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1. Introdução
Com intuito de promover a adequação ambiental, o empreendimento Gransena
Exportação e Comércio Ltda. – Fazenda Córrego do Gato – protocolizou o Formulário Integrado
de Caracterização do Empreendimento (FCEI) em 07/07/2016, por meio do qual foi gerado o
Formulário de Orientação Básica (FOBI) nº 0522500/2016 que instruiu o processo
administrativo de Licença Prévia concomitante com Licença de Instalação – LP+LI, conforme
Deliberação Normativa n° 74/2004. Em 02/09/2016, por meio da entrega de documentos, foi
formalizado o processo de nº 11022/2010/004/2016 referente à atividade principal de lavra a
céu aberto com ou sem tratamento – rochas ornamentais e de revestimento (código da
atividade A-02-06-2, produção nominal de 9.000 m³/ano).
Em 31/01/2018 foi publicada no Diário Oficial de Minas Gerais a reorientação do
processo para a fase de Licença de Operação para Pesquisa – LOP, uma vez que o
empreendimento ainda não possuía o Plano de Aproveitamento Econômico – PAE considerado
satisfatório (apreciado) pelo DNPM. Com o advento da Deliberação Normativa COPAM n°
217/2017, e consequentemente, revogação da norma que regulamentava as Licenças de
Operação para Pesquisa – LOP, em 27/06/2018, o processo foi reorientado para a modalidade
de Licença Ambiental Concomitante 1 – LAC 1 (LP+LI+LO), sob Protocolo Regional COPAM n°
R0115485/2018, sendo gerado o FOBI n° 0522500/2016-D. Desta forma, considerando as
2. Caracterização do empreendimento
O empreendimento Gransena Exportação e Comércio Ltda. (Fazenda Córrego do Gato),
titular do processo DNPM n° 831.529/2009, localizado no município de Padre Paraíso – MG,
possui área destinada a extração de granito na forma de blocos. A área possui afloramentos de
granito passíveis de aproveitamento para exploração comercial (fins de revestimento),
destacando-se o aspecto da rigidez locacional das jazidas minerais, para as quais não há a
possibilidade de substituir o local de extração do bem mineral.
O empreendimento em questão possui Autorização Ambiental de Funcionamento – AAF
n° 02297/2016, com capacidade bruta para extração de 6.000 m³/ano de granito. O presente
licenciamento ambiental solicita ampliação da capacidade nominal de extração em 3.000
m³/ano, totalizando 9.000 m³/ano brutos a serem licenciados. Também está sendo solicitada
ampliação das áreas de pilhas de estéril, perfazendo-se um total de 4,9 hectares; 4,0 hectares
totais para infraestrutura e 4,0 hectares totais para estradas. Conforme informações prestadas
nos estudos ambientais, a mina/jazida possui vida útil de até 17 anos, considerando-se a
produção bruta a ser licenciada (9.000 m³/ano).
O acesso à área do empreendimento pode ser feito partindo-se da zona urbana de
Padre Paraíso - MG, em sentido à região rural denominada Córrego o Gato, percorrendo-se
O projeto em tela é denominado Siena Beige, com produção bruta estimada de até
9.000 m³/ano e aproveitamento líquido médio de 25%. A lavra está sendo desenvolvida a céu
aberto sobre o maciço granítico em encosta, com acentuada declividade. A rocha a ser
explorada encontra-se em grande parte aflorante em forma de matacões, dependendo da
remoção de frações de estéril para o desenvolvimento da cava de lavra. Os pátios das frentes
de lavra são construídos com material terroso obtido na própria área da lavra.
Inicia-se o processo com o decapeamento do afloramento rochoso, que consiste na
remoção de solo e de porções de rocha intemperizada e fraturada presentes sobre o bloco de
interesse na lavra. Este processo de remoção da camada estéril é realizado de forma gradativa,
à medida que ocorre o avanço das frentes de lavra.
