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GRUPOS DE
ESTUDO
SERVIÇO SOCIAL
E
PSICOLOGIA
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Presidente
Desembargador MANOEL DE QUEIROZ PEREIRA CALÇAS
Número 16
SÃO PAULO
2019
Sumário
Introdução ...................................................................................................................... 14
1 - Antes de tudo, raça existe? ....................................................................................... 16
2 - Racismo e estrutura .................................................................................................. 19
3 - Racismo institucional ................................................................................................. 21
4 - Dar visibilidade ao tema para promover ações de enfrentamento ao racismo
institucional ..................................................................................................................... 22
5 - Metodologia ............................................................................................................... 23
6 - Dados obtidos na pesquisa com serviços de acolhimento – formulário 1 .................. 24
7 - Dados obtidos na pesquisa com serviços de acolhimento – formulário 2 .................. 34
8 - Considerações finais ................................................................................................. 39
Referências .................................................................................................................... 41
Introdução ...................................................................................................................... 48
1 - Leis e procedimentos que envolvem a escuta de crianças e adolescentes no
Judiciário ........................................................................................................................ 50
2 - A complexidade do trabalho dos psicólogos na realização da escuta de crianças e
adolescentes no judiciário .............................................................................................. 51
3 - Especificidades da escuta no âmbito do serviço social: procedimentos necessários 56
4 - A escuta dos familiares no âmbito do judiciário ......................................................... 57
5 - Ouvir ou escutar - reflexões....................................................................................... 59
6 - Conclusão ................................................................................................................. 65
Referências .................................................................................................................... 67
Introdução ...................................................................................................................... 74
1 - Processo de avaliação de candidatos pretendentes à adoção: um ponto ou uma
linha? .............................................................................................................................. 75
2 - Preparação de pretendentes à adoção ...................................................................... 79
3 - Avaliação e reavaliação de candidatos pretendentes à adoção ................................ 84
4 - Aproximação e estágio de convivência...................................................................... 87
5 - Conclusão ................................................................................................................. 91
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Referências .................................................................................................................... 94
Dedicatória ..................................................................................................................... 98
Agradecimentos .............................................................................................................. 99
Introdução .................................................................................................................... 101
1 - Perspectivas teóricas sobre o conflito ..................................................................... 103
2 - A perícia e os métodos alternativos de resolução de conflitos ................................ 107
2.1 – A mediação .......................................................................................................... 108
2.2 - Constelação familiar ............................................................................................. 110
3 - Sobre o tempo processual e o tempo subjetivo ....................................................... 110
4 - Considerações finais ............................................................................................... 114
Referências .................................................................................................................. 115
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COORDENAÇÃO
Cássia Maria Rosato – Psicóloga Judiciário – Comarca de Vinhedo
AUTORES
Anne de Fátima Araújo Aguiar – Assistente Social Judiciário – Foro Regional V - São
Miguel Paulista
Damaris Roma Matos – Psicóloga Judiciário – Foro Regional V - São Miguel Paulista
Marielle Anne Morais Soares – Assistente Social Judiciário – Foro Central João
Mendes
Marina Tomé Teixeira dos Santos – Assistente Social Judiciário – Foro Regional I
Santana
Thiago Simoni – Assistente Social Judiciário – Foro Regional V - São Miguel Paulista
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INTRODUÇÃO
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Foi apenas no século XVIII que a cor da pele foi tomada como critério
principal para divisão das chamadas raças, sendo a humanidade dividia, a partir de
então, em três categorias conhecidas ainda hoje: brancos, negros e amarelos. Já no
século XIX foram adicionados outros dados fenotípicos que constituem uma raça,
tais como a forma do nariz, dos lábios, queixo e cabelo. O autor lembra que a
classificação da humanidade em raças culminou numa teoria que, àquela época,
tinha validade científica, a raciologia, que cresceu e ganhou notoriedade ao longo do
século XX.
A crítica feita por Munanga (2003) a esta pseudoteoria gira em torno do
fato de ela ter um conteúdo mais doutrinário que científico, servindo antes para a
dominação e exclusão, do que para a explicação dos presumidos tipos humanos.
Foram estas teorias que, inclusive, depois de circularem pelos meios acadêmicos e
se alastrar pelo discurso social, que fundamentaram o nazismo e seus extermínios
durante a Segunda Guerra Mundial.
O autor retoma que alguns biólogos procuraram excluir o conceito de raça
de todos os dicionários científicos sob o argumento de esta é uma categoria analítica
de pouca precisão. Porém, o conceito perdura até hoje pela compreensão das
ciências sociais de que, embora não haja razões para afirmar a existência de uma
raça pela via da Biologia Humana, é inegável que há uma realidade social e política
que toma raça como categoria social e que aí é que reside a operacionalidade deste
conceito.
ALMEIDA (2018) em seu livro “O que é Racismo Estrutural?” analisa que
a compreensão sobre “raça” passa pelo entendimento do processo ideológico que
forja a dominação de uma forma estrutural na sociedade.
Levando em conta essa dimensão estrutural que culmina no racismo, o
autor enfatiza que “raça” é, portanto, também um conceito relacional. Ou seja, “raça”
é uma noção que instrui e rege as relações dentro de uma estrutura social na qual
circulam diferentes forças e jogos de poder. Nas palavras do autor “raça” é um
conceito:
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2 - RACISMO E ESTRUTURA
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Para Almeida (2018), o racismo deve ser concebido como uma forma de
estrutura da sociedade, se desdobrando em um processo político e histórico. O autor
define racismo como um elemento que faz parte das relações e das práticas sociais,
não se constituindo como uma patologia social, mas sim como uma forma de
funcionamento “normal” da sociedade. Afirma que “racismo é estrutura” e que as
próprias instituições (políticas, jurídicas, familiares, etc.) que compõem a vida social
tomam o racismo como regra e como balizador para suas ações e práticas.
É apresentada pelo autor uma perspectiva sobre o racismo que o concebe
como coordenada das relações e que “cria as condições sociais para que, direta ou
indiretamente, grupos racialmente identificados sejam discriminados de forma
sistemática”. (pg. 39). Assim, o paradigma estrutural sinaliza que o racismo coloca
os sujeitos inferiorizados pela raça como parte integrante e necessária para que todo
sistema social funcione.
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3 - RACISMO INSTITUCIONAL
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5 - METODOLOGIA
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Desse total, o perfil por idade, sexo e cor/raça foi dividido conforme segue:
36% 48%
64% 52%
0% 1%
48%
51%
1
Dados acessados no site do Conselho Nacional de Justiça (www.cnj.jus.br/cnca) em 25 de
novembro de 2019. Ressalta-se que, devido a registros não atualizados e subnotificações, os
números de acolhimentos podem conter imprecisões.
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identificados como negros e pardos2 atinge 69,71% do total, o que revela uma forte
prevalência dessa característica entre as pessoas institucionalizadas.
Podemos observar em nossa pesquisa que negros e pardos somaram
51%, brancos 48% e 1% asiático.
O Estatuto da Igualdade Racial define como “população negra o conjunto
de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas, conforme o quesito cor ou raça
usado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou que
adotam autodefinição análoga”. O professor e historiador Carlos Eduardo Dias
Machado observa que o Brasil é um país de grande miscigenação e isso aumenta a
complexidade da discussão sobre raças.
Assim, ao se tratar de mestiços ou pardos, a definição pode ficar confusa,
pois sabemos que essa população pode ser classificada como brancos ou negros,
dependendo do contexto e de quem analisa a situação.
O tempo médio de permanência nos serviços de acolhimento do Brasil,
conforme dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ, 2019) está abaixo
demonstrado:
2
Designações do Cadastro Nacional de Adoção.
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de 1 ano a 1 acima de 1
ano e 6 ano e 6
até 6 meses até 1 ano meses meses
crianças brancas 0 3 4 2
crianças negras e pardas 1 2 3 3
adolescentes brancos 1 1 1 6
adolescentes negros e pardos 0 1 1 7
grupo de irmãos 0 1 2 6
Motivos do acolhimento
Às Muitas Não
Nunca Raramente vezes vezes Sempre respondeu
Violência Física 0 2 5 2 0 0
Violência Sexual 0 2 5 2 0 0
Violência Moral/ Psicológica 2 1 2 2 1 1
Negligência 0 0 0 3 6 0
Abandono 0 1 3 4 1 0
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Muitas Não
Nunca Raramente Às vezes Sempre
vezes respondeu
Analfabetismo 0 2 3 2 0 2
Fundamental incompleto 0 0 2 6 1 0
Fundamental completo 0 6 1 1 0 1
Ensino Médio
incompleto 1 3 0 3 0 2
Ensino Médio completo 1 6 1 0 0 1
Superior incompleto 6 1 0 0 0 2
Superior completo 6 1 0 0 0 2
Outro 5 0 0 0 1 3
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Muitas Não
Nunca Raramente Às vezes Sempre
vezes respondeu
Família Nuclear 0 2 4 3 0 0
Família Monoparental 0 0 4 5 0 0
Família Homoafetiva 8 1 0 0 0 0
Família estendida 0 1 6 2 0 0
Outros 4 2 0 0 0 3
Às Muitas Não
Nunca Raramente Sempre
vezes vezes respondeu
Moradia Própria 1 7 1 0 0 0
Alugada 0 0 0 8 1 0
Cedida 1 3 1 4 0 0
Ocupação 3 3 2 1 0 0
Casa de Acolhimento 5 3 1 0 0 0
Situação de rua 4 3 1 1 0 0
Outro 5 0 0 0 0 4
Às Muitas Não
Nunca Raramente Sempre
vezes vezes respondeu
Assistência Social 0 0 3 5 1 0
Defensoria Pública 0 0 2 3 4 0
Educação 0 3 0 5 1 0
Saúde 0 1 1 6 1 0
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Esporte 2 5 1 1 0 0
Lazer 2 5 2 0 0 0
Cultura 3 5 1 0 0 0
Habitação 2 6 1 0 0 0
Saneamento Básico 0 2 6 1 0 0
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Educadora tentou de uma forma errada ensinar Jefferson que não poderia chamar
Kleiton de macaco. Levando eles ao espelho. Mais quando ela fala para Jefferson
que ele não tem condição de chamar Kleiton de macaco. Ela meio que sem
perceber, está mostrando para Jefferson que ele também é negro. E que diante do
espelho, os dois são negros. Então ela ali não ensinou nada. Mais ali ela meio que
afirmou aos dois que o negro meio que está ligado ao macaco. E isso é racismo.”
Somente 01 (um) dos profissionais ficou na dúvida quanto ao teor racista
da regra ou atitude em pauta, pelo fato de compreender ter sido uma ação pontual e
que promoveu a reflexão dos acolhidos envolvidos.
E apenas 01(um) não considerou que a atitude descrita se caracteriza
como racista, uma vez que a educadora “apenas estava cumprindo sua função,
estava educando”.
Essa associação do negro ao referido animal, historicamente, é muito
recorrente como forma de xingamento e ofensa, tendo ocorridos inúmeros episódios
recentemente no meio futebolístico, que constantemente estampam as matérias na
mídia, assim como toma grandes proporções nas redes sociais.
Demanda-se um olhar atento para a temática voltado para a
problematização e desconstrução da utilização de termos, atitudes, piadas,
associações e estereótipos relacionados à identificação da pessoa negra, tal como
no caso em questão onde se atrelou a criança negra ao animal macaco.
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8 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Silvio Luiz de. O que é racismo estrutural? Belo Horizonte: Letramento,
2018.
Azôr, A., & Vectore, C. (2008). Abrigar/desabrigar: Conhecendo o papel das famílias
nesse processo. Estudos de Psicologia (Campinas), 25(1), 77-89.
FLEURY, Sonia; OUVERNEY, Assis Mafort. Política de Saúde: Uma Política Social.
Disponível em:
http://www.escoladesaude.pr.gov.br/arquivos/File/TEXTO_1_POLITICA_DE_SAUDE
_POLITICA_SOCIAL.pdf.
FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala. São Paulo: Global, 1933.
42
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MIOTO, Regina Célia Tamaso. Família e políticas sociais. In: BOSCHETTI, Ivanete
et.al (org.). Política social no capitalismo: tendências contemporâneas. São Paulo:
Cortez, 2008.
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SALES, Mione A.; MATOS, Maurílio C.; LEAL, Maria C. (org.). Política social, família
e juventude: uma questão de direitos. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2008. p. 25-42.
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COORDENAÇÃO
AUTORES
Aline Cristina Carta – Psicóloga Judiciário – Comarca de Santa Fé do Sul
Ana Cláudia Sarpi Chiodo – Psicóloga Judiciário – FR. IV Lapa
Ana Maria Neves de Mattos – Psicóloga Judiciário – Comarca de Urânia
Ana Paula Duarte Xavier – Psicóloga Judiciário – Comarca de São Caetano do Sul
Aparecida Regina Signori Dantas – Assistente Social Judiciário – Comarca de Santa
Fé do Sul
Carmen Sylvia de Barros Pereira Camargo – Psicóloga Judiciário – F.R. Pinheiros
Cristina Rodrigues Rosa Bento Augusto – Psicóloga Judiciário – F.R. Ipiranga
Daize Pereira dos Santos Oliveira – Assistente Social Judiciário – Vara Central
Elizangela Sanches Dias – Assistente Social Judiciário – Comarca de Jales
Erica Fragoso Pacca – Assistente Social Judiciário – Comarca de Peruíbe
Fabiana Aparecida de Oliveira – Assistente Social Judiciário – 2ª Vara da Comarca
de Campos do Jordão
Gessylea Matiole – Assistente Social Judiciário – Comarca de Aparecida
Giovani Diniz Santos – Psicólogo Judiciário – Comarca de São José dos Campos
Gizelle Regina Gomes Furlan – Psicóloga Judiciário – Comarca de Ipauçú
Marcia Viana Amaral – Psicóloga Judiciário – Comarca de Ferraz de Vasconcelos
Maria Alice Siqueira Mendes e Silva – Psicóloga Judiciário – Comarca de Santa Fé
do Sul
Meire Obata Matsuo – Psicóloga Judiciário – Vara Central
Milene Podenciano Roque – Assistente Social Judiciário – Comarca de Palmeira
d’Oeste
Mônica Aparecida Mota Vale – Assistente Social Judiciário – Comarca de Arujá
Priscila Cristina da Silva – Assistente Social Judiciário – F.R. Itaquera
Roberta Bechelli Duarte Migliaresi – Psicóloga Judiciário – Comarca de Itanhaém
Sarita Erika Yamazaki – Psicóloga Judiciário – FR. VI Penha de França
Silvia Vilela da Costa – Assistente Social Judiciário – Comarca de Santa Fé do Sul
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INTRODUÇÃO
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de uma instituição, para posteriormente ser adotada, aspectos estes que compõem
sua história de vida e identidade pessoal. Um dos principais pontos para reflexão
propostos pela autora está na possibilidade de conversar com a criança e de estudar
a adoção a partir da sua perspectiva, pois, quando falam, elas expressam
sentimentos e emoções sobre seu processo de adoção. O diálogo representa um ato
de significação, no qual a criança e o adolescente podem ter a oportunidade de
construir sua identidade. Muitas vezes, a entrevista com o profissional pode ser uma
das únicas oportunidades dadas à criança para que ela estabeleça significados à
sua própria história (TJSP, 2009).
Para Solon (2006, p. 127) “ouve-se muito pouco as crianças e fala-se
muito pouco sobre adoção com elas”. A autora coloca que elas circulam de um
contexto para outro (família biológica, abrigo, família adotante), submetidas de
maneira impotente às decisões dos adultos, muitas vezes, sem compreender o que
está acontecendo. Contudo, se quisermos elevar a criança para uma posição de
sujeito ativo e de direitos dentro do processo de adoção, teremos que aprender a
ouvi-la.
Compreendemos que há especificidades na escuta dependendo da idade
e estágio do desenvolvimento. O nível de desenvolvimento cognitivo e emocional
também deve ser considerado na condução da conversa com a criança. Por
exemplo: estudos sugerem que criança em idade pré-escolar pouco diferencia entre
“ser filho adotado” e “ser filho biológico”.
Nessa perspectiva, Brodzinsky, Singer e Braff (apud SOLON, 2006, p. 26)
explicam que existem dois períodos de maior sensibilidade para a criança. O
primeiro acontecendo em torno de 6-7 anos, quando a maioria descobre o vínculo
biológico entre pais e filhos e, dessa forma, as crianças adotadas compreendem
que, antes de serem adotadas, foram separadas de sua família de origem, com
quem têm vínculos biológicos. É a partir desse processo que os autores argumentam
que emerge o “sentimento de perda”. O segundo período de aumento de
sensibilidade ocorre na adolescência, quando emerge a busca pela identidade.
Souza, Seguim, Levisky, Rudge, Ungaretti (apud Guirardi, ferreira, 2018, p. 21)
colocam:
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6 - CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS
FAVERO, Eunice Teresinha; MELÃO, Magda Jorge Ribeiro; JORGE, Maria Rachel
Tolosa. (orgs). O Serviço Social e a Psicologia no Judiciário. 4º Ed. São Paulo:
Cortez, 2011.
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SITES CONSULTADOS:
http://www.crianca.mppr.mp.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1361.
Acesso em 16 out. 2019
https://www.childhood.org.br/publicacao/guia-de-referencia-em-escuta-especial-de-
criancas-e-adolescentes-em-situacao-de-violencia-sexual-aspectos-teoricos-e-
metodologicos.pdf Acesso em 16 out. 2019
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COORDENAÇÃO
Luiza Gabriella Dias de Araújo – Assistente Social Judiciário – Comarca de Ferraz
de Vasconcelos
Nina Rosa do Amaral Costa – Psicóloga Judiciário – Comarca de Amparo
AUTORES
Alberta Emília Dolores de Góes – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Itapecerica da Serra
Aline Pereira Lança Passos – Assistente Social Judiciário – Fórum Regional de
Santana
Ana Rita de Oliveira Leme Costa – Psicóloga Judiciário – Fórum Regional de
Jabaquara
Ana Roberta Prado Montanher – Psicóloga Judiciário – Comarca de Bauru
Cristiane Calvo – Psicóloga Judiciário – Comarca de São José do Rio Preto
Débora Nunes de Oliveira – Assistente Social Judiciário – Comarca de Embu das
Artes
Eliane Ferraz Coca – Psicóloga Judiciário – Fórum Regional de Itaquera
Elisa Meireles Andrade Albuquerque – Psicóloga Judiciário – Comarca de Embu-
Guaçu
Elisângela Fraga Ferreira – Psicóloga Judiciário – Comarca de Jundiaí
Gracielle Feitosa de Loiola Cardoso – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Vargem Grande Paulista
Graziele Galindo do Vale – Psicóloga Judiciário – Comarca de Indaiatuba
Jucilene Alves Neves Pokojski – Assistente Social Judiciário – Comarca de Ferraz
de Vasconcelos
Juliana da Conceição Velloso – Psicóloga Judiciário – Comarca de Mogi das Cruzes
Luiza Gabriella Dias de Araújo – Assistente Social Judiciário – Comarca de Ferraz
de Vasconcelos
Maira Quilisi Malvoni – Assistente Social Judiciário – Comarca de Mogi das Cruzes
Marcelo Soares Vilhanueva – Psicólogo Judiciário – Comarca de Campinas
Maria Rosa Cavalcante – Assistente Social Judiciário – Fórum Regional VII -
Itaquera
Nina Rosa do Amaral – Psicóloga Judiciário – Comarca de Amparo
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BRASIL. Presidência da República. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à fome. Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa
do Direitos de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária. Brasília,
2006.
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Páginas 143-145.
6
Caderno do Grupos de estudos n 15, 2018 – artigo da comarca de Dracena.
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Desenvolvemos um formulário para captação da experiência de cada Comarca.
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O artigo O percurso da concretização da adoção: da habilitação dos pretendentes à construção
dos laços de filiação adotiva (Presidente Prudente) – cad. 14 de 2017 esmiuça o tema e propõe
doze passos para adoção.
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5 - CONCLUSÃO
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COORDENAÇÃO
AUTORES
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DEDICATÓRIA
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AGRADECIMENTOS
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INTRODUÇÃO
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2.1 - A MEDIAÇÃO
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O próprio mediador pode ser considerado apto a decidir pelo fim ou não
da mediação na medida em que perceba que essa forma específica de condução do
conflito já não se mostra útil para o caso concreto em discussão.
O Ministério da Justiça do Canadá utiliza o Plano de Responsabilidades
Parentais nos casos altamente litigiosos no intuito de estabelecer regras a serem
cumpridas pelos pais, contribuindo para a redução dos conflitos entre o casal,
privilegiando as discussões e resoluções em relação à parentalidade, no melhor
interesse da criança. No referido plano, os pais envolvidos em uma ação de divórcio
estabelecem de forma descritiva seus deveres e obrigações para cuidar de seus
filhos.
Segundo o Ministério da Justiça do Canadá, faz-se necessário
estabelecer um plano de responsabilidades parentais criteriosamente estruturado,
com o intuito de reduzir os conflitos entre os pais, pois muitas vezes, a mediação
mostra-se insuficiente.
Outra perspectiva abordada pelo Ministério da Justiça do Canadá é
trabalhar os conflitos no âmbito das politicas públicas devido à complexidade das
questões familiares que extrapolam o campo judiciário.
Entende-se que é no âmbito das políticas públicas que a família busca
respaldo para cumprir seu papel, embora inicialmente a demanda institucional se
apresente como questão isolada, compreende-se ser ela decorrente de um sistema
capitalista que incita o individualismo e a meritocracia, camuflando as desigualdades
e injustiças sociais nela permeadas.
Diante da deficiência de recursos públicos e de rede de apoio (familiar,
comunitária e social) a família recorre ao Poder Judiciário buscando equacionar sua
demanda, submetendo-se à publicização de questões particulares.
