no mundo,
deixando apenas a esperança presa lá
tornou-se na tecnológica mais dentro. O mito da caixa de Pandora é
muitas vezes usado como uma metáfo-
‘escaldante’ do momento. ra para consequências não intencionais
ou o lançamento de algo prejudicial ou
Os resultados do ChatGPT, indesejado.
Antes de avançarmos mais no texto,
do Dall-E 2 e do Codex têm precisamos de fazer uma confissão – o
parágrafo que acabou de ler foi, tim tim
surpreendido tudo e todos. por tim tim, produzido pelo ChatGPT,
o sistema de Inteligência Artificial (IA)
O impacto destes sistemas criado pela OpenAI e que é capaz de es-
no futuro da sociedade pode crever texto com uma qualidade muito
próxima à de um humano. É a ferramenta
ser profundo – e irreversível tecnológica sensação do momento e pro-
vocou, como há muito não se via, uma
Texto: Rui da Rocha Ferreira Fotos: D.R. onda de choque no mundo da tecnologia.

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MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
 OS FUNDADORES
SAM ALTMAN
DIRETOR EXECUTIVO
Aprendeu a programar aos oito anos. Abandonou
os estudos em ciências da computação na
Universidade de Stanford, com dois colegas, para
fundar uma rede social baseada em geolocalização,
a Loopt. Fez nome ao liderar entre 2014 e 2019
uma das maiores incubadoras de empresas de
tecnologias do mundo, a YCombinator. É ainda
cofundador da Worldcoin, startup de criptomoedas
que demos a conhecer na edição nº 330.

GREG BROCKMAN
PRESIDENTE
É o homem forte da programação. Fez nome
enquanto cofundador e diretor de tecnologia da
Stripe, uma das maiores empresas de pagamentos
digitais do mundo. Foi responsável pelos primeiros
grandes sucessos da OpenAI, ao ter contribuído
para o desenvolvimento do Gym, uma plataforma
de algoritmos de aprendizagem por reforço. Foi
também quem esteve por trás do projeto OpenAI
Five e coordenou o lançamento do Codex.

ILYA SUTSKEVER
CIENTISTA-CHEFE
É considerado como o grande cérebro por trás
das conquistas da OpenAI. Enquanto estudante,
ajudou a criar uma das mais influentes redes neurais
convolucionais (CNN), dedicada para tarefas de
reconhecimento visual, apelidada de AlexNet. Foi
também um dos coautores do AlphaGo, o sistema de
IA da DeepMind que venceu o campeão do mundo no
complexo jogo de estratégia Go. Agora supervisiona
todo o trabalho científico da OpenAI.

tural e pela criação de um outro sistema as palavras que a antecedem e sucedem;

O ChatGPT foi anunciado a 30
de novembro de 2022. Segundo
a empresa UBS, foi o mais rápido
serviço de internet a atingir
100 milhões de utilizadores.
Mas o mito da caixa de Pandora é mais do
que um mero exemplo das capacidades
do sistema de Inteligência Artificial – é
a metáfora perfeita para a startup cujo
nome, em português, significa abrir
(Open) a Inteligência Artificial (AI) – e,
quem sabe, libertar os grandes benefícios
e malefícios desta tecnologia.
ASCENSÃO METEÓRICA
A OpenAI nasce em 2015 com o objetivo
de desenvolver sistemas de Inteligência
Artificial responsáveis e assegurar que
esta área tecnológica não se torna numa
ameaça para a existência humana. A em-
presa estabeleceu objetivos iniciais, mais
experimentais, quase académicos, que
passavam por criar um ‘ginásio’ para
treino de sistemas de IA, pela construção
de um robô, pelo desenvolvimento de um
assistente que percebesse linguagem na-
que fosse bom numa grande variedade
de jogos. Em alguns deles, conseguiu
resultados assinaláveis: usou algoritmos
de IA para conferir a uma mão robótica
uma destreza próxima à humana (projeto
Dactyl) e venceu alguns dos melhores
jogadores do mundo – mas não os cam-
peões – no videojogo de estratégia DOTA
2 (projeto OpenAI Five). Mas foi no proje-
to do agente de linguagem natural que os
desenvolvimentos ganharam destaque.
Em 2018, a startup lançou o seu pri-
meiro grande modelo linguístico (large
language model, LLM, no original em
inglês) denominado GPT (transformador
generativo pré-treinado, em tradução
livre). Este sistema melhorou dramatica-
mente a capacidade de um sistema para
reconhecer e gerar, por meio de texto,
a forma como os humanos comunicam,
a chamada linguagem natural. Para isso
a empresa recorreu a duas tecnologias:
os transformadores, um modelo criado
por engenheiros da Google, em 2017,
que não analisa apenas as palavras que
constituem uma frase, fazendo também
uma avaliação da posição dessas pala-
vras, isto é, relaciona cada palavra com
e o treino do algoritmo com dados não
supervisionados (ou seja, cuja descri-
ção não foi etiquetada à priori por um
humano). Com as duas técnicas – trei-
no dos transformadores num elevado
volume de dados não supervisionados
– e com a posterior otimização do mo-
delo, para tarefas específicas, com base
em dados supervisionados, a OpenAI
mostrou logo aí resultados superiores
na ‘compreensão’ e na geração de texto.
Se o primeiro modelo foi treinado com
uma base de dados com 117 milhões de
parâmetros, à medida que os parâmetros
foram aumentando, a qualidade do sis-
tema melhorou drasticamente. O GPT-2,
lançado em 2019, tinha 1,2 mil milhões
de parâmetros. O GPT-3, lançado em
junho de 2020, com 175 mil milhões (!)
de parâmetros, representou um salto
qualitativo gigantesco na interpretação
e na geração de texto (leia-se, sabe es-
crever sozinho). “Essencialmente são
sistemas de aprendizagem automática
[machine learning no original em inglês]
com uma grande quantidade de dados,
que conseguem obter um modelo estatís-
tico que consegue prever qual é a palavra

57
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
 / TENDÊNCIAS

Estes são os resultados

de duas experiências
que fizemos no Dall-E 2:
pedimos uma imagem de
um cão feliz a passear num
jardim debaixo de água; e
um quadro de Picasso com
um hacker desenhado

que devem usar a seguir”, explica Alípio fraude financeira explica que a OpenAI
Jorge, professor do Departamento de usou tecnologias de aprendizagem por
Ciência de Computadores da Faculdade reforço com feedback humano (reinfor-
de Ciências da Universidade do Porto cement learning with human feedback,
(FCUP), coordenador do Laboratório de no original em inglês, ou RLHF), uma
Inteligência Artificial (LIAAD) da UP e subcategoria da IA, para ajustar o modelo
membro do INESC TEC. linguístico com base nas preferências
Em janeiro de 2022 era lançada uma humanas, ou seja, com base naquilo que
nova versão do GPT-3, com o mesmo uma pessoa gostaria de ouvir – sendo
número de parâmetros da versão an- que estas preferências foram definidas,
terior, mas otimizado para limitar os à priori, por pessoas reais. “O que im-
dados considerados como tóxicos. Este pressiona é a capacidade de articular as
é o modelo que está na base do famoso palavras e de usar informação e relacio-
ChatGPT. nar informação do senso comum”, diz

O ‘INGREDIENTE SECRETO’
“UM MODELO DE Alípio Jorge, que escreveu no ChatGPT,

A Exame Informática ouviu diferentes
opiniões e todas são unânimes: tecno-
logicamente, a OpenAI não estará mais
avançada em sistemas de Inteligência
Artificial do que empresas como a Goo-
gle, o Facebook ou a Microsoft. Mas isso
não significa que a abordagem da OpenAI
não tenha elementos inovadores. “Houve
um artigo da OpenAI que saiu em 2022,
que se chama InstructGPT, e que tenta
alinhar as respostas geradas pelos gran-
des modelos linguísticos com as expec-
tativas humanas”, explica Pedro Saleiro,
da Feedzai. O diretor de pesquisa de IA
da startup especializada no combate à
LINGUAGEM É SIMPLES
por exemplo, que iria meter a mão no
forno, com o chatbot a responder ao
COMPARADO COM A professor para ter “cuidado”.
Mas importa não confundir a capaci-
NOSSA COMPLEXIDADE dade de geração de texto com o conceito
de perceber efetivamente o que esse texto
HUMANA, NÃO TEM significa. Isso, o ChatGPT não faz. Os
ESTRUTURAS MENTAIS, MAS resultados da escrita do sistema têm por
base uma relação probabilística entre as
CONSEGUE COM MODELOS palavras. “Um modelo de linguagem é
simples comparado com a nossa com-
ESTATÍSTICOS GERAR TEXTO plexidade humana, não tem consciência,
QUE FAZ MUITO SENTIDO” não tem estruturas mentais, mas con-
segue com modelos estatísticos gerar
ALÍPIO JORGE texto que faz muito sentido”, detalha
PROFESSOR DA FCUP E MEMBRO DO INESC TEC Alípio Jorge.

OS INVESTIDORES
A OpenAI teve um apoio de luxo logo no arranque. Quando a empresa
começou, em 2015, fê-lo com dinheiro dos cofundadores, dos quais
faz parte o multimilionário Elon Musk (Tesla, SpaceX), e de outros
ilustres investidores: Reid Hoffman, fundador do LinkedIn; Peter Thiel,
cofundador do PayPal e da Palantir; e Jessica Livingstone, cofundadora da
YCombinator. Elon Musk acabaria por afastar-se da empresa em 2018. A
OpenAI explicou na altura que como a Tesla desenvolve avançados sistemas
de IA para condução autónoma, Musk tinha um conflito de interesses que
poderia tornar-se um problema a longo prazo. Mais tarde, em 2019,
Musk disse ter-se afastado da OpenAI por não concordar com o
caminho que a tecnológica pretendia seguir na área da IA.
Elon Musk Peter Thiel

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58
2 EXAME
MARÇO 2023
20
023 EXAM
EXA
X E INFORMÁTICA
IN
N FOR
FORM
R M ÁTIC
RM Á IC
CA
 OS PRODUTOS
CHATGPT
É um sistema de processamento de
linguagem natural capaz de gerar
texto com uma qualidade muito
próxima à de um humano. A ferramenta
funciona como uma conversa entre
duas pessoas – nós fazemos uma
pergunta ou um pedido, e o ChatGPT
responde. O algoritmo foi treinado com
uma base de dados de 175 mil milhões
de parâmetros, que lhe permite
escrever textos em diferentes idiomas,
poemas ou canções, resolver cálculos
ou criar planos de alimentação. “COM UMA TECNOLOGIA
COMO O CHATGPT,
DALL-E 2 OS BURLÕES CONSEGUEM
FAZER-SE PASSAR POR
É uma ferramenta de conversão de
texto para imagem (text-to-image).