A exploração granítica é feita por meio de cortes no maciço rochoso em forma de
bancadas, com taludes verticais com altura entre 4 e 10 metros. A proposta metodológica de
lavra envolve a utilização de perfuratrizes pneumáticas e máquina de fio diamantado,
combinada com o uso de detonações e/ou argamassa expansiva. Foi informado que as
detonações são feitas somente na cominuição do estéril gerado para posterior deposição na
pilha de rejeitos. Os paióis de armazenamento dos materiais explosivos encontram-se
adequadamente instalados conforme exigência do Exército brasileiro. Atualmente o
empreendimento possui duas frentes de lavra ou bancadas, com projeção de abertura de novas
frentes para atender a ampliação da produção solicitada.
As atividades de lavra desenvolvidas sobre o maciço rochoso foram iniciadas com a
formação da primeira bancada e preparação dos espaços necessários para o posicionamento da
máquina de fio diamantado. Esta etapa é realizada por meio da execução de cortes verticais,
em dois planos paralelos ou perpendiculares entre si, com a realização de um terceiro corte em
plano horizontal, perpendicular aos dois primeiros. Após a realização dos cortes nos planos
principais passa-se ao seccionamento do bloco de rocha isolado do maciço, produzindo
pranchas com larguras médias de aproximadamente 1,8 metros. O tombamento da prancha
pode ser feito com macaco hidráulico ou com a utilização de bolsas de ar próprias para esta
atividade. Sobre o local de queda da prancha é necessário colocar uma camada de terra de
aproximadamente 1,0 metro de espessura, impedindo a ruptura da prancha por impacto
brusco contra o solo. Posteriormente ao tombamento, a prancha é desdobrada em blocos com
dimensões comerciais por meio da realização de cortes verticais com fio diamantado. Em
seguida é necessário realizar o acabamento dos blocos, com acerto de suas faces (canteragem),
adequando cada bloco ao volume máximo de aproveitamento.
O seccionamento da rocha e formação das pranchas são feitos por meio da abertura de
uma sequência de furos alinhados, verticais, com espaçamento de cerca de 15 centímetros,
com a utilização de perfuratrizes pneumáticas.
O material estéril removido, juntamente com o material rochoso não aproveitado (sem
valor comercial), é disposto em depósitos/pilhas de estéril, situados próximos às frentes de
lavra. O material estéril é classificado, segundo as especificações da norma técnica da ABNT
NBR 10.004/2004, como resíduo de classe II B – não perigoso, inerte, uma vez que não
representa riscos à saúde humana.
O transporte dos blocos já individualizados, do local onde são confeccionados até o pau-
de-carga, é realizado com auxílio da carregadeira para posterior carregamento no caminhão, ou
para o pátio de blocos, onde são estocados. O carregamento dos blocos destinados ao mercado
consumidor é realizado por pau-de-carga, onde o bloco é amarrado com cabos-de-aço e içado
lentamente, para posteriormente ser disposto sobre o caminhão. Em seguida retira-se o cabo-
de-aço do bloco, que segue para sua destinação final. As dimensões dos blocos são:
comprimento de 2,6 a 3,0 metros; altura de 1,2 a 1,8 metros; largura entre 1,2 e 1,8 metros.
O empreendimento conta com uma estrutura de apoio aos funcionários, edificada em
alvenaria, coberta, com piso de concreto, contendo sanitários ligados à fossa séptica (filtros
3.4. Área Diretamente Afetada e de Influência Direta – ADA e AID (Meio Socioeconômico)
Para o meio socioeconômico, a ADA e AID correspondem ao território do imóvel rural
onde está inserido o empreendimento de mineração. A propriedade é denominada Fazenda do
Gato em encontra-se localizada na zona rural do município de Padre Paraíso – MG. A área
abrange um total de 87,12 hectares. Todas as residências inseridas num raio de 1500 metros do
empreendimento foram incluídas nas temáticas relacionadas à AID, tendo em vista que
impactos diretos e indiretos da atividade de mineração poderão ocorrer nessas propriedades,
sobretudo ruídos e impactos paisagísticos.
4. Caracterização ambiental
4.1. Meio socioeconômico
Para a distinção das áreas de influência do empreendimento em relação ao meio
socioeconômico foram consideradas as possíveis interações entre o empreendimento e aquele
meio e vice-versa. Essas áreas foram estabelecidas no diagnóstico a partir da disponibilização
de informações existentes sobre a área onde está localizado o empreendimento minerário e,
posteriormente, nos resultados e conclusões dos estudos diagnósticos temáticos e dos
prognósticos ambientais integrados e, em especial daqueles advindos da identificação,
caracterização e avaliação dos impactos gerados pelo empreendimento.