Nesse contexto, é imprescindível que a intervenção dos profissionais do
Judiciário seja pautada em conhecimento teórico aprofundado e condizente com as
novas expressões da questão social, que assola diretamente as relações familiares
e culminam em demandas apresentadas na prática diária como questão meramente
pontual, simplista, particularizada, e, por vezes, patologizada.
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4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Na obra “Totem e Tabu”, Freud (1912) apresenta o Pai da Horda como um sujeito não castrado
e detentor de direitos exclusivos sobre todas as mulheres do clã. O seu assassinato pelos seus
filhos produz a instauração da Lei, a qual todos, sem exceção, devem se submeter.
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REFERÊNCIAS
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GOIS, Dalva Azevedo de; OLIVEIRA, Rita C.S. Serviço Social na Justiça de Família:
demandas contemporâneas do exercício profissional. Coleção Temas Sócio
Jurídicos. São Paulo: Cortez, 2019.
PRADO, Adélia. Poema: O que a memória ama, fica eterno. Disponível em:
https://www.recantodasletras.com.br/cronicas/3902378.
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INTRODUÇÃO
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“A ‘questão social’ é constitutiva do desenvolvimento do capitalismo. Não se suprime a
primeira conservando-se o segundo. A análise de conjunto que Marx oferece n ́O capital revela,
luminosamente, que a ‘questão social’ está elementarmente determinada pelo traço próprio e
peculiar na relação capital/trabalho – a exploração. A exploração, todavia, apenas remete à
determinação molecular da “questão social”; na sua integralidade, longe de qualquer
unicausalidade, ela implica a intercorrência mediada de componentes históricos, políticos,
culturais, etc” (NETTO, 2001, p.45-46). No mesmo sentido, apresenta Iamamoto: “A questão
social diz respeito ao conjunto das expressões das desigualdades sociais engendradas na
sociedade capitalista madura, impensáveis sem a intermediação do Estado. Tem sua gênese no
caráter coletivo da produção, contraposto à apropriação privada da própria atividade humana – o
trabalho – das condições necessárias à sua realização, assim como de seus frutos. É
indissociável da emergência do ‘trabalhador livre’, que depende da venda de sua força de
trabalho com meio de satisfação de suas necessidades vitais” (2001, p. 16-17).
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1 - PERCURSO HISTÓRICO
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Disponível em https://pt-br.facebook.com/aasptjsp/. Acesso em: 28 nov. 2019.
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A pesquisa levantou que os impactos do serviço cumulativo, seja cedendo, seja recebendo
profissionais, se deram nas seguintes Varas: Vara da Infância e da Juventude da Comarca de
São José dos Campos; 2ª Vara Criminal da Comarca de Jacareí; Vara da Infância e da
Juventude do Foro Regional VIII – Tatuapé; Seção Técnica de Psicologia do Foro Regional I –
Santana; 2ª Vara da Comarca de Vargem Grande do Sul; Vara da Comarca de Tambaú; 3ª Vara
da Comarca de Pirassununga; Vara Criminal da Comarca de Leme; Vara do Júri e da Infância e
da Juventude da Comarca de Presidente Prudente; Vara da Comarca de Regente Feijó; 2ª Vara
da Comarca de Mococa; Vara da Comarca de Caconde; Vara da Infância e da Juventude da
Comarca de São José do Rio Preto; Vara da Comarca de Nova Granada; Vara das Execuções
Criminais e da Infância e da Juventude da Comarca de Itu; 1ª Vara Criminal da Comarca de
Indaiatuba; Vara da Comarca de Itajobi; Vara da Comarca de Urupês; Vara da Infância e da
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Resolução n.º 554/2009 do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) e Resolução n.º
010/2010 do Conselho Federal de Psicologia (CFP).
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indo desde a correta execução dos princípios elencados pelos Conselhos Federais
de Serviço Social e Psicologia, até o descumprimento total destas normas básicas.
Sobre isto, indicamos que o Conselho Federal de Serviço Social dispõe,
através da Resolução n.º 493/06, que:
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3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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NETTO, J.P. Cinco notas a propósito da “questão social”. In: Revista Temporális.
Ano 2, n.3 (jan/jul 2001) Brasília: ABEPSS, Grafline, 2001.
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COORDENAÇÃO
Irene Pires Antonio – Psicóloga Judiciário – Supervisora do Serviço de Depoimento
Especial – DAIJ 1.3 - Capital
Lucimara de Souza – Psicóloga Judiciário – Vara da Região Norte de Violência
Doméstica e Familiar Contra a Mulher – Capital
AUTORES
Ana Maria Basile Martins Rezende – Psicóloga Judiciário – Vara do Juizado Especial
Cível e Criminal da Comarca de Tatuí
Ana Paula Magri Moreira – Psicóloga Judiciário – 2ª Vara da Comarca de Mongaguá
Ana Valentina Turri de Souza Paraiso – Psicóloga Judiciário – 2ª Vara da Comarca
de Bertioga
Catia Cristina Xavier Mazon – Psicóloga Judiciário – 2ª Vara da Comarca de Agudos
Celia Regina de Souza Cauduro – Psicóloga Judiciário – 2ª Vara da Comarca de
São José do Rio Pardo
Cristina Palason Moreira Cotrim – Psicóloga Judiciário – 3ª Vara Criminal da
Comarca de São Vicente
Irene Pires Antonio – Psicóloga Judiciário – Supervisora do Serviço de Depoimento
Especial – DAIJ 1.3 - Capital
Izabel Cristina Paez – Psicóloga Judiciário – Vara da Comarca de Estrela D'Oeste
Lucimara de Souza – Psicóloga Judiciário – Vara da Região Norte de Violência
Doméstica e Familiar Contra a Mulher – Capital
Mara Cristina de Maria – Psicóloga Judiciário – Seção Técnica de Psicologia da Vara
da Infância e da Juventude de Santana
Marcele Gulao Pimentel – Assistente Social Judiciário – 2ª Vara da Comarca de
Bertioga
Maria Gorette Fernandes – Assistente Social Judiciário – Vara da Comarca de Itariri
Monica Potzik – Psicóloga Judiciário – Sanctvs - Fórum Ministro Mário Guimarães
Nemora Suely Melo Fernandes – Psicóloga Judiciário – Vara da Comarca de
Caconde
Regina Aparecida Rodrigues Carvalheiro Costa – Psicóloga Judiciário – Vara da
Comarca de Santa Cruz das Palmeiras
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INTRODUÇÃO
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processo ou a lentidão do andar processual, que pode vir a interferir nessa etapa tão
importante.
Pensando sobre a avaliação num sentido mais amplo, o termo é utilizado
em vários campos do conhecimento com diversidades de significados e
especificidades diferentes. A definição para a área da educação, por exemplo, é
atribuir valor, nota, com a etimologia da palavra advinda do latim a-valere, que
significa “dar valor, emitir julgamento de valor” (Buriasco, Ferreira & Ciani, 2009,
p.71). Já para a ciência médica, a definição dada pela OMS (Organização Mundial
de Saúde) como “processo de determinação quali e quantitativa, através de métodos
específicos e apropriados, do valor de alguma coisa ou acontecimento” (Carvalho,
Rosenburg & Buralli, 2000, p.1).
Os psicólogos e assistentes sociais judiciários atuam em um contexto
institucional cujo objetivo é fornecer subsídios à autoridade judicial, buscando o
melhor interesse da criança.
A Avaliação Psicossocial condensa dois estudos:
1- O psicológico: Na vertente psicológica, as técnicas e instrumentos são
planejados a partir dos objetivos a serem alcançados. No caso específico da
Avaliação para fins de Depoimento Especial, deve-se analisar se o entrevistado terá
condições de Revelar o abuso sexual e/ou violência sofrida. Assim, a família é
entrevistada para que se obtenham dados concernentes a aspectos gerais da
criança, como por exemplo, emocionais e comportamentais, antes e após a suposta
violência. Buscam-se dados que possam indicar uma ruptura ou modificação brusca
de comportamento. A sintomatologia a ser referida pode variar, mas deve indicar
situações de stress ou egodistônicas. A avaliação do estado emocional da
criança/adolescente concerne ao custo afetivo de recordar o fato e também à
pressão sobre ela, quando decidiu acusar ou retratar-se; enfim, ter de lidar com a
ambivalência de o ofensor ser, por exemplo, um ente querido e/ou de tornar público
algo de vivência negativa.
2- O social: Engloba um olhar sobre os aspectos sociais, culturais e
econômicos considerando a história de vida, única e singular, do indivíduo avaliando
sua inserção no meio social em que vive, em determinado território. Diferentes
aspectos sociais devem ser considerados como o acesso às políticas públicas, a
inserção no mundo do trabalho, o atendimento às necessidades básicas de vida, o
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1 - OBJETIVOS
2 - METODOLOGIA
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falsas memórias dando chance a que a avaliação prévia não consiga chegar a
conclusões mínimas se a criança sofreu algum tipo de violência, se foi induzida
propositalmente ou por má condução do caso, ou até pela escassez dos detalhes
perdidos pelo tempo decorrido.
Dessa forma a avaliação prévia, além de buscar os elementos passados
(qual o caminho que esta criança percorreu até chegar ao Judiciário? Qual o lapso
temporal entre o início da revelação e esta fase? entre outras questões), tem como
objetivo verificar também como a criança se encontra no presente momento. Assim,
na avaliação prévia, todas essas variáveis intervenientes devem ser levadas em
consideração.
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3 - DISCUSSÃO DO CASO
enquanto seus pais trabalhavam no período noturno. Certo dia, na ausência da tia,
R. tirou fotos de M. de calcinha e a fez manipular seus órgãos genitais. Dias depois,
ao ser convidada a passar a noite na casa de R., a criança chorou negando-se a ir.
No dia posterior, a mãe questionou a reação, momento em que M. lhe revelou o
ocorrido. A mãe afastou-se da tia e de sua família sem maiores explicações. Tempos
depois surgiu uma denúncia anônima, o conselho tutelar foi avisado e, sob
orientação desse órgão, a família registrou Boletim de Ocorrência. Foi realizada a
Escuta Especializada pelo serviço de saúde mental do município, oferecida denúncia
pelo Ministério Público e, assim, o caso chegou ao Judiciário.
A técnica do judiciário responsável pelo caso foi uma psicóloga, que
chamou os pais e a criança para uma avaliação prévia, porém o pai não
compareceu. Posteriormente em função do arrolamento da prima e amiga como
testemunha, esta e sua mãe (tia-avó materna) foram entrevistadas. Durante o
estudo, perguntado à criança sobre o motivo de estar ali, revelou o abuso. Sua mãe
contou que as famílias romperam o convívio familiar em função do ocorrido, havendo
afastamento entre as crianças e demais familiares, causando sofrimento a todos. A
criança verbalizou que tinha medo de revelar o ocorrido por ter sofrido ameaças de
R. Durante o depoimento especial, demonstrou inquietação, agitação psicomotora e
vergonha.
Percebeu-se, no caso ilustrativo, a revelação ativa da criança e o
posicionamento dos pais afastando se da família na tentativa de preservar a criança.
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4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
Buriasco, R. L. C., Ferreira, P. E. A., & Ciani, A. B. (2009). Avaliação como Prática
de Investigação (alguns apontamentos). BOLEMA, v. 22 n. 33, 69-95, Rio
Claro/SP.
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COORDENAÇÃO
Carlos Henrique de Francisco – Assistente Social Judiciário – Vara Central
Fabiane Cristina Vieira de Souza – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Piracicaba
AUTORES
Alana Beatriz Ferreira – Assistente Social Judiciário – Comarca de Catanduva
Angelita Luiza Covre – Assistente Social Judiciário – Comarca de São Carlos
Aline da Silva Fernandes – Assistente Social Judiciário – Fórum Regional de São
Miguel Paulista
Carlos Henrique de Francisco – Assistente Social Judiciário – Vara Central
Ana Rita Pavão – Assistente Social Judiciário – Comarca de Pirassununga
Cleber Candido de Deus – Assistente Social Judiciário – Comarca de Santo Amaro
Daniela de Oliveira – Assistente Social Judiciário – Comarca de Cubatão
Edilaine Faustino da Silva – Assistente Social Judiciário – Comarca de Santana do
Parnaíba
Fabiane Cristina Vieira de Souza – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Piracicaba
Fátima de Almeida Freitas – Assistente Social Judiciário – Fórum Regional de São
Miguel Paulista
Jacira Castro da Silva Barbosa – Assistente Social Judiciário – Comarca de Rio das
Pedras
João Carlos Ferreira – Assistente Social Judiciário – Comarca de Itanhaém
Kátia Aparecida Cordeiro dos Santos – Assistente Social Judiciário – Comarca de
São José do Rio Preto
Kátia Regina Dias da Silva Freitas – Assistente Social Judiciário – Comarca de Itu
Lucinete Rodrigues de Santana – Assistente Social Judiciário – Fórum Regional de
Santana
Maria Cristina de Oliveira – Assistente Social Judiciário – Comarca de Jarinu
Mariana Suemi Hamagushi – Assistente Social Judiciário – Fórum Regional da
Penha de França
Marilza Elorza Carneiro – Assistente Social Judiciário – Fórum de Andradina
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INTRODUÇÃO
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entendida como o “espaço íntimo” do sujeito, ou seja, como ele se reconhece (mundo interno)
e como ele se relaciona com o mundo social (mundo externo), resultando em marcas singulares
na formação do indivíduo.
15 A categoria totalidade está intrinsecamente ligada à ideia de ruptura com a “aparência
superficial” buscando aprofundar-se na essência da realidade, algo que não é estático, mas
dinâmico, sendo apenas um momento de um processo de totalização (nunca alcança uma etapa
definitiva e acabada). Com as aproximações sucessivas da categoria totalidade é possível a
compreensão do movimento sócio histórico da realidade que tem como escopo a produção e
reprodução da vida social. Para Húngaro (2001, p.189) “o ponto de vista da totalidade não se
restringe, apenas, à apreensão da realidade objetiva (como objeto do conhecimento), ele foca,
também, o sujeito. Em outras palavras, apreender a realidade objetal como totalidade implica,
também, encarar o sujeito como uma totalidade. Na sociedade moderna, as classes sociais são
representativas dessa totalidade subjetiva.” O profissional de Serviço Social, apesar de
desenvolver análises de “micrototalidades”, não deve perder de vista a concepção de totalidade
das determinações sociais, pois quanto mais se apropria dos elementos e da análise de
diferentes aspectos socioculturais, socioeconômicos e políticos, dentre outros, mais completa e
refinada fica a sua interpretação da realidade social dos usuários e, assim, ultrapassando sua
expressão fenomênica, percebe-se tal situação/conflito como expressão de uma dada
sociedade, num dado momento histórico.
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III Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais, realizado em São Paulo no ano de 1979,
denominado “Congresso da Virada”. O ano de 1979 tornou-se emblemático por ser o tempo de
florescimento das possibilidades objetivas e subjetivas que permitiram às forças políticas do
trabalho expressar suas lutas pela implementação do Estado de Direito após o período da
ditadura militar no Brasil, que ceifou as mais corajosas formas de resistência e combate ao
autoritarismo. Alimentados por aquela conjuntura sócio-histórica, Assistentes Sociais começaram
a tecer o entendimento do Serviço Social nos marcos da relação capital/ trabalho e nas
complexas relações entre Estado e Sociedade. A “Virada” teve o sabor de descortinar novas
possibilidades de análise da vida social, da profissão e dos indivíduos com os quais o Serviço
Social trabalha (fonte: http://www.cfess.org.br/arquivos/congresso.pdf acesso em 28.11.2019).
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é também, desde o início, psicologia social, num sentido ampliado, mas inteiramente
justificado”.
Com isto, entendemos que as subjetividades se constroem social e
historicamente como descreve Silveira (2002, p. 104) “a subjetividade é socialmente
produzida, operando numa formação social determinada, sob o crivo de um
determinado tempo histórico e no âmbito de um campo cultural”. No mesmo sentido,
Duarte pondera que:
17
Segundo Iamamoto (1998, p.27) “A Questão Social é apreendida como um conjunto das
expressões das desigualdades da sociedade capitalista madura, que tem uma raiz comum: a
produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto
a apropriação dos seus frutos mantém-se privada, monopolizada por uma parte da sociedade”.
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porque nelas constituídas – das relações sociais e mesmo as situações mais íntimas
do ser possuem inscrição na cultura, na ciência, na política e na economia” (Gentilli:
2013 p. 316).
O ser social visto como singular carregado de suas emoções, afetos,
paixões, comportamentos e escolhas só existem inseridos na vida social, na
interação com outros sujeitos, sendo cristalino observar que as contradições da vida
em sociedade produzem efeitos diversos em cada ser social, tanto na sua inserção
na vida social, quanto nas inter-relações, singulares e individuais.
Desse modo, a autora entende que as ideias, as representações, a fé, os
afetos, a consciência e o pensamento dos homens são parte da realidade material
porque também expressa a vida real, a linguagem da vida real, no entanto, está
profundamente vinculada às condições objetivas da realidade social de cada sujeito.
A vida cotidiana é pragmática, repleta de pensamentos fragmentados, de
manipulação, de juízos de valor, que são originados tanto na orientação social
quanto nas escolhas e preferências.
Contraditoriamente, na estrutura da subjetividade, são impostas aos
sujeitos condições de vida fundadas no desejo do consumo, que enseja status e
exclusividade – fetiches (coisas) que prometem felicidade para aqueles que "podem"
adquiri-los, mas também descarta os que não podem, delineando-se uma lógica de
mercado.
Assim, à medida que o capitalismo se transforma, emergem novas
contradições, impondo novos fetiches, novas formas de desagregação social como
atualmente a criminalização dos movimentos coletivos e estranhamento do ser que
vive do trabalho.
Todas as implicações da sociedade do capital encontram-se, portanto,
nas complexas inter-relações particulares que se organizam no binômio
produção/reprodução social, numa totalidade complexa, anteriormente estabelecida.
A desagregação social engendrada na nova forma de produção social
elimina mecanismos de organização, como os movimentos de moradia, criando uma
lógica consensual envolvente para melhor promover a manipulação.
Para superar essas práticas cotidianas imediatas, pode-se eleva-las ao
nível de atividade consciente, promovendo rupturas, alargando esses momentos de
possibilidade "da invenção da ousadia, do atrevimento, da transgressão
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O conceito de humano-genérico se constitui como homem por inteiro, utilizando todas as suas
capacidades, possibilidades e habilidades humanas; o homem vivendo livremente e
inteiramente, sendo mudança, criação, criatividade, enfim, sendo vida. Seria o reconhecimento
do “nós”, de se identificar com o outro pela igualdade, ser reconhecido e reconhecendo o outro
enquanto ser humano. O ser genérico, enquanto ser social, oferece as condições para a
inteligibilidade desse processo, em contraponto à nossa sociedade atual que se constitui de
valores individualistas e egoístas, onde o sujeito está sendo impossibilitado de se construir
enquanto humano-genérico, de edificar uma identidade coletiva com o outro ser humano, e este
não se reconhece como tal. A ética permite a elevação do ser humano, possibilitando este
atingir o humano-genérico, de modo que se reconheça no outro, se coloque no lugar do outro em
uma perspectiva de identidade e não simplesmente de alteridade. “O homem enquanto ser
humano-genérico não pode conhecer e reconhecer adequadamente o mundo a não ser no
espelho dos demais.” (Heller, 1989, p. 84).
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acabou sendo revertida somente em 1993, com a Lei Orgânica de Assistência Social
(Gentilli, 2011, p. 216).
Por outro lado, Antunes & Praun (2015, p. 410-411) sinalizam o
adoecimento da população trabalhadora, no contexto da acumulação flexível e da
nova divisão internacional do trabalho, conforme debatido no parágrafo anterior,
reiterando fenômenos antigos relativos ao adoecimento ou enfermidade com nexo
laboral, em razão da exposição do trabalhador a condições de trabalhos nocivos à
sua saúde. Os autores ressaltam a agudização desse processo através da
fragilização da legislação protetora do trabalho e da organização sindical observada
hoje em escala global. E citam:
Ampliando a visão sobre esse debate, Gentilli (2011, p.216), assevera que
tal situação se torna ainda mais latente ao se considerar portadores de transtornos
mentais, que além das questões referentes às desigualdades sociais estruturais,
carregam os preconceitos e elementos restritivos de direitos. A autora refere que se
estabelecem novas correlações entre a estrutura de desigualdades sociais, que
compõem a sociabilidade e os sofrimentos mentais, tanto para os casos de
manifestações de agravos na forma tradicional, quanto para as manifestações
decorrentes do uso de substâncias psicoativas, ou ainda de situações
particularmente identificadas com expressões da sociedade atual como violências,
síndromes do pânico, depressões, transtornos alimentares, etc.
A autora reforça que cada indivíduo, segundo as possibilidades de sua
história de vida, de suas experiências anteriores e presentes e das perspectivas de
devir, é marcado em sua subjetividade pela imersão no mundo social. Que existe
uma simultaneidade entre a constituição econômica e social da sociedade e a
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3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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Revistas:
Sites:
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http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-acessoem
07 nov. 2019. http://dx.doi.org/10. 1590/S0101-66282013000300006.
https://www.pucsp.br/sites/default/files/Guia20para%20elaboração%20de%20referên
cias%20de%20acordo%20com%20a%20norma%20da%20ABNT%20dez%202018.p
df acesso em 28.11.2019.
https://www.pucsp.br/sites/default/files/download/posgraduacao/programas/fonoaudi
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http://www.scielo.br/pdf/sssoc/n128/0101-6628-sssoc-128-0143.pdf. Acesso
28.11.2019.