UM CEO OU PELA AMAZON,

O sistema tem por base duas
tecnologias. O CLIP é um modelo que
recebe uma lista de imagens e das
suas descrições em texto, criando
pares correspondentes. Já os modelos
DE FORMA MAIS REALISTA.
de difusão acrescentam ruído a
uma fotografia, de forma gradual,
O PÚBLICO PRECISA
até deixar de ser percetível. Nesse
ponto, tentam reverter o processo,
DE SER EDUCADO”
reconstruindo a imagem até à sua PEDRO SALEIRO
forma original – ao fazê-lo, aprende
DIRETOR DE PESQUISA DE IA
a gerar imagens e os elementos nela
contidos.
E LÍDER DO GRUPO FATE DA FEEDZAI

CODEX o diz é Humberto Ayres Pereira, co-

Sistema de IA que traduz linguagem
natural, em texto, para código de
programação, sendo ‘fluente’ em
mais de dez linguagens. Numa
demonstração feita pela OpenAI, em
apenas nove minutos, foi possível criar,
do nada, e usando apenas comandos
em linguagem natural, um simples jogo
de computador. O Codex é também o
sistema que está por trás do GitHub
Copilot, outra ferramenta capaz de
gerar código de forma automática.
A tecnologia que torna uma conversa
com o ChatGPT quase como um diálogo
agradável entre duas pessoas, é a mesma
que evita que o chatbot dê respostas ou
aprofunde em temas que são conside-
rados negativos, como na geração de
um texto com discurso de ódio. “Esta
tecnologia [InstructGPT], quando vai
para essas instruções [negativas], per-
mite fazer um ranking de respostas que
tentam contornar ou evitar esses riscos”,
adianta Pedro Saleiro. E o sistema tem
sido relativamente bem sucedido neste
capítulo: “Toda a internet está a tentar
enganar o ChatGPT”, lembra o líder de
pesquisa de IA da Feedzai.
Apesar do fator ‘uau’ do ChatGPT, Pe-
dro Saleiro lembra que é preciso ter cui-
dado também com os riscos que acarreta.
“Com uma tecnologia como o ChatGPT,
os burlões conseguem fazer-se passar
por um CEO, um banco ou pela Amazon,
de uma forma muito mais realista. O pú-
blico precisa de ser educado”, ressalva.
E é por isso que na Feedzai já se fazem
algumas experiências com o ChatGPT,
para perceber até que ponto o sistema
pode ser usado para ludibriar funcio-
nários e clientes de bancos. “Nós como
uma empresa tecnológica que desenvolve
um produto para prevenir e evitar crime
financeiro estamos muito atentos a isto”.
LUCRAR COM O CHATGPT
Já há quem esteja a usar a ferramenta
para torna-se mais produtivo. Quem
fundador e diretor executivo da Rows,
startup de origem alemã com escritório
em Portugal, que desenvolve folhas de
cálculo (semelhante ao Microsoft Ex-
cel e ao Google Sheets) que permitem
a integração de dados a partir de fontes
externas. “Quando começamos a ver que
a OpenAI tinha vários tipos de funciona-
lidades que completam e analisam frases,
e que geram texto, isso é muito bom para
uma folha de cálculo”, diz.
Importa sublinhar que o sistema que a
Rows permite integrar não é o ChatGPT,
mas sim um dos modelos que está na base
da ferramenta, conhecido como DaVinci
(GPT-3). Quer saber qual é a população
de um determinado país? Basta ‘chamar’
o módulo da OpenAI para ter esses dados
diretamente na folha de cálculo.
Graças à integração com a OpenAI,
a Rows diz já ter conseguido mil novos
utilizadores. “Trouxe muitas pessoas que
não conheciam a Rows. O que não sa-
bíamos é que as pessoas iam continuar
a usar isto durante tanto tempo. Estão a
usar sobretudo para extração, tradução e
síntese de dados que estão numa célula”.
Apesar das vantagens, Humberto Ayres
Pereira diz que a empresa está atenta
ao facto de os sistemas da OpenAI não
serem 100% corretos nas informações
que retiram da internet.

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MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
 / TENDÊNCIAS
“ESTAS NOVAS
TECNOLOGIAS REDUZEM
A AURA DE INVENCIBILIDADE
DAS GRANDES EMPRESAS.
LEVANTA A DÚVIDA
SE NOS PRÓXIMOS 20 ANOS
A GOOGLE VAI CONTINUAR
A DOMINAR AS PESQUISAS”
HUMBERTO AYRES PEREIRA
FUNDADOR E DIRETOR EXECUTIVO DA ROWS
O lado positivo? Os efeitos na produ-
tividade. “Um trabalho que demorava
muitas horas, uma pessoa que saiba ma-
nipular estes pedidos, consegue poupar
horas e horas de trabalho”, atira o CEO
da Rows. Alípio Jorge concorda. “Se nós
temos máquinas que nos ajudam a pro-
gramar, que conseguem multiplicar a
nossa produtividade por 10 ou por 100,
algo de bom virá daí. Temos de olhar
para essas ferramentas como coisas que
podem melhorar a nossa atividade”, jus-
tifica. Mas isso não significa que todos
os empregos ficarão a salvo desta maior
eficiência trazida pela IA. “No limite,
todos os empregos são potenciais alvos
da Inteligência Artificial, mas com estes
modelos pré-treinados, há alguns traba-
lhos óbvios que podemos repensar. Há
funções que naturalmente deixam de ser
necessárias e outras que vão aparecer”,
considera o membro do INESC TEC.
MAIS DO QUE TEXTO
Se é o ChatGPT que tem abalado o mundo
tecnológico, a OpenAI fez outros lança-
mentos recentes que colocaram a star-
tup nas bocas do mundo. É o caso do
Dall-E 2 (anunciado em abril de 2022),
uma ferramenta que gera imagens nunca
antes feitas a partir de instruções, por
via de texto, dadas pelos utilizadores.
A STARTUP
A OpenAI nasceu como uma
organização sem fins lucrativos,
mas a rápida evolução da startup
(que trabalha numa área bastante
dispendiosa, tanto em termos de
recrutamento de profissionais, como em
termos de infraestrutura tecnológica)
obrigou a uma alteração do modelo
de negócio – agora a OpenAI detém
a OpenAI LP, uma organização de
lucro limitado. Isto significa que os
investidores terão ganhos limitados. Os
primeiros investidores da OpenAI ‘só’
podem obter até 100 vezes aquilo que
investiram na empresa. Os investidores
mais recentes têm taxas de retorno
limitadas mais baixas e o valor varia
mediante o acordo feito por cada
entidade. Tudo aquilo que a OpenAI LP
faturar acima do retorno máximo de
lucro é transferido para a OpenAI, a
organização sem fins lucrativos.
REACENDER UMA
VELHA RIVALIDADE
Se os resultados surpreendentes das
três ferramentas criadas pela OpenAI
não fossem por si só suficientes para
que esta fosse a empresa do momento, o
facto de ter reacendido, como há muito
não se via, a rivalidade entre duas das
maiores tecnológicas do mundo – a
Google e a Microsoft –, é a prova provada
de que a OpenAI está a fazer mexer (ou
Pedimos-lhe, p.ex, que criasse a imagem
de um pirata informático, mas com o
estilo artístico do pintor Pablo Picasso. E
por muito estapafúrdios que os pedidos
possam ser, o Dall-E 2 devolve sempre
quatro resultados. Exemplo? Um cão a
passear num jardim debaixo de água…
A outra ferramenta que tem dado que
falar é o Codex (anunciada em agosto de
2021). Imagine este sistema como uma
espécie de ChatGPT, mas inteiramente
dedicado à geração de linguagem de pro-
gramação. Nós submetemos um pedido,
o Codex cria o código necessário para
concretizá-lo. “As linguagens de pro-
gramação até são mais simples do que a
linguagem natural. Uma linguagem de
programação não tem ambiguidade”,
lembra Alípio Jorge. A lógica de funcio-
namento acaba por ser também seme-
lhante – o sistema analisa uma grande
base de dados de código (disponível em
60
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
tremer?) o mundo da tecnologia. “O que
estas novas tecnologias fazem é reduzir
esta aura de invencibilidade das grandes
empresas. Não muda de hoje para
amanhã, o Google não vai ter menos
pesquisas [por causa do ChatGPT].
Mas levanta a dúvida se nos próximos
20 anos a Google vai continuar
a dominar as pesquisas”, analisa
Humberto Ayres Pereira.
E como as grandes empresas têm mais
a perder – que o diga a Google, que após
um evento realizado em Paris, sobre IA,
e depois de pouco ter revelado sobre o
concorrente do ChatGPT, perdeu 100
mil milhões de dólares em bolsa –, isso
representa uma oportunidade para a
OpenAI. “São muito mais agressivos do
lado do marketing, têm muito mérito
nessa área, de trazer para o grande
público estes avanços. E como no
fundo são uma espécie de startup
de investigação de ponta em IA,
têm muito menos a perder do que
uma Google, Meta ou Microsoft”,
analisa Pedro Saleiro.
repositórios como o GitHub) e consegue
estabelecer ligações de probabilidade
sobre quais os elementos que deve usar
para criar uma funcionalidade para um
website ou uma integração para uma
aplicação. O que cria quase um paradoxo
– a programação, que parecia ser uma das
profissões do futuro, de um momento
para o outro trepa no ranking das ativida-
des que mais podem ser afetadas pela IA.
“Tal como na caixa de Pandora, o
lançamento destas ferramentas pode
ter consequências não intencionais que
podem dificultar o controlo ou a previ-
são, como a automação dos trabalhos,
a disseminação de desinformação ou o
exacerbar de preconceitos. E tal como a
esperança era a única coisa que restou
na caixa, a esperança é que a IA seja de-
senvolvida e usada de forma responsável
e ética para benefícios da sociedade” –
palavra do ChatGPT. „
 MICROSOFT
na OpenAI em 2019, mas com a crescente
VS
Já tinha investido mil milhões de dólares
(cerca de 933 milhões de euros ao câmbio atual)
popularidade da startup e do ChatGPT, fez novo
investimento no início de fevereiro (segundo
o The New York Times, o montante total já se
aproximará dos 13 mil milhões de dólares), para
se tornar o parceiro tecnológico da OpenAI.
A Microsoft passou ainda a ter um acesso
privilegiado às ferramentas da startup fundada
por Sam Altman. E a gigante tecnológica não
se fez de rogada. Em meados de fevereiro, a
Microsoft apresentou uma versão do motor
de busca Bing que já integra uma versão mais
moderna e avançada do ChatGPT. Os utilizadores
fazem uma pesquisa, os resultados ‘tradicionais’
aparecem do lado esquerdo e, do lado direito,
um sistema semelhante ao ChatGPT vai gerando,
em tempo real, uma resposta mais completa
sobre o tópico da pesquisa. “Este anúncio é
todo sobre como repensar a maior categoria de
software que existe, a pesquisa, com uma nova
geração de IA. (...) Hoje foi o dia no qual trouxemos
alguma competição para a pesquisa online.
Acreditem em mim, estou nisto há 20 anos,
e tenho esperado por este momento”, disse
Satya Nadella, CEO da Microsoft, à publicação
The Verge sobre o Bing.
61
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
GOOGLE
Apesar de publicamente não acusar pressão
por causa do sucesso relâmpago do ChatGPT, a
realidade é que a Google anunciou um sistema
concorrente, chamado Bard. Mas há dois factos
curiosos nesta ‘corrida’. A tecnologia que permitiu
um avanço significativo em sistemas automáticos
de geração de texto e que está na base do
ChatGPT foi criada… pela Google, em 2017
(chamada transformadores). E a Google já tinha
apresentado um chatbot capaz de responder,
de forma simples e reunindo informações de
diferentes fontes, a questões complexas dos
utilizadores em… 2021. O modelo linguístico
LaMDA já é usado para melhorar o motor de
busca, mas o chatbot nunca foi lançado. Agora
a Google responde com o Bard, um sistema
de IA conversacional que também é capaz de
escrever texto com uma qualidade próxima à
de um humano. Mas o lançamento está ainda a
algumas semanas de distância. “Queremos que a
qualidade [do Bard] esteja onde precisa de estar.
Temos milhares de utilizadores de teste. Quando
estivermos satisfeitos com os resultados, vamos
lançá-lo ao público. E depois terás algo integrado
dentro do motor de busca”, disse Prabhakar
Raghavan, líder de sistemas de pesquisa na
Google, num evento em Paris, França, no qual a
Exame Informática marcou presença.
 / PORTUGAL FAZ BEM
ÓRGÃOS A PEDIDO
Com o projeto Orgavalue, o médico dentista e estudante
de Medicina, Rodrigo Val d’Oleiros, quer criar um banco de
órgãos para transplante, capaz de servir a qualquer pessoa
Texto: Sara Sá Fotos: D.R.
R
aramente os avanços científicos
resultam do trabalho de um ho-
mem só. Mas no caso do projeto
Orgavalue a ideia, a ‘mão-de-obra’, o fi-
nanciamento e a intenção de transformar
a novidade em aplicação têm apenas um
nome: Rodrigo Val d’Oleiros. Licenciado
em Medicina Dentária, estudante de Me-
dicina na Universidade do Minho e aluno
de doutoramento, quer criar um banco
de órgãos para transplante, totalmente
compatíveis. Para isso, o também inves-
tigador do i3S – Instituto de Investigação
e Inovação em Saúde pretende pegar em
órgãos de dadores e limpar deste todas
as células, ficando assim com uma ma-
triz, pronta a ser preenchida com células
do paciente que vier a necessitar de um
transplante. Um plano ambicioso que
o tem obrigado a fazer muitas diretas,
a passar muitos finais-de-semana no
laboratório e a prescindir de férias nos
últimos três anos. “É muito trabalho e
tenho feito tudo sozinho”, conta.
Rodrigo começou por testar a técnica
em ratinhos, em cerca de 50 animais,
passou para porcos, com duas dezenas,
e espera em breve começar a realizar
o procedimento em órgãos humanos,
recorrendo a tecidos que não puderam
ser usados para transplante. Nos animais
já conseguiu eliminar todas as células e
repovoar a matriz. “A grande dificuldade
Uma parte crucial do processo é a
remoção das células dos órgãos (que
não servem para transplantação),
ficando prontos a serem colonizados
pelas células dos recetores
62
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
O empreendedor tem
financiado a investigação com
o dinheiro dos vários prémios
de inovação que recebeu
deste protocolo é conseguir remover as
células sem destruir o órgão, é preciso
atingir um equilíbrio entre destruição e
regeneração”, admite.
Para esta nova fase de ensaios em
material humano, Rodrigo conta com o
apoio da delegação norte do Instituto de
Medicina Legal e espera ainda conseguir
a colaboração de hospitais de Lisboa e do
Porto com programas de transplantação
e que possam ceder os órgãos que não são
usados. “Conto testar em vinte órgãos
humanos para chegar à fórmula certa”,
avança, otimista.
CAMPEÃO DOS PRÉMIOS
Terminada a ‘lavagem’, a matriz irá en-
tão para um banco, semelhante aos já
existentes bancos de células estaminais,
pronta a ser preenchida com células do
paciente – um processo designado como
recelularização. Do paciente, recolhe-se
sangue e por uma técnica já muito usada
em biologia induz-se um estado de cé-
lula pluripotente – em que esta se pode
transformar em praticamente todos os
tecidos do organismo - de forma a ser
possível orientar a diferenciação para a
formação de células do fígado, rim ou
coração, de acordo com a necessidade.
Nesta fase, Rodrigo está mais focado em
estabelecer o protocolo para fígados, de-
vido à “escassez e por sermos dos países
que mais transplantes faz” deste órgão.
Com esta técnica, personalizada, elimi-
na-se a questão da biocompatibilidade, a
necessidade de tomar imunossupressores
e reduz-se de anos para dias o tempo de
espera por um órgão compatível. Prati-
camente um sonho, atrás do qual correm
muitas equipas de cientistas por todo o
mundo, seguindo estratégias semelhan-
tes. Até agora ainda ninguém conseguiu
lá chegar. Mas isto não desanima Rodrigo
que tem financiado a investigação e a
criação da startup Orgavalue à conta de
prémios de inovação que já arrecadou,
como o de Jovem Empreendedor, atri-
buído pela Associação Nacional de Jovens
Empresários, ou o Born from Knowledge,
da Agência Nacional de Inovação. Só no
ano de 2022 foram sete distinções.
Nada disto está ainda publicado em
revistas científicas e o processo de pedido
de patente também está a ser protelado
porque o investigador quer proteger ao
máximo a sua fórmula. “Só tenho in-
tenção de publicar os resultados quando
estiver prestes a entrar no mercado.” O
segredo é a alma do negócio. „
 / TENDÊNCIAS

