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CAMPUS ARAPIRACA
UNIDADE EDUCACIONAL DE PALMEIRA DOS ÍNDIOS
CURSO DE PSICOLOGIA
1 JUVENTUDE E NECROPOLÍTICA 4
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REFERÊNCIAS 9
1 JUVENTUDE E NECROPOLÍTICA
Além disso, foi pontuado também o papel das redes sociais e da internet de forma
geral por sua capacidade de disseminar o letramento racial, seja através da amplificação de
divulgação de escritas antirracistas, seja pela explosão de debates de temas como racismo
estrutural que são capazes de, consequentemente, gerar uma autoafirmação de uma identidade
negra.
Debateu-se também como muitas vezes o racismo é tão sútil que chega a passar
despercebido no dia-a-dia e um exemplo disso que Antônio César trouxe foi que seus pais
sempre faziam questão de que ele e seus irmãos andassem bem arrumados e naquele momento
ele não entendiam muito bem o porquê desta necessidade, mas, depois que ele passou a ter um
letramento racial, percebeu que aquela preocupação era muito mais que estética e que estava
pautada no racismo – tendo em vista que, por causa do racismo estrutural, muitos garotos
negros somente por não estarem vestidos de jeito formal são estereotipados e lidos como
marginais e ladrões.
Foi destacado também como é importante de pensar para além de apenas ocupações
de espaços de destaque por pessoas negras, pois, elas também precisam ser pessoas que sejam
de fato comprometidas efetivamente na luta antirracista e que não sejam apenas uma
representatividade vazia que ocupa o lugar mas com uma ocupação que está pautada nos
mesmos interesses de uma branquitude que não está interessada em mudar as estruturas de
poder e de opressão e consequentemente perpetua o racismo e a desigualdade nos âmbitos
sociais, culturais, econômicos, territoriais e entre outros.
Esses discursos dos jornais hegemônicos que servem aos interesses das elites e da
classe média direita conservadora dos intitulados ‘’cidadãos de bem’’ – estes segundos tanto
na busca pela vingança em atos infracionais cometidos, como também no lançamento de
propostas de PEC - são completamente destoantes do que está presente no Estatuto da Criança
e do Adolescente (ECA), documento este que constitui o jovem como um sujeito de direitos e
que mesmo ao cometer crimes, tem o direito de responder por eles com dignidade através de
medidas socioeducativas.
Neste sentido, com esse panorama de discussão, houve uma reflexão durante o fim
da palestra sobre a necessidade de pensar sobre que tipo de juventude está sendo vivenciada
por múltiplos jovens, que assim como esse garoto de 15 anos estão sendo destituídos de
direitos e foi notável que ainda se precisa lutar muito pelo direito de uma juventude digna – e
além disso que seja plural em classe, raça e etnia - principalmente em territórios tão
contraditórios e desiguais como aqui no Brasil.