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COORDENAÇÃO
Axel Gregoris de Lima – Assistente Social Judiciário – Serviço de Acompanhamento
Psicossocial da Capital
AUTORES
Alessandra Pissoli Assaly Abilel – Psicóloga Judiciário – Comarca de Itapevi
Axel Gregoris de Lima – Assistente Social Judiciário – Serviço de Acompanhamento
Psicossocial da Capital
Carlos Francisco Lombardi – Psicólogo Judiciário – Comarca de Embú
Fábio Sergio do Amaral – Psicólogo Judiciário – Comarca de Tremembé
Fernanda Caldas de Azevedo – Assistente Social Judiciário – Varas Especiais da
Capital
Júlia Paula Washington Dias – Assistente Social Judiciário – Vara da Infância e da
Juventude da Capital
Mariana Bacigalupo Martins – Psicóloga Judiciário – Comarca de Diadema
Marina Galacini Massari – Psicóloga Judiciário – Comarca da Capital
Silvia Videira Zaparoli – Psicóloga Judiciário – Comarca de Sorocaba
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INTRODUÇÃO
O Grupo de Estudos “Família” optou neste ano de 2019 focar seu estudo
no Processo de Desacolhimento do Adolescente e seu retorno à Família.
A adolescência é uma fase da vida que ocorrem múltiplas transformações
biopsicossociais. Estas mudanças afetam e por sua vez são afetadas pela dinâmica
familiar destes jovens. Diz-se que o adolescente coloca sua família de “cabeça para
baixo”, ou seja, as relações familiares sofrem uma mudança recíproca.
No caso do presente estudo, focamos em uma situação específica: como
a família do adolescente que está sendo desacolhido institucionalmente se prepara
ou se organiza internamente para receber esse filho de volta. A família no caso
independe de ser natural ou substituta o que importou investigar para o Grupo é
como se organiza ou reorganiza esta dinâmica interna e como também ela é
influenciada pela sociedade e pela sua inserção de classe.
A fim de compreender melhor como ocorrem estas novas interações
optamos por um Referencial Teórico pautado no esquema biopsicossocial e sua
relação maior com o contexto social. Não podemos isolar o estudo focando apenas
nos aspectos da dinâmica interna, mas também, como tal dinâmica recebe influência
e por sua vez influencia a vida comunitária e social.
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1 - CONCEITO DE ADOLESCÊNCIA
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sentem ao ter que aceitar os filhos como iguais e admitir que possam ser
substituídos por eles.
Ainda apontam que o meio impõe restrições à atividade e à força
reestruturadora e diante disto a atitude social reivindicatória neste momento de vida
se torna quase imprescindível, pois é como se o mundo dissesse que o adolescente
precisa se adaptar aos ditames da mediocridade e se acomodar levando-os a
realizar façanhas heroicas no crime ou na delinquência.
O comportamento do adolescente pode se equiparar a atitudes
psicopáticas pelo caráter violento e reivindicatório por uma sociedade melhor e
entende que o ódio e a destrutividade podem estar associados à expectativa de que
a sociedade exerça o mesmo papel dos pais infantis negando a separação e o luto
destas figuras.
Falam que as defesas psicológicas são ainda muito frágeis e que eles não
conseguem ter uma conduta rígida e absoluta, comportamento que para os autores,
caso ocorresse seria indício de patologia neurótica e que na realidade é o mundo
adulto que não aceita as contradições e as mudanças de conduta do adolescente.
A presença internalizada de boas imagens parentais com papéis bem
definidos e uma cena primária amorosa são indicadas no texto como aspectos que
favorecem a separação progressiva dos pais. Contudo, figuras parentais não
estáveis e pouco definidas podem parecer desvalorizadas e obrigar a procurar
identificação em personalidades mais consistentes em um sentido compensatório ou
idealizado como, por exemplo, a identificação com ídolos e ocorre a projeção das
relações incestuosas em heróis reais ou imaginários, em professores ou em
companheiros mais velhos.
Concluindo, os autores abordam a questão das flutuações de humor e
mudanças do estado de ânimo que acompanharão permanentemente o adolescente
e que estão relacionadas à frustração da realização das necessidades instintivas
básicas que podem levar a um comportamento depressivo de refugio em si mesmo
ou ao comportamento psicopata com a necessidade de atuar os instintos por ser
penoso ao indivíduo uma elaboração depressiva das situações.
Explicam que aceitar uma normal anormalidade do adolescente não
implica em situar um quadro nosológico, mas tem por objetivo facilitar a
compreensão deste período da vida.
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- Adolescência
Esta fase foi amplamente estudada por Erikson por ser a fase mais crítica
do ciclo da vida. A crise existencial muito embora seja propícia nesta fase, poderá
ocorrer em outros momentos da vida humana considerando que o individuo é
mutante e está em constante busca de sua identidade.
A adolescência compreende um período de surto de crescimento,
mudanças biológicas e hormonais. Nesta época o individuo começa a duvidar de
todas as referências que obteve no decorrer de sua vida, favorecendo as mudanças
tendo em vista que resignificará as vivências anteriores visando uma melhor
compreensão de sua vida possibilitando a construção da própria identidade ao
integrar o passado e o futuro através de uma recapitulação de todas as etapas
anteriores de sua vida e antecipação do vir a ser.
A autoimagem construída durante a infância então passa a ser
questionada criando uma crise interna, como se fosse uma metamorfose. Neste
momento caso o individuo não tenha estabelecido com seu entorno relações
satisfatórias, poderá reviver estas experiências de outra maneira reconstruindo o
conceito de si desenvolvendo um caráter sólido e uma individualidade equilibrada,
sendo esta a razão desta etapa obter destaque na teoria de Erikson.
Nos anos 1960 Winnicott realizou estudos sobre a adolescência, num
contexto histórico em que esta faixa etária passa a ser percebida como uma fase
importante do desenvolvimento humano.
O autor fala desta fase do desenvolvimento, assim como em outras fases,
sob o viés da saúde e não da doença, não negando a importância da “proporção de
membros psiquiatricamente doentes” dentro da sociedade como um todo.
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2 - ADOLESCÊNCIA E INSTITUCIONALIZAÇÃO
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irmãos devem permanecer juntos e as visitas devem ser permitidas, ao menos que
uma medida de segurança se estabeleça.
Todos esses serviços, sendo públicos ou conveniados, devem ser
reconhecidos pela rede municipal, para que consigam, dentro de suas
especificidades, compor a rede de proteção integral à criança e ao adolescente
específica do município.
A instituição deve estar localizada no território de origem das crianças e
adolescentes e autorizar visitas de familiares, priorizando sempre o direito ao
convívio e à convivência.
Além disso, o ECA preconiza que esta medida seja excepcional e
provisória, ou seja, espera-se que o afastamento do convívio familiar de crianças e
adolescentes, quando necessário, não se prolongue. Para isso, a medida deve ser
revista pela equipe técnica de seis em seis meses, podendo se estender até no
máximo dois anos.
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Fávero, Vitale e Baptista (2008) discutem o fato de, ainda hoje, de forma
direta ou indireta, o maior motivo de acolhimento institucional de crianças e
adolescentes ser a situação econômica desfavorável das famílias e o modo como, a
partir dela, podem ter direitos sociais básicos comprometidos pela deficiência das
políticas públicas. O Levantamento Nacional dos Serviços de Acolhimento para
Crianças e Adolescentes (ASSIS; FARIAS, 2013), feito pelo Ministério do
Desenvolvimento Social (MDS) em parceria com a FIOCRUZ, em 2008, traz dados
estatísticos que ilustram a judicialização da questão social19: 3.150 crianças e
adolescentes (8,5% do total) estavam acolhidos no Brasil por conta da condição
socioeconômica da família e, ainda, dessas, 875 tinham este como o único motivo
do acolhimento. Um Levantamento realizado pela Corregedoria-Geral da Justiça nas
onze Varas da Infância e Juventude de São Paulo concluiu que um quarto dos
acolhimentos tem como motivo evidente a falta de condições econômicas dos pais, e
que em 26% das situações deveria ter sido aplicada a medida protetiva de apoio
sociofamiliar (CIDADE, 2003 apud FÁVERO; VITALE; BAPTISTA, 2008, p.19-20).
É importante que alternativas antes do acolhimento institucional sejam
trabalhadas, visto que, 82% das crianças entrevistadas por Fávero, Vitale e Baptista
(2008) apontam seus vínculos de referência na família de origem, sendo 62% a mãe.
19
Aqui entendida como “manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre capital e
trabalho” (IAMAMOTO, 2012, p. 77). As expressões da Questão Social vivenciadas são formas
de violência (pobreza, emprego precário, desemprego, ausência de políticas públicas, violência
intrafamiliar...) contra o sujeito. Situações que muitas vezes são permeadas por conflitos e
rompimentos de vínculos na esfera familiar. A mediação da Questão Social só é possível neste
modo de produção pelas políticas sociais na direção da concretização dos direitos. Estas
políticas sociais são assentadas na sociomatricialidade familiar com programas de atenção à
família.
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Além disso, 98% dos familiares entrevistados relataram intenção de que o fim dessa
medida de proteção aconteça.
Muito embora os entrevistados por Fávero, Vitale e Baptista (2008, p.40)
tenham apontado a intenção quase unânime de desabrigarem suas crianças e/ou
adolescentes, em contrapartida, revelam impedimentos, requisitos e desafios que
precisarão dar conta: 44% deles mencionam exigências de natureza objetiva e
material, como: ter moradia, escola e renda para mantê-los (18%); ter emprego e
salário para mantê-los (15%); ter onde deixá-los enquanto trabalha (8%) e ter
alguém da família que ajude a criar (3%).
Enquanto as famílias estão tomadas por desafios relacionados à renda e
ao emprego, nessa mesma pesquisa ficou evidente a relação entre a aplicação da
medida de proteção e a situação de violação de direitos das famílias: a grande
maioria destas famílias está inserida no trabalho informal (32% em trabalho informal
e 35% nos chamados “bicos”) e é de baixa escolaridade (50% com o ensino
fundamental incompleto e 16% analfabetos).
Esse fato compõe uma das análises feitas pelo Levantamento Nacional de
Abrigos para crianças e adolescentes (IPEA, 2003) que apontam que, nesses casos,
os motivos que levaram as crianças e adolescentes ao acolhimento institucional se
perpetuam como dificuldades para a sua reinserção familiar, ou seja,
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O Provimento n.º 32/2013 do Conselho Nacional de Justiça estabelece a obrigatoriedade de
reavaliação das medidas de acolhimento por meio das Audiências Concentradas a cada seis
meses, posteriormente a Lei nº 13.509, de 2017, altera o Art. 19. § 1o do ECA passando a
reavaliação para a cada três meses.
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o mesmo autor aponta que para outros estudos, nos casos de situação adversa da
família, a instituição pode ser a melhor saída.
Pensando sobre o processo de desenvolvimento humano a Teoria
Ecológica de Bronfenbrenner (1979) tem se proposto a estudar o desenvolvimento a
partir de uma abordagem sistêmica, com o propósito de reconhecer os processos
evolutivos e os múltiplos fatores que influenciam o desenvolvimento humano
(Dell’Aglio; Siqueira, 2006). Nesta perspectiva a Teoria Ecológica possibilita que as
particularidades desenvolvimentais vivenciadas pelas crianças e adolescentes que
se desenvolvem neste contexto diferenciado, sejam enfatizadas e não os déficits
encontrados em função da comparação com indivíduos que se desenvolvem em
contextos culturalmente esperados (Santana, 2003).
Nesta abordagem o indivíduo é visto em interação bidirecional, dinâmica e
constante com o ambiente, ou seja, ele é um ser que não apenas sofre, mas
também provoca transformações no seu ambiente, de modo ativo enquanto se
relaciona e se desenvolve.
O ambiente ecológico, segundo Bronfrenbrenner (1996), é entendido
como um sistema de estruturas que se organiza a partir de diferentes níveis, sendo o
primeiro deles denominado microssistema e está relacionado ao efeito de influências
proximais, ambientais e organísmicas que vem do interior do indivíduo, de suas
características físicas e de objetos do ambiente imediato. De acordo com Dell’Aglio;
Siqueira (2006) a instituição de acolhimento pode ser considerada o microssistema
central de crianças e adolescentes que vivem acolhidas. A interação entre os
diversos microssistemas nos quais a criança se desenvolve, como, por exemplo, as
interações entre o próprio abrigo e a família de origem da criança e adolescente; a
escola e o abrigo; um programa social, um posto de saúde, são chamados de
mesossistemas. Nesses dois ambientes, microssistema e mesossistema, o nível das
relações são proximais e suas influências são mais evidentes e cruciais para os
processos desenvolvimentais.
Já o exossistema, é aquele ambiente onde a criança e o adolescente não
participa diretamente, mas recebe algum tipo de influência indireta, como por
exemplo, o Conselho Tutelar e o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente que a depender das decisões e políticas adotadas terão impactos na
vida daqueles que delas dependem.
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trabalho proposto pela entidade ou por dificuldades pessoais, tais como condição de
saúde, psiquiátrica, ou até mesmo dependência química.
Os SAICAS muitas vezes enfrentam, em alguns desses casos,
ocorrências em que o adolescente expõe a si mesmo e aos demais a risco, havendo,
portanto um movimento para que ele seja desacolhido.
Já nos casos de adoções tardias tem se percebido algumas mobilizações
para que ela seja estimulada e já se constata alguns pretendentes interessados por
adolescentes, ainda que tal perfil seja considerado “raro”. Essa via pode ser outra
opção de desacolhimento para os jovens, todavia elas não são muito comuns e nem
sempre tranquilas, se constituindo de grande complexidade.
Outra realidade comumente encontrada no acompanhamento técnico dos
processos de institucionalização é a grande incidência de evasão dos adolescentes
do SAICA representando a forma de desacolhimento mais desfavorável ao jovem,
nem sempre havendo um trabalho desenvolvido para busca dele ou de restituição à
entidade, sendo por vezes desligado ou acompanhado pela rede.
E considerando ainda os adolescentes em conflito com a lei, em
cumprimento de medida socioeducativa de internação, aparecem como motivos para
o encerramento da medida o alcance da maioridade, o respaldo familiar no decorrer
do cumprimento da medida e no pós medida, questão comportamental e o próprio
cumprimento do PIA. Podemos observar que, apesar de não ser objeto deste
estudo, muitos destes são quesitos que não constam no ECA e/ou SINASE, valendo
aqui este apontamento.
Em continuidade e apontando os desafios no retorno à convivência
familiar, destacamos as questões de ordem material enfrentadas na família quando
em oposição, o SAICA representou possibilidade de acesso e oportunidades que se
traduzem em maior segurança para as crianças/adolescentes. Outro fator que
aparece é o regramento e o disciplinamento da rotina (estudo, lazer, participação da
vida comunitária) que acaba por organizar o cotidiano vivido por
crianças/adolescentes. Outro elemento desafiante aponta para o próprio
relacionamento dentre as crianças/adolescentes e suas famílias a partir de uma
percepção de ausência de espaço e de vínculos pelo próprio distanciamento
inerente ao acolhimento que podem levar à expulsão do ambiente familiar. Outro
aspecto de ordem mais subjetiva circunda o cuidado e a atenção dispensados no
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REFERÊNCIAS
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ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
ERIKSON, E.H. Infância e Sociedade. 2° Ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1987.
FÁVERO, E.T. Questão social e perda do poder familiar. São Paulo: Veras Editora,
2007.
GRUSEC, J. E.; LYTON, H. Social development: history, theory and research. New
York: Springer-Verlang, 1988.
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COORDENAÇÃO
AUTORES
Andrea Svicero – Assistente Social Judiciário – Serviço de Justiça Restaurativa do
DAIJ - 1.4
Ana Paula Martinez – Psicóloga Judiciário – Comarca de Piracicaba.
Cibele Araujo Cabral – Psicóloga Judiciário – F VEIJ da Capital
Cristina de Carvalho Cruz – Assistente Social Judiciário – Comarca Monte Azul
Paulista
Gabriela Balaguer – Psicóloga Judiciário – Comarca de Franco da Rocha
Gustavo Vieira da Silva – Psicólogo Judiciário – DAIJ 1.4
Iara Dourado Nogueira Giotto – Assistente Social Judiciário – Comarca de Amparo
Izabel Rita Fregnani – Assistente Social Judiciário – Serviço de Serviço Social DAIJ
1.2
Josiane Moraes – Assistente Social Judiciário – F VEIJ da Capital
Maria Cristina Abi Rached – Assistente Social Judiciário – Fórum Regional de
Santana
Marcia Regina Trindade Prestes – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Registro
Mariane da Silva Fonseca – Psicóloga Judiciário – Comarca de Serra Negra
Priscila De Paula Ferreira – Psicóloga Judiciário – Comarca de Socorro
Silvana Ilek Barbosa – Assistente Social Judiciário – Serviço de Justiça Restaurativa
do DAIJ 1.4
Telma Dantas da Silva – Assistente Social Judiciário – Comarca de Arujá
Zilda Rodrigues Nogueira – Assistente Social Judiciário – Comarca de Jales
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ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Por vezes pequeninos para nos darmos conta do tanto que não conhecemos ainda ou
gigantes para ampliarmos os nossos horizontes em busca de vivermos livres de amarras e
nós que nos impedem de elaboramos laços de ternura e contentamento que façam da gente
apenas humanos.
Quando ouvires os meus gritos, sou eu coletivo, que não aceita Ser, Ver e/ou estar
caminhante, sem sentir as presenças marcantes de todos e todas que têm o direito de ir e
vir calçados dignamente com sonhos que lhes façam caminhantes. Tempo de Resistir ao
que não for equidade, a tudo quanto pretendermos aniquilar, sobretudo coletivamente!
Hora de enlaçarmos...
INTRODUÇÃO
23Os
paradigmas moldam nossa abordagem não apenas do mundo físico, mas também do
mundo social, psicológico e filosófico. Eles são a lente através das quais compreendemos os
fenômenos. Eles determinam a forma como resolvemos problemas. Moldam nosso
“conhecimento” sobre o que é possível e o que é impossível. Os paradigmas moldam a forma
como definimos problemas e o nosso reconhecimento do que sejam soluções apropriadas
(ZEHR, 2008, p. 83).
24Howard Zehr, americano, professor de sociologia, é um dos pioneiros nos estudos sobre
Justiça Restaurativa, e possui uma obra de referência que ecoa entre os estudiosos desta
temática denominada “Trocando as lentes: um novo foco sobre o crime e a justiça”.
227
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ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
25
NETTO, J. P. Para a crítica da vida cotidiana. In: Cotidiano: conhecimento e crítica (Orgs),
Netto, J. P e Carvalho, M. C. B. de São Paulo: Cortez, 1987.
228
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
Circular26”; tal prática foi desenvolvida por Kay Pranis (2010), autora do livro
“Processos Circulares”, obra que norteou o debate ao longo dos encontros de 2017.
Em 2018, demos um zoom na lente da Justiça Restaurativa e estudamos os seus
princípios, com um olhar atento aos sentimentos e às necessidades de todos os
envolvidos no conflito e/ou violência.
Uma vez estudado e aprofundado o conceito e a prática da Justiça
Restaurativa, entendemos que era chegada a hora de nos embrenhar no diálogo e
reflexão sobre a questão de sermos assistentes sociais e/ou psicólogas judiciárias e
também atuarmos enquanto facilitadoras de práticas restaurativas nos nossos
espaços de trabalho.
Nesse sentido, trilhamos o seguinte percurso ao longo dos encontros
deste ano:
▪ Retomamos a Resolução 225/2016 do Conselho Nacional de Justiça
(CNJ) que dispõe sobre a Política Nacional de Justiça Restaurativa no âmbito do
Poder Judiciário e o Provimento da Corregedoria Geral de Justiça (CG) Nº 35/2014
que dispõe sobre a implementação da JR no âmbito das Varas da Infância e
Juventude do Estado de São Paulo;
▪ Lemos e refletimos sobre o Código de Ética de cada profissão (Serviço
Social e Psicologia), notadamente, a base principiológica de cada normativa;
▪ Aproximamos a reflexão a bibliografias da área de Justiça
Restaurativa, como por exemplo, a obra “Segurança e Cuidado: Justiça Restaurativa
e sociedades saudáveis” da assistente social Elizabeth M. Eliott;
▪ Lemos e debatemos o Relatório do Comitê Gestor de Justiça
Restaurativa no CNJ que tratou do Planejamento da Política Nacional de Justiça
Restaurativa, publicado em junho deste ano.
Decidimos, ainda, que toda a reflexão e partilha seria pautada na
metodologia do processo circular27, fazendo uso do objeto da palavra28 durante os
26Os processos circulares apresentados por Kay Pranis são alicerçados na forma de diálogo e
rituais de aborígenes e em culturas ancestrais, [...] além dessas primeiras fontes de inspiração,
princípios e práticas contemporâneos inseridos nos métodos para transformação dos conflitos,
nas práticas restaurativas, na comunicação não-violenta, na escuta qualificada e na construção
de consenso, para o alcance de soluções que expressam as necessidades individuais e, ao
mesmo tempo, as do grupo. (PASSOS, 2010, p. 9, Preâmbulo).
27Práticas Restaurativas compreendem a utilização de diferentes metodologias de estruturação e
encontros, concedendo a cada membro vez e voz, bem como a garantia de escuta
respeitosa e atenta. Para tanto, durante os primeiros encontros, construímos
valores29 e diretrizes30, essenciais para guiar o diálogo ao longo dos dez encontros31.
pelo facilitador, que é passado de pessoa para pessoa na sequência da roda. O objetivo do
bastão é regular o diálogo dos participantes, permitindo que o seu detentor fale sem interrupções
e que os demais foquem na escuta. (SVICERO e PENHA, et al 2017, p. 217) Disponível em:
<http://www.tjsp.jus.br/ownload/EJUS/AVAS/CadernosDeEstudo/Caderno14GruposEstudosSSP
J.pdf> Acesso em: 29 out. 2018.