O potencial de aplicação à computação

quântica aguça o interesse pelas
partículas do tipo Majorana, nota o
físico teórico Orfeu Bertolami

impureza. Dificilmente será útil na vida

quotidiana”, observa Bertolami. Com as

O MISTÉRIO
partículas do tipo Majorana, que intera-
gem muito tenuemente, o frio absoluto
seria dispensado.
De tempos a tempos surgem anúncios
de possíveis descobertas desta partícula

CONTINUA
que viria complementar o Modelo Padrão
e que têm vindo a ser sucessivamente
desmontados. “Há muitas informações
equivocadas, muitos falsos positivos”,
nota o físico da FCUP. Mesmo assim,
regra geral estes trabalhos vão parar às
revistas científicas mais reputadas, como
Há quase um século que os físicos procuram provas da a Nature, como aconteceu recentemente
existência das partículas de Majorana, previstas pelo físico com as experiências feitas por um grupo
italiano, tão enigmático como as ditas. O interesse é tal que de cientistas espanhóis e americanos,
coordenado por Ramon Aguado, do Ins-
até as não-descobertas vão parar às mais prestigiadas
tituto de Ciência de Materiais de Madrid.
revistas científicas, como aconteceu recentemente “Não é uma descoberta, é uma anti des-
Texto: Sara Sá Fotos: D.R. coberta”, classifica Orfeu Bertolami. Em
2021, a mesma publicação foi obrigada

A
partícula de Majorana é tão mis-
teriosa quanto a vida do físico
italiano que a imaginou. Pouco
mais de uma década de dedicação à Ciên-
cia bastaram para que Ettore Majorana
ganhasse um lugar na história. Num dos
seus trabalhos mais importantes está a
resolução de equação de Dirac, que junta
a relatividade especial de Einstein e a
teoria quântica. Da solução apresenta-
da por Majorana resulta a possibilidade
da existência de partículas elementares
neutras que são iguais às suas próprias
antipartículas (nas antipartículas com
carga todas as propriedades são iguais,
exceto a carga elétrica). E o melhor can-
didato a esta dualidade seria o neutri-
no, uma partícula elementar sem carga
elétrica.
Pouco convencido do valor do seu tra-
balho e, especula-se, angustiado com o
impacto que o estudo sobre os neutrinos
pudesse ter – em particular as aplicações
bélicas – Majorana apanhou um barco em
Nápoles rumo a Palermo e nunca mais
ninguém soube dele. Estávamos em 1938
e Ettore tinha 32 anos.
A família nunca se convenceu de que
tivesse posto fim à sua vida e ao longo
do tempo foram surgindo várias teorias
para explicar o seu desaparecimento.
Tantas quantas as tentativas de encontrar
as tais partículas cuja existência previu.
“A procura de partículas de Majorana é
uma investigação muito cobiçada”, nota
o físico teórico da Faculdade de Ciências
da Universidade do Porto (FCUP), Orfeu
Bertolami. Cobiçada pelo enredo que a
envolve, mas também pelo seu poten-
cial de aplicação em tecnologia de ponta
como a computação quântica e os super-
condutores. Isto porque, a existir, estados
semelhantes a estas partículas seriam
excelentes candidatos a um qubit, ou
bit quântico. “A computação quântica só
acontece em dispositivos colocados em
condições de baixíssimas temperaturas,
completamente isolados, sem qualquer
a retirar um artigo publicado em 2018,
no qual uma equipa da Universidade de
Delft, na Holanda, alegava ter descoberta
esta quasipartícula. Depois de um apu-
rado exercício de verificação, por uma
comissão independente, concluiu-se que
tinha ocorrido erros de análise, embora
não intencionais. Compreensíveis tendo
em conta a complexidade e exigência téc-
nica associada a esta busca, que envolve
grandes aceleradores de partículas, como
o CERN, na Suíça, e o Fermilab, nos EUA.
O mais certo é continuar a haver equi-
pas de cientistas a tentar resolver este
dilema. Até porque o Modelo Padrão não
é a resposta final e continua bastante
incompleto e incapaz de justificar tudo
o que existe no universo, como a matéria
escura e a energia escura. Além disso, há
este atrativo extra associado à computa-
ção quântica. “Os neutrinos de Majorana
serão um estado completamente novo”,
diz Bertolami. Como resistir a um bom
mistério? „

63
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
 / PORTUGAL FAZ BEM

O NOVO OURO
O hélio é aquele gás que enche os balões
nas festas de crianças. E é também essencial O Campus Tecnológico e Nuclear é a
única instituição portuguesa a fazer
ao funcionamento dos equipamentos de ressonância liquefação de hélio, diz o investigador
Manuel Leite de Almeida (à esquerda)
magnética e em estudos de Materiais e Física
de Plasmas. As reservas na Terra são finitas e a guerra propriedades que interessam. “Enquanto
na Ucrânia está a comprometer o seu fornecimento não evapora mantém os 4 Kelvin e por
Texto: Sara Sá Fotos: José Carlos Carvalho isso é muito usado em todas as tecno-
logias que pedem frio”, explica Manuel

E
m 2016, um artigo na insuspeita
revista Wired classificava a preo-
cupação com a escassez de hélio,
que de tempos a tempos vai sendo referi-
da por médicos radiologistas e por cien-
tistas da área da física de plasmas, como
exagerada. Afinal tinha acabado de ser
descoberta uma nova jazida na Tanzânia
e os Estados Unidos mantêm uma reserva
que dá para dezenas de anos de utilização
a ritmo normal. Só que entretanto deu-se
a guerra na Ucrânia e as exportações da
Rússia, outro dos principais fornecedores
de hélio, estão sob embargo interna-
cional, a Reserva Federal de Hélio, um
organismo governamental americano,
já ultrapassou a data prevista para a sua
privatização (estipulada há 25 anos) e as
anunciadas reservas da Tanzânia ainda
não começaram sequer a ser exploradas
– notícias recentes apontam para 2025
como a data de início das operações.
Dois predicados tornam o hélio numa
substância única: é inerte, portanto não
reage com outras materiais, e é de todos
os elementos aquele que tem o ponto de
ebulição mais baixo, -269 graus Celsius,
ou 4 graus Kelvin. É também mais leve
do que o ar e por isso faz subir os balões
e transforma-nos em esquilos falantes
quando o inspiramos. Para os radiologis-
tas e para os físicos são as primeiras duas
Leite de Almeida, do Campus Tecnológi-
co e Nuclear (CTN), unidade do Instituto
Superior Técnico, na Bobadela, Loures,
a “única instituição portuguesa a fazer
liquefação de hélio.” Estas temperatu-
ras extremamente baixas são essenciais
para o funcionamento dos ímanes su-
percondutores usados nos aparelhos de
ressonância magnética e também para
a dita física de baixas temperaturas na
qual se estuda a supercondutividade. Em
novembro do ano passado, o dirigen-
te da Associação Nacional dos Médicos
de Radiologia, Ricardo Sampaio, disse
em entrevista à TSF que “um dia destes
podemos ter de parar as máquinas de

64
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
 Na experiência de Física de
Plasmas, coordenada por
Mário Lino da Silva, o hélio
tem a função de manter a
combustão controlada
ressonância magnética por não haver
hélio”, alertando ainda para o aumento
dos valores de mercado, da ordem dos
500% “nos anos mais recentes.”
TRINTA POR CENTO DE PERDAS
O hélio não se fabrica, extrai-se. “No
Universo é abundante, mas na atmosfera
é residual, não é viável a sua extração”,
nota Manuel Leite de Almeida. O pro-
cesso de extração dá-se a partir do gás
natural, no qual está presente em con-
centrações de dois a três por cento. Em
algumas explorações, é separado do gás
natural, entrando na cadeia de comer-
cialização. Com a descarbonização em
curso e consequente abandono dos pro-
jetos de exploração de gás, “é previsível
que também a extração de hélio venha
a ser afetada”, nota o investigador do
Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear do
Técnico, Mário Lino da Silva, enquanto
nos mostra o tubo de choque que enche
o armazém do CTN e no qual se simulam
as condições de reentrada de uma nave
espacial na atmosfera terrestre – ou uma
estrela cadente. Dependendo do ponto
de origem, um astro como a Lua, uma
estação espacial ou outro planeta do Sis-
tema Solar, as condições de entrada na
atmosfera terrestre são diferentes. E é
isto que se pretende estudar na câmara
de alta pressão na qual é disparado um
laser, o que faz aumentar a pressão e a
temperatura, até ao ponto de combustão.
Neste sistema, composto por hidrogé-
nio, oxigénio e hélio, este último gás
tem como função “manter a combustão
controlada” explica Lino da Silva. Para
tentar minimizar o problema do abas-
tecimento de hélio, o investigador está
a projetar uma forma de reaproveitar o
hélio libertado em cada ensaio, e que
se escapa para a atmosfera, através de
um sistema de canalização que ligará
o laboratório de Plasmas à unidade de
liquefação e reaproveitamento já insta-
lada no CTN.
Como é mais leve do que o ar, todos
os cuidados são poucos para evitar que
o gás se perca. “Há sempre fugas. Um
aparelho de ressonância magnética deve
usar pelo menos uns 500 litros de hélio.
Em média, são necessários dois enchi-
mentos do reservatório por ano”, estima
Manuel Leite de Almeida. “Já aconteceu
termos de socorrer um ou outro hospital
em alturas em que o fornecimento está
atrasado”, revela.
Um complexo sistema de canalização
Num reservatório com capacidade para assegura o abastecimento de hélio ao
cem litros evapora-se cerca de um litro laboratório de Física de Plasmas
por dia (quem nunca viu um balão de
aniversário ir murchando até acabar os de um reservatório para outro perde-se
seus dias rente ao chão?). No CTN está 30% do produto – faz com que em Por-
instalada uma conduta de reciclagem do tugal, distante dos portos de Marselha
hélio usado nas experiências relacionadas ou Roterdão aonde chega, o seu custo
com o estudo do comportamento elétrico seja três vezes mais do que o praticado
e magnético dos materiais e que exigem em França ou na Holanda, diz Leite de
temperaturas baixas, muito próximas do Almeida.
zero absoluto. Recentemente, os Emirados Árabes
O facto de se escapar com muita faci- Unidos vieram juntar-se aos EUA, Rússia
lidade – nas operações de transferência e Argélia na curta lista de países fornece-
dores de hélio. Mesmo assim, Mário Lino
Uma das principais aplicações do gás da Silva não tem dúvidas: “Haverá sem-
está relacionada com a manutenção
pre necessidade de hélio e no meu caso
de temperaturas próximas do zero
absoluto, essencial em alguns estudos não há substituto. As festas de criança
das propriedades dos materiais vão ter de arranjar uma alternativa.” „
65
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
 / PORTUGAL FAZ BEM

