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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES


FACULDADE DE EDUCAÇÃO
FUNDAÇÃO CECIERJ /Consórcio CEDERJ / UAB
Curso de Licenciatura em Pedagogia – modalidade EAD
AVALIAÇÃO PRESENCIAL 1 – 2021.1

PRAZO FINAL PARA POSTAGEM: 24/04 - 10h


Disciplina: Língua Portuguesa Instrumental
Coordenadora: Profa. Helena Feres Hawad
Aluno(a): Luciano Barboza Alves Rocha
Matrícula: 20212080038 Polo: Magé

INSTRUÇÕES

 Esta prova contém um texto e nove questões, no total de quatro páginas


(incluindo esta página com cabeçalho e instruções).

 Digite suas respostas no próprio arquivo da prova (em Word) após o


enunciado de cada questão.

 Ao terminar de responder e revisar todas as suas respostas, salve o arquivo


em formato PDF e entregue por meio da ferramenta especialmente criada
para essa finalidade na sala de aula virtual da disciplina.

 Observe o prazo para entrega da prova. Nenhuma prova será aceita após o
fim do prazo, em nenhuma hipótese. É recomendável fazer a postagem com
antecedência para evitar contratempos na última hora.

 Depois de postar seu trabalho, saia da ferramenta, entre novamente, abra o


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excluir o arquivo e fazer nova postagem, caso note algum erro no envio.
Provas enviadas por engano (arquivos em branco, provas de outras disciplinas,
ou outros trabalhos quaisquer) receberão nota zero.

 A prova é individual. É permitida a consulta a materiais de estudo, mas não a


pessoas. Casos documentados de cópia (“cola”) receberão nota zero.

BOM TRABALHO!
Educação antirracista é condição para interromper o genocídio negro

Alexandre Schneider

Beto Freitas, 40, foi assassinado por asfixia diante de 15 testemunhas em um


supermercado Carrefour de Porto Alegre. Antes dele, vieram Pedro Gonzaga, 19,
asfixiado por um segurança em uma unidade do supermercado Extra no Rio de
Janeiro e João Victor, 13, agredido e arrastado para fora de uma loja do restaurante
Habib’s em São Paulo.
O traço comum nesses casos, além do racismo, é a forma como nós brancos e
a imprensa comumente os tratamos. Tendemos a individualizar a análise, pedimos
justiça, demonstramos empatia, choque e nos solidarizamos com a família das vítimas.
Ao tratar esses casos como algo singular, perdemos sua dimensão universal: esses
crimes evidenciam o racismo estrutural presente na sociedade brasileira.
É por tratar desses casos como um desvio e não como efeito de uma
característica fundante da nossa sociedade que as reações são sempre as esperadas:
as empresas demitem seus seguranças e as autoridades emitem notas de repúdio.
Enquanto isso, os negros continuam vítimas de violência física e simbólica, como
quando chamam mais a atenção dos seguranças do que dos vendedores ao adentrar
uma loja qualquer.
Há um verdadeiro genocídio negro no Brasil. Segundo o anuário do Fórum
Brasileiro de Segurança pública de 2020, três em cada quatro vítimas de crime
violento no Brasil são negros. Dois em cada três policiais mortos no Brasil são negros.
Os negros formam a maioria da população carcerária e das vítimas de violência
policial. Voltou a ser comum o ataque a centros que abrigam religiões de matriz
africana.
O racismo reforça a desigualdade no Brasil, em todas as suas dimensões. Não
vamos superá-lo sem uma mudança profunda em nossas instituições públicas e
privadas. A educação é um instrumento poderoso e necessário para desnaturalizar o
racismo.
A lei federal 11.645 de 2008 regulamentou a obrigatoriedade do Ensino da
História e Cultura Afro-brasileira e Indígena nos ensinos fundamental e médio. A
despeito de alguns avanços, sua aplicação ainda esbarra no preconceito de muitos
educadores, na ausência de materiais didáticos adequados, na formação dos
professores e na resistência das escolas.
A construção de uma escola antirracista vai além de tirar do papel a lei 11.645.
É preciso operar uma mudança na formação de todos os seus profissionais. A escola
deve cumprir seu papel de ser um espaço de aprendizagem que permita aos
estudantes conviverem com as diferenças sem anular aquilo que constitui sua
identidade.
O compromisso real se inicia na educação infantil, com a adoção de uma
pedagogia centrada na compreensão e valorização das diferenças. Nessa etapa o
corpo e o cabelo são elementos de formação da identidade. Em vez de seguir — por
ação ou omissão — reforçando o padrão eurocêntrico da pele branca e do cabelo liso,
a escola deve proporcionar às crianças rodas em que repensem esses padrões e
valorizem a diversidade. Prender o cabelo, alisá-lo ou raspá-lo em busca de aceitação
é uma violência contra a identidade das crianças pequenas.
Nas demais etapas de ensino, os estudantes pretos abandonam a escola em
maior proporção e têm desempenhos educacionais inferiores aos brancos, dada a
diferença de oportunidades educacionais entre os dois grupos, desde cedo. A criação
de indicadores e metas de redução da desigualdade educacional, bem como a adoção
de políticas específicas para alcançá-las é o melhor caminho a ser seguido.
Há um movimento de pais de escolas de elite em São Paulo para que estas
tenham um projeto antirracista. Algumas já estão propondo bolsas de estudos para
estudantes negros. É meritório e saudável, mas não basta. É preciso investir na
formação dos profissionais e no projeto pedagógico da escola e em medidas de apoio
pedagógico e emocional para que os estudantes negros possam melhor frequentar
ambientes ainda primordialmente brancos.
Os assassinatos de Beto Freitas e de tantos outros não foram fruto de desvios
individuais, mas resultados de uma sociedade estruturalmente racista. Ampliar
políticas de ação afirmativa, reformar instituições públicas e privadas são ações para
que rompamos com nosso falso e perverso pacto racial brasileiro, que ceifa vidas e
sonhos. Mas é preciso mudar a educação. A educação antirracista é condição para
interromper o genocídio negro.