29 Os valores construídos pelo grupo foram: respeito, generosidade, verdade, não julgamento,
possa acontecer de uma maneira que não cause mais danos. Neste momento os participantes
poderão apontar a escuta, o respeito, o acolhimento, o não-julgamento, entre outros, como
essencial para que se consiga dialogar. A construção das diretrizes: são tratados entabulados
pelo grupo para que se consiga ter uma boa conversa, onde todos se sintam minimamente
seguros e confortáveis para tratar sobre aquele assunto difícil. Para Kay Pranis algumas
diretrizes são essenciais; citemos: respeitar o objeto da palavra, ou seja, enquanto uma pessoa
está falando a outra deve respeitar e ouvir; falar sempre em primeira pessoa, pois isso estimula
que as pessoas falem a partir de si, a partir das próprias histórias em vez de falar do outro; e a
confidencialidade, que significa que os ensinamentos do processo circular podem ser
compartilhados, mas as histórias contatas no círculo ficam no círculo. (PRANIS, 2011).
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225/2016 (CNJ) apresenta a seguinte diferenciação: a prática restaurativa teria uma acepção
mais abrangente, consistindo na “forma diferenciada de lidar” com os conflitos; o procedimento
restaurativo, por sua vez, seria o “conjunto de atividades e etapas a serem promovidas
objetivando a composição das situações”, estando relacionado às metodologias utilizadas.
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necessidades apresentadas por todos. Além disso, outro elemento comum é o fato
de considerarem aspectos institucionais e culturais que contribuíram para gerar a
situação de conflito e violência, atuando no sentido de eliminá-los ou dirimi-los.
34
De acordo com as Normas de Serviço da Corregedoria Geral da Justiça, que regulam o
exercício da função correcional e a execução dos serviços auxiliares da justiça, Provimento Nº
50/89, em seu art. 802. Diz que: “Os Assistentes Sociais e os Psicólogos Judiciários executarão
suas atividades profissionais junto às Varas de Infância e Juventude, da Família e das
Sucessões, de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, de Crimes contra Crianças e
Adolescentes e do SANCTVS, nas ações que demandem medidas de proteção a idosos em
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situação de risco, mesmo que tramitem nas Varas Cíveis ou da Fazenda Pública e nas ações
que demandem o depoimento especial, nos termos da Lei nº 13.431/2017”.
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convivência social, dando vez e voz aos sujeitos sociais envolvidos no conflito e/ou
violência e acolher as necessidades de cada um. Observamos que tanto o Serviço
Social quanto a Justiça Restaurativa não concordam com o Sistema Retributivo
vigente e propõem a construção de novos paradigmas teóricos e metodológicos que
possibilitem um pensar e agir transformador.
O Serviço Social assim como a Justiça Restaurativa preveem a
possibilidade de um trabalho intersetorial, que significa dizer que a intenção não é
responsabilizar apenas os indivíduos e famílias atendidos, mas proporcionar a
corresponsabilização de todos os envolvidos, inclusive da rede de garantias de
direitos e da comunidade (vide art. 8º do Código de Ética do Assistente Social e art.
6º, 5º, V, e 8º da Resolução 225/2016).
Os princípios que fundamentam a prática do Assistente Social ecoam nos
princípios da Justiça Restaurativa. Abaixo elaboramos um quadro comparativo para
melhor visualização da base principiológica de ambas as áreas. Embora os
princípios do Serviço Social sejam mais abrangentes que os da JR, é importante
percebermos que estes não se contrapõem àqueles.
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ART. 8º SÃO DEVERES DO/A ASSISTENTE I – sejam responsáveis por esse fato;
SOCIAL:
II- foram afetadas ou sofrerão as
a- programar, administrar, executar e repassar os consequências desse fato;
serviços sociais assegurados institucionalmente;
III – possam apoiar os envolvidos no
c- contribuir para a alteração da correlação de referido fato, contribuindo de modo que
forças não haja recidiva.
institucionais, apoiando as legítimas demandas
de interesse da população usuária; Art. 2º: § 3º Os participantes devem
ser informados sobre o procedimento e
sobre as possíveis consequências de
sua participação, bem como do seu
direito de solicitar orientação jurídica
em qualquer estágio do procedimento.
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Art. 15 Constitui direito do/a assistente social manter o Art. 8º. Os procedimentos
sigilo profissional. restaurativos consistem em sessões
coordenadas, realizadas com a
Art. 16 O sigilo protegerá o/a usuário/a em tudo aquilo
participação dos envolvidos de
de que o/a assistente social tome conhecimento,
como forma voluntária, das famílias,
decorrência do exercício da atividade profissional. juntamente com a Rede de Garantia
de Direito local e com a participação
da comunidade para que, a partir da
solução obtida, possa ser evitada a
recidiva do fato danoso, vedada
qualquer forma de coação ou a
emissão de intimação judicial para
as sessões.
§ 1º. O facilitador restaurativo
coordenará os trabalhos de escuta e
diálogo entre os envolvidos, por
meio da utilização de métodos
consensuais na forma
autocompositiva de resolução de
conflitos, próprias da Justiça
Restaurativa, devendo ressaltar
durante os procedimentos
restaurativos:
I – o sigilo, a confidencialidade e a
voluntariedade da sessão;
§ 4º. Deverá ser juntada aos autos
do processo breve memória da
sessão, que consistirá na anotação
dos nomes das pessoas que
estiveram presentes e do plano de
ação com os acordos estabelecidos,
preservados os princípios do sigilo e
da confidencialidade, exceção feita
apenas a alguma ressalva
expressamente acordada entre as
partes, exigida por lei, ou a
situações que possam colocar em
risco a segurança dos participantes.
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Por fim, pontuamos elementos sobre como lidar com essa questão da
dupla filiação/inscrição profissional; o quanto deixamos de ser psicólogas quando
estamos sendo facilitadoras.
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4 - CONCLUSÃO
Além disso, podemos entender que a equipe técnica do judiciário pode ter
função de sugerir a partir de seu laudo, o encaminhamento do caso à Justiça
Restaurativa.
Portanto, entendemos assim que é a partir de uma visão interdisciplinar
entre os saberes destas áreas que poderemos mediar o acesso dos cidadãos aos
direitos sociais que lhes são assegurados na Carta Magna e nas leis
infraconstitucionais, uma vez que todo conhecimento deve ser dirigido em prol da
defesa dos direitos humanos e respeito às diferenças.
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Fernando Pessoa
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REFERÊNCIAS
http://www.tjsp.jus.br/Download/ConhecaTJSP/NormasJudiciais/Provimento_50_89.p
df>. Acesso em: 10 set. 2019.
FLORES, Ana P. P.; BRANCHER, Leoberto. POR UMA JUSTIÇA RESTAURATIVA para
SÉCULO 21. In: Justiça Restaurativa: Horizontes a partir da Resolução CNJ 225. (Coord.
Fábio Bittencourt da Cruz): Brasília, 2016, p.89-127
PRANIS, Kay. Processos Circulares: Teoria e Prática. Palas Athena. São Paulo,
2010.
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COORDENAÇÃO
Glaucia Cristina de Melo – Assistente Social Judiciário – Comarca de Cordeirópolis
Rita de Cássia Silva Oliveira – Assistente Social Judiciário – Fórum Lapa - São
Paulo
AUTORES
Adeildo Vila Nova da Silva – Assistente Social Judiciário – Comarca de Santos
Ana Beatriz Benetti Salesse dos Santos – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Araçatuba
Ana Carolina dos Santos Oliveira – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Guararema
Angela Paes de Santana – Assistente Social Judiciário – Comarca de Valinhos
Bianca da Silva Oliveira – Assistente Social Judiciário – Comarca de Jabaquara
Clenira Maria Marega Amado – Assistente Social Judiciário – Comarca de Itu
Daiane da Silva Ferreira – Assistente Social Judiciário – Comarca de São Bernardo
do Campo
Diná da Silva Branchini – Assistente Social Judiciário – Comarca de Poá
Dulce Alves Taveira Koller – Assistente Social Judiciário – Comarca de Mogi Cruzes
Eloisa Maria Ribeiro de Araujo Zeitlin – Assistente Social Judiciário – Ve Violência
Doméstica Fórum Barra Funda
Glaucia Cristina de Melo – Assistente Social Judiciário – Comarca de Cordeirópolis
Greicieli Ramos Almeida Rufino – Assistente Social Judiciário – Fórum Santo Amaro
Josiane Dacome – Assistente Social Judiciário – Comarca de Hortolândia
Monica Giacometti Secco – Assistente Social Judiciário – Comarca de Hortolândia
Regina Celia Andreazzi – Assistente Social Judiciário – Fórum Penha
Rita de Cássia Silva Oliveira – Assistente Social Judiciário – Fórum Lapa - São
Paulo
Rogerio Varjao Teixeira – Assistente Social Judiciário – Comarca de São Caetano
Sul
Solange Rolo Silveira – Assistente Social Judiciário – Fórum Santo Amaro
Sylvia Coutinho da Gama Pereira Correia – Assistente Social Judiciário – Comarca
de Jandira
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INTRODUÇÃO
35É possível acessar indicadores de acesso aos direitos da população negra em São Paulo no site
disponível em < http://www.saopaulodiverso.org.br/dados-sobre-sao-paulo/>
36O Conselho Federal de Serviço Social – CFESS lançou, em 2016, uma série de cadernos temáticos
sobre preconceito. São textos críticos, porém didáticos que dialogam com as expressões da questão
social presentes no cotidiano profissional. Entre vários: racismo, machismo, transfobia, discriminação
contra a pessoa com deficiência, etc.
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37
IANNI, O. O Preconceito Racial no Brasil Entrevista Octavio Ianni In: Estudos Avançados.
vol.18 no.50 São Paulo Jan./Apr. 2004. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142004000100002>. Acesso
em 02 de Maio de 2019. Este texto relata uma entrevista com Ianni que explicita a construção
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desse mito, do qual a publicação Casa Grande e Senzala de Gilberto Freire é uma importante
expressão.
38 Djamila Ribeiro (2017).
39 Disponível www.servicosocialcontraracismo.com.br. Acessado em 11.12.2019.
40 O texto final foi elaborado por Rita, com contribuição da Diná, Gláucia e Greice. A participação
das(os) demais integrantes se deu pela leitura e discussão, assim como pela elaboração das atas dos
encontros.
41 Artigo- A percepção do assistente social acerca do racismo institucional. Editora Cortez, Serv. Soc.
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“O conceito de raça que é, muitas vezes, utilizado em uma conotação biologicista,
ultrapassada, conservadora e sem fundamentação científica, deve ser compreendido hoje como
uma construção sócio-histórica, despido de qualquer elaboração com bases biológicas. Raça,
entendida nesta perspectiva, é uma categoria complexa, multifacetada e indispensável ao debate
sobre discriminação racial e racismo. E a sua apropriação, sob a perspectiva da totalidade social,
se faz premente e necessária no âmbito dos estudos e reflexões acerca do racismo nas
sociedades contemporâneas”. (CFESS, 2016, p.7).
44 Além do livro Mulheres, Raça e Classe, Ângela Davis publicou outras obras como: Mulheres,
Cultura e Política; A liberdade é uma luta constante; Estarão As Prisões Obsoletas? Ângela
Davis: Uma autobiografia.
45 Utilizamos como referência para nossa discussão o vídeo de Djamila Ribeiro “Não dá para
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O termo relações raciais ou étnico raciais tem sido utilizado por várias autoras e autores por
abranger a complexidade presente na desigualdade de acesso a bens e direitos entre
brancas(os) e negros(as).
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“Uma das expressões do racismo, também conhecido como discriminação indireta, é o
institucional. O racismo institucional está presente em diversos espaços públicos e privados.
Está nas relações de poder instituído, expresso através de atitudes discriminatórias e de violação
de direitos. Por estar, muitas vezes, naturalizado nas práticas cotidianas institucionais, naturaliza
comportamentos e ideias preconceituosas, contribuindo, fortemente, para a geração e/ou
manutenção das desigualdades étnico-raciais. Para Eurico (2013), o racismo institucional possui
duas dimensões interdependentes e correlacionadas: a da político-programática e a das relações
interpessoais. Em relação a primeira, ela compreende as ações que impedem a formulação,
implementação e avaliação de políticas públicas no combate ao racismo, bem como a
visibilidade do racismo nas práticas cotidianas e nas rotinas administrativas. E a segunda
compreende as relações estabelecidas entre gestores/as e trabalhadores/as, entre estes e
outros trabalhadores/as e usuários/as, sempre pautadas em atitudes discriminatórias”. (CFESS,
2016, p.11).
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Assim, desde 88, não mais se anota a cor dos recém-nascidos nos
assentos de nascimento. "Os registros eram feitos apenas com as
informações previstas no artigo 54 da Lei 6.015/73 e com as
alterações trazidas pela Lei nº 6.216/75. Desde a entrada em vigor
da Lei de Registros Públicos, não há previsão de anotação de cor e
com a Constituição ficou vetada a discriminação por cor", explicou
Velloso.
Disponível em
http://www.arpensp.org.br/principal/index.cfm?url=noticia_mostrar.cf
m&id=4295
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Diná, desde 2015, já vem fazendo uso de um formulário que pede para a
própria pessoa preencher, momentos antes da entrevista. A partir desse instrumento
ela inicia a entrevista e realiza a conversa sobre a inserção racial.
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“Em um país miscigenado como o que vivemos, formado por uma forte e rica diversidade
étnico-racial, pessoas com cores, culturas, sociabilidades e até línguas, muitas vezes diferentes,
podem gerar certa dificuldade ou resistência em relação ao registro do quesito cor nos
instrumentos de identificação e sistemas de informação. Entretanto, essa não é uma situação
nova na história do país. Desde o primeiro censo de população realizado no país em 1872, o
quesito cor estava presente, tendo quatro opções de resposta: “branco”, “preto”, “pardo” e
“caboclo”. Embora essas categorias de classificação de “cor” não sejam consenso e estejam
sempre em discussão pelos órgãos oficiais e censos demográficos, continuam sendo
necessárias para o registro de informação sobre a composição e perfil étnico-racial da
população, bem como para a formulação de politicas públicas, sobretudo das políticas voltadas
para enfrentamento das desigualdades étnico-raciais.” (CFESS, 2016, p.9).
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CONCLUSÃO
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Lia Vainer Shucman, “Entre o encardido, o branco e o branquíssimo: raça, hierarquia e poder
na construção da branquitude paulistana”, USP, 2012, propõe a compreensão da lógica da
desigualdade racial por meio dos privilégios da branquitude. Sua pesquisa aponta como a
desvalorização estética dos negros e negras pelos brancos e brancas foi introjetada, a ponto de
não as perceberem como expressões de racismo.
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Numa sociedade como a brasileira, de herança escravocrata, pessoas negras vão experienciar
racismo do lugar de quem é objeto dessa opressão, do lugar que restringe oportunidades por
conta desse sistema de opressão. Pessoas brancas vão experienciar do lugar de quem se
beneficia dessa mesma opressão. Logo, ambos os grupos podem e devem discutir essas
questões, mas falarão de lugares distintos. (Ribeiro, 2017, p.?).
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REFERÊNCIAS
BRASÍLIA. SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. Como e para que perguntar a cor raça
etnia no Sistema Único de Saúde. 2009.
________, Marcia Campos. Tese, 2018, PUCSP- Preta, preta, pretinha: o racismo
institucional no cotidiano de crianças e adolescentes negros (as) acolhidos(as).
Disponível em:<
https://tede2.pucsp.br/bitstream/handle/21267/2/Márcia%20Campos%20Eurico.pdf>
Acesso em: 13.12.2019.
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RIBEIRO, Djamila. Prefácio do livro de Ângela Davis. Mulheres, Raça e Classe. São
Paulo, Boitempo, 2016.
CASA TPM. “Não dá para falar de gênero sem discutir raça. Djamila Ribeiro.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Ki2SC6iDa08.
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VISTA A MINHA PELE. 2003. Curta brasileiro com história invertida. Os negros são
a classe dominante e os brancos foram escravizados. Maria, menina branca, estuda
num colégio particular com bolsa de estudos pelo fato da mãe ser faxineira na
escola. Fonte: https://filmow.com/vista-minha-pele-t21065/ficha-tecnica/>
http://www.assistebrasil.com.br/2016/08/10-filmes-nacionais-discutem-racismo-no-
brasil/
O menino que descobriu o vento; Olhos que condenam; Duelo dos Titãs; Olhos
azuis; Besouro; Filmes do Spike Lee – destacando Infiltrado na Klan.
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COORDENAÇÃO
Christiane Sanches – Psicóloga Judiciário – Foro Regional XI - Pinheiros
Cristina Benedetti Sampaio – Assistente Social Judiciário – Varas de Família - Foro
Central
AUTORES
Alessandra Pereira Dias – Psicóloga Judiciário – Comarca de Guarulhos
Ana Paula da Silva Barbosa – Assistente Social Judiciário – Comarca de Jundiaí
Andrea de Carvalho – Psicóloga Judiciário – Comarca de Guarulhos
Christiane Sanches – Psicóloga Judiciário – Foro Regional XI - Pinheiros
Claudia Gavião Carvalho – Assistente Social Judiciário – Comarca de Itapetininga
Cristina Benedetti Sampaio – Assistente Social Judiciário – Varas de Família do Foro
Central
Dulce Ricciardi Coppede – Psicóloga Judiciário – Foro Regional VII - Itaquera
Edna Fernandes da Rocha Lima – Assistente Social Judiciário – Varas de Família do
Foro Central
Elenir Nascimento de Carvalho – Psicóloga Judiciário – Comarca de Ubatuba
Girleide Lucia da Silva – Assistente Social Judiciário – Foro Regional II – Santo
Amaro
Joana Maria Gouveia Franco – Assistente Social Judiciário – Foro Regional III -
Jabaquara
Juliana Costa de Lima – Assistente Social Judiciário – Comarca de Itapevi
Lilian Flavia Tavares Duarte – Psicóloga Judiciário – Comarca de Botucatu
Luciana Rosa Machado – Psicóloga Judiciário – Foro Regional III - Jabaquara
Marisa Lourenço Ubeda – Psicóloga Judiciário – Comarca de Cubatão
Nilce Margareth Franca Barros – Assistente Social Judiciário – Comarca de Cubatão
Paula Silveira – Psicóloga Judiciário – Comarca de Santos
Renata da Silva Vieira – Psicóloga Judiciário – Foro Regional III - Jabaquara
Roberta Goes Linaris – Psicóloga Judiciário – Comarca de Bragança Paulista
Rodrigo Bronze dos Santos – Psicólogo Judiciário – Comarca de Guarulhos
Salvador Loureiro Rebelo Júnior – Psicólogo Judiciário – Foro Regional do Ipiranga
Veridiana Eloia Bandeira – Assistente Social Judiciário – Foro Regional II – Santo
Amaro
Wadson do Carmo Alonso – Psicólogo Judiciário – Comarca de Santo André
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INTRODUÇÃO
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potência dos mesmos para trazer subsídios à totalidade dos autos e expor a
desproteção social que está intrinsicamente ligada a desproteção do Estado e a
necessidade de sua responsabilização.
A vulnerabilidade social pode ser entendida como somatório de situações
de precariedade, para além das condições socioeconômica, monetárias e materiais
em si e pode abarcar o sofrimento, insegurança, desamparo, nesse processo.
Na Política Nacional de Assistência Social a vulnerabilidade social
materializa-se nas situações que desencadeiam ou podem desencadear processos
de exclusão social de famílias e indivíduos que vivenciem contexto de pobreza,
privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso a serviços públicos) e/ou
fragilização de vínculos afetivos, relacionais e de pertencimento social,
discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiência, dentre outras (PNAS,
2004 apud BRASIL, 2011, p. 14).
A vulnerabilidade tem intrínseca relação com a precariedade e
insegurança do trabalho, com o enfraquecimento das instituições de proteção social,
retraimento do Estado, desvinculação entre política econômica e social e com o
orçamento para proteção social incerto e insuficiente, e de baixa cobertura, dentre
outros aspectos.
Dessa forma, o equacionamento de grande parte das vulnerabilidades
sociais não tem origem na dinâmica local, e muito menos em movimentos
individualizados das famílias, depende de políticas macroestruturais que extrapolam
a “capacidade protetiva das famílias”, outro termo largamente utilizado, que se não
bem caracterizada, podem reforçar um estereótipo negativo ligado as esforços
individuais, assim se findando na mera responsabilização das famílias e/ou na
eleição de um vencedor nos casos litigiosos.
A vulnerabilidade deve ser compreendida, também, sobre a perspectiva
de gênero. Por exemplo, é uma mulher desempregada, filhos pequenos, mãe idosa
e doente, vivendo em ocupação. É imprescindível analisar se as crianças vão à
escola, se vão à unidade básica de saúde, como a mulher prove o sustento e todos,
se recebe algum benefício ou conta com suporte familiar.
É preciso explicitar aonde residem às vulnerabilidades sociais das famílias
que atendemos, como aquelas que são consideradas prioritárias e de maior
vulnerabilidade.
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REFERÊNCIAS
AGOSTA, C.B.; BALILARI, Z.; COLOMBO, R.I. Abuso Y Maltrato Infantil: Inventario
de Frases Revisado (IFR). Buenos Aires: Cauquen Editora, 2005.
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FERENCZI, Sándor, 1873-1933, Psicanálise IV, 2ª. Edição, São Paulo, Editora WMF
Martins Fontes, 2011.
MOURA, C. Será que conheço você. Jogo Terapêutico para Pais e Filhos-Versão
para crianças, Londrina, 2002.
QUADROS, Leonice Fazola de. “Dois tomates e dez ovos quebrados”: a visita
domiciliar no Serviço Social. In: Cadernos da Defensoria Pública do Estado de São
Paulo. São Paulo, v. 3 m. 13, p. 82-104, 2018.
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AUTORES
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Rubia Carla Ribeiro –– Psicóloga Judiciário – Foro das Varas Especiais da Infância e
Juventude
Vanessa Ferreira Lopes – Assistente Social Judiciário – Vara da Infância e da
Juventude – Foro Regional VII – Itaquera
Vanina Dias Teixeira – Assistente Social Judiciário – Comarca de Santos
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INTRODUÇÃO
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privilégio de poder dialogar com profissionais que atuaram na luta pela conquista de
direitos.