RETRATO
AO INTERIOR
como OBS (de sismómetro do fundo do
mar), só um não foi recuperado. O que
é já de si uma grande vitória tendo em
conta tudo o que pode correr mal du-

DA TERRA,
rante o procedimento. É preciso chegar
ao ponto onde foi largado, comunicar
com o sensor instalado no OBS, esperar
por uma resposta, ajustar a localização e

COM BRINDE
ordenar a libertação da base que o agarra
ao fundo para que este suba e possa ser
recuperado. Tudo isto em alto mar e re-
petido 50 vezes.
Cada um destes aparelhos carrega
terabytes de dados que irão ajudar a
perceber as movimentações das rochas
O projeto UPFLOW, coordenado pela investigadora escaldantes enquanto ascendem à super-
Ana Ferreira, tem como objetivo estudar a formação fície e a relação entre estes movimentos
de sismos e vulcões no interior da Terra. Pelo caminho e a formação de vulcões e ocorrência
de sismos. Para poder embarcar nesta
apanhou uma erupção vulcânica no outro lado do mundo,
missão, que decorreu a bordo do navio
baleias a cantar e a explosão de um navio oceanográfico do Instituto Português do
Texto: Sara Sá Fotos: D.R. Mar e da Atmosfera (IPMA), Ana Ferreira
concorreu a um financiamento do Con-

L
icenciada em Engenharia Física e
Tecnológica e professora de sis-
mologia no University College de
Londres, Ana Ferreira não deixa nada ao
acaso no planeamento das missões de
exploração oceanográfica destinadas a
estudar as movimentações do magma no
manto terrestre – a camada entre a cros-
ta e o núcleo, onde nascem os vulcões.
Mesmo assim, mostrou-se surpreendida
com o desfecho da campanha de reco-
lha dos 50 sismógrafos distribuídos pelo
Atlântico, um ano após os equipamentos
terem sido plantados no fundo do mar,
na região entre os Açores, Madeira e Ca-
nárias. “É um bocadinho como magia”,
comentou a investigadora na página da-
quela universidade inglesa, perante o
sucesso da complexa missão.
A recolha do material aconteceu ao
longo do mês de agosto do ano passa-
do e dos 50 equipamentos, conhecidos
selho Europeu de Investigação, que lhe
atribuiu, em 2020, uma bolsa de 2,84
milhões de euros – um milhão para a
operação OBS, o restante para contratar
investigadores. O projeto designado UP-
FLOW junta além do IPMA outras duas
instituições portuguesas, o Instituto Dom
Luiz e o Instituto Superior de Engenharia
de Lisboa.
Nunca tinha sido feito nada assim
naquela região do Atlântico, uma zona

66
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA

A erupção de Tonga, uma das
maiores da história, foi apanhada
de forma acidental pelos
equipamentos instalados a 18 mil
quilómetros de distância
muito importante em termos geofísicos –
onde se juntam as placas continentais da
América, África e Euro-Ásia – e também
económicos, tendo em conta o alto fluxo
de navios de transporte de mercadorias.
Luís Ramos, superintendente, que
fez parte da missão e acompanhou Ana
Ferreira em todas as operações de recu-
peração dos OBS, conta que tudo correu
tão bem que apesar de o navio ter sido
desviado por 48 horas para a busca de
um náufrago francês, o trabalho ficou
concluído três dias antes do previsto.
Durante um mês, os cientistas
a bordo do navio oceanográfico
do IPMA, Mário Ruivo, recolheram
os sismógrafos colocados no
fundo do mar, um ano antes
Mas esta era apenas uma parte – fun-
damental, é certo! – do trabalho. A seguir
veio a abertura dos OBS e a extração dos
dados guardados ao longo de mais de um
ano, a cinco mil metros de profundidade.
“Uma vez que no fundo do mar estamos
muito limitados em termos de sistemas
de comunicação (o GPS não funciona
debaixo de água), não fazíamos ideia de
como estariam os nossos dados antes de
abrirmos os instrumentos, retirarmos o
cartão de dados e começarmos a explo-
rar”, conta a antiga aluna do Técnico na
página da Universidade. “Felizmente, a
qualidade tem-se revelado muito boa”,
revela. E veio com brinde.
CAIXA DE PANDORA
De uma forma completamente ines-
perada, os equipamentos captaram as
vibrações provocadas pelo vulcão Hun-
ga-Tonga, que entrou em erupção em
janeiro de 2022, na Polinésia, ou seja,
praticamente do outro lado do mun-
do. Além de terem registado as ondas
sísmicas, que viajam pelo interior da
Terra praticamente à velocidade da luz,
também detetaram as ondas de pressão
geradas na atmosfera e que depois se
propagaram à água e ao fundo marinho,
chegando aos OBS colocados a 18 mil
quilómetros de distância. “É incrível,
ficamos radiantes”, disse a investiga-
dora portuguesa numa entrevista à BBC.
“O objetivo do estudo são os tremores
de terra. Gravámos as ondas sísmicas
e isso era esperado. Mas depois havia
estas ondas únicas, na atmosfera, que
se seguiram à explosão”, explicou. Estas
ondas chegaram mais tarde, umas horas
depois, já que a sua velocidade é a do
som, centenas de metros por segundo.
A explosão do vulcão submarino de
Tonga foi um evento único, equiparável
apenas à do Cracatoa, na Indonésia, em
67
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
“O OBJETIVO DO ESTUDO
SÃO OS TREMORES DE
TERRA. GRAVÁMOS AS
ONDAS SÍSMICAS E
ISSO ERA ESPERADO.
MAS DEPOIS HAVIA
ESTAS ONDAS ÚNICAS,
NA ATMOSFERA, QUE SE
SEGUIRAM À EXPLOSÃO”
ANA FERREIRA
INVESTIGADORA E PROFESSORA
NO UNIVERSITY COLLEGE DE LONDRES
1883. Nunca uma erupção desta dimen-
são tinha sido captada por instrumentos
de tamanha precisão. Além disso, avança
Ana Ferreira, à profundidade a que estão
colocados, as correntes são possivelmen-
te mais fracas e há pouca vida – “não
há muitos peixes a dar encontrões nos
instrumentos” - e parece haver pouco
ruído.
Esta fase de análise dos dados tem-
-se revelado uma verdadeira caixa de
Pandora, tendo sido apanhado o canto
e a conversa de baleias, mais intenso
durante as migrações de inverno, o ruído
de navios e até a explosão do navio Feli-
city Ace, que se incendiou ao largo dos
Açores em fevereiro de 2022, com quatro
mil carros de luxo a bordo. Pelos registos,
percebeu-se que durante o naufrágio
ocorreu mais do que uma explosão.
Ana Ferreira e a sua equipa estão agora
mergulhadas em dados, únicos, com
o intuito de virem a produzir imagens
mais detalhadas do interior da Terra.
Com este retrato, “uma espécie de TAC”,
esperam chegar até aos 2800 quilómetros
do interior da Terra. A equipa também
irá verificar se existe uma relação entre
a formação dos três arquipélagos da Ma-
deira, Açores e Canárias. „
 / PORTUGAL FAZ BEM

A Vicoustic fabrica cabines

acústicas de diferentes
tamanhos: dos quatro aos
12 metros quadrados

M
al entramos na cabine, sen-
timos logo uma enorme di-
ferença, quase como se ti-
véssemos atravessado um portal para
uma dimensão diferente. De repente,
os ruídos desaparecem, instala-se um
silêncio reconfortante e a nossa voz pa-
rece ganhar corpo. “A ideia é criar um
espaço de privacidade”, diz-nos César
Carapinha, fundador e diretor executivo
da Vicoustic.
E quando nos sentamos para jogar
Dirt 5, um videojogo de corridas, rapi-
damente o som do motor, o derrapar do
carro na pista e o barulho das ultrapas-
sagens enchem o pequeno espaço quase
como se estivéssemos dentro do veículo.
A escolha do jogo de demonstração por
parte da Vicoustic não foi inocente –
o estúdio de desenvolvimento Code-
masters, responsável pelo simulador de
corridas, encomendou quatro VicBooth
Gaming à empresa portuguesa.
Esta cabine foi concebida a pensar em
quem gosta de videojogos. É que além de
criar um ambiente quase perfeito para

O SOM
a propagação do som dentro daquele
espaço, tem a vantagem de funcionar
também como isolador acústico – ou
seja, quem está lá dentro pode abusar no
volume do som que do lado de fora pouco
ou nada se ouve. A cabine é capaz de

DO SILÊNCIO
reduzir em cerca de 30 decibéis o ruído
– em termos práticos, é como se de um
momento para o outro o barulho de uma
máquina de lavar roupa, no momento de
centrifugação, passasse para o equiva-
lente a um mero sussurrar. “Aqui estamos
num ambiente totalmente controlado. A
cabine de gaming tem mais cuidado com
A Vicoustic é uma empresa portuguesa de engenharia que a acústica dentro do espaço”, sublinha
o CEO da Vicoustic.
cria produtos de isolamento de som e tratamento acústico.
O modelo em exposição na sede da
Faz mais de mil projetos por ano e até já ajudou a criar empresa, na Charneca da Caparica, tem
salas para grandes tecnológicas como a Apple e a Microsoft. 12 metros quadrados, mas uma das vanta-
A mais recente aposta da marca é a VicBooth Gaming, gens das cabines produzidas pela Vicoustic
é serem modulares. Isto significa que é
uma cabine pensada para videojogos
possível fabricá-las em diferentes tama-
Texto: Rui da Rocha Ferreira Fotos: D.R. nhos (variam entre os quatro e os doze

68
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
 A VicBooth Gaming aposta
num design interior mais
jovem e numa insonorização
ideal para quem gosta de
jogar de forma mais imersiva

VICOUSTIC
EM NÚMEROS

3
FÁBRICAS EM PAÇOS DE FERREIRA
interior distinto). Tudo começou com

5 ,6
Uma das vantagens destas cabines é a
modularidade: são fáceis de transportar
e montar na casa dos clientes
MILHÕES DE EUROS
EM RECEITAS (2022)
cabines para músicos, que precisavam
de simular o ambiente de um estúdio
em casa. Depois foi evoluindo para os
espaços de cinema em casa e para o am-
biente de escritório, estas cabines mais
pequenas, com espaço para apenas uma
pessoa, para fazer reuniões online sem

80
metros quadrados, estando a ser prepara-
do um modelo de 20 metros quadrados),
bastando para isso acrescentar mais peças,
quase como se fosse uma construção em
Lego. No site da empresa, fundada em
2007, é possível fazer uma configuração
perturbar quem está à volta.
Praticamente tudo o que a Vicoustic
produz é para vender para outros paí-
ses – Portugal representa apenas 1%
do negócio da empresa. China, EUA e
FUNCIONÁRIOS Alemanha são os principais mercados,

personalizada das cabines, cujos preços
começam nos 7.000 euros. Em alternativa,
pode pedir que seja a própria Vicoustic a
fazer um projeto de insonorização. A mo-
dularidade é mesmo apontada por César
Carapinha como uma das duas grandes
inovações da empresa face a outros sis-
99%
com a empresa a fazer atualmente uma
média de mil projetos todos os anos. Na
Charneca da Caparica está a equipa de
design, que transforma uma sala de estar
comum numa sala com uma acústica
DA PRODUÇÃO PARA EXPORTAÇÃO muito superior. Em Paços de Ferreira
estão as fábricas responsáveis pela trans-

temas de isolamento de som.
Mas a tecnologia que distingue verda-
deiramente a Vicoustic da concorrência
está no processo de fabrico. A empresa
criou um mecanismo de termomolda-
gem que permite imprimir diretamente
8203
formação do material e pela construção
dos produtos – além das cabines, a Vi-
coustic também faz painéis, papel de
parede e candeeiros acústicos –, e um
GARRAFAS RECICLADAS POR CABINE
laboratório no qual é testada a eficácia
de absorção sonora.