Folha de São Paulo. 23/11/20


https://www1.folha.uol.com.br/colunas/alexandre-schneider/2020/11/educacao-
antirracista-e-condicao-para-interromper-o-genocidio-negro.shtml
Adaptado.

1. (1,0) Identifique a relação entre o título e a tese do texto.


Resposta: O título é o nome que o autor dá ao texto, neste caso é “Educação antirracista
é condição para interromper o genocídio negro” e a tese é a ideia defendida pelo autor.
Neste caso, o autor defende a necessidade de uma reformulação no sistema educacional,
através da construção de uma escola antirracista, em que o racismo seja combatido,
ondes pessoas negras sintam-se confortadas e que as diferenças sejam respeitadas.
Através da educação, criamos uma sociedade que se respeita e respeita o próximo.

2. (1,0) Avalie a contribuição das informações constantes no primeiro parágrafo


para a construção da coerência externa do texto.
Resposta: O parágrafo nos relata o assassinato de pessoas em estabelecimentos
comerciais acontecidos em diferentes cidades do país, presenciados por diversas pessoas
que parecem ser indiferentes diante dos fatos. Fatos estes, noticiados em diversos meios
de comunicação, relatando o racismo sofrido por essas vítimas.

3. (1,0) Explique, com suas palavras, a crítica que o autor faz às reações comuns
diante de crimes contra negros no Brasil.
Respostas: O crimes contra negros no Brasil criam repercussão temporária e por
muitas vezes não terminam com sua justiça sendo aplicada como deveriam, parece que
já é um hábito comum o racismo no nosso país e as constantes agressões a negros na
nossa sociedade. O genocídio passa despercebido pelas autoridades e poucas são as
políticas que tentam mudar as ideias de igualdade e o combate a estas causas.

4. (1,0) Há um verdadeiro genocídio negro no Brasil. (4º parágrafo)


Indique um dos fatos que o autor apresenta para justificar essa afirmação.
Resposta: Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança pública de 2020, três em
cada quatro vítimas de crime violento no Brasil são negros.
5. (1,0) Aponte uma das medidas que o autor sugere para o estabelecimento de
uma educação antirracista.
Resposta: A adoção de uma pedagogia centrada na compreensão e valorização
das diferenças pelas classes da educação infantil.

6. (2,0) Indique a que se referem, no contexto, as expressões sublinhadas nos


fragmentos abaixo.

a. O racismo reforça a desigualdade no Brasil, em todas as suas dimensões. (5º


parágrafo)
Resposta: A violência contra os negros aumenta cada vez mais a desigualdade,
em todos os campos da sociedade. Na família, na economia, nas educação, na
religiosidade dentre outras.

b. A despeito de alguns avanços, sua aplicação ainda esbarra no preconceito de


muitos educadores [..]. (6º parágrafo)
Resposta: Ainda existe pouco interesse de educadores em divulgar e promover o
conhecimento ligado a história dos negros. Por preconceito, questões religiosas e até
mesmo políticas muitas escolas não abrangem de forma ampla o tema ligado ao negro
no Brasil. A falta de materiais específicos que abordam o tema também é um obstáculo
por aqueles docentes que ainda tentam se aprofundar neste universo.

c. Nessa etapa o corpo e o cabelo são elementos de formação da identidade. (8º


parágrafo)
Resposta: A principal identidade do negro é o cabelo crespo, os traços salientes
do corpo e o tom da sua pele. O trabalho de combate ao racismo deve começar por
estes princípios, mostrar as diferenças entre as pessoas e as características de cada povo,
diferenças estas que representam a sua identidade, sua raiz e ancestralidade.

d. Há um movimento de pais de escolas de elite em São Paulo para que estas


tenham um projeto antirracista. (10º parágrafo)
Resposta: Pais de alunos de escolas de grande nome estão se mobilizando em
prol de que estas escolas estabeleçam projetos pedagógicos destinados ao combate ao
racismo e uma maior interação de alunos negros no convívio escolar.

7. (1,0) Reescreva a frase abaixo, empregando um recurso que reduza o grau de


certeza expresso.

A educação é um instrumento poderoso e necessário para desnaturalizar o


racismo. (5º parágrafo)
Resposta: A educação, certamente, é um instrumento poderoso e necessário para
desnaturalizar o racismo.

8. (1,0) No fragmento abaixo, um verbo auxiliar foi empregado como recurso


para expressar necessidade. Reescreva o fragmento, empregando um recurso diferente
para exprimir a mesma noção de necessidade.
[...] a escola deve proporcionar às crianças rodas em que repensem esses padrões
e valorizem a diversidade. (8º parágrafo)
Resposta: [...] a escola precisa proporcionar às crianças rodas em que repensem
esses padrões e valorizem a diversidade.

9. (1,0) Indique um conectivo que poderia ser empregado entre as duas últimas
frases do texto, na lacuna abaixo, de modo a explicitar a relação de sentido entre elas.

Mas é preciso mudar a educação, sem dúvida a educação antirracista é condição


para interromper o genocídio negro.

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