Tivemos palestras sobre os temas A Predominância do Machismo na
Sociedade e a Consequência no Cotidiano das Mulheres, com a Professora
Maria Elisa dos Santos Braga, Mestre em Serviço Social pela Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo (PUC/SP), que atuou por 22 anos como Assistente Social na
Casa Eliane de Grammont e como coordenadora e docente do Curso de Serviço
Social por 32 anos e é membro da base do Conselho Federal de Serviço Social
(CFESS) e da Comissão de Ética do Conselho Regional de Serviço Social/SP
(CRESS); A Predominância do Machismo nos Serviços de Atendimento a
Mulheres Vítimas de Violência, com a Sra. Lenira Politano da Silveira, que
trabalhou 20 anos como Psicóloga da Casa Eliane de Grammont e atuou como
Pesquisadora na Organização Não Governamental (ONG) Coletivo Feminista
Sexualidade e Saúde; e Violência Doméstica como uma das Expressões do
Racismo, com a Dra. Márcia Campos Eurico, Assistente Social do Instituto Nacional
de Seguro Social (INSS), doutora em Serviço Social pela PUC/SP e professora no
Curso de Serviço Social da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS).
Tais encontros foram muito profícuos e apontaram a necessidade do
constante diálogo e da proximidade entre os profissionais que atuam na rede de
atendimento às mulheres, visando ao atendimento integrado e qualificado à
população que chega aos setores técnicos dos Fóruns.
Este coletivo decidiu efetuar um levantamento dos atendimentos
realizados e verificar com as próprias mulheres se elas tiveram alguma dificuldade
para acessar seus direitos e, em caso positivo, a que atribuíam tal problema. O
conjunto resolveu também ilustrar o texto com casos nos quais o machismo estava
muito evidenciado, prejudicando de alguma forma o acesso às garantias
constitucionais.
Este Grupo de Estudos permitiu, além da riqueza da troca de experiências
entre os profissionais, confirmar a necessidade e urgência de uma formação
e capacitação continuada a todos/as que atuam nos serviços que atendem às
mulheres e lidam com a complexidade das questões de gênero, classe social e raça.
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conduta passiva por parte da população negra. Desde o início do tráfico negreiro,
os/as negros/as foram desenvolvendo estratégias de resistência (sabotagem do
trabalho, suicídio, músicas, ritos religiosos, assassinatos de capatazes ou senhores
de escravos, fuga e constituição de quilombos, entre outras), quando legalmente
livres, foram criando organizações políticas, culturais e religiosas próprias com
objetivos diversos, mas tendo em comum a luta contra o racismo.
Mantendo-se combativo ao longo das décadas, o movimento negro
conseguiu que a Constituição de 1988 estabelecesse, no Art. 5º, XLII, que a prática
do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão e
reafirma a igualdade civil entre brancos e negros. Entendemos também como
conquista desse movimento a publicização das discussões sobre as relações raciais
brasileiras, portanto, a existência do racismo, processo que alcançou seu ápice em
1995, quando o governo brasileiro reconheceu oficialmente a existência da
discriminação racial no Brasil.
Em 2001, a Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu a III
Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e
Intolerâncias Correlatas, conhecida como Conferência de Durban, a partir da qual o
movimento negro passou a buscar políticas específicas para a população negra para
que a desigualdade social entre brancos e negros pudesse ser enfrentada.
Segundo a professora Dra. Márcia Campos Eurico, é comum ocorrer uma
redução do racismo a uma ação individual, especialmente devido à dificuldade de
discutir o tema. O racismo pode ser considerado um conceito amplo, dado que é um
processo de organização da vida criticamente considerado como uma arma
ideológica de dominação.
A referida profissional destaca que a escravidão representou um processo
de sequestro de pessoas negras, retiradas de partes do continente africano, e um
injusto roubo da sua identidade. Significou a perda do nome e da vinculação a seus
povos e ancestrais. Eram, então, batizados na Igreja Católica, como forma de dar
vida a esses considerados “não humanos”. Assim, ela destaca a questão da
descendência dos negros, para os quais a herança passou a ser a escravidão.
A partir dos apontamentos dessa docente sobre o racismo e a violência
doméstica e familiar contra a mulher e das reflexões promovidas nesse encontro,
conclui-se que o lugar de sujeito para a mulher negra e vítima de violência é ainda
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mais difícil do que para a mulher branca. Quanto à violência simbólica como
expressão do racismo, verifica-se que uma atitude agressiva contra uma mulher
branca não altera a estrutura social à qual ela pertence; em contrapartida, uma
mulher negra, ainda que não sofra com uma atitude agressiva, vive a violência
devido ao lugar que ocupa na estrutura social por causa de sua cor
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Tipos de
Processo
Medida
19
Protetiva
Acolhimento 1
Guarda 3
Ação Penal 2
Inquérito
5
Policial
Total 30
35 30
30
25
19
20
15
10 5
5 3 2
1
0
Medida Acolhimento Guarda Ação Penal Inquérito total
Protetiva policial
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Varas
Família e
1
Sucessões
Infância e
4
Juventude
Violência
Doméstica e
Familiar
contra a
25
Mulher
Total 30
325
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40 30
25
20
1 4
0
Familia Infância Violência Doméstica total
DADOS PESSOAIS
QUESITO IDADE
Idade
entre 0 e 10
1
anos
entre 11 e 20
6
anos
entre 201 e 30
7
anos
entre 31 e 40
6
anos
entre 41 e 50
9
anos
entre 51 e 60
0
anos
entre 61 e 70
0
anos
acima de 70
1
anos
Total 30
35 30
30
25
20
15
9
10 6 7 6
5 1 0 0 1
0
entre 0 e entre 11 e entre 201 entre 31 e entre 41 e entre 51 e entre 61 e acima de total
10 anos 20 anos e 30 anos 40 anos 50 anos 60 anos 70 anos 70 anos
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QUESITO COR
Cor
branca 15
negra 3
parda 11
amarela 1
Total 30
40
20
0
branca negra parda amarela total
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IBGE. Censo Agropecuário, 2017.
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QUESITO ESCOLARIDADE
Escolaridade
sem instrução 1
fundamental 8
médio 10
superior 11
Total 30
40 30
30
20 10 11
8
10 1
0
sem instrução fundamental médio superior total
329
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Instituições citadas
Polícia Militar 2
DDM/DEAM 13
CREAS/NPJ 1
Defensoria Pública 1
TJ 1
Polícia Civil 1
Conselho Tutelar 2
Hospital ou Serviços de Saúde 2
Total 23
330
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25 23
20
15 13
10
5 2 1 1 1 1 2 2
0
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primeiro local que a vítima procura. A pesquisa demonstrou que a maior parte das
mulheres sofreu com o machismo institucional nas delegacias especializadas,
instituição que deveria estar capacitada para acolher as vítimas e suas
demandas.
Outra questão que Silveira (2006, p. 49 e 58) denota é a seguinte:
Renda
sem renda 10
até um salário mínimo 10
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40 30
30
20 10 10
10 3 3 2 2
0
sem renda até um dois salarios tres salarios quatro cinco ou total
salario mininos mininos salarios mais salarios
minimo mininos mininos
Trabalho/ocupação
do lar 2
auxiliar de limpeza 1
desempregada 6
comerciante 2
diretora de secretaria 1
manicure 2
auxiliar de escritório 1
secretária 1
confeiteira 1
professora 1
vendas 1
estudante 3
costureira 1
advogada 1
analista de
1
treinamento
cabelereira 1
médica cirurgiã 1
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cozinheira 1
balconista 1
vendedora 1
7
6
6
4
3
3
2 2 2
2
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
1
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
EJUS. Violência institucional contra a mulher no Judiciário. In: Caderno dos Grupos
de Estudos Serviço Social e Psicologia Jurídicos. São Paulo: Grupo de Estudos
de Violência Doméstica e Familiar. Caderno n. 15, 2018.
SAYÃO, Deborah Tomé. Corpo, poder e dominação: um diálogo com Michelle Perrot
e Pierre Bourdieu. In: Perspectiva: Florianópolis, v. 21, n. 1, p. 121-149, jna./jun.
2003.
341
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DA CONJUGALIDADE À PARENTALIDADE:
ASPECTOS SOCIAIS E PSICOLÓGICOS
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COORDENAÇÃO
AUTORES
Cássia Regina de Souza Preto – Psicóloga Judiciário – Comarca de Araçatuba
Cíntia Lupifierio Antônio Ramos – Assistente Social Judiciário – Comarca de Bilac
Claudia Lopes Ferreira – Assistente Social Judiciário – Comarca de Bilac
Cleia Leila de Almeida – Assistente Social Judiciário – Comarca de Buritama
Fabiana Bacelar de Matos – Psicóloga Judiciário – Comarca de Andradina
Fátima Lie Asao Mendes – Assistente Social Judiciário – Comarca de Valparaíso
Graciela Aparecida Franco Ortiz – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Araçatuba
Jaqueline Portunieri Gomes Messias – Psicóloga Judiciário – Comarca de Pereira
Barreto
Rosi Maria dos Santos – Psicóloga Judiciário – Comarca de Pereira Barreto
Lianara Carmona Vallego – Psicóloga Judiciário – Comarca de Guararapes
Lívia Marinho de Moura – Assistente Social Judiciário – Comarca de Mirandópolis
Márcia Kioko Hiraga – Assistente Social Judiciário – Comarca de Guararapes
Marco Antônio de Oliveira Branco – Psicólogo Judiciário – Comarca de Buritama
Marise do Nascimento Pinhata – Psicóloga Judiciário – Comarca de Valparaíso
Neuza Maria da Silva – Assistente Social Judiciário – Comarca de Araçatuba
Nair Yayoi Haikawa – Assistente Social Judiciário – Comarca de Pereira Barreto
Regiane Silvério da Silva – Assistente Social Judiciário – Comarca de Guararapes
Regiane Vieira Martins – Assistente Social Judiciário – Comarca de Pereira Barreto
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INTRODUÇÃO
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Desta forma sua aplicação não esta dada de pronto, o que implica
paramentá-lo em algumas questões práticas, que segundo literatura pesquisada, se
legítima na proteção integral garantida a partir da efetivação dos direitos
fundamentais inscritos na legislação.
CONJUGALIDADE
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FILIAÇÃO SOCIOAFETIVA
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Pai é o que cria, o que dá amor, e genitor é somente o que gera. Se,
durante muito tempo – por presunção legal ou por falta de
conhecimentos científicos, confundiam-se essas duas figuras, hoje é
possível identificá-las em pessoas distintas (DIAS, 2017b, p. 419,
grifo da autora).
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Madaleno (2000) apud Santos (2013) faz uma análise na mesma linha ao
referir que [...] “a paternidade real não é biológica, e sim cultural, fruto dos vínculos e
das relações de sentimentos que vão sendo cultivados durante a convivência com a
criança” (SANTOS, 2013).
Em consonância com as afirmações acima, Dias (2017a) aponta que,
historicamente, a posse do estado de filho se caracteriza por três elementos:
Tractatus – o reconhecimento como filho perante a família; Nomem – o uso do
sobrenome de família e Fama (ou Reputatio) – o reconhecimento público como filho.
Entretanto, ainda que não haja o uso do sobrenome de família, os outros dois
elementos são suficientes quando capazes de confirmar a verdadeira paternidade.
Segundo Fujita (2009) apud Cassetari (2017), a posse de estado de filho:
Conforme Dias (2017a, p. 48), “os laços de sangue não são suficientes
para garantir a verdadeira parentalidade”, pois esta “pode ser também uma
construção socioafetiva que nasce na ‘posse de estado de filho’ ou ‘posse de estado
de pai’”. Deste modo, o mero resultado negativo em exame de compatibilidade
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52
Adoção à brasileira é um termo comumente utilizado para definir uma adoção ilegal,
normalmente ocorrida de duas formas: 1 - Através da entrega direta da criança à outra família
sem autorização da Justiça. 2 - Através do reconhecimento jurídico da paternidade de filho alheio
como próprio.
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MULTIPARENTALIDADE
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NEGATÓRIA DE PATERNIDADE
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atitudes que asseguram o respeito pela criança como indivíduo, a sua percepção de
ser estimado e apreciado, e também oportunidade para que ela possa gerir seus
riscos e fazer suas escolhas); cuidados sociais, cujo objetivo é garantir que a criança
não seja isolada socialmente dos seus pares ou adultos significativos no curso do
seu desenvolvimento, destaca-se o auxílio ao filho para que se torne socialmente
competente e bem integrado em casa, na escola e aceite progressivas
responsabilidades nos relacionamentos com os outros e, há ainda, as atividades de
controle e disciplina e de desenvolvimento de potenciais.
Ainda no mesmo estudo, os autores integram precondições ao exercício
da parentalidade, sendo estas o conhecimento e compreensão do filho, motivação
para o exercício da parentalidade, os recursos internos e externos às demandas do
relacionamento e as oportunidades de convívio.
De acordo com este modelo, é possível identificar alguns eixos de análise
no estudo psicológico com objetivo de investigação da construção relacional da
parentalidade socioafetiva: o desempenho dos papéis de cuidados, o relacionamento
interpessoal estabelecido, o desejo de exercer a parentalidade, as condições
emocionais e materiais para fazê-la.
Contudo, ainda há que se considerar a importância do afeto e constituição
do vínculo nesta relação. Zimerman (2010) apresenta o termo Vínculo, palavra com
origem no latim vínculun, que significa uma união, uma ligadura, atadura de
características duradouras. O vínculo é de fundamental importância no
desenvolvimento da personalidade da criança, que constitui sua existência a partir
de um outro.
Segundo a psicanálise a primeira relação vincular da criança é com a mãe
(ou figura substituta) e esta relação será basilar ao seu desenvolvimento e ao
estabelecimento de novos vínculos ao longo da sua vida. Quanto mais primitivo o
estabelecimento dos vínculos, mais importantes serão as fixações na mente da
criança. Desta forma, é possível compreender que a formação da relação de
parentalidade será mais efetivamente internalizada pela criança, quanto menor for
sua idade em relação ao início da convivência parental (ZIMERMAN, 2010).
O autor defende ainda que a criança (bebê) não pode ser considerada
como um ser passivo aos cuidados da mãe e do pai, ela sofre influências também de
outros membros familiares. A criança é ativa na estrutura familiar e na construção de
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
AMORIM, Ana Maria Anselmo de. Manual de Direito das Famílias. 2ª edição,
Curitiba: Juruá, 2017.
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DIAS, Maria Berenice. Quem é o pai? In: Manual de Direito das Famílias. 5 ed., São
Paulo, Revista dos Tribunais, 2009.
_______. Maria Berenice. Filhos do Afeto: Questões Jurídicas. 2ª ed. São Paulo: RT,
2017a.
_______. Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 12ª ed. São Paulo: RT,
2017b.
DICIONÁRIO HOUAISS Online. Disponível em:
<https://houaiss.uol.com.br/pub/apps/www/v3-3/html/index.php#0>. Acesso em 27 de
ago. de 2019.
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FÁVERO, Eunice Teresinha; MELÃO, Magda Jorge Ribeiro; JORGE, Maria Rachel
Tolosa. O Serviço Social e a Psicologia no Judiciário: construindo saberes,
conquistando direitos. São Paulo: Cortez Editora, 2005.
IAMAMOTO, Marilda Vilela; CARVALHO, Raul de. Relações sociais e Serviço Social
no Brasil: um esboço de interpretação histórico-metodológica. São Paulo: Cortez,
1982.
NETO, João Alves da Silva; STREY, Marlene Neves; MAGALHÃES, Andrea Seixas.
Sobre as motivações da conjugalidade. In: WAGNER, Adriana (org.) Desafios
psicossociais da família contemporânea: pesquisas e reflexões. Porto Alegre:
Artmed, 2011. p. 39-57.
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COORDENAÇÃO
Roseclair Keller de Oliveira Lima – Psicóloga Judiciário – Comarca de Assis
Vanessa Aparecida Tusco Bregagnoli – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Assis
AUTORAS
Amanda Carollo Ramos da Silva – Psicóloga Judiciário – Comarca de Paraguaçu
Paulista
Ana Luiza Yassuda Viel – Psicóloga Judiciário – Comarca de Martinópolis
Carmem Silvia Righetti Nobile – Assistente Social Judiciário – Comarca de Cândido
Mota
Laura Moreira de Souza – Assistente Social Judiciário – Comarca de Palmital
Maria Aparecida Pareschi – Assistente Social Judiciário – Comarca de Cândido Mota
Maria Cristina Dias – Psicóloga Judiciário – Comarca de Cândido Mota
Marta Fresneda Tome – Psicóloga Judiciário – Comarca de Chavantes
Rita Helena dos Santos Godoi – Psicóloga Judiciário – Comarca de Palmital
Roberta Schiavinato Felipe – Assistente Social Judiciário – Comarca de Maracaí
Rosana Cesar de Oliveira Souza – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Paraguaçu Paulista
Roseclair Keller de Oliveira Lima – Psicóloga Judiciário – Comarca de Assis
Silvia Maria Rossi Barreto – Psicóloga Judiciário – Comarca de Cândido Mota
Tatyane Ribeiro Rodrigues – Assistente Social Judiciário – Comarca de Assis
Thais de Cassia Ribeiro Rupel – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Chavantes
Vanessa Aparecida Tusco Bregagnoli – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Assis
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REFERÊNCIAS
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COORDENAÇÃO
Joyce Borges Romeiro – Psicóloga Judiciário – Comarca de Bauru
Lucia Pereira dos Santos Martarelli – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Bauru
AUTORES
Ana Paula Alves dos Santos Gonçalves – Psicóloga Judiciário – Comarca de
Pederneiras
Ana Paula Gonçalves Calazans – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Duartina
Denise Vitório – Assistente Social Judiciário – Comarca de Bauru
Ecléa Correa de Lacerda Silva – Assistente Social Judiciário – Comarca de Bauru
Edelmaris Campanhã de Moraes e Lima – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Lençóis Paulista
Eliane Aparecida da Silva – Assistente Social Judiciário – Comarca de Lençóis
Paulista
Fabiana de Oliveira Rosolin – Assistente Social Judiciário – Comarca de Pederneiras
Geisa Rodrigues de Freitas – Psicóloga Judiciário – Comarca de Pirajuí
Helen Milene Cursino dos Santos – Psicóloga Judiciário – Comarca de Lençóis
Paulista
Isabel Cristina Bergamini de Araújo – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Iacanga
Ivandra Carla Carneiro – Assistente Social Judiciário – Comarca de Bauru
Joyce Borges Romeiro – Psicóloga Judiciário – Comarca de Bauru
Juliana de Moraes Mayer – Psicóloga Judiciário – Comarca de Santa Cruz do Rio
Pardo
Laís Elaine Catini Sattin – Assistente Social Judiciário – Comarca de Lençóis
Paulista
Lourdes Zambom – Assistente Social Judiciário – Comarca de Pirajuí
Lucia Pereira dos Santos Martarelli – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Bauru
Luciana Cristina Mastreli Bonora Alves – Psicóloga Judiciário – Comarca de Agudos
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Depoimento Especial: 1985 (Estados Unidos e Israel), 1988 (Canadá), 1991 (África
do Sul e Austrália), 1992 (Inglaterra), 1998 (França), 2000 (Espanha), 2002
(Malásia), 2003 (Brasil, Chile e Jordânia), 2004 (Argentina, Escócia, Lituânia e
Noruega), 2005 (Cuba e Índia), 2006 (Nova Zelândia), 2007 (Costa Rica) e 2008
(Colômbia, Equador, Paraguai, Peru e Suécia).
O sistema de depoimento CCTV55 (Closed Circuito of Television –
depoimento por meio de circuito fechado de TV e gravação de videoimagem) é o
mais amplamente utilizado e seu alcance chega a 64% dos países que empregam a
metodologia de Depoimento Especial (inclusive no Brasil), em comparação ao
sistema com Câmara Gesell (dispositivo para estudo das etapas do desenvolvimento
infantil, criado pelo psicólogo norte-americano Arnold Gesell – 1880-1961),
constituída por duas salas divididas por espelho unidirecional, que permite visualizar
a partir de um lado o que acontece no outro, mas não vice-versa. Este método é
utilizado por 36% dos países.
Referente à localização institucional das salas especiais para tomada de
depoimentos de crianças e adolescentes vítimas/testemunhas de violência, temos:
Polícia, Ministério Público, Poder Executivo, Tribunal/Corte de Justiça, Organização
Não Governamental (ONG), dentre outros.
Em relação ao profissional responsável pela tomada do depoimento na
Cartografia foram apresentados Juiz, Promotor, Defensor, Policial, Médico,
Psicólogo, Assistente Social, Psiquiatra e Psicopedagogo.
Resgatando os marcos legais para oitiva especializada de crianças e
adolescentes no Brasil, inicialmente reportamos a Convenção dos Direitos da
Criança do ano de 1990 – art. 12, § 2º - que garante o direito da criança ser ouvida e
que sua opinião seja levada em consideração em
406
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56
A Childhood Brasil (Instituto WCF-Brasil) é o braço brasileiro da World Childhood Foundation,
organização sem fins lucrativos, criada em 1999 pela S. M. Rainha Silvia da Suécia com o
objetivo de promover e defender os direitos de crianças e adolescentes em situação de risco em
todo o mundo. Além do Brasil, a World Childhood Foundation está presente na Suécia, Estados
Unidos e Alemanha e apoia mais de 100 projetos em 14 países. A Childhood Brasil possui sua
sede em São Paulo/SP.
407
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57
http://jij.tjrs.jus.br/doc/cartilha-dep-especial.pdf
http://pfdc.pgr.mpf.mp.br/atuacao-e-conteudos-de-apoio/publicacoes/crianca-e-
adolescentes/Cartilha Depoimento Sem Dano.pdf
58 Para maior aproximação com a realidade brasileira na implantação do Depoimento Especial,
sociais. Foi solicitado que cada Comarca retratasse como o Depoimento Especial
está sendo realizado. Nesse sentido, verificaram-se diferenças no tocante aos
procedimentos, as quais serão apresentadas a seguir.