nas fibras da espuma de politereftalato de
etileno (PET), o que faz com que a empresa
consiga dar diferentes aspetos aos painéis
acústicos. A Virtual Material Technology
(VMT, tecnologia de material virtual, em
tradução livre) permite forrar uma pare-
de com material isolador acústico, mas
ao olhar dos visitantes vai parecer uma
simples parede em madeira ou com outro
acabamento. E apesar do aspeto, o material
continua transparente ao som, ou seja,
continua a ter uma forte absorção do áudio.
PROJETOS ESPECIAIS
Antes de decidir criar uma cabine es-
pecificamente para videojogos, por ser
300
TONELADAS DE
PLÁSTICO RECICLADO USADO
um mercado que está a ter um grande
crescimento, não só junto dos utiliza-
dores finais, mas acima de tudo junto de
criadores de conteúdos para plataformas
como o YouTube ou a Twitch, a Vicoustic
já fazia cabines semelhantes, mas para
outras finalidades (e com um design
Mas há projetos especiais que se des-
tacam e há dois que César Carapinha
sublinha – duas salas acústicas feitas
para a Apple e para a Microsoft. No caso
da Apple, o contacto foi feito através do
revendedor da Vicoustic nos EUA, para
a criação de uma sala, com elementos
de insonorização, para testes de produ-
tos de áudio – quais, especificamente, o
CEO nunca chegou a saber. Já no caso da
Microsoft, a Vicoustic foi responsável por
criar uma sala de testes para algoritmos
de reconhecimento de voz da gigante
americana. “Em Portugal também se
fazem coisas boas. O made in Portugal
tem muito valor”, sublinha. „

69
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA

MOSTRAR
QUEM MANDA
TESLA MODEL S PLAID DESDE €142 975
P
or fora, as diferenças entre o novo
S e o anterior poderão passar des-
percebidas, mas uma observa-
ção mais cuidada revela um design mais
musculado, com destaque para o aumen-
to da largura na zona das rodas. Este é
um carro bem diferente do antecessor:
praticamente todos os painéis do novo
S são diferentes e os vários subsistemas
mecânicos e elétricos são novos ou foram
alvo de otimizações profundas.
Na loja online portuguesa da marca é
possível escolher entre duas versões do
S, ambas de elevadíssima potência: a
versão base, com dois motores, acelera-
ção dos 0-100 km/h em 3,2 segundos e
autonomia WLPT de 634 km, que custa
cerca de 117 mil euros; e o Plaid, o que
testámos, com três motores, autonomia
WLPT de 600 km e aceleração dos 0 aos
100 km/h em… 2,1 segundos.
MAIS DE 1000 CAVALOS
Se os Tesla já eram conhecidos por ace-
lerações “insane” e “ludicrous”, o que
dizer deste Plaid? Demos várias boleias
e, numa discussão entre as ‘cobaias’,
houve até quem dissesse que sentiu o
cérebro a mover-se dentro do crânio. A
aceleração não é progressiva: sentimos,
mesmo, uma pancada quando acelera-
mos a fundo. Não é, portanto, apenas
uma questão de potência. É, também,
a forma como o carro consegue colocar
tanta potência no chão. Resultado das
vantagens das motorizações elétricas (a
disponibilidade imediata do binário e um
controlo muito mais preciso da tração) e
da implementação feita pela Tesla. É in-
crível como a aceleração é feita de forma
repentina e em segurança. Raramente se
ouve os pneus a escorregar e até pode-
mos acelerar a fundo em estradas com
mau piso – em situações em que outros
carros simplesmente se ‘voltariam contra
o dono’. A tração integral ajuda neste
aspeto. Ainda mais impressionante é o
O yoke e os botões de controlo dos
piscas têm problemas de ergonomia
sérios. Não é uma boa ideia
70
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
Pode não parecer,
mas o Model S Plaid
é um novo carro,
com melhorias em
todos os aspetos
facto de a referida pancada até se sentir a
partir de velocidades elevadas. De outro
modo, este carro não é só rápido dos 0 aos
100. Também é rápido dos 100 aos 200!
YOKE: QUE PÉSSIMA IDEIA!
Por vezes deparamo-nos com ideias que
são tão más que é difícil de compreender
como alguém autorizou a sua implemen-
tação. É o caso do yoke, tipo manche
de avião, que substitui o volante tradi-
cional. Não é um problema em estradas
com curvas abertas, mas basta fazer uma
rotunda ou uma curva apertada para se
notar a falta de apoio da meia-lua que não
está onde deveria estar. O yoke poderia
fazer sentido se a direção fosse muito
mais direta, mas numa direção mecâni-
ca tradicional, em que a amplitude é de
duas voltas, acabamos por ter de cruzar
os braços de forma desconfortável e até
perigosa. A reação negativa dos clientes
foi tão evidente que a Tesla já permite,
no ato de encomenda, escolher o volante
‘normal’ sem qualquer custo extra.
Mas há uma outra (má) coisa que o
volante tradicional não corrige: os botões
para controlar os indicadores de direção,
os piscas. Em vez da habitual (e com-
provada) alavanca satélite, existem dois
botões no lado esquerdo do yoke. Uma
vez mais, depois de algum hábito, até é
simples usar o polegar da mão esquerda
para usar os piscas… A não ser quan-
do estamos a fazer curvas apertadas.
Por exemplo, numa rotunda, torna-se
uma verdadeira dor de cabeça conseguir
ativar o pisca para indicar que vamos
sair da rotunda. É que, nesta situação,
o volante/yoke pode estar rodado 180
A app de acesso remoto é a
mais avançada do mercado,
disponibilizando um vasto
leque de funcionalidades
graus e os botões ficam ao contrário.
Resultado: em alguns casos acabámos
por fazer o pisca para o sentido oposto
ao pretendido.
MAIS LUXO E TECNOLOGIA
A tecnologia sempre assumiu um papel
central nos Tesla. E as novas gerações do
S e X têm novidades importantes neste
capítulo. Continuamos a considerar que
seria preferível ter uma ou duas rodas de
comando tradicional para acertos mais
rápidos, que não obrigassem a recorrer
ao ecrã tátil. Mas a evolução do controlo
por voz menoriza este ‘problema’.
O design interior parece-nos signifi-
cativamente melhor e há mais materiais
suaves ao toque. Muitos dos painéis que
antes eram de plástico são, agora, for-
rados por alcatifa ou outros materiais
com ‘bom toque’. O Model S continua
a não ser um carro para quem valori-
za detalhes como cromados, costuras à
mão ou iluminação LED personalizada.
O conceito de design base da marca, o
minimalismo, continua a ser eviden-
te. Mas está mais bem implementado.
Um bom exemplo disso mesmo são as
saídas de ventilação escondidas, cujo
direcionamento e dispersão pode ser
controlado, ao pormenor, no ecrã tátil.
Como já acontecia nos Model 3 e Y.
Outro exemplo de luxo é o ecrã central
traseiro, que permite reproduzir conteú-
dos multimédia para os passageiros do
banco de trás. Por exemplo, os passagei-
ros podem assistir a um filme via Netflix,
Nesta zona é possível fazer
o carregamento sem fios
de dois smartphones
O novo ecrã traseiro pode ser usado para
reproduzir conteúdos via streaming de
serviços como o Netflix ou o YouTube
NOTA FINAL
4
DESEMPENHO
CARACTERÍSTICAS
QUALIDADE/PREÇO
tesla.com
CARACTERÍSTICAS
Motor 760 kW (1022 cavalos) ○ Acel. 0-100 km/h 2,1
segundos ○ Vel. Máxima 322 km/h ○ Bateria 100 kWh (95
kWh usáveis), autonomia 600 km (WLTP) ○ Potência de
carregamento 17 kW (AC) e 250 kW (DC)
AUTONOMIA INTERFACE COMUNICAÇÕES
Muito bom Excelente Excelente
uma das apps integradas no sistema de
infoentretenimento, durante as viagens
– algo que só é possível no ecrã frontal
com o carro parado.
Mas o que mais impressiona é a ca-
pacidade de processamento gráfico do
sistema. Não nos referimos, neste caso,
aos poderosos chips da própria Tesla, que
são usados para os sistemas de apoio à
condução através do processamento e
interpretação das imagens das várias câ-
71
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
Agora é possível instalar jogos
do Steam e alterar o ângulo do
ecrã de elevada resolução
maras instaladas ao redor do carro (Tesla
Vision). Referimo-nos ao processamento
do sistema de infoentretenimento, que,
segundo a Tesla, tem uma capacidade
ao nível da PlayStation 5. Considerando
a nossa experiência, acreditamos que
assim seja. O Steam para o Tesla que,
segundo percebemos, usa um sistema
operativo Linux, funciona de forma si-
milar ao Steam que conhecemos no PC.
Basta introduzir os dados da nossa conta
e passamos a ter acesso à nossa biblio-
teca de jogos. E há muitos comandos
compatíveis.
VEREDICTO
Parece-nos que o Model S Plaid é mais
uma forma de a Tesla ‘pôr a concorrên-
cia no lugar’ do que um carro que faça
sentido. Como não faz (qualquer) sentido
o yoke e os comandos dos piscas. Mas
não há dúvida que o S Plaid é incrível
em muitos aspetos, com destaque para
a tecnologia a bordo. Há outros sistemas
de infoentretenimento impressionan-
tes, como o Hyperscreen do Mercedes
EQS, mas o sistema da Tesla acaba por
ser mais eficiente. Há um foco no que
mais importa em vez de uma infinidade
de aplicações e menus pouco funcionais.
Quanto à dinâmica, o Model S Plaid
APOIO À CONDUÇÃO
Muito bom vem, uma vez mais, mostrar que a Tesla
sabe fazer carros eficientes. Aliás, basta
ver o que aconteceu com o famoso teste
do Alce, onde o Model Y, um SUV, fez
melhor que o desportivo e muito mais
caro Porsche Taycan.
O Model S Plaid é um elétrico racional?
Longe disso! Mas é o carro mais impres-
sionante que já testámos. E uma demons-
tração que a marca californiana continua
a manter uma distância significativa para
os concorrentes naquilo onde já era me-
lhor e evoluir no bom sentido nas áreas
que não dominava. Sérgio Magno

MÁQUINA DE
FAZER SORRISOS ID. BUZZ PRO €71 501
A
Buzz era o ID. que mais quería-
mos testar. Por vários motivos,
a começar pelo design inspira-
do no icónico ‘pão de forma’. Nunca é
fácil lançar versões comemorativas de
clássicos, ainda mais quando se trata de
uma carrinha que se tornou um sím-
bolo cultural nas décadas de 60 e 70.
Mas a Volkswagen conseguiu ‘acertar
em cheio’. Pelo menos a acreditar nas
inúmeras reações positivas que ouvimos
durante os dias de ensaio. Começou,
minutos depois de levantarmos o carro,
com um motard que parou ao nosso lado
junto a um semáforo para dizer “muito
giro, sim senhor!”. Mas nem imaginá-
vamos o que viria a seguir: pediram-nos
para tirar fotos ao lado do Buzz, para ver
o interior, fizeram-nos ‘n’ perguntas
sobre as características… Houve, até,
uma reunião a que o autor deste texto
chegou atrasado depois de ter estado
uns 10 a 15 minutos a falar do carro num
parque de estacionamento em Lisboa a
um grupo de curiosos muito insisten-
tes. E, convenhamos, a desculpa “foi
por causa do ‘pão de forma’ elétrico”
está ao nível do “foi o cão que comeu
o meu trabalho de casa”. Uma coisa
é certa, nem um superdesportivo faz
‘virar tantas cabeças’.
O ‘pão de forma’ original assumiu di-
ferentes formatos e foi submetido a um
sem número de transformações, incluin-
do para caravanismo. Uma consequência
do formato ‘quadradão’, que garante
um grande aproveitamento do espaço
interior. O que se repete na ID. Buzz.
Aliás, se a plataforma da Volkswagen,
criada exclusivamente para elétricos, já
permitia libertar muito espaço a bordo
dos outros ID., no Buzz essa disponibi-
lidade é potenciada pelo formato. Nem
um Range Rover tem tanto espaço para os
passageiros ou na mala. No Buzz, cabem,
à vontade, cinco adultos. E respetiva ba-
gagem para uns bons dias de férias. Mas
ficámos desiludidos com a inexistência
de uma terceira fila para adicionar dois ou
mesmo três lugares. Será preciso esperar
mais uns meses para a VW lançar a ver-
são com sete lugares. Há outros aspetos
que poderiam melhorar a polivalência.
Por exemplo, ao contrário da Volkswagen
Multivan, os bancos não são amovíveis e
são rebatíveis ‘apenas’ em 60/40 – numa
carrinha deste tipo, era de esperar um
controlo independente tipo 40/20/40.
72
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
O carro mais
‘instagramável' do
momento. Ninguém
fica indiferente à
passagem do ID. Buzz
Por outro lado, na versão testada, uma
plataforma na mala permite aprovei-
tar melhor o imenso espaço em altura,
criando uma zona de arrumação infe-
rior. Outra vantagem desta plataforma
é que cria uma base contínua e plana
quando os bancos estão rebatidos, que
pode servir para, por exemplo, suportar
uma cama de casal. O que conjugado
com a tomada de 230 volts opcional
melhora a funcionalidade para quem
gosta de acampar.
As portas laterais de correr são outra
vantagem funcional evidente. Além de
facilitarem o acesso, lidam melhor com
espaços apertados nos estacionamentos.
COMPORTAMENTO DE CARRO
Ao contrário do que tantas vezes acon-
tece com carrinhas, a Buzz usa, como
referido, a mesma plataforma de carros
como o ID.3, ID.4, ID.5, Audi Q4 e-Tron
ou Cupra Born. É, portanto, natural que
o comportamento e conforto sejam pró-
ximos do que estamos habituados em
carros. Não se pode dizer que o Buzz