O Projeto Siena Beige está estruturado na Fazenda Córrego do Gato, na comunidade de
mesmo nome, zona rural do município de Padre Paraíso – MG. Próximo da lavra encontra-se a
casa da fazenda sede, na qual mora um dos donos do imóvel, e outras residências no entorno,
que fazem parte da AID do empreendimento. A área de influência indireta – AII para o meio
socioeconômico é composta pela área urbana do município de Padre Paraíso, distante de 12 km
da Fazenda Córrego do Gato, que também foi objeto do estudo/diagnóstico.
O município de Padre Paraíso localiza-se na região nordeste do Estado de Minas Gerais,
no médio vale do rio Jequitinhonha, a 930 metros de altitude, limitando-se com os municípios
de Caraí, Araçuaí e Pontos dos Volantes. Padre Paraíso é cortado pela BR 116 e localiza-se a 546
km da capital do estado. Sua área territorial é de 544,37 km², sua população é de 18.849
habitantes (Censo IBGE, 2010), apresentando densidade demográfica de 35,63 habitantes por
km². O município está inserido na Microrregião de Araçuaí, que se insere na microrregião do
Jequitinhonha/Mucuri.
Dados do INGE revelam que em 1991 o município de Padre Paraiso detinha uma
população total de 17.327 habitantes. No ano de 2000, a população tinha aumentado muito
pouco, 0,85%. Na UF, esta taxa foi de 1,43%, enquanto no Brasil foi de 1,63% no mesmo
período. Em 2010 registrou-se uma população total de 18.849 habitantes, ou seja, em dez anos
o crescimento foi de 7,28%, índice este, que ficou abaixo do índice de crescimento da
população do estado, que ficou em 8,7%. Entre 2000 e 2010, a população de Padre Paraíso
cresceu a uma taxa média anual de 076%, enquanto no Brasil foi de 1,17% no mesmo período.
Nesta década, a taxa de urbanização do município passou de 61,16% para 61,12%. Em 2010
vivam 18.849 pessoas no município, sendo 7.329 pessoas na zona rural e 11.520 pessoas na
zona urbana.
No município de Padre Paraíso, de acordo com o censo de 2010, registraram-se 4.989
domicílios particulares permanentes, sendo 4.871 imóveis com instalação elétrica e 118
residências não possuem esse serviço instalado.
De acordo com o IBGE (2010), em relação à destinação do lixo desses domicílios, os
resíduos sólidos são coletados pelo serviço de limpeza municipal em apenas 1990 habitações; e
em 1065 residências a coleta é feita por caçambas de limpeza, totalizando 3055 domicílios que
possuem algum tipo de coleta. Ainda segundo IBGE, 1935 domicílios têm outros destinos, que
não foram especificados/determinados.
No que concerne ao abastecimento de água, 3.177 domicílios são abastecidos pela rede
geral de água (Copasa) e 1812 domicílios adquirem água por meio de poço ou nascente na
propriedade, armazenada por meio de cisterna ou outro dispositivo.
Em 2010, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Padre Paraíso é 0,596, o que
situa este município na faixa de baixo desenvolvimento humano (entre 0,500 a 0,599). A
dimensão que mais contribui para o IDH do município é “longevidade”, com índice de 0,797,
seguida de “renda” com índice de 0,556, e “educação” com índice de 0,478.
de declividade, rede hidrográfica local, hipsometria e visita técnica para prospecção de áreas de
afloramento rochoso.
Na etapa de ajustes de metodologia de Jansen (2011) para escalas locais, foram feitas
adequações utilizando informações dos estudos de campo, que definiram in loco a seguinte
classificação: a) áreas com afloramentos graníticos (particularmente na ADA) em áreas de
drenagem pluvial ou fluvial; e b) áreas com afloramentos graníticos escarpados. Desta forma,
pode-se estruturar mapas de potencialidade de Jansen baseados nas informações macro
(litologia) e também em informações locais (adequação local de Jansen), conforme figuras
apresentadas a seguir.