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Serviço Social:
• 03 (três) Comarcas não atuaram, ficando a cargo dos profissionais da
Psicologia.
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Psicologia
• 01 (uma) Comarca realizou a análise do desenvolvimento da criança e
de sua sexualidade; indicou ausência de doenças mentais que comprometessem o
DE; fez a análise do discurso da vítima; validação da condição psicológica da
criança para participar do DE; descrição do “rapport” e do uso do recurso
terapêutico; citação; considerações técnicas; apontamentos de sintomas após
situação de violência; afirmação da existência de indícios da ocorrência da violência
e a retomada de questões relacionadas ao DE.
• 01 (uma) reafirmou a condição favorável da criança para DE (idade e
verbalização), “rapport”, indicação de preservação da memória; avaliação se a
família é funcional e protetiva; ressaltou a importância do acompanhamento
psicológico para a vítima; citação bibliográfica sobre violência.
• 01 (uma) teceu considerações sobre o desenvolvimento psico-cognitivo
da adolescente; referência bibliográfica; identificação de indícios da ocorrência do
abuso sexual; ressaltou a importância do acompanhamento psicológico para a
vítima.
• 01 (uma) trouxe informações sobre a avaliação prévia ao DE;
condições psicológicas do adolescente; informação de que a participação do
adolescente no DE deu-se nos moldes da Lei nº 13.431/2017 e do Comunicado
Conjunto nº 1948/2018.
• 01 (uma) utilizou o item denominado conclusão, produzido em conjunto
com o serviço social: apresentou as condições de desenvolvimento da criança;
orientações sobre o DE à família; apresentou a opção para a criança de participar do
DE ou falar diretamente para o juiz; apontou que a criança não relatou sobre o abuso
durante a entrevista prévia com as profissionais; apontou comportamento protetivo
da genitora em relação ao filho.
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Referência à legislação
Resposta Quesitos
Histórico da violência
Objetivo do documento
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Relato
livre
9%
NCAC NICHD
36% 55%
Relatório Final: em 36% dos casos foi nomeado como Laudo, 18% como Relatório,
9% como Relatório Psicológico, 9% como Relatório Multiprofissional e 9% como
Relatório de Depoimento Especial. Não obstante, há entendimentos diferentes entre
os profissionais sobre a produção ou não do Relatório Final, considerando que as
intervenções derivadas da Entrevista Prévia não correspondem a realização de
Estudo Social ou Psicológico e não há previsão legal para a produção do
documento.
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Descrição abuso
Análise relato
Psicopatologias
Relação vítima/réu
Encaminhamentos rede…
Dinâmica familiar
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3 - CONCLUSÃO
423
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4 - REFERÊNCIAS
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COORDENAÇÃO
Marcia Aparecida da Silva – Assistente Social Judiciário – Comarca de Campinas
Maria Amália do Val Simoni – Psicóloga Judiciário – Comarca de Campinas
AUTORAS
Aline Alberti Veronez da Costa – Psicóloga Judiciário – Comarca de Amparo
Aline Antunes Barbosa – Psicóloga Judiciário – Comarca de Rio das Pedras
Aline de Paula Bonasio Fonseca – Psicóloga Judiciário – Comarca de Amparo
Andreza Cristina Oliveira da Silva Calixto – Assistente Social Judiciário – Comarca
de Campinas
Claudia Maria Zoppe Coregio – Assistente Social Judiciário – Comarca de Serra
Negra
Juliana Coelho Correia Rodrigues – Psicóloga Judiciário – Comarca de Campo
Limpo Paulista
Karen Bodstein Burigo Godoy – Psicóloga Judiciário – Comarca de Pedreira
Mara Gisela Dariolli do Prado – Assistente Social Judiciário – Comarca de Pedreira
Marcia Aparecida da Silva – Assistente Social Judiciário – Comarca de Campinas
Maria Amália do Val Simoni – Psicóloga Judiciário – Comarca de Campinas
Maria Aparecida Thomazini Bassi – Assistente Social Judiciário – Comarca de São
José do Rio Preto
Maria das Graças De Souza – Psicóloga Judiciário – Comarca de Aguaí
Renata Souza Felgueiras Loureiro – Psicóloga Judiciário – Comarca de Cosmópolis
Rosemeire Donega – Psicóloga Judiciário – Comarca de Itapira
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O Tempo
Mario Quintana
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INTRODUÇÃO
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para uma criança que não encontra este tipo de relação. O autor destaca que
deveria ser dada maior atenção às condições que favorecem o sucesso da vida
familiar e considerar a retirada de crianças de seus próprios lares como um último
recurso, a ser utilizado somente quando for absolutamente impossível tornar o lar
adequado à criança.
Retomando o ECA, em seu artigo 19 temos que “é direito da criança e do
adolescente ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em
família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente que
garanta seu desenvolvimento integral”. Ou seja, a legislação determina como
prioridade o desenvolvimento integral e saudável dos infantes, preferencialmente na
família de origem. Caso não seja possível, na família extensa e, por último, em
família substituta.
Quando esta família falha em seu papel de cuidar e proteger, ocorre a
institucionalização de crianças e adolescentes, a qual retira as raízes do indivíduo e
não proporciona seu pertencimento. Como vimos,
2 - INSTITUCIONALIZAÇÃO
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[...] Por melhor que seja a instituição, por mais que haja uma
atmosfera de ambiência familiar artificialmente criada, somente uma
relação familiar propicia um sentimento de intimidade, cumplicidade e
um convívio mais afetuoso, personalizado e individualizado. (2016,
p.422).
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5 - CONCLUSÃO
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Chegando à maioridade, muitos jovens retornam àquela família de origem, a qual foi
definida pelo Estado como não protetiva.
Tal situação em sua grande maioria acaba na repetição geracional
limitadora e se reinicia o ciclo familiar e social de negligências e violações de
direitos. Daí a importância de políticas públicas eficientes para a mudança da
realidade socioeconômica e de vulnerabilidade desta população.
Considerando os 15 anos de histórias, reflexões e trocas deste grupo,
agradecemos a todas que passaram por aqui: Adrianas, Alessandras, Anas,
Aparecidas, Beatrizes, Brunas, Carlas, Cecílias, Célias, Clarices, Claudias, Cristinas,
Danielas, Déboras, Dinauras, Elianas, Elídias, Ermelindas, Flávias, Fernandas,
Giseles, Gislaines, Gislaines, Glorias, Graças, Haydées, Heloisas, Idalinas, Isabeis,
Ivanetes, Izildas, Lauras, Leylas, Lineis, Lourdes, Lygias, Madalenas, Maras, Mairas,
Marianas, Marias, Mirians, Mônicas, Nilzas, Ninias, Olgas, Ondinas, Paulas,
Renatas, Reginas, Rosanes, Sandras, Silvias, Sônias, Stelas, Talitas, Tatianes,
Thabatas, Valérias, Vanessas, Veras, Veridianas.
446
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REFERÊNCIAS
BOWLBY, John. Cuidados Maternos e Saúde Mental. São Paulo, WMF, Martins
Fontes, 2ª edição; 2006.
447
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DINIZ, Isabel A.; ASSIS, Márcia, O. de; SOUZA, Mayra Fernanda S. Crianças
institucionalizadas: um olhar para o desenvolvimento socioafetivo. Revista da
Graduação da PUC Minas. v. 3, n. 5, jan/jun 2018.
Osório, Luiz Carlos: Como trabalhar com os sistemas humanos. Porto Alegre:
Artmed, 2012.
SPITZ, René A. O primeiro ano de vida. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2013.
448
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COORDENAÇÃO
Cristiana Kuniko Urahama Iwama – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Dracena
Priscila Alves Martos Casoni – Assistente Social Judiciário – Comarca de Flórida
Paulista
AUTORAS
Alessandra Pereira da Cruz – Assistente Social Judiciário – Comarca de Teodoro
Sampaio
Angela Maria de Carvalho Ribeiro – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Junqueirópolis
Cristiana Kuniko Urahama Iwama – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Dracena
Elisandra Murer Fruchi – Assistente Social Judiciário – Comarca de Dracena
Jeise Cristina Alves Sereghetti – Assistente Social Judiciário – Comarca de Tupi
Paulista
Josy Ferreira Primo – Assistente Social Judiciário – Comarca de Pacaembu
Marta Ritshuko Mori Kano – Assistente Social Judiciário – Comarca de Panorama
Priscila Alves Martos Casoni – Assistente Social Judiciário – Comarca de Flórida
Paulista
Regina Furtado Costa Campos – Psicóloga Judiciário – Comarca de Pacaembu
Rosângela Vieira de Aguiar do Vale – Psicóloga Judiciário – Comarca de
Adamantina
451
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INTRODUÇÃO
452
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59
Capítulo 5: Crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual: a emergência de sua
subjetividade jurídica no embate entre modelos jurídicos de intervenção e seus direitos. Uma
análise crítica sob o crivo histórico-comparativo à luz do debate em torno do depoimento
especial.
453
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60
Cita a Convenção sobre os Direitos da Criança; a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e
do Adolescente-ECA.
454
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61
Em 15 de abril de 2011, pela juíza Maria Isabel Pezzi Klein.
456
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62 De 23 de novembro de 2010.
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3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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MOTTI, Antônio José Angelo; SANTOS, Joseleno Vieira dos. Redes de proteção
social à criança e ao adolescente: limites e possibilidades. Caderno de
Conteúdo - Fortalecimento da rede de enfrentamento à violência sexual contra
crianças e adolescentes. Guarulhos-SP, 2008. Disponível em:
<http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/sem_pedagogica/fev_2014
/NRE/redes_protecao_social.pdf>. Acesso em: 06 Nov. 2019.
472
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COORDENAÇÃO
Mariscler Regivane da Silva Barbosa – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Morro Agudo
Mateus Beordo – Assistente Social Judiciário – Comarca de Guará
AUTORES
Ana Maria Alves da Costa – Assistente Social Judiciário – Comarca de Franca
Ana Maria Damando Pavan – Assistente Social Judiciário – Comarca de Ipuã
Cibele Alves Chapadeiro – Psicóloga Judiciário – Comarca de São Joaquim da Barra
Cristiane Barbosa Rezende – Assistente Social Judiciário – Comarca de Batatais
Denise Jesuina Faria Tostes – Assistente Social Judiciário – Comarca de Franca
Edilaine Aparecida dos Santos – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Pedregulho
Juliana Borges Marson – Psicóloga Judiciário – Comarca de Patrocínio Paulista
Juliana Massad de Oliveira Silva – Psicóloga Judiciário – Comarca de Guará
Juliane Stamato Taube – Assistente Social Judiciário – Comarca de Patrocínio
Paulista
Luciana Leonetti Correia – Psicóloga Judiciário – Comarca de Ipuã
Maria Helena de Oliveira Borges – Assistente Social Judiciário – Comarca de Franca
Marina Pereira Barbosa – Assistente Social Judiciário – Comarca de Franca
Mariscler Regivane da Silva Barbosa – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Morro Agudo
Mateus Beordo – Assistente Social Judiciário – Comarca de Guará
Michelle Barbosa de Oliveira Silva – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Franca
Priscila Suemi Miya – Psicóloga Judiciário – Comarca de Miguelópolis
Raquel Renzo da Silva Pequia – Assistente Social Judiciário – Comarca de Franca
Regina Ester Vieira Reis de Camargo – Psicóloga Judiciário – Comarca de Franca
Vilma Aparecida Tavares – Assistente Social Judiciário – Comarca de São Joaquim
da Barra
Viviane Milan Pupin Andrade – Psicóloga Judiciário – Comarca de Morro Agudo
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INTRODUÇÃO
63
Método em que há duas salas separadas por uma visão de vidro unidirecional de forma que os
depoentes não percebem que estão sendo observados por outras pessoas que não o
entrevistador (CALDAS; PERROTA, 2014, p. 237).
475
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2014, p. 237).
Em pesquisa feita pela Childhood64, que mapeou países que realizam
práticas de inquirição de crianças e adolescentes, verificou-se que as metodologias
mais utilizadas são o Closed Circuit Television (CCTV)65, constatado em 61% dos
países, e a Câmara Gesell, utilizado por 39% deles, sendo que este último sistema é
predominantemente usado nos países da América do Sul (SANTOS; GONÇALVES,
2009, p. 42-45 apud CALDAS; PERROTA, 2014, p. 237).
Os estudos indicam que na maioria dos países – 46% deles – as salas
especiais para tomada de depoimentos dessas vítimas ou testemunhas de violência
sexual se localizam na estrutura da polícia. As salas fixadas na estrutura do
Ministério Público ou do Poder Executivo, correspondem a 18%, e em sua maioria
encontradas na América do Sul (SANTOS; GONÇALVES, 2009 p. 42-45, apud
CALDAS; PERROTA, 2014, p. 237). É importante consignar que as práticas
realizadas no Brasil foram inspiradas em modelos internacionais.
Acerca dos aspectos normativos, nosso país é signatário de convenções
e acordos que resguardam direitos de crianças e adolescentes, dentre eles
destacamos: a Convenção sobre os Direitos da Criança (UNICEF, 1989); o Protocolo
Facultativo da Convenção Sobre os Direitos da Criança, de 2000 (UNICEF, 1989); a
Resolução nº 20, de 2005, do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas
(ECOSOC, 2005). Este último traz parâmetros internacionais para a aplicação de
metodologias alternativas de oitivas com crianças e adolescentes vítimas e/ou
testemunhas de crimes.
Em âmbito nacional temos a Constituição da República Federativa do
Brasil, de 1988 (BRASIL, 1988), e a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe
sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências (BRASIL,
1990), que visam à proteção integral.
No Brasil, em 2003, iniciam as primeiras oitivas denominadas naquele
momento “Depoimento sem Dano”, no Rio Grande do Sul (BRASIL, 2004), que
vislumbra prever regras especiais quanto à realização de laudo pericial e
64
Criada em 1999 pela Rainha Silvia Renate Sommerlath, da Suécia, a Childhood Brasil faz
parte da World Childhood Foundation (Childhood), instituição que conta ainda com escritórios na
Suécia, na Alemanha e nos Estados Unidos. A organização é certificada como Organização da
Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) (CHILDHOOD).
65 Circuito fechado de televisão, método de gravação de videoimagem com comunicação à sala
da assistência.
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procedimentos para que não ocorra a repetição da oitiva das vítimas em relação aos
abusos/violências vivenciados. Ainda, vislumbra que tal procedimento ocorra por
profissionais especializados, respeitando as fases do desenvolvimento da criança
e/ou adolescente, em espaço físico adequado, possibilitando o relato livre.
O título III da Lei trata “Da Escuta Especializada e do Depoimento
Especial”, que determina que a Escuta seja efetivada perante órgão da rede de
proteção e que o Depoimento deve ocorrer diante de autoridade policial ou judiciária.
Com a publicação da referida lei, ocorreu a expansão do Depoimento
Especial pelo Estado de São Paulo. A Presidência do TJSP definiu a capacitação de
psicólogos e assistentes sociais judiciários para aplicação dessa metodologia.
Considerando a legislação, o Provimento CG nº 17/2018 (TRIBUNAL...,
2018) e a Portaria nº 9.796/2019 (TRIBUNAL..., 2019) inseriram alterações na
redação das Normas de Serviço da Corregedoria Geral da Justiça, na Subseção I
“Do Serviço Social e Psicologia”, incluindo o D.E. no âmbito de atuação de
assistentes sociais e psicólogos do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
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profissionais também estejam capacitados para realizarem uma oitiva que respeite a
especificidade da fase do desenvolvimento infanto-juvenil.
Desta forma, a oitiva pode ocorrer tanto por uma equipe especializada,
quanto pelos magistrados, respeitando a manifestação da criança ou adolescente
em questão.
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66
Foi desenvolvida em meados dos anos 1980, quando os psicólogos Ronald P. Fisher e
Edward Geiselman, buscavam aprimorar as técnicas através das quais os policiais americanos
colhiam depoimentos de vítimas, testemunhas e suspeitos. É uma abordagem eminentemente
prática, cujas técnicas se baseiam em parâmetros de pesquisa e estudos experimentais
(fundamentos científicos).
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REFERÊNCIAS
CHILDHOOD. Quem somos: conheça mais sobre a Childhood Brasil [s.d]. Quem
somos. Disponível em: <https://www.childhood.org.br/quem-somos>. Acesso em 18/
de out.de 2019.
490
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491
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
HABIGZANG, L.F.,KOLLER, S.H., et. al. Abuso sexual infantil e dinâmica familiar:
aspectos observados em processos jurídicos. Psicologia: Teoria e pesquisa, Brasília,
2005, Vol. 21, nº 3, p. 341-348. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-
37722005000300011&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em: 18 out. 2019.
492
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ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
o estado da arte. São Paulo, SP: Childhood Brasil; Editora da Universidade Católica
de Brasília, 2013. 164 p.
493
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COORDENAÇÃO
Edna Maria Brandão – Psicóloga Judiciário – Comarca de Bragança Paulista
Fabíola Maria Mota Costa de Souza – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Nazaré Paulista
AUTORAS
Ana Carolina da Silva Payolla – Assistente Social Judiciário – Comarca de Sumaré
Claudia Maria Nóbrega – Psicóloga Judiciário – Comarca de Santo André
Débora Silva Barros de Oliveira – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Cabreúva
Edna Maria Brandão – Psicóloga Judiciário – Comarca de Bragança Paulista
Eduarda Vieira Silva – Assistente Social Judiciário – Comarca de Bragança Paulista
Fabíola Maria Mota Costa de Souza – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Nazaré Paulista
Gisele Perez da Silva – Assistente Social Judiciário – Comarca de Campinas
Magnólia Mota Zamariolli – Assistente Social Judiciário – Comarca de Piracaia
Maria Helena Pompeu – Assistente Social Judiciário – Comarca de Pinhalzinho
Rose Meire Mendes de Almeida – Psicóloga Judiciário – Comarca de Nazaré
Paulista
Silvia Dominiquini Medeiros Marino – Psicóloga Judiciário – Comarca de Itatiba
Tamara Cristina Barbosa Soares – Psicóloga Judiciário – Comarca de Limeira
Valéria Barbosa – Assistente Social Judiciário – Comarca de Limeira
Vivian Bertelli Ferreira de Oliveira – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Bragança Paulista
495
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ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
INTRODUÇÃO
496
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Traz a organização das ações em dois níveis de proteção: Proteção Social Básica e
Proteção Social Especial.
Em termos da Básica, refere-se a serviços que potencializam a família
como unidade de referência, fortalecendo seus vínculos internos e externos de
solidariedade, através do protagonismo de seus membros e da oferta de um
conjunto de serviços locais que visam à convivência, à socialização e ao
acolhimento, em famílias cujos vínculos familiar e comunitário não foram rompidos,
bem como através da promoção da integração ao mercado de trabalho. A Proteção
Social Especial, por sua vez, opera com um conjunto de ações voltadas para o
atendimento de indivíduos e famílias com direitos violados, em situação de risco
pessoal e social por ocorrência de maus tratos, abuso e exploração sexual, trabalho
infantil, entre outros.
Sposati (2009) explica que o sentido de proteção supõe defesa e tem um
“caráter preservacionista – não da precariedade, mas da vida – supõe apoio, guarda,
socorro e amparo. Este sentido preservacionista é que exige tanto as noções de
segurança social como de direitos sociais”. A autora complementa que a política de
proteção social corresponde à vigilância social e defesa de direitos.
A política privilegia a família como unidade fundante a ser fortalecida,
porém seu modelo de operacionalização na Proteção Básica privilegia serviços de
fortalecimento de vínculos em que a família é segmentada artificialmente por faixas
etárias. Como coloca Sposati (2009) “a dimensão socioeducativa dos serviços de
proteção social está articulada por ciclo de vida e não pelo pertencimento à
vulnerabilidade familiar. No caso estão conectados à ideia de vulnerabilidade
pessoal”. Quando se trata da Proteção Especial, a estratégia nos serviços de alta
complexidade supõe a ausência da família, o que não corresponde à verdade.
Embora a conceituação da proteção social trazida pela Política Nacional
de Assistência social seja abrangente e se relacione diretamente com os direitos
sociais, observam-se na realidade sérias dificuldades e até mesmo entraves para
sua efetiva concretização e ampla cobertura dos riscos, bem como para sua
contribuição ao enfrentamento da desigualdade social.
Outro aspecto que se relaciona sobre a oferta e efetivação das políticas
públicas e seus programas, serviços e projetos é a territorialidade, correspondendo
as diferentes realidades dos vários espaços de vivência das famílias.
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fase peculiar de desenvolvimento humano e social, mas sim pela efetivação destas
leis criadas, mediante Políticas Públicas eficazes e acessíveis a toda a população.
As leis existentes atenderiam as demandas, garantiriam direitos, porém
entre a criação e implementação, há um longo caminho a ser percorrido e muitas
vezes, a maneira como a lei entra em vigor para que se torne direito na vida do
sujeito, não atinge o fim especifico, pois se depara com vários fatores que seriam o
diferencial entre sua efetivação e ineficiência.
São vários os órgãos que atuam até que um direito seja garantido na vida
de uma criança, os quais muitas vezes nem sequer conversam entre si. O executivo
formula a lei, o legislativo cria a lei e o judiciário garanta que ela seja cumprida. A
existência de cada um é complementar à existência dos outros. Tudo estaria bem,
não fossem os interesses e a vontade política de cada um destes órgãos que muitas
vezes diverge dos demais e até mesmo de sua competência e atribuição.
Um exemplo: temos lei que prevê que toda criança em idade escolar
tenha garantida sua vaga numa unidade educacional, porém, muitas vezes esse
direito não é garantido e as famílias buscam judicialmente seu acesso. Até que o
sujeito receba a sentença, sobre a legitimidade ou não de seu pedido, leva-se
tempo, as instâncias tentam conversar, buscar alternativas (para o que já está
garantido na lei, que deveria somente ser aplicada) e muitas vezes, a resposta que a
família recebe é de que embora seja direito, não há recurso suficiente no momento,
para a construção de escolas, falta verba, então ainda que não atenda o melhor
interesse de uma criança, ela é matriculada numa unidade distante de sua
residência, num período em que seus pais não podem leva-la ou busca-la e
portanto, seu direito é violado, ele existe, mas não é eficaz na vida deste sujeito e
não promove a igualdade conforme estabelece as leis vigentes.