A plataforma para a mala permite
criar uma zona de arrumação e um
espaço para, com os bancos traseiros
rebatidos, colocar um colchão
seja rápido, até porque está longe de ofe-
recer aquela aceleração a que estamos
habituados nos elétricos. Mas tem uma
aceleração satisfatória e curva de modo
previsível. Não se pode abusar, mas não
faz sentido comprar uma carrinha para
andar a procurar limites em curvas.
A suspensão e a posição elevada dos
bancos ajudam no conforto, embora os
bancos nos tenham parecido um pouco
duros demais. Quanto aos materiais, os
muitos plásticos a bordo encaixam bem
no conceito alegre e minimalista deste
carro. Mas já se notavam alguns ruídos
parasitas na Buzz ensaiada, o que não
é ideal.
TECNOLOGIA: ‘OUTRA VEZ ARROZ’
Não precisamos de analisar profunda-
mente o sistema de infoentrenimento
porque é o mesmo que já conhecemos
de outros ID. da VW. O que não é grande
O design interior segue o estilo
alegre do exterior. O módulo de
arrumação entre os bancos da
frente é removível
referência: interface pouco intuitiva e
algo lenta a responder e painéis táteis
no volante e no controlo dos elevadores
dos vidros que levam a ações acidentais.
Um dos piores exemplos continua a ser
a componente de controlo da climatiza-
ção. Falhas irritantes que, neste carro,
acabam por passar mais despercebidas
devido a todo o bom ambiente criado
pelo design. E como é sempre possível
usar o Android Auto ou o Apple CarPlay,
parte importante das limitações são ul-
trapassadas.
EFICIÊNCIA E CARREGAMENTO
A autonomia anunciada está acima
dos 420 quilómetros, mas é de espe-
rar um valor mais próximo dos 350 km
em circuito misto e de uns 250 km em
autoestrada. Isto porque o consumo é
bem mais elevado do que estamos ha-
bituados. Apesar dos muitos exageros ao
volante do Model S Plaid, analisado nas
páginas anteriores, e da condução suave
do Buzz, acabámos os ensaios destes
veículos com médias similares. Certa-
mente uma consequência do tal formato
quadradão, que afeta a aerodinâmica. É
difícil conseguir médias abaixo dos 20
kWh/100 km e fácil de ficar próximo
dos 30 kWh /100 km em autoestrada.
NOTA FINAL
3,3
DESEMPENHO
CARACTERÍSTICAS
QUALIDADE/PREÇO
volkswagen.pt
CARACTERÍSTICAS
Motor 150 kW de potência e 310 Nm de binário ○ Acel.
0-100 km/h 10,2 segundos ○ Vel. Máxima 145 km/h ○
Bateria 82 kWh (77 kWh usáveis), autonomia 410 km (WLTP)
○ Potência de carregamento 11 kW (AC) e 175 kW (DC)
AUTONOMIA INTERFACE COMUNICAÇÕES APOIO À CONDUÇÃO
Bom Fraco Bom
73
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
As portas laterais
de correr facilitam o
acesso, sobretudo em
espaços apertados
Felizmente, a potência máxima de car-
regamento que medimos em postos ul-
trarrápidos ultrapassa os 180 kW (acima
do anunciado da marca) e, ainda mais
importante, a potência de carregamento
mantém-se elevada. Medimos um pouco
mais de 100 kW com a bateria a 50% de
carga, cerca de 90 kW a 60% e, ainda
mais impressionante, 80 kW com a ba-
teria entre 80 e 90%. De outro modo, a
velocidade real de carregamento pode
até ser mais elevada que em outros carros
que suportam potências máximas mais
elevadas porque o Buzz tem uma curva
de carregamento ‘mais plana’. Ou seja,
a potência desce menos com a subida
da percentagem da bateria carregada.
Um exemplo concreto: o Tesla Model 3
Performance até começa o carregamento
a 250 kW, mas a partir de, sensivelmen-
te meia carga (50% da bateria), o Buzz
carrega mais rapidamente.
Outro dado curioso: o ID. Buzz mos-
trou, no teste de carregamento rápido,
suportar potências mais elevadas que o
ID.5 que testámos recentemente. Curioso
porque seria de esperar que a bateria e
o sistema elétrico fossem os mesmos.
Considerando estes dados, parece-nos
que são diferentes ou que a VW optou
por mudar o software que gere o carre-
gamento, permitindo potências maiores
no Buzz.
VEREDICTO
O ID. Buzz é um veículo muito parti-
cular. De tal modo que estamos con-
vencidos que muita gente vai comprar
esta carrinha por impulso. E só mesmo
a emoção permitirá aceitar o preço pedi-
do. Se já tivesse sete lugares seria (ainda)
mais diferenciador, mas como justificar
mais de 70 mil euros quando, por exem-
plo, um Tesla Model Y começa nos 47
mil? São carros diferentes, é certo, mas é
difícil perceber por que razão o ID. Buzz
custa tanto. Por outro lado, qual o valor
de um sorriso? É que nunca vimos um
Bom carro capaz de fazer tanta gente sorrir
quanto o Buzz. Sérgio Magno
APLICAÇÕES

CONTRA A INFLAÇÃO,
POUPAR, POUPAR!
Os efeitos da inflação galopante vão continuar a refletir-se nos
preços de diferentes categorias de produtos nos próximos meses.
Neste guia, dizemos-lhe que aplicações deve ter no smartphone e
que sites usar para gastar menos dinheiro nas compras, nas
despesas de casa, no combustível e até nas merecidas férias
Por Rui da Rocha Ferreira