Em se tratando somente de litologia, a região de inserção do empreendimento é
classificada como de baixo potencial espeleológico, como pode-se verificar pelo mapa de
potencial relacionado. Já em termos de ADA e AID, ou seja, escala local, o mapa de
potencialidade construído indica que o afloramento rochoso em extração é classificado como
de alta potencialidade, segundo os atributos adotados para sua definição.
4.3.2. Fauna
Mastofauna
O trabalho para levantamento de dados para diagnóstico da mastofauna foi realizado
em duas campanhas, de acordo com os preceitos da IN 146/2004 do IBAMA. A primeira
campanha iniciou-se em julho de 2015, momento em que foram instaladas as armadilhas
fotográficas. Nessa campanha também foi executada a metodologia de busca por vestígios
diretos. As armadilhas foram retiradas em janeiro de 2016 e novamente instaladas em abril de
2016 e retiradas em julho de 2016. Da mesma forma que ocorreu na primeira campanha, as
metodologias de bisca por vestígios foram replicadas para buscar dados para a análise de
semestralidade. As metodologias utilizadas no levantamento basearam-se em busca por
evidências indiretas, busca por evidências diretas, entrevistas e armadilhas fotográficas –
câmera Trapp.
Contexto Regional (AII) – Em estudos realizados na região do Jequitinhonha/Mucuri e
também em regiões próximas do empreendimento, foram identificadas 30 espécies de
mamíferos de médio e grande porte, representantes de nove ordens e vinte famílias distintas.
Das espécies encontradas, 14 encontram-se sob ameaça de extinção em Minas Gerais, no Brasil
ou no mundo. Foi apresentada a listagem das espécies levantadas por meio de dados
secundários (literatura). Entre as espécies ameaçadas de extinção ocorrentes na região (listas
estaduais, nacionais e mundiais), destacam-se a preguiça de coleira, tatu canastra, bugio ruivo,
muriqui do Norte, sagui de wied, guigó, macaco prego de crista, macaco prego do peito
amarelo, gato do mato pequeno, gato do mato, onça parda, jupará, cateto e anta.
Contexto Local (AID e ADA) – Durante as campanhas realizadas foram registradas 10
espécies de mamíferos de médio e grande porte, por meio das metodologias de observação de
vestígios, registro fotográfico e visualização direta dos animais. Os estimadores de número de
espécies Bootstrap e Jackknife estimaram 11,6 e 14 espécies respectivamente, inferindo que o
esforço amostral foi suficiente para caracterizar a fauna local, mas que ainda podem existir um
número maior de espécies na região, sobretudo espécies crípticas ou com baixa densidade
populacional. Das espécies encontradas no trabalho, a espécie Leopardus pardalis encontra-se
com vulnerável nas listas estadual, nacional e global; Puma concolor com mesmo status. Pecari
tajacu é considerada como uma espécie sensível, sobretudo em relação à caça predatória no
estado de Minas Gerais.
Avifauna
Os estudos de diagnóstico da avifauna foram realizados em duas campanhas, seguindo
as diretrizes descritas na IN 146/2004. A primeira campanha ocorreu no início da estação
chuvosa da região, entre os dias 14 e 18 de dezembro de 2015, e na estação seca entre os dias
6 e 10 de julho de 2016. Para amostragem da avifauna foram utilizadas as técnicas de
levantamento qualitativo: observações ocasionais, busca exaustiva, playback e busca ativa; e de
técnicas de levantamento quantitativo (transeção em linha).
Foram definidos 18 pontos amostrais (entre pontos de escuta e transectos). As
transecções foram realizadas de forma a contemplar as diferentes fitofisionomias presentes na
área, bem como locais com notória antropização, com intuito de se obter registro de espécies
generalistas e especialistas. As amostragens noturnas forma realizadas nas estradas
secundárias que cortam a área, bem como no interior dos fragmentos de mata e cerrado. De
forma geral forma amostrados: fragmentos de mata; áreas de vegetação herbácea; áreas com
vegetação arbustiva/arbórea; áreas abertas antropizadas; áreas alagadas e áreas brejosas.
Contexto Regional (AII) – Foram levantadas 162 espécies de aves, registradas nas bases
de dados científicos do Museu de História Natural da PUC Minas e dados catalogados no
Wikiaves para os municípios de Ponto dos Volantes e Itaobim – MG. Foi apresentada a listagem
das espécies levantadas na literatura para a região de inserção do empreendimento (dados
secundários).