Se além desta falta de vaga escolar, a família vivencia outros dramas e
conflitos, como uma separação conjugal litigiosa, onde os pais esperam do judiciário
uma solução para seus problemas familiares. Nesse sentido, quando os adultos não
são capazes de encontrar alternativas viáveis a criança ou adolescente poderá
sofrer outras violações que prejudiquem seu desenvolvimento biopsicossocial.
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CONSIDERAÇÕES
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REFERÊNCIAS
BEHRING, E. R. & SANTOS, S. Questão social e direitos. In: Serviço Social: direitos
sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS/ABEPSS, 2009.
BRASIL, 2002. Código Civil. Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002. In: Vade
Mecum-OAB e Concursos. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
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ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
COELHO, T., 2018. Maioria dos casos de violência sexual contra crianças e
adolescentes ocorre em casa; notificações aumentaram 83%. Disponível em
https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/maioria-dos-casos-de-violencia-sexual-
contra-criancas-e-adolescentes-ocorre-em-casa-notificacao-aumentou-83.ghtml.
Acesso em 07 de agosto de 2019.
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ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
COORDENAÇÃO
Juliana Vieira Von Zuben – Psicóloga Judiciário – 3ª Vara Criminal da Infância e
Juventude da Comarca de Limeira
Beatriz Oliveira Batista Simonetti – Assistente Social Judiciário – Vara da Infância e
Juventude Comarca de Rio Claro
AUTORAS
Adriana Negretti Cruz Campana – Psicóloga Judiciário – Comarca de Rio Claro
Alice Rodrigues Gonzales Florentin – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Americana
Andressa Pin Scaglia Granata – Psicóloga Judiciário – Comarca de Brotas
Beatriz Oliveira Batista Simonetti – Assistente Social Judiciário – Vara da Infância e
Juventude Comarca de Rio Claro
Claudia Pereira de Lacerda – Psicóloga Judiciário – Comarca de Rio Claro
Giselle Alice Martins Canton – Assistente Social Judiciário – Comarca de Limeira
Jessica Maiara Soares de Souza – Psicóloga Judiciário – Comarca de Monte Mor
Juliana Vieira Von Zuben – Psicóloga Judiciário – 3ª Vara Criminal da Infância e
Juventude da Comarca de Limeira
Karina Kiill – Psicóloga judiciário – Comarca de Ribeirão Bonito
Miriam Bratfisch Villa – Psicóloga Judiciário – Comarca de Limeira
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INTRODUÇÃO
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ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
saber: “Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos
menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer
cumprir as determinações judiciais” (art.22).
Além disso, a Constituição Federal de 1988, em seu art. 227, prescreveu
amplos deveres à família, à sociedade e ao Estado, objetivando assegurar à criança
e/ou adolescente com absoluta prioridade os direitos à vida, à saúde, à alimentação,
à educação, ao lazer, à cultura, à dignidade, à liberdade, à convivência familiar e
comunitária e o direito de colocar a criança a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Vários são os princípios norteadores presentes na Constituição Federal
de 19/88, dentre eles, destaca-se o princípio da dignidade da pessoa humana,
entendendo-se que o atendimento ao referido dispositivo legal é atribuição inerente à
guarda e, por conseguinte, ao poder familiar, diante do que, impõe-se como princípio
do melhor interesse da criança e do adolescente.
Desta forma, observa-se que o guardião possui atribuições, deveres a
cumprir inerentes à guarda e ao próprio exercício do poder familiar. Assim, o
descumprimento de quaisquer dessas responsabilidades pode causar ou acirrar o
litígio entre as partes, bem como ensejar o pleito de modificação da guarda,
recorrendo-se ao Estado, através do Judiciário.
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testemunhal e pericial. Aos setores técnicos do Judiciário cabe esta última, a qual
está pautada no código de processo civil, que prevê a nomeação de profissional
perito diante da necessidade de conhecimento técnico científico, objetivando
subsidiar a decisão judicial.
Neste sentido, a perícia social e/ou psicológica tem o intuito de oferecer
elementos para que os atores do campo jurídico compreendam os aspectos sociais
e dinâmicas psicológicas das famílias que estão envolvidas. (Suannes e Sousa,
2019).
Conforme descrito anteriormente, alguns casos apresentam motivos
previstos em lei ou indícios concretos de violência ou violações de direitos,
ensejando a modificação da guarda. No entanto, de acordo com a prática
profissional, observa-se que, em muitos casos, os elementos identificados que
justificariam a sugestão de modificação da guarda são de cunho subjetivo e há
pouca literatura científica sobre o tema.
Além disso, outro desafio que os profissionais enfrentam diante desse tipo
de demanda é que na maioria das vezes, apesar da importante mudança que
ocorrerá na vida da criança que terá sua guarda modificada, a continuidade do
acompanhamento do caso pouco ocorre, tanto em virtude de ele se configurar dentro
do Direito de Família, que prevê a intervenção mínima do Estado, quanto em virtude
dos próprios limites da rede executiva de serviços, em relação ao fortalecimento dos
vínculos familiares e redução dos conflitos no mesmo contexto.
No âmbito dos processos de modificação de guarda, conforme
mencionado, motivações objetivas e subjetivas estão em jogo, o que exige dos
peritos judiciais, assistentes sociais e psicólogos, um olhar interdisciplinar para o
objeto em questão. No Serviço Social, de acordo com Goes & Oliveira (p.110, 2019):
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4 - CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS
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MUCCINO, G. Pais & Filhas. Netflix. Califórnia Filmes: Sherryl Clarck, 19 de maio
de 2016.
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COORDENAÇÃO
Rodrigo Alves Peres – Psicólogo Judiciário – Comarca de Pompeia
Walkíria Rodrigues Duarte – Assistente Social Judiciário – Comarca de Pompeia
AUTORES
Bárbara Maira da Costa – Psicóloga Judiciário – Comarca de Gália
Carlos David de Freitas – Psicólogo Judiciário – Comarca de Marília
Rodrigo Alves Peres – Psicólogo Judiciário – Comarca de Pompeia
Walkíria Rodrigues Duarte – Assistente Social Judiciário – Comarca de Pompeia
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DEDICATÓRIA
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AGRADECIMENTOS
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INTRODUÇÃO
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Referindo-se, evidentemente, como em toda tradição filosófica, a categorias como
“mentalidade”, “cultura” e “comportamento”.
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Assim,
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Segundo Gutting e Oksala (2019), Foucault adotou o termo “governo” (gouvernement) para se
referir, de modo conceitual e abstrato, à classe de indivíduos ativos na “governança”, ou seja, em
todo gerenciamento, para além das atribuições do Estado enquanto instrumento direto de
governo político, da sociedade e dos seus indivíduos, sendo que esta “governança” pode se
assimilar ao conceito foucaultiano de “governamentalidade” (gouvernementalité) que é sua
atividade enquanto arte, em que a ocultação, dissimulação, ou revelação parcial, da verdadeira
identidade do próprio governo, por exemplo, é uma de suas prerrogativas, e pode ser utilizada
enquanto expediente intrínseco à eficácia de sua atividade.
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Referindo-se, evidentemente, como em toda tradição filosófica, a categorias como
“mentalidade”, “cultura” e “comportamento”.
70 O que teria equivalência com o conceito de ideologia no Marxismo e na Teoria crítica, não
fossem essas teorias demasiadamente limitadas a uma forma de determinismo “exterior”, por
assim dizer, ao qual Foucault se contrapõe (na mesma medida em que se contrapõe a seu
oposto dialético que constitui, para ele, um indevido subjetivismo na prevalência da
transcendência, como é o caso da proposta fenomenológica).
71 Num sentido que, segundo ele mesmo, Foucault desenvolve a partir de Nietzsche em
“Genealogia da Moral” em que este demonstra que os sistemas de valores morais e éticos
próprios dos povos em sucessivos momentos históricos, na maior parte das vezes, e de forma
muito significativa e consistente, são gerados sem a presença de um fator de continuidade entre
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diferenças nas formas dos saberes próprios da vida quotidiana da sociedade atual,
desde o final da chamada Era Medieval até o presente, bem como as mudanças de
concepções reflexivas sobre os saberes, ou seja, as concepções de ser humano,
sujeito e conhecimento, que a nível da intelligentsia, têm acompanhado, seja em
compasso, seja em descompasso, essas mudanças.
A partir dos achados de suas investigações iniciais, à moda
“arqueológica”, na análise de registros documentais, artísticos, culturais, intelectuais,
etc., legados ao longo da história, caracterizando o que Foucault, dentro da
perspectiva metodológica que desenvolve, vem a denominar Arqueologia do saber e
do discurso, este destacado pesquisador conclui haver notável coerência estrutural
entre os saberes enunciados como verdades basilares das organizações sócio-
políticas das sociedades observadas (enquanto corpos doutrinários epistêmicos,
historiográficos, filosóficos, religiosos e linguísticos), por um lado, e, por outro lado,
as demais evidências discursivas que implicam os sistemas de pensamento que
carreiam tais verdades. Assim mesmo, a despeito de certo desenvolvimento histórico
intrínseco e evolutivo dos saberes e práticas aí observados, o que Foucault
encontra, entre as sucessivas “fases” que demarcam diferentes períodos sócio-
políticos e/ou sociais, ao longo do curso cronológico (ou “histórico”) em que se
sucedem, é muito mais amiúde e notoriamente o fenômeno da ruptura e
descontinuidade, do que o da derivação e continuidade. Desse modo, os saberes
predominantes que despontam nestas diversas fases se revelam mais como
resultantes de uma produção histórica extrínseca aos mesmos do que deles
mesmos uma reprodução ou evolução intrínseca. Com efeito, tais saberes,
especialmente os oriundos das epistemes proclamadas científicas no campo das
Ciências Humanas, ou, de qualquer forma, verdades universais a reger as vidas dos
indivíduos, quando diante do crivo socrático da “filosofia crítica” de Foucault,
revelam-se não somente desprovidos de real base científica, mas, principalmente,
resultantes de contingências políticas historicamente estabelecidas.
si, isto é, não apresentam traços de evolução entre si, embora seus sistemas culturais possam
trazer nas suas próprias tradições históricas a falsa ideia de derivação entre um sistema anterior
e o sistema presente. A genealogia, enquanto método, segundo Foucault, é um método de
investigação histórica isento do dogmatismo segundo o qual um “sistema de pensamento”
necessariamente deriva de seu predecessor. Neste sentido, rupturas, como, por exemplo,
eventos trágicos de forte impacto na organização social, em certa medida, fatais, são
atentamente considerados nesta forma de investigação.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
______. O futuro da democracia: uma defesa das regras do jogo. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1996.
GUTTING, Gary and OKSALA, Johanna, "Michel Foucault", The Stanford Encyclopedia
of Philosophy (Spring 2019 Edition), Edward N. Zalta (ed.), URL =
<https://plato.stanford.edu/archives/spr2019/entries/foucault/>.
PASSOS, I.F. Violência e relações de poder - In. Ver Med Minas Gerais 2010; 20 (2):
234-241.
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COORDENAÇÃO
Célia Regina Grigoleto Rosa – Assistente Social Judiciário – Comarca de Regente
Feijó
Katiúscia Cristina Pereira – Assistente Social Judiciário – Comarca de Quatá
AUTORES
Andreia da Silva Cavalcante – Assistente Social Judiciário – Comarca de Presidente
Venceslau
Carlos Siqueira da Mata – Assistente Social Judiciário – Comarca de Mirante do
Paranapanema
Célia Regina Grigoleto Rosa – Assistente Social Judiciário – Comarca de Regente
Feijó
Daniela Franco Motta Nesso – Psicóloga Judiciário – Comarca de Presidente
Venceslau
Denise Ocolati Vitale – Psicóloga Judiciário – Comarca de Presidente Prudente
Elisangela Carvalho de Lima Paulino – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Presidente Venceslau
Gisele Peruzzo – Psicóloga Judiciário – Comarca de Rosana
Irene Cristina Correa de Brito Farah – Psicóloga Judiciário – Comarca de Presidente
Epitácio
Katiúscia Cristina Pereira – Assistente Social Judiciário – Comarca de Quatá
Letícia Mara Batalini Menosse Galeti – Psicóloga Judiciário – Comarca de
Pirapozinho
Linda Delaine da Silva Ibañez Tiago – Psicóloga Judiciário – Comarca de Presidente
Venceslau
Luci Meire Dias – Assistente Social Judiciário – Comarca de Pirapozinho
Luciana Von Há de Oliveira Stringheta – Psicóloga Judiciário – Comarca de
Presidente Prudente
Lucilene Almeida Bertone de Capua – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Santo Anastácio
Maria Lúcia Trevisanelli Dela Viuda – Psicóloga Judiciário – Comarca de Rancharia
Maria Renata Bizarro – Assistente Social Judiciário – Comarca de Rosana
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INTRODUÇÃO
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Korczak, K. Quando eu voltar a ser criança. São Paulo: Summus, 1981.
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e social, que não se relacionam diretamente com a memória, que podem influenciar
no relato da criança.
Apesar de possuírem boas condições para o armazenamento e
recordação das memórias autobiográficas, segundo Stein (2010), crianças também
podem apresentar memórias que não condizem com a realidade fática do evento, o
que a autora nomeia como falsas memórias. Neste sentido, as falsas memórias
podem ser geradas espontaneamente, decorrentes do funcionamento endógeno
normal da memória ou a partir de sugestionabilidade.
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A NOB/SUAS regulamenta a operacionalização da gestão da Política de Assistência Social,
conforme a Constituição Federal de 1988, a Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) e
legislação complementar aplicável nos termos da Política Nacional de Assistência Social de
2004, sob a égide de construção do SUAS, abordando, dentre outras coisas: a divisão de
competências e responsabilidades entre as três esferas de governo; os níveis de gestão de cada
uma dessas esferas; as instâncias que compõem o processo de gestão e controle dessa política
e como elas se relacionam; a nova relação com as entidades e organizações governamentais e
não-governamentais; os principais instrumentos de gestão a serem utilizados; e a forma da
gestão financeira, que considera os mecanismos de transferência, os critérios de partilha e de
transferência de recursos.
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74
Esta rede estrutura um “meio” que, a cada momento e situação, captura e recorta o fluxo de
comportamento das pessoas, tornando-os significativos naquele contexto (...). Pessoas e redes
de significações sofrem mútuas e contínuas transformações, canalizadas por características
físicas e sociais do contexto, numa dinâmica segmentação e combinação de fragmentos de
formações discursivas e ideológicas, experiências passadas, percepções presentes e
expectativas futuras (ROSSETTI-FERREIRA et al., 2000).
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CONSIDERAÇÕES DA PSICOLOGIA
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ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS
específicos das áreas e contribuir com um parecer que forneça elementos para a
convicção do juiz e sua tomada de decisão.
Neste sentido é importante ter claro que o laudo é utilizado no meio
judiciário como um elemento de prova, com a finalidade de dar suporte à
fundamentação, à subsidiar a decisão judicial, mas que pode ser, ao mesmo tempo,
um instrumento de viabilização dos direitos dos usuários.
Segundo Fávero (2017) o laudo ou parecer social, com a sistematização
do estudo realizado, transforma-se em instrumento de poder, que contribui nos autos
à definição do futuro destas crianças e famílias.
Nesta seara o debate sobre a postura ética do profissional na escuta e
registro dos relatos da criança foi no sentido de se evitar, sempre que possível, a
transcrição das falas entre aspas, protegendo as suas declarações, de forma a não
colocar na criança a responsabilidade pela decisão da resolução do conflito, que
devem ser analisados no contexto.
Neste cenário, ao selecionar os elementos constitutivos para a elaboração
do laudo social, deve se considerar as representações, os valores e os significados
destes no contexto sociocultural, a partir das relações sociais e de convivência da
criança.
A percepção das manifestações apresentadas visa identificar sintomas de
cada tipo de violação, não apenas com recortes de fala, de forma fragmentada, mas
dentro de um contexto socioeconômico da criança, de seu território, da família e a
circulação onde está inserida, a forma utilizada em lidar com os conflitos, assim
como as suas necessidades estão sendo supridas.
Considerou-se que dar visibilidade a fala da criança, implica reconhecer a
importância do seu papel na dinâmica familiar, entendendo-se que as suas
manifestações nos vários espaços de vivência podem trazer indicadores não
contemplados. Não se desconsidera que a criança poderá apresentar um discurso
de lealdade ou medo do atual guardião, tendo sido apontado como proposta que nos
litígios, deverá ser ouvida em momentos distintos, acompanhada pelas figuras de
referência.
Requer-se dos profissionais, que estes sejam capazes de legitimar este
novo espaço ocupado pela criança, como sujeito de sua própria história, com direito
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fala da criança pode, inclusive, sofrer interferências externas, como, por exemplo,
das pessoas que a acompanham no momento das entrevistas.
Entende-se que o olhar do profissional deve abranger a análise de como
fazemos a escuta, como selecionamos e trazemos estes dados para os laudos com
vistas a maior aproximação da realidade.
Diante o exposto, o que se busca é um profissional criativo, ainda que
eventualmente se depare com o fator tempo no seu trabalho, que desenvolva sua
capacidade de desvelar a realidade e as relações deste vivido, com suas influências
socioculturais e penetrar na complexidade deste cotidiano.
Lança-se, pois, o desafio aos profissionais no desvelamento da voz da
criança nos laudos, que pressupõe um olhar ampliado, que abranja todo o processo
da escuta, com análise de suas vertentes e rede de significações, visando-se uma
aproximação mais fidedigna possível desta realidade, a qual é dinâmica e singular.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
ALVAREZ, L. E. La escucha de los niños víctimas y los dispositivos psi jurídicos. In:
BRITO, L. M. T. (Org.). Escuta de Crianças e de Adolescentes: reflexões, sentidos
e práticas. Rio de Janeiro: Editora UERJ, 2012. (p. 31-50).
AMENDOLA, M. F. Crianças no labirinto das acusações: falsas alegações de
abuso sexual. Curitiba: Juruá, 2009.
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597
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VENTURA, C.; SIMÕES, A. Dar voz às vozes das crianças na construção da prática
pedagógica. Atas do II Encontro de Mestrados em Educação da Escola Superior
de Educação de Lisboa. Artigo de Mestrado, 2013.
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COORDENAÇÃO
Eduardo Campos de Almeida Neves – Psicólogo Judiciário – Comarca de Presidente
Prudente
Ivana Diercken Simoni de Souza – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Presidente Bernardes
AUTORES
Daniele Luiza Armeron Moreira – Assistente Social Judiciário – Comarca de Presidente
Prudente
Eduardo Campos de Almeida Neves – Psicólogo Judiciário – Comarca de Presidente
Prudente
Evelyn Navarro Justino Soler – Assistente Social Judiciário – Comarca de Regente
Feijó
Ivana Diercken Simoni de Souza – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Presidente Bernardes
Marcia Giselda Juvêncio Gervazoni – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Regente Feijó
Nayara Coimbra Coutinho – Assistente Social Judiciário – Comarca de Presidente
Prudente
Rosana Vera de Oliveira Schicotti – Psicóloga Judiciário – Comarca de Presidente
Prudente
Sandra Elisa Dias Sossoloti – Psicóloga Judiciário – Comarca de Presidente Bernardes
Silvia Cristina Carvalho Santos Vanderlei – Assistente Social Judiciário – Comarca
Martinópolis
Silvia Helena Manfrin – Assistente Social Judiciário – Comarca de Presidente Prudente
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INTRODUÇÃO
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desta natureza, o acesso da população também ocorre por meio de convenio com a
cidade de Martinópolis, que possui em sua rede de serviços o CAPS AD.
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5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS
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OLIVEIRA, Ana Paula de. A família e sua importância para a sociedade. 2016.
Disponível em: <https://www.webartigos.com/artigos/a-familia-e-sua-importancia-
para-a-sociedade/147475>. Acesso em: 16 out. 2019.
625
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OLIVEIRA, Rita C.S. Quero voltar para casa: o trabalho em rede e a garantia do
direito à convivência familiar e comunitária para crianças e adolescentes que vivem
em abrigo. (coordenação pela AASPTJ/SP). São Paulo: AASPTJSP, 2007.
PACHECO, Maria Rubia Santos; OLIVEIRA, Maria Aparecida de; VIEIRA, Vanessa;
CRUZ, Deysiene. O Serviço Socal frente ao fortalecimento dos vínculos
familiares no acolhimento institucional do Lar Pérolas de Cristo. 2018.
Disponível em:
https://www.cairu.br/riccairu/pdf/artigos/4/9_SERVICO_SOCIAL_FORTALECIMENT
O_VINCULOS.pdf. Acesso em Julho de 2019.