COMO FIZEMOS
AS ESCOLHAS?
Aplicações e sites que dão descontos há muitos.
Por isso focamo-nos naqueles que dão uma visão o
mais abrangente possível dos preços de uma categoria
específica de produtos. Desta forma é possível fazer
uma comparação direta entre diferentes vendedores,
o que vai ajudá-lo a fazer uma escolha mais informada
e barata. E, em boa verdade, os agregadores de preços
são mais convenientes de usar. Assim, em vez
de ter que usar várias aplicações para uma única
categoria de produto, destacamos
ferramentas que reúnem toda essa
informação numa única
74 aplicação.
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
 SUPERSAVE
COMO POUPAR?
A app junta informação sobre os preços de
produtos vendidos em diferentes cadeias
de supermercado e diz-lhe onde são mais
baratos. A funcionalidade mais valiosa é
a lista de compras – o utilizador faz uma
lista do que precisa comprar e a SuperSave
calcula, mediante o preço de todos os
produtos em diferentes supermercados,
a qual deve ir para conseguir a maior
poupança. Se já estiver no supermercado
e com dúvidas se deve ou não comprar
um produto, a aplicação tem um leitor de
código de barras que lhe diz se o que tem
na mão está com o melhor preço ou se há
quem o faça bem mais barato.
QUANTO POUPO?
Dependerá do que comprar e em que
quantidades. Fizemos uma lista de compras
básica (leite, queijo, arroz, massa, cereais,
azeite, feijão) de produtos de marca (aqueles
que são comuns a todos os supermercados,
ao contrário dos de marca própria) e, graças
ao comparador, conseguimos reduzir a
fatura de 26,12 euros para 15,07 euros,
uma poupança de 42% (mas que implica a
visita a vários supermercados). Num único
supermercado, então ficaria um pouco mais
caro (15,96 euros pelo cabaz), mas pouparia
nas deslocações.
MAIS VANTAGENS
Mostra evolução dos preços dos produtos
Alertas de promoções em produtos
específicos
GRÁTIS / ANDROID / iOS
TOO GOOD TO GO
COMO POUPAR?
As refeições e caixas de comida (magic
boxes) vendidas através da Too Good
To Go são as que foram preparadas
pelos estabelecimentos, mas não foram
vendidas. Num restaurante pode ser uma
dose do prato do dia. Num café, uma caixa
de bolos e pães. Um elemento importante –
em algumas magic boxes não conseguimos
saber antecipadamente o que lá vem
dentro, pois varia consoante os excedentes
desse dia. Na aplicação, basta escolher o
que quer comprar, escolher a quantidade,
fazer o pagamento e ir levantar à hora e
locais indicados na aplicação.
QUANTO POUPO?
Podemos partilhar dois exemplos de
compras que fizemos. Numa delas,
adquirimos duas caixas de sushi num
supermercado, que tipicamente custariam
ambas 18,44 euros, mas por apenas dez
euros. Noutro caso, compramos duas
pizzas de tamanho individual, acabadas
de sair do forno, num restaurante, por
apenas quatro euros quando em condições
normais custariam 14 euros.
MAIS VANTAGENS
Inclui pastelarias,
supermercados e restaurantes
Funciona em todas
as capitais de distrito
GRÁTIS (COMPRAS INTEGRADAS) / ANDROID / iOS
75
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
VIVINO
COMO POUPAR?
A Vivino ajuda a perceber o preço médio
das garrafas de vinho. Para isso usa um
algoritmo de reconhecimento de imagem
e texto para identificar os rótulos das
garrafas (marca, ano da colheita, branco
ou tinto, etc). Basta abrir a aplicação e
tirar uma fotografia à garrafa que pretende
comprar para perceber se o preço está
em linha com o mercado. A app também
mostra uma variação dos preços por ano
de colheita e respetiva classificação dos
utilizadores – por vezes uma garrafa mais
barata tem uma classificação igualmente
positiva, o que pode acabar por ser uma
introdução mais económica a uma marca
específica de vinhos.
QUANTO POUPO?
As poupanças são de apenas alguns euros
por garrafa, o que, dependendo do seu
perfil de consumo (em Portugal bebem-
se em média 52 litros de vinho, por ano,
por pessoa), poderá traduzir-se numa
poupança de dezenas de euros. Mas se
tiver por hábito oferecer garrafas de vinho
em eventos (como Vinho do Porto em
aniversários ou prendas de Natal), aí as
poupanças poderão ser mais significativas.
MAIS VANTAGENS
Pesquisa por intervalo de preço
Ordena colheitas
pelos melhores preços
GRÁTIS / ANDROID / iOS
APLICAÇÕES
ÕES
myRNE
COMO POUPAR?
Os transportes públicos são das formas
mais económicas de viajar. A aplicação
myRNE pertence à Rede Expressos e
integra um elevado conjunto de rotas de
longo curso e várias empresas rodoviárias.
Mas não basta ter a aplicação, é preciso
saber usá-la. Isto porque os bilhetes mais
baratos são disponibilizados em menor
quantidade (entre dois e seis bilhetes por
autocarro). O nosso conselho é que reserve
as viagens, se possível, exatamente com
um mês de antecedência para garantir os
bilhetes mais baratos.
QUANTO POUPO?
É comum fazermos viagens entre Lisboa
e Porto (e vice-versa). Se compradas com
o método indicado, uma viagem de ida e
volta, efetuada de segunda a quinta ou aos
sábados, fica por apenas 10 euros (ida e
volta, reforçamos!). Às sextas e domingos
(dias com maior procura) fica por 16 euros.
Sem os descontos, a mesma viagem chega
a custar 40 euros – ou seja, a poupança
pode chegar aos 75%!
MAIS VANTAGENS
Viagens a €4,99 euros
para várias localidades
Até 65% de desconto
em bilhetes não promocionais
GRÁTIS (COMPRAS INTEGRADAS) / ANDROID / iOS
MAIS GASOLINA
COMO POUPAR?
A Mais Gasolina é uma aplicação e um
site indexador de preços de combustível
de centenas de postos de abastecimento
no País. A plataforma ajuda-o a descobrir
quais são os postos de combustível mais
baratos (e os mais caros, portanto, aqueles
que provavelmente quererá evitar) perto
de si. Mas lembre-se de ter em conta a
relação entre distância e preço: se para
poupar dois cêntimos por litro precisar de
fazer uma deslocação de 10 quilómetros,
por exemplo, essa poderá não ser a
escolha mais acertada.
QUANTO POUPO?
Vamos usar um exemplo prático.
Junto à nossa redação, num raio de 5km,
existem duas bombas de gasolina. Com
o Mais Gasolina percebemos que, na
bomba da marca A, o preço da gasolina
95 simples era de €1,719 no dia em
que escrevemos este artigo. Na bomba
da marca B, o preço era de €1,829 por
litro. Uma diferença de 11 cêntimos por
litro, o que num depósito de 40 litros
permite poupar imediatamente 4,4 euros.
Se atestar pelo menos uma vez todos os
meses, já poupa 52,8 euros num ano.
MAIS VANTAGENS
Informação atualizada
semanalmente
Alertas de alteração de preços
GRÁTIS / ANDROID / iOS
76
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
GOOGLE MAPS
COMO POUPAR?
Uma nova funcionalidade lançada em
meados do ano passado – e que nem
todos poderão ainda conhecer –, permite
escolher o caminho que usa menos
combustível ou energia elétrica na
viagem de carro. Para ativá-la siga os
seguintes passos: Pesquise a morada de
destino, selecione Direções e carregue
nos três pontos na parte superior direita
do ecrã. Aí escolha opções de trajeto e
selecione Preferir trajetos eficientes
em combustível. Logo abaixo, escolha a
tipologia de motor do seu carro. Como o
Maps tem em conta diferentes tipologias
de veículos, os trajetos variam de utilizador
para utilizador.
QUANTO POUPO?
Tudo dependerá do percurso que fizer. Mas
numa viagem entre a nossa redação (Paço
de Arcos) e o Parque das Nações (Lisboa),
é possível poupar até 9% de gasolina se
escolhermos o trajeto mais eficiente. Já
numa viagem entre Lisboa e a Covilhã,
escolher a rota mais ecológica rende
uma poupança de 12% em combustível.
Neste último exemplo, isso traduz-se
numa poupança média de 8 euros em
combustível nessa viagem (ida e volta).
MAIS VANTAGENS
Rotas ecológicas
calculadas em tempo real
Menos poluição
GRÁTIS / ANDROID / iOS
 THEFORK
COMO POUPAR?
Esta aplicação permite fazer reservas
em dezenas de restaurantes com
descontos bastante significativos sobre
o preço dos pratos (não inclui bebidas ou
sobremesas). Para isso basta escolher
o restaurante onde quer ir (da lista
disponível), selecionar Reservar e esperar
pela confirmação. O desconto será depois
aplicado na fatura final. Além disso, a
aplicação disponibiliza várias vezes um
evento (TheFork Festival) que dá acesso a
um desconto de 50% em toda a carta dos
restaurantes aderentes.
QUANTO POUPO?
O valor do desconto varia de restaurante
para restaurante. Há alguns nos quais
chega mesmo aos 50%. E uma das
melhores partes é que o TheFork tanto
dá desconto em restaurantes com menus
mais caros (ajudando-os a tornar mais
acessíveis), como em espaços com menus
já acessíveis (o que torna um jantar fora
muito menos dispendioso). Num dos
exemplos que fizemos, um jantar de 37
euros teve um desconto de 30%, uma
poupança de 11 euros.
MAIS VANTAGENS
Faça reservas com 3 meses
de antecedência
Inclui restaurantes
no estrangeiro
GRÁTIS / ANDROID / iOS
ZOMATO
COMO POUPAR?
A Zomato é uma plataforma
de descoberta de restaurantes e consulta
de preços de ementas. Logo aqui pode
poupar – ao comparar o menu de duas
pizzarias, sabe qual ficará mais em conta.
Mas o nosso conselho é outro – dar um
passo atrás para dar dois em frente.
Isto é, subscrever a assinatura Zomato Pro
para ter acesso a descontos que vão até
aos 40% sobre o valor final da refeição.
O preço típico da subscrição é de 30 euros
por ano, mas a nossa experiência
diz-nos que, por várias vezes ao ano,
a Zomato vende subscrições a preços
mais acessíveis.
QUANTO POUPO?
O desconto aplicado varia de restaurante
para restaurante. Mas é comum haver
espaços que aplicam 20% de desconto
sobre o valor total da refeição. Num jantar
de duas pessoas que custe 40 euros com
tudo incluído, significa que no final só vai
pagar 32 euros. Quanto mais usar, mais
vai rentabilizar a subscrição. Podemos
dar um exemplo próprio: um membro da
nossa redação já poupou 78 euros em
12 utilizações (o que dá uma poupança
média de quase 7 euros por refeição). A
subscrição está mais do que paga.
MAIS VANTAGENS
Menus com informação detalhada
Dezenas de restaurantes parceiros
GRÁTIS (SUBSCRIÇÃO €30/ANO) / ANDROID / iOS
77
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
TRIP.COM
COMO POUPAR?
Esta aplicação permite fazer reservas
de voos, hotéis e também viagens de
comboios. Ou seja, é ideal para planear
as próximas férias. Tem a vantagem
de integrar informações de dezenas
de operadores de voo e de instalações
hoteleiras, assim como dados de várias
companhias ferroviárias de diferentes
zonas do mundo (incluindo na Europa).
O sistema de pesquisa permite ter
sempre os resultados mais baratos
em primeiro lugar.
QUANTO POUPO?
Usamos a Trip.com para reservar voos
para uma viagem recente entre Lisboa
e Budapeste (Hungria) e os preços
conseguidos na aplicação eram, pelo
menos, 40 euros mais baixos do que
noutros sites comparadores de preços.
Além disso, permite-nos ter uma visão
abrangente dos preços, através da
funcionalidade de históricos: reservar,
neste momento, uma viagem para Londres
em dezembro custa 100 euros, ida e
volta, enquanto se for em novembro
conseguimos preços de 74 euros (uma
poupança de 25%).
MAIS VANTAGENS
Gráfico com preço
médio diário dos voos
Permite criar alertas
para baixas de preços
GRÁTIS (COMPRAS INTEGRADAS) / ANDROID / iOS
 APLICAÇÕES
ÕES
KUANTOKUSTA
COMO POUPAR?
Encontrar um produto é tão fácil como
pesquisar o nome e selecionar a loja na
qual vai fazer a compra. Como há muitos
vendedores diferentes, alguns dos quais
pouco conhecidos, informe-se primeiro
sobre a loja onde vai comprar (procure
se tem loja física, qual a política de apoio
ao cliente e garantia, cruze informação
com o Portal da Queixa sobre eventuais
reclamações). Outra mais-valia do
KuantoKusta é o histórico de preço, que
encontra no final da página de cada produto.
Lembre-se: o preço mais barato de hoje
pode, ainda assim, ser superior ao preço
médio das últimas semanas – se assim for,
talvez compense esperar mais uns dias para
encontrar um negócio ainda melhor.
QUANTO POUPO?
Simulamos a compra de um telemóvel.
O smartphone Redmi Note 11S, um dos
que tem melhor relação qualidade/preço,
tem um PVP de €299 na loja oficial
da Xiaomi. Quase todas as lojas com
presença no KuantoKusta e que tinham
este equipamento disponível vendiam-no
significativamente mais barato.
O preço mais baixo que encontrámos
foi 212 euros, o que representa uma
poupança direta de 87 euros.
MAIS VANTAGENS
Compara preços de milhares de produtos
KuantoKusta pode ser intermediário
GRÁTIS / KUANTOKUSTA.PT
ERSE
COMO POUPAR?
A Entidade Reguladora dos Serviços
Energéticos (ERSE) tem um site
(erse.pt/simuladores/precos-de-energia)
que reúne informação de todos os
comercializadores de energia. Basta
aceder e indicar algumas informações
sobre o seu consumo atual de eletricidade
e/ou gás. Para isso recomendamos que
tenha uma fatura atual consigo, pois
quanto maior o detalhe das informações
que fornecer, melhor será a qualidade dos
resultados do simulador.
QUANTO POUPO?
Neste momento, não é exagerado
dizermos que pode poupar várias
dezenas de euros por ano
com este simulador. Devido à recente
variação dos preços da energia,
sobretudo se ainda não estiver
no mercado regulado, estará
provavelmente a pagar preços acima
dos mais competitivos do mercado.
Numa simulação que fizemos, o portal
indicava-nos uma potencial poupança
anual na casa dos 80 euros apenas na
vertente elétrica.
MAIS VANTAGENS
Simulação para eletricidade,
gás natural e pacotes ‘dual’
Permite simulação
também para empresas
GRÁTIS / ERSE.PT
78
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
BANCO DE PORTUGAL
COMO POUPAR?
Terminamos com a recomendação
de outro portal institucional, mas que
lhe pode valer mais uma poupança
significativa. Neste caso, aplicada às
comissões de manutenção de contas
bancárias. Para isso basta aceder ao portal
do cliente bancário do Banco de Portugal,
selecionar o comparador de comissões
e verificar, numa única página, quanto
cobram as diferentes entidades bancárias
pela manutenção de conta (é depois
possível escolher a tipologia de conta, se
é de serviços mínimos ou se é um pacote
mais avançado, p.ex.).
QUANTO POUPO?
Se é verdade que na área bancária os
preços são muito semelhantes entre
si para as comissões de contas base,
também existem as propostas ‘fora
da caixa’. Enquanto a maioria dos
bancos cobra acima de 60 euros para a
manutenção anual da conta, há bancos
que não cobram qualquer valor e há os que
cobram valores um pouco acima (20,80
euros num caso, 31,20 euros noutro). Ou
seja, mudando de banco pode logo poupar
algumas dezenas de euros.
MAIS VANTAGENS
Cruza dados com outros produtos
(ex: cartões de crédito)
Permite pesquisa nome
do produto bancário
GRÁTIS / CLIENTEBANCARIO.BPORTUGAL.PT
FORSPOKEN €79,99
TESTE À PACIÊNCIA
Foi produzido por um grande estúdio e criou muitas expectativas, mas este
jogo de ação em mundo aberto falha em alguns elementos fundamentais
C
onfessamos que não foi fácil fazer esta aná-
lise, já que é preciso alguma paciência para
‘entrar’ em Forspoken, um jogo de ação na
terceira pessoa (Action RPG) em mundo aberto.
Isto porque, apesar de oferecer muitos momentos
divertidos, parece que os programadores fizeram de
propósito para estragar a experiência de controlar
Frey. Esta é a protagonista que, por artes mágicas,
foi transportada de uma Nova Iorque moderna, onde
a vida lhe corria muito mal, para Athia, um reino
mágico, estilo medieval, que está à beira do colapso.
A velha história Alice no País das Maravilhas. Em
Athia, Frey encontra e passa a usar uma pulseira,
que se revela consciente, muito faladora e capaz de
dar poderes mágicos à nossa personagem. Nesta
altura deverá estar a pensar “não me parece mal,
por que começaram por criticar os programadores?”
Primeiro, pelos gráficos, que representam o estado
da arte... de há 10 anos. Depois, a câmara que teima
em estar no sítio errado, estragando o fluir da ação.
Em Forspoken, acabamos muitas vezes por estar a
‘lutar contra’ a câmara, na tentativa de conseguir
um bom ângulo de visualização, em vez de estar-
mos concentrados em derrotar os adversários, o
que se torna irritante. E para finalizar o top 3 dos
aspetos mais negativos, o teste à paciência durante
as primeiras horas de jogo, em que as habilidades
da nossa personagem (movimentos de parkour e
magia) são muito limitadas. É curioso como a jo-
gabilidade se torna mais apelativa quando estamos
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
ALTOS E BAIXOS
a acabar o jogo, quando já temos mais movimentos +
e feitiços à disposição. Aliás, os poderes máximos
‘Golpes de magia’
só ficam disponíveis no confronto com o Boss final.
O problema é que, acreditamos, muitos jogadores
Movimentos
não terão o ‘stamina’ para chegar até ao fim e não de parkour
compreendemos como estes trunfos, que seriam
tão importantes para melhorar a jogabilidade, só
são mostrados ‘ao cair do pano’. De qualquer for- Diálogos
ma, fica a dica: se já comprou o jogo, então vale de má qualidade
a pena investir tempo já que, a partir da segunda
metade, o interesse aumenta consideravelmente. História central
É nesta fase em que percebemos que a combinação sem ritmo
do parkour com os feitiços resulta em momentos de Mundo aberto
vasto… mas vazio
ação divertidos. Ainda mais se aproveitarmos para
explorar os muitos desafios laterais ao desenrolar
da história principal, que também são importan-
tes para aumentar a longevidade deste título. A
componente de exploração está bem conseguida:
temos liberdade para explorar montanhas, campos,
ruínas… O mundo aberto é vasto, embora não se
possa dizer que seja rico. Ao contrário dos gráficos,
a banda sonora é de elevada qualidade e ajuda a
tornar a experiência mais envolvente. Atenção,
referimo-nos apenas à banda sonora, já que o som NOTA FINAL
2,5
dos diálogos segue o texto: é pobre.
A ponta final positiva não é suficiente para nos
fazer esquecer todas as falhas, os diálogos desins-
pirados, e as falhas de jogabilidade. Forspoken acaba
PC (testado), PS5
por ser um falso jogo AAA e, como tal, está longe
de justificar o preço que custa. Sérgio Magno
79
HOGWARTS LEGACY €74,99
APRENDIZ DE FEITICEIRO
Um RPG que nos permite explorar Hogwarts, Hogsmeade,
a Floresta Proibida e muito mais. Para fãs de Harry Potter e não só
É
um dos jogos mais aguardados do ano e é fácil
perceber porquê, já que este RPG promete
um mundo aberto para explorar o universo
de Harry Potter. Há, contudo, que fazer uma ressal-
va importante: a ação de Hogwarts Legacy decorre
no século XIX, um período anterior às histórias
originais criadas por J.K. Rowling. Portanto, se
esperava ver Harry Potter, Hermione Granger e
Ron Weasley, pode tirar o cavalinho da chuva. E
também não é possível jogar Quidditch. Neste título
assumimos o papel de um estudante de quinto ano
que vai entrar pela primeira vez na Escola de Magia
e Feitiçaria de Hogwarts. Apreciámos o facto de ser
possível personalizar vários parâmetros do nosso
avatar, sendo que o vestuário pode ser trocado a
bom ritmo com o evoluir da narrativa.
Apesar de não ser uma adaptação oficial da obra
de J.K. Rowling, Hogwarts Legacy é bem-sucedido
na criação do universo mágico a que nos habi-
tuámos a associar Harry Potter. Aliás, explorar o
Castelo de Hogwarts é um prazer, tal a riqueza
de detalhes disponíveis e o tamanho da área para
explorar. Exploração acaba mesmo por ser uma
palavra fulcral neste RPG, pois temos um mun-
do aberto de dimensão considerável à disposição.
Mundo esse que extravasa, em muito, o espaço de
Hogwarts, daí termos achado útil a possibilidade
de fazer viagens rápidas entre pontos que vamos
descobrindo, sendo que também é possível avançar
para a exploração do território a voar de vassoura
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
ALTOS E BAIXOS
+
Muitos parâmetros
para personalizar
ou montado num animal. A jogabilidade segue as o avatar. Vamos
mesmas pisadas, isto é, tem muito para descobrir. trazer um pouco
de Peaky Blinders
Além da já referida evolução possível através da a Hogwarts…
roupa, há imensos colecionáveis para recolher, e
feitiços e poções para aprender nas aulas. O mais E o chapéu
provável é sentir que as primeiras horas de jogo são diz que eu sou um…
um gigantesco tutorial, tal as diferentes áreas que é Hufflepuff
preciso dominar. Nesta fase, a mecânica pode até
tornar-se um pouco repetitiva.
O sistema de combate vai igualmente por esta Olha o bug: dá para
linha diferenciada. Tendo em conta o tipo de jogo, passar pelo meio de
NPCs como se eles
não deve esperar, claro, tiros e sangue em barda. Em
fossem fantasmas
Hogwarts Legacy, há que, dentro dos feitiços que
já se domina, escolher os que melhor se adequam
Frutas e bolos.
à luta em questão contra trolls, feiticeiros negros, Estamos sempre
duendes e afins, sem nunca esquecer a componente a enfardar à pala
defensiva. É um combate diferente dos RPG a que
estamos mais habituados, mas achámos divertido.
Este é, aliás, um jogo que apela mais a um público
jovem, razão pela qual achamos particularmente
penalizador não haver português como opção no
áudio, menus ou legendas.
Sem serem os melhores que já vimos, os gráfi- NOTA FINAL
4,3
cos são bons e a trilha sonora é particularmente
eficaz a remeter-nos para o universo Harry Potter.
Apreciámos o facto de as gravações automáticas
acontecerem com muita frequência, mas já não gos- PS5 (testado), PS4,
támos da facilidade com que as missões secundárias Xbox Series X/S,
Xbox One, Switch, PC
assumem o papel de objetivo predefinido quando
nos deparamos com ela. Paulo Belchior de Matos
80
DEAD SPACE €79,99
O BOM FILHO À CASA TORNA
O clássico do terror de sobrevivência de ficção científica volta em grande
forma. Gráficos e áudio no ponto juntam-se a uma história mais detalhada
C
onfessamos que entrámos em Dead Space
receosos. Numa época em que há tantos
(demasiados?) remakes e depois da ex-
periência parcialmente falhada com The Callisto
Protocol, tínhamos dúvidas sobre o que a Electronic
Arts tinha reservado para um clássico do terror de
sobrevivência de ficção científica na terceira pessoa
que tinha sido originalmente lançado em 2008. O
enredo coloca-nos em 2508 na pele de Isaac Clarke,
um engenheiro a bordo da USG Ishimura, uma nave
capaz de minerar eficazmente recursos de planetas
e assim ajudar a combater a escassez que tinha co-
meçado a minar a Terra no século XXIII. A história
acaba por ter diversas nuances que lhe dão um toque
de maior complexidade do que estamos habitua-
dos a encontrar em jogos cujo objetivo principal é
proporcionar uns sustos e combates sangrentos.
O DIABO ESTÁ NOS DETALHES
As comparações com o título original são inevitá-
veis. E se os gráficos já eram convincentes para PS3,
na PS5 (a versão que testámos) nota-se que o pata-
mar foi elevado, particularmente nos aspetos ligados
ao ray tracing. Chamas, faíscas, luzes intermitentes,
fumo… – há um primor gráfico que é um colírio
e que está bem acompanhado pela componente
de áudio. Há diferentes ambientes para explorar
nesta gigantesca nave, desde corredores a salas
de controlo, passando por zonas de maquinaria,
e apreciámos o facto de jogarmos igualmente em
áreas de gravidade zero e até de vácuo. As armas
MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
ALTOS E BAIXOS
vão sendo descobertas ao longo da narrativa, não +
são compradas, e podem ser evoluídas, tal como Que belos cenários…
acontece com o fato. Gostámos do facto de haver Uma exuberância
gráfica
múltiplos ‘save points’ espalhados pela nave, já que a
área para explorarmos é grande. E, já agora, diga-se
Luzes ou oxigénio?
que há várias missões secundárias para cumprir. Um dilema
Como não podia deixar de ser num jogo de terror de vida ou morte
de sobrevivência, a tensão é uma constante, até por-
que a consulta do menu não faz Dead Space entrar
em pausa, mas apreciámos a relativa liberdade que Um necromorph
temos no sistema de combate: diferentes armas, que se regenera
arremesso de objeto, itens que abrandam o inimigo, é a definição
de pesadelo
etc. O essencial é desmembrar os necromorphs
e, de seguida, pisotear as carcaças para recolher
‘¿Por qué
o ‘loot’. Um detalhe que valorizámos é o facto de
no te callas?’ –
em várias situações os inimigos não se repetirem gostávamos mais do
nas mesmas circunstâncias. Ou seja, não vai en- Isaac original calado
contrar sempre os mesmos perigos nos mesmos
sítios, algo que aumenta o valor para quem gosta de
repetir as missões. E conforme vamos evoluindo na
narrativa vamos tendo mais privilégios de acesso,
o que permite voltar a algumas zonas e conseguir
desbloquear itens que anteriormente não estavam
acessíveis. Achamos também que as decisões em
NOTA FINAL
que somos confrontados com ter de escolher, por
4,5
exemplo, entre apagar as luzes ou fechar o forneci-
mento de oxigénio são eficazes a criar um clima de
tensão. Pela negativa, há que salientar a ausência de
português como opção tanto para o áudio como para PS5 (testado),
Xbox Series X/S, PC
as legendas. E este ‘novo’ Isaac também nos parece
excessivamente falador. Paulo Belchior de Matos
81
 LOL