Contexto Local (AID e ADA) – Foram registradas 117 espécies, pertencentes a 33
famílias, distribuídas entre a ADA e AID do empreendimento. De acordo com os resultados
apresentados, as famílias com maior número de espécies registradas foram: Tyrannidae (N=22)
e Thraupidae (N=15). As espécies de aves registradas foram classificadas de acordo com a
dependência de ambientes florestais, sendo divididos em 3 categorias: independentes;
semidependentes e dependentes. De forma geral, parte da avifauna diagnosticada nesse
estudo correlaciona-se diretamente com a antropização existente na área de estudo, bem
como com áreas mais preservadas, típicas de ambientes de cerrado, sendo possível registrar
espécies generalistas e especialistas. O esforço amostral para a metodologia de transecção foi
de 12 horas (3 horas/dia, 2 biólogos, 2 dias); para a busca ativa foi de 16 horas (4 horas/dia, 2
biólogos, 2 dias); e para a amostragem noturna foi de 4 horas (1 hora/dia, 2 biólogos, 2 dias);
totalizando 32 horas de amostragem. Não foram registradas espécies ameaçadas de extinção.
Herpetofauna
Os estudos da herpetofauna foram realizados em duas campanhas, de acordo com IN
146/2004. A primeira campanha ocorreu no início da estação chuvosa da região, entre os dias
14 e 18 de dezembro de 2015, e a segunda campanha na estação seca, entre os dias 6 e 10 de
julho de 2016.
Para realização do inventariamento foram analisadas as formações vegetacionais
significativas encontradas na área de abrangência do empreendimento, que proporcionassem
maior probabilidade de encontro com integrantes da herpetofauna local. Os pontos de
amostragem foram alocados em áreas de cerrado, brejos, lagos, fragmentos de mata, poças
temporárias e permanentes, abrigos naturais, estradas secundárias e áreas antropizadas.
Para a caracterização da composição da herpetofauna local foi utilizada uma
metodologia sistemática (busca ativa limitada por tempo) para a realização das análises
estatísticas e metodologias complementares para a composição qualitativa da taxocenose. A
coleta de informações para efeito de levantamento e diagnostico foi realizada na área de
influência direta do empreendimento. O levantamento dos anuros foi feito por meio de buscas
por ninhos de espumas, girinos, jovens e adultos em todos microambientes potencialmente
ocupados por estes animais. A amostragem de répteis foi realizada por meio da metodologia de
procura ativa dos animais e amostragem em estradas, sendo que os transectos foram
percorridos de forma sistemática. Relação das metodologias utilizadas: procura ativa limitada
por tempo; Audio Strip Transect; Road Sampling; encontros ocasionais; e consultas a dados
previamente publicados na literatura.
Contexto Regional (AII) – Para a região de inserção do empreendimento foram
registradas, por mio de dados secundários, 47 espécies entre répteis e anfíbios. Foram usados
os dados constantes no laboratório de herpetologia do Museu de História Natural da PUC
Minas e no EIA/RIMA Cemig (2010). Foi apresentada a listagem de répteis e anfíbios compilada
das fontes de dados secundários consultadas. Das 47 espécies elencadas, 46 encontram-se fora
de perigo de extinção e apenas uma espécie foi caracterizada (caracterização global) como
pouco ameaçada, a Eurolophosaurus nanuze. De acordo com informações prestadas, o
resultado dos dados secundários mostra que a herpetofauna regional é composta tanto por
espécies de hábitos generalistas e típicas de áreas antropizadas, bem como especialistas,
endêmicas e/ou carentes de dados científicos.
Contexto Local (AID e ADA) – Foram registradas 15 espécies, destas, 13 foram espécies
de anfíbios anuros pertencentes a 4 famílias, sendo elas: Bufonidae (N=1), Leptodactylidae
Figura 04 – Imagem aérea (mapa) contendo as áreas solicitadas para intervenção ambiental em
relação à ADA atual. Fonte: Estudos ambientais apresentados.
diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões
de lançamento de efluentes, e dá outras providências, em seu artigo 37, “enquanto não
aprovados os respectivos enquadramentos, as águas doces serão consideradas Classe II, exceto
se as condições de qualidade atuais forem melhores, o que determinará a aplicação da classe
mais rigorosa correspondente”. Portanto, as águas superficiais na região do empreendimento
podem ser consideradas como classe 2.