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COORDENAÇÃO
Camila Ferreira Messias Lélis – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Pitangueiras
Vítor Alex Salermo – Assistente Social Judiciário – Comarca de Pirangi
AUTORES
Aline Beatriz Silva Feltrin – Psicóloga Judiciário – Comarca de Brodowski
Ana Luisa Forti Vaz de Lima – Psicóloga Judiciário – Comarca de Sertãozinho
Angelica Cristina de Oliveira Micheletti de Andrade – Assistente Social Judiciário –
Comarca de Itápolis
Camila Buda Zendron Abritta – Psicóloga Judiciário – Comarca de Matão
Camila Ferreira Messias Lélis – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Pitangueiras
Carla Andreza Kelade Mezzina – Assistente Social Judiciário – Comarca de Porto
Ferreira
Claudia Mazzer Rodrigues Palucci – Psicóloga Judiciário – Comarca de Pontal
Cristiane Ferreira Carvalho – Assistente Social Judiciário – Comarca de Sertãozinho
Eliana Binhardi Zanineli da Rocha – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Sertãozinho
Fabiana de Barros Bueno – Assistente Social Judiciário – Comarca de Ribeirão
Bonito
Gabriel Aparecido Gonçalves dos Santos – Psicólogo Judiciário – Comarca de
Ibitinga
Gilza Lepri Inácio Rodrigues – Assistente Social Judiciário – Comarca de Américo
Brasiliense
Heloisa Chaves Nascimento de Oliveira – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Ribeirão Preto
Leniane Facci – Assistente Social Judiciário – Comarca de Cajuru
Mara Soares Frateschi – Psicóloga Judiciário – Comarca de Pitangueiras
Maria Luisa da Costa Fogari – Assistente Social Judiciário – Comarca de Santa Rita
do Passa Quatro
Natalia Hebling Silva – Assistente Social Judiciário – Comarca de Pontal
Poliana Maria Albrechet – Assistente Social Judiciário – Comarca de Monte Alto
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AGRADECIMENTOS
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INTRODUÇÃO
1 - DESENVOLVIMENTO
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instituições em que tinham sua dignidade violada como forma de punição por seus
comportamentos.
Esse cenário punitivo, penalizador e autoritário, que considerava crianças,
adolescentes e suas famílias enquanto culpados pela situação de fragilidade e
vulnerabilidade, perdurou juridicamente até o ano de 1988, quando da promulgação
da Constituição Federal do Brasil. A Constituição Federal de 1988 foi fruto de
diversas mobilizações de movimentos sociais, sindicais e entidades civis que
reivindicavam pela redemocratização do país, pela garantia de direitos sociais,
políticos e civis.
Com a promulgação da Constituição Federal e a garantia de diversos
direitos sociais, nota-se grande avanço na área da infância e adolescência, com a
aprovação do Art. n.227 onde consta que:
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2 - CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS
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COORDENAÇÃO
Emeline Duo Riva – Psicóloga Judiciário – Comarca de Catanduva
Sheila Barreiros Pereira Metz – Assistente Social Judiciário – Comarca de São José
do Rio Preto
AUTORES
Ana Carolina Petrolini André – Psicóloga Judiciário – Comarca de São José do Rio
Preto
Ana Lúcia da Silva – Assistente Social Judiciário – Comarca de Américo Brasiliense
André Luís dos Santos Borin – Assistente Social Judiciário – Comarca de Neves
Paulista
Carolina Flauzino de Souza – Psicóloga Judiciário – Comarca de Tanabi
Claudinéia Pereira – Assistente Social Judiciário – Comarca de Potirendaba
Elaine Cristina dos Santos de Souza – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Tanabi
Emeline Duo Riva – Psicóloga Judiciário – Comarca de Catanduva
Emília Almeida Junqueira Franco – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Auriflama
Evelisi Tavoloni – Psicóloga Judiciário – Comarca de São José do Rio Preto
Fernanda Azevedo Cintra e Souza – Psicóloga Judiciário – Comarca de São José do
Rio Preto
Hellen Leandra Bataus – Psicóloga Judiciário – Comarca de Santa Adélia
Karen Menezes Hirs – Psicóloga Judiciário – Comarca de Novo Horizonte
Lívia Tonon de Castro Pastrelo – Psicóloga Judiciário – Comarca de Votuporanga
Luciana de Oliveira – Psicóloga Judiciário – Comarca de Tabapuã
Maria Teresa Braz da Silva – Psicóloga Judiciário – Comarca de Itajobi
Mariana Sato dos Reis – Assistente Social Judiciário – Comarca de José Bonifácio
Marli Salvador Corrêa da Silva – Assistente Social Judiciário – Comarca de Novo
Horizonte
Marta Maria de Campos – Psicóloga Judiciário – Comarca de Potirendaba
Mirian Cristina Scapa – Assistente Social Judiciário – Comarca de Santa Adélia
Polyana Cristina Bacani – Assistente Social Judiciário – Comarca de Cardoso
Renata Cristina Domingos – Psicóloga Judiciário – Comarca de Cardoso
Rosangela Cristina Alves – Assistente Social Judiciário – Comarca de Tabapuã
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Sheila Barreiros Pereira Metz – Assistente Social Judiciário – Comarca de São José
do Rio Preto
Tatiana Aparecida da Silva – Assistente Social Judiciário – Comarca de Guaíra
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INTRODUÇÃO
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[...] o trabalho do assistente social na área sociojurídica é aquele que se desenvolve não só no
interior das instituições estatais que formam o sistema de justiça (Tribunais de Justiça, Ministério
Público e Defensorias), o aparato estatal militar e de segurança pública, bem como o Ministério
de Justiça e as Secretarias de Justiça dos estados, mas também aquele que se desenvolve nas
interfaces com os entes que formam o Sistema de Garantia de Direitos (cf. CONANDA, 2006)
que, por força das demandas às quais têm que dar respostas, confrontam-se em algum
momento de suas ações com a necessidade de resolver um conflito de interesses (individuais ou
coletivos) lançando mão da impositividade do Estado, ou seja, recorrendo ao universo jurídico
(BORGIANNI, 2013, pág. 424).
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Brandão (2016) delineia a euforia inicial passando pelo sutil desânimo até
o profundo mal estar ao longo dos 15 anos do psicólogo na Justiça, crise essa
decorrente de uma crise mais ampla no campo dos direitos humanos, em relação ao
quais Santos e Chauí (2013, p. 42) perguntam se “servem eficazmente à luta dos
excluídos, dos explorados e dos discriminados ou se, pelo contrário, a tornam mais
difícil”.
77
Grifo da autora.
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RESOLUÇÃO CFP Nº 010/05 – Código de ética profissional do psicólogo.
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culpabilização por sua condição material. A autora aponta, ainda, que esta mesma
condição torna famílias vulneráveis ao trabalho informal no tráfico.
Além dos aspectos referentes à criminalização da pobreza, os
rompimentos dos vínculos familiares também têm sido uma consequência advinda
de um olhar culpabilizador da pobreza. Fávero (2007 apud PANTUFFI E GARCIA,
2018) discute que, apesar do que é estabelecido em lei, a carência socioeconômica
tem sido historicamente o principal determinante para o rompimento dos vínculos
entre pais e filhos, seguidos por situações de abandono, negligência, violência
doméstica e dependência de substâncias psicoativas.
O racismo também surge como outro aspecto que influencia nas relações
estabelecidas entre as instituições judiciárias e os indivíduos em situação de
vulnerabilidade social.
De acordo com Eurico (2013) o trabalho da/o assistente social e da/o
psicóloga/o sofre interferências do racismo institucional, que fortalece a
naturalização e a culpabilização da população negra por sua permanência
majoritária nas camadas mais vulneráveis da sociedade. Tratadas como problema
moral e religioso, as relações raciais não são problematizadas adequadamente
(EURICO, 2013).
O código de Ética Profissional da/o Assistente Social, aprovado em 1993,
é o primeiro código profissional do Serviço Social que introduz a questão da não
discriminação como um de seus princípios fundamentais, fortalecendo as bases para
o desenvolvimento de um debate sobre a questão étnico/racial no cotidiano da/o
assistente social. (EURICO, 2013)
Nesse mesmo aspecto, o Código de Ética do Psicólogo, aprovado em
2005, traz como um dos princípios fundamentais da atuação do psicólogo a
promoção à saúde e à qualidade de vida das pessoas e das coletividades,
contribuindo para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão (CFP, 2005).
Diante dessas análises é importante o olhar atento ao cotidiano, conforme
apontam Adami e Reis (2018) citando Barroco (2010), pois as relações
estabelecidas entre o indivíduo e sociedade se fazem de modo espontâneo,
pragmático e acrítico, de forma que o indivíduo responde às necessidades de sua
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O dia a dia imerso em uma atividade profissional que tem como foco
situações de exploração, de violência, falta de oportunidades,
violações de direitos, entre outros – que demandam respostas e
avaliações que marcam, por vezes, destinos - é um espaço que
impõe o constante investimento profissional em estudos, pesquisas e
aprimoramento para evitar a homogeneização e o automatismo de
intervenções e ações. Requisita ainda, a reflexão, a crítica e o
posicionamento ético e político permanente. Nesse cotidiano há
ainda, armadilhas e percalços que, podem nos conduzir a pontos
cegos (GOES, pág.15, 2018).
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REFERÊNCIAS
BORGIANNI, E.. Para entender o Serviço Social na área sociojurídica. In: SERVIÇO
SOCIAL & SOCIEDADE 115. Área Sociojurídica, jul/set 2013. São Paulo: Cortez
Editora.
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COORDENAÇÃO
Paula Ione da Costa Quinterno – Psicóloga Judiciário – Comarca de São Bento do
Sapucaí
Viviane Souza da Silva – Assistente Social Judiciário – Comarca de Taubaté
AUTORAS
Ana Carmen de Andrade – Psicóloga Judiciário – Comarca de Piquete
Ana Cristina Xavier dos Santos – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Guaratinguetá
Ana Rosa de Toledo Andrade Moradei – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Taubaté
Eleandra Cristina Ferreira Teixeira – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Ilhabela
Evelise Cristiane Rosa Faria – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Caraguatatuba
Helena Cristina de Souza Figuti – Assistente Social Judiciário – Comarca de Taubaté
Ivete Campêlo Andraus – Assistente Social Judiciário – Comarca de Taubaté
Jaqueline Fernanda Verônica de Jesus – Assistente Social Judiciário – Comarca de
Taubaté
Karina Marinho dos Santos – Assistente Social Judiciário – Comarca de São Luiz do
Paraitinga
Katia Maria de Magalhaes Castro – Psicóloga Judiciário – Comarca de Ilhabela
Mariana de Oliveira Farias – Psicóloga Judiciário – Comarca de Caçapava
Mirian Beccheri Cortez – Psicóloga Judiciário – Comarca de Caraguatatuba
Pamela Anelise Silva – Assistente Social Judiciário – Comarca de São Bento do
Sapucaí
Patrícia Nogueira da Silva – Psicóloga Judiciário – Comarca de Cruzeiro
Paula Ione da Costa Quinterno Fiochi – Psicóloga Judiciário – Comarca de São
Bento do Sapucaí
Paula Melissa Cunha Tosta – Psicóloga Judiciário – Comarca de Jacareí
Sara Isabel Rodrigues de Almeida – Psicóloga Judiciário – Comarca de Bananal
Scheila Santos de Carvalho – Assistente Social Judiciário – Comarca de São José
dos Campos
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Esse trecho gerou discussão, por seu teor ambíguo, provocando dúvidas
se seria um posicionamento dos autores ou uma constatação de certa concepção
frequente na sociedade. O trecho não menciona um autor específico. Nesse sentido,
questionamos: existe naturalidade em ser mãe e pai? A mulher está preparada
biologicamente? O pai é o protetor da dupla? Concepções que atravessam por
vezes a Justiça, como observamos em relatórios técnicos, petições e despachos
judiciais.
No mesmo sentido, questionamos quando se afirma que: “Ponderamos
que são a prática e a disponibilidade que criam habilidades parentais, e por mais que
sejam funções determinadas, são passíveis de reconstrução, os modelos podem ser
ressignificados” (CADERNO, 2018, p. 392). Observamos que a afirmação pode
refletir uma concepção naturalizante: as habilidades parentais são determinadas?
Não seriam construídas cultural e socialmente?
De acordo com Zornig (2010), a construção do tornar-se pai ou mãe
inicia-se na infância de cada um dos pais, com suas experiências como filhos/as. Do
ponto de vista psicanalítico, o termo parentalidade é recente, datada da década de
60 e marca o processo de construção do exercício da relação dos pais com os filhos.
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cuidado ao estender o termo a outros campos, porque ele não é dissociável dos
discursos que lhe são subjacentes. “Se, por um lado, a parentalidade é convocada
para legitimar novos laços familiares, por outro, ao oferecer-se PARA TODOS os
pais, produz um efeito de homogeneização, normalização e diluição das diferenças
no campo da família” (TERPEMAN, 2012, p. 120). Assim, conclui “A parentalidade
“para todos” não sem a família de cada um” (p. 180).
Como podemos perceber, a noção de família passa por intensas
transformações ao longo do tempo. Transformações essas que implicam em efeitos
diretos na conjugalidade e na parentalidade. Entendemos que compreender tais
efeitos é fundamental para o trabalho que realizamos enquanto setor técnico. Trata-
se de considerar a especificidade e subjetividade de cada sujeito, de cada caso, sem
prescindir das noções históricas e culturais que também o constitui.
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contínuas, aumentando o risco de que essas crianças repitam o ciclo das relações
conflituosas.
Desse modo, os autores do texto “Perfil das famílias em litígio”, no
Caderno 14 - Ribeirão Preto (2017), entendem que seriam imprescindíveis na
dinâmica dos casais para a saúde psicológica dos filhos: confirmação da
competência parental do outro cônjuge e reconhecimento de sua autoridade e de
sua contribuição nas decisões em relação aos filhos. Sabemos que a separação é
uma crise no ciclo de vida familiar, não previsível, portanto, uma das experiências
mais complexas pelas quais um indivíduo pode passar, exigindo do casal um
redimensionamento de papeis, funções e identidades, aspectos difíceis de serem
elaborados.
Durante o litígio, a criança acaba sendo envolvida no conflito dos pais e
em alguns casos, colocada como prêmio da disputa. Os genitores, não conseguem
ou têm dificuldade em protegê-la e fortalecê-la frente aos conflitos e um trabalho
conjunto com o casal parental pode ser o caminho para dirimir essas consequências
negativas, elucidando aos pais sobre a importância do diálogo e respeito às
condições cognitivas e emocionais dos filhos.
Ademais, ressaltamos a importância de uma escuta eficiente das crianças
e adolescentes durante os processos de divórcio, guarda e regulamentação de
visitas. Fundamentados no texto “A escuta de crianças nas separações litigiosas”
(CADERNO 13, 2016), a escuta profissional é objeto de estudo e instrumento em
diferentes áreas. Ela pode ser construída por um processo transparente por meio de
uma rede de conversação em que abrimos questões e aspirações, interagimos com
o todo e buscamos compreender a pluralidade de ideias. Consideramos importante
que nossa atuação se dê a partir da escuta da criança, colocando-a na condição de
sujeito e intervindo de modo a problematizar com os genitores sua atitude de
desproteção toda vez que priorizam as questões conjugais às parentais.
Essa escuta do Setor Técnico – apesar de se verificar a escassez de
referenciais bibliográficos na área de Serviço Social no que tange à escuta de
crianças, segundo Caderno de Estudos 13 (2016), precisa ser qualificada e incluir a
compreensão das relações tecidas entre os membros do antigo núcleo familiar,
desde a leitura dos autos, passando pelas pessoas significativas para a criança e
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pelo ‘não dito’, ponto crucial para o entendimento dos papeis exercidos por todos os
membros.
Ainda sobre os casos altamente litigiosos, cabe ressaltar, conforme o
Caderno do Grupo de Estudos da Capital (2016) que, além dos fatores externos, é
necessário compreender os fatores internos, as características dos vínculos, bem
como a natureza dos conflitos que alimentam as discórdias e dificultam os acordos
entre os genitores.
No judiciário, busca-se fazer prevalecer a lei e sedimentar os direitos e os
deveres dos pais em relação aos filhos. Diante da ruptura do vínculo conjugal,
alguns genitores debatem-se contra o direito do outro e envolvem a prole em
situações conflituosas, com potencial de danos ao desenvolvimento dos filhos. Os
autores mencionam que, geralmente, um dos primeiros motivos de discórdia se
refere à pensão alimentícia que traz a problemática do sucesso ou do fracasso da
vida profissional/financeira de cada genitor, as questões relativas à diferença de
gênero, as dificuldades no mercado de trabalho e a dificuldade de reconhecer seus
próprios limites. A isso se somam os problemas com figuras de autoridade e o
pedido de guarda unilateral como forma de se esquivar da obrigação de dar algo ao
outro.
Segundo a psicanalista Groeninga (apud CADERNO 13, 2016), a
discórdia financeira desdobra-se facilmente em problemas relacionados à guarda e
às visitas, na mudança do papel social da mulher. Explica que em uma sociedade
machista, a mulher, ao sair de casa para trabalhar, depara-se com o pedido paterno
de guarda calcado na alegação de falta de tempo materno. Ademais, aponta a
dificuldade de as mulheres aceitarem que os pais estão em mesmo patamar de
direitos, que possuem o desejo de conviver com os filhos e que possuem
importância na subjetividade da criança/adolescente.
Com relação à guarda compartilhada, o texto trouxe a problematização
quanto à sua viabilidade nos casos altamente litigiosos, destacando que a guarda
compartilhada não soluciona nem ameniza os conflitos, mas fixa a responsabilidade
de ambos os genitores pelo bem-estar e educação dos filhos. Diante disso, as
discussões no grupo de estudos corroboraram a tese da importância da análise
concreta dos casos pelas equipes multidisciplinares do judiciário.
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3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
classe, raça e valores sociais tradicionalistas e rígidos sobre família e infância, tendo
como foco o bem-estar da criança como pessoa de direitos dentro das
potencialidades de cada genitor ou cuidador.
Assim, é imprescindível avaliar o contexto histórico e a dinâmica de cada
família, bem como os vínculos antes do rompimento do relacionamento conjugal e
após, visando identificar possíveis impactos no desenvolvimento da criança e do
adolescente que vivencia os conflitos emergentes de uma separação litigiosa. Com
base nessa avaliação, parece ser possível delinear intervenções que possibilitem
ressignificar questões que envolvem o fim da conjugalidade, buscando o exercício
responsável da parentalidade e o melhor interesse dos filhos.
Quanto ao Sistema Judiciário enquanto instituição de poder, ponderamos
seu impacto junto às partes do litígio e também junto aos Setores Técnicos.
Circundado de um imaginário ora punitivo, ora resolutivo (quando não ambos, ao
mesmo tempo), o Sistema Judiciário é inserido no cotidiano de relações conjugais
quando estas alcançam a fase de conflituosa dissolução, muitas vezes, devido a
questões afetivas de uma ou ambas as partes. Nesse contexto, a inserção da
criança enquanto “objeto de litígio”, foi problematizada dado o impacto negativo de
tal posicionamento familiar e mesmo jurídico, apesar da máxima “o melhor interesse
da criança”.
O Sistema Judiciário também impacta os próprios Setores Técnicos por
meio de gestões que desconhecem tanto as atribuições funcionais do Setor, como
também o alcance e o modo de produção dos saberes psicológico e do serviço
social e os compromissos éticos de cada profissão. Destaca-se o fato de que em
algumas comarcas os Setores não possuem voz e, às vezes literalmente, espaço
para se apresentarem e contribuírem com a construção de saberes e práticas que os
envolvem profissionalmente. Somado a isso, o fato de decisões e resoluções dos
conselhos de cada profissão muitas vezes serem ignoradas, como recentemente
vem ocorrendo pela demanda do procedimento de Depoimento Especial, foram
identificados também como contextos propícios para o fortalecimento de relações de
poder desiguais.
Junto a esse contexto, consideramos o impacto da cultura de produção
institucional do Judiciário que, em muitos casos, tende a gerar conjunturas
problemáticas para o exercício qualificado e ético da profissão dentro do sistema
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recursos básicos. Quando assistentes sociais e psicólogos atuam como peritos nas
Varas de Família é preciso resistir às pressões pela entrega de laudos em prazos
exíguos e cobranças das partes, advogados e juízes, de forma geral, sob o risco de
ter utilizado seu parecer como ferramenta de “ataque” ao outro.
Considerando os processos nas Varas de Família, o grupo destacou
também, a dificuldade de encaminhamento para os serviços da rede, tendo em vista
a precariedade das políticas destinadas a atender a população em suas demandas.
Desse modo, aventou-se a possibilidade de, para além das recomendações que
constam dos laudos, coletivizar, sistematizar e documentar a demanda no sentido de
empreender esforços em conjunto com a sociedade80.
Ao pensarmos sobre como superar a problemática que envolve os litígios,
considerou-se a relevância das ações preventivas, antes da instauração dos
processos judiciais, bem como a possibilidade de acompanhamento das famílias já
durante a disputa judicial, como por exemplo, nos serviços socioassistenciais e nas
universidades.
80
Uma iniciativa, fruto das reflexões desse Grupo de Estudos, realizou-se na Comarca de
Piquete, fruto do trabalho da psicóloga judiciária, integrante desse grupo, que, juntamente com o
apoio do magistrado, instaurou no município, a ideia de estabelecer parcerias com a
Universidade Salesiana, em Lorena, no tocante à otimização dos serviços da rede protetiva em
Piquete. O projeto se concretizou ao final desse ano por meio de uma parceria entre o município
e a universidade, para que o mesmo receba projetos e estagiários de Psicologia e Direito para
dar suporte à rede de proteção. O inicio da parceria será em 2020 e o judiciário estará presente
nesse processo, acompanhando e participando junto a rede, no que diz respeito à atuação e
prevenção dos casos de conflito envolvendo famílias, crianças e adolescentes.
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REFERÊNCIAS
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<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0006-
59432010000100002&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 18 jun. 2019.
SOUSA, Analícia Martins de; BRITO, Leila Maria Torraca de. Síndrome de alienação
parental: da teoria Norte-Americana à nova lei brasileira. Psicol. cienc. prof., Brasília
, v. 31, n. 2, p. 268-283, 2011 . Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-
98932011000200006&lng=en&nrm=iso>. access on 26 Nov. 2019.
http://dx.doi.org/10.1590/S1414-98932011000200006.
Zordan, Eliana Piccoli, Wagner, Adriana, Mosmann, Clarisse. O perfil de casais que
vivenciam divórcios consensuais e litigiosos: uma análise das demandas judiciais.
Psico-USF [en linea] 2012, 17 (Agosto-Sin mes) : [Fecha de consulta: 18 de junio de
2019] Disponible en:<http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=401036090002> ISSN
1413-8271).
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