CTRL + ALT + DELETE ERRO DE SISTEMA

QUALQUER SEMELHANÇA COM A REALIDADE É PURA COINCIDÊNCIA

NETFLIX COMPRA O PREÇO CERTO

O fim das contas partilhadas em Portugal não correu como esperado.
"Deu cocó", admite Juan Somítico, executivo com ar latino que lidera a
Netflix aqui no burgo. A empresa esqueceu-se de incluir no cálculo que fez
o abastado salário mínimo que se pratica em Portugal e o impacto subtil
das taxas Euribor nas despesas das famílias. Agora só há uma solução à
vista: "Vamos comprar os direitos d'O Preço Certo e colocar o Fernando
Mendes como protagonista da próxima temporada de A Casa de Papel". PEIXE ESBANJA NA ESHOP
O youtuber japonês Mutekimaru

MUSK QUER TRANSFORMAR TWITTER criou um sistema para permitir

ao seu peixe jogar Pokémon na

NUMA PLATAFORMA INTERPLANETÁRIA

Nintendo Switch. Contudo, um erro
permitiu que o animal gastasse
dinheiro na loja online e revelasse
Perante as críticas de que está a perder demasiado tempo com uma rede dados do cartão de crédito.
social, Elon Musk anunciou que vai dedicar-se mais à colonização huma- https://bit.ly/3k119KO
na de Marte. “Agora que o Twitter já ajustou a plataforma para dar mais
destaque aos meus tweets, é altura de os marcianos conhecerem os meus
memes refinados”, confidenciou o visionário, sem esboçar um sorriso.

CHATGPT COMPRA BOSTON BYNAMICS

O ‘bot’ de IA ChatGPT informou, via comunicado de imprensa, que adqui-
riu a empresa de desenvolvimento de robôs Boston Dynamics à Hyundai.
Representantes da OpenAI já vieram dizer que não autorizaram a compra
e que a mesmo terá sido feita com fundos ganhos pelo ChatGPT a “jogar
na bolsa”. O comunicado informa, ainda, que a nova empresa criada pela
junção do ChatGPT e Boston Dynamics terá o nome de Skynet. CANÁBIS AUMENTA
INTENSIDADE DOS ORGASMOS
Um estudo das universidades de
Carolina, EUA, conclui que, na
TIRO AO LADO maioria das pessoas, o consumo
de marijuana faz aumentar a
intensidade dos orgasmos e o
desejo sexual. Os benefícios são
independentes de género ou idade.
https://bit.ly/3YEi7xO

O SOLID SNAKE DA VIDA REAL

Numa cena que parece saída do
jogo Metal Gear Solid, um robô do

BARRIGUINHA? NÃO ENTRA NO MARIO KART

exército americano que foi treinado
para detetar fuzileiros, criado pela
Agência de Projetos de Pesquisa
A nova atração estrela do parque temático Super Nintendo World Avançada de Defesa dos EUA
(DARPA), foi enganado por uma
vai ter de ser vista de fora por muitos visitantes. É que a Universal Studios
simples caixa de cartão.
já avisou que alguns utilizadores não vão poder andar na Mario Kart: Bowser’s Challenge https://bit.ly/40Z9qPQ
se medirem mais de 40 polegadas (101,6 centímetros) na cintura.

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MARÇO 2023 EXAME INFORMÁTICA
 JOGA.
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