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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE

DO NORTE
CAMPUS CURRAIS NOVOS
LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA
DOCENTE: JAHYNNE DANTAS
ALUNO (A):_________________________________ SÉRIE: _______ CURSO: ________________

Atividade – resumo
Texto 1:
As cotas raciais e o Brasil: dez anos depois
Por Silvio Almeida
Advogado, professor visitante da Universidade de Columbia,
em Nova York, e presidente do Instituto Luiz Gama.

No último dia 29 de agosto completaram-se dez anos da promulgação da lei 12.711/2012, a


chamada "lei de cotas", que institui a reserva de vagas para estudantes pobres, negros e indígenas em
instituições federais de educação superior e de ensino técnico de nível médio.
A lei de cotas raciais fez bem mais do que abrir as portas das universidades públicas para pessoas
pobres, negras e indígenas. As batalhas por sua implementação revelaram, ao mesmo tempo, o poder
transformador das políticas públicas, mas também o quanto este país é atravessado pelo racismo e pelo
ódio de classe.
Para quem acompanha o cotidiano nas universidades, o impacto das cotas raciais foi nítido. E não
me refiro apenas a mudanças quantitativas, mas também às transformações qualitativas deflagradas na
educação superior do Brasil.
Uma das dimensões de reprodução do racismo se dá na cultura, o que significa que a discriminação
contra pessoas negras e indígenas manifesta-se no rebaixamento ou no apagamento cultural dessas
populações. A educação, portanto, ocupa um lugar central na continuidade dos processos discriminatórios,
com destaque especial para o ensino superior, cuja função é oferecer à sociedade parâmetros do
conhecimento científico e formar técnicos, professores e pesquisadores.
Isso faz da universidade um lugar de legitimação de certos grupos sociais cujos membros, ao
passarem pelo ensino superior e por certas instituições de prestígio, são "autorizados" a participar de
espaços de poder e decisão. Não seria exagero dizer que a universidade brasileira sempre foi um sistema
de validação racial e de classe.
Se as cotas não eliminaram essa lógica, certamente conseguiram subvertê-la. Ficou mais difícil
com as cotas considerar natural a ideia de que ser médico é "ser branco". Ficou mais difícil considerar
natural que a filha da empregada seja herdeira da mesma profissão da mãe, já que se abriu a possibilidade
desta mesma filha ser médica, advogada ou engenheira.
Por certo que o deslocamento do imaginário social provocado pelas cotas raciais gerou reações
que, como dito antes, mostraram a pior face do Brasil. Tornou-se evidente que parte da sociedade se recusa
a aceitar que pobres, negros e indígenas possam fazer mais do que servir e limpar.
Dez anos depois, ao contrário do que diziam alguns, a política de cotas não destruiu a universidade
e nem "humilhou os negros cotistas" (este argumento é o mais interessante, pois é uma mistura passivo-
agressiva de racismo e condescendência). O que vem destruindo a universidade é outra coisa.
[...]
A verdade é que a política de cotas raciais é uma das mais bem-sucedidas da história do Brasil.
Dadas as condições específicas da formação social brasileira, as cotas tiveram um impacto estrutural
expressivo, pois atacou o racismo, que é um dos pilares do atraso social e econômico brasileiro.
Para os negacionistas que acham que não existem dados que possam comprovar a importância e
o sucesso da política de cotas raciais, deixo como indicação o relatório de pesquisa sobre a implementação
da política de cotas raciais nas Universidades Federais de autoria da Defensoria Pública da União e da
ABPN (Associação Brasileira de Pesquisadores Negros).
O relatório, lançado no aniversário da política de cotas raciais, revela a extrema relevância das
cotas raciais para o aperfeiçoamento da educação brasileira. Com informações colhidas das 69
universidades federais existentes no Brasil, o relatório mostra os avanços e os problemas que precisam
ser corrigidos, dentro os quais os relativos ao controle e prevenção de fraudes; à fiscalização e
monitoramento; às políticas de permanência dos estudantes; e à ampliação das cotas para os programas
de pós-graduação.
Dez anos deveriam ter nos ensinado que as políticas de ação afirmativa não se referem apenas aos
grupos discriminados. As cotas raciais referem-se a algo que muito aparece em discursos, mas que muito
poucos querem verdadeiramente para o Brasil: democracia.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/silvio-almeida/2022/09/as-cotas-raciais-e-o-brasil-dez-anos-depois.shtml

QUESTÃO: Após a leitura do texto “As cotas raciais e o Brasil: dez anos depois”, de Silvio Almeida,
redija uma síntese de seu conteúdo. No momento de escrever, leve em conta que o público-alvo de seu
texto são pessoas que não leram o texto-base e que o resumo será publicado numa revista acadêmica,
portanto, a linguagem deve ser objetiva e impessoal. Vale dizer que um resumo é um texto reduzido a
seus tópicos principais, sem a presença de comentários ou julgamentos. Um resumo não é uma crítica,
assim como a resenha o é; o objetivo do resumo é informar sobre o que é mais importante em determinado
texto. Para Platão e Fiorin (1995), resumir um texto significa condensá-lo a sua estrutura essencial sem
perder de vista três elementos: a) as partes essenciais do texto; b) a progressão em que elas aparecem no
texto; c) a correlação entre cada uma das partes. Não ultrapasse 500 palavras.

Bons estudos!

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