De acordo com a Lei nº 10.793/1992, que dispõe sobre a proteção de mananciais
destinados ao abastecimento público em áreas remanescentes de Mata Atlântica no Estado,
em seu artigo 1º, mananciais são considerados, “aqueles situados a montante do ponto de
captação previsto ou existente, cujas águas estejam ou venham a estar classificadas na Classe
Especial e na Classe I da Resolução nº 20, de 18 de junho de 1986, do Conselho Nacional do
Meio Ambiente – CONAMA -, e na Deliberação Normativa nº 10, de 16 de dezembro de 1986,
do Conselho Estadual de Política Ambiental – COPAM.”
Deste modo, a vedação da supressão de vegetação, prevista no Art. 11, inciso I, alínea b
da Lei 11482/2006, referente à proteção de mananciais, não se aplica a essa situação.
Toda e qualquer cobertura vegetal possui a função de prevenção e controle de erosão,
porém, está prevista a adoção de medidas mitigadoras por meio dos programas: Programa de
Contenção e Monitoramento de Processos Erosivos, Programa de Redução das Pilhas de Estéril
e Programa de Recuperação de Áreas Degradadas, apresentados no EIA. Deverão ser adotadas
medidas de controle de erosão edáfica e, encerradas as atividades, toda a ADA deve ser alvo de
recomposição da flora.
7. Reserva Legal
O empreendedor apresentou recibo de inscrição do imóvel rural no CAR quando da
formalização do processo de licenciamento ambiental, registrado sob número MG-3146305-
FA7922FCFDF04C919E8BE0693398FCE2, cadastrado em 19/08/2014. Conforme informações
prestadas no documento, a Fazenda Córrego do Gato possui área total de 87,12 hectares; a
reserva legal possui 18,19 hectares (20,87%) e existe 0,25 hectare em áreas de preservação
permanentes. O imóvel encontra-se localizado no município de Padre Paraíso – MG, com
coordenadas geográficas centrais 17°04’21”/41°33’56”.
9. Unidades de Conservação
A área ocupada pelo empreendimento não se encontra localizada em Unidade de
Conservação, Zona de Amortecimento de Unidade de Conservação, ou em um raio de 3 km de
alguma UC, conforme Resolução CONAMA n° 428/2010 (UCs sem zona de amortecimento
definida). As atividades desenvolvidas pelo empreendimento não afetarão negativamente
serem utilizadas no coquetel vegetativo, bem como o cronograma executivo das ações
previstas.
A equipe técnica responsável pela apreciação do programa considera o PRAD
satisfatório e suficiente para amenizar os impactos decorrentes da ampliação e
operacionalização do empreendimento. Caso a licença venha a ser concedida, as ações
previstas no programa deverão ser executadas conforme cronograma apresentado.
afugentamento da fauna, limpeza prévia da área a ser suprimida; corte do material lenhoso; e
utilização e destino do material lenhoso. Foi apresentado o detalhamento das ações previstas
no programa, bem como o cronograma executivo das atividades.
Da Audiência Pública
Em atendimento ao disposto no inciso IV do § 1º do art.225 da CF/88 veio o
procedimento de licenciamento ambiental instruído com EIA/RIMA, ao qual foi dado
publicidade, nos termos das Deliberações Normativas COPAM nº. 12, de 1994, vigente à época
da formalização do presente processo.
Mesmo diante da publicidade dada ao EIA/RIMA, não houve solicitação de realização de
audiência pública por qualquer interessado.
Da Anuência do IBAMA
Dispensa a anuência do IBAMA, vez que a supressão de vegetação nativa do Bioma Mata
Atlântica no estágio médio de regeneração não ultrapassa o quantitativo do art.19, inciso I do
Decreto Federal nº 6.660, de 2008.
Da Intervenção em APP
Nota-se da leitura do presente parecer que não haverá intervenção em Área de
Preservação Permanente – APP.
Diante das alterações promovidas pela Lei Estadual nº 21.972, de 2015, e regulamentadas
pelo Decreto Estadual nº 47.383, de 2018, a competência para decidir sobre processos de
licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos de médio porte e médio potencial
poluidor (art.3º, V), segundo parâmetros da Deliberação Normativa COPAM nº 217, de 2017, é
da SEMAD, por meio das Superintendências Regionais de Meio Ambiente – SUPRAM’s.
14. Conclusão
A equipe interdisciplinar da Supram JEQ manifesta pelo deferimento desta Licença
Ambiental na fase de Licença Ambiental Concomitante 1 – LAC 1 (LP+LI+LO), para o
empreendimento Gransena Exportação e Comércio Ltda. para a atividade principal de “lavra a
céu aberto com ou sem tratamento – rochas ornamentais e de revestimento”, no município de
Padre Paraíso – MG, pelo prazo de 10 anos, vinculada ao cumprimento das condicionantes e
programas propostos.
As orientações descritas em estudos, e as recomendações técnicas e jurídicas descritas
neste parecer, através das condicionantes listadas em anexo, devem ser apreciadas pelo
Superintendente da SUPRAM Jequitinhonha, conforme decretos regulamentadores da Lei
Estadual n° 21972/2016.
Oportuno advertir ao empreendedor que o descumprimento de todas ou quaisquer
condicionantes previstas ao final deste parecer único (Anexo I) e qualquer alteração,
modificação e ampliação sem a devida e prévia comunicação a Supram Jequitinhonha, tornam
o empreendimento em questão passível de autuação.
Cabe esclarecer que a Superintendência Regional de Meio Ambiente do Jequitinhonha,
não possui responsabilidade técnica e jurídica sobre os estudos ambientais apresentados nesta
licença, sendo a elaboração, instalação e operação, assim como a comprovação quanto a
eficiência destes de inteira responsabilidade da(s) empresa(s) responsável (is) e/ou seu(s)
responsável (is) técnico(s).
Ressalta-se que a Licença Ambiental em apreço não dispensa nem substitui a obtenção,
pelo requerente, de outras licenças legalmente exigíveis. Opina-se que a observação acima
conste do certificado de licenciamento a ser emitido.
15. Anexos
Anexo I. Condicionantes para Licença Ambiental Concomitante 1 – LAC 1 (LP+LI+LO) do
empreendimento Gransena Exportação e Comércio Ltda. – Fazenda Córrego do Gato.
Anexo II. Programa de Automonitoramento da Licença Ambiental Concomitante 1 – LAC 1
(LP+LI+LO) do empreendimento Gransena Exportação e Comércio Ltda. – Fazenda Córrego do
Gato.
Anexo III. Autorização para Intervenção Ambiental do empreendimento Gransena exportação e
Comércio Ltda. – Fazenda Córrego do Gato.
Anexo IV. Relatório fotográfico do empreendimento Gransena exportação e Comércio Ltda. –
Fazenda Córrego do Gato.
ANEXO I
Condicionantes para Licença Ambiental Concomitante 1 – LAC 1 (LP+LI+LO) do
empreendimento Gransena Exportação e Comércio Ltda. – Fazenda Córrego do Gato
Empreendedor: Gransena Exportação e Comércio Ltda.
Empreendimento: Gransena Exportação e Comércio Ltda. – Fazenda Córrego do Gato
CNPJ: 24.042.913/0009-96
Município: Padre Paraíso – MG
Atividade(s): Lavra a céu aberto com ou sem tratamento – rochas ornamentais e de
revestimento; Pilha de rejeito/estéril; e Estradas para transporte de minério e estéril
Código(s) DN 217/2017: A-02-06-2; A-05-04-6; e A-05-05-3
Processo: 11022/2010/004/2016
Validade: 10 anos
Item Descrição da Condicionante Prazo*
Comprovar a implantação de recipientes destinados à coleta 60 (sessenta) dias a
01 seletiva e armazenamento temporário de resíduos sólidos partir da concessão da
conforme proposto no Plano de Controle Ambiental (PCA). Licença.
Apresentar comprovação da implantação/adequação de placas
02 90 dias a partir da
de sinalização e segurança em toda área de extração mineral,
concessão da Licença.
áreas de apoio ao empreendimento e acessos próximos.
Comprovar a realização de manutenções nas caixas de
contenção e deposição de sedimentos particulados (sistema de Anualmente durante a
03
drenagem e decantação) existentes na ADA e AID do vigência da licença.
empreendimento.
Apresentar contrato firmado com a empresa que recebe os
04 30 dias a partir da
resíduos sólidos perigosos gerados durante a
concessão da licença.
ampliação/operação do empreendimento.
Protocolar na Gerência de Compensação Ambiental do
Instituto Estadual de Florestas – GCA/IEF, solicitação para
90 dias a partir da
05 abertura de processo para cumprimento da compensação
concessão da licença.
ambiental prevista no art. 36 da Lei Federal nº 9.985/2000 (Lei
do SNUC), considerando a ampliação do empreendimento.
Apresentar comprovante de formalização do projeto de
compensação ambiental nos termos do que exige a Lei
Estadual n° 20.922/2013, em seu art. 75, junto a GCA do IEF, 90 dias a partir da
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referente à área de ampliação do empreendimento. O concessão da licença.
empreendedor deverá realizar a compensação nos prazos
estabelecidos pelo IEF.
Apresentar anualmente tabela contendo a área e volumetria
bruta explorada, assim como indicação do volume de Anualmente durante a
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estéril/rejeito e material retirado da frente de serviço vigência da licença.
encaminhado para comercialização durante o ano.
90 (noventa) dias a
08 Apresentar programa de segurança no trânsito e sinalização
partir da concessão da
das vias de acesso próximas ao empreendimento.
licença.
ANEXO II
Programa de Automonitoramento da Licença Ambiental Concomitante 1 – LAC 1 (LP+LI+LO)
do empreendimento Gransena Exportação e Comércio Ltda. – Fazenda Córrego do Gato
Empreendedor: Gransena Exportação e Comércio Ltda.
Empreendimento: Gransena Exportação e Comércio Ltda. – Fazenda Córrego do Gato
CNPJ: 24.042.913/0009-96
Município: Padre Paraíso – MG
Atividade(s): Lavra a céu aberto com ou sem tratamento – rochas ornamentais e de
revestimento; Pilha de rejeito/estéril; e Estradas para transporte de minério e estéril
Código(s) DN 217/2017: A-02-06-2; A-05-04-6; e A-05-05-3
Processo: 11022/2010/004/2016
Validade: 10 anos
1. Efluentes Líquidos/oleosos
3. Emissões Atmosféricas
A geração de emissões atmosféricas pelo empreendimento compreende somente os
resíduos gasosos provenientes da queima de combustíveis pelos veículos, máquinas, geradores
e outros equipamentos. A equipe técnica responsável pela análise do processo considera que a
execução dos programas previstos no PCA apresentado é suficiente para mitigar tal impacto.
Caso seja detectada alguma anormalidade no parâmetro em questão, o órgão responsável pelo
licenciamento ambiental da empresa determinará a execução das análises necessárias ao
monitoramento contínuo.
4. Ruídos
Considerando que o empreendimento possui vizinhos relativamente próximos (cerca de
330 metros) será solicitado o monitoramento de ruídos conforme descrito a seguir.
IMPORTANTE
Total 318,1906
DESTINAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DO MATERIAL LENHOSO (m³)
NATIVA PLANTADA NATIVA PLANTADA
Lenha para carvão Madeira para
72,2994
serraria
Lenha uso doméstico Madeira para
celulose
Lenha para outros fins 245,8912 Madeira para
outros fins
ANEXO IV
Relatório fotográfico do empreendimento Gransena Exportação e Comércio Ltda. – Fazenda
Córrego do Gato
Empreendedor: Gransena Exportação e Comércio Ltda.
Empreendimento: Gransena Exportação e Comércio Ltda. – Fazenda Córrego do Gato
CNPJ: 24.042.913/0009-96
Município: Padre Paraíso – MG
Atividade(s): Lavra a céu aberto com ou sem tratamento – rochas ornamentais e de
revestimento; Pilha de rejeito/estéril; e Estradas para transporte de minério e estéril
Código(s) DN 217/2017: A-02-06-2; A-05-04-6; e A-05-05-3
Processo: 11022/2010/004/2016
Validade: 10 anos
Fotos 3 e 4: Local de apoio aos funcionários, deposito temporário de resíduos perigosos e não
perigosos, tanque aéreo de combustível diesel e pátio de abastecimento.